GT – 4: “ECONOMIA URBANA, TRABALHO, COMÉRCIO E

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GT – 4: “ECONOMIA URBANA, TRABALHO, COMÉRCIO E
CONSUMO”
CENTRALIDADE URBANA DE MACAPÁ-AP EM SUA SUB-REGIÃO E OS
CIRCUITOS DA ECONOMIA
João Paulo de Almeida Amorim
Mestrando em Desenvolvimento Regional – PPGMDR, pela Universidade Federal do Amapá
[email protected]
RESUMO
O presente artigo discute a centralidade urbana de Macapá, historicamente construída no
recorte espacial do Estado do Amapá e sua relação econômica estabelecida nas últimas
décadas com a sub-região de Macapá. Para tanto, a metodologia utilizada considera
dados obtidos de obras de referência sobre o Estado do Amapá e a cidade de Macapá,
como: Porto (2003), Santos (2012) e Santos (2008) que são referências para discutir a
centralidade urbana da capital amapaense, juntamente com a abordagem dos estudos dos
circuitos da economia e sua importância no eixo de produção econômica e urbana da
Amazônia. A importância deste trabalho reside na construção histórica da centralidade
urbana de Macapá, intensificada a partir da década de 1990, materializada, através dos
circuitos econômicos superior e inferior deste centro sub-regional.
Palavras-chave: Centralidade Urbana Sub-Regional de Macapá, Região de Influência,
Cidade Média.
1
1 INTRODUÇÃO
O objetivo deste artigo é analisar a formação da centralidade urbana de Macapá,
no decorrer histórico e sua importância a partir de 1990, sua relação com os circuitos da
economia, quando se intensifica as trocas comerciais e de produção na região, no
entanto, resgatando o contexto histórico desse processo na cidade de Macapá, no estado
do Amapá.
Metodologicamente, o trabalho consiste em análise de documentação histórica
sobre a cidade de Macapá, leitura de artigos, livros, teses e dissertações acerca da
centralidade urbana no contexto internacional, nacional, regional e local. Em seguida,
buscou-se através de coleta de dados indiretos junto aos órgãos oficiais como IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e trabalho de campo analisar como se
encontra as interações espaciais das atividades ligadas ao circuito inferior da economia,
na cidade de Macapá, segundo Santos (2008).
2 GÊNESE E
MACAPAENSE
ESTRUTURAÇÃO
DA
CENTRALIDADE
URBANA
A região em que hoje se situa hoje o município de Macapá, capital do estado do Amapá,
começou a aflorar, historicamente, fruto de disputa entre navegadores espanhóis,
portugueses e franceses, no início do século XVI e, posteriormente, por exploradores
ingleses e holandeses.
As raízes cronológicas de Macapá, tem sem dúvida, envolvimento com a própria
história das terras amazônicas (AMAPÁ, 1971). No entanto, sua unidade política surge
com a construção do Forte Santo Antônio de Macapá, em 1688, oriundo do Forte
Cumaú, construído por ingleses nesta época. Em 18 de dezembro de 1751, Mendonça
Furtado, cria em Macapá o primeiro núcleo que garantiria a ocupação humana da região
(REIS, 1949). Sete anos depois é elevada à categoria de Vila, no ano de 1758, como
2
cidade em 1856 e, como capital do ex-território, em 1944. É ao redor deste Forte que
surge o primeiro núcleo de povoação neste espaço.
Dentro do contexto histórico de gênese do espaço amapaense é importante
destacar que o Amapá teve suas origens ligadas à coroa portuguesa no período
denominado de Brasil-Colônia. As terras aqui batizadas inicialmente com o nome de
Adelantado de Nueva Andaluzia, foram concedidas pelo rei Carlos V à Francisco
Orellana, em 1544, que não teve interesse na área (CHELALA, 2008). Em 1636, Bento
Maciel Parente recebe por donataria o agora chamado Território do Cabo Norte que, em
1637 tem como nome oficial Capitania da Costa do Cabo Norte.
Neste recorte temporal, já existia um interesse não só político-estratégico mas,
também, econômico por parte de europeus nessas terras:
No litoral do Cabo Norte, compreendida nessa expressão toda a terra que
integrara a Capitania de Bento Maciel Parente, havia cacau, madeiras, urucu,
três gêneros que só eles constituíam motivo de atração. O pescado
completava a riqueza regional. Bem sabemos que foi justamente essa
matéria-prima que atraíra os holandeses, os ingleses e os franceses. Bem
sabemos que os luso-brasileiros defendiam a extensa área não só por motivos
políticos mas também pela generosidade que ela oferecia quanto às realidades
econômicas (REIS, 1949, p. 53).
