1 Departamento Nacional de Pós Graduação e Atualização INAFUKO, Edson M. ¹ INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA NA INFÂNCIA São Paulo, SP 2012 ¹ Pós – graduando, pelo curso de graduação Lato Sensu em Medicina Intensiva Pediátrica e Neonatal, pela Faculdade Redentor. E – email: [email protected] 2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 03 1. METODOLOGIA .............................................................................................. 05 2. FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA NA INFÂNCIA ................................................ 07 2.1. Fatores predisponentes da IRA na infância................................................ 08 3. CAUSAS DE IRA NA INFÂNCIA ..................................................................... 12 4. PATOLOGIAS RESPIRATÓRIAS .................................................................. 15 5. DIAGNÓSTICO CLÍNICO ................................................................................ 17 6. DIAGNOSTICO LABORATORIAL .................................................................. 18 7. TRATAMENTO ................................................................................................ 19 8. SITUAÇÕES CLÍNICAS ESPECÍFICAS DE IRA NA INFÂNCIA .................... 32 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 37 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 38 3 INTRODUÇÃO A morbidade e a mortalidade em adultos estão relacionadas com doenças cardiovasculares enquanto que na população pediátrica compreende-se ao comprometimento do sistema respiratório. A criança é particularmente suscetível a desenvolver insuficiência respiratória, pois existem diversos fatores inter-relacionados que favorecem essa evolução, desde peculiaridades anatômicas a características fisiológicas e imunológicas, tais como o pequeno diâmetro das vias aéreas que ocasiona maior tendência à obstrução; função muscular intercostal e diafragmática menos maduras favorecendo à exaustão; os poros de ventilação colateral (Canais de Lampert e Poros de Kohn) pobremente desenvolvidos, favorecendo à formação de atelectasias; caixa torácica mais complacente; incoordenação tóraco-abdominal durante o sono REM que prejudica a higiene brônquica; pulmões com menos elastina nas crianças pequenas levando à diminuição na propriedade de recolhimento elástico com conseqüente diminuição na complacência pulmonar; sistema imunológico em desenvolvimento favorecendo às infecções (PIVA et al, 1997). Pode-se considerar como insuficiência respiratória aguda (IRA) toda condição clínica em que a principal função pulmonar, ou seja, as trocas gasosas, esteja alterada de tal forma que coloque em risco a sobrevivência dos outros órgãos ou tecidos nobres. O distúrbio da função pulmonar ocorre de maneira abrupta ou progressiva pela deterioração de doenças pulmonares ou extrapulmonar previa. A IRA pode ser desencadeada por problemas primários dos pulmões ou por distúrbios do sistema cardiovascular ou lesão do sistema nervoso central (SNC) ou periférico (SNP), ou por doenças do sistema muscular (LÓPEZ, 2002). De acordo com Piva et al (1997), descreve-se também a insuficiência respiratória como uma incapacidade do sistema respiratório de atender às demandas de oxigênio e/ou eliminar o dióxido de carbono (CO2) produzido por nosso organismo. A troca alveolar anormal pode ser conseqüência de um grande número de situações clínicas. Em função dessa variedade de doenças que levam à IRA, a abordagem terapêutica também é diversa. Os índices de mortalidade por causas respiratórias têm diminuído gradativamente, devido aos notáveis progressos no campo da terapêutica 4 respiratória, especialmente nos lactentes e recém – nascidos. Entretanto, em nosso meio, é a segunda causa de mortalidade infantil. A imaturidade pulmonar do prematuro vem sendo responsável pela maior parcela da elevada taxa de mortalidade dos recém – nascidos. Problemas respiratórios crônicos, como asma, bronquiectasia, mucoviscidose e outros são responsáveis por grande parte das admissões hospitalares na área da pediatria. Segundo López (2002), 25 % dos pacientes pediátricos internados são portadores de problemas respiratórios agudos e graves. Várias condições clínicas são capazes de determinar IRA na infância. Evidentemente, as doenças que acometem o sistema respiratório são responsáveis pela maioria. Entretanto, cardiopatias ou lesões do SNC, como poliomielite bulbar, meningites e encefalites, intoxicações por barbitúricos e envenenamento ou afecções do SNP, como a síndrome de Guillain – Barre (polineurite periférica) e a própria poliomielite são, também, causas de IRA na criança. 5 METODOLOGIA Esta pesquisa tem por característica um estudo descritivo, por referencial bibliográfico, que visa aprofundar os conhecimentos teóricos e planejar os principais cuidados e a qualidade dos mesmos prestados a pacientes pediátricos com insuficiência respiratória aguda. Para isso, serão abordados: conceito, incidência fisiopatologia, tipos, quadro clínico, classificação, complicações, seqüelas, diagnóstico e tratamentos. Com embasamento teórico, o tipo de pesquisa também será privilegiado pelo estudo bibliográfico. Segundo Oliveira (2000): “A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. Serão privilegiadas publicações, artigos, periódicos e informações diversas. De acordo com Lakatos e Marconi (2006): A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações, teses, material cartográfico, etc., até meio de comunicações orais, rádio gravações em fitas magnéticas e audiovisuais, filmes e televisão. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferências seguidas de debates que tenham sido transcritos por alguma forma, quer publicadas, quer gravadas. A pesquisa bibliográfica é o passo inicial na construção efetiva de um protocolo de investigação, portanto, após a escolha de um assunto é necessário fazer uma revisão bibliográfica do tema apontado. Assim proporcionando a este estudo uma nova abordagem, levando a apresentação de inovações e pertinentes conclusões. Essa pesquisa auxilia na escolha de um método mais apropriado, assim como num conhecimento das variáveis e na autenticidade da pesquisa. 6 2. FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA NA INFÂNCIA Durante o nascimento ocorrem modificações importantes na fisiologia respiratória do recém – nascido (RN). A situação passiva do feto, que consegue o oxigênio necessário para o seu metabolismo à custa do sangue materno, transforma-se abruptamente em situação ativa quando o recém – nascido tem que obter o oxigênio do meio ambiente, através da respiração, para suas necessidades vitais. Essa transição é bastante complexa e deve ocorrer em espaço de tempo relativamente curto: ao contrário de outros órgãos, os pulmões dispõem de minutos para se adaptar as suas novas funções. Essa transição não traz maiores conseqüências quando se instala uma respiração normal. Todo bebê nasce com IRA relativa, uma vez que apresenta hipoxemia e acidose respiratória transitória, que são rapidamente compensadas pelo inicio do processo de respiração espontânea (LÓPEZ, 2002). A persistência da hipoxemia e/ou acidose, ou o seu agravamento, indicam a possibilidade de pré – ou coexistência de fatores que impedem a ventilação plena ou a utilização metabólica do oxigênio respirado. A sensibilidade do cérebro das crianças, principalmente recém nascidos, à hipoxemia é bastante significativa. A maioria dos danos cerebrais permanentes provém da hipoxemia significativa durante o período perinatal. A asfixia completa de no máximo oito minutos de duração pode ser reversível quanto às funções vitais mínimas; no entanto, quase sempre restam seqüelas neurológicas permanentes, a maioria das quais não sendo detectadas clinicamente, são lesões cerebrais mínimas (LÓPEZ, 2002). As obstruções das vias aéreas em lactantes revestem-se de uma gravidade incomum pelo fato de que seus diâmetros internos são diminutos, facilitando sua oclusão. De outro lado, as vias aéreas periféricas, como brônquios secundários e terciários, ou bronquíolos, aumentam em calibre e numero, a partir do segundo e terceiro ano de vida, diminuindo o risco de sua oclusão total (LÓPEZ, 2002). 