Introdução ao Projeto de Circuitos Integrados Analógicos Fernando Antônio Pinto Barúqui Departamento de eletrônica Escola Politécnica Universidade Federal do Rio de Janeiro Material não disponível para publicação Índice 1. Transistor MOSFET ........................................................................................................................ 5 1.1 MOSFET de Canal N .............................................................................................................. 5 1.1.1 Características DC ........................................................................................................... 5 1.1.2 Efeito de Corpo ............................................................................................................... 8 1.1.3 Modulação de Canal ........................................................................................................ 8 1.1.4 MOSFET de Canal P ..................................................................................................... 12 1.1.5 Características DC ......................................................................................................... 12 1.1.6 Efeito de Corpo ............................................................................................................. 12 1.1.7 Modulação de Canal ...................................................................................................... 13 1.2 Tecnologia CMOS................................................................................................................. 13 1.3 Capacitâncias dos transistores MOSFET .............................................................................. 14 1.4 Análise de Pequenos Sinais (AC).......................................................................................... 16 1.4.1 1.5 Layout dos Transistores......................................................................................................... 20 1.5.1 2. Layout Para transistores PMOS com Poço N................................................................ 21 Resistores ...................................................................................................................................... 22 2.1 3. Modelo Para Altas Freqüências..................................................................................... 18 Formas de Implementação dos Resistores............................................................................. 22 2.1.1 Resistor de Difusão N.................................................................................................... 23 2.1.2 Resistor de Difusão p+ Sobre Poço N Polarizado ......................................................... 23 2.1.3 Resistor de Poço N ........................................................................................................ 23 2.1.4 Resistor de Poço Estrangulado (“Pinched Well”) ......................................................... 23 2.1.5 Resistor de Polysilício Sobre Substrato......................................................................... 24 2.1.6 Resistor de Polysilício Sobre Poço Polarizado.............................................................. 24 2.1.7 Resistor de POLY2 Sobre Difusão p+ e Poço N ........................................................... 24 2.2 Erros na Construção dos Resistores ...................................................................................... 25 2.3 Layout Para Resistores .......................................................................................................... 26 Capacitores .................................................................................................................................... 28 3.1 Tipos de Capacitores ............................................................................................................. 28 3.1.1 Capacitor de POLY Sobre Difusão ............................................................................... 28 3.1.2 Capacitor de POLY2 sobre POLY1 sobre Poço Polarizado.......................................... 28 3.2 Modelo dos Capacitores ........................................................................................................ 29 3.2.1 Precisão dos Capacitores ............................................................................................... 29 3.2.2 Erro nas Razões de Capacitores .................................................................................... 31 2 Material não disponível para publicação 4. 3.3 Layout dos Capacitores POLY1 Sobre POLY2 .................................................................... 33 3.4 Distribuição Física dos Capacitores ...................................................................................... 34 3.5 Montagem do Capacitor ........................................................................................................ 35 Chaves Analógicas ........................................................................................................................ 37 4.1 Chave Simples Tipo N .......................................................................................................... 37 4.2 Chave Simples Tipo P ........................................................................................................... 38 4.3 Chave Complementar ............................................................................................................ 39 4.4 Dimensionamento da Resistência da Chave .......................................................................... 41 4.5 Injeção de Cargas .................................................................................................................. 42 4.5.1 4.6 5. 6. Caracterização do Problema .......................................................................................... 42 Compensação Para Injeção de Cargas ................................................................................... 44 4.6.1 Uso de Transistores Dummy ......................................................................................... 44 4.6.2 Uso de Chaves Gêmeas ................................................................................................. 45 4.6.3 Uso de Chave Complementar ........................................................................................ 46 4.6.4 Projeto da Chave Complementar................................................................................... 46 4.6.5 Uso de Redes de Compensação ..................................................................................... 47 4.6.6 Uso de Circuitos Totalmente Diferenciais..................................................................... 48 Espelhos de Corrente..................................................................................................................... 51 5.1 Espelho Simples .................................................................................................................... 51 5.2 Espelho de Corrente em Cascode .......................................................................................... 51 5.3 Espelho de Corrente em Cascode Regulado.......................................................................... 53 Amplificadores Operacionais ........................................................................................................ 56 6.1 OTA com Saída em Cascode Dobrado.................................................................................. 57 6.1.1 Dimensionamento dos Transistores em Função da Polarização.................................... 57 6.1.2 Análise AC para Baixas Freqüências ............................................................................ 59 6.1.3 Excursão de Sinal na Saída............................................................................................ 59 6.1.4 Análise AC para Altas Freqüências............................................................................... 60 6.2 OTA com Saída em Cascode Regulado ................................................................................ 61 6.3 OTA Diferencial com Saídas em Cascode Dobrado ............................................................. 63 6.3.1 Análise AC para Altas Freqüências............................................................................... 64 6.4 OTA Diferencial com Saídas em Cascode Regulado ............................................................ 65 6.5 Controle de Modo Comum.................................................................................................... 66 6.6 Critério de Projeto dos OTAS ............................................................................................... 69 6.7 Otimização Com Auxílio de Simuladores ............................................................................. 70 3 Material não disponível para publicação Introdução A eletrônica teve início ativamente no começo do século XX com a invenção da válvula termiônica. A partir deste momento, foi possível desenvolver equipamentos como amplificadores, rádios, televisores e até mesmo alguns computadores primitivos. Mas os dispositivos valvulados eram grandes, consumiam muita energia e não se prestavam para aplicações em miniatura. A invenção dos transistores deu um grande impulso à industria de consumo de eletrônicos, pois permitiu o desenvolvimento de equipamentos portáteis e de baixo consumo. Com a crescente sofisticação do mercado, sistemas transistorizados mais complexos foram desenvolvidos, até que novamente o problema do tamanho e consumo se tornou uma barreira. Os circuitos integrados surgiram como uma solução aparentemente definitiva para o problema da miniaturização e do consumo. Uma ampla gama de componentes integrados passou a ser disponibilizada aos projetistas e a eletrônica deu um salto quantitativo e qualitativo. Os equipamentos aumentaram de complexidade e tornaram-se mais confiáveis. Neste contexto, a tecnologia de computadores e microcomputadores teve um desenvolvimento assombroso, chegando-se a integrar milhões de transistores em um único chip. Os transistores foram relegados à aplicações em freqüências muito altas e elevadas potências, ou a equipamentos com funções muito simples. Os projetistas de circuitos analógicos passaram a usar os amplificadores operacionais (opamps) integrados como elemento básico de projeto. Muitas técnicas e teorias foram desenvolvidas ao redor dos opamps. Na atualidade, existe uma tendência e um objetivo claro de desenvolver equipamentos em um único chip, que reúne tanto os circuitos digitais quanto os analógicos. Esta tendência tem gerado uma grande necessidade de projetistas de circuitos integrados. Os projetistas, de certa forma, retrocedem aos tempos áureos dos transistores, pois precisam construir cada circuito e subcircuito a ser usado. Ainda de forma mais radical, cada componente integrado, sejam eles transistores, resistores, capacitores e até mesmo indutores, precisam ser dimensionados individualmente. Estes procedimentos resgatam muito do que foi desenvolvido na época dos circuitos transistorizados discretos. Evidentemente, uma abordagem diferente e novas técnicas de projeto são aplicadas à integração de circuitos. O presente texto é uma breve introdução às técnicas de projeto de circuitos integrados analógicos, com considerações teóricas e práticas sobre modelos e técnicas de layout para transistores, capacitores, resistores e opamps. 4 Material não disponível para publicação 1. Transistor MOSFET O transistor MOSFET (metal-oxide-semiconductor field-efect transistor) foi fabricado pela primeira vez em 1960, um ano após o início da era do circuito integrado. O MOSFET encontra sua maior aplicação nos circuitos integrados de larga escala (VLSI), onde se emprega a tecnologia CMOS (complementar metal-oxide-semiconductor) que utiliza transistores de canal N e P. Os MOSFETS também estão se tornando muito populares em aplicações discretas nas áreas de eletrônica de potência, áudio, microondas e radio freqüência em geral. Por ser um dispositivo extremamente utilizado, muito se tem feito para sua modelagem. O objetivo deste capítulo é descrever o funcionamento do MOSFET e estudar suas características, com base em um modelo simplificado, normalmente usado como ponto de partida para os projetos de circuitos integrados. 1.1 MOSFET de Canal N G S D B Fig. 1.1: Transistor MOSFET de canal N. 1.1.1 Características DC Pode-se classificar o transistor MOSFET, segundo sua polarização, basicamente em quatro regiões de operação: • Corte • Inversão fraca • Triodo (ôhmica) • Saturação Na região de corte, a tensão entre Gate e Source ( Vgs ) é negativa ( Vgs < 0 ). Sob esta condição, as junções Source-Substrato e Dreno-Substrato estão polarizadas reversamente e cercadas por região de depleção. Não há portanto corrente elétrica significativa entre Dreno e Source ( I d ), somente a corrente de saturação do diodo formado pela junção Dreno-Substrato. Considera-se neste caso que Id = 0 . 