ANÁLISE DE CRESCIMENTO DE QUATRO CULTIVARES

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ANÁLISE DE CRESCIMENTO DE QUATRO CULTIVARES DE SOJA EM TRÊS ÉPOCAS
DE SEMEADURA EM GUARAPUAVA – PARANÁ
C. Pierozan Junior1; J. Kawakami; M. V. Del Conte; K. Schwarz; M. Bridi;
1
Unicentro – Universidade Estadual do Centro-Oeste. Rua Simeão Camargo Varela de Sá, 03,
CEP 8540-080 Vila Carli – PR, [email protected] (54 42) 9931 8566;
[email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected]
Palavras chave: Glycine max, taxa de assimilação líquida, fotossíntese.
Introdução
A análise de crescimento indica a capacidade das plantas em sintetizar e translocar a
matéria orgânica nos diversos órgãos, dependendo de fatores extremamente importantes à
vida e à produtividade das plantas como a fotossíntese, respiração e translocação de
fotoassimilados dos locais de fixação (folhas principalmente) aos locais de utilização ou de
armazenamento (FONTES et al., 2005). Essas análises podem ser estimados a partir das
medidas de massa seca dos órgãos constituintes da planta, em intervalos de tempo, sem a
necessidade de laboratórios e/ou equipamentos sofisticados (PEIXOTO, 2002). Portanto as
análises de crescimento expressam as condições fisiológicas da planta podendo explicar a
produção líquida, que é derivada do processo fotossintético. Esse desempenho é influenciado
pelos fatores bióticos e abióticos (LARCHER, 1995). Assim, a análise de crescimento e
consequentemente, possibilitam o conhecimento de diferenças funcionais e estruturais entre
cultivares de uma mesma espécie, ajudando na seleção para melhor atender aos objetivos,
ou mesmo utilizar este estudo no processo de seleção de cultivares sob diferentes condições
ambientais e de condições de cultivo (HUNT, 1990). Desta forma, o presente trabalho tem
como objetivo mensurar, compreender e comparar, a taxa de crescimento de plantas (TCP), a
taxa de assimilação líquida (TAL) e o índice de colheita (IC) em quatro cultivares de soja,
sendo estas as mais cultivadas e/ou mais promissoras na região de Guarapuava - PR, em
três épocas diferentes de semeadura.
Materiais e Métodos
O experimento foi realizado no município de Guarapuava – PR, situado na zona subtropical
do Paraná (MAACK, 2002), no Campus CEDETEG da Universidade Estadual do CentroOeste – UNICENTRO, sob as coordenadas geográficas 25º 23’ 36” de latitude sul e 51º27’19”
de longitude oeste e 1.120 m de altitude. O clima da região, segundo a classificação de
Köppen é temperado de altitude - Cfb, caracterizado por temperatura média no mês mais frio
abaixo de 18ºC (mesotérmico), verões amenos, temperatura média no mês mais quente
inferior a 22ºC, sem estação seca definida e com geadas severas (IAPAR, 2000). O solo da
área experimental é classificado como Latossolo Bruno (POTT et al., 2007). A análise química
do solo na área, realizada em julho de 2010, acusou pH (CaCl2) de 5,2, 42 g dm-3 de matéria
orgânica (MO), teores de 3,98 cmolc dm-3 para Ca, 2,04 cmolc dm-3 para Mg, 0,18 cmolc dm-3
para K, 0,0 cmolc dm-3 para Al e 6 mg dm-3 para P, com CTC (pH 7,0) de 9,73 cmolc dm-3, e
saturação por bases (V%) de 62%. A adubação utilizada foi de 310 kg ha-1 do formulado 0525-25 na semeadura, totalizando 15,5 kg de N, 77,5 kg de P2O5 e 77,5 kg de K2O conforme
recomendação (EMBRAPA, 2006). As sementes foram inoculadas com inoculante turfoso
com a dosagem recomendada pelo fabricante, e o controle de plantas daninhas, pragas e
doenças foram realizados seguindo as recomendações técnicas conforme a necessidade.