7 2.1. Fatores predisponentes da IRA na infância A incidência de IRA é maior na população pediátrica. As diferenças fundamentais entre o sistema respiratório dos adultos e das crianças contribuintes para o desenvolvimento de IRA são anatômicas e fisiológicas. Do ponto de vista anatômico, o calibre dos brônquios principais é três vezes menor e o numero de alvéolos e bronquíolos é 10 vezes menor no recém – nascido do que no adulto. O aumento em um milímetro na espessura da mucosa na região da glote reduz em 75% sua área em corte transversal no recém – nascido. A superfície alveolar em relação à superfície corporal e a altura do RN são três vezes e meia menor do que as do adulto, sendo o peso cerca de 20 vezes menor. Tais diferenças são importantes com o passar dos anos, desaparecendo próximo a puberdade (LÓPEZ, 2002). Stokes (2001) descreve que, ao nascer, hà criança já apresenta a quantidade definitiva de vias aéreas inferiores que terá na idade adulta. Portanto, a diferença entre as vias aéreas da criança e do adulto situa-se basicamente no diâmetro e no comprimento. O diminuto calibre das vias aéreas inferiores (e também das superiores) ocasiona elevada resistência à passagem do ar, favorecendo o aparecimento de quadros obstrutivos. Essa característica anatômica justifica a elevada prevalência de crises de broncoespasmo em crianças menores de 3 anos (10 a 20% da população infantil). Da mesma forma, pode-se entender o motivo pelo qual a laringite é tão prevalente (e grave) entre lactentes e crianças menores e, praticamente, inexistente ou inexpressiva entre adolescentes e adultos. Fisiologicamente em condições normais, a necessidade metabólica de oxigênio das crianças é duas vezes maior que a dos adultos. O consumo de oxigênio pode duplicar no caso de queda de 1 ou 2°C na temperatura corporal do recém – nascido ou do prematuro. A respiração do lactente é essencialmente diafragmática devido à posição horizontalizada das costelas e a maior expansibilidade da parede torácica (complacência). O diafragma é o músculo mais importante da respiração do lactente e uma distensão abdominal ou hiperinsuflação pulmonar pode levar facilmente à sua ineficiência. O espaço morto respiratório é relativamente maior do que nos adultos; a capacidade residual funcional (FRC) e o volume corrente (VC) aumentam 25 vezes desde o nascimento; entretanto, a 8 percentagem de ventilação do espaço morto mantém-se inalterada. A frequência respiratória diminui três vezes e a resistência das vias aéreas cai 10 vezes. A complacência pulmonar do recém – nascido é de 6 mL/cm H2O, sendo que no adulto o valor é de 200 mL/cm H2O, entretanto, as complacências especificas (complacência/ unidade de volume pulmonar) têm valores semelhantes: 0,055 mL/cm H2O/mL de volume pulmonar (LOUGH et al, 2000). Os alvéolos aumentam em tamanho e quantidade em função da idade. Assim, são 24 milhões de alvéolos no período neonatal, que atingem 250 milhões com 4 anos de idade e 300 milhões na população adulta. Como a cada ciclo respiratório são gerados volumes correntes pequenos, há a necessidade de frequências respiratórias elevadas para manter volume minuto adequado. Cabe lembrar que o volume minuto (VM) é o produto da frequência respiratória (FR) pelo volume corrente (VC), subtraindo-se a ventilação do espaço morto (VD) pela frequência respiratória [VM= (VCxFR) - (FRxVD)]. A elevada frequência respiratória associada ao baixo volume corrente tem como desvantagens um gasto energético elevado e, também, maior “perda” de volume por ventilar mais vezes áreas de espaço morto anatômico que, verdadeiramente, são áreas ventiladas e que não realizam trocas, como traquéia e brônquio (MENNA e OLIVEIRA, 2000). Em resumo, a respiração dos recém – nascidos e dos lactentes é menos eficiente, alem de mais laboriosa; a diminuição da ventilação alveolar, mesmo em pequenas proporções, aumenta a frequência respiratória e o trabalho diafragmático, que custam muito esforço e exigem maior gasto de oxigênio para o seu funcionamento adequado, contribuindo para a instalação da IRA (LÓPEZ, 2002). Os principais mecanismos responsáveis pela diminuição da ventilação alveolar são, segundo López (2002): • Obstrução das vias aéreas que se manifesta por hiperinsuflação, se a obstrução for parcial, ou por colapso, se a obstrução for total; • Condensação ou destruição do parênquima pulmonar; • Restrição à expansão pulmonar ou torácica; • Aumento do espaço morto fisiológico; • Depressão do SNC (centros respiratórios); Os distúrbios metabólicos mais precoces são a hipoxemia, resultante da hipoventilação alveolar e a hipercapnia (acidose respiratória) decorrente da 9 incapacidade de eliminar o CO2 alveolar. A hipoxemia tissular desencadeia o metabolismo anaeróbico com conseqüente acidose metabólica que, associada à hipercapnia, pode determinar a irreversibilidade do processo (LÓPEZ, 2002). Filho e Fernandes (2001) descrevem também em seu trabalho estes distúrbios e alterações, dividindo a IRA em três tipos: 1- IRA hipoxêmica (IRA tipo I): nesta situação, ocorre, predominantemente, a diminuição da pO2 (hipoxemia), sem retenção simultânea da pCO2, não havendo comprometimento ou diminuição significativa do volume minuto, razão pela qual a pCO2 está normal (entre 35 e 45 mmHg). Conforme a fase da doença desencadeante, a pCO2 pode estar normal ou diminuída (hiperventilação compensatória). Nessa situação há aumento do gradiente alvéolo capilar de oxigênio [D(A-a)O2, onde A= alveolar e a=arterial ]. Em condições normais, admite-se que a pressão parcial de oxigênio no alvéolo seja 5 a 20 mmHg superior à pressão parcial de oxigênio do sangue arterializado que deixa os pulmões (o mesmo de qualquer artéria periférica). As possíveis justificativas segundo Oliveira (2010) para essa hipoxemia por aumento de gradiente alvéolo capilar, a despeito de manter um volume minuto adequado, poderiam ser as seguintes: • alterações na permeabilidade das barreiras alvéolo-capilares com diminuição da capacidade de difusão (edema pulmonar, pneumonia intersticial, etc.); • alterações na relação ventilação/perfusão: aumento do espaço morto [áreas ventiladas e não perfundidas, como no caso de embolia pulmonar ou efeito shunt (área perfundida, porém, não ventilada, como nas atelectasias). 