RELENDO CÍCERO: A FORMAÇÃO DO ORADOR E SUA INSERÇÃO NA POLÍTICA ROMANA ( SÉCULO I a.C) Cássio Rodrigo Paula Silveira Resumo: Considerado um dos oradores mais destacados de seu tempo, Cícero nos chama a atenção não só por sua atuação nos tribunais, mas por sua produção, tanto no campo da eloqüência, quanto no campo Filosófico e Político. Seu conhecimento da eloqüência ultrapassa aspectos puramente técnicos. Neste sentido, a Filosofia torna-se importante ferramenta na produção da argumentação. Expomos neste artigo, o conteúdo relacionado ao projeto de dissertação apresentado junto ao programa de Pós-Graduação em História (UFG). Selecionamos como fontes para nossa pesquisa as obras: A Invenção Retórica, Bruto e o Orador, todas obras de Cícero.Nossa pesquisa é voltada para a Formação do orador, segundo a visão de Cícero e como este orador foi perdendo espaço político no final da República, século I a.C. Palavras Chave: Retórica Antiga, Oratória, Persuasão, Cícero, República Romana. Introdução O objetivo de nossa pesquisa é fazer um estudo sobre a Formação do Orador e sua inserção dentro da política romana, no contexto de crise da República do século I a. C. Surgida na região da Magna Grécia, no século V a.C, a Retórica, enquanto técnica de persuasão, foi ganhando espaço no meio público, à medida em que as sociedades gregas abandonavam o uso da força pelo uso do simbólico. Aos poucos, vemos surgir “especialistas” no ensino e domínio das técnicas retóricas, dentre eles podemos destacar os Sofistas. (...) equipar o espírito do cidadão para a carreira de homem de Estado, formar a personalidade do futuro dirigente da cidade – tal é o programa que eles concebem. ( MARROU, 1990: 83) O aspecto técnico da Retórica, e seu despreocupação com o conteúdo, em termos de Moral ou Verdade, não demoraram a despertar, em pessoas como Platão, críticas, as quais acabaram por delegar à retórica status de “engano”, cabendo à Filosofia a Verdade. 2 Estigmatizada, a Retórica se distanciando da Filosofia, tornando-se, assim, uma disciplina “menor”. Com Cícero teremos uma aproximação entre Filosofia e Retórica: versado em diversas áreas, entre elas a Filosofia, o orador ideal deverá buscar nesta a matéria para seu discurso. Desta forma, o Orador Ciceroniano, acaba por se tornar a síntese entre as duas disciplinas, à medida em que a preocupação com a técnica de composição do discurso sede ao modo como este discurso será transmitido, bem como seu conteúdo que, em sua maioria, está carregado de conteúdo moral. Com a crise da República Romana, assistimos a uma crise, também, da eloqüência. Deste modo, os Oradores e, consequentemente, a retórica perde seu status de “prática” ligada à política para ceder espaço ao entretenimento com as declamationes. Optamos por estudar a Formação do Orador em três obras de Cícero: a Invenção Retórica, Bruto e Orador. Nestas três obras podemos perceber como a eloqüência, enquanto prática retórica foi assimilada pelos romanos e como esta técnica de argumentação e persuasão encontrou espaço no meio público. Sendo reconhecido como um dos oradores que mais se destacaram em seu tempo e que mais obras produziu sobre a eloqüência, temos em Cícero, não só um político astuto, mas sobretudo, a representação de toda uma geração que via na República Romana a representação da Liberdade, construída pelos antepassados. O Orador ciceroniano e a República O Crescimento da Cidade de Roma, sua organização e suas conquistas, que fizeram desta uma das cidades mais importante da antiguidade, não foi algo que se deu da noite para o dia. Seu crescimento, enquanto Império deu-se principalmente pela organização de seu comércio, suas instituições, seu exército e, sobretudo, pelo corpo social forte e unido, chamado Nobilitas.