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, em um arranjo de
parcelas subdividas (split-plot), com três repetições. As parcelas principais tiveram como fonte
de variação três épocas de semeadura, sendo 21/10, 18/11 e 20/12 do ano de 2010,
subdivididas com quatro cultivares, BMX Apolo® RR, FPS Urano® RR, BMX Energia® RR e
BRS 284®. Cada uma das subparcelas era constituída por 4 linhas de cultivo, espaçadas por
-1Tecnología de Cultivo
0,4 m, e 11 m de comprimento. Foram semeadas 20 sementes por metro linear, totalizando
uma população de 500.000 plantas ha-1, que em estádio VC/V1 (escala de FEHR &
CAVINESS, 1977) foram raleadas para que o estande final fosse de 260.000 plantas (10,4
plantas m-1). Para as avaliações foram feitas 4 coletas de plantas durante o ciclo da cultura,
sendo duas durante o estádio vegetativo V4 e V9, e duas no estádio reprodutivo, R2 e R5.3. A
cultivar FPS Urano® RR, foi utilizada como padrão para as coletas, ou seja, quando a mesma
cultivar estava em um dos estádios citados, fazia-se a coleta de plantas das quatro cultivares
no mesmo dia, independentemente do estádio das demais. Em cada coleta foram retiradas as
plantas que estavam dispostas em 0,4 m lineares em duas linhas de cada subparcela. Foram
avaliados, a taxa de crescimento de plantas (TCP) (g m-2 dia-1), a taxa de assimilação líquida
(TAL) (g m-2 dia-1) e o índice de colheita (IC), que é a porcentagem de massa seca dos (MS)
de grãos em relação a MS total das plantas na última coleta de plantas (estádio R5.3). Entre
uma coleta e outra, foi deixado um espaço de 0,4 m lineares onde nenhuma planta foi
coletada. Os resultados foram submetidos à análise de variância pelo programa Sisvar®, e
quando verificada diferença significativa, os resultados foram submetidos a análise de
regressão, ou teste de comparação de média através do teste Tukey a 95% de probabilidade
de confiança.
Resultados e Discussão
35
70
30
Temperatura ºC
50
20
40
15
30
10
20
5
10
0
Precipitação mm
60
25
0
O
Oct
Nov
N
Temp Máx.
Dec
D
Jan
J
Temp. Mín.
Mês
Feb
F
Temp. Méd.
Mar
M
Apr
A
Precipitação
Figura 1: Temperatura máxima, mínima, média e precipitação no período de 01/10/2010 à 30/04/2011
em Guarapuava – PR, Brasil. Fonte: Estação metereologica Unicentro Cedeteg.
Conforme a tabela 1, podemos notar que no estádio V4, as cultivares apresentaram o
menor TCP, dentre os estádios analisados, o que é explicado pelo pequeno porte das plantas
e seu baixo índice de área foliar (IAF) (dados não apresentados), o que não permite grandes
acúmulo de MS. No estádio V4 houve diferença de TCP apenas para as cultivares, sendo que
a FPS Urano®, foi superior às demais.
Em V9 não foi verificado diferenças em nenhuma fonte de variação, porém, é notável um
aumento da TCP em V9 quando comparado com V4, pois, para todas as cultivares, e em
todas as épocas de semeadura, as plantas tiveram um aumento de IAF, permitindo uma maior
TCP. Entre os estádios V9 e R2, nota-se que, R2 tem as maiores TCP’s para as duas
primeiras épocas de semeadura, porém não na terceira época, o que ocorre devido ao fato
das plantas semeadas em 21/dez, passarem por um período de chuvas constantes entre 07 e
16 de fevereiro (coleta V9 e R2), em que o céu esteve nublado durante o dia, e as
temperaturas máximas não passaram de 25º C (figura 1), diminuindo a eficiência
fotossintética, como mostra a tabela 2 em que o TAL da época 3 no estádio R2, mesmo não
sendo diferente estatisticamente das demais épocas, apresentou os menores valores.