2- IRA hipercápnica (IRA tipo II): quando coexistem hipoxemia e hipercapnia, havendo diminuição do volume-minuto. Todavia, esse tipo de IR pode ser subdividido em dois outros grupos: a) central: em que ocorre hipoxemia e elevação da pCO2 sem haver aumento significativo do gradiente alvéolo-capilar de oxigênio (D(A-a)O2). A causa da diminuição do volume-minuto é extrapulmonar ou central (hipoventilação central, p.ex), sem comprometimento do parênquima, pleuras ou vias aéreas. Nestes casos, quando a ventilação diminui, provavelmente também ocorre diminuição da perfusão pulmonar regional, como resposta à hipoventilação (hipóxia e hipercapnia alveolares) e produzindo vasoconstrição pulmonar. Esse efeito é revertido com a administração de oxigênio (OLIVEIRA, 2010). 10 b) periférica: nestes casos, além da hipercapnia secundária à diminuição do volume minuto, a hipoxemia é mais acentuada em consequência de grande gradiente alvéolo capilar [D(A-a)O2elevada]. Um exemplo típico dessa situação seria no caso das doenças pulmonares obstrutivas (asma e bronquiolite), em que o alçaponamento progressivo de ar intra-alveolar impede uma adequada entrada e saída de ar a cada ciclo ventilatório (-volume corrente), ocorrendo então a retenção de CO2 (-volume minuto), mesmo havendo taquipnéia. Ocorre também uma desproporção entre a ventilação e a perfusão pulmonar de tal forma que, mesmo se obtendo alguma ventilação em determinadas áreas pulmonares, não ocorrerá a passagem de oxigênio do alvéolo para o capilar e daí a razão do grande gradiente alvéolo arterial de oxigênio (OLIVEIRA, 2010). Sabe-se também que a propriedade de distensibilidade dos pulmões e da caixa torácica é denominada complacência, definida como a mudança de volume por unidade de mudança de pressão. A compensação do comprometimento do parênquima pulmonar (vias aéreas inferiores e tecido pulmonar) se dá através da caixa torácica. Assim, por exemplo, num paciente com broncoespasmo grave ocorre resposta reflexa para aumentar a força contrátil da musculatura intercostal e diafragmática no sentido de aumentar a pressão negativa intratorácica e, conseqüentemente, promover uma melhor entrada de ar (aumento no volume corrente). Entretanto, como os ossos da caixa torácica da criança são frágeis e muito complacentes (grande elasticidade), esse aumento na contratilidade muscular acaba ocasionando retrações do arcabouço torácico (p.ex., retração esternal em pacientes com membrana hialina ou laringite viral). Desta forma, esta manobra compensatória utilizada na idade adulta e nas crianças maiores mostra-se ineficaz e limitada nas crianças menores (FILHO e FERNANDES, 2001). 3. CAUSAS DE IRA NA INFÂNCIA Cardiopatias congênitas Determina IRA por alterações na perfusão pulmonar e pelo edema alveolar. Durante o período neonatal estas cardiopatias são importantes, pois geralmente têm natureza congênita e apresentam sintomatologia clínica precoce. A diminuição da 11 perfusão pulmonar ocasiona hipoxemia relativa e hipercapnia importante. Para compensar a hipoperfusão, estabelecem-se shunts arteriovenosos intrapulmonares que agravam a hipoxemia e a hipercapnia existentes, como ocorre na estenose pulmonar grave ou na tetralogia de Fallot. O aumento da perfusão pulmonar também pode ocasionar IRA: nesta situação o fator principal é o edema alveolar. A hiperperfusão ocorre em pacientes com persistência de canal arterial (PCA) ou com comunicação interventricular (CIV) e hipertensão pulmonar, situação em que o edema pulmonar é de difícil controle e a letalidade muito elevada (DOWNES, 1999). Segundo Filho e Fernandes (2001) as malformações congênitas são altamente prevalentes no primeiro ano de vida, sendo algumas delas responsáveis por elevada parcela da mortalidade infantil. Muitas dessas malformações podem comprometer o sistema respiratório de forma primária (hipoplasia pulmonar, cisto broncogênico, enfisema lobar congênito, etc.) ou secundariamente (cardiopatias congênitas, hérnia diafragmática, hidrocefalia, etc.). Particularmente, algumas destas alterações não apresentarão precocemente sintomas graves (p.ex: mucoviscidose, refluxo gastroesofágico) e dependerão de alto grau de suspeição a fim de serem diagnosticadas. Lesões do sistema neuromuscular Sistema Nervoso Central Depois de crises convulsivas, reflexo da tosse esta abolido, possibilitando a aspiração de conteúdo gástrico para as vias aéreas; perda do controle central da respiração (depressão do centro respiratório – CR). Outras causas importantes de IRA, estão o edema cerebral, a sedação da gestante por drogas depressoras no pré – parto ou por ingestão ocasional de barbitúricos e opiáceos. Ocorrem hipoventilação e perda dos reflexos de defesa das vias aéreas, proporcionando a aspiração de conteúdo gástrico (OLIVEIRA, 2010). Aumento da pressão intracraniana, pode ocorrer por tocotraumatismo, hidrocefalia, infecções do SNC, como meningites e poliomielite, edema cerebral pós – convulsivo, no status epileticus, na hemorragia intracraniana e na hipertensão vascular sistêmica (OLIVEIRA, 2010). 12 Alterações químicas no sangue – a acidose, a hipoxemia grave e a hipercapnia moderada ou grave são depressoras patentes do SNC, perpetuando o circulo vicioso (depressão CR). Toxinas para o SNC – o tétano apresenta elevada toxicidade para o SNC, além de apresentar um componente periférico, os espasmos musculares, importantes na dinâmica respiratória. Sistema Nervoso Periférico • Síndrome de Guillian – Barre: polineurite infecciosa, simétrica e ascendente. • Poliomielite: nestas situações, a capacidade vital pulmonar está diminuída em 1/6 a 1/5 do normal, por acometimento dos grupos musculares responsáveis pela respiração, isto ocasiona hipoventilação, que se associa frequentemente com colapso ou diminuição do volume pulmonar ou com pneumonias (causadores da IRA). Musculares As doenças primariamente musculares, como distrofia muscular, miastenia gravis e dermatomiosite são raras e apresentam o mecanismo fisiopatogênico das lesões do SNP com diminuição da complacência pulmonar e da capacidade vital por fraqueza muscular. De acordo com Filho e Fernandes (2001), pode-se afirmar que existe proporcionalidade entre a massa muscular sistêmica e a massa muscular diafragmática. Assim, crianças prematuras e desnutridas apresentam diafragma atrófico ou pouco desenvolvido sujeito à fadiga e ao esgotamento precoce em situações que seja solicitado a trabalhar acima de suas condições. Essa é uma das razões da elevada prevalência de apneia em crianças prematuras e lactentes pequenos quando acometidos por diferentes doenças pulmonares, tais como doença da membrana hialina, bronquiolite, pneumonia, coqueluche etc. 13 4. DOENÇAS RESPIRATÓRIAS Os mecanismos respiratórios de produção de IRA são, basicamente, obstrutivos – obstrução das vias aéreas superiores ou inferiores – e restritivos da expansão do parênquima pulmonar e da expansão da parede torácica. Muitas doenças pulmonares possuem os dois mecanismos associados: obstrutivos e restritivos. Estas condições patológicas estão agrupadas de acordo com a idade em que se apresentam com maio freqüência (OLIVEIRA, 2010). Algumas doenças de outros sistemas orgânicos podem ocasionar obstrução das vias aéreas, como acontece na atresia de esôfago, associada ou não a fístula traqueoesofágica; nessa situação, muco ou alimentos são aspirados para dentro da árvore respiratória (OLIVEIRA, 2010). As causas de restrição á expansão da parede torácica geralmente se localizam no