RELAÇÕES BIÓTICAS 41 Interacções entre espécies: COEVOLUÇÃO 42 1 Interacções entre espécies: coevolução COEVOLUÇÃO Coevolução: Representa a influência evolucionária mútua entre duas espécies. Cada uma exerce uma pressão selectiva sobre a outra, afectando assim a sua evolução e levando a um certo grau de especialização. 43 Interacções entre espécies: coevolução Coevolução - exemplos: • Uma população vegetal em flor atrai determinados insectos, que por sua vez evoluem de forma a melhor explorar as flores. Nalguns casos o processo evolutivo levou a flores mais profundas e a insectos com probóscis mais longos. • Ratos mais rápidos favorecem a selecção de chacais mais rápidos que por sua vez seleccionam ratos mais rápidos. • Os parasitas evoluem de forma a aceder aos seus hospedeiros e os hospedeiros evoluem de forma a melhorar os seus sistemas imunitários. 44 2 Interacções entre espécies: coevolução A coevolução também inclui relações de predador-presa e de hospedeiro-parasita. COEVOLUÇÃO Coevolução difusa: Uma espécie pode evoluir em resposta à interacção com várias outras espécies, cada uma das quais está também a evoluir em resposta a um grupo de espécies. 45 Interacções entre espécies: FACTORES BIÓTICOS ► regulam a dimensão das populações de forma mais efectiva do que os factores abióticos ► todos os organismos, mesmo isolados espacialmente, dependem de outros - integram uma comunidade COEVOLUÇÃO ► melhor funcionamento da comunidade maior especialização dos organismos - separação de funções 46 3 Interacções entre espécies e indivíduos: +/-+/-/- Tipos de Interacções Predação - Carnivoria Predação - Parasitismo Predação - Parasitoidismo Predação - Herbivoria Competição o/+/o +/+ Vantagem (+) Amensalismo (ex. alelopatia) Comensalismo Mutualismo (= simbiose) Desvantagem (-) Neutro (0) 47 Interacções entre espécies e indivíduos: tipos de interacções As interações entre organismos não são constantes e dependem da: ► idade / fase do ciclo de vida ► características do meio ► densidade da população 48 4 Interacções entre espécies : Predação Consumo de um organismo (presa) por outro (predador) encontrando-se o primeiro vivo no momento do ataque (Begon et al, 2006). Tipos de predação ⇒ carnivoria ⇒ herbívoria (grazing) ⇒ parasitismo ⇒ parasitoidismo 49 Interacções entre espécies : Predação Evidências da existência de predação ► as presas sobrevivem na ausência do predador ► a predação pode ser observada na natureza ou em laboratório ► densidades de presas e predadores variam inversamente 50 5 Interacções entre espécies : Predação • Interacções gerais entre predadores e presas Os predadores determinam a distribuição e abundância das presas FREQUENTE Na Austrália, várias espécies de canguru foram levada quase à extinção devido à introdução da raposa vermelha. Na ausência de raposas as colónias recuperavam rapidamente. 51 (in Krebs, 2001) Interacções entre espécies : Predação • Os predadores determinam a distribuição e abundância das presas Distribuição geográfica do canguru-rato. Esta espécie foi quase extinta devido à introdução da raposa vermelha, ficando restrita a três ilhas onde não existia a raposa (in: Krebs, 2001). 52 6 Interacções entre espécies : Predação • Interacções gerais entre predadores e presas As presas determinam a distribuição e abundância dos predadores RARO não existem presas alternativas Predador obrigatório ou superespecializado 53 Interacções entre espécies : Predação Predador obrigatório ou superespecializado (in: Ferrer & Negro, 2004) Distribuição mundial das águias imperial. A espécie ibérica divergiu da euroasiática na última glaciação e especializou-se em coelhos. 54 7 Interacções entre espécies : Predação Predador obrigatório ou superespecializado (in: Ferrer & Negro, 2004) Distribuição mundial dos linces. A espécie ibérica divergiu da euroasiática na última glaciação e especializou-se em coelhos. 