-2Tecnología de Cultivo
Após o período R2, as cultivares semeadas em 21/12 normalizaram seu metabolismo,
sendo que tanto os valores de TCP como os de TAL, na coleta R5.3 tiverem valores
superiores à coleta R2, quando comparadas às semeadas em 18/11. Os valores de TCP e
TAL das cultivares semeadas em 20/12 foram superiores na coleta R5.3, esse
comportamento pode ser explicado pelo fato que, as cultivares semeadas em 21/10 e 18/12,
apresentavam um IAF médio de aproximadamente 5,5 e 4,5 respectivamente, tendo como
consequência o auto sombreamento e, na semeadura de 20/12, o IAF médio era de 3,5, ou
seja, se havia auto sombreamento, este era menor, resultando em uma maior eficiência
fotossintética e em um maior crescimento da planta, além da menor senescência de folhas do
que as plantas semeadas nas duas primeiras épocas. Para as cultivares semeadas em 18/11,
o período entre R2 (21/01) e R5.3 (22/02) foi o que passou por chuvas frequentes, tendo um
grande período nublado, o que deve ter influenciado a menor TCP e TAL na última coleta.
Tabela 1: Taxa de crescimento de plantas (TCP) g m-2 dia-1, de quatro estádios de desenvolvimento de
plantas, de quatro cultivares de soja, em três épocas de semeadura, em Guarapuava - PR.
V0 - V4
V4 - V9
Estádio coleta/
Época sem.
Médias
Médias
20/out
18/nov
21/dez
20/out
18/nov
21/dez
Data coleta/ CV
29/11
22/12
20/01
15/12
07/01
07/02
Urano
1,732
1,509
1,666
1,636 a
8,374
8,623
8,759
8,585
Apolo
1,372
0,968
1,271
1,204 b
7,458
8,197
6,670
7,442
Energia
1,452
1,156
1,314
1,307 b
8,594
8,115
7,540
8,083
BRS 284
1,133
1,262
1,274
1,223 b
8,635
8,658
8,820
8,704
Médias
1,422
1,224
1,381
8,265
8,398
7,947
V9 - R2
R2 - R5.3
Estádio coleta/
Época sem.
Médias
Médias
20/out
18/nov
21/dez
20/out
18/nov
21/dez
Data coleta/ CV
03/01
21/01
16/02
31/01
22/02
08/03
Urano
12,990
14,778
7,049
11,606
12,752
9,847
14,099
12,233
Apolo
10,840
13,709
10,580
11,710
13,083
8,181
13,079
11,448
Energia
12,558
14,454
7,805
11,606
12,457
7,321
16,129
11,969
BRS 284
11,818
12,530
7,746
10,698
18,011
10,872
14,580
14,487
Médias
12,052 ab 13,877 a 8,295 b
14,076 a 9,055 b 14,472 a
Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
-2
-1
Tabela 2: Taxa de assimilação líquida (TAL) g m dia , de quatro estádios de desenvolvimento de
plantas, de quatro cultivares de soja, em três épocas de semeadura, em Guarapuava - PR.
V0 - V4
V4 - V9
Estádio coleta/
Época sem.
Médias
Médias
20/out
18/nov
21/dez
20/out
18/nov
21/dez
Data coleta/ CV
29/11
22/12
20/01
15/12
07/01
07/02
Urano
11,346
13,877
13,644
12,956
4,680
5,828
5,173
5,227 b
Apolo
11,516
12,250
12,978
12,248
5,467
6,964
5,424
5,952 ab
Energia
11,255
13,761
12,942
12,653
5,322
6,980
5,472
5,925 ab
BRS 284
10,251
13,164
12,264
11,893
6,071
6,538
5,770
6,126 a
Médias
11,092 b 13,263 a 12,957 a
5,385 b 6,578 a 5,460 b
V9 - R2
R2 - R5.3
Estádio coleta/
Época sem.