sistema muscular, são primariamente doenças musculares que interferem na dinâmica respiratória (OLIVEIRA, 2010). Mesmo em centros mais avançados, de acordo com López (2002), não existem estatísticas sobre a frequência das causas de IRA na infância. As incidências de determinadas doenças pulmonares variam conforme a região, o que torna impossível a comparação de dados estatísticos. No nosso meio, as doenças que mais frequentemente causam IRA são: • Nos recém-nascidos: SARI; anomalias congênitas e tétano. • Em crianças menores: bronquiolite; broncopneumonia e pneumonia; aspiração de corpos estranhos e a síndrome do “crupe”. • Em crianças maiores: asma brônquica. Podemos destacar, de acordo com Filho e Fernandes (2001), que o sistema pulmonar não está totalmente desenvolvido ao nascer. Sendo assim, algumas de suas funções se desenvolverão imediatamente e outras serão adquiridas tardiamente. A resistência vascular pulmonar ao nascer é mais elevada que a resistência vascular sistêmica, entretanto, essa situação se inverte nas primeiras horas e completa-se na primeira semana de vida. Em alguns casos pode ocorrer a manutenção da maior resistência vascular pulmonar de forma idiopática ou secundária a outras doenças, levando à hipoxemia persistente. Por outro lado, pode 14 ocorrer a patência do ducto arterioso (PCA), provocando hiperfluxo pulmonar e, conseqüentemente, edema pulmonar. As modificações relacionadas com a maturidade pulmonar não se restringem à circulação pulmonar e ao aumento da superfície alveolar. Até aproximadamente os dois anos de idade, as comunicações interalveolares e interductais (poros de Kohn e canais de Lambert) praticamente inexistem. Essas estruturas são importantes por permitirem a ventilação colateral de unidades alveolares no caso de obstrução de um bronquíolo ou brônquio terminal. A sua inexistência explica a elevada prevalência de colapsos e microatelectasias encontradas nas afecções respiratórias de crianças pequenas (FILHO e FERNANDES, 2001). 5. DIAGNÓSTICO CLÍNICO A evolução da doença primária para IRA depende de sua gravidade e da capacidade compensatória do parênquima pulmonar não lesado e do resto do organismo. Os sinais clínicos de IRA podem aparecer na fase inicial da instalação do processo patológico primário. Impõe-se o diagnóstico precoce e específico da doença primária, pois sua abordagem terapêutica adequada pode evitar o aparecimento da IRA. Ao mesmo tempo, deve-se manter o paciente sob vigilância contínua, a fim de se reconhecerem os primeiros sinais de agravamento da dificuldade respiratória. Esta observação clínica cuidadosa é útil como critério para indicar uma determinação dos gases arteriais; entretanto, não existem sinais clínicos característicos da insuficiência alveolar e o início da insuficiência respiratória pode ser insidioso a ponto de se tornar clinicamente irreconhecível. Como existem situações em que á hipoxemia não corresponde cianose e outras em que a IRA não se acompanha de hipercapnia, a interligação dos dados clínicos aos laboratórios é indispensável (LÓPEZ, 2002). A capacidade de diagnosticar precocemente a IRA está na dependência direta da observação clínica constante e da possibilidade de se fazer uma gasometria. Em qualquer situação, o critério clinico é mais importante que o laboratorial, sobretudo nos casos de emergência absoluta (OLIVEIRA, 2010). Os sinais clínicos mais importantes observados na IRA podem apresentar-se em conjunto ou isoladamente, com maior ou menor intensidade. 15 Estes sinais apresentam a associação dos efeitos clínicos das doenças primárias em conjunto com as consequências fisiológicas resultantes de hipoxemia, hipercapnia, acidose respiratória e metabólica concomitantes (LÓPEZ, 2002). 6. DIAGNOSTICO LABORATORIAL Independente da causa primária que a determinou, a IRA é caracterizada por um padrão laboratorial semelhante. Os valores normais dos gases sanguíneos praticamente não se alteram durante a vida do indivíduo, exceto ao nascer. Todo recém-nascido vem ao mundo com hipoxemia (PaO2 de 62±13 torr ou mmHg) e acidose (pH = 7,30); esta situação muda com o inicio da respiração; a PaO2 atinge níveis normais em 48 horas (87 a 90 torr) e a acidose deixa de existir. Estes níveis permanecerão praticamente inalterados pelo resto da vida. O recémnascido nasce com PaCO2 de 39 torr e em 12 horas passa a apresentar níveis de 34 torr. O diagnostico de IRA impõe-se nas crianças que, além de sinais e sintomas clínicos compatíveis, apresentam: PaO2 = 70 torr ou menos, respirando ar ambiente (em RN: 50 torr); PaO2 = 100 torr ou menos, respirando 100% de O2 e e PaCO2 normal ou baixa (tipo 1), ou com PaO2 baixa e PaCO2 alta (tipo 2) (LÓPEZ, 2002). Os parâmetros laboratoriais podem variar em tempo relativamente curto, impondo-se, muitas vezes, a execução periódica de gasometria arterial e, ás vezes, monitoração contínua para avalição mais precisa dessas variações. Isso se torna imperioso nos pacientes cujos sinais clínicos estão obscurecidos por inconsciência ou choque e que ainda não se apresentam cianóticos (OLIVEIRA, 2010). Tais critérios devem ser considerados uma orientação e nunca indicação absoluta de ventilação assistida ou qualquer outra conduta terapêutica. De qualquer forma, uma vez constatadas tais alterações fisiológicas, o paciente deve ser observado muito mais atentamente por parte do pessoal médico e de enfermagem, sendo conveniente a sua transferência para a unidade de tratamento intensivo (UTI). 16 7. TRATAMENTO Ao se receber um paciente para tratamento intensivo respiratório toda a equipe de atendimento deve estar atenta aos sinais clínicos que melhor orientam sobre a gravidade da IRA: cianose, braquicardia, apnéia e parada cardíaca. A equipe precisa estar preparada para atuar em situações de emergência, como uma ressuscitação, e, quando se recebem pacientes nessas condições, devem-se imediatamente iniciar manobras de ressuscitação até que seja mobilizado o restante da equipe (ANTHONY, 1999). Tal mobilização deve durar no máximo cinco minutos para que haja possibilidade de recuperação total do paciente. Esta equipe pode-se constituir de vários elementos, entretanto, um médico e uma enfermeira constituem uma equipe mínima. Em crianças, com exceção das portadoras de cardiopatias, a assistolia cardíaca sempre é precedida de uma parada respiratória (apneia). Uma vez estabelecido o diagnostico de IRA, tomam-se as providencias necessárias para corrigir os distúrbios respiratórios. Quando a asfixia ou a parada respiratória são iminentes as atitudes terapêuticas devem ser adotadas com maior rapidez (ANTHONY, 1999). ABORDAGEM INICIAL A PARTIR DO DIAGNÓSTICO DE IRA Frente ao diagnóstico de IRA, o tratamento inicial deve ser instituído imediatamente, e consiste no tratamento da causa básica e da hipoxemia. Se o paciente apresenta melhora, mantendo-se estável com tais medidas, deve ser mantido em posição confortável e ter a oferta de oxigênio adequada ás suas necessidades, em dispositivo bem tolerado. A quantidade de oxigênio ideal é aquela que satisfaz as necessidades tissulares ao máximo, com o mínimo de toxicidade pelo O2 ou narcose pelo CO2. A manutenção de FiO2 abaixo de 50% é sempre desejável. A toxicidade pelo oxigênio é bastante conhecida, podendo provocar edema e hipertrofia das células alveolares do tipo 2, vasoconstrição pulmonar e hemorragia retiniana, levando á fibroplasia retrolenticular e cegueira no período neonatal. 