O EFEITO DO ELETROLIFTING NO TRATAMENTO DAS RUGAS FACIAIS 2 Thais Daise Faria¹ Simone de Almeida Cosmo De Santis , 1. Acadêmica do curso de Tecnologia em Estética e Cosmética da Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba PR). 2. Ma. Bióloga Professora Adjunta do Curso de Estética e Cosmética da Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba PR) Endereço para correspondência: Thais Daise Faria, [email protected] RESUMO: Com o avanço da idade os sinais do envelhecimento se tornam mais evidentes, porém as rugas são os sinais que indicam o desaparecimento da juventude, sendo motivo de atenção à procura de cuidados e tratamentos. Seu aparecimento acontece devido a uma deficiência no tecido conjuntivo, em que ocorre uma redução do número de fibras elásticas, que impossibilita a manutenção da camada gordurosa, dificultando assim as trocas metabólicas e a oxigenação dos tecidos, levando desta forma à desidratação. Dentre os recursos para o tratamento das rugas encontra-se o eletrolifting, também conhecido como “Microgalvanopuntura”. O tratamento visa à atenuação das rugas e linhas de expressão, baseado nos efeitos fisiológicos da corrente galvânica. O objetivo do presente artigo é descrever através de revisão de literatura, o efeito do eletrolifting no tratamento das rugas faciais. Observou-se através dos estudos analisados, que o eletrolifting é uma um técnica minimamente invasiva, que provoca uma lesão tecidual e ocasiona um processo inflamatório, sendo responsável pelo reparo das rugas e linhas de expressão, melhorando assim o aspecto da pele, visto sua importância na regeneração tecidual. Palavras-chave: Envelhecimento cutâneo, rugas, eletrolifting. ___________________________________________________________________ ABSTRACT: With advancing age the signs of aging become more evident, but wrinkles are the signs that indicate the disappearance of youth, it is the reason of attention seeking care and treatment. His appearance is due to a deficiency in the connective tissue, where there is a reduction in the number of elastic fibers, which makes impossible to maintain the fat layer, making it hard metabolic exchanges and oxygenation of tissues, thus leading to dehydration. Among the resources for the treatment of wrinkles is the eletrolifting, also known as “Galvanopuncture” or “Microgalvanopuncture”. The goal of treatment is the attenuation of wrinkles and fine lines, based in the physiological effects of galvanic current. The goal of this article is reporting through review of literatures, the effect of the eletrolifting in the treatment of facial wrinkles. It was observed through the analyzed studies, the eletrolifting is a minimally invasive technique, which causes tissue damage and causes an inflammatory process and is responsible for repair of wrinkles and fine lines, thus improving the appearance of the skin. Keywords: Skin aging, wrinkles, eletrolifting. _______________________________________________________________ 1 1. INTRODUÇÃO Com o passar dos anos, os tecidos do corpo progressivamente passam por transformações, sendo que na pele essas modificações são mais facilmente reconhecidas, pois nela se observa os sinais visíveis do envelhecimento (MENOITA; SANTOS; SANTOS, 2013 apud SANTANA et al, 2003). O envelhecimento ocorre em diversos setores do organismo, sendo diferenciado em intrínseco e extrínseco. O envelhecimento intrínseco é um processo natural, decorrente das mudanças inevitáveis da passagem do tempo, caracterizado por atrofia da pele e rugas finas, pois atinge principalmente as fibras elásticas. Já o envelhecimento extrínseco é decorrente das influências externas, caracteriza-se por rugas profundas, pele espessa, seca, entre várias outras alterações (BAGADIN, 2008). Os sinais mais visíveis do envelhecimento na pele são: enrugamento, atrofia ptose e frouxidão (ORIÁ, et al, 2003). Sabe-se que as rugas são um dos sinais mais evidentes do envelhecimento cutâneo. Segundo Guirro e Guirro (2004), as rugas se manifestam devido a uma deficiência no tecido conjuntivo, em que ocorre uma redução do número de fibras elásticas, que impossibilita a