Planejamento de Aulas – Economia e Mercado 3ª Aula: O Egito e a Mesopotâmia 1. Pensamento do dia: "Grandes realizações não são feitas por impulso, mas por uma soma de pequenas realizações.” (Vicente Van Gogh) 2. Introdução: Como vimos na aula passada, após milhares de anos, os seres humanos aprenderam a cultivar vegetais e a domesticar animais. Aos poucos dentro dos grupos formados, foram se estabelecendo relações sociais cada vez mais complexas, decorrentes entre outras razões, da diversidade das atividades de produção e da especialização do trabalho. Dessa diversificação das relações sociais surgiram as cidades, o comércio, a religião, a escrita e o Estado. Duas das primeiras sociedades complexas da história da humanidade são o Egito e a Mesopotâmia. Essa região foi denominada como Crescente Fértil exatamente por ter o formato de uma lua na fase de quarto crescente e também porque era uma região excelente para a produção de alimentos onde muitos povos nômades se estabeleceram. 3. O Egito. O Egito está localizado ao Nordeste do continente Africano. As cheias periódicas do rio NILO transformaram o Egito numa espécie de oásis no meio do deserto. Elas são provocadas por chuvas abundantes que caem na nascente do rio. As cheias começam ao final de Junho e atingem seu volume máximo em Setembro voltando ao seu estado normal até Dezembro. Essas cheias criam as margens do rio uma espécie de limo, o humos que torna as terras muito férteis. Diante destas características, os Egípcios começaram a tirar proveito das terras e das cheias, criaram diques (açudes) canais de irrigação aproveitando ao máximo as terras férteis e a abundancia de água. A importância do Rio era tão grande que era considerado um de seus deuses. Desenvolveram um sistema de escrita chamada hieroglífica (caracteres sagrados) eram constituídos de pequenos desenhos com vários significados e eram registrados nas paredes dos túmulos e dos templos. Também eram escritos no papiro uma espécie de papel que os egípcios fabricavam a partir de uma planta com o mesmo nome. 3.1. A Organização Social A sociedade egípcia estava dividida em camadas sociais entre as quais havia profundas diferenças. Todo o poder estava centralizado nas mãos do Faraó, que era considerado deus. Essa forma de governo se chama teocracia. O faraó era o grande sacerdote, o chefe dos exércitos, o juiz. Como soberano absoluto de todo território, dominava os grupos sociais organizando e administrando todas as atividades econômicas. Os sacerdotes constituíam uma categoria poderosa e influente em razão da importância da religião para os egípcios. Como guardiões dos templos, eles recebiam e administravam as oferendas feitas aos deuses pela população. Os parentes do Faraó e os altos funcionários formavam uma espécie de nobreza. Os últimos administravam, em nome do faraó, as quarenta e duas províncias (ou nomos) unificadas no Egito. A administração complexa exigia muitos funcionários que cobravam impostos, fiscalizavam obras e acompanham os trabalhos agrícolas. Os escribas que aprendiam a lidar com a escrita e números se destacavam na sociedade, pois eram responsáveis por controlar as finanças. Uma parte da população era constituída por artesãos, que trabalhavam nas construções de templos e túmulos (tecelões, marceneiros, sapateiros, pedreiros, ferreiros, pintores, escultores, perfumistas e etc.). A maior parte da população era constituída por CAMPONESES que trabalhavam nas terras pertencentes ao Faraó, aos templos e aos nobres. Eles deveriam entregar ao senhor da terra parte de sua colheita e dos animais que criavam além de terem que trabalhar na manutenção dos canais e açudes. 