17 MECANISMOS PARA DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS Posicionamento da Cabeça do Paciente O posicionamento adequado da cabeça é de grande importância para a permeabilização das vias aéreas, através da retificação destas. Duas são as manobras descritas para este fim: head tilt-chin lift e jaw thrust (CARVALHO et al 2010). 1. Head Tilt-Chin Lift (queixo para frente e cabeça para trás) Consiste na discreta hiperextensão do pescoço, através da leve rotação da cabeça para trás, com uma das mãos, associada á elevação do mento, com abertura da boca, realizada pelo dedo indicador da outra mão. Esta manobra é a mais frequentemente utilizada, entretanto deve ser evitada em pacientes vítimas de trauma nos quais pode haver lesão de coluna cervical (CARVALHO et al 2010). 2. Jaw Thurt (Elevação da mandíbula) Trata-se da manobra de elevação do ângulo da mandíbula, com abertura da boca, realizada por três dedos de ambas as mãos. Deve ser utilizada em pacientes vítimas de trauma, quando não houver risco de agravo de lesão da coluna cervical (CARVALHO et al 2010). Aspiração de Vias Aéreas É de fundamental importância para a retirada de secreção ou sangue que possa estar obstruindo a via aérea. Normalmente, uma sonda flexível é suficiente para promover remoção adequada, entretanto, na presença de secreção espessa ou fragmentos de dentes (traumatizado), pode ser necessária a utilização de dispositivo rígido (mais calibroso) (CARVALHO et al 2010). Sucção Faríngea Uma sucção faríngea suave com intervalos frequentes serve para remover secreção e estimular a tosse e expulsão de secreções traqueobrônquicas. Entretanto, em algumas situações como o crupe, a sucção pode ser contra-indicada 18 pelo risco de precipitar obstrução completa das vias aéreas superiores por espasmo das pregas vocais inflamadas (CARVALHO et al, 2010). USO DE DISPOSITIVOS DE MANUTENÇÃO DA VIA AÉREA Via Aérea orofaríngea (Guedel) Apresentada em diversos tamanhos, é útil para a permeabilização de vias aéreas naqueles pacientes em que o desabamento de partes moles (língua) pode causar obstrução que não melhora com o posicionamento adequado da cabeça. Não é bem tolerada por crianças conscientes, estando indicada apenas nas inconscientes. Pode ser introduzida com auxílio de um depressor da língua ou invertida e depois girada 180%. Para a escolha do tamanho adequado, deve-se medir a distância do lábio ao ângulo da mandíbula (CARVALHO et al 2010). Via Aérea Nasofaríngea Tem a mesma função da via aérea orofaríngea, sendo mais tolerada por pacientes conscientes. A distância entra a narina e o ângulo da mandíbula orienta o tamanho adequado. Na ausência de via aérea nasofaríngea, esta pode ser substituída por um tubo traqueal cortado, conectado a um adaptador de 15 mm (CARVALHO et al 2010). Umidificação A umidificação das vias aéreas superiores é extremamente eficiente. No entanto, esta eficiência pode ser comprometida por vários fatores como desidratação, inspiração de gases secos, taquipnéia e espiração bucal. Quando a umidificação é insuficiente a secreção torna-se mais viscosa, favorecendo obstruções (CARVALHO et al 2010). Os tipos mais comuns de umidificadores são o simples e o aquecido. O simples mantém a umidade relativa do ar somente em 100%. Os umidificadores aquecidos controlam a porcentagem da umidade relativa do ar e são principalmente utilizados em aparelhos de ventilação mecânica ou em circuitos de alto fluxo como a CPAP nasal (CARVALHO et al 2010). 19 Aerossolterapia Consiste na inalação intermitente e subsequente deposição de partículas aéreas no pulmão. As partículas são produzidas por um nebulizador e inspiradas por meio de máscaras ou sondas traqueias, fazendo uso de fluxo contínuo ou pressão positiva intermitente (CARVALHO et al 2010). De acordo com Carvalho et al (2010) existem cinco fatores que influenciam a penetração e deposição de partículas aerossolizadas: • gravidade; • atividade cinética das moléculas gasosas; • impactação inercial; • natureza física da partícula; • ventilação do paciente. Sendo estas partículas de 1 a 2 micra de tamanho, elas são capazes de penetrar na unidade alveolar com 95% a 100% de retenção. Partículas de 2 a 5 micra se depositam nos bronquíolos e condutos das vias aéreas, e partículas maiores se depositam quase sempre nas vias aéreas superiores. Os medicamentos aerossolizados podem ser broncodilatadores (fenoterol), mucolíticos (N- acetilcisteína), antimicrobianos (ribavirina) e outros. FONTES DE OXIGÊNIO Segundo Carvalho, Hirschheimer e Matsumoto (2010) o oxigênio como gás medicinal pode ser obtido através de duas fontes: 1 - Rede central com terminais instalados na parede, contínua, controlada por uma válvula redutora, com pressão suficiente para o funcionamento de aparelhos de ventilação mecânica (geralmente com mínimo de 35 psi) ou fluxos mínimos para outros tipos de oxigenoterapia. 2 - Cilindros de oxigênio que operam com alta pressão de até 1.800 a 2.400 psi. O tempo de duração do cilindro depende da sua capacidade de armazenamento e do fluxo utilizado. 20 DISPOSITIVOS UTILIZADOS PARA OFERTA DE OXIGÊNIO Cateter Nasal ou Cateter Nasofaringe Cateter simples que apresenta múltiplos furos em sua extremidade, devendo ser introduzido na faringe. Seu uso tem sido desencorajado por não apresentar vantagens sobre a cânula nasal, proporcionando risco de trauma nas vias aéreas (com sangramento) e ser menos tolerado (agitação, desconforto, obstrução nasal e acúmulo de secreção). Cânula ou Pronga Nasal Sistema de liberação de O2 em baixo fluxo, geralmente consistindo em dois tubos (prongas) que são introduzidos nas narinas, liberando o fluxo na orofaringe posterior. Utilizada no período neonatal em pacientes com doenças atelestásicas, sendo normalmente bem tolerada por crianças. Fornece baixas frações inspiratórias de oxigênio (até 30%) e o fluxo utilizado deverá ser de 0,5 a 4L/minuto. Máscaras Utilizadas em situações em que o paciente é colaborativo, levando-se sempre em consideração a possibilidade da ocorrência de vômitos e o risco de aspiração. Máscara Simples É apresentada em diversos tamanhos, devendo ser firmemente adaptada á face do paciente, envolvendo a boca e o nariz, sem cobrir os olhos. Apresenta perfurações que permitem a inalação de ar ambiente na inspiração e a eliminação do gás exalado. Propicia concentração de oxigênio que pode variar de 30% a 60%. O fluxo de oxigênio utilizado deverá ser de 6 a 10 L/minuto. Máscara de Reinalação Parcial Difere da máscara comum por apresentar mecanismo de válvula entre o reservatório fechado de oxigênio, entretanto, não possui válvula entre o reservatório e a máscara. O reservatório permanece preenchido por oxigênio, mas, durante a expiração, parte do gás exalado (com baixa concentração de oxigênio) é direcionada ao reservatório, diminuindo a concentração de oxigênio neste. Durante a inspiração ocorre também entrada de ar ambiente pelos orifícios laterais (que não possuem 21 válvula). Logo, inala-se 50% a 60% de fração inspirada de oxigênio. O fluxo utilizado deverá ser de 10 a 12 L/minuto. Sistema Tipo Venturi É constituído por uma máscara acoplada a uma traquéia, onde, na outra extremidade é conectada uma válvula. Esta possui diferentes cores que