Posteriormente, com o interesse francês em ocupar a região, na tentativa de
expandir seu território no platô das Guianas, o Estado português se vê obrigado a
resguardar a entrada da foz do rio Amazonas, pelo fato de sua importância estratégica
na ocupação do território de sua colônia. As chamadas então Terras do Cabo Norte
foram ocupadas sob litígio entre portugueses e franceses durante um longo período entre
os séculos XVIII e XX só resolvidos pelo Laudo suíço que deu ganho de causa ao
governo português.
Segundo Santos (2012, p. 115):
As terras do Cabo Norte, atualmente configurando parte da ASA, estiveram
atreladas, assim como o restante das terras sob o domínio das coroas ibéricas
no Novo Mundo, a um conjunto de teorias e de práticas de intervenção que se
desenvolveram na Europa moderna desde a metade do século XV,
3
denominada de mercantilismo, as quais permitiram às nações europeias
acumular riquezas através de relações pré-capitalistas de produções, ou seja,
por meio de acumulação primitiva de capital.
Neste período histórico estabelecem-se as bases de ocupação do território
amapaense, principalmente no município de Amapá e Macapá. A partir da criação do
Território Federal do Amapá (TFA), em 1943, e da posterior transferência de sua capital
da cidade do município de Amapá para Macapá, houve demandas significativas por
infraestrutura que comportasse a sede administrativa e política recém-criada. Nesse
processo, já na década de 1950 ocorreu a instalação da ICOMI- Indústria Comércio de
Minérios S.A. em Serra do Navio, em 1953, e o início da produtividade da empresa em
1957, já como sociedade anônima (PORTO, 2003).
Em 1956 é criada Companhia de Eletricidade do Amapá – CEA, criada com
objetivo de “construir e explorar sistemas de produção, transmissão e distribuição de
energia elétrica e serviços correlatos [...] e estimular a criação de um parque industrial”
(PORTO, 2003, p. 113), o que promoveu a instalação de infraestrutura no estado
amapaense para dar suporte, principalmente, à produção industrial da ICOMI e a
possível instalação de outras indústrias posteriormente. Esta atividade direcionou e
fundamentou a economia amapaense nos 40 anos de ação do projeto, como também teve
relevante participação na exploração de outras potencialidades amapaenses (PORTO,
2007).
Para se compreender a construção da centralidade urbana de Macapá decidimos
por utilizar o recorte histórico de Porto (2003) como divisão no intuito de auxiliar nossa
tarefa cientifica. Segundo Porto (2003) a formação socioeconômica amapaense pode ser
dividida periodicamente em três períodos para melhor compreensão: 1. Gênese,
estruturação produtiva e organização espacial (1943-1974); 2. Planejamento estatal e
diversificação produtiva (1975-1987); 3. Estadualização e sustentabilidade econômica
(pós-1988).
4
Enquanto Território Federal (1943-1988), o Amapá criou estruturas políticas,
econômicas, sociais e administrativas internas que em muito contribuíram para a sua
estadualização (PORTO, 2003). Em 1988, com a transformação do Território Federal
em Estado do Amapá, pela Constituição do mesmo ano, e a criação da ALCMS (Área
de Livre Comércio de Macapá e Santana), em 1991, que oferece incentivos fiscais para
a instalação de empresas nas cidades de Macapá e Santana, geram expectativas de
geração de empregos no Estado, o que irá resultar no aumento da migração para o
Estado, principalmente por paraenses e nordestinos.
O
Amapá
no
primeiro
recorte
histórico
(1943-1974)
propiciou
o
desenvolvimento de infraestruturas, serviços e atividades que alavancaram o território
em funcionalidade e materialidade. No que tange à Macapá, em 1944, passou a ser
usada como sede administrativa, financeira e política do Estado, iniciando a
centralidade urbana sub-regional macapaense com a forte relação com as ilhas do golfão
marajoara, que se encontram dentro da sub-região da Foz do Amazonas, dentro da
regionalização proposta por Santos (2012) denominada de ASA (Amazônia Setentrional
Amapaense), no sentido de ser o motor da economia do ex-território.