( ALFOLDY, 1975: 59). Lembrando que a formação do Império Romano foi um longo processo, podemos, no entanto, destacar três fases que fizeram parte deste imperialismo. Na primeira fase, conhecida como “Guerra de Defesa”, Roma não promove ataques, mas se defende daqueles que, atraídos pelo seu crescimento, resolvem atacá-la. É importante destacarmos que, ao se defender dos ataques e invasões, Roma anexa as cidades vencidas: a região da “Salina”, a mais próxima foi a primeira região conquistada. Mais tarde, em 273 a.C., teremos a conquista das cidades da Magna- Grécia; estas cidades se encontravam enfraquecidas devido a conflitos internos. 3 Após ter conquistado toda a península itálica, Roma dá início à conquista do império Cartaginês, o qual possuía a hegemonia da região da Sicília. Esta fase é conhecida como Guerra de expansão hegemônica ou “Guerras Púnicas”: esta culminará com a destruição da cidade de Cartago, no norte da África. Quanto à terceira fase, esta tem início em 133 a.C. , quando, financiado por aristocratas e comerciantes que formava a sociedade dos republicanos, Roma inicia a chamada “Guerra de Expansão Econômica”, passando, assim, de Cidade-Estado a Cosmo-Pólis, dominado todo o mundo conhecido. É importante destacarmos que o Senado Romano se encontrava fortalecido, devido ao seu poder que foi aumentado, bem como seu aparelho militar, o qual se encontrava mais organizado e poderoso, contando com generais de renome, vistos muitas vezes como deuses. Com a entrada em Roma de grande quantidade de tributos, derivado de suas conquistas, esta conhece um período de inflações: seu custo de vida é aumentado, o que irá gerar mudanças nas formas de produção. Com os leilões de novas terras, nobres começam a formar latifúndios, fazendo com que pequenos proprietários se dirijam às cidades. Isto irá gerar uma “proletarização” do camponês que irá desemborcar na primeira crise da República, a qual será conhecida como “Questão dos Gracos”, na qual a Plebe irá pedir reforma agrária. A solução encontrada para esta questão será a fundação de colônias no exterior. Desta forma, a Plebe que reivindicava terras teria que sair de Roma. A segunda Crise enfrentada pela República se refere à fuga de escravos em massa em direção à sua terra natal. A terceira Crise enfrentada por Roma diz respeito aos seus aliados que reivindicavam direitos políticos. Conhecida como “Guerra Social” (SOCH: aliados de Roma), esta somente será acalmada com a intervenção de dois Cônsules Romanos: Mário e Lúcio Cornélio Sila. Em 70 a.C. Roma contava com 910 mil cidadãos com direito a votar e a serem eleitos. Não estando preparadas para comportar tantas pessoas, as instituições romanas logo entrarão em crise. Essa crise irá colaborar para a busca de um “Homem Providencial”, ao qual caberia a tarefa de retirar Roma da crise em que se encontrava: instala-se uma verdadeira disputa entre os generais e suas respectivas Legiões. Pompeu, grande estrategista, de família eqüestre é escolhido pelo Senado para ser o novo reorganizador da República. Para tanto, recebe plenos poderes, mesmo sem ter seguido o Cursus Honórium. 4 Entre 67 e 61 a.C., Roma enfrenta três grandes perigos: pirataria, invasão de povos estrangeiros e ataque à província da Ásia Menor. Todos estes problemas serão resolvidos por Pompeu, restando-lhe ser aclamado como herói e dominar a República. No entanto, enquanto Pompeu estava fora, Roma enfrentou uma “Guerra Civil”, entre Optimates e Populares. Desta disputa surgirão dois líderes: Crasso, representante do Optimates e Júlio César, representante dos populares. Essa situação obrigará Pompeu a dividir o poder com estes dois novos líderes, o que dará início ao Primeiro Triunvirato, que se deu entre 56 e 48 a.C. Não contente com a divisão de poderes, César irá se lançar à conquista da Gália do Norte e da Bretanha. Voltando de forma gloriosa de suas batalhas, César matará Crasso e perseguirá Pompeu até o Egito onde o assassinará. Ao voltar, César declara que a República está em perigo e, em 44 a.C., consegue aprovação do Senado para sua ditadura perpétua. Mas, o mal-estar se instalará mesmo na República