manutenção da camada gordurosa, dificultando as trocas metabólicas e a oxigenação dos tecidos, levando desta forma à desidratação. As rugas não podem ser evitadas, pois apresentam caráter fisiológico, mas existem medidas que podem retarda-las melhorando o aspecto geral da pele. Dentre os recursos para o tratamento das rugas encontra-se o eletrolifting, também conhecido como “Microgalvanopuntura”. O tratamento visa à atenuação das rugas e linhas de expressão, baseado nos efeitos fisiológicos da corrente galvânica (BORGES, 2010). O objetivo deste artigo é descrever, através de revisão de literatura os efeitos do eletrolifting no tratamento das rugas faciais. Envelhecimento cutâneo O envelhecimento pode ser definido como um processo dinâmico e progressivo, onde ocorrem transformações morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e psicológicas. São estas modificações que estabelecem a perda progressiva da capacidade de adaptação de cada indivíduo ao meio ambiente, que 2 consequentemente ocasiona maior fragilidade e maior incidência de processos patológicos (PAPALÉO NETTO, 2007). Guirro e Guirro (2004), afirma que o envelhecimento simboliza a última fase do ciclo vital do organismo, sendo a infância e a maturidade as duas primeiras, ou seja, o envelhecimento é um processo natural que ocorre desde a infância, e fica mais evidente após a terceira idade. As manifestações na pele decorrentes do envelhecimento resultam no aparecimento de rugas, linhas de expressão, atrofia, ressecamento, flacidez, hipopigmentação e hiperpigmentação, alteração da vascularização e da espessura da pele (MELLO; PINE; CORREIA, 2008 apud FATTACIOLO, 2001). O envelhecimento cutâneo é resultante de processos intrínseco e extrínseco. O envelhecimento intrínseco ou cronológico é um processo natural, previsível, inevitável e progressivo. As modificações clínicas decorrentes do envelhecimento intrínseco incluem uma pele mais fina, xerose, rugas e atrofia que levam à perda da elasticidade e a uma maior fragilidade cutânea. O envelhecimento extrínseco ou fotoenvelhecimento é um processo de evolução distinto causado por fatores externos ambientais. Como resultado da exposição diária produz diversas fontes que aumentam a produção de radicais livres (ALVES; ESTEVES; TRELLES, 2013 apud EL DOMYATI, et al, 2002). Segundo Maio (2011), as características histológicas do envelhecimento intrínseco nas camadas da pele, ocorre conforme verificados no quadro 1. Quadro 1: Alterações da pele decorrentes do envelhecimento intrínseco Epiderme Derme Anexos cutâneos Ocorre perda da espessura Ocorre o aparecimento dérmica, resulta em uma pele cabelos grisalhos atrófica. Afinamento da pele Achatamento da dermoepidérmica junção dos Diminuição dos fibroblastos Ausência dos cabelos Diminuição dos melanócitos Redução dos mastócitos Conversão de pelos terminais e velosos Redução das células de Langerhans que são células de defesa do corpo. Tamanho e forma celular variável Fonte: MAIO, 2011. Há uma redução dos vasos sanguíneos diminuindo a Placas ungueais anormais vascularização Diminuição das alças Diminuição das glândulas capilares No envelhecimento extrínseco ou fotoenvelhecimento, as alterações decorrentes na pele são ceratoses actínicas, espessamento, manchas escuras 3 (hipercrômicas), manchas claras (hipocrômicas), rugas profundas, telangiectasias, que são resultados da exposição excessiva ao sol. Este tipo de envelhecimento ocorre de fora pra dentro (MARTINS; MACIEL; JESUS, 2013 apud KEDE e SABATOVICH 2004). Segundo Maio (2011), o envelhecimento extrínseco da pele principalmente pelos efeitos da radiação (UV), se manifesta pela desorganização das fibrilas de colágeno e acumulo de material anormal, inclusive elastina. As alterações no tecido da pele envelhecida pelo sol, incluem diminuição do nível dos precursores de colágeno dos tipos I e III, a um aumento na proporção do colágeno do tipo III para o tipo I e consequentemente um aumento do nível de elastina e uma diminuição do numero de fibroblastos que fabricam essas proteínas para o corpo. Podem ser observadas no quadro 2 as alterações estruturais causadas pelo envelhecimento