Meio ambiente e educação ambiental: formação continuada de professores de escolas públicas de nível fundamental no Município de Cabedelo, Paraíba Autoria: Rafael Angel Torquemada Guerra - [email protected] Francisco José Pegado Abílio - [email protected] Francisco Neidinaldo Frutuoso de Arruda Instituição: Universidade Federal da Paraíba - UFPB, Brasil Resumo O distanciamento entre a Universidade e o Ensino Fundamental, particularmente na adequação e aplicação dos programas públicos, como é o caso do tema transversal Meio Ambiente contido nos PCN, é um fator que contribui para uma descontinuidade no processo de formação dos professores desse nível de ensino. Os professores precisam buscar alternativas e/ou instrumentos para desenvolver os conteúdos de Meio Ambiente e Educação Ambiental na sala de aula. Atualmente, o que vem sendo muito discutido é a sua re-profissionalização (Formação Continuada), ou seja, a atualização de professores e a revisão de suas práticas e conceitos. O objetivo principal deste trabalho é gerar competências no tratamento da Questão Ambiental através da Educação Ambiental no ensino fundamental da rede pública do município de Cabedelo, na perspectiva da formação continuada dos professores e da sustentabilidade local. O projeto está sendo desenvolvido em cinco escolas da rede pública municipal do ensino fundamental (1º, 2º, 3º e 4º ciclos) do município de Cabedelo, as quais estão implantando Projetos de Educação Ambiental na sua prática educacional. Para facilitar essa prática, cada escola recebeu do projeto um kit de materiais didáticos para serem utilizados no desenvolvimento dos trabalhos. Até o momento foram desenvolvidas as seguintes atividades: Diagnose do âmbito escolar; Análise da prática educativa dos professores; Análise do Livro Didático de Ciências; Minicurso Pedagogia de Projetos e Educação Ambiental; Produção de Textos e Aplicação de Cartilhas com Temas Ambientais. Constatou-se de um modo geral que os professores apresentam concepções de meio ambiente como Biosfera ou lugar para viver e sobre a educação ambiental, em sua maioria, os docentes desenvolvem apenas atividades comemorativas na escola, como semana do meio ambiente e dia da árvore. Sobre a análise do livro didático de Ciências e Geografia, verificamos que os livros adotados pelas escolas necessitam de ser avaliados de forma crítica quanto à temática ambiental. Os projetos adotados pelas escolas foram: “Lixo”, “Mata” e “Praia”, para as escolas de 5ª a 8ª séries e as cartilhas temáticas “Cuidando da nossa comunidade” e “Manguezal” estão sendo trabalhadas nas escolas de 1ª a 4ª séries. Os alunos da 8ª série produziram também textos e desenhos sobre os temas praia, mata e lixo. Os mais significativos comporão uma cartilha educativa que será produzida e, posteriormente trabalhada em sala de aula com eles. Por outro lado, os professores, como parte integrante dos projetos, estão levando seus alunos para realizarem aulas práticas na praia, na mata e no entorno da escola com o intuito de identificarem ali, os problemas ambientais elencados pela comunidade escolar. As escolas como um todo, vêm correspondendo de forma satisfatória à proposta do projeto e, de maneira geral, até os próprios alunos estão engajados na proposta vislumbrando desde uma continuidade do mesmo. Introdução Os Temas Transversais, abordados pelos PCN (BRASIL, 1998), trazem a inclusão de um núcleo de conteúdos, ou temas, reunidos sob a denominação geral de “Convívio Social e Ética”, 1956 em que a Ética, a Pluralidade Cultural, o Meio Ambiente, a Saúde e a Orientação Sexual devem passar a serem trabalhados nas escolas transversalmente aos conteúdos tradicionais. Com a inclusão desses temas na estrutura curricular das escolas brasileiras de ensino fundamental e médio, conforme previsto no documento elaborado pela equipe do MEC, pretende-se o resgate da dignidade da pessoa humana, a igualdade de direitos, a participação ativa na sociedade e a coresponsabilidade pela vida