quando César mandar cunhar as moedas do Império com seu rosto (fazendo-se conhecido no Império), e passa a utilizar o título de “Imperador” e usa uma coroa de louros, lembrando a realeza que fora tão combatida para a formação da República. Assim, em 44 a.C., César é assassinado por seus opositores dando início a uma guerra civil. Cícero Cícero nasceu em Arpino, a 03 de janeiro de 106 a.C, era filho de uma família abastada da ordem eqüestre chamada Cícero que, segundo a tradição, tinha por antepassado alguém que ostentava na ponta do nariz uma verruga em forma de grão-de-bico (Cicer em latim). Arpino era, nos finais do século II e princípio do século I a.C, um pequeno município provinciano do Lácio Meridional, a sudeste de Roma. Sua família cultivava, com o hábito de uma vida rústica e simples, o tradicional respeito pela memória dos antepassados e a prática antiga das virtudes romanas ancestrais, o chamado Mos Maiorum (“costume dos antepassados”), bem como uma nítida preferência pelo regime republicano, que fora implantado no espaço romano nos finais do século VI a. C., após o fim da monarquia etrusca. Assim, Cícero era, por nascimento e por educação um conservador. Ao longo das obras deixadas por Cícero, podemos perceber que este rejeitava a possibilidade de um conhecimento certo, afirmando, assim, seu direito de adotar a posição que lhe parecesse em cada ocasião mais persuasiva. É importante ressaltarmos que o fato de este não ter se prendido a nenhuma escola determinada não significa que este não tenha sofrido influência de outros oradores e outros filósofos: Diódoto ensinou-lhe dialética; os peripatéticos ensinavam a argumentar em defesa dos dois lados de uma causa; os acadêmicos 5 ensinavam a refutar todo e qualquer argumento. Esses últimos foram os mais importantes para Cícero. Em 79 e 77, Cícero foi para a Grécia para continuar seus estudos de retórica e filosofia. Sempre deixou clara a importância da filosofia na formação de um Orador, que em sua opinião, deve ser capaz de argumentar sobre qualquer assunto. Foi ridicularizado, em Roma, e mal aceito pela classe dirigente que depreciativamente o rotulava de Homo Nouus (Homem Novo). É importante lembrarmos que Homo Nouus era, para um patrício, todo e qualquer cidadão que não tivesse na família um magistrado curul ( um edil, um pretor, um cônsul ou um Censor) e que aspirasse o carreira política. Cícero seguiu o Cursus Honorum, que são as etapas descritas acima que deveriam ser seguidas por aqueles que não tivessem magistrados em sua família, fazendo sua estréia nos tribunais durante a ditadura de Sila. Desempenhou seu primeiro cargo público, o de Questor ou oficial de finanças, na Sicília, onde, anos mais tarde, será o responsável pela acusação do cúpido governador Verres, em defesa da ilha. De volta a Roma, assumiu o cargo de edil, no qual promoveu os esperados espetáculos públicos com poucos gastos. Apesar desta moderação, superou outros candidatos e elegeu-se para dois altos cargos com a idade mínima exigida. Tornou-se, assim, Pretor com 40 anos de idade e Cônsul com 43 anos, no ano de 63 a. C. Havia já trinta anos que um Homo Nouus, cavaleiro ou plebeu, não ascendia ao consulado. Já em Roma, Cícero casou-se, com cerca de trinta anos, com Terência, filha de uma família distinta e rica, que lhe proporcionou um significativo dote em dinheiro e imóveis. Com cerca de sessenta anos de idade, e após algumas décadas de vida em comum, Cícero irá divorciar-se de Terência, casando-se, então, com Publília, uma jovem herdeira rica de quem era tutor. Quaisquer que tenham sido de, fato, os verdadeiros motivos para o divórcio e para a nova união de Cícero, não viria a durar muito tempo, apenas cerca de um ano, e não viria a sobreviver a um dos maiores desgostos de sua vida, se não o maior, a morte de Túlia, sua filha. A morte de sua filha, que se deu em fevereiro de 45 a.C, em decorrência de um parto, acabou por mergulhar o Orador no maior desgosto: durante meses não foi sequer capaz de trabalhar. Empenhou-se no projeto de construção de um templo em memória da filha e escreveu uma Consolatio, que dirigiu a si mesmo, invocando a morte de grandes homens. Todos sabiam que Túlia fora, sem dúvida o maior e o mais profundo amor de Cícero. 