Geografia de Santa Catarina

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GEOGRAFIA DE SANTA CATARINA
Prof. José Carlos Rabello
1- GEOLOGIA (relevo):
A geologia de Santa Catarina pode ser classificada em cinco grandes domínios:
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Embasamento Cristalino;
Coberturas Vulcano-Sedimentares Paleozóicas;
Cobertura Sedimentar Gonduânica;
Rochas Efusivas (Formação Serra Geral);
Cobertura Sedimentar Quaternária.
I- Embasamento Cristalino: Engloba as rochas mais antigas do Estado de Santa
Catarina, cujas idades vão desde 2,5 bilhões de anos até 570 milhões de anos.
As principais associações são constituídas de granulitos (nordeste), gnaisses e
migmatitos (sudeste), xistos e filitos (centro e leste) e granitos (leste: de Joinville a
Tubarão).
Embasamento
Cristalino
II- Cobertura Vulcano-sedimentares Paleozóicas: predominantes de rochas
sedimentares com metamorfismo incipiente, pouco dobradas, representadas por:
arenitos, conglomerados, siltitos, ardósias e filitos, com frequente associação de rochas
vulcânicas extrusivas. Ocorrem principalmente em quatro bacias isoladas, nas regiões de
Campo Alegre, Corupá, Itajaí, Cambirela e Ilha de Santa Catarina.
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III- Cobertura Sedimentar Gonduânica: A sedimentação gonduânica ocorre a partir da
deposição de argilitos, diamictitos, arenitos finos, siltitos, folhelhos e aglomerados do
Grupo Itararé, em ambiente marinho ou glacial. Tem início no Permiano Médio, depois
recebendo outras deposições até o Mesozóico com sedimentos representados por
argilitos, siltitos e arenitos conglomerados em ambiente fluvial. Posteriormente, ocorreu a
deposição dos arenitos, em ambiente desértico.
IV- Rochas efusivas (Formação da Serra Geral): são rochas vulcânicas efusivas da
bacia do Paraná, representada por uma sucessão de derrames basálticos que cobrem
quase 50% da superfície do Estado. Temos duas sequências: a básica predominante nos
níveis inferiores e representadas por basaltos e fenobasaltos e a sequência ácida com
direção ao topo do pacote vulcânico representadas por riolitos, diodacítos e dacitos.
Serra Geral
V- Cobertura Sedimentar do Quaternário: constituídas por depósitos inconsolidados
de areias, de siltes, argilas ou aglomerados, ao longo da planície costeira e nos vales
principais dos cursos d'água. Podem ser classificados como depósitos marinhos,
aluvionares, lagunares, eólicos e coluvionares.
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Morro dos
Conventos
ESTRUTURA GEOLÓGICA
Vejamos no mapa, a estrutura geológica de Santa Catarina:
1. Unidade Sedimentar Quaternária - é a área de formação mais recente, da Era
Cenozoica do Período Quaternário. Constituída por depósitos de sedimentos oriundos das
estruturas mais altas. Estes sedimentos foram trazidos pelos rios e correntezas. As praias
atuais também se formaram neste período.
2. Unidade Cristalina Pré-Cambriana - são as formações mais antigas. Constituída por
planaltos e serras mais próximas do litoral. As altitudes encontram-se reduzidas devido
ao longo tempo submetido à erosão (Serra do Mar).
3. Unidade Sedimentar Paleozóica - é uma área sedimentar de grande importância
para o Estado devido aos depósitos carboníferos do Sul.
4. Unidade Basáltica Mesozóica - é a região que apresenta as maiores altitudes do
Estado, formada pelos depósitos vulcânicos da Era Mesozóica. Estes depósitos foram
feitos acima de rochas de arenito, sendo também chamada de “Unidade Arenito-Basáltica”.
A partir desta estrutura geológica formou-se mais precisamente a seguinte formação
geomorfológica:
a- Planalto Ocidental ou Campos Gerais do Terceiro Planalto Catarinense (rochas
basálticas);
b- Planalto de Lages ou Segundo Planalto Catarinense (rochas sedimentares);
c- Planalto e Serras do Leste (rochas cristalinas);
d- Depressão do Sudeste ou da Zona Carbonífera (rochas sedimentares);
e- Planície Costeira (sedimentos fluvio-marinhos).
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2- VEGETAÇÃO
O estado de Santa Catarina apresenta uma ampla variedade ambiental, traduzida
na multiplicidade das paisagens e das formações vegetais, distribuídas pelas suas várias
regiões fitogeográficas. São cinco as formações vegetais de Santa Catarina.
A-
Região da Floresta Ombrófila Densa (Mata Atlântica):
Ocorre nas planícies e serras da costa do estado, em ambientes marcados
intensamente pela influência oceânica, com elevado índice de umidade e baixa amplitude
térmica. Essas condições ambientais permitiram o desenvolvimento de uma floresta
peculiar, grande variedade de espécies e vida. É uma vegetação do tipo higrófila,
latifoliada, perenifólia, densa e heterogênea. Essa floresta recebeu um enorme grau de
desmatamento. São espécies dessa formação: canela, guamirins, bicuíba, peroba
vermelha, cedro, pau d'óleo, palmiteiro, figueira, entre outras espécies. Em Santa
Catarina, a Mata Atlântica encontra-se protegida em várias reservas florestais.