correspondem a orifícios de diâmetros diferentes. Cada válvula propicia uma determinada concentração de oxigênio a um determinado fluxo. As frações inspiradas de oxigênio variam de 24% a 60% (conforme o diâmetro da válvula). O fluxo que deverá ser utilizado está especificado na válvula. Tendas Confeccionadas em acrílico ou em estrutura metálica revestida com plástico. A de plástico além de concentrar menos oxigênio, favorece a criança a se sentir aprisionada por ter menos visibilidade. O fluxo mínimo deve ser de 12L/min para prover maior concentração de oxigênio e lavando o CO2 acumulado na tenda. Tenda Facial Não fica, em sua parte superior, em contato com a face do paciente. Tem como vantagens ser bem tolerada e permitir acesso á face do paciente para aspiração de vias aéreas. Entretanto, fornece concentração instável de oxigênio, com oferta máxima de 40%. O fluxo utilizado deverá ser de 10 a 15 L/minuto. Oxitenda Envolve toda a parte superior do corpo do paciente. Não deve ser fechada na abertura que fica sobre o tórax da criança (para não haver retenção de gás carbônico). Permite frações inspiradas de oxigênio de até 50%, mas pouco estáveis. O fluxo utilizado deverá ser elevado, e ajustado conforme a oxigenação desejada. A FIO2 deve ser medida com oxímetro. Capuz ou Halo No primeiro a entrada de O2 é perpendicular, acima da base favorecendo um fluxo turbulento e FiO2 instável. No segundo, a fonte de O2 é um tubo em ‘’T’’ de grande calibre, paralelo á base do sistema, produzindo um fluxo organizado em 22 direção ao ápice do halo estabilizando a concentração de O2. Permite a saída de CO2 pelo topo deste. Envolve apenas a cabeça do paciente, não devendo ser colocado ao redor do pescoço para evitar retenção de CO2. Apresenta concentração de oxigênio mais estável que a oxitenda, podendo a FiO2 chegar a até 80%. O fluxo utilizado deve ser de 5 a 15 L/min e a FiO2 deve ser medida para o ajuste do fluxo conforme a necessidade. É bem tolerado apenas em recém-nascidos e lactentes jovens. Incubadora Produz condição térmica adequada e possui entrada para fonte externa de oxigênio que permite variar a sua concentração no interior da cúpula. Pode oferecer uma FiO2 teórica de até 70% a 85%, quando utilizada com alto fluxo e bandeira sinalizadora na posição vertical, mas apresenta extrema variação de FiO2 devido á abertura das portas, quase sempre inevitável. Outras Formas de Ofertar Oxigênio O oxigênio pode ser aplicado sob a forma de câmaras hiperbáricas, utilizadas com sucesso em situações bem definidas, mas sem aplicação rotineira na insuficiência respiratória. O oxigênio também pode ser administrado em associação com gás de baixa densidade (hélio). A aplicação clínica com sucesso da mistura hélio/O2 ocorre nas doenças com fluxo gasoso turbulento (doenças obstrutivas de vias aéreas). A porcentagem da mistura pode variar de 80% de hélio com 20% de O2, até 50%/50%. A aplicação em pacientes na faixa etária pediátrica já apresenta muitos trabalhos publicados com respostas adequadas e padronizações de utilização; ainda não é muito difundida no Brasil. Hidratação Quando existe piora da insuficiência respiratória deve ser suspensa a alimentação via oral devido a incoordenação palatofaríngea e risco de vômitos, distensão abdominal e aspiração do conteúdo gástrico. A hidratação, na impossibilidade da via oral ser utilizada, deve ser feita por via intravenosa ou por sondas, após avaliação de cada caso. 23 Fisioterapia Respiratória A fisioterapia respiratória amplia a cada dia seu espaço como técnica fundamental no tratamento de doenças respiratórias na UTI. Pode ser classificada em ativa e passiva, sendo a primeira exemplificada por técnicas ativas na mobilização de secreções, tais como vibração e tapotagem. A fisioterapia passiva é feita através de técnicas de mobilização passiva de secreção, como por exemplo, a drenagem postural (CARVALHO et al 2010). Nas crianças com doenças como atelectasias, tanto as técnicas ativas como as passivas apresentam papel terapêutico relevante. Recentemente, estudos duplos-cegos randomizados falharam em demonstrar benefícios da fisioterapia ativa profilática em pacientes ventilados mecanicamente. A fisioterapia passiva, entretanto, permanece indicada mesmo como profilaxia em pacientes sob ventilação mecânica (CARVALHO et al 2010). Fisioterapia Pulmonar Envolve manuseio fisioterápico abrangente como percussão pulmonar, vibração, drenagem postural e exercícios com hiperinsuflação. Percussão Pulmonar Consiste em abalos metódicos na parede torácica com o propósito de mobilizar secreção de áreas pulmonares periféricas até condutos centrais para expectoração. Existe transmissão de forças da parede torácica para o pulmão e vias aéreas que é capaz de movimentar a secreção em toda árvore traqueobrônquica. Não são passíveis de manipulação as áreas abaixo da clavícula, escápula, vértebras e esterno (CARVALHO et al 2010). Vibração Pulmonar Consiste em colocar e deslizar as mãos com pequenos movimentos vibratórios (tremores) ao longo da parede torácica, liberando secreções pulmonares para as vias aéreas mais calibrosas. Alternativamente pode ser usado um vibrador mecânico movido a bateria (CARVALHO et al 2010). Em geral, a vibração é associada ao uso da hiperinsuflação e drenagem postural. Tem sido usada principalmente em recém-nascidos ou pacientes com outros riscos de fragilidade óssea e fraturas. 24 Drenagem Postural É a forma de fisioterapia pulmonar que se baseia na força da gravidade para liberar secreções pulmonares das pequenas vias aéreas periféricas para brônquios principais. A expectoração ou aspiração deve completar o processo de remoção (CARVALHO et al 2010). A drenagem postural consiste em colocar o paciente em diversas posições relacionadas com os segmentos broncopulmonares/vias aéreas. Exercícios com Hiperinsuflação Necessitam de cooperação e respiração espontâneas do paciente. Melhora a distribuição da ventilação e a mecânica respiratória. Os tipos mais utilizados são a espirometria e o uso de certos grupos musculares respiratórios. Possíveis e Complicações São raras, mas devem ser consideradas em determinados grupos de pacientes e situações: • Alguns tipos de drenagem postural envolvem movimentos da cabeça, e em determinadas posições propiciam aumento da pressão intracraniana; • Fisioterapia respiratória é associada á diminuição transitória da PaO2 e dispneia; • Percussão pode causar fraturas em recém-nascidos e em pacientes com predisposição óssea (osteogênese imperfeita, osteoporose e raquitismo); • Pacientes com abscessos pulmonares supurativos não devem fazer drenagem postural pelo risco (teórico) de disseminação do processo para o pulmão contralateral; • Principais metas: 1. Aumentar o clearance de secreção pulmonar; 2. Evitar e reverter o colapso alveolar; 3. Equilibrar a relação ventilação/perfusão. 