extrínseco e seus efeitos na pele. Quadro 2: Envelhecimento extrínseco da pele Causa Consequências na pele Modificação da maturação celular Aspereza Alteração de melanócitos Pigmentação irregular Redução do numero e da resistência das fibras elásticas Rugas finas Elastose Solar - Ausência do suporte de colágeno dos vasos Púrpura senil Alteração da rede vascular Fonte: MAIO, 2011. Palidez da pele Várias alterações funcionais podem ser verificadas pelo aparecimento do envelhecimento. Entre elas destaca-se: as modificações da permeabilidade cutânea, menor capacidade anti-inflamatória, menor resposta imunológica, difícil cicatrização, menor elasticidade na pele e menor produção de vitamina D (STRUTZEL, et al. 2007). Apesar dos diversos estudos, não existe uma causa definida que explique a natureza das alterações anatômicas, histológicas e funcionais que ocorrem no processo do envelhecimento, mas várias teorias tentam explicá-la. A teoria dos radicais livres é a mais aceita que ocorre devido à exposição excessiva ao sol e aos raios ultravioletas (UV), onde as espécies de oxigênio reativo (Eros) podem diminuir a capacidade de defesa antioxidante da pele, ocasionando um mau funcionamento 4 das células do corpo e consequentemente acelerando o processo de envelhecimento (SOUZA, et al, 2007 apud DIMAMBRO et al, 2005). Modificações fisiológicas do envelhecimento da pele Os sinais do envelhecimento são decorrência do processo fisiológico do enfraquecimento das funções do tecido conjuntivo, em que o colágeno vai tornandose mais rígido. Há também uma redução no número de retenção de fibrilas, sendo que as fibras elásticas perdem parte de sua força devido à diminuição da elasticidade, ocorre a diminuição das glicosaminoglicanas, associada a uma diminuição da água, resultando na diminuição da adesão, migração, desenvolvimento e diferenciação celular (MALGAREZI, 2009 apud SOUZA, 2007). A decadência do tecido conjuntivo leva ao comprometimento dos fibroblastos ocasionando a diminuição das sínteses de proteínas importantes do corpo como o colágeno, a elastina e os proteoglicanos. São estas proteínas que garantem a elasticidade, resistência e hidratação da pele. Quando estas células são modificadas ocorre o aparecimento de flacidez, discromias, diminuição da capacidade de regeneração dos tecidos, perda do tónus, perda do brilho e aumento da fragilidade capilar (PARRINHA, 2014). Além dessas alterações, a pele adquire traços e formas de sulcos e depressões classificados como rugas, por consequência da atenuação dos fibroblastos. Na idade avançada ocorre a diminuição das células de Langerhans, enquanto que as células de macrófagos se tornam fagócitos deficientes, levando a perca da eficácia de resposta imune da pele, ocasionando a diminuição do tamanho das glândulas sebáceas resultando em uma pele seca e quebradiça, ficando vulneráveis as agressões climáticas (SANTOS; SERPA; CUNHA, 2013 apud TORTORA, 2002). A pele apresenta modificações constantes devido a sua capacidade de renovação e reparação. Possui uma função maior e vital sendo a conservação da homeostasia, ou seja, termorregulação, controle hemodinâmico e produção e secreção de metabólicos. Além de revestimento de todos os órgãos, executa ainda, a finalidade sensorial, por meio dos componentes do sistema nervoso localizado na derme, possui também a função de proteção contra os fatores agressores, evitando a penetração de microrganismos patogênicos, invasão microbiana e funções de 5 proteção física, química e biológicas, sendo que a ceratinização, o manto lipídico e o sistema imunológico se destacam devido sua importância (AZULAY, 2011). As alterações funcionais da pele que declinam com o envelhecimento são: taxa de crescimento, funções de barreira, resposta a lesão, depuração de agentes químicos, percepção sensorial, resistência a infecção, resposta vascular, termorregulação, e por fim, produção de sebo e suor (MAIO, 2011). Pode-se observar na histopatologia do envelhecimento fisiológico da pele que há um afinamento na epiderme com achatamento da junção dermoepidérmica. A pele envelhecida tende a se tornar mais espessa, porém, no