55 Interacções entre espécies : Predação • Interacções gerais entre predadores e presas As presas determinam a distribuição e abundância dos predadores Deslocação das manadas para zonas com alimento disponível. Por exemplo, devido à neve ou gelo o alimento pode ficar inacessível para herbívoros. 56 8 Interacções entre espécies : Predação • Factores que determinam a selecção das presas (e dieta do predador) 1 - características morfológicas do predador Exemplo: variação da composição do alimento em função do comprimento de salmões 57 Interacções entre espécies : Predação • Factores que determinam a selecção das presas 2 — disponibilidade de presas Werner & Hall, 1974 (in: Smith & Smith, 2001) em experiências de alimentação de peixes com Daphnia, num aquário, observaram: - Quando a densidade das presas era baixa, os peixes alimentavam-se os três tamanhos, sem preferência por tamanhos. - Quando a densidade de presas era elevada, os peixes alimentavam-se preferencialmente de presas grandes. 58 9 Interacções entre espécies : Predação • Factores que determinam a selecção das presas 3- Energia obtida com as presas Esta ave selecciona claramente um tamanho de presa média, que é capturada em quantidades relativas muito superiores às existentes no ambiente (Davies, 1977 in Smith & Smith, 2001) e que corresponde ao tamanho óptimo de presa. Presas pequenas proporcionam pouca energia e presas grandes são difíceis de manusear. 59 Interacções entre espécies : Predação • Factores que determinam a selecção das presas 3 — energia obtida com as presas 60 10 Interacções entre espécies : Predação CARNIVORIA ► acção de um organismo que se alimenta do outro e o mata ► o carnívoro consome diferentes tipos de presas 61 Interacções entre espécies : Predação CARNIVORIA consequências para coevolução Favorece um aumento da condição da população: ► aumenta a condição das presas (elimina os indivíduos mais débeis) ► aumenta a condição da população de predadores (elimina os indivíduos menos aptos) 62 11 • Adaptações dos carnívoros para captura das presas Plantas carnívoras 63 • Adaptações dos carnívoros para captura das presas Bioluminiscência — peixes de profundidade 64 12 • Adaptações dos carnívoros para captura das presas Teias de aranha 65 • Adaptações das presas para evitar predação Coloração CRIPTICA — presa confunde-se com o meio 66 13 • Adaptações das presas para evitar predação Coloração APOSEMATICA — coloração de aviso de animais venenosos (Begon et al, 2006) 67 • Adaptações das presas para evitar predação Adaptação Mullerian — a presa desenvolve o aspecto de espécies não comestíveis (Begon et al, 2006) 68 14 • Adaptações das presas para evitar predação Adaptação Batesian — presa desenvolve características de espécies agressivas 69 • Adaptações das presas para evitar predação ► Produção de químicos e tóxicos — a presa lança produtos para reduzir a visão ou capacidade de movimentos dos predadores 70 15 Interacções entre espécies: Predação HERBIVORIA ► os herbívoros removem apenas parte da “presa” sem provocar a morte ► provoca impacto sobretudo a longo prazo 71 Interacções entre espécies: Predação HERBIVORIA 72 16 • Adaptações dos herbívoros • desenvolvimento de organismos simbiontes no tubo digestivo • múltiplos estômagos (ex. vacas) • regurgitação (ex. camelos) • desenvolvimento continuo dos dentes (ex. elefantes) 73 Interacções entre espécies : Predação PARASITISMO O parasita retira vantagens e a sua acção é prejudicial para o hospedeiro Parasitas vivem no interior ou sobre outro organismo do qual se alimentam 74 17 Interacções entre espécies : Predação PARASITISMO 75 Interacções entre espécies : Predação • Exemplos de parasitismo Copépode parasita preso à barbatana de atum. 76 18 Interacções entre espécies : Predação • Exemplos de parasitismo Peixe parasitado por lampreias 77 Interacções entre espécies : Predação PARASITOIDISMO Parasitoides - insectos com fase adulta livre mas que depositam os ovos no interior de insectos hospedeiros. Inicialmente não existe