25 VENTILAÇÃO MECÂNICA (VM) INDICAÇÃO – Na vigência de IRA, depois de executadas as manobras de ressuscitação, empregados via intravenosa, usando-se oxigênio a 100 % e não se verificando melhora sensível, impõe-se uma reavaliação clínico laboratorial (LÓPEZ, 2002). ESCOLHA DO VENTILADOR - existem vários tipos de ventiladores pediátricos. O tempo decorrido entre o desencadeamento da respiração e a resposta do ventilador, durante a ventilação assistida em crianças deve ser curto, para evitar a descoordenação e a competição, que aumentam consequentemente, o esforço respiratório. A adaptação ao ventilador, de um sistema que umedeça e aqueça os gases respirados é de importância fundamental. Os ventiladores mais comumente empregados em pacientes pediátricos são os ciclados, por se adaptarem melhor às características das vias aéreas de crianças. Entretanto, ventiladores ciclados por pressão, com circuitos especiais para lactentes e crianças, têm sido empregados com bons resultados. Não existem estudos controlados que possam definir, de maneira categórica, qual tipo de ventilador seja melhor ou pior (RATTON, 2000). VENTILAÇÃO – quando a VM controlada é iniciada, assumimos total responsabilidade sobre a função respiratória do paciente. Assim, as monitorizações clínica e laboratorial devem ser instituídas logo em seguida. O ventilador será regulado de acordo com os padrões fisiológicos das vias aéreas da criança e de tal forma que se mantenha a PaO2 entre 60 e 90 torr, a PaCo2, entre 35 e 40 torr; e o pH entre 7,35 e 7,45. O ritmo de ciclagem deve ser menor do que o ritmo respiratório normal para a idade do paciente. A eficiência de determinado tipo de ventilador geralmente depende muito mais da habilidade clínica e do conhecimento das potencialidades do equipamento pelo clínico que vai manipulá-lo do que do grau de sofisticação (RATTON, 2000). Tem sido empregada, nos recém – nascidos com SARI, à ventilação com pressão positiva continua; este método dispensa a intubação endotraqueal, pois pode ser empregada através de tubos nasais especiais. O recém – nascido deve estar respirando espontaneamente, e a pressão de insuflação não deve ultrapassar 8 a 10 cm de H2O. 4 Se houver necessidade de sedação em crianças agitadas, podem-se usar morfina ou diazepínicos por via endovenosa. Em pacientes com 26 espasmos brônquico grave ou bronquiolite, é preferível usar relaxantes musculares potentes para impedir a competição do paciente como ventilador (MELLINS et al, 2002). As complicações mais relacionadas com a VM são o pneumotórax, causado geralmente por pressão de insuflação excessiva, a infecção bacteriana secundária, se não houver cuidados com a esterilização dos aparelhos, e as falhas mecânicas destes. Quando a VM falha em recém – nascidos, tem sido empregada a oxigenação extracorpórea por meio de membranas especiais, com bons resultados na hipertensão pulmonar persistente. Tem sido usada também, com sucesso, a ventilação com alta freqüência (WOHL e CHERNICK, 2001). MONITORAÇÃO CLÍNICA – vários parâmetros clínicos devem ser cuidadosa e frequentemente observados nas 24 horas, durante a ventilação mecânica. A cianose localizada na região perioral, língua mucosa oral ou escleróticas é de origem central. O recém – nascidos, amiúde, apresenta acrocianose, que é somente um fenômeno periférico de vasoconstrição. Podem ocorrer retrações do diafragma e dos músculos acessórios da respiração; os músculos da parede torácica são solicitados proporcionando à dificuldade respiratória (MELLINS et al, 2002). Outros sinais pertinentes de doenças causadoras de IRA, como consciência, reflexos, ritmo cardíaco etc., devem ser revistos periodicamente. CONTROLE DE TEMPERATURA – em qualquer fase do manuseio de uma criança, seja RN ou não, sempre é necessário provê-la de uma fonte de calor. Recém – nascidos com peso inferior a 1.500 g necessitam, nos primeiros dias de vida, de uma temperatura ambiente de 33 a 35°C. A manutenção de temperaturas inferiores implica em maior consumo de oxigênio tissular, com agravamento da hipoxemia (MELLINS et al, 2002). LABORATORIAL – a determinação dos gases arteriais e do pH deve ser feira periódica e frequentemente, durante o período de VM. As amostras de sangue podem ser colhidas das artérias temporais, radiais, femorais e braquiais, nesta ordem de preferência (MELLINS et al, 2002). Nos recém – nascidos é mais pratico 27 fazer a cateterização da artéria umbilical. A artéria radial pode ser também cateterizada em crianças maiores. A arterialização de amostras de sangue capilar é considerada um método sem riscos, suficiente e relativamente preciso, embora de menor fidedignidade do que a punção arterial percutânea (LOUGH et al, 2000). O laboratório deve contar com equipamento que utilize pequenas amostras de sangue para a determinação do pH e gases em recém – nascidos e crianças menores. Existe uma boa correlação ente a PaO2 e os resultados obtidos com aparelhos e monitorização transcutânea continua de PaO2 e de SaO2 (MELLINS et al, 2002). 8. SITUAÇÕES CLÍNICAS ESPECÍFICAS DE IRA NA INFÂNCIA Síndrome de angústia respiratória idiopática (SARI) A condição essencial para o aparecimento de SARI é a imaturidade pulmonar nos prematuros. O surfactante pulmonar é constituído por fosfolipídios e sua produção depende de maturidade pulmonar. A principal função do surfactante é impedir o colapso alveolar. Sua ausência ou insuficiência, como acontece na SARI, determina o aparecimento de microatelectasias generalizadas, responsáveis pela hipoventilação alvelar e a formação de shunts arteriovenosos. Rapidamente se instalam hipoxemia, hipercapnia e acidose metabólica. O diagnóstico é feito quando, nas primeiras horas de vida de um prematuro, aparecem dispnéia inspiratória, batimentos de asas de nariz, tiragem costal, gemidos à respiração e cianose (RATTON, 2000). A radiografia do tórax mostra microcondensações difusas, conhecidas como padrão reticulogranular ou “aspecto de vidro moído”; frequentemente se vê um broncograma aéreo, sinal radiológico de condensação peribrônquica. Os fatores chaves para a terapêutica são o diagnóstico precoce, de preferência nas primeiras horas vida, administração de oxigênio, controle rigoroso da temperatura corpórea e ambiental, correção de acidose metabólica com bicarbonato de sódio, determinações seriadas do pH e dos gases arteriais, além da infusão endovenosa de glicose e líquido. Até hoje o melhor método de ventilação é a pressão positiva continua (PPC). Não se demonstrou ser de valor o uso de corticóides nesta situação. 28 Existem a possibilidade de prevenir o aparecimento da SARI pela maturidade pulmonar empregando-se corticosteróides nos últimos dias ou semanas da gestação, ou então pelo emprego de surfactante exógeno tópico (RATTON, 2000). Anomalias congênitas cardíacas e respiratórias Em geral as anomalias congênitas apresentam precocemente sintomatologia clínica. Dificuldade respiratória progressiva, presença de sopros cardíacos, edema, hepatomegalia congestiva, sinais de insuficiência cardíaca e de cardiomegalia, cianose central e dificuldade para mamar, sugerem o diagnóstico de anomalia cardíaca. O diagnóstico definitivo das cardiopatias congênitas deve ser estabelecido o mais precocemente possível, através de estudo cineangiográfico. As cardiopatias congênitas podem apresentar a sintomatologia clínica tardiamente. As anomalias pulmonares são mais raras que as cárdicas. Enfisema lobar, cistos pulmonares que podem ser assintomáticos, fistulas traqueoesofágicas e hérnia diafragmática tem diagnostico clínico radiológico bem definido e seu tratamento são cirúrgicos (LÓPEZ, 2002). Bronquiolite Patologia importante nas crianças menores ocorre principalmente entre os três meses até dois anos de idade. Caracteriza-se por ser de etiologia predominantemente virótica; quase sempre