estágio mais avançado do fotoenvelhecimento ocorre atrofia, hipertrofia ou espessamento do estrato germinativo da epiderme. Ocorre um aumento progressivo do tamanho dos melanócitos, enquanto que as funções das células de Langerhans são comprometidas, ocasionando em uma pele mais vulnerável (MARTINS; MACIEL; JESUS, 2013). Estas alterações são evidentes nas diferentes camadas da pele. Na epiderme há uma diminuição da camada córnea, tornando-a mais fina, pálida, com machas hipercrômicas, em consequência do aumento da melanina, ou manhas hipocromica que são decorrentes da diminuição dos melanócitos. Ocorre também uma diminuição da secreção sebácea que causa descamações, fissuras e ressecamento da pele em função das modificações nos lipídeos e pela falta de água. Nas papilas dérmicas, ocorre um achatamento, e um comprometimento da nutrição das células, prejudicando a camada germinativa. A vascularização da derme diminui, alterando as fibras colágenas e elásticas, responsáveis pela sustentação da pele, iniciando assim o processo de envelhecimento (PASSOS, et al, 2008 apud GOMES, 2006). Radiação Ultravioleta (UV) As radiações ultravioletas (UV) causam um impacto relevante no processo de envelhecimento da pele, pois na medida em que se envelhece, as fibras de colágeno e elastina enfraquecem naturalmente e quando a pele é exposta ao sol com frequência esse enfraquecimento ocorre de maneira mais acelerado (PEREIRA, In: GERSON, 2011). A radiação solar é um dos fatores principais para o envelhecimento extrínseco da pele, pois a luz emitida pelo sol principalmente a radiação ultravioleta B (UVB), 6 afeta a pele e suas estruturas, ocasionando modificações nas células de melanócitos responsáveis pela melanina, também provoca alteração nos vasos que são fundamentais pela irrigação da pele, diminuem as fibras de colágeno responsáveis pela sustentação da pele, afetando também varias outras estruturas. Estas agressões podem ser neutralizadas em partes pelas defesas naturais da pele, porém com o decorrer do tempo vai se acumulando, até que com idades mais avançadas surgem às consequências dessas agressões em forma de discromias, aspereza, rugas e varias outras alterações podendo ocasionar doenças como o câncer de pele (SANTOS; SÁ, 2013 apud STEINER, 2010). Além de causar uma lesão nas fibras elásticas, a radiação ultravioleta (UV), prejudica as propriedades intrínseca de retorno pós-deformação. No inicio, as rugas começam a surgir somente quando a face está em movimento, geralmente, como linhas de expressão. Portanto com a continuação do processo de envelhecimento, as lesões das fibras elásticas tornam-se mais severas, ocasionando o aparecimento das rugas mesmo com a face em repouso (MAIO, 2011). Rugas A atenuação da espessura da epiderme e derme e a diminuição da gordura subcutânea manifestam-se fisicamente em rugas. Não existe uma concordância na literatura com relação à terminologia rugas, havendo menção a rítides, linhas, sulcos e dobras. Portando, neste estudo optou-se pela terminologia rugas (MENOITA, et al, 2013 apud ZIMBLER, et al, 2001). Existem outros fatores envolvidos no surgimento das rugas dentre eles destaca-se: à diminuição das fibras elástica e da rigidez do colágeno, o declínio do tecido conjuntivo, a diminuição da oxigenação tecidual e a desidratação excessiva (OLIVEIRA, 2008). As rugas podem ser classificadas segundo a avaliação clínica em superficiais e profundas. As rugas superficiais desaparecem com o estiramento da pele, enquanto que as rugas profundas não sofrem nenhuma modificação no estiramento da mesma. As rugas também podem ser divididas em três categorias sendo elas: rugas dinâmicas, estáticas, e gravitacionais. As rugas dinâmicas ou linhas de expressão são decorrentes de movimentos repetitivos da mímica facial e aparecem com o movimento. As estáticas são consequências da fadiga das estruturas que 7 constituem a pele, em decorrência da repetição dos movimentos e aparecem mesmo na ausência deles. Enquanto que as rugas gravitacionais são consequentes da flacidez do envelhecimento facial, que em conjunto com diversas alterações culminam com a ptose das estruturas