informe econômico

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INFORME
ECONÔMICO
Ano 16 ● Número 48 ● 1° de dezembro de 2014
América Latina: sem fôlego para crescer em 2014
As economias do Chile e do Peru estão com dificuldades transitórias, enquanto Brasil e Argentina têm
sérios entraves estruturais. O México esboça uma retomada, enquanto a Colômbia vai bem.
PIB cresce, mas não empolga
O cenário ainda é de crescimento essencialmente baixo por conta das limitações pelo lado da oferta.
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América Latina: sem fôlego para crescer em 2014
As economias do Chile e do Peru estão com dificuldades transitórias, enquanto Brasil e Argentina têm
sérios entraves estruturais. O México esboça uma retomada, enquanto a Colômbia vai bem.
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As principais economias que compõem a América
Latina, de uma forma geral, vem passando por um
momento complicado. A expansão da atividade na
região será de apenas 1,3% em 2014 e 2,2% em 2015,
segundo o FMI. Além da desaceleração do Brasil, que
possui a maior representatividade nesse conjunto,
outras importantes nações têm crescido menos, como o
Chile e o Peru. A Argentina enfrenta uma forte
recessão, enquanto o México esboça uma retomada.
O principal destaque positivo do bloco vem de outro
País: a Colômbia se expandiu a uma taxa de 5,5% nos
últimos 12 meses terminados em junho. Os
investimentos, sobretudo relacionados à construção
civil, tem puxado a economia, em função de ações
governamentais específicas: (i) programa de 100 mil
casas totalmente subsidiadas para a população mais
pobres e (ii) PIPE, programa que reduziu de 12% a.a.
para 7% a.a. as taxas de juros para os financiamentos
imobiliários. Essas medidas explicam a expansão do
crédito (16,4% em termos nominais no acumulado até
setembro), que não tem pressionado a inflação (3,1%
a.a. no acumulado dos últimos 12 meses terminados em
outubro, muito próxima ao centro da meta, de 3% a.a..
Os principais riscos para a economia colombiana no
futuro envolvem um preço mais baixo do petróleo e do
carvão (muito importantes para a economia do País) e a
continuidade dos ataques das FARC aos oleodutos.
Apesar disso, a economia deverá crescer próximo ao
seu potencial de 4,5% nos próximos anos.
A desaceleração verificada para a economia chilena
é considerável. Além da piora nas condições do
mercado de trabalho, a inflação nos últimos meses já
supera o teto da meta estabelecida pelo Banco Central
(4% a.a.). A desvalorização considerável do peso
chileno (ao encarecer os produtos importados) e a
política fiscal ativa do País são os fatores que explicam
essa variação significativa do nível de preços.
Um dos principais desafios para a economia chilena
envolve o menor preço do cobre no mercado
internacional. Cabe lembrar que a commodity é
fundamental para o País, respondendo por cerca de 10%
do PIB, 52,4% da pauta de exportações e 0,7% do
emprego (dados de 2013). A economia chilena deverá
crescer menos do que a média histórica esse ano
(2,4%). Somente em 2016 a mesma convergirá para um
crescimento próximo do seu potencial, de 4,0%.
No caso da economia peruana, houve uma intensa
desaceleração em um curto espaço de tempo: a variação
do PIB, que gravitava em torno de 6% a.a. desde o
período pós-crise, passou a crescer apenas 1,7% a.a..
Contudo, trata-se de um choque negativo pontual,
decorrente da interrupção de uma das principais minas
para coibir a produção informal de ouro, além do baixo
conteúdo metálico do mesmo. Para contornar essa
situação, várias medidas foram tomadas para incentivar
o consumo, através do aumento dos bônus para
servidores e pensionistas e antecipação do aumento dos
salários. O crescimento será de 3,6% em 2014,
ultrapassando 5% já a partir de 2015.