5 Material não disponível para publicação Fig. 1.2: Transistor MOSFET na região de corte. Ao passo em que a tensão Vgs vai se tornando positiva, elétrons são atraídos para a região próxima do Gate, devido ao campo elétrico induzido no Substrato pelas cargas positivas acumuladas na placa de Gate. Estes elétrons recombinam-se com buracos, formando íons negativos, estendendo a região de depleção, conforme a Fig. 1.3. A corrente I d é muito pequena e é basicamente a corrente de saturação do diodo formado pela junção Dreno-Substrato. Entretanto, como a região de saturação diminui com o aumento de Vgs , I d passa a depender também de Vgs . Esta região de trabalho é chamada de “inversão fraca”. Na grande maioria das aplicações, assume-se que I d = 0 nesta região. A inversão fraca ocorre para Vgs entre zero volts e a tensão de threshold ( VT ). Fig. 1.3: MOSFET polarizado com Vgs ligeiramente positivo. Com o aumento progressivo de Vgs , elétrons gerados termicamente na região de depleção próxima ao Gate ganham energia suficiente para alcançar a banda de condução, e são aprisionados pelo campo elétrico. Neste momento, esta região do Substrato se torna condutora, e com portadores de carga negativa. Forma-se um canal N entre Dreno e Source, conforme mostrado na Fig. 1.4. Esta inversão do canal ocorre para tensões Vgs ≥ VT , onde VT é a tensão de threshold. Esta região de operação é chamada de triodo ou ôhmica. A equação simplificada que normalmente é usada para prever a corrente de dreno nesta região é I d = W L µ Cox (Vgs − VT )Vds − Vds2 2 , onde µ é a mobilidade dos elétrons e Cox a capacitância por unidade de área na região de Gate. A corrente I d é determinada pela diferença de potencial Vds sobre o canal e a resistividade do mesmo. Fig. 1.4: MOSFET polarizado na região de triodo. 6 Material não disponível para publicação O aumento da tensão Vds eleva o campo elétrico existente entre Dreno e Gate, reduzindo o potencial na superfície do substrato, logo abaixo do Gate. Com isto, o canal vai estreitando-se nas proximidades do Dreno, até que é totalmente estrangulado (“pinch off”), conforme a Fig. 1.5. Neste momento, a corrente I d não depende mais de Vds , e diz-se que o MOSFET está saturado. O estrangulamento do canal ocorre quando a tensão entre Gate e Dreno é menor que a de threshold ou seja, Vgd < VT . Como Vgd = Vgs − Vds , pode-se determinar a tensão Vds = Vsat a partir da qual o MOSFET entra na região de saturação ou seja, Vgd < VT → Vgs − Vds < VT → Vds > Vgs − VT → Vsat = Vgs − VT . O MOSFET passa a atuar como uma fonte de corrente controlada pela tensão Vgs . A equação simplificada que descreve a corrente de Dreno nesta região é I d = W L µ Cox (Vgs − VT ) 2 . 2 Fig. 1.5: MOSFET na região de saturação. • Região de corte: Vgs ≤ 0 Id = 0 • Região de inversão fraca: 0 < Vgs < VT ( q Vgs −VT I d = I d 0e ns kT ) −1 (1.1) onde Id 0 = k p Vds2 W ns kT V − ds , para Vgd ≥ VT 2 L q (1.2) e 2 Id 0 k p W ns kT = , para Vgd < VT 2 L q (1.3) Obs: A constante ns é conhecida como coeficiente de emissão, e é um parâmetro de processo. Como nesta região de operação I d é basicamente a corrente de saturação dos diodos Dreno-Substrato e Source-Substrato, sua intensidade depende da profundidade X j das difusões de Source e Dreno, conforme apresentado na Fig. 1.6. Portanto, ns tem dependência de X j em sua formulação. • Região de triodo: Vgs ≥ VT , Vgd ≥ VT ou Vds ≤ Vsat , onde Vsat = Vgs − VT Id = V2 W k p (Vgs − VT )Vds − ds 2 L • Região de saturação: Vgs ≥ VT , Vgd < VT ou Vds > Vsat , onde Vsat = Vgs − VT 7 (1.4) Material não disponível para publicação Id = 2 W kp Vgs − VT ) ( L 2 (1.5) Fig. 1.6: Profundidade X j das difusões de Source e Dreno. 1.1.2 Efeito de Corpo Quando uma tensão positiva Vsb é aplicada entre o Source e o Substrato, a região de depleção em torno do Source aumenta, conforme a Fig. 1.7, aumentando também a tensão VT necessária para formar o canal. Esta modulação na tensão de threshold, devida a Vsb , é conhecida como “efeito de corpo”, e é expressa pela equação 1.6, onde VFB é a tensão de banda plana, Φ F é o potencial de Fermi e γ é uma constante do processo de fabricação. VT = VFB + 2Φ F + γ 2Φ F + Vsb (1.6) Fig. 1.7: Efeito de corpo. 1.1.3 Modulação de Canal Quando ocorre o “pinch-off” (estrangulamento), a região de depleção invade o canal, diminuindo seu comprimento efetivo, conforme indicado na Fig. 1.8. A diferença de potencial ao longo do canal permanece Vsat , de forma que a corrente de Dreno passa a depender da resistência do canal resultante I d = Vsat Rcanal . Pode-se estimar a corrente I d pela equação 1.5 substituindo-se L pelo seu valor efetivo Lef = L − ∆L . Obtém-se então Id = 2 W kp Vgs − VT ) ( L − ∆L 2 (1.7) A tensão sobre a região de depleção é ∆V = Vds − Vsat e a parcela ∆L podem ser estimadas pela equação 1.8, onde q é a carga do elétron, ε á a constante dielétrica do óxido de silício e N A é a concentração da dopagem do substrato. ∆L = 2ε (Vds − Vsat ) qN A Manipulando a equação 1.7 obtém-se 8 (1.8) Material não disponível para publicação Id = 2 2 W kp W kp L Vgs − VT ) = Vgs − VT ) ( ( L − ∆L 2 L 2 L − ∆L (1.9) Através da equação 1.8 e considerando ∆L L , o termo L ( L − ∆L ) pode ser aproximado por L 1 ∆L = ≅ 1+ =1+ L ∆ L − ∆L 1 − L L 2ε (Vds − Vsat ) = 1 + L qN A 2 2ε L qN A 2 (Vds − Vsat ) (1.10) Uma aproximação rude para a equação 1.10 , mas muito utilizada para cálculos manuais, é L ≅ 1+ L − ∆L 2ε L qN A 2 (Vds − Vsat ) ≅ 1 + λVds (1.11) O parâmetro λ é uma constante que pode ser calculada empiricamente por λ≅ 107 L NA (1.12) onde L é medido em mícron e N A é a concentração da dopagem por centímetro cúbico. Das equações 1.9 e 1.11, a corrente I d é melhor representada por Id = 2 W kp Vgs − VT ) (1 + λVds ) ( L 2 (1.13) Verifica-se uma resistência finita entre Dreno e Source, na região de saturação, ditada pelo parâmetro λ . Deve-se ter em mente que a tensão de threshold VT depende de Vsb , conforme previsto pela equação 1.6. Fig. 1.8: Modulação de canal. A Tabela 1.1 resume a corrente de Dreno para cada região de trabalho do MOSFET. Na Fig. 1.9 (a) e (b) são mostradas as formas das Curvas DC de um transistor MOSFET de canal N para os casos sem e com modulação de canal respectivamente. Os gráficos da Fig. 1.10 (a) e (b) são simulações das curvas DC para transistores de canal longo ( L = 50µ m ) e curto ( L = 1µ m ) respectivamente. Observe que a corrente de Dreno sofre uma pequena inclinação na região de saturação, representando a resistência finita entre Dreno e Source. Este efeito é muito menor para o transistor de canal longo. 9 Material não disponível para publicação Tabela 1.1: Características DC do MOSFET de canal N. REGIÃO DE OPERAÇÃO CONDIÇÃO CORRENTE DE DRENO CORTE Vgs ≤ 0 Id = 0 ( 0 < Vgs < VT INVERSÃO FRACA Vgd ≥ VT q Vgs −VT I d = I d 0e Id 0 = k p Vgd < VT Id 0 ns kT ) −1 V2 W ns kT Vds − ds 2 L q k p W ns kT = 2 L q 2 Vgs ≥ VT , Vgd ≥ VT ou TRIODO Vds ≤ Vsat , onde Vsat = Vgs − VT Id = V2 W k p (Vgs − VT )Vds − ds 2 L Id = 2 W kp Vgs − VT ) (1 + λVds ) ( L 2 Vgs ≥ VT , Vgd < VT ou SATURAÇÃO Vds > Vsat , onde Vsat = Vgs − VT k p = µ Cox VT = VFB + 2Φ F + γ 2Φ F + Vsb (a) (b) Fig. 1.9: Curvas DC do transistor MOFET de canal N: a) Sem o efeito da modulação de canal (resistência de saída infinita); b) com o efeito da modulação de canal (resistência de saída finita). 10 Material não disponível para publicação 1.2mA 0.8mA 0.4mA 0A 0V ID(M1) 1.0V 2.0V 3.0V 4.0V 5.0V 3.0V 4.0V 5.0V V_Vds (a) 500uA 250uA 0A 0V ID(M2) 1.0V 2.0V V_Vds (b) Fig. 1.10: Curvas DC do MOSFET: a) Canal longo, W = 100 µ m e L = 50µ m ; b) Canal curto, W = 2 µ m e L = 1µ m . 11 Material não disponível para publicação 1.1.4 MOSFET de Canal P G S D B Fig. 1.11: Transistor MOSFET de canal P. 1.1.5 Características DC As equações que descrevem o comportamento DC do transistor de canal P são as mesmas empregadas para o de canal N. Neste caso, as tensões VT , Vgs , Vds e Vsb são negativas, e a corrente I d é positiva mas no sentido Source-Dreno. • Região de corte: Vgs ≥ 0 Id = 0 • Região de inversão fraca: VT < Vgs < 0 ( − q Vgs −VT I d = I d 0e ns kT ) −1 (1.14) onde I d 0 = −k p V2 W ns kT Vds + ds , para Vgd ≤ VT 2 L q (1.15) e 2 Id 0 k p W ns kT = , para Vgd > VT 2 L q (1.16) • Região de triodo: Vgs ≤ VT , Vgd ≤ VT ou Vds ≥ Vsat , onde Vsat = Vgs − VT Id = V2 W k p (Vgs − VT )Vds − ds 2 L (1.17) • Região de saturação: Vgs ≤ VT , Vgd > VT ou Vds < Vsat , onde Vsat = Vgs − VT Id = 2 W kp Vgs − VT ) ( L 2 (1.18) 1.1.6 Efeito de Corpo Os resultados são os mesmos obtidos para o MOSFET de canal N, mas que Φ F e Vsb são negativos, é comum representá-los em módulo, conforme a equação 1.19. VT = VFB − 2Φ F − γ 12 2Φ F + Vsb (1.19) Material não disponível para publicação 1.1.7 Modulação de Canal As fórmulas tem a mesma forma que no caso do MOSFET tipo N, mas lembrando que Vds é negativo, conforme a equação 1.21. λ≅ Id = 107 (1.20) L NA 2 W kp Vgs − VT ) (1 + λVds ) ( L 2 (1.21) A Tabela 1.1 resume as equações que modelam o MOSFET de canal P nas várias regiões de operação. Tabela 1.2: Curvas DC do MOSFET de canal P. REGIÃO DE OPERAÇÃO CONDIÇÃO CORRENTE DE DRENO CORTE Vgs ≤ 0 Id = 0 ( 0 < Vgs < VT INVERSÃO FRACA Vgd ≥ VT q Vgs −VT I d = I d 0e Id 0 = k p Vgd < VT Id 0 ns kT ) −1 V2 W ns kT Vds − ds 2 L q k p W ns kT = 2 L q 2 Vgs ≥ VT , Vgd ≥ VT ou TRIODO Vds ≤ Vsat , onde Vsat = Vgs − VT Id = V2 W k p (Vgs − VT )Vds − ds 2 L Id = 2 W kp Vgs − VT ) (1 − λVds ) ( L 2 Vgs ≥ VT , Vgd < VT ou SATURAÇÃO Vds > Vsat , onde Vsat = Vgs − VT k p = µ Cox VT = VFB − 2Φ F − γ 2Φ F + Vsb 1.2 Tecnologia CMOS A tecnologia CMOS consiste basicamente da implementação dos transistores MOSFET tipos N (NMOS) e P (PMOS) em um mesmo substrato de silício. Tomando como exemplo um processo de fabricação tipo N ou seja, os transistores NMOS são implementados diretamente no substrato P, para que seja possível implementar os transistores PMOS, é necessário criar um poço tipo N (substrato), conforme mostrado na Fig. 1.12. A implementação de transistor sobre poço possui vantagens e desvantagens. Como aspecto positivo, é possível implementar cada PMOS em poços separados, de forma que o terminal de Source seja conectado ao poço (substrato), conforme a Fig. 1.13 (a), e desta forma evita-se o efeito de corpo. Se o mesmo procedimento for aplicado aos transistores NMOS, obrigará todos os terminais de Source serem comuns. Como aspecto negativo, pode-se citar a elevada capacitância entre poço e substrato, para o PMOS. 13 Material não disponível para publicação Fig. 1.12: Processo CMOS com poço N. (a) (b) Fig. 1.13: Transistores MOS com terminas de Source e Dreno conectados: a) PMOS; b) NMOS. 1.3 Capacitâncias dos transistores MOSFET Na Fig. 1.14 estão representadas as capacitâncias dos transistores MOS para um processo tipo N. Os capacitores parasitas são basicamente os mesmos para o NMOS e o PMOS, sendo que para o último existe o capacitor de poço para substrato Cwb . Os capacitores parasitas são muito dependentes da polarização, e conseqüentemente da região de operação. Como exemplo, considere o transistor NMOS. Na região de corte Vgs < VT , as cargas negativas acumuladas no Gate atraem buracos para a região do canal, reforçando sua condutividade. Identifica-se uma capacitância entre Gate e substrato C gb que depende da área efetiva do Gate e de sua sobreposição sobre o substrato X ov , conforme mostrado na Fig. 1.15 (a). Verificam-se também as capacitâncias entre Gate e Source C gs e Gate e Dreno C gd , devidas às sobreposições das difusões n+ ( ∆L ), conforme a Fig. 1.15 (b). As junções Source-Substrato e Dreno-Substrato formam diodos polarizados reversamente e portanto identificam-se duas capacitâncias de depleção Cdb e Csb . Durante a inversão fraca 0 < Vgs < VT , devido à região de depleção no canal, a capacitância C gb reduz muito seu valor, sendo dependente basicamente da sobreposição do Gate com o substrato. Os capacitores C gs , C gd , Cdb e Csb não sofrem alterações apreciáveis. Na região de triodo, forma-se um capacitor C gc entre Gate e canal que se divide igualmente entre o Source e Dreno C gs = C gd = C gc 2 . Os demais capacitores não se alteram. Ao entrar na saturação, a região de depleção formada ao redor do Dreno, devido ao estrangulamento do canal, reduz drasticamente a capacitância C gd , que passa a depender da sobreposição entre Gate e Dreno. O canal passa a ser uma extensão somente do Source e portanto, Cgs aumenta. Os demais capacitores não alteram seus valores. A Tabela 1.3 resume as equações que descrevem as capacitâncias parasitas, enquanto a Fig. 1.16 mostra o gráfico da variação dos capacitores com a polarização. Note que embora as capacitâncias de 14 Material não disponível para publicação junção Csb e Cdb tenham sido consideradas constantes, elas variam com as dimensões do Source e do Dreno, como também da tensão reversa aplicada às junções Source-Substrato e Dreno-Substrato. Por analogia estende-se esta análise aos transistores PMOS, sendo que este último possui uma capacitância de junção Poço-Substrato Cwb . Fig. 1.14: Capacitâncias dos transistores MOSFET. (a) (b) Fig. 1.15: Capacitâncias de sobreposição do Gate: a) Sobre Dreno e Source; b) Sobre o substrato. 