da face (GUIRRO; GUIRRO, 2004). De acordo com CULURA; COSTA, (2014) apud Horibe, (2000), as rugas podem ser classificadas em graus, a qual varia do grau I ao grau V. Conforme demostra o quadro 3. Quadro 3: Classificação das rugas faciais Grau Rugas Características Nesta fase ocorre uma manifestação inicial do Rugas fotoenvelhecimento sobre a pele, as rugas são I imperceptíveis superficiais, leves e imperceptíveis, com discreta alteração pigmentar, sendo rugas por desidratação. O fotoenvelhecimento nesta fase é leve, apresenta II Rugas dinâmicas lesões senis leves. As rugas surgem devido às movimentos repetitivos da face. Rugas dinâmicas e estáticas leves apresentam Rugas dinâmicas alterações cutâneas com fotoenvelhecimento e lesão III estáticas leves senil moderado. Alterações musculares como flacidez e ptose. Rugas em repouso e em movimentos moderados em Rugas dinâmicas IV especial na região cervical. Apresenta moderadas fotoenvelhecimento acentuado. Rugas dinâmicas e estáticas severas. Apresenta fotoenvelhecimento severo, lesão senil severa, rugas Rugas dinâmicas V em repouso e em movimento, alterações pigmentares e estáticas severas pele espessa. Modificações musculares com flacidez e ptose acentuada. Fonte: CULURA; COSTA, 2014 apud Horibe, 2000. Idade 20 a 30 anos. Visível entre os 30 a 40 anos. Surgem aos 40 a 50 anos de idade. Aparecem nos 50 anos ou mais. Acima de 60. No envelhecimento intrínseco a pele apresenta uma superfície pálida e é constituída pelo aparecimento de rugas finas, com varias linhas de expressão, caracterizada por uma pele seca e menos elástica. Em discordância, de quando a pele sofre um envelhecimento extrínseco, pois é caracterizada por uma pele mais espessa com rugas profundas, hiperpigmentação e uma intensa perda da elasticidade e recolhimento (BRAGATO; FORNAZARI; DEON, 2013 apud ZHANG, 2005). As rugas e linhas de expressão são sinais ou marca do desaparecimento da juventude. Pela sua importância estética, principalmente no sexo feminino, estes sinais do envelhecimento são motivos de atenção e de procura de cuidados e possíveis tratamentos (BAENA, 2003 apud ESTEVES et al, 1991). 8 Corrente Galvânica Trata-se de uma corrente unidirecional do tipo monofásica, que apresenta partículas carregadas de íons. A corrente galvânica possui efeitos de: produção de calor que consequentemente ocasiona vasodilatação, produz um aumento da ação da defesa e provoca analgesia. As técnicas de aplicação da corrente galvânica são: ionização que provoca o aumento da administração transcutânea de ativos ionizáveis, o desincruste que consiste na saponificação do excesso de oleosidade da pele e o eletrolifting que provoca a estimulação da reação inflamatória no local por meio da puntura. Portando, neste estudo optou-se pela técnica eletrolifting (OLIVEIRA, 2008). A corrente galvânica funciona através da criação de duas reações químicas diferentes, dependendo da polaridade (negativa ou positiva) utilizada. O eletrodo ativo é usado na área a ser tratada, já o eletrodo inativo é o polo oposto do ativo. Sendo que os efeitos produzidos pelo polo positivo é diferente aos do negativo (GIAVAROTTI, In: GERSON, 2011). Não há risco de provocar efeitos sistêmicos, pois é uma corrente de baixa intensidade, portanto não é necessário retirar objetos metálicos como anéis, relógio, brincos entre outros no decorrer do tratamento. O tempo de atuação pode provocar reações como hiperemia ou edema, mas isso depende da capacidade reacional de cada paciente (BARBOSA; CAMPOS, 2013). Eletrolifting Trata-se de um tratamento que visa à diminuição de rugas e linhas de expressão, baseado nos efeitos fisiológicos da corrente galvânica. Esta técnica também pode ser chamada “Microgalvanopuntura”. A realização dessa terapia é feita através da utilização de um eletrodo ativo que apresenta uma agulha na ponta, sendo acoplada por uma haste na forma de caneta, a agulha é fundamental para que haja a concentração da corrente, passando assim o carreamento de partículas hidratadas para ao polo negativo. O equipamento apresenta também um eletrodo passivo (polo positivo) do tipo placa que fica em contato