Vegetação de Mata Atlântica na região de Anitápolis
B-
Região da Floresta Ombrófila Mista (Mata de Araucárias):
Essa formação vegetal aparece no planalto catarinense, em altitudes superiores a
500 metros, em área de clima mais ameno, com misto de flora tropical e temperada. É
uma vegetação aberta, aciculifoliada e homogênea. Grande parte dessa floresta
desapareceu durante o século XX devido às empresas de exploração de madeira e da
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indústria moveleira. São espécies mais marcantes desse domínio: canela, sapopemba,
erva-mate, bracatinga, imbuia e as imponentes araucárias.
Mata de Araucárias
C-
Floresta Subtropical do Uruguai (Floresta Decidual ou
Estacional):
É a vegetação característica das regiões próximas ao rio Uruguai. Aparece em
altitudes inferiores a 500 metros. Predominam as espécies que perdem suas folhas no
outono e inverno, mas há um grande número de espécies perenes. Nessa formação
vegetal destacam-se a grápia, o angico vermelho, o louro-pardo, a canafístula e a
guajuvira. Dentre as espécies perenifólias aparecem o pau-marfim, a canela, os
camboatás, os tanheiros, entre outras.
Floresta Estacional Caducifólia
D-
Região das Savanas (Estepe ou Campos de Planalto):
São formações diversificadas, campestre, principalmente as florestas galerias e
os capões de mata, intercalando plantas arbóreas e savanas, origem da dinâmica da
expansão natural das florestas, adicionadas pela evolução climática. Aparecem em maior
quantidade no Planalto Serrano, frequentemente associados às araucárias. Constituem
excelente pastagem para o gado, influenciando na economia da região. As maiores
quantidades de espécies são as gramíneas (capim colchão, capim caninha, grama
forquilhinha, grama sempre verde e grama missioneira) como também espécies da
família das ciperáceas, leguminosas, verbenáceas e compostas.
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Campos de Planalto
E-
Área de Formação Pioneira (Vegetação Litorânea):
Vegetação de espécies colonizadoras de ambientes instáveis mudadas pelos
agentes morfodinâmicos e pedogenéticos. Aparecem na costa, no contato entre o mar e o
continente. Constitui-se principalmente da vegetação de restinga e dos manguezais. A
vegetação de restinga aparece junto às dunas e praias, com arbustos e gramíneas
esparsas, com raízes alongadas acompanhando a superfície do solo. Essas formações
sofrem influência marinha, flúvio-marinha e fluvial. Os Mangues são plantas halófitas e
pneumatóforos. Aparecem em áreas onde as águas dos rios se encontram com as águas
do mar, e onde não haja rebentação de ondas. Aparecem no litoral norte e centro do
estado até o município de Laguna. No mangue há decomposição de matéria orgânica, que
se transforma em nutrientes, os quais são aproveitados pelo ecossistema existente no
manguezal e nas praias próximas.
Mangue (Floripa)
Restinga (Morro dos Conventos)
3- CLIMA
O clima de Santa Catarina é o subtropical úmido. As temperaturas médias variam
bastante de acordo com o local: são mais baixas nas regiões serranas e mais elevadas no
litoral, no sudeste e no oeste catarinense. As chuvas são bem distribuídas durante o ano,
atingindo, em média, 1.500 mm anuais. Ao contrário do que é observado na maior parte
do território brasileiro, em Santa Catarina as quatro estações são bem definidas. O clima
do estado é úmido mesotérmico, apresentando duas variações, de acordo com a
classificação de Köppen: Cfa (temperado úmido com verão quente) e Cfb (temperado
úmido com verão temperado). A variação Cfa é encontrado praticamente em todo o
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estado nas áreas abaixo de 800 metros de altitude. Já o Cfb encontra-se nas áreas mais
altas, acima de 800 metros. As chuvas costumam ser bem distribuídas ao longo do ano
com uma pequena diminuição nos meses do inverno.
Entretanto, o clima não é igual em todo o estado. Existem diferenças significativas
entre as regiões. Nas zonas mais elevadas do planalto norte, o verão é fresco e o inverno
é frio. No litoral, devido à baixa altitude, e no oeste, devido à continentalidade, o verão é
mais quente e prolongado. No litoral, principalmente em Florianópolis, é comum ocorrer o
vento sul, que traz para a atmosfera a umidade oceânica, tornando o inverno úmido. No
planalto sul, devido às altitudes que variam de cerca de 800 a até 1828 metros, o frio é
mais forte e dura mais tempo. Ali, é frequente a ocorrência de geadas e neve, com
temperaturas que podem atingir -15ºC. Bom Jardim da Serra, São Joaquim, Urubici e
Urupema são os municípios mais frios do estado e do Brasil.