6 Além de Túlia, Cícero teve outro filho com Terência, Marco, em quem sempre depositara grandes esperanças, mas que não lhe trouxe grandes alegrias. Enquanto Cícero sonhava em fazer de seu filho um grande Orador e Filósofo, este se preocupava em “aproveitar a vida”. Instalado em Atenas, como filho de um alto dignatário, com casa luxuosa, escravos, libertos e uma folgada pensão, não se preocupou muito com os estudos, mas com festas: ganhou o hábito de beber e jamais parou. De marco, conserva-se uma carta em que se manifesta arrependido dos erros cometidos no passado e afirma seu comportamento exemplar. Perto do fim da vida de Cícero, deu ao pai um grande motivo de orgulho e alegria: incorporou-se ao exército republicano que estava sendo organizado por Bruto. A preocupação de Cícero pela formação de seu filho, e seus conselhos de qual caminho é o melhor para aqueles que querem se dedicar à vida política, podem ser vistos claramente na obra Dos Deveres. Dentre os fatos que marcaram a vida política de Cícero, não poderíamos deixar de destacar a Conspiração de Catilina que o próprio Cícero provocou ao frustrar tanto as propostas radicais de perdão de dívidas, quanto as ambições do patrício Catilina. A execução de cidadãos romanos, por parte de Cícero, sem julgamento, provocou repulsa em alguns setores, o que culminou com o exílio de Cícero pelo tribuno Públio Clódio, no ano de 58 a. C. Seu retorno se deu no ano seguinte graças a Pompeu. As fontes Ao entrarmos em contato com as obras de Cícero, percebemos uma grande preocupação do autor com o conteúdo e com a forma de suas obras. Independentemente do tema, podemos perceber que as obras de Cícero carregam consigo, forte conteúdo Moral e grande profundidade Filosófica, certamente influência da educação romana e da cultura grega. Com o objetivo de criar no Cidadão um devotamento ao Estado, a Educação Romana se pautará no respeito ao costume dos antepassados, Mos Maiorum. .( MARROU, 1990: 366). Este respeito à tradição era transmitido através da família. Ela é, ao olhos dos romanos, o meio natural em que deve crescer e se formar o Cidadão. A utilização de exemplos tirados da cultura grega, seja filósofos ou elementos da História grega, nos atesta que o autor possuía amplo conhecimento, não só das discussões referentes à eloqüência grega e a Filosofia, como também da própria história grega: 7 Penso sem dúvida que Platão, caso desejasse cultivar o discurso forense, têlo-ia feito de modo grave e copioso; e Demóstenes se tencionasse alardear o que aprendera de Platão, fá-lo-ia de forma brilhante e ataviada. Digo o mesmo de Aristóteles e Isócrates, cada um dos quais, deliciado com seus próprios estudos, desdenhou os do outro. ( Dos Deveres, I . 04) Contudo, Sócrates dizia brilhantemente que o caminho mais próximo e curto para a Glória é ser o que se deseja parecer. ( Dos Deveres, II. 43) A influência da cultura grega na cultura romana, não se deu de sem nenhuma resistência. Prova disto foi o fato de as escolas de retóricos latinos, aberta em 93 por L. Plócio Galo, terem sido fechadas no ano seguinte em virtude de um Edito dos Censores aristocratas, Cn. Domício Ahenobarbo e L. Licínio Crasso, como algo contrário aos costumes e à tradição dos ancestrais. Não será sem motivo, portanto que juntamente com o ensino da Retórica em grego, também eram ministradas as aulas em latim. O uso do latim frente ao grego foi a forma encontrada para proteger a cultura romana frente a influencia do helenismo. Assim a Identidade é relacional, marcada pela diferença e sustentada pela exclusão1. Embora o contato com os gregos fizessem com que os romanos absorvessem muito