15 Material não disponível para publicação Tabela 1.3: Equações dos capacitores parasitas. CORTE INVERSÃO FRACA TRIODO SATURAÇÃO C gd C gdoW C gdoW 1 C gdoWLef Cox + C gdoW 2 C gdoW Cdb Cdj Cdj Cdj Cdj C gb CoxWLef + C gbo L C gbo L C gbo L C gbo L C gs C gsoW C gsoW 1 C gsoWLef Cox + C gsoW 2 2 C gsoWLef Cox + C gsoW 3 Csb Csj Csj Csj Csj C gbo é a capacitância de sobreposição Gate-Substrato por comprimento de canal. C gdo é a capacitância de sobreposição Gate-Dreno por largura de canal. C gso é a capacitância de sobreposição Gate-Source por largura de canal. Csj e Cdj são as capacitâncias das junções Source-Substrato e Dreno-Substrato. Cox é a capacitância por unidade de área do Gate. Fig. 1.16: Gráfico de variação dos capacitores parasitas no NMOS em função da polarização. 1.4 Análise de Pequenos Sinais (AC) A análise de pequenos sinais é uma ferramenta muito útil no projeto de circuitos integrados (CI) analógicos, principalmente no estudo do comportamento em altas freqüências, na análise de estabilidade e ruído. Os transistores NMOS e PMOS possuem o mesmo modelo AC e portanto, será estudado somente o transistor NMOS, e na configuração Source comum. Considere o circuito da Fig. 1.17. Na região de saturação tem-se Id = 2 W kp Vgs − VT ) (1 + λVds ) ( L 2 e VT = VFB + 2Φ F + γ 2Φ F + Vsb Conforme pode ser visto, Vbs = −Vsb e portanto, 16 (1.22) Material não disponível para publicação VT = VFB + 2Φ F + γ 2Φ F − Vbs (1.23) Pode-se calcular a variação de pequenos sinais da corrente de Dreno id por id = ∂I d ∂I ∂I vgs + d vds + d vbs ∂Vgs ∂Vds ∂Vbs ou de forma equivalente id = gmvgs + Gds vds + gmb vbs onde gm = ∂I d ∂I ∂I , Gds = d e gmb = d . ∂Vgs ∂Vds ∂Vbs Id D G Vds S Vgs Vbs Fig. 1.17: Configuração Source comum. • Cálculo de gm gm = ∂I d W = k p (Vgs − VT ) (1 + λVds ) L ∂Vgs (1.24) 2I d (Vgs − VT ) (1.25) De forma equivalente, tem-se gm = ou gm = 2 I d k pW (1 + λVds ) L (1.26) • Cálculo de Gds Gds = kp W 2 ∂I d =λ Vgs − VT ) ( 2 L ∂Vds (1.27) pode-se considerar com boa aproximação que Gds = λ I d • Cálculo do gmb Pela regra da cadeia, tem-se que gmb = ∂I d ∂I ∂VT = d ∂Vbs ∂VT ∂Vbs Usando as equações 1.22 e 1.23 tem-se 17 (1.28) Material não disponível para publicação gmb = γ k p W (Vgs − VT ) (1 + λVds ) Id 1 γ γ gm = = 2 L 2Φ F − Vbs 2Φ F − Vbs (Vgs − VT ) 2 2Φ F − Vbs (1.29) ou de forma mais sintética gmb = η gm (1.30) 1 γ 2 2Φ F − Vbs (1.31) onde η= A análise para os transistores PMOS é idêntica, bastando empregar as equações da Tabela 1.2. A Tabela 1.4 resume os parâmetros de pequenos sinais. Tabela 1.4: Parâmetros de pequenos sinais dos transistores NMOS e PMOS. NMOS gm PMOS 2 I d k pW (1 + λVds ) 2I d ou (Vgs − VT ) L 2I d ou Vgs − VT 2 I d k pW (1 − λVds ) L Gds λ Id λ Id gmb η gm η gm η 1 γ 2 2Φ F − Vbs 1 2 γ 2Φ F + Vbs 1.4.1 Modelo Para Altas Freqüências De posse dos parâmetros de pequenos sinais e das capacitâncias parasitas, obtém-se o modelo da Fig. 1.18 para altas freqüências. Id Cgd G D Cgs gmVgs Gds gmbVbs S S Cgb Cdb Csb B Fig. 1.18: Modelo de altas freqüências. Ex: O circuito abaixo é um amplificador Source comum cuja carga é uma fonte de corrente ideal. Nesta situação, o amplificador apresenta o maior ganho possível. Analise o circuito com respeito ao ganho DC e AC. 18 Material não disponível para publicação vo vin Id Vgs Substituindo o circuito pelo modelo de pequenos sinais tem-se Cgd iin vo vin gm vin Cgs Cgb Cdb Gds Aplicando-se a lei dos nós ao circuito tem-se ( vo − vin ) sCgd + gmvin + vo sCdb + voGds = 0 cuja solução para vo vin é vo gm = vin Gds s C gd −1 gm ( Cgd − Cdb ) s Gds +1 O ganho em baixas freqüências é dado por vo gm =− =− vin Gds Usando a aproximação λ ≅ 107 (L 2I d (Vgs − VT ) λ Id =− 2 λ (Vgs − VT ) ) N A , obtém-se 2 NA L vo =− 7 vin 10 (Vgs − VT ) (1.32) A freqüência de corte é dada por ωc = Gds C gd + Cdb Assumindo a constante C j como sendo a capacitância da difusão de Dreno por largura de canal, de tal forma que Cdb = WC j , e utilizando as equações da Tabela 1.3, tem-se para a freqüência de corte 107 k p (Vgs − VT ) λ k p (Vgs − VT ) λ Id ωc = = = W ( C gdo + C j ) L ( C gdo + C j ) N A L2 ( C gdo + C j ) 2 2 (1.33) Verifica-se que para a mesma polarização (Vgs − VT ) , o ganho DC não depende (em primeira análise) da largura do canal W , mas sim do comprimento L . A freqüência de corte é extremamente 19 Material não disponível para publicação dependente do L e como regra, para aumentá-la (tornar o amplificador mais rápido) deve-se reduzir o L e aumentar a tensão (Vgs − VT ) . Outro parâmetro importante é a freqüência de transição ωT , onde o ganho de corrente é unitário id iin = 1 , e considera-se que o transistor não atua mais como elemento ativo. A corrente id é calculada com base no circuito abaixo Cgd id vin gm vin iin Cgs Cgb Cdb Gds Aplicando as equações de nós ao circuito, tem-se o sistema iin = s ( Cgs + Cgb + Cgd ) vin id = gmvin − sCgd vin cuja solução para id iin é id gm =− iin ( Cgs + Cgb + Cgd ) s C gd gm s −1 Fazendo a substituição s = jω e forçando a condição id iin = 1 , obtém-se para ωT ωT = gm (C 2 + C gb + C gd ) − C gd 2 gs ≅ gm C gs Empregando a equação 1.24 e a Tabela 1.3, obtém-se ωT = 3k p (Vgs − VT ) (1 + λVds ) 2 L2Cox onde também se verifica uma forte dependência com o comprimento de canal L . 1.5 Layout dos Transistores A forma trivial de desenhar o transistor é como na Fig. 1.19. Entretanto, para transistores muito largos, não é um bom procedimento de projeto, pois normalmente ocorrem variações no processo de fabricação como gradiente de processo e imperfeições nas máscaras. Outro problema comum é o gradiente de temperatura, que ocorre quando o CI possui uma fonte localizada de calor (um estágio de potência por exemplo) provocando uma variação de temperatura ao longo da pastilha. Isto pode promover variações nos parâmetros elétricos do transistor ao longo de suas dimensões. Deve-se tentar usar a forma mais próxima possível do quadrado. 20 Material não disponível para publicação Fig. 1.19: Layout para o transistor NMOS. Em um array de dispositivos, uma regra prática diz que, quando se deseja um bom casamento, deve-se evitar distâncias maiores que 50µ m entre os dispositivos casados. No caso de transistores, pode-se construí-los pela associação de N transistores menores em paralelo (interdigitados), com larguras W N conforme a Fig. 1.20. O layout é mostrado na Fig. 1.21. onde se verifica que o transistor é mais compacto, ocupando uma área mais uniforme. Outro fator importante é a diminuição das áreas efetivas de Dreno e Source, que leva a uma redução das capacitâncias Cdb e Csb , melhorando a resposta em freqüência. Neste exemplo, considerando Ad e As as áreas de Dreno e Source do transistor sem interdigitação, as novas áreas após a interdigitação serão A'′d = 3 Ad 4 e A'′s = As 2 . G W = 1u L = 1u G D W = 4u L = 1u D S W = 1u L = 1u S D W = 1u L = 1u D S W = 1u L = 1u S D S S B B D Fig. 1.20: Transistor interdigitado. Fig. 1.21: Layout do transistor interdigitado. 1.5.1 Layout Para transistores PMOS com Poço N Os transistores PMOS são construídos da mesma forma que os NMOS, mas deve-se considerar o poço N, conforme a Fig. 1.22. Neste caso, pode-se ter o poço suspenso, conectado ao Source (evitando o efeito de corpo), ou conectado ao Vdd . No primeiro caso, arca-se com o ônus de uma capacitância parasita Source-Substrato muito grande. É altamente recomendável que o poço seja circundado por um 21 Material não disponível para publicação anel de guarda polarizado, de forma a evitar o latchup1. Os transistores PMOS com poço N também devem ser interdigitados, sempre que possível. Fig. 1.22: Layout para o transistor PMOS com poço N. 2. Resistores Os resistores integrados são implementados usando-se a resistência de superfície de algum material (METAL, POLY ou DIFUSÃO). Dado um material com forma quadrada, sua resistência é sempre a mesma, independente da área, e definida pela constante R, . A Fig. 2.1 elucida esta propriedade. Portanto, um resistor R retangular, com dimensões L e W possui resistência R= L R, W (2.1) Fig. 2.1: Resistência por quadrado de um material. 2.1 Formas de Implementação dos Resistores As estruturas apresentadas a seguir consideram substrato tipo P e poço N, embora as formas se aplicam também ao oposto. 1 Curto-circuito da fonte de alimentação, devido ao disparo de transistores parasitas no substrato. 22 Material não disponível para publicação 2.1.1 Resistor de Difusão N O resistor é implementado por uma região de difusão n+ com dimensões L e W , e o valor calculado pela equação 2.1. Neste caso, as resistências obtidas são baixas, devido à alta condutividade da difusão n+. Este tipo de resistor é muito suscetível a ruídos do substrato, e seu valor é dependente da polarização (não linear). Fig. 2.2: Resistor de difusão n+. 2.1.2 Resistor de Difusão p+ Sobre Poço N Polarizado Este tipo de resistor é essencialmente o mesmo que o anterior, mas conta com uma blindagem extra, que é o poço N. Fig. 2.3: Resistor de difusão p+ sobre poço N polarizado. 2.1.3 Resistor de Poço N Este tipo de resistor é utilizado quando se deseja altas resistências ( kΩ ), devido à baixa condutividade do poço. Entretanto, é muito suscetível a ruídos transmitidos por acoplamento entre poço e substrato. O mesmo princípio se aplica ao processo com poço P. Fig. 2.4: Resistor sobre de N. 2.1.4 Resistor de Poço Estrangulado (“Pinched Well”) Este resistor possui uma difusão p+ em cima do poço, que o torna estrangulado, forçando a corrente a passar por dentro do poço. Como a parte condutiva possui altura menor, este resistor apresenta resistência maior que o anterior. Obtém-se também uma substancial redução do ruído flicker ( 1 f ), essencialmente gerado na superfície do substrato. Esta configuração também sofre com ruídos transmitidos por acoplamento de poço com substrato. 23 Material não disponível para publicação Fig. 2.5: Resistor de poço estrangulado. 2.1.5 Resistor de Polysilício Sobre Substrato Esta implementação utiliza-se da resistência de superfície do polysilício (POLY). Como a camada de POLY está afastada do substrato, o ruído por acoplamento é menor. As resistências obtidas para R, são da ordem das dezenas de ohms. Estes resistores são bastante lineares e muito pouco de pendentes da tensão de polarização. Fig. 2.6: Resistor de POLY sobre substrato. 2.1.6 Resistor de Polysilício Sobre Poço Polarizado Esta implementação é basicamente a mesma que a anterior, mas o resistor encontra-se sobre poço polarizado, que funciona como blindagem. Esta é a forma preferida para implementação de resistores. Fig. 2.7: Resistor de POLY sobre poço polarizado. 2.1.7 Resistor de POLY2 Sobre Difusão p+ e Poço N Esta forma é um aprimoramento do anterior, pois utiliza uma difusão p+ sob a placa resistiva, oferecendo uma blindagem extra. Neste caso é utilizada a camada de POLY2, por estar mais afastada da difusão p+, o que ajuda a reduzir a capacitância parasita. 24 Material não disponível para publicação Fig. 2.8: Resistor de POLY2 sobre difusão p+ e poço N. Pode-se obter uma blindagem superior, depositando uma camada de METAL2, conectada ao terra do circuito, sobre a placa de POLY2. Desta forma, o resistor fica encapsulado. Fig. 2.9: Resistor de POLY2 sobre difusão p+ e poço N, com blindagem de METAL2 no topo. 2.2 Erros na Construção dos Resistores As variações do resistor em torno de seu valor nominal se devem basicamente aos erros associados à geometria e às alterações das constantes físicas que determinam a resistividade do material. Os principais erros de geometria são: • Undercut - Corrosão lateral por baixo da máscara, que modifica as dimensões W e L . Fig. 2.10: Undercut. • Boundary Mismatch - A corrosão não se faz igual, devido às distâncias diferentes entre as máscaras. Fig. 2.11: Boundary mismatch. • Difusão Lateral - A difusão estende-se por baixo do óxido de silício, aumentando a superfície do resistor. Este erro afeta essencialmente os resistores n+, p+, N-Well e P-Well. 25 Material não disponível para publicação Fig. 2.12: Difusão lateral. Os erros associados às alterações de resistividade mais comuns são: • Defeitos na Rede Cristalina. • Stress - O stress na superfície do chip, causado pelo encapsulamento, altera o valor da resistividade. • Temperatura - A resistividade depende da temperatura, e mais grave ainda, do gradiente térmico. Este último provoca erros nas relações de resistores. 2.3 Layout Para Resistores A Fig. 2.13 apresenta um layout muito usado para a implementação de resistores de POLY sobre poço polarizado, conforme esquematizado na Fig. 2.7. Chama-se atenção para a estrutura dummy de POLY, usada para manter o equilíbrio geométrico (simetria) do resistor. Deve-se observar também o anel de polarização do substrato P ao redor do poço, que atua como uma blindagem extra. Fig. 2.13: Layout para resistores de POLY sobre poço polarizado. Quando se tem razões de resistores, deve-se optar pela configuração interdigitada e em centróide comum, sempre que possível. A configuração em centróide comum será abordada em detalhes na seção referente ao projeto de capacitores. Desta forma, minimiza-se o erro relativo provocado pelo gradiente de processo. Este tema será melhor abordado na seção relativa aos capacitores. A Fig. 2.14 apresenta uma configuração para dois resistores. 26 Material não disponível para publicação Fig. 2.14: Array de dois resistores. 