3.2. As Atividades Econômicas A economia era controlada pelo faraó, dono nominal da maioria das terras, porém a propriedade privada foi uma realidade. Documentos revelam que a partir da IV dinastia houve uma tendência para a privatização do solo, resultado de doações de terras por parte do Faraó. Grande parte das atividades produtivas era administrada e organizada por ele desde o planejamento, construção de canais e açudes, armazenamento e distribuição da produção. A principal atividade era a AGRICULTURA. Essa produção estava voltada para suprir as necessidades da população. Os funcionários dos soberanos eram responsáveis por guardar parte da produção e distribuir em períodos de escassez. A pecuária era importante, porém ficava muito restrita aos templos que possuíam grandes extensões de terras. Quando terminavam as inundações no Nilo surgiam nas aldeias egípcias uma equipe de funcionários que marcava as bordas das terras que poderiam a partir de então ser cultivadas pelos camponeses. As culturas mais importantes eram o trigo e a cevada que permitiam fazer o pão e a cerveja que eram à base da alimentação egípcia. Os agricultores lavravam a terra com um arado puxada por bois, abriam canais e levantavam diques. A época das colheitas ocorria em abril, altura em que as espigas eram levadas para a eira, onde as patas dos bois as debulhavam. Os grãos eram separados das palhas, ensacados e armazenados em celeiros reais. A construção de embarcações, a tecelagem do linho, a cerâmica, a metalurgia e a vidraria (os egípcios que inventam o vidro) eram importantes atividades na época. O comércio existia, mas foi mais intenso no novo Império (1580-1085 a.C.) nesse período os comerciantes egípcios negociavam com povos de regiões distantes, como da Mesopotâmia e das ilhas do mar Egeu. A população que não trabalhava nos campos dedicava-se a produção de pão, mel, cerveja, olaria, tecelagem e a pesca. O subsolo do Egito era rico em materiais de construção e pedras preciosas. Todo o comercio era através do escambo já que a moeda só surgiu muito mais tarde na Lídia do século VIII ou VII a.C. Academia de Comércio São José Professor: Rodrigo Aurélio Cruvinel Planejamento de Aulas – Economia e Mercado 3.3. Curiosidades Os egípcios admitiam que cada um tinha uma alma, que sobreviveria enquanto o corpo não fosse destruído. A preservação do corpo era através da mumificação e uma complexa técnica de embalsamar os mortos. Assim criaram túmulos duradouros que dentre eles estão às famosas PIRÂMIDES. As áreas do conhecimento que mais se destacam no Egito são a astronomia e a geometria. A necessidade de prever as enchentes do Nilo e executar obras para aproveitamento das águas levou a observação dos astros e a construção de fórmulas para medir superfícies (soma – subtração e divisão). Criaram também um calendário solar, no qual o ano de 365 dias era dividido em 12 meses de trinta dias cada ao qual acrescentavam 5 dias festivos. 4. A Mesopotâmia O nome Mesopotâmia foi dado pelos gregos e significa “terra entre rios” (meso = no meio e patamos = rio). Compreendida entre os rios Tigre e Eufrates, a Mesopotâmia estava localizada entre áreas montanhosas e desérticas, na extremidade oriental do Crescente Fértil. Dividia-se em duas áreas com características naturais distintas: ao sul as férteis planícies da Suméria (depois chamada Caldéia) e ao norte o árido e montanhoso solo da Assíria. Na primavera o degelo da neve que cobre as montanhas da Armênia provoca inundações, tornando as terras da baixa planície da Suméria extremamente férteis, fenômeno semelhante àquele que ocorre com o Nilo. Assim como ocorreu no Egito, foi preciso um enorme esforço dos habitantes da região para controlar as águas das enchentes e poder cultivar as terras em torno dos rios, que de outra forma seriam pântanos férteis, mas inabitáveis. Graças ao trabalho continuado de muitas gerações foi possível cultivar vegetais e obter colheitas abundantes. 4.1. A Organização Social A Mesopotâmia funcionava como uma espécie de corredor por onde passavam muitos povos nômades vindos de diferentes regiões. Atraídos pelas terras férteis, alguns deles ai se estabeleceram. Do convívio entre muitas dessas culturas, floresceram as chamadas sociedades mesopotâmicas. Os primeiros a habitar o sul da Mesopotâmia foram os Sumérios. Desde 4.000 a.C. eles realizavam obras de irrigação e utilizavam técnicas de metalurgia do bronze, bem como uma forma de escrita chamada cuneiforme. Sua maneira de se organizar acabou influenciando muitos povos da região. Ao contrário dos Egípcios que eram politicamente unificados, os sumérios organizavam-se em pequenas cidades independentes, formadas por um núcleo principal e por terras cultivadas ao redor. Porém estas cidades viviam em confronto pelo poder e acabavam se enfraquecendo sendo dominadas e invadidas por outros povos. Alguns deles chegaram a dominar os sumérios absorvendo sua cultura e unificando o governo das Cidades. No início de 2º milênio a.C. a região da Mesopotâmia constitui-se num grande e unificado império, que tinha como centro administrativo a cidade de Babilônia, situada nas margens do rio Eufrates. 