Macapá exerce o controle econômico do Território federal do Amapá não
apenas por seu “status” político de capital mas pela sua contribuição na
geração da renda global, na qual a receita oriunda da exploração, em escala
industrial do manganês (situada exclusivamente no município) é
relativamente alta. A êsse fato acrescenta-se a condição de entreposto
comercial, funcionando como polo de atração de compradores e vendedores
do interior do território e mesmo de ilhas paraenses próximas (AMAPÁ,
1971, p. 12).
Nesta época, Macapá possuía a extensão do território para além de sua
composição atual, abarcando quase a totalidade dos municípios de Serra do Navio,
Ferreira Gomes, e Porto Grande. O que repercutiu na economia macapaense, pois a
jazida de ferro de manganês se encontrava no espaço da capital. Atualmente, se
encontra como centro econômico da sub-região de Macapá (MAPA 01).
5
MAPA 01: Sub-região de Macapá.
Fonte: Santos (2012).
O comércio com a metrópole regional Belém – que funcionava como centro
intermediário, era forte neste período, com destaque para a exportação de
[...] produtos extrativos de origem animal e vegetal além de, especificamente
para os mercados consumidores do sul do país, o exterior, madeiras
compensadas, fabricadas pela indústria local Brumasa. Para o exterior, numa
relação diversificada de países, incluindo Estados Unidos e Japão, Macapá
exporta sobretudo, minério de manganês (AMAPÁ, 1971, p. 12).
Destaca-se neste contexto, a intensificação do Amapá na economia
internacional, com a exportação de minério de ferro e Manganês, no ano de 1957, o que
mostra, que à época do então TFA já se encontrava no bojo das relações sociais de
produção capitalista em seu espaço, principalmente no circuito superior da economia
(SANTOS, 2008). Segundo Amapá (1971), Macapá comandava a vida do território
federal não só por apresentar a sede administrativa mas pela sua localização geográfica,
6
por sua condição de entreposto comercial com a metrópole Belém e pela exploração, em
larga escala, do minério de ferro manganês (QUADRO 01).
Quantidade (kg)
Valor (cr$)
1969
1969
Manganês
756.418.930
60.657.563
Madeira
47.000.000
587.000
Pescado
128.000
99.150
Borracha
38.010
29.582
Castanha do Pará
23.500
14.100
Sementes oleaginosas
144.000
5.840
Produtos
QUADRO 01: produção industrial de minério, pesca e extrativismo vegetal no Estado do
Amapá, em fins da década de 1960.
Fonte: adaptado de Amapá (1971).
“Em 1968, foi instalada em Santana a empresa Bruynzeel Madeira S.A. –
BRUMASA” (PORTO, 2003, p. 127). Esse empreendimento teve como principal
atividade a fabricação de compensados a partir da extração da espécie vegetal virola
(Virola surinamensis) (PORTO, 2003).
Além disso, Macapá, através da inserção de “ajustes espaciais” 1 em seu território
sofre intervenções diretas da União. “A função da União foi criar ajustes espaciais,
mediante à intensidade da magnitude do Estado2. Ou seja criou-se condições para que o
capital se manifestasse e ganhasse movimento. Neste contexto, pode-se inferir como
ajuste espacial a construção de uma Company Town, em Serra do Navio, transformada
em Município em 1995, o Porto de Santana que vai escoar a produção do minério
Por “ajustes espaciais” entende-se as adaptações que são efetivadas no espaço, visando a
garantia da instalação, existência, fluidez, manifestação e reprodução do capital. Ao analisar o
espaço amapaense sob os enfoques de ajustes espaciais, magnitude do estado e o uso do
território (PORTO, 2007, p. 02).
2
Sobre a magnitude do Estado ver Chelala (2008).
1
7
Manganês associado à construção de uma estrada de ferro que liga a mina
manganesífera em Serra do Navio ao porto.
Com a exploração do manganês a partir da década de 1950, do caulim desde
a década iniciada em 1980, da mecanização do garimpo de ouro em 1980, e
da cromita em 1990, técnicas e tecnologias modernas e industriais foram
incorporadas. Originou-se então uma configuração territorial e urbana nova e
um ritmo novo de produção. Em outros termos, inventou-se dinâmicas
territoriais novas (PORTO, 2010, p. 99).