27 Material não disponível para publicação 3. Capacitores Os capacitores integrados são os elementos de maior precisão relativa disponíveis. Os capacitores são formados por placas paralelas, cujo espaçamento é bem controlado, e os valores dados por: C = CoxWL + C p P (3.1) onde Cox = ε é a capacitância por unidade de área. tox P é o perímetro. C p é a capacitância por unidade de comprimento. Fig. 3.1: capacitor de placas paralelas. 3.1 Tipos de Capacitores 3.1.1 Capacitor de POLY Sobre Difusão Este capacitor é simplesmente uma placa de POLY1, com dimensões definidas, sobre difusão n+ ou p+. Esta estrutura é muito sensível ao ruído no substrato, e apresenta capacitância não linear, dependente da tensão de polarização. Fig. 3.2: Capacitor de POLY sobre difusão. 3.1.2 Capacitor de POLY2 sobre POLY1 sobre Poço Polarizado Esta é a forma preferida para implementar os capacitores, pois a capacitância é linear, e o poço polarizado atua como blindagem. No esquema da Fig. 3.3, o poço é polarizado em Vdd . 28 Material não disponível para publicação Fig. 3.3: Capacitor de POLY2 sobre POLY1 sobre poço polarizado. 3.2 Modelo dos Capacitores Todo capacitor apresentará uma capacitância entre placas ( C ), outra entre a placa inferior e substrato ( C pb ) e outra entre a placa superior e o substrato ( C pt ), conforme a Fig. 3.4. C pt normalmente pode ser negligenciada, pois é muito menor que C . No caso dos capacitores de POLY sobre difusão C pb é não linear, mas é pequeno quando comparado a C . Para os capacitores de PLOY1 sobre POLY2 C pb está sobre óxido grosso, e seu valor é pequeno quando comparado a C . C Botton Top Cpb Cpt Substrato Fig. 3.4: Modelo dos capacitores. 3.2.1 Precisão dos Capacitores Conforme mostrado anteriormente, o valor da capacitância é dado por C = CoxWL + C p P . Para o cálculo da precisão serão feitas as considerações: a parcela da capacitância correspondente ao perímetro será desprezada por ser consideravelmente menor que a parcela da área; os erros associados a Cox , W e L são estatisticamente independentes; os desvios padrões são muito menores que os valores médios ou seja, σ C2ox Cox 1 , σ W2 W 1 e σ L2 L 1 . Desta forma, tem-se C = CoxWL e o valor médio C = CoxWL (3.2) Calculando a variação de C em torno de seu valor médio tem-se ∂C ∂W ∂L ∆Cox + ∆W + ∆L ∂Cox ∂W ∂L (3.3) ∆C = WL ∆Cox + Cox L ∆W + CoxW ∆L (3.4) ∆C = ou A variação relativa é dada por 29 Material não disponível para publicação ∆C ∆Cox ∆W ∆L = + + C Cox W L (3.5) Calculando o valor esperado de ( ∆C C ) tem-se 2 2 ∆C ∆C 2 ∆W ∆ L ox E + + = E W L Cox C (3.6) que para variáveis estatisticamente independentes, é equivalente a ∆C 2 ∆C 2 ∆W 2 ∆L 2 ox E + E = E + E Cox C W L (3.7) Sendo ∆Cox , ∆W e ∆L variações em torno dos valores médios, obtém-se finalmente 2 σ C2 σ Cox σ W2 σ L2 = + + C 2 Cox2 W 2 L2 (3.8) Os erros em Cox são em geral causados por impurezas e danos associados ao óxido, stress e temperatura, enquanto ∆W e ∆L são devidos ao undercut. Um cuidado especial deve ser tomado ao projetar capacitores onde a razão entre eles é importante. Devido ao undercut, a área efetiva se torna menor, conforme a Fig. 3.5. Fig. 3.5: Erros nas dimensões devido ao undercut. Considerando um erro tendencioso para W e L ou seja, ∆W = ∆L = ∆x tem-se que A′ = W ′L′ = (W − ∆x )( L − ∆x ) = WL − ∆x (W + L ) + ∆x 2 (3.9) Como ∆x 2 é um erro de segunda ordem, pode ser desprezado. A área resultante é finalmente A′ = WL − ∆x (W + L ) = A − P∆x 2 (3.10) ou P ∆x A′ = A 1 − A 2 (3.11) Quando se deseja estabelecer uma razão precisa entre capacitores, C1 C2 = A1 A2 , mesmo sob o efeito do undercut, C1′ C2′ = A1′ A2′ , deve-se tomar o cuidado de fazer a razão perímetro-área ( P A ) constante nos dois capacitores. A melhor forma de realização é implementar os capacitores pela 30 Material não disponível para publicação associação de capacitâncias menores (ditas unitárias). Desta forma, mantém-se a razão entre as áreas, e também entre os perímetros, conservando as relações entre as capacitâncias de área e perímetro constantes. Entretanto, este procedimento não permite realizar qualquer relação de capacitores, pois está restrita a frações de números inteiros. Mas mesmo assim, deve-se usar o maior número possível de elementos iguais. Ex: Dois capacitores de POLY1 sobre POLY2 são construídos com as dimensões 10 × 10 µ m e 20 × 20 µ m respectivamente. O undercut é de 0.2 µ m com σ W = σ L = 0.04µ m . A capacitância por unidade de área é Cox = 1.68 fF µ m 2 . Calcule as capacitâncias efetivas e os erros. 1º) As áreas nominais são: A1 = 10 × 10 µ m 2 = 100 µ m 2 A2 = 20 × 20 µ m 2 = 400 µ m 2 As áreas efetivas são: A1′ = (10 − 0.2 − 0.2 ) × (10 − 0.2 − 0.2 ) µ m 2 = 92.16 µ m 2 A2′ = ( 20 − 0.2 − 0.2 ) × ( 20 − 0.2 − 0.2 ) µ m 2 = 384.16 µ m 2 Os capacitores efetivos e nominais são: C1′ = 154.8 fF C2′ = 645.4 fF C1 = 168 fF erro = −8% C2 = 672 fF erro = −4% 2º) Tolerância: σ C21′ C1′ 2 = σ w21 W1′ 2 + σ L21 1 1 = σ x2 2 + 2 L′ L1′ W1′ 2 1 σ C1′ 1 1 = σ x2 2 + 2 = 0.59% C1′ L1′ W1′ σ C2′ 1 1 = σ x2 2 + 2 = 0.29% C2′ L2′ W2′ 3.2.2 Erro nas Razões de Capacitores Conforme estudado no exemplo anterior, o erro de undercut possui uma componente tendenciosa e outra completamente aleatória. Numa razão de capacitores, o erro tendencioso pode ser compensado mantendo a razão entre perímetro e área constante entre os capacitores, conforme a equação 3.11. Para o cálculo da precisão na razão de dois capacitores R = C1 C2 , serão feitas as considerações: os erros associados a C1 e C2 são estatisticamente independentes; os desvios padrões são muito menores que os valores médios ou seja, σ C21 C1 1 e σ C22 C2 1 . Desta forma, é razoável aproximar a função 1 C2 pelos dois primeiros termos da série de Taylor em torno do valor médio de C2 , obtendo-se 1 1 C2 − C2 = − C2 C2 C22 (3.12) 1 C2 − C2 C1 ≅ C1 − C2 C22 C2 (3.13) Obtém-se então para a razão R= 31 Material não disponível para publicação cujo valor esperado (médio) é 1 C2 − C2 C1 R = E C1 − = C22 C2 C2 (3.14) O erro em torno de R pode ser estimado por ∆R = ∆C1 C1 ∂R ∂R ∆C1 + ∆C2 = − ∆C 2 C2 C22 ∂C1 ∂C2 (3.15) e a tolerância calculada como ∆R ∆C1 ∆C2 = − R C1 C2 (3.16) Elevando a equação 3.16 ao quadrado e calculando o valor esperado obtém-se 2 2 σ R2 σ C1 σ C2 = + R 2 C12 C22 (3.17) σ C21 σ C22 σR = + R C12 C22 (3.18) cuja tolerância é Quando os capacitores C1 e C2 são implementados pela associação de capacitâncias unitárias C = CoxWef Lef ou seja, C1 = MC e C2 = NC , e considerando Cox idêntico para C1 e C2 , tem-se pela equação 3.4 que M ∆C1 = ∑ Cox Lef ∆Wi + CoxWef ∆Li (3.19) i =1 e N ∆C2 = ∑ Cox Lef ∆Wi + CoxWef ∆Li (3.20) i =1 Assumindo que os erros ∆Wi e ∆Li são estatisticamente independentes, e que σ Wi = σ Li = σ x , elevando as equações 3.19 e 3.20 ao quadrado e calculando o valor esperado tem-se σ C21 = MCox2 (Wef2 + Lef2 )σ x2 (3.21) σ C22 = NCox2 (Wef2 + Lef2 )σ x2 (3.22) e Como C1 = MC = MCoxWef Lef e C2 = NC = NCoxWef Lef , pode-se calcular as tolerâncias de C1 e C2 por σ C21 2 1 C = MCox2 (Wef2 + Lef2 ) σ x2 2 2 ox 2 ef 2 ef M C W L (W = + Lef2 (W + Lef2 2 ef 2 ef 2 ef MW L )σ 2 x (3.23) )σ 2 x (3.24) e σ C22 C 2 2 = NCox2 (Wef2 + Lef2 )σ x2 2 2 ox 2 ef 2 ef N C W L = 2 ef 2 ef 2 ef NW L Utilizando as equações 3.18, 3.23 e 3.24 obtém-se finalmente para a tolerância da razão entre dois capacitores 32 Material não disponível para publicação Wef2 + L2ef σR =σx R Wef Lef 1 1 + M N (3.25) É interessante observar que a tolerância tende para zero quando M e N tendem para infinito ou seja, quanto maior o número de capacitores unitários mais precisa é a razão. 3.3 Layout dos Capacitores POLY1 Sobre POLY2 Neste tipo de capacitor, a placa de POLY1 deve ser maior que a de POLY2, de forma que a área seja definida pela placa de POLY2. A melhor forma de implementação e colocar o contato no centro da placa de POLY2, conforme a Fig. 3.6. Para evitar o acúmulo de cargas nas quinas do capacitor, devido ao efeito de pontas, a placa de POLY2 deve possuir arestas em 135º. Alguns processos exigem que, ao se colocar o contato no centro da placa de POLY2, a placa de POLY1 deve ter um buraco exatamente abaixo do contato, conforme a Fig. 3.7. Desta forma, a área do buraco deve ser subtraída do total, durante o cálculo da capacitância. Fig. 3.6: Capacitor de POLY2 sobre POLY1 com contato no centro. Fig. 3.7: Capacitor de POLY2 sobre POLY1 com contato no centro e buraco na placa de POLY1. Outro procedimento muito empregado é colocar o contato fora da região de sobreposição das placas. Isto é feito esticando-se uma tira de POLY2 para fora, conforme mostrado na Fig. 3.8. Um problema comum à esta implementação é o erro na capacitância provocado pelo desalinhamento das máscaras. Observa-se que a área correspondente à extensão x , da tira de POLY2 que se sobrepõe à placa de POLY1, deve ser considerada no cálculo do capacitor. Caso haja um deslocamento horizontal 33 Material não disponível para publicação da placa de POLY2, x pode aumentar ou diminuir, mudando o valor efetivo da área. Para resolver este problema, mais três tiras são colocadas nos sentidos horizontais e verticais, no formato de catavento. Desta forma, deslocamentos horizontais e verticais na placa de POLY2 implicam em aumentos e reduções equivalentes nas áreas sobrepostas pelas tiras, mantendo a área efetiva constante, e conseqüentemente a capacitância. Fig. 3.8: Capacitor de POLY2 sobre POLY1 com contato externo. 3.4 Distribuição Física dos Capacitores Além dos erros provocados pela geometria, temos aqueles gerados por gradiente de processo e temperatura, que alteram tendenciosamente as constantes físicas que determinam a capacitância. Desta forma, quando se tem uma associação de capacitores unitários, estes podem ter valores diferentes dependendo do posicionamento. Na implementação de uma razão de capacitores, estes erros podem ser significativos. Uma forma de minimizar este efeito consiste em dispor os capacitores unitários interdigitados e na configuração de centróide comum (mesmo cetro de massa). Nem sempre é possível este procedimento, mas deve-se tentar chegar o mais próximo do ideal. O exemplo a seguir ilustra este procedimento. EX: Calcular o erro na razão de capacitores C1 C2 ( C1 = C2 ), das configurações abaixo. O gradiente de processo na direção x é de 200 ppm µ m . a) C1 e C2 são formados por dois capacitores unitários C . Entretanto, devido ao gradiente de processo, tem-se dois conjuntos de capacitores unitários C e C ′ . C1 = 2C C2 = 2C ′ = 2 ( C + 0.02C ) = 2.04C C1 = 0.98 → erro = 1.9% C2 A razão ideal é C1 C2 = 1 , entretanto obtém-se C1 C2 = 0.98 com erro de 1.9% em relação ao ideal. b) Configuração em centróide comum. 34 Material não disponível para publicação C1 = C + C ′ C2 = C + C ′ C1 C + C ′ = = 1 → erro = 0 C2 C + C ′ Conclui-se que para um gradiente linear, o erro é zero quando se usa o centróide comum. Entretanto, o gradiente de processo é em geral não linear. Desta forma, a interdigitação ajuda, pois garante uma distância minimizada entre as componentes de C1 e C2 em grandes arrays. 3.5 Montagem do Capacitor A montagem do capacitor é feita sobre um poço polarizado com anel de guarda e capacitores dummy, para equilibrar geometricamente a estrutura, garantindo um undercut uniforme e uma distribuição de linhas de campo elétrico idênticas nas componentes unitárias. A Fig. 3.9 ilustra este procedimento. C B C2=C C1=C A Fig. 3.9: Array de capacitores. Cada capacitor dummy deve ser metade de um real, pois considera-se que cada capacitor enxerga metade do outro, conforme a Fig. 3.10. Quando for indispensável a implementação de razão de números não inteiros, pode-se desenhar um ou mais capacitores de tamanhos diferentes dos unitários, mas completando-se os espaços vazios com dummys, e mantendo-se as razões entre áreas e perímetros idênticas para todos os capacitores, conforme mostrado na Fig. 3.11. Este procedimento não é muito preciso. 35 Material não disponível para publicação Fig. 3.10: Layout do capacitor dummy. Fig. 3.11: Razão não inteira de capacitores. 36 Material não disponível para publicação 4. Chaves Analógicas As chaves analógicas são os dispositivos integrados mais simples que existem, mas de grande importância. Seu papel nos circuitos a capacitores chaveados é de fundamental importância, pois são elas permitem a dinâmica do sinal. 4.1 Chave Simples Tipo N A grande aplicação das chaves analógicas encontra-se nos circuitos a capacitores chaveados. Como exemplo, considere o Sample-Hold da Fig. 4.1. A tensão Vg controla o fechamento e a abertura da chave. Sendo o transistor NMOS, a chave abre com Vg < VT + Vo e fecha com Vg ≥ VT + Vo . Normalmente utiliza-se Vg = 0 como sinal de controle para a abertura da chave, e Vg = Vdd para o fechamento. Vg Vo C Vin Fig. 4.1: Circuito básico de um Sample-Hold com um transistor NMOS. Em primeiro lugar, deve-se considerar a região de trabalho do transistor. Se a chave permanecer fechada por tempo suficiente, a tensão Vo no capacitor será igual a Vin . Para que isto seja verdade, em Vo = Vin o transistor deve estar em condução ou seja, Vg − Vo ≥ VT Vdd − Vin ≥ VT Vin ≤ Vdd − VT (4.1) Entretanto, esta é também a condição para o transistor estar na região de triodo. Vgd ≥ VT Vg − Vd ≥ VT Vdd − Vin ≥ VT Vin ≤ Vdd − VT Na região de triodo, a equação da corrente de Dreno no transistor NMOS é Id = V2 W k p (Vgs − VT )Vds − ds 2 L e ∂I d W = k p (Vgs − VT ) − Vds ∂Vds L Com Vds = 0 tem-se para a resistência da chave fechada 37 (4.2) Material não disponível para publicação Ron = 1 (4.3) W k p (Vgs − VT ) L Como Vgs = Vdd − Vin tem-se finalmente Ron = 1 W k p (Vdd − VT − Vin ) L (4.4) As dimensões W e L ajustam a resistência ON da chave, que deve ser determinada em função do tempo de carregamento do capacitor. O gráfico de Ron pode ser visto na Fig. 4.2 Fig. 4.2: Gráfico da resistência Ron da chave NMOS em função de Vin . A resistência é mínima em Vin = 0 e infinita em Vin = Vdd − VT . Esta variação de resistência é em geral um grave inconveniente. A chave simples não permite a operação em “rail-to-rail”. 