constante com o cliente, fechando o campo elétrico (GUIRRO; GUIRRO, 2004). A técnica eletrolifting foi desenvolvida em 1952, com o intuito de promover um “levantamento” da pele e das estruturas mais superficiais, por isso o motivo desta 9 expressão lifting. O procedimento realizado refere-se a um método minimamente evasivo, que reúne os efeitos de um eletrodo em forma de agulha agregado a uma corrente contínua, sua intensidade pode ser reduzida conforme ao nível de microampères conhecida como “microgalvânica”, visto que é constituída por uma microcorrente polarizada. O eletrodo passivo (polo positivo) deve ser posicionado ao corpo do paciente próximo da área a ser tratada, para que possa haver a transmissão da corrente. O objetivo da técnica, associados aos efeitos galvânicos é promover uma lesão tecidual, ocasionando assim um processo inflamatório, que será responsável pelo efeito de reparação das rugas, tornando-as mais superficiais (BORGES, 2010). Algumas medidas devem ser tomadas antes de iniciar o tratamento, ou seja, o profissional deve utilizar equipamentos de proteção individual (avental, luvas de procedimento, máscara descartável), sempre estar com toucas descartável e com unhas curtas. As mãos do profissional devem estar higienizadas, a fim de assegurar uma boa assepsia e evitar contaminações. O profissional deve iniciar seu trabalho por meio de uma ficha de anamnese, no qual deverá conter informações necessárias para um atendimento adequando. Nesta avaliação obtêm-se os dados pessoais, sendo, as contraindicações, patologias, as características da pele, tratamento recomendados e a assinatura da paciente as informações verificadas (OLIVEIRA, 2008). Segundo Manual da Ibramed (2009), a pele deve ser higienizada antes da introdução da agulha. As agulhas são individuais e devem ser descartáveis após cada procedimento em recipientes próprios à ruptura e vazamento. O profissional deverá utilizar somente agulhas autoclavadas, que possuam registro na ANVISA. Se a técnica utilizada for à ponteira não invasiva, esta deverá ser esterilizada após cada sessão. O armazenamento das agulhas e ponteiras para eletrolifting deve ser feito em local seco e em temperatura ambiente. A estimulação das rugas deve ser realizada de forma individual, até que seja obtida uma hiperemia em toda região da lesão, para que haja assim uma estimulação do local a ser tratado. A estimulação provocada pela agulha ocasiona uma vermelhidão ativa, onde provoca um aumento da circulação local. Em consequência disso são intensificados os processos metabólicos, a nutrição e a regeneração do tecido (GUIRRO; GUIRRO, 2004). 10 A estimulação física provocada pele penetração da agulha acarreta uma inflamação aguda, que é essencial no nível de regeneração tecidual. A resposta do processo inflamatório pode ser definida como uma reação dos vasos sanguíneos, que leva ao acúmulo de fluidos e leucócitos, que tem o propósito de destruir, diluir e isolar os agentes lesivos (CORREIA, et al, 2014 apud GARTNER; HIATT, 1999). O processo de cicatrização tem sido convenientemente dividido em três fases sendo elas: fase inflamatória, fase proliferativa que é a fase fibroblástica de regeneração e fase de maturação ou de remodelamento. A fase inflamatória possui três finalidades buscando defender o organismo contra qualquer corpo estranho, eliminar o tecido morto para haja à cicatrização e provocar a regeneração do tecido normal. Os cinco sinais principais da inflamação que se manifesta durante o processo inflamatório é dor, calor, rubor, edema e diminuição ou perda de função. Qualquer ocorrência que prejudicar a função do tecido e modificar a capacidade das células executar seu mecanismo homeostático normal irá proporcionar uma resposta inflamatória (MALGAREZI, 2009). Segundo Guirro e Guirro (2004), as técnicas utilizadas no procedimento são: deslizamento da agulha sobre o canal da ruga; penetração da agulha que consiste na introdução da agulha superficialmente a epiderme, em pontos adjacentes e no interior da ruga; e escarificação, ou seja, deslizamento com a agulha a 90º sobre a pele, resultando em uma lesão do tecido. As