Através desse processo, a urbanização do Amapá sofre um aumento
populacional nas cidades que abrigam o porto, a sede administrativa (Macapá) e a
empresa ICOMI e, posteriormente, um aumento populacional no eixo sul, notadamente
coincidindo com a instalação do Complexo Industrial do Jarí, no município de Laranjal
do Jarí. Durante esse período se expressa a dependência econômica do estado ao capital
federal e ao capital externo, gerando um acúmulo de empresas que atuam no setor
mineral e terciário (PORTO, 2010).
No que tange a importância do desenvolvimento do setor energético no Estado, a
elevação da demanda e a distribuição de energia elétrica principalmente para o
Município de Macapá assim como a instalação de novas usinas termoelétricas no
Estado, a fim de atender à diversificação da produção e ao crescimento demográfico
contribuíram para o desenvolvimento da centralidade de Macapá, pois instalam-se
infraestruturas nesse período como escolas e postos de saúde que irão atender à
demanda da população das ilhas do Pará e a capital e seus municípios próximos.
Após a década de 1940, três áreas geoeconômicas deste ex-Território se
destacaram na organização espacial amapaense: o Norte, o Centro e o Sul. Suas
delimitações correspondem às dos municípios originais do Território Federal: Macapá,
Ferreira Gomes, Porto Grande, Itaubal, Cutias, Pedra Branca do Amapari, Pracuúba,
Serra do Navio e Santana fazem parte do centro amapaense.
O Centro Amapaense, caracterizado atualmente, como parte da sub-região de
Macapá (SANTOS, 2012), exceto o município de Pracuúba (que faz parte da sub-região
8
dos Lagos) e Mazagão que foi inserida na sub-região de Macapá, possui os maiores
índices demográficos e a maior urbanização – presentes na macrocefalia urbana de
Macapá e Santana (QUADRO 02), dentro do Estado. Sua economia baseou-se na
extração mineral a partir da década de 1950, com o garimpo da cassiterita no período de
1951 a 1966 e na exploração manganesífera pela ICOMI (1957-1997). Com a
exportação do manganês, a balança comercial amapaense passou a ser positiva durante
o período de 1957 a 1974. “Em 1956, o Amapá era responsável por somente 0,04% da
exportação da Região Norte. No ano seguinte, passou para 60,4%” (PORTO, 2003, p.
121).
Após a década de 1970, indústrias de transformação foram implantadas, sendo
algumas dessas instaladas na década seguinte, com a implantação do Distrito Industrial
em Santana. No início da década de 1990, foi criada a Área de Livre Comércio de
Macapá e Santana, estimulando a comercialização de produtos importados.
Macapá, enquanto sede administrativa e política do TFA comporta serviços e
demandas que são irradiadas no sentido do interior do Estado. Essa centralidade
político-administrativa se torna também econômica, pois a cidade irá concentrar a partir
da estadualização (pós-1988) e com a criação da ALCMS grande parte das empresas,
bens e serviços oferecidos no Estado, atraindo um contingente populacional
considerável entre as décadas de 1990 e 2000.
MUNICÍPIOS
POPULAÇÃO TOTAL ENTRE 1991 E 2010
1991
2000
2010
-
3.280
4.696
FERREIRA GOMES
1.396
3.562
5.040
ITAUBAL DO
1.666
2.894
4.265
CUTIAS DO
ARAGUARI
PIRIRIM
9
MACAPÁ
165.579
283.308
398.204
MAZAGÃO
8.911
11.986
17.032
PEDRA BRANCA DO
3.018
4.009
10.772
PORTO GRANDE
4.905
11.042
16.809
SANTANA
51.451
80.439
101.262
SERRA DO NAVIO
3.627
3.293
4.380
ESTADO DO AMAPÁ
289.397
477.042
669.076
AMAPARÍ
QUADRO 02: evolução populacional da sub-região de Macapá, a partir de 1990
Fonte: Amaral (2010); IBGE. Censo demográfico de 2010.
A evolução populacional da sub-região de Macapá mostra a importância desta
para a sub-região homônima e, demonstra a concentração populacional em sua sede, o
que demanda, também, maior quantidade de recursos, bens e serviços na capital.
Após a década de 1940, a cidade de Macapá, se utiliza de investimentos em
infraestrutura e serviços para se consolidar como capital administrativa e,
posteriormente, como cidade média, em função desse dinamismo criado pelo Estado,
polarizando os serviços dentro da sub-região de Macapá. A evolução populacional de
Macapá, que segundo dados do IBGE era, em 1950 de 20.594 habitantes e em 2014
passa a 446.757 habitantes, ratificando o fenômeno geográfico de concentração
demográfica em seu espaço urbano.