4.2 Chave Simples Tipo P A chave tipo P tem o funcionamento essencialmente igual à N. Neste caso, utiliza-se Vg = Vdd como sinal de controle para a abertura da chave, e Vg = 0 para o fechamento. Considerando o SampleHold da Fig. 4.3, verifica-se que a chave P também opera região de triodo, e sua faixa de atuação é VT ≤ Vin ≤ Vdd (4.5) Vg G D Vin S Vdd Vo C Fig. 4.3: Circuito básico de um Sample-Hold com um transistor NMOS. A resistência é calculada da mesma forma que a chave N, mas aplicando-se o sinal negativo à equação 4.2, devido ao sentido inverso da corrente de Dreno. ∂I 1 W = − d = − k p (Vgs − VT ) − Vds Ron L ∂Vds 38 (4.6) Material não disponível para publicação Portanto, com Vds = 0 tem-se Ron = 1 W k p (VT − Vgs ) L (4.7) Sendo Vgs = −Vin tem-se finalmente Ron = 1 W k p (Vin − VT L (4.8) ) O gráfico de Ron encontra-se na Fig. 4.4. Verifica-se que seu funcionamento é oposto ao da chave N. Pela associação em paralelo dos dois tipos de chaves, pode-se obter o funcionamento “rail-to-rail”. Fig. 4.4: Gráfico da resistência Ron da chave PMOS em função de Vin . 4.3 Chave Complementar Com o objetivo de melhorar a resistência da chave, e permitir a operação em “rail-to-rail”, utilizase a chave complementar, que são simplesmente duas chaves N e P em paralelo, conforme a Fig. 4.5. Os sinais de controle são: VgN = Vdd e VgP = 0 para o fechamento; VgN = 0 e VgP = Vdd para a abertura. Vgn Mn Vo Vdd Vin C Mp Vgp Fig. 4.5: chave complementar. Dependendo da tensão Vin , as chaves conduzem exclusivamente e simultaneamente. Os intervalos de condução e as resistências estão na Tabela 4.1. 39 Material não disponível para publicação Tabela 4.1: Intervalos de condução e resistência da chave complementar. Vin Chave N Chave P 0 ≤ Vin ≤ VTP ON OFF VTP ≤ Vin ≤ Vdd − VTN ON ON Vin ≥ Vdd − VTN OFF ON Gon = 1 Ron Gon = Gon = WN k pN Vdd − VTN − Vin LN ( ( ) ) W WP k pP Vin − VTP + N k pN Vdd − VTN − Vin LP LN Gon = ( WN k pN Vdd − VTN − Vin LN ( ) ) Tentando-se estabelecer uma certa simetria no funcionamento da chave complementar, pode-se forçar a resistência Ron ser constante quando as duas chaves estão em condução. Para isto, basta igualar a derivada de Gon a zero ou seja, ∂Gon WP W k pP − N k p N = 0 = ∂Vin LP LN (4.9) Esta condição é satisfeita quando WP WN LP LN = k pN (4.10) k pP Desta forma, tem-se para a resistência Ron Ron = 1 WN k pN Vdd − VTN − VTP LN ( (4.11) ) O gráfico de Ron em função de Vin encontra-se na Fig. 4.6. Rmax = RN = RP = 1 WN k pN Vdd − VTN − VTP LN ( ) 1 WN k pN Vdd − VTN LN ( ) 1 ( WN k pN Vdd − VTP LN ) Fig. 4.6: Resistência da chave complementar. A equação 4.10 estabelece a relação geométrica entre os transistores. Sendo k pP < k pN , e considerando LP = LN , deve-se ter o transistor PMOS mais largo que o NMOS. Deve-se observar que nesta análise não foi considerado o efeito de corpo. Para um resultado mais preciso, poderia-se escolher Vdd 2 como sendo o ponto de maior resistência e fazer ∂Gon ∂Vin = 0 em 40 Material não disponível para publicação Vdd 2 , considerando que VTN e VTP são funções também de Vin . A forma do gráfico de Ron é melhor representada pela Fig. 4.7: Gráfico de Ron considerando-se o efeito de corpo. 4.4 Dimensionamento da Resistência da Chave Em um circuito a capacitores chaveados, deve-se ter em mente o tempo de carregamento e o erro ao final deste, que um capacitor deve ser submetido. No Sample-Hold da Fig. 4.8, considere Test o tempo de estabilização máximo com um erro relativo ε . Vg S Vo Vin C Fig. 4.8: Tempo de estabilização da chave. Assumindo-se que a resistência máxima da chave quando fechada seja Rmax e definindo-se ε = (Vo − Vin ) Vin , tem-se t − Vo = Vin 1 − e Rmax C T − est Rmax C Vin 1 − e ε= Vin ε =e − Test Rmax C − Vin (4.12) Ex: Calcular a resistência máxima de uma chave complementar, para um Sample-Hold com carga capacitiva de 500fF, tempo máximo de estabilização de 2ns e erro relativo menor que 0.1%. O processo de integração utilizado possui VTN = 0.84V , VTP = −0.73V , k pN = 103µ , k pP = 35.6 µ e Vdd = 5V . Da equação 4.12 obtém-se 41 Material não disponível para publicação 2n − 0.1 = e Rmax 500 f → Rmax = 579Ω 100 A resistência máxima da chave complementar é dada pela equação 4.11, onde obtém-se para a relação W L do transistor NMOS: 579 = 1 WN 103µ ( 5 − 0.73 − 0.84 ) LN → WN = 4.9 LN Finalmente, pela equação 4.10 calcula-se a relação W L do transistor PMOS: WP LP 103µ = 4.9 35.6µ → WP = 14.2 LP Considerando-se comprimento mínimo de canal para os dois transistores, e sendo Lmin = 0.8µ m , tem-se WN = 3.9µ m e WP = 11.4µ m . 4.5 Injeção de Cargas Tomando-se como exemplo o Sample-Hold com chave NMOS da Fig. 4.9, quando esta é cortada, as cargas negativas acumuladas no canal escoam para as regiões de Dreno e Source. As cargas introduzidas no capacitor C provocam uma variação de tensão, que se traduz em erro de armazenamento. Este problema deve ser tratado com muita cautela, pois estes erros podem ser inadmissíveis em um circuito analógico. A análise deste problema não é trivial, pois a quantidade de cargas injetadas depende das impedâncias conectadas ao Dreno e ao Source e do tempo de chaveamento. Este efeito é também conhecido como “clock feedthrough”. Fig. 4.9: Sample-Hold com chave NMOS. 4.5.1 Caracterização do Problema Assumindo que Vds = 0 , pode-se considerar que a quantidade de cargas acumuladas no canal é Qch = −WLCox (Vgs − VT ) = −WLCox (Vdd − Vin − VT ) (4.13) Lembrando que L e W são o comprimento e a largura efetiva do canal, já descontado o efeito do undercut, e VT já assume o efeito de corpo, conforme a equação 1.6. Pode-se dizer também que a quantidade de cargas acumuladas em cada capacitância de sobreposição Cgsov e Cgdov é Qov = −WC gsoVgs = −WC gdoVgs = −WCovVgs 42 (4.14) Material não disponível para publicação Na maioria das aplicações, é comum que C seja consideravelmente maior que a capacitância total do Gate ou seja, C C gsov e C WLCox . Isto equivale a dizer que a variação de tensão em C são pequenas quando comparadas às variações no capacitor de Gate. Para o cálculo das cargas injetadas, será considerado que a tensão em C é constante. O corte do transistor se dá quando Vg = Vin + VT , e neste momento o canal se desfaz. O tempo ∆T gasto para cortar o transistor determina a quantidade de cargas que são injetadas em C, portanto: Qinj = −αWLCox (Vdd − Vin − VT ) − β WCov (Vdd − Vin − VT ) (4.15) Onde α e β são constantes que dependem de ∆T . Após este intervalo, Vg continua caindo até chegar a zero. Entretanto, abaixo de Vdd − Vin − VT só existe Cgsov, pois o canal está desfeito. Em Vg = Vdd − Vin − VT , a diferença de potencial entre Source e Gate é Vsg = −VT , e quando Vg = 0 tem-se Vsg = Vin . Portanto, o capacitor Cgsov sofre uma variação de tensão ∆V = Vin + VT , e as cargas introduzidas em Cgsov são retiradas de C. Neste intervalo, a quantidade de cargas injetadas em C é Qinj = −WCov (Vin + VT ) (4.16) O total de cargas injetadas em C pode ser estimado pela soma das equações 4.15 e 4.16 ou seja, Qinj = −αWLCox (Vdd − Vin − VT ) − β WCov (Vdd − Vin − VT ) − WCov (Vin + VT ) (4.17) Estudos teóricos e experimentais têm demonstrado que: 1. Para variações muito lentas de Vg (∆T grande) As cargas acumuladas no canal e em Cgsov têm tempo para caminhar à região de impedância mais baixa. No caso do Dreno estar ligado a uma fonte de tensão (opamp), tem-se α ≅ 0 e β ≅ 0 , resultando em Qinj = −WCov (Vin + VT ) . 2. Para transições rápidas de Vg, independentemente das terminações de Dreno e Source, metade das cargas do canal e todas as cargas de Cgsov são injetadas em C. Desta forma, α = 1 2 e β = 1 , sendo Qinj dada pela equação 4.18. Esta é a situação mais usual, considerada para o cálculo da injeção de cargas. 1 Qinj = − WLCox (Vdd − Vin − VT ) − WCov (Vdd − Vin − VT ) − WCov (Vin + VT ) 2 (4.18) Uma vez tendo calculado a quantidade de cargas injetadas, pode-se estimar a variação de tensão em C por: ∆VC = Qinj (4.19) C Para as chaves PMOS, a análise é idêntica à anterior, mas deve-se ter em mente que as cargas injetadas são positivas neste caso. Tem-se então que Qinj = αWLCox (Vin − VT ) + β WCov (Vin − VT ) + WCov (Vdd − Vin + VT ) (4.20) Com velocidade de chaveamento elevada tem-se, da mesma forma que na chave NMOS, que α = 1 2 e β = 1 , e portanto 1 Qinj = WLCox (Vin − VT ) + WCov (Vin − VT ) + WCov (Vdd − Vin + VT 2 ) (4.21) Ex: No Sample-Hold abaixo, calcular a variação de tensão em C, após o corte da chave. Considere: Cox = 3 fF µ m 2 VT = 0.84V 43 Material não disponível para publicação Cov = 0.35 fF µ m C = 100 fF LD = 0.2µ m Vdd = 5V W = 4µ m α =1 2 L = 0.8µ m β =1 Vg Vo C=100fF Vin=2.5V Solução: O comprimento efetivo de canal é Lef = ( 0.8 − 0.4 ) µ m = 0.4 µ m , e as cargas injetadas são calculadas aplicando-se os parâmetros acima na equação 4.18, obtendo-se Qinj = −10.984 × 10−15 C Pela equação 4.19 calcula-se a variação de tensão em C como ∆Vo = 109.84µV 4.6 Compensação Para Injeção de Cargas As variações de tensão nos capacitores de armazenamento podem ser extremamente prejudiciais em determinados circuitos. A injeção de cargas produz offset de tensão, que pode não ser grave. Entretanto, conforme mostrado pelas equações 4.18 e 4.20, a quantidade de cargas injetadas dependem do nível do sinal de entrada Vin e VT, o que inevitavelmente implica em distorção harmônica, podendo até mesmo inviabilizar um circuito. Com tudo isto, é fundamental adotar-se estratégias para compensação ou minimização do efeito de injeção de cargas. Basicamente, os procedimentos usados para este fim são: 1. Uso de transistores dummy. 2. Uso de chaves gêmeas. 3. Uso de chaves complementares. 4. Uso de redes de compensação. 5. Uso de circuitos totalmente diferenciais. 4.6.1 Uso de Transistores Dummy Este tipo de compensação utiliza um transistor, com área igual à metade da chave, ligado à carga C. Admitindo que o sinal de controle da chave seja rápido, pode-se considerar α = 1 2 e β = 1 . Desta forma, pode-se observar na Fig. 4.10 que durante o corte da chave, toda carga injetada pelo canal de M1 será usada para formar o canal de M2, pois Vg1 e Vg2 são complementares. Isto é verdade somente se a área do Gate de M2 for metade de M1, pois somente metade das cargas do canal de M1 são expulsas pelo Source. De forma idealizada, a tensão Vo não sofre modificação, pois nenhuma carga será injetada em C. 44 Material não disponível para publicação Fig. 4.10: Compensação com transistor dummy. Neste tipo de compensação, as tensões VT e as constantes Cox estão casadas. Deve-se tomar o cuidado de gerar um pequeno atraso no sinal Vg2 em relação a Vg1, para garantir a correta transferência de cargas. Os transistores M1 e M2 devem possuir o mesmo L, mas M2 deve ter metade do W de M1. Na prática, para garantir o melhor casamento entre os transistores, faz-se M1 composto por dois transistores, de mesmas dimensões de M2, em paralelo. É importante ter em mente que esta técnica funciona bem enquanto α = 1 2 e β = 1 , o que nem sempre é verdade. 4.6.2 Uso de Chaves Gêmeas Em muitas aplicações, os capacitores C são grandes e portanto, necessitam de chaves maiores que as de dimensões mínimas para comutá-los. Neste caso, é possível empregar-se duas chaves em paralelo, uma grande (principal) e outra pequena (secundária), com comandos diferentes, conforme mostrado na Fig. 4.11. Vgp Cahve Principal Mp Vo Vin C Ms Cahve Secundária Vgs Fig. 4.11: Chaves gêmeas. As duas chaves são ligadas ao mesmo tempo, sendo que a chave primária, por ser maior, é quem efetivamente carrega o capacitor. Entretanto, a chave principal é cortada primeiro, injetando uma grande quantidade de cargas no capacitor. Como a chave secundária permanece fechada, as cargas injetadas são conduzidas à fonte Vin. Quando finalmente a chave secundária é cortada, a quantidade de cargas injetadas é consideravelmente menor, pois suas dimensões são menores. Portanto, o objetivo da chave secundária é simplesmente descarregar as cargas injetadas pela principal. O intervalo de tempo que a chave secundária deve permanecer fechada a mais que a principal é pequeno, mas suficiente para descarregar as cargas. 