prejuízo para o hospedeiro mas à medida que o desenvolvimento dos parasitas se processa o hospedeiro vai sendo consumido até que acaba por morrer utilizado na luta biológica (Ex.: vespas e moscas) 78 19 Modelos de Predação População de presas dependente da capacidade de sustento do meio, na ausência de predadores: 79 Modelos de Predação Modelo de LOTKA e VOLTERRA - simula as flutuações de abundância entre as populações de predadores e de presas. (in: Krebs, 2001) 80 20 Modelos de Predação Modelo de LOTKA e VOLTERRA - explica as flutuações de abundância entre as populações de predadores e de presas. 81 Interacções entre espécies : Competição • Factores de competição nos animais ► alimento ► para reprodução selecção sexual ► espaço nas plantas ► espaço ► luz ► nutrientes 82 21 Interacções entre espécies : Competição • Competição intraespecífica 83 Interacções entre espécies: Competição • Competição interespecífica • Competição interespecífica Experiência de Gause — demonstração do princípio de Exclusão Competitiva: duas espécies que vivam no mesmo nicho não podem coexistir indefinidamente. 84 22 Interacções entre espécies: Competição • Processos de competição Exploração — duas ou mais espécies reduzem mutuamente a disponibilidade do(s) recurso(s) fundamentais para a sobrevivência 85 Competição: como reduzir a pressão — “separação de recursos” Diferenciação morfológica permite divisão dos recursos em espécies de pássaro do género Sitta. 86 23 Competição: como reduzir a pressão — “separação de recursos” (in: Smith & Smith, 2001) 87 Interacções entre espécies : Competição • Processos de competição Interferência — indivíduos de uma espécie impedem a colonização de outros indivíduos numa zona do habitat Formas de coral competem por espaço numa zona de recife. 88 24 Competição: influência dos factores ambientais Humidade: 14% temperatura: 29.1ºC Humidade: 14% temperatura: 32,3ºC 89 (in: Krebs, 2001) Competição: influência para os indivíduos e espécies consequências no curto prazo: desgaste em ambos os competidores ► gasto energético ⇓ diminuição da condição das populações de competidores ⇓ excepto se um deles ganhar claramente a competição 90 25 Competição: influência para os indivíduos e espécies consequências no longo prazo, no caso de não ocorrer extinção da espécie perdedora: Modificações adaptativas para redução da competição — promovem uma melhor adaptação ao meio e maior sobrevivência no futuro 91 Modelos de Competição ⇒ Modelo de VOLTERRA - prevê que, em casos de competição pelo mesmo recurso, uma das espécies poderá ser eliminada, dependendo das taxas de competição, das taxas de crescimento de cada uma das espécies e da sua capacidade de sustento (k). ⇒Modelo de GAUSS e WITT - considera a possibilidade de coexistência entre duas espécies competindo pelo mesmo nicho 92 ecológico 26 Interacções entre espécies : Amensalismo ► uma das espécies é afectada negativamente enquanto que a outra não é afectada. Exemplos: O bolor do pão segrega penicilina que é um químico que mata bactérias. As raízes da nogueira negra Juglans nigra segregam um químico que impede outras plantas de se fixarem (Alelopatia) 93 Interacções entre espécies : Amensalismo Alelopatia — processo natural através do qual uma planta directa ou indirectamente afecta outra planta através da produção de compostos químicos agentes alelopáticos (nitrilos, tiocianetos, isotiacianetos) 94 27 Interacções entre espécies : Amensalismo Crescimento de macieiras e erva com: a) erva e macieira com fonte independente de água, b) água para a macieira passando através da erva e terra, c) água passando só através de terra. 95 Alelopatia : formas de libertação dos produtos alelopáticos A B C (A) volatilização — libertação de gás através de pequenos orifícios nas folhas; (B) libertação dos químicos através da decomposição das folhas no solo; (C) exudação — libertação dos químicos através das raízes que 96 são absorvidos pelas raízes das plantas circundantes. 