social. Assim sendo, a solução para os problemas ambientais primeiramente da rua, depois do bairro, da cidade até chegarmos ao planeta, pode começar com um simples gesto de não jogar um papel de bombom no chão ou quem sabe, até um grande movimento público em favor do Meio Ambiente. Mas, para que isso aconteça, a comunidade, começando pela escolar e chegando à sociedade como um todo, deve estar ciente de que ela faz parte de um todo, e deve além de tudo estar interessada na solução da problemática ambiental, nunca esquecendo que estamos dentro de um ciclo ecológico no qual se fizermos mal a uma árvore num dado momento, no futuro sentiremos as conseqüências desse feito. Para que isso um dia possa acontecer de uma forma total, teríamos que ter um agente formador de cidadãos conscientes na nossa sociedade, para que ela esteja realmente interessada nessa solução. E quem seria este agente? Aí entra a importância da escola, que além das maneiras formais de prática educativa, também está capacitada para formar forças eficazes de influenciar o comportamento das pessoas que estão à nossa volta. Afinal, se a escola pretende estar em consonância com as demandas atuais da sociedade, é necessário, segundo os PCN, que trate de questões que interferem na vida diária dos alunos, contribuindo para a formação do cidadão participativo, plenamente reconhecido e consciente de seu papel na sociedade. Segundo GUERRA & GUSMÃO (2004), nas escolas, o que torna o trabalho de implementação de um projeto de Educação Ambiental e de outros projetos de uma maneira geral, quase que impossível de ser realizado, são professores que acham que já estão velhos para mudar os seus métodos de trabalho, é a falta de apoio do corpo técnico, que não discute com os professores o que está se passando nas salas de aula etc. Os professores recebem apenas cobranças por parte do corpo técnico e dos pais, exigências do governo que impõe cursos de “reciclagem” mas depois não fornece meios para a manutenção das propostas abordadas no curso. Muitas destas propostas de trabalho são únicas, não levando em conta que cada escola possui uma identidade própria o que as inviabiliza. Portanto, se quisermos que as crianças e os jovens de hoje sejam os protetores desse meio ambiente de tal forma que nossos filhos e netos possam relacionar-se com ele como parte implícita dele, devemos arregaçar as mangas já e fazer tudo aquilo que for possível para sensibiliza-los, através de um processo contínuo de Educação Ambientala Objetivos Gerar competências no tratamento da questão ambiental através da Educação Ambiental na rede pública de ensino do município de Cabedelo, na perspectiva da formação continuada dos professores e da sustentabilidade local através da implementação de projetos de Educação Ambiental em cinco escolas de nível fundamental. Metodologia O projeto está sendo desenvolvido em 5 (cinco) escolas da rede pública municipal do ensino fundamental (1ª à 8ª séries) do município de Cabedelo, que estão implantando Projetos de Educação Ambiental na sua prática educacional através das seguintes atividades: -Diagnose do âmbito escolar e análise da prática educativa dos professores. Utilizando a observação in loco, foram realizadas entrevistas e aplicados questionários sobre as condições de trabalho e o perfil dos docentes, diagnosticando os principais problemas e definindo potencialidades da escola e do seu entorno. 