45 Material não disponível para publicação 4.6.3 Uso de Chave Complementar Como as chaves complementares são compostas por transistores NMOS e PMOS, teoricamente é possível realizar o cancelamento das cargas negativas injetadas pela chave NMOS com as cargas positivas injetadas pela chave PMOS. A Fig. 4.12 mostra o esquema das chaves e a seqüência de chaveamento. Vgn Mn Vo Vdd Vin C Mp Vgp Fig. 4.12: Compensação com chave complementar. Normalmente a fase Vgp, usada para controlar a chave PMOS, é obtida invertendo a fase Vgn. Desta forma, um pequeno atraso de Vgp em relação a Vgn ocorre. Pode-se observar também que as tensões de corte de Mn e Mp são diferentes. Isto faz a chave NMOS cortar antes da PMOS, e parte ou toda carga injetada por Mn é conduzida para Vin por Mp, dificultando o cancelamento da injeção de cargas. Mesmo que fossem ajustados as dimensões dos transistores e o atraso entre as fases Vgn e Vgp, para um perfeito cancelamento da injeção de cargas, o mesmo só valeria para uma única tensão Vin. Vale lembrar que os pontos de corte de Mn e Mp dependem de Vin, e conseqüentemente a quantidade de cargas acumuladas por Mn e Mp. Este circuito só é prático quando Vin é constante, condição que pode ser obtida quando as chaves estão conectadas ao terra virtual de um amplificador operacional ou à uma fonte de tensão. 4.6.4 Projeto da Chave Complementar Para o projeto de chaves complementares compensadas, considera-se a princípio que o atraso entre Vgn e Vgp seja pequeno para prejudicar o cancelamento da injeção de cargas, e também que a tensão Vin seja constante. As dimensões dos transistores NMOS e PMOS podem ser calculadas através das equações 4.18 e 4.21, que prevêem a quantidade de cargas injetadas por cada transistor. Considerando α = 1 2 e β = 1 , para o transistor NMOS tem-se 1 QinjN = − WN LN Cox Vdd − Vin − VTN − WN CovN Vdd − Vin − VTN − WN CovN Vin + VTN 2 ( ) ( ) ( ) (4.22) e para o PMOS ( ) ( ) ( 1 QinjP = WP LP Cox Vin − VTP + WP CovP Vin − VTP + WP CovP Vdd − Vin + VTP 2 ) (4.23) Normalmente escolhe-se uma das dimensões dos transistores, por exemplo LN = LP = L , e calculase a outra dimensão, fazendo QinjN + QinjP = 0 . Tem-se então 1 LC V − Vin − VTN − CovN Vdd − Vin − VTN − CovN Vin + VTN WP 2 ox dd = 1 WN LCox Vin − VTP + CovP Vin − VTP + CovP Vdd − Vin + VTP 2 ( ) ( ) ( ( ) ) ( ( ) ) (4.24) Mesmo com a possibilidade de se obter sucesso com a equação 4.24, é conveniente compensar cada chave (NMOS e PMOS) com transistores dummy, conforme a Fig. 4.13. 46 Material não disponível para publicação Vgp Vgp Vgn Mn Vo Vdd Vin C Mp Vdd Vdd Vgp Vgn Vgn Fig. 4.13: Chave complementar com transistores dummy. 4.6.5 Uso de Redes de Compensação A idéia básica deste procedimento é utilizar circuitos que cancelem os efeitos da injeção de cargas. A Fig. 4.14 apresenta uma possível rede de compensação. A chave M1 comuta o capacitor C1, e ao fazê-lo injeta cargas no terra virtual do opamp, introduzindo um nível DC na saída Vo. Se uma chave M2, idêntica a M1, comutar o capacitor C3 ao mesmo tempo, a mesma quantidade de cargas será injetada em C3. O valor de C3 pode ser adequadamente escolhido para neutralizar o efeito das cargas injetadas. Vg M1 C2 C1 _ Vin Vo + M2 C3 Vg Fig. 4.14: Rede compensada para injeção de cargas. Pode-se considerar as cargas injetadas como uma fonte de corrente com curto intervalo de duração, impulsiva. Então o circuito para a análise reduz-se à Fig. 4.15. 47 Material não disponível para publicação C2 C1 _ Iq Vin Vo + Iq C3 Fig. 4.15: Circuito para a análise da rede de compensação. Usando o princípio da superposição para avaliar somente o efeito das fontes de corrente, e aplicando o teorema de Thevenan às fontes, obtém-se o circuito da Fig. 4.16. C2 C1 Iq/(sC1) _ Vo + C3 Iq/(sC3) Fig. 4.16: Efeito das fontes de corrente. A tensão de saída em função das fontes de corrente é dada por Vo = − C2 I q C2 I q + 1 + C1 sC1 C1 sC3 (4.25) Fazendo Vo = 0 tem-se C3 = C1 + C2 (4.26) Que é a condição para o cancelamento da injeção de cargas. 4.6.6 Uso de Circuitos Totalmente Diferenciais As estruturas diferenciais são largamente empregadas em circuitos a capacitores chaveados, devido principalmente à baixa distorção harmônica, à elevada faixa dinâmica e à alta rejeição à injeção de cargas. A Fig. 4.17 apresenta uma seção de um circuito a capacitores chaveados na configuração diferencial. As chaves M1 e M2 são iguais e, quando comutam, injetam as mesmas quantidades de cargas. Deve-se observar que as chaves estão conectadas ao terra virtual do opamp, e portanto a um ponto de tensão constante. Este tipo de configuração é comumente chamado de chave de referência. 48 Material não disponível para publicação Vg M1 Vin1 C2 C1 Vo+ _ + _ + Vin2 C2 Vo- C1 M2 Vg Fig. 4.17: Circuito a capacitores chaveados com amplificador diferencial. Da mesma forma que no item anterior, as cargas injetadas pelas chaves podem ser representadas por fontes de corrente impulsivas, conforme a Fig. 4.18. Iq Vin1 C2 C1 Vo+ _ + _ + Vin2 C2 Vo- C1 Iq Fig. 4.18: Representação das cargas injetadas pelas chaves, por fontes de corrente. Aplicando o teorema de Thevenan às fontes de corrente, obtém-se o circuito da Fig. 4.19. Vin1 Iq/(sC1) C2 C1 Vo+ + C2 _ _ Iq/(sC1) + Vin2 C1 Vo- Fig. 4.19: Transformação de Thevenan para as fontes de corrente. 49 Material não disponível para publicação A análise do circuito mostra que Iq I − Vin 2 + q Vin1 + sC1 sC1 C2 (V − V ) C = − in1 in 2 2 Vo + = − 2 2 C1 C1 (4.27) e Iq I − Vin 2 + q Vin1 + sC1 sC1 C2 (Vin1 − Vin 2 ) C2 = Vo − = 2 2 C1 C1 (4.28) As equações 4.27 e 4.28 mostram que as saídas Vo+ e Vo- não dependem das cargas injetadas, significando que a rede é capaz de rejeitá-las. As estruturas diferenciais por si só, a princípio, compensam o efeito da injeção de cargas. Esta característica, aliada a muitas outras, torna este tipo de configuração preferido para o projeto de circuitos a capacitores chaveados. 50 Material não disponível para publicação 5. Espelhos de Corrente Os espelhos de corrente são estruturas de fundamental importância nos circuitos CMOS. Com eles é possível fazer cópias precisas de correntes, distribuindo a polarização pelos circuitos, sem a necessidade do uso de resistores. Entretanto alguns cuidados devem ser tomados no projeto dos espelhos, para garantir boa precisão. 5.1 Espelho Simples O espelho de corrente simples é formado por dois transistores NMOS ou PMOS, conforme a Fig. 5.1. M1 M2 Io Vo Iin Fig. 5.1: Espelho de corrente simples. A tensão Vgs1 é controlada por Iin, e Vgs1 = Vgs 2 = Vgs . Portanto, tem-se que I in = 2 W1 k p Vgs − VT ) (1 + λVds1 ) ( L1 2 (5.1) 2 W2 k p Vgs − VT ) (1 + λVo ) ( L2 2 (5.2) e Io = Desprezando o efeito de modulação de canal em M1, pois Vds1 é pequeno e constante, pela equações 5.1 e 5.2 tem-se que Io será, a princípio, dependente da relação entre as dimensões dos transistores (W2 L2 ) (W1 L1 ) ou seja, Io = W2 L1 (1 + λ2Vo ) Iin W1 L2 (5.3) A resistência de saída do espelho é a mesma calculada pela equação 1.28 e dada por Ro = 1 λ2 I o (5.4) A sensibilidade de Iin em relação a Vo é calculada por S Io Vo = ∂I o Vo = λ2Vo ∂Vo I o (5.5) 5.2 Espelho de Corrente em Cascode O espelho em cascode propõe-se a aumentar a resistência de saída e melhorar a precisão no espelhamento das correntes. A estrutura básica é apresentada na Fig. 5.2. Sendo M 1 = M 2 e M 3 = M 4 , verifica-se que a tensão no dreno de M4 é praticamente constante, o que torna Id4, e conseqüentemente Io, pouco dependente de Vo. Esta característica provê uma elevada resistência de saída e alta precisão no espelhamento. A resistência de saída deste espelho é 51 Material não disponível para publicação 2 Ro = k pW3 2 L3 I o + λ3 I o (5.6) λ32 I o2 e a sensibilidade dada por S λ32 I oVo Io Vo 2 k pW3 2 L3 M2 (5.7) I o + λ3 I o M3 Io Vo Iin M1 M4 Fig. 5.2: Espelho em cascode. Ex: Calcular a sensibilidade dos espelhos simples e cascode, considerando Vo = 5V , I o = 50µ A , as dimensões do estágio de saída W = 10µ m e L = 0.8µ m , λ = 0.01 e k p = 100 µ . Das equações 5.5 e 5.7 tem-se: Para o espelho simples S Io Vo Para o espelho em cascode = 5% . S Io Vo = 0.07% . Um outro procedimento também muito importante é o casamento dos transistores. Deve-se sempre tentar projetar circuitos onde os espelhos de corrente sejam razões de números inteiros. Desta forma, é possível subdividir os transistores em unidades menores e de mesmo tamanho, interdigitá-los e arrumá-los em centróide comum, sempre que possível. Como exemplo considere o espelho da Fig. 5.2, cuja razão I o I in = 2 e os transistores estão divididos em M 1 = 2M , M 2 = 2M , M 3 = 4 M e M 4 = 4M . Pode-se arrumar os transistores conforme a Fig. 5.3, e o layout conforme a Fig. 5.4. 52 Material não disponível para publicação M2 D S M1 D S M4 S D M3 S M3 D D S M4 D S M4 D S S Iin M3 D M3 D S D M4 S S M1 D S M2 D Io Fig. 5.3: Arranjo de transistores para o espelho em cascode. Fig. 5.4: Layout do espelho em cascode. 5.3 Espelho de Corrente em Cascode Regulado Uma forma ainda mais eficiente de obter sensibilidade baixa e elevada resistência de saída no espelho de corrente é utilizar o cascode regulado. A configuração básica de um espelho em cascode regulado está apresentada na Fig. 5.5. O amplificador de ganho A tem como objetivo manter a tensão Vd2 constante, e conseqüentemente a corrente Io imutável. Desta forma, Io não depende mais de Vo. Isto é alcançado quando A tende para infinito. Entretanto, esta condição não é respeitada, pois o ganho A é implementado por um amplificador simples, composto de dois transistores. O circuito da Fig. 5.6 representa a realização prática do espelho. O amplificador regulador é formado por M5 e M4, sendo que M5 é uma fonte de corrente. O ganho A é dado por 2k pN A= W4 Id 4 L4 gm4 = Gds 4 + Gds 5 ( λP + λN ) I d 4 (5.8) Da análise de pequenos sinais, obtém-se para a impedância de saída Ro = 2 Rds 3 + gm2 Rds2 3 ( A + 1) (5.9) e a sensibilidade é S Io Vo = λN2 I doVo 2λN I do + ( A + 1) W 2 2 k pN I o L2 (5.10) Normalmente, Id4 é escolhida como uma fração de Io, e M4 deve ter as dimensões menores possíveis, para minimizar suas capacitâncias parasitas. Deve-se evitar o uso de canal muito curto em 53 Material não disponível para publicação M3 e M2, pois isto reduz muito a impedância de saída do cascode e conseqüentemente aumenta a sensibilidade. Outro fator importante que deve ser observado é a dispersão no espelhamento da corrente Iin. Embora a sensibilidade de Io seja muito pequena, a relação I o I in = W2 W1 (assumindo L2 = L1 ) só se mantém quando Vds1 = Vds 2 . Sendo Vds1 = Vgs1 , deve-se dimensionar M4 para que Vgs 4 = Vgs1 , implicando em Vds 2 = Vgs 4 . Tal como a Fig. 5.3, o espelho em cascode regulado deve ser, sempre que possível, interdigitado. Como exemplo, considere o espelho da Fig. 5.6, com relação de espelhamento 1:1 sendo M 1 = M 2 = M 3 = 4M e M 4 = 2M . O circuito da Fig. 5.7 é uma possível arrumação para os transistores. Observe que a estrutura é longa e existem conexões de Gate compridas. Deve-se ter em mente que as linhas de Poly são resistivas e não devem ser longas. Vref Io M3 + A _ Vd2 Vo M1 M2 Iin Fig. 5.5: Configuração básica de um espelho de corrente em cascode regulado. Vdd M5 Vbias M3 Io M4 Vo M1 M2 Iin Fig. 5.6: Configuração prática de um espelho de corrente em cascode regulado. 54 Material não disponível para publicação M1 D S M2 S D M3 S D M3 D S M2 D S M1 S D M1 D S S M4 D M4 D Iin Dreno de M5 S M2 S D S M3 D D M3 S D M2 S Io Fig. 5.7: Espelho de corrente em cascode regulado com transistores interdigitados. 55 S M1 D Material não disponível para publicação 6. Amplificadores Operacionais Os amplificadores operacionais (opamps) são fundamentais para os circuitos a capacitores chaveados, pois realizam buffers, somadores, integradores, etc.... Os opamps trabalham, em geral, com realimentação negativa, e em muitos casos unitárias. Da teoria dos amplificadores realimentados, temse para o ganho Av ( s ) = Vo ( s ) Vin ( s ) = A( s ) (6.1) 1 + β A( s ) onde β é a taxa de realimentação e A ( s ) o ganho em malha aberta. Do ponto de vista da estabilidade, o pior caso ocorre quando β = 1 , pois é a condição de menor margem de fase. Isto obriga os opamps a serem compensados internamente, para garantir a estabilidade. Este procedimento é problemático, pois o capacitor de compensação é grande, ocupando área de integração e limitando o slew-rate. Nos circuitos a capacitores chaveados, este problema é ainda mais sério, pois a carga e a malha de realimentação são capacitivas, conforme exemplificado na Fig. 6.1. O ganho realimentado é dado pela equação 6.1, onde β = C1 ( C1 + C2 ) . Considerando Ro a resistência de saída do amplificador e CL o equivalente série dos capacitores CL = ( C1C2 ) ( C1 + C2 ) , o ganho realimentado assume a forma da equação 6.2. Observa-se que a resistência de saída e a carga capacitiva introduzem um pólo em alta freqüência p = 1 ( Ro CL ) , pois Ro é muito pequeno, cujo efeito deve ser cuidadosamente avaliado na estabilidade do circuito. A( s ) sCL Ro + 1 Av = β A( s ) 1+ sCL Ro + 1 Vin (6.2) + Vo _ C1 C2 Fig. 6.1: Amplificador operacional com carga capacitiva. Uma prática usual nos circuitos a capacitores chaveados é a utilização de amplificadores operacionais de transcondutância (OTA). O OTA é basicamente uma fonte de corrente controlada por tensão em paralelo com uma resistência elevada, conforme o modelo da Fig. 6.2. V+ Out gm(s)(V+ - V-) Ro V- Fig. 6.2: Modelo linear do OTA. Substituindo o opamp da Fig. 6.1 pelo OTA, tem-se o amplificador realimentado da Fig. 6.3, cujo ganho de tensão é 56 Material não disponível para publicação gm ( s ) Ro sCL Ro + 1 Av = β gm ( s ) Ro 1+ sCL Ro + 1 Vin (6.3) + Vo _ C1 C2 Fig. 6.3: Amplificador realimentado com OTA. Verifica-se facilmente que o termo ( gm ( s ) Ro ) ( sCL Ro + 1) é o ganho em malha aberta do OTA com carga CL. A transcondutância gm ( s ) possui pólos em altas freqüências, e o termo 1 ( sCL Ro + 1) representa um pólo em baixa freqüência, pois Ro é muito grande. Este pólo pode ser dimensionado para ser dominante, mantendo o amplificador estável com realimentação unitária. Esta característica é de extrema importância pois, na maioria das aplicações, não é necessário compensar o OTA internamente, já que a carga CL implementa o pólo dominante. Entretanto, o OTA deve ser cuidadosamente projetado para ter ro elevado, pois é a resistência de saída e a transcondutância do estágio diferencial de entrada que determinam o ganho DC. Basicamente os OTAs são divididos em duas classes, os de saída simples (“single end”) e os totalmente diferenciais. As configurações mais usadas são o cascode dobrado, e quando se deseja ganho DC muito elevado (>80dB), o cascode regulado. 