28 Alelopatia : formas de libertação dos produtos alelopáticos libertação de produtos de crescimento através das raízes — plantas que absorvem esses produtos não sobrevivem, o que protege o espaço da planta produtora libertação de químicos que reduzem ou param a fotossíntese — os químicos alteram a quantidade de clorofila na planta, que deixa de poder produzir o alimento de que necessita A B C Exemplos de alelopatia: (A) Casuarina e Allocasuarina ; (B) pinhal e (C) plantas submersas 97 Interacções entre espécies : Comensalismo Organismos de espécies diferentes que vivem em associação, em que uma espécie beneficia e a outra não é afectada (não beneficia mas também não é prejudicada — neutralismo). 98 29 Interacções entre espécies : Comensalismo O crinóide Promachocrinus kerguelensis fixa-se em cima de esponjas Scolymastra joubini, que usa para poder filtrar mais alto na coluna de água e alimentar-se de organismos arrastados. 99 Interacções entre espécies : Comensalismo O peixe palhaço vive entre os tentáculos das anémonas. É imune ao veneno da anémona devido a uma substância existente na sua pele. Obtêm protecção (relação do tipo +/0). In: http://www.nearctica.com/ecology/pops/commens.htm#egret Contudo, alguns cientistas consideram que esta relação é um caso de mutualismo, em que o peixe palhaço afasta outros peixes que poderiam alimentar-se da 100 anémona. 30 Interacções entre espécies : Comensalismo As plantas epífitas fixam-se sobre outras plantas mas sintetizam os seus próprios nutrientes. Contudo, se forem muitas, podem ter um efeito negativo. Por exemplo, o aumento das algas epifitas nas macrófitas aquáticas (ex. Zostera) devido ao aumento de nutrientes (eutrofização) acabam por tapar completamente a macrófita causando a sua morte — seria então uma relação do tipo +/- e não +/0. 101 Interacções entre espécies : Mutualismo Simbiose interacção em que existe uma associação entre espécies que provoca benefícios mútuos (maior crescimento e sobrevivência quando a associação ocorre) Mutualismo simbiótico indivíduos interagem fisicamente e a associação é indispensável para a sobrevivência Mutualismo não simbiótico indivíduos têm vidas independentes mas dependem 102 uns dos outros 31 Interacções entre espécies : Mutualismo simbiótico Mutualismo simbiótico ► indivíduos interagem fisicamente e a associação é indispensável para a sobrevivência Liquens num tronco de uma árvore de mangal. Os líquenes são associações entre fungos e algas. O fungo recebe alimento produzido pela fotossíntese da alga. A alga consegue uma zona para viver. 103 Interacções entre espécies : Mutualismo simbiótico Pinheiros ► "recebem" o fósforo fixado pelos fungos Fungos ► obtêm os hidratos de carbono necessários para o seu desenvolvimento. Micorriza de pinheiro Pinus sylvestris 104 32 Interacções entre espécies : Mutualismo simbiótico Associação simbiótica entre uma diatomácea filamentosa Chaetoceros tetrastichon e um tintinídeo Eutintinus pinguis (protista) Microalga ► obtém nutrientes resultantes da excreção do tintinídeo Tintinídio ► obtém o alimento através da alga 105 Interacções entre espécies : Mutualismo simbiótico Protozoários simbiontes do intestino das térmitas. Térmitas ► conseguem "digerir" a celulose da madeira que consomem Protozoários ► obtêm a matéria orgânica associada à celulose (que digerem) 106 33 Interacções entre espécies : Mutualismo não simbiótico Mutualismo não-simbiótico ► os indivíduos têm vidas independentes mas dependem uns dos outros Associação entre plantas com flor e insectos polinizadores: 107 Interacções entre espécies : Mutualismo não simbiótico Associação entre ouriços-do-mar Sterechinus neumayeri e algas que os protegem dos predadores (disfarce e libertação de químicos de sabor repulsivo). A mobilidade dos ouriços permite aumentar a área de distribuição vertical das algas, permitindo que aproveitem condições de luminosidade mais favoráveis. 108 34