Automação do exame de urina rotina Otimização

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B oletim Técnico
Nesta edição:
Automação do Exame de Urina Rotina
ano 1 | número 2 | julho 2009
AUTOMAÇÃO DO EXAME DE URINA ROTINA:
OTIMIZAÇÃO DA PRECISÃO E DO TEMPO DE ANÁLISE
Introdução
Metodologias
A análise microscópica do sedimento urinário (sedimentoscopia) é um
exame complementar fundamental para a avaliação diagnóstica,
prognóstica e o seguimento dos pacientes com doenças renais e do trato
urinário. Entretanto, a sedimentoscopia é um procedimento laboratorial
de execução manual, demorada e de difícil padronização. O exame
também sofre influência de vários fatores pré-analíticos e analíticos, tais
como perda de elementos celulares e figurados durante a centrifugação
da amostra e subjetividade de análise entre observadores, podendo levar
a resultados imprecisos e perda de acurácia do método.
Com o objetivo de automatizar a análise microscópica de urina, na
década de 1990 surgiram alguns equipamentos baseados na análise de
imagens e na citometria de fluxo. Atualmente, vários laboratórios clínicos
de médio e grande porte utilizam a automação em urinálise.
O SYSMEX UF-1000i (Kobe, Japão) é um equipamento que realiza a
análise da urina por citometria de fluxo fluorescente, com uso de um
marcador (polimetina) de DNA / RNA e luz laser. Esse equipamento é um
analisador de urina totalmente automatizado, que homogeneíza e aspira a
amostra (sem centrifugação prévia), possibilitando, com o uso do
marcador, avaliar o núcleo (DNA) e citoplasma (RNA) das células e
bactérias na urina nativa. Para garantir uma melhor sensibilidade e
precisão, as bactérias são marcadas pelo material genético e contadas em
um canal exclusivo no UF-1000i (figuras 1A e 1B). Em conjunto com a
citometria de fluxo fluorescente, outros métodos são aplicados para avaliar
o volume (impedância e dispersão frontal do laser) e o conteúdo
(dispersão lateral do laser) dos elementos presentes na urina, o que
permite diferenciar células, bactérias, leveduras e cilindros.
Figura 1A: Ilustração do citograma de bactérias do UF – 1000i
Figura 1B: Citograma de um resultado da contagem de bactérias pelo
analisador UF – 1000i
B_FSC: volume das bactérias determinado pela dispersão frontal do laser; B_FLH:
fluorescência das bactérias de acordo com conteúdo de DNA; Debris: restos de células;
BACT: população de bactérias.
B_FSC: volume das bactérias determinado pela dispersão frontal do laser; B_FLH:
fluorescência das bactérias de acordo com conteúdo de DNA.
Características
O analisador Sysmex UF-1000i (distribuído no Brasil pela Roche
Diagnóstica) apresenta sensibilidade analítica e valor preditivo negativo
elevados, o que o torna ideal como procedimento de triagem, em que a
máxima sensibilidade é necessária para diagnosticar amostras anormais.
Amostras sem alterações são liberadas automaticamente pelo aparelho.
Amostras com anormalidades são sinalizadas pelo equipamento com a
emissão de um alerta (flag) e a indicação da possível anormalidade
encontrada (cristal, cilindro, hemácia, fungo, espermatozóide, bactéria,
leucócito, célula epitelial), para a realização posterior da análise
microscópica manual do sedimento urinário.
Figura 2: Curva ROC da contagem de bactérias obtida com
dados da validação do UF – 1000i no Instituto Hermes Pardini
Área sob a curva: 0.972 (quanto mais próximo de 1.0, melhor é o método);
sensitivity: sensibilidade; 1 - specificity: especificidade
O método utilizado, habitualmente, no diagnóstico de infecção do trato
urinário é a urocultura. Cerca de 75% das culturas de urina, em pacientes
ambulatoriais, são negativas. Geralmente, os resultados da urocultura
são liberados somente após 48 horas de incubação nos meios de cultura
convencionais. O UF-1000i é capaz de detectar com confiança bactérias
presentes na urina em concentrações clinicamente importantes, que
variam desde 103/mL até 105/mL. Além disso, a detecção simultânea de
leucócitos e leveduras permite que o médico seja imediatamente
informado sobre a presença desses indicadores de possível infecção do
trato urinário. Por outro lado, a rápida liberação de resultados negativos
pode contribuir para evitar antibioticoterapia desnecessária, dessa forma
reduzindo custos e evitando o desenvolvimento de resistência bacteriana.