de sua cultura, havia uma preocupação em dar uma caracterítica romana, aos aspectos recebido dos gregos. Como exemplo temos a Retórica. Levando-se em consideração que a argumentação está presente em toda forma de discurso, podemos encontrar nas fontes, A Invenção Retórica, Brutus e o Orador, alguns elementos comuns. Dentre este elementos podemos citar a constante utilização de Exemplos, tanto tirados da história romana como da história grega. Estes exemplos trazem consigo a tarefa de tornar mais claro um conteúdo que carrega consigo certa complexidade ou certa importância. Em termos de importância a utilização de exemplos faz com que o conteúdo possa se assimilado pela memória que liga, através da analogia, o conteúdo e a seu respectivo exemplo. Da mesma maneira que nas formas e nas figuras e imagens há algo perfeito e extraordinário, cuja imagem ideal, remete, mediante a imitação, tudo aquilo que não entra no domínio da vista, assim, também, contemplamos em nosso espírito o ideal e buscamos, com nossos ouvidos, a imagem da perfeita eloqüência. ( CÍCERO. O orador. 9) 8 A utilização de metáforas2, também, não só torna presente um conteúdo que está ausente como confere maior clareza ao discurso. Além disto, a utilização de metáforas faz com que o auditório, ou aquele a quem o discurso se dirige, possa acompanhar o raciocínio. É constante, também, nas obras ciceronianas a utilização de digressões. Sempre que o assunto necessita de uma amplitude maior, o autor faz uma digressão. Após o término de suas digressões, o autor retoma o assunto, fazendo que com que seu destinatário não se perca. A retomada do assunto, quase sempre, se dá por meio da repetição do assunto que estava sendo tratado antes das digressões. Voltemos, pois, agora ao orador que queremos esboçar e modelar com aquela eloqüência que Antônio não conheceu em ninguém. ( CÍCERO. O orador. 33) A justificativa do motivo da produção da obra, tanto no início como no decorrer de suas obras, também atestam a importância da discussão do assunto. Por último, merece destaque o fato do autor citar sua própria vida como exemplo. Se, ao longo de suas obras Cícero faz constantes alusões a personagens gregos e romanos, ele também inclui-se entre estes personagens. Todo o meu discurso em defesa de Cecina girou em torno dos términos do interdito; expliquei as coisas obscuras mediante definições, citei o direito civil, esclareci os termos ambíguos. Em meu discurso sobre a lei Manília, elogiei a Pompeu, usei o estilo moderado com o qual recorri toda matéria que era objeto de elogio. ( CÍCERO. O orador. 102) Tudo isto, confere autoridade ao autor e o torna digno de fé. Sua vida, neste sentido, acaba se tornando importante elemento na produção de persuasão. A) A Invenção Retórica Quando Cícero se colocou a tarefa de escrever um ambicioso tratado, que deveria ser A Invenção Retórica, seu intuito era refletir o estado dos conhecimentos retóricos da época, conservando uma certa independência frente às fontes gregas, procurando adaptar seus conteúdos à realidade social e cultural romana. Embora houvesse planejado discutir as cinco partes da retórica, é um estudo somente da Inventio, isto é, dos vários tipos de causa e argumento que se deve utilizar em cada ocasião. 9 Através desta fonte é possível termos uma idéia muito próxima daquilo que se ensinavam os Rhetores Latini. Além disto, o autor analisa, na introdução, certos princípios gerais sobre a natureza e a história da retórica. Assim, após longas reflexões, analises me levaram a concluir que a sabedoria sem eloqüência é pouco útil para os Estados, mas que a eloqüência sem sabedoria é quase prejudicial e nuca é útil. ( A Invenção Retórica, I. 01) Então um homem, sem dúvida superior e sábio, descobriu as qualidades que existiam nos homens , sua disposição para realizar grandes empreendimentos tornou possível desenvolve-las e melhora-las mediante a instrução. ( A Invenção Retórica, I. 02) É possível