é causada pelo vírus respiratório sincicial (WOHL e CHERNICK, 2001). É precedida por infecções das vias aéreas superiores, que se propaga para os bronquíolos. A patologia básica é a congestão da mucosa bronquiolar, com conseqüência edema, e a secreção abundante, viscosa e de difícil remoção, que obstruem a luz bronquiolar (WOHL e CHERNICK, 2001). A inspiração é difícil devido à obstrução, o que acarreta hipoventilação alveolar e consequentemente hipoxemia. A expiração com a diminuição fisiológica do diâmetro dos bronquíolos é muito mais penosa e, seqüestrando o ar respirado hiperinsuflação e hipercapnia. Superpondo-se uma acidose metabólica, instala-se o quadro de IRA, com dispnéia principalmente expiratória, sibilos esparsos e crepitações finas. Os sinais 29 radiológicos principais são relacionados à hiperinsuflação. A bronquiolite é considerada uma doença autolimitada, quando não complicada; por isso há necessidade de cuidados respiratórios intensivos para que não ocirra irreversibilidade do processo, em virtude das alterações fisiológicas que surgem (LOUGH et al, 2000). Não existem evidencias de que digitálicos, umidificação, antibióticos ou broncodilatadores tenham qualquer valor, quando usados de rotina (LOUGH et al, 2000). Estudos duplamente cegos demonstraram a ineficiência dos corticosteróides em alterar a evolução e o prognostico das bronquiolites leves e moderadas (LÓPEZ, 2002). Oxigênio a 35 ou 40 % deve ser ministrado para corrigir a hipoxemia arterial. Cuidadosa administração de líquidos por via parenteral pode evitar complicações graves como edema pulmonar (WOHL e CHERNICK, 2001). Há indicação de intubação endotraqueal e ventilação mecânica para os pacientes em que a PaCO2 se mantém constantemente acima de 75 torr. Em pacientes muito graves pode-se usar o ribavirin tópico, com bons resultados. Broncopneumonias e pneumonias O acometimento generalizado de vários segmentos pulmonares por infecções bacterianas ou viróticas podem determinar, conforme a magnitude da lesão, uma falência respiratória. O fenômeno principal é a obstrução completa de bronquíolos e alvéolos, determinando hipoxemia e também hipercapnia, se não houver compensação pelo parênquima pulmonar funcionante (REIS, 2003). O diagnóstico etiológico das infecções pulmonares é difícil, devido à má correlação entre a presença de certos agentes na lesão pulmonar e o seu isolamento na secreção nasofaríngea. Existem critérios clínico – radiológicos que podem sugerir a etiologia de um processo pneumônico. 20 O tratamento com antibióticos adequados para as infecções bacterianas mais prováveis evita o aparecimento de complicações, como pneumotórax, derrames pleurais e atelectasias, que podem desencadear uma IRA latente ou agravar uma á existente, em virtude da restrição da expansão pulmonar que ocasionam (REIS, 2003). 30 Aspiração de corpos estranhos Pode ser causada por aspiração de sólidos (alfinetes, moedas, dentes, grãos de feião e milho, botões e etc.) ou líquidos (querosene, óleos minerais ou vegetais). O inicio dos sintomas é geralmente agudo e, nessa situação, a historia clínica é típica; pacientes sadios, geralmente abaixo de quatro anos de idade, que costumam colocar objetos pequenos na boca, repentinamente apresentam acessos de tosse paroxística, com asfixia e cianose (LÓPEZ, 2002). Quando não há sintomas agudos, o diagnóstico torna-se mais difícil. O achado radiológico de um corpo estranho radiopaco ou hiperinsuflação unilateral na fase de expiração complementa o diagnostico. A broncoscopia, com a retirada do corpo estranho, é o tratamento indicado (LÓPEZ, 2002). Síndrome do Crupe Caracteriza-se pela clássica tríade tosse, rouquidão e estridor inspiratório. Compreende varias doenças que acometem a região periglótica, entre as quais a epiglote aguda, causada pel H. influenzae; a laringite e/ou traqueíte diftéricas, as laringotraqueobronquites agudas, geralmente viróticas, e o edema subglótico, que pode ser reflexo, irritativo ou alérgico. A inalação de epinefrina racêmica é eficaz no tratamento do edema subglótico de origem alérgica. Antibióticos para as infecções bacterianas, acompanhados de soro especifico em caso de difteria, hidratação adequada, umidificação constante e administração de oxigênio são medidas terapêuticas que se devem instituir, acrescidas de traqueostomia, quando a asfixia é iminente (DOWNES,1999). Status Asthmaticus Pode ser definido como um broncopasmo generalizado, continuo e grave que não responde a duas injeções subcutâneas de epinefrina ou a duas inalações de beta-2 adrenérgicos a intervalos de 30 minutos (REIS, 2003). Ainda segundo Reis (2003) as principais condutas terapêutica são a hidratação venosa, correção da 31 acidose metabólica, oxigênio umidificado, broncodilatodores, como beta – 2 adrenérgicos tópicos ou aminofilina endovenosa, antibióticos para infecções secundarias e corticosteróides. Torna-se necessária a ventilação mecânica quando a PaCO2 se mantém elevada (acidose metabólica). Fibrose Cística (mucoviscidose) Ocorre como pneumonia crônica e recidivante, com inicio nos primeiros anos ou mesmo meses de vida. As glândulas caliciformes da mucosa respiratória excretam uma secreção viscosa, de difícil eliminação pelo sistema mucociliar (REIS, 1999). É uma exocrinopatia que acomete, em conjunto ou isoladamente, as glândulas exócrinas. A infecção secundaria é comum, e cada reinfecção piora, progressivamente, as condições respiratórias. Pela freqüência e gravidade dos episódios de agudização, o enfermo dificilmente chega a vida adulta. O tratamento, que é continuo, visa à diminuição da viscosidade do muco e à sua eliminação através de fisioterapia respiratória. Inclui a utilização de antibióticos adequados na presença de infecção e administração de oxigênio, de maneira continua ou intermitente, dependendo do grau di acometimento pulmonar (REIS, 1999). 32 CONSIDERAÇÕES FINAIS A insuficiência respiratória aguda (IRA) e uma doença de grande incidência dentro da unidade de terapia intensiva (UTI), que acomete tanto os pacientes previamente sadios quantos os pacientes com doenças previas, podendo ser a causa primaria de complicações finais de doenças graves. Pode instalar-se de forma brusca colocando em risco a vida dos doentes. Muitas vezes surge na criança com patologia respiratória conhecida, na sequência de uma intercorrência infecciosa aguda. Na criança previamente saudável as causas mais frequentes são as acidentais (traumatismos, intoxicações ou aspiração de corpo estranho) e as infecciosas, podendo ainda ser a primeira manifestação de uma doença de base não diagnosticada. Atualmente, ainda ha uma escassa publicação de trabalhos científicos que descrevam as principais causas da insuficiência respiratória aguda (IRA) dentro da unidade de terapia intensiva (UTI), bem como o perfil clinico, funcional e sócio demográfico dos pacientes, uso ou não da ventilação mecânica, tempo de internação desses pacientes e se eles recebem ou não tratamento fisioterápico. 33 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ANHONY, J.R. Management of cardiac and respiratory arrest in children. Clin. Ped. 1999. CARVALHO, W.B. HIRSCHHEIMER, M.R. MATSUMOTO, T. Terapia Intensiva Pediatrica. 3. Ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2010. DOWNES, J.J. 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