1957 -Análise do Livro Didático de Ciências e Geografia. Uma vez que a temática ambiental de maneira geral é tratada apenas nos livros de Ciências e/ou Geografia, foi feito uma análise crítica dos conteúdos de Meio Ambiente e Educação Ambiental nos livros adotados pelas escolas, baseando-se nos critérios estabelecidos pelo PNLD 2004 (Programa Nacional do Livro Didático). -Mini-curso Pedagogia de Projetos e Educação Ambiental. Elaborado pela equipe e desenvolvido na Secretaria de Educação em que foram fornecidos subsídios para a elaboração e implementação das fases e etapas de projetos ambientais no âmbito escolar assim como, desenvolver potencialidades e a formação continuada dos professores; -Oficina Pedagógica de Produção de Textos. Os professores de cada série desenvolveram com seus alunos a técnica da produção de textos referentes à temática do projeto de Educação Ambiental adotado pela escola; -Produção e aplicação de cartilhas com temas ambientais. A equipe do LEAL – Laboratório de Educação Ambiental Lúdica da UFPB já tinha produzido uma cartilha sobre a temática do manguezal, a qual foi aplicada nas turmas de 1ª à 4ª séries do ensino fundamental e produzirá outras em colaboração com os alunos da 5ª à 8ª séries; -Oficina de Teatro de Bonecos. Foram desenvolvidas juntamente com os professores várias atividades com a temática ambiental através do uso de bonecos de fantoches. Para tanto, tivemos a colaboração de especialistas que desenvolveu com os professores técnicas de confecção, manipulação e dramatização na área de fantoches. Resultados e discussão MOREIRA (1988) resume muito bem o papel do professor-pesquisador como instrumento de melhoria do ensino. De acordo com o autor, pesquisar implica em observar e registrar eventos, converter tais registros em dados e transformá-los, de modo a chegar a novos conhecimentos, os quais, por sua vez, são interpretados à luz de teorias, princípios, conceitos. Os Professores, de fato, desempenham papel indispensável na pesquisa educacional como usuários de resultados dessa pesquisa. Mas não se converterão em usuários se não se sentirem comprometidos com tais resultados, se não sentirem que esses são também seus resultados. Uma maneira de se chegar a isso é ter o próprio professor da escola alvo do projeto como pesquisador-colaborador. Partindo deste princípio, as atividades desenvolvidas nas esolas envolveram os professores e são descritas a seguir. Diagnose dos docentes e análise de sua prática educativa Dos professores que fizeram parte da pesquisa (54 no total), 39 possuem curso superior, sendo que destes 12 já fizeram um curso de especialização; 9 professores estão cursando uma faculdade e apenas 6 possuem o magistério. Com relação ao tempo médio de atividades com ensino, encontramos um período médio de 10 anos (máximo de 14,5 anos e mínimo de 8,7anos). Dos professores que fizeram parte da pesquisa 18 desenvolvem outra atividade fora da escola. Constatou-se de um modo geral que os professores apresentam Concepções de Meio Ambiente (de acordo com a tipologia de SAUVÉ, 1997) como Lugar para Viver (59,25%), como Natureza (25,92%), como Biosfera (12,96%) e apenas um professor (1,87%) não respondeu. Quando questionados sobre que profissional deveria abordar o tema Meio Ambiente na sala de aula, 41 professores enfatizaram que deveriam ser todos os profissionais (“Todos os profissionais da educação, pois o tema requer bastante responsabilidade e atenção.”; “Não há um profissional especifico para tratar desta temática. Todos somos responsáveis por esta questão”), 4 professores comentam que deveria ser apenas o professor de Ciências (“O professor de ciências por que envolve todo meio em que vivemos”; “O professor de ciências, por que ele está apto e entende o assunto em questão”) e os demais professores não responderam. 1958 Sobre o desenvolvimento de atividades na sala de aula sobre as questões ambientais, 50 docentes desenvolvem a temática (“Sim, as crianças estão em formação e precisam formar conceitos. A escola faz parte do meio ambiente, portanto é uma necessidade trabalhar o tema.”; “Trabalho quase todos os dias abordando o tema, debatendo, para que o educando tire suas duvidas e ajude na defesa do meio que ele vive.”; “Para informar os cuidados que devemos ter para preservar a nossa natureza, o ar que respiramos, a água que bebemos, a nossa alimentação”) e apenas 3 professores afirmaram que não trabalham a temática na sala de aula e um não respondeu. Quando questionados sobre o que seria Educação Ambiental, 26 professores enfatizaram “Meio de