Médias
Médias
20/out
18/nov
21/dez
20/out
18/nov
21/dez
Data coleta/ CV
03/01
21/01
16/02
31/01
22/02
08/03
Urano
3,347
3,898
2,211
3,152
2,149
1,977
4,017
Apolo
3,401
4,120
4,174
3,898
2,628
2,035
4,167
Energia
3,378
4,358
2,872
3,536
2,328
1,805
4,968
BRS 284
3,513
3,532
2,553
3,199
3,097
2,180
3,916
Médias
3,410
3,977
2,952
2,550 b 1,999 c 4,267 a
Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a
probabilidade.
-3Tecnología de Cultivo
2,714
2,943
3,034
3,064
5% de
Na tabela 2, de modo geral, podemos observar que as maiores TAL’s são as da coleta entre
V0 - V4, diminuindo gradativamente até R2 - R5.3, ou seja, há uma maior eficiência
fotossintética quanto mais jovem está a planta. Nota-se que os maiores valores na coleta V0 V4 são os da terceira e segunda época de semeadura, sendo que, os valores inferiores da
primeira época provavelmente se devem as temperaturas mais baixas entre esta semeadura
e a coleta. Entre as cultivares, houve apenas diferença estatística na coleta em V9 sendo que,
neste período a cultivar BRS 284® teve a maior eficiência, e a cultivar FPS Urano® a menor.
Quanto ao índice de colheita (tabela 3), houve interação significativa entre os tratamentos
épocas/cultivar, sendo que os maiores índices de colheita foram os da última época de
semeadura, devido não há um aumento de produtividade das cultivares, mas sim à redução
da MS das plantas, pois todas as cultivares tiveram seu ciclo reduzido e com isso cresceram
menos, produzindo menos MS total das plantas. Dentre as cultivares, a BMX Energia® não
apresentou diferença entre épocas, sua MS foi maior quanto mais cedo foi semeada, porém a
produtividade foi maior quanto mais MS a planta apresentava, por isso o índice de colheita
para esta cultivar foi o mesmo entre as épocas. A cultivar BRS 284® foi a que apresentou o
mais acentuado incremento no índice de colheita, isso se deve ao fato de ser uma cultivar que
vegeta muito, e nas primeiras épocas de semeadura produziu muita MS total, sem
incrementar sua produtividade.
Tabela 3: Tabela 3: massa seca (MS) total g m-2, índices de colheita %, e de quatro cultivares
de soja em três épocas de semeadura em Guarapuava - PR
MS total g m-2
Época/ cultivar
Índice de colheita %
Médias
20/out
18/nov
21/dez
Urano
789,8
697,7
543,1
Apolo
732,8
609,1
Energia
768,5
BRS 284
Médias
Médias
20/out
18/nov
21/dez
676,8 ab
59,13 Bab
53,26 Bb
73,53 Aa
61,97
507,4
616,4 b
61,54 Ba
64,65 Bab
78,13 Aa
68,11
595,4
560,1
641,3 ab
68,588 Aa
69,293 Aa
72,00 Aa
69,96
901
693,4
550,7
715,0 a
48,08 Cb
61,87 Bab
76,15 Aa
62,03
798,0 a
648,9 b
540,3 c
59,33
62,27
74,95
Letras maiúsculas comparam médias nas linhas, e minúsculas na coluna. Médias seguidas da mesma
letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Neste trabalho podemos concluir que, as cultivares apresentam uma maior eficiência
fotossintética quanto mais novas estão, porém o acúmulo de MS depende também do IAF das
plantas. Já o índice de colheita das plantas varia conforme a cultivar e a época de semeadura,
sendo que a cultivar BMX Energia® foi a que apresentou maior capacidade de reverter
quantidade de MS para os grãos mesmo quando as plantas apresentam uma grande MS total.
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