No caso da Argentina, as estimativas privadas da
consultoria OJF para o PIB mostram uma tendência de
queda, que se acentuou em 2014. O último dado mostra
que o nível atual é o mesmo registrado em janeiro de
2011 (série com ajuste sazonal). Isso se explica pela
desvalorização mais acentuada da taxa de câmbio
promovida pelo governo. Muitas cadeias produtivas,
principalmente de veículos, são bastante dependentes
das importações, uma vez que os custos internos têm
crescido rapidamente. A diminuição do poder de
compra do peso argentino em relação à moeda
americana foi promovida para tentar repatriar os dólares
mantidos no exterior, em função da acentuação das
perdas de reservas internacionais.
A manutenção da taxa de câmbio num patamar
sobrevalorizado era a última âncora que mantinha a
inflação num patamar de 25% (conforme cálculos
privados da “Inflación Verdadera”). Os últimos dados
apontam para uma variação superior a 40% em 12
meses. É possível que a Argentina, em 2015, alcance
um acordo que envolve o pagamento da dívida externa
para os credores que não aceitaram a reestruturação
recente da mesma (holdouts). No entanto, isso não
deverá modificar seus fundamentos macroeconômicos,
e a tendência é que o processo de controle rígido das
importações continue em 2015, o que deverá manter a
demanda externa arrefecida. A magnitude da recessão
será de -1,7% em 2014 e -1,5% em 2015.
A economia mexicana, após crescer apenas 1,2%
nos últimos 4 trimestres, inicia um processo de
retomada. A queda da confiança das famílias, em
função da reforma tributária que aumentou os impostos
sobre o consumo, foi uma das principais causas do
arrefecimento. Nem mesmo o processo de recuperação
da economia americana tem ajudado (os EUA são
importante destino dos produtos industriais do País).
A principal expectativa positiva gira em torno dos
efeitos da reforma energética, a partir da possibilidade
da participação privada no setor. Estimativas dão conta
de que os investimentos em petróleo aumentarão em até
2,5% do PIB num período de 10 anos, e o PIB potencial
em 0,4 pontos percentuais.
Diante das potencialidades do bloco, o crescimento
seguirá decepcionando. Um melhor resultado no futuro
fica condicionado a resolução dos desequilíbrios nos
diversos países que o compõe. No entanto, isso
resultará num avanço mais baixo no curto prazo.
Unidade de Estudos Econômicos – FIERGS
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PIB cresce, mas não empolga
O cenário ainda é de crescimento essencialmente baixo por conta das limitações pelo lado da oferta.
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Conforme divulgado pelo IBGE no final da semana
passada, o PIB brasileiro apresentou crescimento de
0,1% no terceiro trimestre de 2014 na comparação com
o trimestre imediatamente anterior, já descontados os
efeitos sazonais. Com pequeno crescimento na margem,
o País saiu da situação de recessão técnica em que se
encontrava após dois trimestres consecutivos de queda
nesta base de comparação.
Contudo, o resultado não empolga. Na comparação
com o mesmo trimestre do ano passado, a retração é de
0,2% e no acumulado do ano até setembro, o
crescimento é de apenas 0,2%. Caso a atividade
econômica não cresça entre outubro e dezembro,
terminará o ano completamente estagnada. Se no quarto
trimestre o crescimento for semelhante àquele
observado ao longo dos últimos três anos (+0,44%,
resultado pouco provável), a expansão anual será de
apenas 0,1%.
A indústria registrou avanço no terceiro trimestre,
mas o desempenho não recupera perdas anteriores.
Após quatro trimestres de quedas consecutivas, o setor
cresceu 1,7% na comparação entre o terceiro e o
segundo trimestres de 2014, já descontados os efeitos
sazonais. A pequena base de comparação, causada pelas
paradas em decorrência da Copa do Mundo e das férias
coletivas concedidas por várias empresas naquele
período explicam parte do resultado. No que se refere
às atividades de transformação, o cenário é semelhante
em termos de comportamento, porém mais traumático,
uma vez que as taxas de queda nos trimestres anteriores
foram maiores do que a média registrada para o total da
indústria, e o crescimento no terceiro trimestre foi
bastante tímido (+0,7%) em relação ao observado nesta.