Urupema, cidade mais fria do Brasil (altitude média – 1.425m)
4- HIDROGRAFIA:
O Estado de Santa Catarina é representado por dois sistemas de drenagem: o
sistema integrado do interior (bacia do Prata), comandado pelas bacias dos rios Paraná e
Uruguai, e o sistema da vertente do Atlântico (litoral catarinense), formado por um
conjunto de bacias isoladas.
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A Serra Geral é o grande divisor das águas que drenam para os rios Uruguai e
Iguaçu e das que se dirigem para o litoral catarinense, no oceano Atlântico. No norte do
estado, a Serra do Mar também serve como divisor entre a bacia do rio Iguaçu e as
bacias da vertente atlântica.
O sistema de drenagem da vertente do interior ocupa uma área aproximada de
60.185 quilômetros quadrados, que corresponde a 63% do território, sendo que a bacia
do rio Uruguai corresponde a 49.577 quilômetros quadrados. Esta bacia apresenta
afluentes importantes como os rios: Peperi-Guaçu, das Antas, Chapecó, Irani, Jacutinga,
do Peixe, Canoas e Pelotas. Outra bacia que faz parte do mesmo sistema é a do rio
Iguaçu, sendo seus principais afluentes os rios Jangada e Negro (limite com o Estado do
Paraná), Timbó e Paciência.
Rio Iguaçu em Porto União
A vertente do Atlântico abrange aproximadamente 32.291 km², ou seja, 37% da
área total do estado, com destaque para o rio Itajaí-Açu, que conta com dois grandes
formadores: os rios Itajaí do Sul e o rio Itajaí do Oeste, e com dois grandes tributários:
os rios Itajaí do Norte ou Hercílio e o Itajaí-Mirim, formando, assim, a maior
bacia inteiramente catarinense.
Ainda na vertente do Atlântico, existem outras bacias como as dos rios Tubarão,
Araranguá, Itapocu, Tijucas, Mampituba (divisa com o estado do Rio Grande do Sul),
Urussanga, Cubatão do Norte, Cubatão do Sul e d'Una.
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Cheia do rio
Itajaí-Mirim
em Brusque
Os rios de Santa Catarina são normalmente comandados pelo regime pluviométrico.
O processo de degradação dos recursos hídricos no território catarinense, vem se
desenvolvendo de forma alarmante. Os locais mais poluídos são o sul do Estado (devido à
mineração do carvão), o norte (devido à utilização de metais pesados pelas indústrias), e
no meio-oeste (com as indústrias de pasta mecânica e efluentes urbanos).
Poluição do rio Sangão, afluente do rio Araranguá, na região de Criciúma
5- DEMOGRAFIA
Santa Catarina, inicialmente, era habitada por indígenas da grande nação tupiguarani, sendo que no litoral localizavam-se os Carijós. Nos vales litorâneos, nas
encostas do planalto e no planalto, habitavam os grupos Xókleng e Kaingang. Ainda hoje,
existem remanescentes em reservas como as de Palhoça, Ibirama, Xanxerê e Chapecó.
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A expansão do povoamento do litoral sul-brasileiro partiu da Capitania de São
Vicente e, ao findar-se o século XVII, já existiam três núcleos básicos de povoamento
catarinense. Nossa Senhora do Rio São Francisco, atual São Francisco do Sul, fundada
em 1658, Desterro, hoje Florianópolis, fundada em 1662, e Santo Antonio dos Anjos de
Laguna, atual Laguna, fundada em 1682.
Em 1738, a Capitania de Santa Catarina foi desmembrada da Capitania de São Paulo,
para ser anexada ao governo do Rio de Janeiro.
Em meados do século XVIII, os paulistas desbravadores do sertão, que
procuravam terras rio-grandenses em busca de gado, pelos caminhos de Lajes,
estabeleciam “pousos” que com o tempo transformaram-se em povoações. Formava-se,
assim, outro núcleo básico de povoamento catarinense. Lajes, fundada em 1770.
Nessa mesma época, Portugal, procurando resolver os problemas de excesso
população no arquipélago dos Açores e, ao mesmo tempo, efetivar a ocupação
território catarinense, enviou várias levas de colonos daquele arquipélago e da Ilha
Madeira, para se juntarem ao contingente vicentista já engajado no desenvolvimento
agricultura no litoral. Alguns desses colonos seguiram para o território gaúcho.
de
do
da
da
Essas duas correntes de povoamento, a vicentista-açoriana-madeirense e a
paulista, estavam condenadas a permanecer sem contato, devido ao relevo e a
vegetação, durante todo o século XVIII e a metade do seguinte.
No século XIX, ocorreu a imigração europeia, sobressaindo os colonos alemães e
italianos e, em menor escala, os eslavos. Como a colonização oficial teve pouco êxito,
aplicou-se o princípio de colonização por companhias particulares, cuja administração se
apoiava em princípios econômicos.
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