6.1 OTA com Saída em Cascode Dobrado Os OTAs em cascode dobrado são empregados quando se deseja elevada resistência de saída, e conseqüentemente alto ganho de tensão, tipicamente na ordem de 70dB. 6.1.1 Dimensionamento dos Transistores em Função da Polarização A estrutura para o OTA com saída em cascode dobrado é apresentada na Fig. 6.4. O circuito é composto por um amplificador diferencial de entrada {M1, M2} e um estágio de saída formado por duas fontes de corrente em cascode. Os espelhos de corrente formados pelos conjuntos de transistores {M11, M12, M17}, {M11, M12, M13, M14}, {M15, M16, M10, M8} e {M15, M16, M9, M7} polarizam o circuito. Normalmente estabelece-se o mesmo comprimento de canal para todos os transistores. No ponto de polarização, as correntes relacionam-se como abaixo I d1 = I d 2 = I bias 2 Id 4 = Id 8 = I bias 2 I d 9 = I d 10 = I bias Id 6 = Id 4 Io = Id 8 − Id 6 = 0 Os transistores são dimensionados de forma a atender às seguintes equivalências 57 Material não disponível para publicação M1 = M 2 M 11 = M 12 = M 17 M3 = M4 = M5 = M6 M7 = M8 M 9 = M 10 M 13 = M 14 M 15 = M 16 W1 = W2 = Wd W9 = 2W7 W10 = 2W8 W13 I d 13 = W11 I bias W10 I d 10 = W15 I d 13 Vdd M9 M10 Id9 Id1 M7 Id2 M1 M15 Id10 M16 M8 M2 V- V+ Id4 Id8 Id13 Io Out Ibias Id6 M13 M17 M11 Ibias M4 M6 M14 M12 M3 M5 Fig. 6.4: OTA com saída em cascode dobrado. 58 Material não disponível para publicação 6.1.2 Análise AC para Baixas Freqüências Da análise AC, verifica-se que quando uma tensão diferencial vd = v+ − v− é aplicada à entrada do circuito, tem-se id 2 = gmd vd 2 (6.4) id 1 = − gmd vd 2 (6.5) e onde gmd é a transcondutância de M1 e M2. Este desequilíbrio de corrente se propaga pela estrutura, de forma que id 4 = −id 2 (6.6) id 8 = −id 1 (6.7) id 6 = id 4 (6.8) io = id 8 − id 6 (6.9) Substituindo as equações 6.4, 6.5, 6.6 e 6.7 em 6.9 obtém-se finalmente io = gmd vd = gmd ( v+ − v− ) (6.10) O ganho de tensão DC é dado por Av = gmd Ro (6.11) A resistência de saída Ro é o paralelo das resistências de saída das fontes de corrente em cascode tipo N e P ou seja, Ro = RoN // RoP = ( Rds 6 (1 + gm6 Rds 5 ) ) // ( Rds 8 (1 + gm8 Rds10 ) ) (6.12) 6.1.3 Excursão de Sinal na Saída A excursão do sinal de saída é estimada em função das tensões VTN , VTP e overdrive ( ∆VgsN ou ∆VgsP ) dos transistores. Pode-se verificar facilmente que a tensão no Gate de M6 é Vg 6 = Vgs 3 + Vgs 4 = 2VgsN . Conseqüentemente, a tensão de Dreno de M6 pode baixar até Vd 6 = Vg 6 + VTN . Definindo a tensão de overdrive ∆VgsN = Vgs − VTN , tem-se que Vd 6 min = 2∆VgsN + VTN (6.13) A tensão no Gate de M8 é Vg 8 = Vdd − Vsg 10 − Vsg 8 = Vdd − 2VsgP e conseqüentemente, a tensão no dreno de M8 pode subir até Vd 8 = Vdd − 2VsgP + VTP . Definindo a tensão de overdrive ∆VsgP = VsgP − VTP , tem-se que Vd 8 max = Vdd − 2∆VsgP − VTP (6.14) Das equações 6.13 e 6.14 tem-se que a tensão de saída Vo deve estar no intervalo 2∆VgsN + VTN ≤ Vo ≤ Vdd − 2∆VsgP − VTP e a variação máxima na tensão de saída é 59 (6.15) Material não disponível para publicação ∆Vo max = Vdd − 2∆VsgP − VTP − 2∆VgsN − VTN (6.16) 6.1.4 Análise AC para Altas Freqüências O comportamento em altas freqüências do OTA com cascode dobrado pode ser avaliado pela análise de pequenos sinais, considerando o efeito das capacitâncias parasitas dos transistores. A análise será feita com base no circuito da Fig. 6.5, onde as tensões e correntes de polarização foram desconsideradas. De forma geral, tem-se para a relação entre a corrente de saída e a tensão diferencial de entrada a expressão Io = gmd ( s ) Vd (6.17) M9 M10 C10 C9 M7 M1 V-Vd/2 M2 C7 C8 C5 C6 M8 V+ Io Vd/2 C4 M4 C3 M6 C2 C11 M3 C1 M5 Fig. 6.5: Modelo para a análise de pequenos sinais do OTA com cascode dobrado. Com o objetivo de simplificar a análise, faz-se as considerações a seguir: 1. O circuito possui elevada rejeição de modo comum. 2. A excitação de entrada é diferencial, de forma que a tensão nos Sources de M1 e M2 é constante, podendo ser considerada uma referência de terra. 3. Devido ao caráter essencialmente diferencial da estrutura, consideram-se as tensões nos Gates de M7, M8, M9 e M10 constantes, e conseqüentemente como referências de terra. 4. Considera-se que, em freqüências altas, a saída do OTA está conectada a um ponto de baixa impedância, por exemplo um capacitor de carga. 5. Desconsideram-se os Gds de todos os transistores. 6. Assume-se que ∆VgsN = ∆VsgP = ∆Vgs para todos os transistores. 60 Material não disponível para publicação 7. O comprimento de canal L é o mesmo para todos os transistores, exceto para M1 e M2, que podem possuir L diferente do restante do circuito. Com as considerações acima e as relações entre as áreas dos transistores descritas na seção 6.1.1 tem-se gm1 = gm2 = gmd gm4 = gm3 = gm5 = gm6 = gm C1 = 2C gs C2 = C3 = C gs C4 = C11 = C gd C7 = C8 = α C gs C5 = C6 = α C gd C9 = C10 = 2α C gd α= k pN k pP C gs = CoxWL + C gsoW C gd = C gdoW Solucionando o sistema de equações nodais do circuito da Fig. 6.5, e realizando as substituições acima, obtém-se a2 2 a1 s + s +1 2a02 2a0 gmd ( s ) = gmd b1 b2 2 2a1 s + 1 s + 1 2 s + a0 a0 a0 (6.18) onde a0 = k pN ∆Vgs a1 = 2Cox L2 + (α C gdo + 2C gdo + 2C gso ) L a2 = 2Cox2 L4 + ( 4Cgdo Cox + 3α C gdo Cox + 4Cox Cgso ) L3 2 2 + ( 3α C gdo C gso + 4C gdo C gso + 4α C gdo + 2C gso ) L2 (6.19) b1 = α Cox L2 + α ( 2C gdo + C gso ) L b 2 = 2Cox2 L4 + ( 7C gdo Cox + 3α C gdo Cox + 4Cox C gso ) L3 2 2 2 + ( 4α C gdo + 3α C gdo C gso + 7C gdo C gso + 4C gdo + 2C gso ) L2 Observa-se das equações 6.18 e 6.19 que para tornar o OTA mais rápido deve-se aumentar o ∆Vgs e reduzir o comprimento de canal L. 6.2 OTA com Saída em Cascode Regulado O OTA com saída em cascode regulado é usado quando se deseja elevadíssima impedância de saída, e conseqüentemente altíssimo ganho. O circuito é basicamente o mesmo apresentado no item 61 Material não disponível para publicação 6.1, mas substituindo as fontes de corrente de saída em cascode por cascode regulado, conforme a Fig. 6.6. As correntes de polarização são essencialmente as mesmas para o cascode dobrado. Considerando os mesmos ∆VgsN e ∆VsgP para todos os transistores NMOS e PMOS, a tensão de saída deve estar no intervalo 2∆VgsN + VTN ≤ Vo ≤ Vdd − 2∆VsgP − VTP (6.20) ∆Vo max = Vdd − 2∆VsgP − VTP − 2∆VgsN − VTN (6.21) e a excursão de sinal é Vdd M9 M10 Id9 M15 Id10 Vb1 M23 Vb1 Vb1 M19 Id1 M1 M16 M7 Id2 Vb2 M22 Vb2 Vb2 M2 V- M8 Id18 B V+ Id8 Id4 A Id13 Io Out B Ibias A Vb3 M6 M17 M11 M13 Vb3 Vb4 Ibias Id6 M20 Vb3 M18 M4 M14 M12 Vb4 Id19 Vb4 M3 M21 Vb4 M5 Fig. 6.6: OTA com saída em cascode regulado. O ganho de tensão DC é dado por Av = gmd Ro (6.22) onde ( ) ( Ro = RoN // RoP = Rds 6 (1 + (1 + AN ) gm6 Rds 5 ) // Rds 8 (1 + (1 + AP ) gm8 Rds10 ) ) (6.23) sendo NA e AP os ganhos dos amplificadores reguladores NMOS e PMOS, expressos por AN = gm18 Rds18 AP = gm19 Rds19 (6.24) As correntes Id18 e Id19 são espelhadas de Id13 e devem ser uma fração pequena da polarização do circuito, para não elevar o consumo de potência. A análise AC para altas freqüências é muito extensa e a função de transferência gmd ( s ) possui um número excessivo de termos. Este resultado é pouco prático para cálculos manuais. Mais à frente será apresentado um método para dimensionamento do OTA com auxílio de programas de simulação. 62 Material não disponível para publicação 6.3 OTA Diferencial com Saídas em Cascode Dobrado Os OTAs diferenciais possuem duas saídas em corrente cujos valores dependem, idealmente, da diferença de potencial nas entradas. Somente a tensão diferencial é processada pelo circuito, sendo a componente de modo comum totalmente rejeitada. O circuito do OTA diferencial com saídas em cascode dobrado é apresentado na Fig. 6.7. Sua estrutura é basicamente a mesma do OTA com saída simples, mas sem o espelho de corrente formado por {M3, M4, M5, M6}, que neste caso formam duas fontes de corrente independentes e de mesmo valor. As correntes de saída são dadas por gmd vd iout + = 2 (V+ − V− ) = gmd 2 i = − gmd (V − V ) = − gm vd d + − out − 2 2 (6.25) e os ganhos de tensão DC nos modos diferenciais dados por vout + gmd v = 2 Ro d vout − = − gmd R o vd 2 (6.26) As resistências das saídas são iguais à calculada pela equação 6.12. As faixas de tensão das saídas Vout+ e Vout- são as mesmas calculadas pela equação 6.15. Entretanto, a variação de tensão diferencial entre as saídas ( ∆Vod = (Vo + − Vo − ) ) é o dobro da versão com saída simples ou seja, ( ∆Vod max = 2 Vdd − 2∆VsgP − VTP − 2∆VgsN − VTN ) (6.27) Vdd M9 M10 2 Ibias Id1 M7 Id2 M1 M15 2 Ibias M16 M8 M2 V- V+ IoOut- 2 Ibias Id13 Io+ Out+ Ibias Ibias M13 M17 M11 Ibias M4 M6 M14 M12 M3 M5 Fig. 6.7: OTA diferencial com saídas em cascode dobrado. 63 Material não disponível para publicação 6.3.1 Análise AC para Altas Freqüências A análise de pequenos sinais do OTA diferencial com cascode dobrado torna-se bastante simples, fazendo as considerações abaixo: 1. A excitação de entrada é diferencial, de forma que a tensão nos Sources de M1 e M2 é constante, podendo ser considerada uma referência de terra. 2. Devido ao caráter essencialmente diferencial da estrutura, consideram-se as tensões nos Gates de M7, M8, M9 e M10 constantes, e conseqüentemente como referências de terra. 3. Considera-se que, em freqüências altas, a saída do OTA está conectada a um ponto de baixa impedância, por exemplo um capacitor de carga. 4. Desconsideram-se os Gds de todos os transistores. 5. Assume-se que ∆VgsN = ∆VsgP = ∆Vgs para todos os transistores. 6. O comprimento de canal L é o mesmo para todos os transistores, exceto para M1 e M2, que podem possuir L diferente do restante do circuito. 7. Os transistores M3, M4, M5 e M6 atuam exclusivamente como fontes de corrente. Desta forma, obtém-se o circuito da Fig. 6.8. Com as considerações acima e as relações entre as áreas dos transistores descritas na seção 6.1.1 tem-se gm1 = gm2 = gmd gm4 = gm3 = gm5 = gm6 = gm C1 = C3 = α C gs C2 = C4 = 2α C gd α= k pN k pP C gs = CoxWL + C gsoW C gd = C gdoW Solucionando as equações nodais do circuito da Fig. 6.8, tem-se io + = gmd vd 2 2 Cox L + ( C gso + 2C gdo ) L ( k pP ∆Vgs ) s +1 gm vd io − = − d 2 2 Cox L + ( C gso + 2C gdo ) L ( k pP ∆Vgs 64 (6.28) ) s +1 Material não disponível para publicação M9 M10 C2 C4 M7 M1 C3 C1 M8 M2 V- V+ -Vd/2 Io- Io+ +Vd/2 M6 M4 M3 M5 Fig. 6.8: Circuito para análise AC do OTA diferencial em cascode dobrado. 6.4 OTA Diferencial com Saídas em Cascode Regulado Esta estrutura é muito similar à da Fig. 6.7, sendo que as fontes de corrente em cascode são substituídas por cascode regulado, conforme a Fig. 6.9. O dimensionamento dos transistores é feito como nos itens 6.1 e 6.2. As resistências de saída são dadas pela equação 6.23. As faixas de tensão das saídas Vout+ e Vout- são as mesmas calculadas pela equação 6.15, e a variação de tensão diferencial entre as saídas ( ∆Vod = (Vo + − Vo − ) ) dada pela equação 6.27. As correntes de saída e os ganhos DC no modo diferencial são calculados pelas equações 6.25 e 6.26. A análise de pequenos sinais para altas freqüências é extensa, e as equações obtidas não práticas para cálculos manuais. Mais à frente será apresentado um método de dimensionamento do OTA com auxílio de programas de simulação. Vdd M9 M10 Id9 M15 Id10 Vb1 M23 M29 Vb1 Vb1 Vb1 M19 M24 Id1 M1 M16 M7 Id2 M8 Vb2 M28 Vb2 M2 V- Id18 Id8 Id7 Iout- A Out+ B Id4 Vb3 D M4 A M6 M17 M11 Ibias Id6 M13 Vb3 Vb4 M25 M20 Vb3 C Id19 M26 Vb3 M18 M14 Vb4 Vb4 D Id13 Iout+ Out- Ibias Id25 B C V+ M12 M22 Vb2 Vb4 M3 M21 Vb4 M5 Fig. 6.9: OTA diferencial com saídas em cascode regulado. 