percebermos, ainda nesta primeira obra, um destacado interesse do autor pelos estudos filosóficos, bem como um tratamento bastante pormenorizado das fontes do direito, que deveu muito às discussões entre jurisconsultos e retores da geração anterior à sua. Vejamos, agora, os preceitos relativos a este estado de causa. Ambas as partes( ou todas, se houver mais de duas partes implicadas) devem examinar os fundamentos do direito. Sua origem está manifesta na natureza. Certos direitos passaram logo ao costume em virtude de sua utilidade (...) (A Invenção Retórica, II. 65) É importante destacarmos, ainda, que Cícero se esforça, nesta obra, por dar algo mais que os tradicionais manuais de retórica, ao definir sua posição em relação à questões teóricas gerais, tais como a relação entre filosofia e retórica; a origem desta e sua função na sociedade ou a conveniência de se distinguir a boa e a má eloqüência. B) Bruto Na obra Bruto, Cícero descreve, as habilidades que deve possuir um bom orador. Além disto, analisa as diversas escolas em que se incluíam os “cultivadores” desta arte, desde o asianismo até o aticismo. Cícero declara, ao aticismo, sua adesão como a mais adequada ao discurso propriamente romano. A obra começa com a Laudatio Funebris de Hortênsio, quem, apesar de diversas vezes ter-se enfrentado com Cícero em diversos processos, era, no entanto, seu amigo tanto no plano político quanto no plano pessoal. Ao longo da obra, Cícero apresenta uma “estética” da eloqüência e se ocupa da busca da beleza como prazer estético e como elemento de persuasão. Também estão sempre presentes as considerações sobre política, pois tanto na Grécia como em Roma, retórica e 10 política sempre andaram juntas: não havia um bom político que não fosse um bom orador e vice-versa. De modo geral, Cícero quer mostrar a seus concidadãos, que exaltavam somente os modelos gregos, que também em Roma a eloqüência, de rude e inculta em suas origens, foi amadurecendo ao longo dos séculos até alcançar, no tempo de Cícero, quase a perfeição. C) O Orador A obra O Orador, Composta no ano de 46 a.C.,é a última das obras escritas por Cícero sobre Retórica. Esta obra nos revela com maior clareza suas idéias sobre esta disciplina. Esta obra trata das qualidades que deve possuir o orador ideal, dentre elas o conhecimento de mais de uma ciência, bem como o decorum que é capacidade de ver o que é conveniente em cada momento. Cícero se ocupa, também, dos diversos estilos de oratória, a harmonia da frase e, finalmente, das partes do discurso e do ritmo que deve caracterizá-lo. É possível percebermos, na obra A Invenção Retórica, certa preocupação do autor com elementos ligados à técnica, característica e influência da Retórica Grega e que, com o passar do tempo, foram se agregando novos elementos à forma de se produzir o discurso. Dentre estes elementos, merece destaque o fato do autor, já em sua maturidade, O Orador e Bruto, se preocupar tanto com elementos ligados à forma como ao conteúdo do discurso. Esta preocupação com o conteúdo, nos atesta a influência da filosofia no pensamento ciceroniano. Assim, de mera técnica de argumentação, a Retórica recebe o status de ensinamento, resolvendo o conflito entre Retórica e Filosofia. Neste sentido, temos o surgimento do Orador ciceroniano que, não só se sobressai em diversos estilos, como também se destaca por seu conteúdo Moral, que se reflete tanto em seus discursos, quanto em seu modo de vida O Orador Perfeito Embora a Retórica Romana fosse uma releitura da Retórica grega (MARROU, 1990: 391 ), podemos perceber que esta superou a mera aplicação de regras que garantissem a persuasão. A importância dada por Cícero ao estudo da filosofia, nos atesta isto. A eloqüência, segundo Cícero, não é tirada da oratória, mas da filosofia: Confesso que sou um orador, formado não nas oficinas dos retores, mas pela academia.” ( CÍCERO. O orador. 