Conscientização”, 11 “Preservação do Meio Ambiente”, 4 “Respeito à Natureza”, 4 “Estudo do Meio Ambiente” e 9 professores apresentaram outras definições de forma desconexa. E sobre que tipo de atividades de EA eles desenvolvem na sala de aula, 41 professores afirmam que praticam (“Além da conscientização, reaproveitamento ao máximo do material utilizado, coleta de garrafas, coleta de lixo”; “ Sim. Projeto água. Não poluir o mar e os rios para nossa sobrevivência e conservação do meio ambiente. Projeto natureza. Não tocar fogo nas matas, não jogar lixo nas ruas e rios, mares. Colocar lixos sempre em sacos. Não fazer desmatamento”), já 13 professores não desenvolvem atividades referentes a EA. Sobre o questionamento de qual seria o papel da EA na solução de problemas ambientais, os decentes responderam: “Meio de Conscientizar” (33 professores), “Meio de Preservação do Meio Ambiente em geral” (8 professores) e “Educar sobre o Meio Ambiente”, “Educação em geral”, “Desenvolver soluções” um professor cada. Do total, 9 docentes deram respostas desconexas ou não responderam. Como afirmam GUERRA & ABÍLIO (2005a) falar sobre problemas sócio-ambientais, Educação Ambiental e meio ambiente exige dos professores um bom embasamento conceitual para poder debatê-los, analisá-los e discuti-los com seus alunos. Afinal esses alunos serão os “gerenciadores ambientais” de um futuro não tão distante. Se, para eles não estiver claro o entendimento dos temas abordados aqui, EA e meio ambiente, como poderão diferenciá-los? Daí a importância dessa percepção ser o mais consistente possível para poder, a partir daí, arregaçar as mangas e tentar solucionar os problemas sócio-ambientais de nossas cidades. Portanto, a formação continuada dos profissionais da educação se faz necessário e urgente para que se possam desenvolver processos de sensibilização ambiental e para que os atores sociais da escola possam agir como agentes críticos e reflexivos para que tenhamos um futuro melhor (ABÍLIO & GUERRA, 2005; GUERRA & ABÍLIO, 2005b). Análise do livro didático de Ciências Sobre a análise do livro didático de Ciências e Geografia, verificamos que os livros adotados pelas escolas necessitam ser avaliados de forma crítica quanto à temática ambiental. Foram analisados 12 obras e, destas 83% (10) não apresentam capítulos específicos sobre Meio Ambiente e Educação Ambiental e apenas 2 (17%) desenvolvem o tema em capítulos. Mas é importante salientar que dos 10 livros que não apresentam capítulos sobre MA e EA, 8 (oito) desenvolvem as temáticas ambientais ao longo do livro texto. Através da análise dos conteúdos sobre meio ambiente, podemos classificar nas seguintes categorias de SAUVÉ (1997): como Natureza (4 livros), como Lugar para Viver (2 livros), como Projeto Comunitário e como Recurso (1 livro cada). Das obras analisadas apenas 2 (dois) apresentaram um conceito/definição para MA e nenhuma das obras definem o que é EA. Apesar de que em sua maioria, 9 livros, apresentam conteúdos que pode favorecer uma postura de respeito ao ambiente e para a conservação dos recursos naturais. Os conceitos mais bem trabalhados foram de Ecossistema, Poluição e Biodiversidade, o que demonstra uma tendência de Educação Ambiental Ecossistêmica, Conservacionista e / ou uma confusão com os conteúdos da ciência Ecologia. De uma maneia geral nos Livros Didáticos de Ciências os temas sobre MA e EA são tratados de forma superficial. A prática pedagógica da EA requer um caminho bastante complexo, envolvendo um plano da reflexão e das experiências adquiridas mediantes a realização de certos projetos experimentais, tendo como suporte um rico potencial metodológico e materiais didáticos auxiliares (SATO, 2002). 