Validação do Sysmex UF-1000i no Instituto Hermes Pardini
A análise automática de urina pelo SYSMEX UF-1000i foi submetida a
validação no Instituto Hermes Pardini (IHP), com o objetivo de se avaliar a
aplicabilidade das contagens automatizadas de bactérias, piócitos e
eritrócitos, considerando-se os resultados da urocultura e microscopia
como padrão ouro. No IHP, a microscopia do sedimento urinário é
realizada de acordo com a padronização da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT).
Expediente
Presidente Executivo: Vitor Sérgio Couto dos Santos
Foram realizadas, concomitantemente, a análise e a urocultura de 999
amostras de urina, nos setores de Urinálise e Microbiologia do IHP. Dessa
forma, estabeleceram-se valores de corte para bacteriúria e valores de
referência para contagem de eritrócitos, piócitos, células epiteliais e
cilindros para o UF-1000i.
Para análise da probabilidade condicional foi utilizado o Screening Test
(Crivo). Os valores de corte (cut-off) foram determinados pela curva ROC.
Para as análise de correlação foi aplicado o teste de Sperman. Todos os
cálculos estatísticos foram realizados pelo sistema de análise estatística
(SPSS) aplicado ao Windows versão 9.0 (SPSS, USA).
Os valores de corte encontrados para bacteriúria apresentam
sensibilidade de 98,3%, especificidade de 72,5% e valor preditivo negativo
de 99,04% para infecção do trato urinário (Figura 2). Amostras com
contagem de bactérias abaixo do valor de corte são consideradas
negativas para bacteriúria e o resultado do exame é imediatamente
liberado. Amostras com contagem de bactérias acima do valor de corte são
consideradas positivas para bacteriúria, e são encaminhadas para
realização de microscopia ao Gram e urocultura convencional. É
importante salientar que pacientes hospitalizados, gestantes, pacientes
em uso de sonda vesical, em uso de antibiótico, ou com idade inferior a 5
anos ou superior a 65 anos são considerados como grupo de exclusão, ou
seja, realizam diretamente a microscopia ao Gram e urocultura
convencional. A contagem de eritrócitos, piócitos, células epiteliais e
cilindros apresentou excelente concordância com a sedimentoscopia, e os
valores de referência estabelecidos apresentaram valor preditivo negativo
de 100% para a presença de hematúria e piúria.
Conclusão
Quando comparado à técnica manual de sedimentoscopia, o analisador
Sysmex UF-1000i permite a otimização dos processos, por eliminar a
etapa de centrifugação da urina e reduzir o tempo de análise, com melhora
da precisão, reprodutibilidade e padronização dos resultados 1,2.
Juntamente com os resultados da análise físico-química da urina, o IHP
criou e validou um algoritmo para a triagem de amostras de urina que
necessitam de confirmação microscópica. Os benefícios desta abordagem
são a otimização dos processos de triagem de sedimentoscopia,
microscopia ao Gram e urocultura, melhorando o tempo de diagnóstico
laboratorial das doenças do trato urinário, sem perda de sensibilidade e
especificidade.
Antes da liberação final do resultado, os dados fornecidos pelo UF-1000i
serão confrontados com os resultados da análise físico-química da urina,
por meio de tiras reagentes analisadas automaticamente no analisador
Urisys 2400 (Roche Diagnostics, Alemanha). Amostras com resultados
incongruentes também serão submetidas à análise microscópica do
sedimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1- Bottini PV, Garlipp CR. Urinálise: comparação entre microscopia óptica e citometria de
fluxo. J Bras Patol Med Lab 2006;42:157-162.
2- Ottiger C, Huber AR. Quantitative urine particle analysis: integrative approach for the
optimal combination of automation with UF-100 and microscopic review with KOVA cell
chamber. Clin Chem 2003;49:617-23.
Dr. Fabiano Brito
Assessoria Científica
Diretor de Medicina Diagnóstica: Roberto Santoro Meirelles
Jornalista Responsável: Juliana Horta Soares (MTB 09845 JP)
Fotografia e Diagramação: Samuel Gê
Assessoria Científica
Editores Médicos: Betânia Moura | Flávia Pieroni | William Pedrosa
Impressão: Parque Gráfico IHP
Tiragem: 7 mil
Instituto Hermes Pardini Ltda. | www.hermespardini.com.br | [email protected]
Central de Relacionamento com o Cliente
(31) 3228 6200 | (31) 2121 6200
RT: Ariovaldo Mendonça - CRMMG 33477
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