12) 11 Se, no período sofístico, tínhamos um embate entre Filosofia e Retórica, devido a uma despreocupação com a Verdade, e portanto com o conteúdo do discurso, em Cícero esta questão é resolvida. Segundo o autor, ambas se complementam . Cícero chega a citar Péricles como exemplo de bom Orador, principalmente por este ter tido contato com a Filosofia. E mais, Cícero critica ferozmente aqueles que acreditam que o simples fato de falar, os torna oradores. Por isto, Marco Antônio, a quem na época de nossos antepassados concedeu o primeiro lugar na eloqüência, homem por natureza agudíssimo e hábil, no único livro que nos deixou, disse que havia visto muitas pessoas que sabiam falar, mas em absoluto, a nenhum orador” ( CÍCERO. O orador. 18) A Construção de um tratado de Retórica no inicio de sua carreira, nos atesta a preocupação do autor com os elementos técnicos3, bem como a preocupação em se criar uma Retórica tipicamente Romana (MARROU, 1990: 402). A construção do Orador, como síntese entre Retórica e Filosofia, nos mostra a importância de se produzir um discurso com conteúdo, que tenha elementos capaz de transmitir algum “ensinamento”, seja de conteúdo moral ou filosófico. Ao atribuir determinadas qualidades ao perfeito orador, Cícero critica a ausência destas mesmas qualidades entre os oradores de seu tempo. Dentre estas qualidades está o fato de alguns renomados oradores dominarem e sobressaírem em apenas um dos três estilos (Simples, Médio e Sublime ). Para Cícero, o orador perfeito não se sobressai em apenas um estilo, mas consegue se destacar nos três. Três são os estilos nos quais, separadamente, alguns tem se destacado, mas, isto é o que buscamos, poucos são os que tem feito por igual em todos( CICERO. O orador. 20) Não é tarefa fácil definir o orador perfeito. Primeiro, porque a perfeição é algo relativo e, depois, porque cada campo possui seu exemplo de perfeição. Como definir uma regra ou fórmula, quando cada campo tem seu modelo de perfeição e quando há muitos campos?( CICERO. O orador. 36) 12 Onde, então, encontraríamos o Orador perfeito? Para Cícero, no gênero judiciário, embora tome grande quantidade de recursos do gênero demonstrativo. O gênero demonstrativo é, assim, definido pelo autor: Assim, pois, no citado gênero demonstrativo, se trata de um tipo de discurso agradável, fácil, abundante, com frases criativas e palavras harmoniosas (...). ( CÍCERO. O orador. 43) E mais: há tantos tipos de oradores quanto tipos de estilo. ( CÍCERO. O orador. 53) Mais importante que as palavras usadas no discurso ou seus adornos, é a transmissão do discurso: Tendo encontrado o que dizer, e em que ordem, o mais importante é de que modo transmitir” ( CÍCERO. O orador. 51) Entendemos por discurso, a ação de falar do Orador : Ainda que toda ação de falar seja um discurso, é no entanto, a ação de falar do orador que recebe o nome de discurso” ( CÍCERO. O orador. 64) Para Cícero, o ato de falar consiste em duas coisas: ação e elocução. A ação é a eloqüência do corpo e se baseia na voz e no movimento: As mudanças na voz são tantas quanto as mudanças de sentimentos, os quais, por sua vez, são especialmente provocados pela voz.” ( CICERO. O orador. 55) A importância dos gestos e a postura do orador são tão importantes quanto a construção lógica de um discurso. Neste sentido, o orador deverá preparar a voz: (...) adotará um determinado tom de voz segundo o sentimento que queira dar a impressão que o afeta e segundo o sentimento que queira provocar no ânimo do ouvinte. ( CICERO. O orador. 55) Assim, pois, esse orador de primeira ordem, variará e mudará a voz, subindo-a algumas vezes e baixando-a em outras, percorrerá toda escala sonora.” ( CÍCERO. O orador. 59) Deverá ser moderado no olhar: 13 Assim como o rosto é a imagem da alma, assim os olhos são os intérpretes; os próprios assuntos que se tratam moderam sua alegria e, sucessivamente, sua tristeza.” ( CÍCERO. O orador. 