1959 A pedagogia de projetos e a Educação Ambiental A busca de coerência entre o que se pretende ensinar aos alunos e o que se faz na escola, e o que se oferece a eles, é fundamental. O planejamento de Projetos Escolares visa à integração de conteúdos por meio de temas de trabalho, para a intervenção problematizadora, para a busca de informações em fontes variadas e para a sistematização de conhecimentos (BRASIL, 1998). Nos projetos abre-se espaço para uma participação mais ampla dos estudantes, pois várias etapas do processo são decididas em conjunto e seu produto é algo com função social real, tais como um jornal, um livro, um mural, uma apresentação pública, etc. A partir do minicurso “Pedagogia de Projetos e EA”, que teve a participação de 40 professores das escolas públicas municipais de ensino fundamental de Cabedelo foi trabalhado um roteiro com as fases e etapas de implantação de um projeto de ensino (ABÍLIO, 2005b). O minicurso teve a duração de 8 horas aulas e neste foram formadas as equipes das cinco escolas selecionadas, as quais apresentaram como propostas de projetos para serem desenvolvidos nas escolas os temas “Lixo”, “Mata” e “Praia”, para as escolas de 5ª a 8ª séries e “Manguezal” para as 2 escolas de 1ª a 4ª séries. Cada um dos projetos, que tiveram sua execução iniciada em fevereiro de 2005 e término previsto para novembro do mesmo ano, tomou como eixo norteador uma temática de relevância sócio-ambiental-cultural de uma realidade local e foram desenvolvidas várias atividades tais como: Projeto Lixo. Tinha como objetivos Contribuir para a formação dos docentes e discentes conscientes de problemas ambientais como o do lixo, comprometidos com a qualidade de vida de hoje e das gerações futuras, para que possam atuar como multiplicadores na defesa do meio ambiente e na conquista dos direitos e na prática dos deveres dos cidadãos; Identificar, localizar e diagnosticar a comunidade do Renascer II (Cabedelo, PB), no espaço Geográfico; Analisar as condições ambientais do bairro; Refletir sobre os impactos ambientais causados pela deposição incoerente de lixo; Perceber a importância dos recursos naturais na vida humana; Motivar e sensibilizar a comunidade escolar para o trabalho de Conservação da Natureza; Promover hábitos e atitudes que ajudem a manter a limpeza em casa, na escola, na cidade; Reconhecer as doenças que podem ser transmitidas por meio do lixo; Compreender o processo de seletividade do lixo; Sensibilizar a comunidade escolar sobre a importância da reciclagem e do reaproveitamento do lixo; Despertar atitudes de participação do educando em sua comunidade, rumo a melhoria na qualidade de vida; Desenvolver atitudes de respeito (combate ao preconceito) e valorização do trabalho efetivado pelos garis e agentes ambientais; Perceber a necessidade de mudanças comportamentais em toda a sociedade para termos um ambiente mais propício à vida; Entender e praticar o slogan: “pensar globalmente, agir localmente”. Atividades Desenvolvidas: Histórias e cartilhas infantis sobre o Lixo (Cuidando de nossa comunidade); discussões sobre o problema do Lixo no ambiente; produção de ilustrações e mensagens sobre a Literatura Infantil lida; observação do ambiente no entorno da escola; concurso de Mensagens: Tema – o Lixo no Renascer II; vídeos sobre o problema do Lixo no ambiente; observação dos tipos de lixo produzidos na escola, seguido de coleta e separação nos recipientes adequados; dinâmicas envolvendo a separação de materiais recicláveis; entrevistas com a população do bairro e a produção de texto sobre as entrevistas realizadas; construção de gráficos com os dados da pesquisa realizada no bairro; resolução de problemas matemáticos sobre o tema do projeto; Teatro de bonecos; confecção de fantoches a partir de materiais recicláveis e montagem da peça teatral com bonecos; Oficinas de reaproveitamento de materiais (lixo); Montagem de maquetes (modelo tridimensional); Caminhada de sensibilização pela Comunidade, alertando quanto aos problemas causados pelo Lixo no ambiente (cartazes, faixas, coleta seletiva). Projeto Mata. Tinha como objetivos Promover o conhecimento do Meio, oportunizando um melhor relacionamento entre as pessoas e o meio em que vivem na busca da promoção e construção da cidadania; Reconhecer e respeitar o ambiente de vivência, promovendo a autoestima social propiciando um melhor relacionamento entre a comunidade e os membros que a integram; Motivar a criatividade, despertando o interesse para as mudanças necessárias melhorando o ambiente que compartilham; Reaproveitar os recursos disponíveis na Comunidade, reconhecendo a importância e a valorização da Mata do Estado no bairro. 