ANO
1975
AÇÕES
1° Plano de Desenvolvimento do Amapá
1
0
OBJETIVOS
Priorizar o aproveitamento das potencialidades
naturais; fortalecer a agropecuária: diversificar
o setor industrial; desenvolver o subsetor
comércio;
proporcionar
condições
de
habitabilidades nos núcleos e aglomerados
urbanos em formação: intensificar o
desenvolvimento de infraestrutura econômicosocial: modernizar e reaparelhar a estrutura
organizacional do Território ao nível das
funções motoras do desenvolvimento
1976
1978
1979
Início da geração de energia pela Usina
Hidrelétrica de Coaracy Nunes em Ferreira
Gomes
O Parque Nacional do Tumucumaque é
redenominado para Parque Indígena de
Tumucumaque e foi declarada sua intervenção
Fornecimento de energia elétrica para Macapá e
Construção da BR-156 em direção ao Oiapoque
Ampliar o acesso às áreas com potencial
Serra do Navio
Demarcação de terras indígenas
agrícola do norte amapaense e incentivar o
comercio com a região do Caribe
1980
- A criação do Distrito industrial de Macapá;
- 2° Plano de Desenvolvimento do Amapá;
- Criação do Parque Nacional do Cabo Orange;
- Criação da Reserva Biológica do Lago
Piratuba.
- Estabelecer empresas que se beneficiassem
dos recursos naturais e fiscais do Amapá;
- Atender ao setor primário amapaense
delimitando
áreas
prioritárias
para
a
Agropecuária, pesca e extração mineral e áreas
urbanas;
- A preservação permanente de área natural que
abrigava espécies da flora e fauna, sítios
geomorfológicos e paisagens naturais;
- A proteção dos Recursos Naturais para fins
científicos e educativos;
1981
Criação da Estação ecológica Maracá-Jipióca
1985
Plano de Desenvolvimento Integrado do Amapá
1987
Criação do Municípios de Laranjal do Jari.
Ferreira Gomes, Santana e Tartarugalzinho por
desmembramento dos Municípios de Mazagão,
Macapá e Amapá
Proteger amostras do ecossistema possibilitando
estudos comparativos entre o meio ambiente
natural protegido e o que já sofreu ação
antrópica
Garantir o desenvolvimento pelo Planejamento
Integrado. A delimitação das áreas prioritárias
deste Plano, a alocação de recursos públicos e
as ações de planejamento seriam levadas em
consideração as suas especificidades locais.
Foram modicadas as seguintes áreas: Espaços
com Programas Especiais, POLAMAZÔNlA,
Pólo Amapá (Macapá, Mazagão, Amapá e
Calçoene); áreas de reforma agrária (Macapá,
Mazagão, Amapá, Calçoene e Oiapoque); área
de fronteira (Oiapoque); e cidade de porte
médio (Macapá)
A reorganização territorial e políticoadministrativa do Amapá
QUADRO 03: Principais ações que contribuíram para a formação do espaço amapaense entre
1975 e 1987.
Fonte: Adaptado de Porto (2003, p. 128).
No segundo recorte referente ao Planejamento estatal e diversificação produtiva
(1975-1987), o Estado do Amapá irá apresentar incrementos no setor produtivo vegetal
e no setor energético com o termino da construção da hidrelétrica, na Cachoeira do
Paredão, no rio Araguari, que passou a ser denominada de Coaracy Nunes (UHCN)
1
1
(PORTO, 2003), sendo utilizada tanto pelo setor industrial mineral, representado pela
ICOMI e outras indústrias, quanto o setor residencial e de comércio.
Nesse período, com a instalação da BRUMASA, o extrativismo vegetal irá
corresponder com 32,4% da produção econômica amapaense no início de 1970. De
1973 a 1982 a empresa apresentou a média de produção de 22.074,9 Toneladas/ano de
extração de Virola surinamensis (TFA, 1971).
Porto (2003) destaca as principais ações que contribuíram para a organização do
espaço amapaense entre 1975 e 1987. Algumas dessas ações, de certa forma,
contribuem para a centralidade de Macapá, em nível urbano e regional (QUADRO 03).