65 M27 Vb4 Id24 Material não disponível para publicação 6.5 Controle de Modo Comum Nos OTAs com saídas diferenciais, a tensão de saída é controlada indiretamente pela realimentação, pois são fontes de corrente controladas. Devido a isto, ao contrário dos opamps, os OTAs não controlam a tensão de modo comum na saída. O amplificador inversor da Fig. 6.10 exemplifica este problema. As fontes de corrente i1 e i2 representam a influência de qualquer circuito que esteja conectado ao amplificador. Solucionando as equações nodais do circuito, e considerando o produto gmd R1 muito alto, tendendo ao infinito, que significa ganho de tensão DC elevado, tem-se (i + i ) R2 ( vin1 − vin 2 ) ( vin1 + vin 2 ) + + ( R1 + R2 ) 1 2 vo + = − R1 2 2 2 v = R2 ( vin1 − vin 2 ) + ( vin1 + vin 2 ) + R + R ( i1 + i2 ) ( 1 2) o− R 2 2 2 1 (6.29) Sabendo que as tensões diferencial e modo comum na entrada são respectivamente vd = ( vin1 − vin 2 ) e vincm = ( vin1 + vin 2 ) 2 , e que a corrente de modo comum na saída é icm = ( i1 + i2 ) 2 , tem-se R2 vd vo + = − R 2 + vincm + ( R1 + R2 ) icm 1 v R v = 2 d + v + ( R + R ) i incm 1 2 cm o − R1 2 (6.30) Verificam-se que as tensões de saída não dependem somente da entrada diferencial, mas também do termo ( vincm + ( R1 + R2 ) icm ) , que é o modo comum na saída. Entretanto, a tensão diferencial de saída é dada pela equação 6.31, e depende somente da entrada diferencial. A principio, isto bastaria para o correto funcionamento do amplificador, mas a tensão de modo comum na saída pode despolarizar outro dispositivo que esteja a ele conectado. Torna-se fundamental estabelecer algum tipo de controle sobre a tensão de modo comum na saída, mantendo-a em um valor estabelecido. ( vo+ − vo− ) = − Vin1 R2 vd R1 (6.31) I1 R1 R2 Vo+ _ + _ + Vin2 R1 VoR2 I2 Fig. 6.10: Amplificador inversor com OTA diferencial. O circuito da Fig. 6.11 é um amplificador inversor com controle de tensão de modo comum de saída. Neste caso, o OTA possui uma entrada a mais (CMin), usada para controlar o modo comum de cada fonte de corrente de saída. A tensão de modo comum na saída vocm, obtida por um somador e divisor por dois, é comparada à tensão de referência Vref, e um sinal de erro é aplicado à entrada CMin. 66 Material não disponível para publicação Em cada saída do OTA tem-se uma fonte de corrente cujo valor é dado pela equação 6.32, onde gmc é a transcondutância do circuito de controle de modo comum. vd io + = gmd 2 + gmc (Vref − vocm ) i = − gm vd + gm (V − v ) d c ref ocm o − 2 (6.32) De forma geral, pode-se usar o modelo da Fig. 6.12 para analisar o controle de modo comum. A tensão Vcm representa uma perturbação de modo comum nas saídas, no caso do amplificador da Fig. 6.10 é o termo ( vincm + ( R1 + R2 ) icm ) , Ro é a resistência de saída, gmc e vocm são o ganho de corrente e a tensão de modo comum em cada saída. Tem-se então que vocm = Vcm Ro gmc + Vref 1 + Ro gmc 1 + Ro gmc (6.33) Verifica-se claramente que Ro gmc é o ganho de tensão do circuito, e normalmente é muito elevado. Considerando Ro gmc 1 , tem-se para tensão de modo comum nas saídas o valor idealizado vocm = Vref (6.34) O circuito da Fig. 6.13 é muito empregado no controle de modo comum. Uma análise detalhada mostra que as correntes id16 e idf16 dependem somente da tensão de modo comum nas entradas vo+ e voe da tensão de referência Vref ou seja, ( vo+ + vo− ) idf 16 = I bf + gm f Vref − = I bf + gm f (Vref − vocm ) 2 ( vo+ + vo− ) = − I bf gm f (Vref − vocm ) id 16 = I bf − gm f Vref − 2 (6.35) onde gmf é a transcondutância dos transistores MF1, MF2, MF3 e MF4. As relações entre os transistores são M F1 = M F 2 = M F 3 = M F 4 M 13 = M 14 = M F 13 = M F 14 M 15 = M 16 = M F 15 = M F 16 As dimensões dos transistores MF1, MF2, MF3 e MF4 devem ser determinadas pela máxima variação da tensão de saída, de forma que todos os transistores permaneçam saturados. No caso limite, a corrente Ibf passa por somente um transistor de cada para diferencial. Desta forma, tem-se como exemplo que vo + MAX = ∆VoMAX + Vref (6.36) vgsF 1 = ∆VoMAX − VTN (6.37) I bf = k pN WF 1 ∆VoMAX − 2VTN LF 1 ( ) 2 (6.38) e finalmente I bf WF 1 WF 1,2,3,4 = = LF 1 LF 1,2,3,4 k pN ∆VoMAX − 2VTN ( 67 ) 2 (6.39) Material não disponível para publicação O circuito pode ser usado com os OTAs em cascode dobrado ou regulado. Como exemplo, considere o OTA em cascode dobrado com controle de modo comum da Fig. 6.14. As correntes Id9 e Id10 são espelhadas de id16, sendo que I d 9 = I d 10 = W10 W id 16 = 9 id 16 = α id 16 W15 W15 (6.40) Empregando as equações 6.35 e 6.40, obtém-se para as correntes de saída de modo comum a equação 6.41. iocm = α gm f (Vref − vocm ) = gmc (Vref − vocm ) (6.41) Portanto, a tensão de modo comum nas saídas do circuito é dada pela equação 6.33, onde Ro é a resistência de saída do cascode dobrado e Vcm pode ser considerada a perturbação máxima de modo comum na saída sem realimentação (controle). Como o circuito é alimentado por Vdd, pode-se considerar que Vcm = Vdd 2 . Desta forma tem-se vocm = Vin1 Vdd Ro gmc 1 + Vref 1 + Ro gmc 2 1 + Ro gmc (6.42) I1 R1 R2 Vo+ _ CMin + _ 0.5 Vocm + Vin2 R1 R2 Vo- I2 _ Vref + Fig. 6.11: Amplificador inversor com controle de modo comum de saída. Vcm Vref + gmc Vocm _ Ro Fig. 6.12: Circuito equivalente do controle de modo comum. 68 Material não disponível para publicação Vdd M15 MF15 Vb1 Id16 Idf16 MF16 M16 Vb2 MF2 MF1 MF3 MF4 Vo+ VoVref M13 MF13 Ibf Ibf Vb3 M14 MF14 Vb4 Fig. 6.13: Circuito controlador de modo comum. Vdd M9 M10 Id9 M15 Id10 MF15 Vb1 Id16 Vb1 Idf16 MF16 M16 Id1 M1 Vb2 M7 Id2 M8 M2 V- V+ Vb2 Id8 Iout- Iout+ Vo- Vb4 Ibias Vref M13 Ibf MF13 Ibf Vb3 M17 M11 MF4 Vo- Id6 Vb3 Vb3 MF3 Vo+ Vo+ Id4 Ibias MF2 MF1 Id7 M6 M4 Vb4 M12 Vb4 M14 M3 MF14 Vb4 M5 Fig. 6.14: OTA em cascode dobrado com controle de modo comum. 6.6 Critério de Projeto dos OTAS Ao dimensionar OTAs para aplicações nos circuitos a capacitores chaveados, deve-se olhar não apenas para a estabilidade, mas também para o tempo de estabilização. O sample-hold da Fig. 6.15 exemplifica bem o problema. 69 Material não disponível para publicação Vg Vin(t) + S Vo(t) C _ CL Fig. 6.15: Circuito sample-hold a capacitores chaveados. Quando a chave S é fechada no instante t0, a tensão vin ( t0 ) é armazenada no capacitor C. O amplificador buffer interpreta este sinal como um degrau de tensão e conseqüentemente, a saída vo ( t ) deve sair de um valor inicial e alcançar vin ( t0 ) . Isto significa que o capacitor CL fica submetido a um degrau de tensão, e conseqüentemente a uma variação infinita de corrente. Mas a corrente de saída do OTA é limitada em módulo a um valor máximo Iomax. Portanto, vo ( t ) varia como uma rampa até alcançar vin ( t0 ) . Quando isto ocorre, o OTA passa a atuar como elemento linear. Devido à sua composição de pólos e zeros, um transiente linear é observado na saída, e leva algum tempo para estabilizar com um determinado erro, conforme a Fig. 6.16. Fig. 6.16: Resposta ao degrau do amplificador buffer. O transiente não linear é chamado slew-rate (SR), e gasta um intervalo de tempo TSR, enquanto o linear demora TLIN. O tempo de estabilização TEST do OTA é definido como a soma dos dois transientes. TEST = TSR + TLIN (6.43) O slew-rate está diretamente relacionado com a corrente de polarização do OTA. Sendo I o max = I bias para o circuito com saída simples e I o max = I bias 2 para o diferencial, tem-se SR = ∆Vo I o max = ∆T CL (6.44) Quanto menor for TSR, maior será o slew-rate e conseqüentemente Iomax. Portanto, a corrente de polarização depende do slew-rate e da carga CL. Entretanto, o tempo de estabilização linear não depende da corrente de polarização, e pode ser otimizado. Desta forma, minimizando TLIN, pode-se aumentar TSR e conseqüentemente reduzir o consumo de potência do amplificador. 6.7 Otimização Com Auxílio de Simuladores A precisão do critério de projeto descrito na seção 6.6 é muito dependente da modelagem do OTA. Quanto mais preciso for o modelo empregado, melhores serão os resultados. Entretanto, os modelos empregados para descrição dos transistores são extremamente complexos, inviabilizando uma análise 70 Material não disponível para publicação literal simplificada do problema. Em alguns casos, muito específicos, é possível reduzir a complexidade dos modelos dos transistores, sem perda apreciável de precisão. De forma geral, deve-se poder trabalhar com o conjunto de equações que modelam os transistores. Um meio eficiente de executar esta tarefa é o uso de programas de simulação. O problema da otimização resume-se a dimensionar um amplificador com OTA, cuja resposta ao degrau estabilize com erro ε em um intervalo de tempo TEST. Conforme mostrado nas seções 6.3.1 e 6.1.4, a transcondutância gmd ( s ) não depende das dimensão W dos transistores, à exceção do par diferencial de entrada que controla o ganho de corrente DC. Portanto, o tempo de estabilização linear TLIN não depende da largura dos transistores. Sabe-se a priori que para obter amplificadores rápidos, deve-se usar o menor L possível para os transistores e o maior ∆Vgs , sendo este um parâmetro obtido da excursão de tensão de saída. O método proposto resume-se nos passos descritos a seguir: Passo 1: Escolhe-se o tipo de OTA a ser usado e a estrutura onde será empregado. Por exemplo considere o amplificador buffer com carga capacitiva da Fig. 6.17, que é uma configuração muito crítica do ponto de vista da estabilidade, devido à taxa de realimentação unitária. Especificam-se os parâmetros do amplificador como por exemplo, excursão de tensão na saída e tempo de estabilização com erro ε. + Vin(t) Vo(t) _ CL Fig. 6.17: Amplificador buffer para otimização. Passo 2: Calcula-se o ∆Vgs para atender à excursão de tensão na saída, e escolhe-se o menor L admissível. Passo 3: Como ponto de partida, considere o OTA ideal e encontre a resposta ao degrau do circuito, que no exemplo é gm − dt vo ( t ) = Vm 1 − e CL (6.45) assuma que TLIN = TEST 2 e pela especificação do erro de estabilização ε, calcula-se o gmd pela fórmula gmd = − 2ln ( ε ) CL TEST (6.46) Passo 4: Calcula-se o Iomax pelas equações 6.43 e 6.44. I o max = 2∆Vo CL TEST (6.47) Passo 5: Com os valores obtidos nas equações 6.46 e 6.47, calculam-se as dimensões dos transistores. Evidentemente, estas dimensões não são ótimas, podendo ser modificadas para reduzir o selew-rate e 71 Material não disponível para publicação conseqüentemente o consumo de potência. É importante observar que o parâmetro que controla o TLIN é a dimensão Wd dos transistores do par diferencial de entrada. Passo 6: Com o auxílio de um programa de simulação, aplique um degrau de tensão vin ( t ) ao circuito, com amplitude alta suficiente para que haja máxima excursão de tensão na saída, e meça o tempo de ′ . Repita este procedimento para vários valores de Wd (em torno do valor inicial), estabilização real TEST ′ é mínimo. Observe que a redução em TEST ′ corresponde a diminuição de até obter-se o Wd onde TEST TLIN, pois TSR não varia com gmd. Isto permite reduzir o slew-rate e conseqüentemente a corrente Iomax , ′ = TEST ou seja, forçando TEST 1 1 ∆I o max = − ∆Vo CL ′ TEST TEST (6.48) ′ > TEST . Neste caso é necessário Observe que ∆Iomax pode ser negativa, significando que TEST aumentar a corrente de polarização, para atender à especificação de tempo de estabilização. Passo 7: Calcula-se a nova corrente máxima de saída e a nova largura de canal do par diferencial de entrada. I o′ max = I o max − ∆I o max Wd′ = (6.49) I o max Wd I o′ max (6.50) A equação 6.50 é necessária para manter gmd constante durante o escalonamento da corrente. Passo 8: Com o valor de I o′ max encontrado no passo 6, recalculam-se as dimensões dos transistores. Mede-se novamente o tempo de estabilização e verifica-se se atende à especificação. Caso positivo, o processo está terminado. Caso contrário, deve-se iniciar o passo 6 novamente, fazendo Wd ← Wd′ (6.51) I o max ← I o′ max Ex: Considerando o circuito da Fig. 6.17, dimensionar um OTA em cascode regulado para uma carga capacitiva de 500fF, tempo de estabilização de 25ns com erro de 0.1% e excursão de sinal de 2V. O processo de integração utilizado possui k pN = 103µ , k pP = 35.6 µ , VTN = 0.84V , VTP = −0.734V e Vdd = 5V . Passo 1: A estrutura escolhida é o amplificador buffer com carga capacitiva. + Vin(t) Vo(t) _ CL Passo 2: Cálculo de ∆Vgs pela equação 6.21: ∆Vo = 2 = 5 − 4∆Vgs − 0.734 − 0.84 ∆Vgs = 356.5mV Passo 3: Cálculo de gmd pela equação 6.46: 72 Material não disponível para publicação gmd = − 2ln ( 0.001) 500 ⋅ 10−15 25 ⋅ 10−9 = 276.3µ Passo 4: Cálculo de Iomax pela equação 6.47: I o max = 2 × 2 × 500 ⋅ 10−15 = 80 µ A 25 ⋅ 10−9 Passo 5: Cálculo das dimensões dos transistores. Com referência à estrutura da Fig. 6.6, assume-se que I d 13 = I bias , I d 6 = I d 19 e I d 8 = I d 18 . Desta forma tem-se para as dimensões dos transistores: TRANSISTOR W (µm) L (µm) M1, M2 7.4 0.8 M11, M12, M17, M14,M13 9.8 0.8 M3, M4, M5, M6, M18, M20, M21 4.9 0.8 M7, M8, M19, M22, M23 14 0.8 M9, M10, M15, M16 28 0.8 ′ = 13.7ns com Wd = 22µ m . Pela equação 6.48 Passo 6: Com o auxílio de um simulador, obtém-se TEST calcula-se 1 1 ∆I o max = − × 2 × 500 ⋅ 10−15 = 33µ A −9 −9 25 ⋅ 10 13.7 ⋅ 10 Passo 7: Cálculo da nova corrente máxima de saída e da nova largura de canal do par diferencial de entrada, usando as equações 6.49 e 6.50. I o′ max = 80 ⋅ 10 −6 − 33 ⋅ 10−6 = 47 µ A Wd′ = 80 ⋅ 10−6 × 22 ⋅ 10−6 = 37.4 µ m −6 47 ⋅ 10 Passo 8: Redimensionamento dos transistores. TRANSISTOR W (µm) L (µm) M1, M2 37.4 0.8 M11, M12, M17, M14,M13 5.7 0.8 M3, M4, M5, M6, M18, M20, M21 2.9 0.8 M7, M8, M19, M22, M23 8 0.8 M9, M10, M15, M16 16.3 0.8 O novo tempo de estabilização medido é TEST = 24.8ns , que satisfaz à especificação. A figura abaixo mostra a resposta do amplificador a um pulso de tensão na entrada. 73 Material não disponível para publicação 4.0V 3.0V 2.0V 1.0V 0s V(VOUT) 20ns 40ns 60ns Time 74 80ns 100ns