1960 Atividades Desenvolvidas: Oficina de Textos ilustrativos para o desenvolvimento da cartilha; Elaboração de folder conscientizando a população do perigo que o lixo causa a saúde e agressão à mata; Adoção de uma área da escola, praça, canteiro do bairro e igreja para o plantio de árvores frutíferas e acompanhar seu crescimento; Concurso de redação e poesia; Leitura de gráficos (matemática); Pesquisa sobre o meio ambiente; Leitura e interpretação de textos relacionados ao desmatamento; Relatórios; Confecção de maquetes; Oficinas de reciclagem; Apresentação de vídeos e leitura de paisagem da Mata Atlântica; Confecção de painéis educativos; Observação em loco da área estudada através de excursões; entrevistas, seminários e debates; Atividades lúdico-pedagógicas; Caminhada Ecológica percorrendo vários bairros da cidade, alertando a população para os problemas encontrados na Mata Atlântica. Projeto Manguezal. Tinha como objetivos Despertar a importância do mangue para a comunidade do Jardim Manguinhos (Cabedelo, PB); Reconhecer a importância do mangue como fonte de sobrevivência; Observar a destruição e poluição do mangue; Desenvolver nos alunos procedimentos e atitudes de respeito e conservação do meio ambiente. Atividades Desenvolvidas: visitas ao manguezal identificando os principais problemas de poluição; entrevistas com as famílias dos alunos que vivem e utilizam os recursos do manguezal; distribuição de panfletos construídos pelos alunos; caminhadas ecológicas informando sobre a necessidade da conservação do manguezal; construção de livretos informativos sobre os problemas do manguezal, com os alunos; palestras proferidas para alunos e pais; confecção de um jornal sobre o tema para distribuí-lo na comunidade; atividades lúdicas pedagógicas com a temática do manguezal e a aplicação da cartilha educativa (“Naldo, o calango retirante”). Projeto Praia. Tinha como objetivos Promover a sensibilização de toda a comunidade escolar para a conservação do ambiente escolar e da Praia do Poço através do reconhecimento dessa área como fonte de vida e trabalho; Identificar os tipos de resíduos colocados de forma aleatória na área do projeto; Envolver a comunidade escolar (equipe técnico pedagógica, professores, alunos e pais) no trabalho de valorização da limpeza ambiental; Desenvolver nos alunos o senso reflexivo-crítico sobre a problemática ambiental; Implementar no projeto atividades que demonstrem a mudança comportamental dos alunos; Incentivar a participação dos alunos como agentes multiplicadores do trabalho de limpeza ambiental; Produzir uma cartilha sobre a conservação da Praia do Poço. Atividades Desenvolvidas: visitas à praia com a aplicação de questionários para diagnosticar sua realidade; Filme “O dia depois de amanhã”; produção de painéis informativos sobre conservação ambiental; exposição de trabalhos; produção de desenhos para a cartilha educativa;oficina de confecção de bonecos para uso em dramatizações dos temas ambientais locais. Oficina pedagógica de produção de textos Como modalidade didática, as Oficinas Pedagógicas, na sala de aula proporcionam a construção de conhecimentos coletivos a partir de situações vivenciadas pelos participantes, assim como possibilita aprofundar a reflexão sobre a educação, a escola e a prática que nela se efetiva (ABÍLIO, 2005a); Voltados para o estudo das questões ambientais, alguns autores têm proposto o termo “Oficinas Ecológicas” tendo por objetivo principal a intenção viva da descoberta, por parte de todos, pensando, fazendo, criando, experimentando e discutindo (ANDRADE et al., 1996). Os alunos da 8ª série produziram também textos e desenhos sobre os temas praia, mata e lixo. Os mais significativos foram selecionados para compor uma cartilha educativa que já está sendo trabalhada em sala de aula com eles. Por outro lado, os professores, como parte integrante dos projetos, estão levando seus alunos para realizarem aulas práticas na praia, na mata e no entorno da escola com o intuito de identificarem ali, os problemas ambientais elencados pela comunidade escolar. 