A fragmentação territorial que o município de Macapá sofre ao longo dos anos,
repercute em sua participação na economia com a emancipação do município de
Santana, em 1987. No entanto, não faz perder importância dentro do espaço amapaense.
A decadência da exploração manganesífera e a intensificação da livre
comercialização de bens de consumo importados na sua capital, cujas negociações vêm
atender às necessidades do capital internacional, oriundas de indústrias estrangeiras
(PORTO, 2003) gera uma série de eventos que culminam com o aumento de fluxos de
atividades, serviços e comércios em torno da capital amapaense, que se intensifica no
período que compreende a criação da ALCMS, intensificando as relações econômicas
no circuito inferior da economia (SANTOS, 2008).
3 CENTRALIDADE URBANA E OS CIRCUITOS DA ECOMIA EM MACAPÁ
A PARTIR DE 1990
A partir de sua estadualização, o Amapá passa a atrair migrantes de outros
Estados e regiões em busca de melhores condições de vida e ascensão social. O cenário
político criado pós-1988 demonstra a inserção de uma nova elite política, articulada
com os interesses externos. Aliado a esse fator pesa a expectativa de novos usos do
território com a instalação de empresas, principalmente importadoras no centro da
cidade de Macapá, que irá responder por grande parte do circuito inferior e do circuito
superior da economia (SANTOS, 2008) no estado do Amapá. Com relação ao circuito
1
2
superior da economia Santana, com a exportação de manganês, responde com a maior
parte de capital investido nesse setor.
O consumo elétrico no Estado triplicou entre 1988 e 2000, aumentando o
consumo principalmente em sua capital. Resultado da expansão das vendas de
eletroeletrônicos e de aparelhos de ar-condicionado, em decorrência do crescimento
demográfico do Estado, influenciada pela ALCMS (PORTO, 2003). Esse aumento de
consumo no setor, demanda a busca de novas alternativas de produção energética para
suprir essa necessidade, o que se desdobra, atualmente com a instalação de uma nova
PCH no município de Ferreira Gomes e o estudo de viabilidade de instalação de
pequenas hidrelétricas no rio Araguari. Além disso, durante os anos 1990 são criadas
extensas áreas de preservação ambiental no Estado, o que força a concentração das
forças produtivas econômicas em torno de Macapá e Santana, neste período, afirmando
a importância destas cidades. No contexto amapaense
[...] deu origem à forma metropolitana na Amazônia provocou também a
configuração de cidades médias e de algumas cidades pequenas,
principalmente aquelas localizadas às margens das rodovias e dos grandes
projetos. Portanto, a preocupação central quando se analisa a problemática
urbana da Amazônia não deve ser de natureza demográfica, mas sócioespacial, uma vez que o tamanho das cidades está relacionado à forma como
ela se insere na dinâmica de expansão do capitalismo na região (AMARAL e
MELO, 2013, p.26).
Essa inserção das cidades da Amazônia ao longo das rodovias e grandes projetos
configura uma nova forma de circulação, produção e consumo das populações
estabelecidas nessa região. Macapá e Santana são responsáveis pela difusão e
concentração das forças produtivas no estado do Amapá. Logo, destaca-se a necessidade
de entendimento e o papel da economia realizada pelos pequenos produtores,
comerciantes de madeira e de pescado na dinâmica urbana amapaense.
4
OS CIRCUITOS DA ECONOMIA EM MACAPÁ
Para Santos (2008), a urbanização nos países do terceiro mundo não é uma
repetição da urbanização europeia no momento pré-industrial, mas decorrente das
1
3
dinâmicas das atividades terciárias, uma urbanização terciária (CATAIA e SILVA,
2013). Neste contexto, A urbanização nos países periféricos apresenta características
peculiares e não pode ser analisada segundo os modelos de urbanização dos países
centrais.
Neste contexto, Santos busca entender o sistema urbano nos países
subdesenvolvidos. Em seu livro A Economia Espacial (2008) procura estabelecer os
elementos de formação de dois circuitos da economia dos países subdesenvolvidos, a
que chama circuito superior e circuito inferior. A teoria dos dois circuitos da economia
urbana tem o objetivo de revelar a singularidade da urbanização nos países periféricos e
indicar caminhos analíticos sobre o funcionamento das cidades, principalmente
oferecendo suporte teórico para compreender as atividades que são criadas visando a
geração de trabalho e rendimento por parte das populações que não são incorporadas
pelos circuitos produtivos modernizados tecnologicamente.