três técnicas produzem resultados positivos, diminuindo as rugas e linhas de expressão. No entanto, as duas técnicas que provocam um processo inflamatório, sendo a invasiva e a de escarificação, proporcionam resultados mais eficazes. A intensidade da corrente varia de 180 a 200 microampères, ou 74 microampères em peles sensíveis, eudérmica e alípicas e 86 microampères em pele mais espessa, lipídicas e seborreicas. O ideal seria a utilização máxima da intensidade tolerada, pois o nível mais alto de intensidade aumenta o grau de lesão, aumentando consequentemente o tempo do processo inflamatório, intensificando o reparo das rugas. Mas não é recomendado ultrapassar 300 microampères, pois devido à ação do componente galvânico da microcorrente pode provocar pigmentações ou lesões na pele, lembrando também que se deve respeitar a sensibilidade de cada paciente (BORGES, 2010). Durante o tratamento, como forma de precaução, o paciente não deve se 11 expor ao sol enquanto o processo inflamatório estiver ativo, pois, há risco de manchar a pele. A técnica é contraindicada para paciente com patologias cardíacas, pacientes diabéticos, pacientes que façam o uso de corticoides, neoplásicas, gestantes, portadores de hipertensão descontrolada, alergia ou irritação à corrente elétrica, hipersensibilidade ou fatores que podem dificultar ou impedir a técnica (SANTOS; MEIJA, 2013). 2. METODOLOGIA Foi realizada uma pesquisa bibliográfica com publicações entre os anos de 2003 a 2014, por meio do site da Bireme para consulta de seus acervos de dados como Lilacs, Medline, PubMed e Scielo. Os descritores utilizados foram: envelhecimento cutâneo, envelhecimento intrínseco e extrínseco, modificações fisiológicas do envelhecimento da pele, rugas, classificações das rugas, eletrolifting, corrente galvânica, radiação solar, conduta profissional. 3. DISCUSSÃO O tratamento das rugas com a utilização da técnica eletrolifting, depende de vários fatores que garantem um resultado satisfatório. Algumas questões do aparelho e do procedimento devem ser reguladas senão os resultados não serão tão eficazes. Segundo Guirro e Guirro (2004), há vários fatores envolvidos na eficácia do tratamento com eletrolifting, dentre eles destaca-se: a importância do procedimento ser realizado sobre a pele limpa; sempre respeitar a sensibilidade do paciente em relação à intensidade da corrente; testar a corrente sempre quando mudar a região estimulada, questionando sobre a sensibilidade do paciente. Quando a técnica do eletrolifting utilizada for de deslizamento pode-se efetuar o tratamento quantas vezes precisar, porém, se for invasivo não deve repetir o tratamento até que todo processo seja absorvido, o ideal é realizar o procedimento até duas vezes por semana com repouso de três a quatro dias; não é recomendado realizar tratamentos descongestionantes após a estimulação, pois este fato pode interromper os efeitos desejados. De acordo com Borges (2010), há necessidade de se questionar o paciente antes da realização do tratamento, quanto à sua predisposição para o aparecimento de queloides, pois trata-se de uma técnica minimamente invasiva e deve-se tomar 12 devidos cuidados quanto à esta questão, do mesmo modo como diabetes, pois neste caso o paciente apresentará uma alterações das fibras colágenas e isso dificulta a regeneração do tecido. Segundo estudo realizado por Baena (2013), a utilização do eletrolifting obteve resultados satisfatório, foi observado um aumento de 47,5% em média na escala de satisfação pessoal, e como consequência um aumento da autoestima devido à melhora da aparência. O tratamento foi realizado em cinco participantes que apresentavam linhas de expressão, todas do sexo feminino, com idade entre 40 e 55 anos. Foram utilizadas as técnicas de punturação e deslizamento da agulha no canal das rugas em dez aplicações semanais de eletrolifting. Em uma pesquisa Barbosa e Campos (2013) comprovou uma atenuação das rugas e linhas de expressão. O tratamento foi realizado em 10 sessões, uma vez por semana. No qual se verificou que 83,3% das pacientes obtiveram melhora no nível de satisfação pessoal, já na avaliação da