1961 Atividades lúdico-pedagógicas No decorrer do projeto foram desenvolvidas, junto com os professores e alunos das escolas alvo do projeto, oficinas de produção e manipulação de bonecos, peças teatrais, dinâmicas de grupo, músicas, vídeos educativos, atividades com desenhos, concurso de paródias, gincanas, produção de recursos didáticos (murais e modelos) que favoreceram uma maior dinamização das atividades e maior motivação na participação da comunidade escolar. Conclusões A partir das atividades desenvolvidas nas 5 escolas de Cabedelo-PB podemos fazer as seguintes considerações: As escolas como um todo, corresponderam de forma satisfatória à proposta do projeto e, de maneira geral, os próprios alunos se engajaram nela vislumbrando desde já, uma continuidade do mesmo;. A “sensibilização ambiental” com temas de relevância para o município como Lixo, Praia, Manguezal e Mata, foi promovida e acreditamos que o projeto contribuiu para a formação de multiplicadores sobre as questões ambientais urgentes na localidade; Constatamos uma rica produção de materiais instrucionais e educativos com a participação dos alunos e professores o que de certa forma contribuiu para o sucesso do projeto; Percebemos que, a partir do desenvolvimento das atividades lúdico-pedagógicas sobre MA e EA houve uma participação efetiva e que isso de certa forma contribuiu para uma aprendizagem significativa dos temas ambientais. Portanto, acreditamos que o processo de formação continuada dos professores do município de Cabedelo, a partir da temática ambiental, está se concretizando de fato o que vem a contribuir para a sensibilização ambiental dos atores sociais da escola. Referências ABÍLIO, Francisco José Pegado & GUERRA, Rafael Angel Torquemada A temática ambiental no ensino de Ciências: um projeto de formação continuada de professores de ensino fundamental do Município de Cabedelo-PB. In:CONGRESSO INTERNACIONAL DE FORMAÇÃO CONTINUADA E PROFISSIONALIZAÇÃO DOCENTE, 2005, Natal: Anais. João Pessoa: Editora Universitária UFPB, 2005. pp. 520-521. ABÍLIO, Francisco José Pegado. Modalidades e Recursos Didáticos no Ensino de Ciências Naturais. In: ABÍLIO, F. J. P. & GUERRA, R. A..T. (Org.). A Questão Ambiental no Ensino de Ciências e a Formação Continuada de Professores de Ensino Fundamental. João Pessoa: UFPB/FUNAPE/LEAL, 2005a. pp. 79-90. ABÍLIO, Francisco José Pegado. 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GUERRA, Rafael Angel Torquemada & ABÍLIO, Francisco José Pegado. Meio Ambiente e Educação Ambiental: formação continuada de professores de Ensino Fundamental do Município de Pitimbu-PB. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE FORMAÇÃO CONTINUADA E PROFISSIONALIZAÇÃO DOCENTE, 2005b, João Pessoa. Anais, João Pessoa: Editora Universitária UFPB, 2005. p. 513-514. GUERRA, Rafael Angel Torquemada & GUSMÃO, Christiane Rose.de Castro. A implementação da Educação Ambiental numa escola de ensino fundamental. In: AZEITEIRO, U. M. et al (Org.) Tendências actuais em Educação Ambiental. Discursos: língua, cultura e sociedade, Número Especial, Lisboa: Universidade Aberta, p.329-346, 2004. MOREIRA, Marco Antônio. O professor-pesquisador como instrumento de melhoria do ensino de ciências. Em Aberto, Brasília, ano 7, n. 40, 1988. p.:42-55. SATO, Michele. Educação Ambiental. São Carlos-SP: Rima, 66p., 2002. SAUVÉ, Lucie. Educação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável: uma análise complexa. 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