Mapa 02: circuito inferior da economia nos municípios de Macapá e Santana.
1
4
Fonte (AMARAL, 2010).
O mapa destaca as atividades identificadas no circuito inferior da economia em
Macapá em Santana, em 2010. É possível identificar através da imagem que existem
dois eixos de articulação que propiciam a circulação de produtos nos comércios, feiras
de Igarapés e de ruas nas duas cidades. Os circuitos da economia urbana, em Macapá,
possuem uma variável de atividades bastante complexa. Segundo Amaral (2010) o
circuito inferior pode ser dividido de acordo com a atividade desenvolvida: feiras,
comercio de rua e feira e comércio.
O eixo rodoviário, estabelecido principalmente pelas Rodovias Duca Serra, Jk
(responsáveis pela ligação entre Macapá e Santana) e Br-156 (responsável pela ligação
com outros municípios do interior do estado amapaense). O eixo hidroviário, que abarca
as chegadas de produtos vindos das ilhas do golfão marajoara e, também, de produtos
eu chegam de balsa vindos de Belém.
Os dois padrões de circulação de mercadorias e pessoas funcionam e coexistem
num mesmo espaço. No entanto, a maior parte das feiras e comércios de rua estão
situados próximos às margens de rios e igarapés, com preponderância de
estabelecimentos deste circuito na cidade de Macapá. Atualmente, esse comercio tem se
consolidado em seus espaços já ocupados e apresenta interações espaciais com a ilhas
do golfão marajoara e os municípios do interior do estado amapaense (MAPA 03).
1
5
MAPA 03: interações espaciais entre a cidade de Macapá e seu entorno, a partir do circuito
inferior.
Em trabalho de campo realizado em 2015, realizou-se entrevistas informais com
vendedores e atravessadores nas feiras, comercio de madeira e feira de pescado.
Constatou-se a procedência dos produtos comercializados nas feiras de pescado,
madeira e hortifrutigranjeiros destacados por Amaral (2010). No entanto, não foi feito o
levantamento da quantidade de produtos que chegam através dessas atividades, pois o
objetivo do trabalho de campo era apenas constatar as interações espaciais entre Macapá
e seu entorno, através dessas atividades.
A maior parte da madeira negociada nos comércios tem origem nas ilhas de
Chaves, Afuá e ilhas próximas e Gurupá, também de ilhotas menores próximas ao
Arquipélago do Bailique como Ilha dos Porcos e Ilha Jacarezinho. O açaí, largamente
comercializado, principalmente no Porto de Santa Inês em Macapá, provém de Afuá,
Chaves e Gurupá, em sua maioria.
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Com relação às feiras de pescado, o comercio se estabelece mais com os
municípios o interior do estado amapaense: Calçoene, Amapá e Pracuúba respondem
pela maior parte do pescado comercializado nas feiras de Macapá. Os produtos de
origem agrícola como: farinha, frutas, verduras, legumes e derivados da mandioca
provém de produção familiar principalmente dos municípios de Porto Grande, Ferreira
Gomes, Itaubal e Santana.
A comercialização de produtos vindos do interior do estado amapaense e das
ilhas da foz do Amazonas denota a polarização e centralidade da capital Macapá dentro
de sua sub-região. As interações espaciais identificadas a partir do trabalho de campo
demonstram a importância da capital amapaense dentro da ASA, pois concentra
atividades que correspondem por grande parte da economia amapaense, através dos dois
circuitos.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da análise da construção histórica da centralidade de Macapá, foi
possível perceber a importância desta cidade, no conjunto da economia da sub-região de
Macapá e a sua presença na escala urbano-regional da Amazônia.
Os circuitos da economia mostram que Macapá possui conexão tanto no eixo
rodoviário, ferroviário e hidroviário (pois a cidade funciona como rota de passagem e
ponto de distribuição de mercadorias para o interior do estado) com a atuação de
empresas tanto no circuito superior, quanto no circuito inferior, através das feiras de
hortifrutigranjeiros, comércios de pescado e madeira presentes no espaço urbano da
cidade.
Essa economia mista resulta na adoção de atividades de uma cidade que fica à
beira rio que tanto introduz, como exporta elementos em sua economia através dos eixos
de produção, circulação e consumo dentro da sub-região de Macapá.
6 REFRÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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