4.2. As Atividades Econômicas A agricultura era a principal atividade econômica na Mesopotâmia. O seu desenvolvimento assim como no Egito dependia da construção de canais e diques para o controle das águas. As terras pertenciam aqueles que representavam os deuses, mas seu cultivo era comunitário. Parte das colheitas devia obrigatoriamente ser entregue aos chefes como forma de pagamento pela exploração do solo. O controle dos governantes sobre as atividades econômicas, no entanto aconteceu de maneira mais branda do que no Egito, o que conferiu maior liberdade à iniciativa da população. Esse fato aliado à privilegiada localização geográfica entre o Ocidente e o Oriente, pode explicar o grande desenvolvimento das atividades comerciais nessa região. No império Assírio, por exemplo, dizia-se que em Nínive havia “mais mercadorias do que estrelas no céu”. Em linhas gerais pode-se dizer que a forma de produção predominante na Mesopotâmia baseou-se na propriedade coletiva das terras administradas pelos templos e palácios. Os indivíduos só usufruíam da terra enquanto membros dessas comunidades. O templo era o centro que recebia toda a produção, distribuindo-a de acordo com as necessidades. Como no Egito, a sociedade encontrava-se rigidamente dividida em camadas sociais. Governantes, sacerdotes, guerreiros e comerciantes estavam entre os grupos mais privilegiados. Camponeses livres, artesãos e escravos ficavam entre os mais oprimidos. Inicialmente os escravos eram pouco numerosos e a sua existência devia-se principalmente as dívidas. Com o tempo o costume de transformar os prisioneiros de guerra em escravos fez aumentar os números de cativos na região. Administradas por uma corporação de sacerdotes, as terras, que teoricamente eram dos deuses, eram entregues aos camponeses. Cada família recebia um lote de terra e devia entregar ao templo uma parte da colheita como pagamento pelo uso da terra. A economia girava em torno da agricultura, pecuária e do comércio. Cultivavam trigo, cevada, linho, gergelim, árvores frutíferas, raízes e legumes. Criavam carneiros, burros, bois, gansos e patos. A situação geográfica e a escassez de matéria-prima favoreceram o comércio com outras regiões. Caravanas saiam para vender seus produtos e buscavam outros como à madeira do Líbano, o cobre de Chipre e o estanho de Cáucaso, exportavam tecidos de linho, lã e tapetes além de pedras preciosas e perfumes. 4.3. Curiosidades A escrita mesopotâmica criada pelos sumérios é conhecida como cuneiforme (do latim cuneus = cunha) justamente porque seus sinais, talhados em placas de argila, tinham a forma de pequenas cunhas. Os caracteres eram muito diferentes dos hieróglifos egípcios, constituídos basicamente de desenhos semelhantes ao que se desejava representar. A escrita cuneiforme era composta por 350 caracteres e foi adotada por que todos os povos da Ásia Ocidental. A religião assim como no Egito era politeísta, ou seja, muitos elementos da natureza eram considerados divinos, como a terra, os rios, o sol e a lua. Os mesopotâmicos desenvolveram a astrologia e a matemática. Estudaram as diferenças entre estrelas e planetas, fixaram os doze signos do zodíaco, criaram o calendário lunar de doze meses (seis de trinta dias, seis de 29), ao qual de tempos em tempos acrescentavam um mês extraordinário. Na matemática resolviam problemas complexos e o conceito de que um número pode ter diferentes valores conforme o lugar que ocupa. 5. Trabalho Prático a) b) c) Descreve o que você entendeu sobre a sociedade Egípcia: Descreva o que você entendeu sobre a sociedade Mesopotâmica: Que relação podemos fazer entre estas duas sociedades com nossa atualidade? Academia de Comércio São José Professor: Rodrigo Aurélio Cruvinel