60) A debilidade na ação gera o desprestígio e enfraquece a autoridade. Não se dá crédito àqueles que não falam com o corpo. Assim, não basta o conteúdo da Filosofia para ser persuasivo. É necessário ter vitalidade, que apenas a oratória do Foro e capaz de ter ( CÍCERO. O orador. 63) Um dos elementos mais importantes para a atuação do orador é o Decorum, ou seja, o que é conveniente em cada ocasião. Será, pois, eloqüente – eloqüente é, com efeito, quem pretendemos definir, segundo as indicações de Antônio –aquele que, nas causas forenses e civis, fala de forma que prove, agrade e convença (...)( CÍCERO. O orador. 69) Saber discernir o que é conveniente em cada momento, pode garantir a eficácia do discurso: ( CÍCERO. O orador.70), Assim, como o não conhecer o que é conveniente pode levar ao erro, não só na vida, como na poesia e na eloqüência Efetivamente, da mesma forma que na vida, também nos discursos, o mais difícil é ver o que é conveniente” ( CÍCERO. O orador. 70) Esta sensibilidade de adequação ao momento, só pode ser adquirida com a prática, e portanto, com experiência e muito estudo. Afinal, não sei se a maioria de nossos oradores, não valiam mais por seu talento que por seus conhecimentos, de maneira que eram mais competentes na hora de pronunciar discursos que na hora de ensinar eloqüência” ( CÍCERO. O orador. 143) Deste modo, o orador idealizado por Cícero tem conhecimento em mais de uma área, como Filosofia, Direito e História: Conheça, também, a sucessão de fatos e a história do passado, sobretudo de nossa cidade, mas também dos povos dominantes e de reis ilustres”. ( CÍCERO. O orador. 120) A constituição de um orador com tamanha carga cultural e “sensibilidade” para perceber o momento de se aplicar suas estratégias discursivas, nos atestam o quanto persuadir se torna difícil à medida em que o público, ou destinatário, se torna exigente. Esta exigência 14 se dá, principalmente, quando àqueles a quem se destina o discurso, também tem conhecimento das técnicas usadas na persuasão. Essa dinâmica da Retórica faz com que o estudo e a constante prática se tornem elementos imprescindíveis para se chegar à perfeição. Considerações finais É na prática, e não na simples construção da argumentação que se conhece o orador. E só um sistema de governo que garanta a Liberade pode garantir o desenvolvimento deste “personagem”. Deste modo, quando a República entra em crise, temos também uma crise na oratória, uma vez que é no meio político que se deve desenvolver a argumentação. Embora a Retórica existisse desde o século V, somente no século I a. C teremos seu pleno florescimento. Este desenvolvimento da Retórica acompanhou, segundo nossa visão, o próprio desenvolvimento da cidade e de suas Instituições. Mais que um indivíduo dotado de conhecimentos, o Orador ciceroniano é um indivíduo ligado à prática Moral. É sua história de vida e seu comprometimento com a pátria e seus concidadão que lhe garantirá autoridade no falar. Indivíduos como César, também tinha conhecimento de Oratória, porém sua prática de vida contrária ao costume dos antepassados fazia dele um “inimigo”, segundo Cícero, da República Romana. Sendo assim, mais que o domínio de elementos ligados à técnica, o Orador deveria ter uma postura que encontrasse aceitação entre os membros das mais diversas facções. Aos poucos, principalmente com a crise da República, este orador, comprometido com a vida pública, começa a perder espaço. Com as declamationes, O próprio status da retórica se transforma: não há mais uma preocupação com a produção de argumentos que possam levar à persuasão, mas com o deleite. Com o fim da República termina também o período da Liberdade, tão importante à oratória. Chega ao fim, segundo Cícero, o período dos Grandes Oradores. Referências Bibliográficas A) Documentação Textual CICERÓN. Bruto; Introducción, traducción y notas de Manuel Mañas Núñez. Alianza Editorial, S.A., Madrid, 2000. 15 ________. La Invención Retórica. 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