No caso da construção civil, o avanço frente ao
segundo trimestre foi de 1,7%. Porém, na comparação
com o mesmo trimestre do ano passado, a atividade do
setor permaneceu 5,3% negativa.
No acumulado do ano, a indústria acumula queda de
3,3%. É importante destacar que o pequeno crescimento
registrado no terceiro trimestre não foi suficiente para
recuperar as perdas que a indústria de transformação
vem sofrendo desde o início de 2013. Entre o primeiro
trimestre de 2013 e o terceiro trimestre de 2014, o setor
acumula queda de 2,0%. Além disso, em nível, o PIB
da indústria de transformação continua em patamar
semelhante ao observado no segundo trimestre de 2007,
o que se traduz em 7 anos de estagnação.
Nos demais ramos da indústria, o cenário é bem
distinto. A indústria extrativa recupera-se da queda do
ano passado e cresce 5,3% no acumulado de 2014,
impulsionada principalmente pela maior produção de
petróleo. A indústria da construção, por outro lado,
acumula perdas de 3,3% em 2014, refletindo a queda
nos investimentos.
Apesar de terem crescido na margem (1,3% na
comparação entre o terceiro e o segundo trimestres de
2014, já descontados os efeitos sazonais), os
investimentos acumulam queda de 7,4% no acumulado
do ano até setembro. A debilidade dos índices de
confiança da economia brasileira não sinaliza reversão
deste quadro no futuro próximo. A taxa de investimento
entre os meses de julho e setembro de 2014 foi de
17,4%, a mais baixa para o trimestre desde 2006. O
volume de investimentos atual é similar ao nível
observado no início de 2010. A taxa de poupança
interna também apresentou queda acentuada,
alcançando a marca de 14% entre os meses de julho a
setembro – a menor já observada para o trimestre na
série histórica (que começa em 2000). A maior
dificuldade de atração de poupança externa e a queda
da poupança interna impõem um cenário bastante
restritivo para os investimentos futuros.
No terceiro trimestre de 2014, o Brasil foi um dos
países que apresentou a menor taxa de crescimento
frente ao segundo, conforme a OCDE. No acumulado
do ano (janeiro a setembro), o resultado é ainda pior:
entre 23 países ou blocos econômicos, nosso País teve o
segundo pior desempenho, ficando atrás apenas da
Itália (-0,3%) que enfrenta sérios entraves na áreas
fiscal e em outros fundamentos econômicos. O nível de
atividade brasileiro cresceu menos, inclusive, na
comparação com os países avançados, que apresentam
maiores dificuldades para crescer em função do seu já
elevado nível de desenvolvimento.
Para 2015, a expectativa não é de uma recuperação
robusta, pois os principais entraves à competitividade
ainda carecem de solução. Portanto, pelo menos até a
primeira metade do próximo ano, não se espera uma
reação mais forte da economia.
Variação % do PIB – Brasil
3ºTRI2014/
2ºTRI2014*
PIB a preços de mercado
3ºTRI2014/
3ºTRI2013
0,1
-0,2
Ac. no ano
Ac. em 4
até setembro trimestres
0,2
0,7
ÓTICA DA OFERTA
Agropecuária
Indústria
-1,9
0,3
0,9
1,1
1,7
-1,5
-1,4
-0,5
Extrativa mineral
2,2
8,2
7,3
5,3
Transformação
0,7
-3,6
-3,3
-1,8
Construção civil
1,3
-5,3
-5,1
-3,3
0,5
0,5
0,9
1,2
Serviços
ÓTICA DA DEMANDA
Consumo das famílias
-0,3
0,1
1,2
1,5
1,3
1,9
2,0
2,1
Formação bruta de capital fixo
1,3
-8,5
-7,4
-4,6
Exportação de bens e serviços
1,0
3,8
2,8
3,5
Importação de bens e serviços (-)
2,4
0,7
-0,2
1,1
Consumo da adm. pública
Fonte: IBGE. *Com ajuste sazonal.
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