sensibilidade dolorosa 50% das pacientes não apresentaram alteração, 33,4% das pacientes apresentaram diminuição na sensibilidade dolorosa e 16,6% apresentaram aumento na sensação dolorosa. Depois de 10 sessões, o tratamento demonstrou resultados satisfatórios na diminuição das rugas e linhas de expressão, podendo ser demostrado por meio do aumento no grau de satisfação pessoal das pacientes submetidas ao tratamento. Algumas medidas devem ser tomadas durante a aplicação da técnica eletrolifting. De acordo com Borges (2010), a aplicação da agulha na realização do procedimento deve ser introduzida entre as camadas da epiderme, pois esta camada não irá atingir diretamente a camada da derme, não havendo sangramento. Mas não é ideal a agulha ser introduzida na pele de uma maneira muito superficial, pois o resultado não será tão efetivo. Porém a agulha também não deve atingir diretamente a derme, pois o estrato basal não deve ser danificado. A pontuação da agulha deve ser feita em todo o trajeto da lesão, ou seja, da ruga, evitando-se deixar espaços entre as punturações na pele. Se o local estimulado pela agulha não preencher todo o trajeto da lesão ou caso não haja hiperemia, o procedimento deve ser repetido nos locais não estimulados. Segundo Guirro e Guirro (2004), o aumento gradual da sensibilidade às correntes com intensidades menores é um parâmetro para se observar a melhora do tecido, em resposta à estimulação elétrica. Mas por outro lado, o aumento da 13 sensibilidade é um fator que dificulta a evolução do tratamento, pois aumenta a resistência das pacientes em relação à técnica utilizada, o que dificulta as aplicações, sendo um fator que diminui a eficácia do tratamento por não atingir todos os pontos necessários. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A preocupação em retardar o envelhecimento da pele, e os sinais da idade está crescendo cada vez mais. Na região da face às alterações do envelhecimento são mais visíveis, sendo que as rugas tem se tornado um motivo de grande preocupação das pessoas, pois elas revelam a verdadeira idade e deixam a pele com uma aparência mais envelhecida. Devido ao grande avanço tecnológico na área da estética, observam-se diversos recursos que podem ser utilizados para amenizar as rugas. Dentre os recursos tratou-se de esclarecer o tratamento para as rugas faciais através da técnica de eletrolifting. Observou-se através de revisão de literatura, que o eletrolifting ou microgalvanopuntura é uma técnica que possui resultados satisfatórios para tratamentos das rugas faciais. Os resultados são eficazes devido à estimulação provocada pela agulha localizada no eletrodo, que provoca uma hiperemia ativa e o consequente aumento da circulação no local, intensificando os processos metabólicos, a nutrição e a regeneração do tecido. Sendo que a lesão tecidual provocada no trajeto da ruga, leva a um processo inflamatório que será responsável pelo efeito de reparo das rugas. Os resultados analisados no presente estudo foram satisfatórios, pois se acredita que a lesão provocada pela agulha promove a atenuação das rugas, pois o processo inflamatório que ocorre na região é essencial no nível de regeneração tecidual e ajuda a suavizar as rugas. A aplicação do eletrolifting na literatura mostra resultados satisfatórios, porém acredita-se que os resultados sejam mais eficazes em um maior tempo de tratamento. 14 REFERÊNCIAS ALVES, R.; ESTEVES, T.; TRELLES, M. A. Factores intrínsecos e extrínsecos implicados no envelhecimento cutâneo. Cirugía Plástica Ibero-Latinoamericanav. v. 39, n. 1, p. 89-102, jan./fev./mar. 2013. AZULAY, R. D.; Dermatologia. 5. ed. Rio de janeiro: Guanabara Koogan,2011. BAENA, E. G. A Utilização da Corrente Galvânica (Eletrolifting) no Tratamento do envelhecimento facial. 97. p. Trabalho de conclusão de curso do curso (Fisioterapia) - Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, 2003. BAGATIN, E. Envelhecimento cutâneo e o papel dos cosmecêuticos. Boletim Dermatológico Unifesp, São Paulo, v. 5, n. 17, p. 1-4, jan./fev./mar. 2008. BARBOSA, D. F.; CAMPOS, L. G. 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