ENTENDENDOA RITIDO E BLEFAROPLASTIA O envelhecimento, um processo natural dos seres vivos, na pele causa entre outras alterações, perda de elasticidade. O peso pela força da gravidade, associado à diminuição da gordura subcutânea faz com que ela tende a cair, surgindo então aquelas dobras e rugas. A exposição solar, fumo, irritantes físicos e químicos aceleram as deformações, que não se restringem à pele, mas também às estruturas subjacentes (faciais, músculos, gordura), ocasionando muitas vezes protrusões. Ao examinarmos um rosto em fase de envelhecimento, percebe-se um aprofundamento maior das dobras da pele na testa, uma queda das sobrancelhas, um excesso de frouxidão da pele em volta dos olhos que, associada à elasticidade diminuída das estruturas subcutâneas deixam salientes as bolsas gordurosas periorbitárias. O nariz tende a cair a ponta, juntamente com a pele adjacente nas bochechas acentuando o sulco nasogeniano. Pequenas rugas verticais se formam no lábio superior e cantos da boca que também tendem a cair. A pele do pescoço forma com o queixo o que chamamos de “queixo-duplo”. A reposição destas estruturas no seu devido lugar, bem como cuidados e tratamentos pela sua restauração e conservação não devem ser interpretados como atos de vaidade supérflua, mas como atitude de proteção, respeito e amor com nossos corpo, afinal saúde é condição básica para nossas atividades. A escolha de época da cirurgia depende dos objetivos de cada um. A idade por volta dos quarenta anos passa a despertar ansiedades com o nosso “aparente” envelhecimento. Muitas vezes poderemos aconselhar o paciente a antecipar ou adiar o tratamento, ou optar por um procedimento parcial ou localizado, pesando-se sempre os ganhos naquele momento e em relação ao futuro. É relativo também a época do ano pois o clima não interfere, podendo-se realizá-la em qualquer ocasião. Como o objetivo da cirurgia é basicamente restaurar o posicionamento normal da pele e estruturas subjacentes, é através de cortes que iremos criar o caminho do nosso trabalho. Cortes, incisões significam cicatrizes. Não há procedimento de cirurgia plástica ou outra qualquer que evite cicatriz numa incisão. O que o cirurgião faz é diminuir ao máximo o tamanho, ou esconder numa dobra natural da pele, no cabelo, ou usar uma região habitualmente vestida, se possível. Em termos de cicatriz, a pele reage de maneira diferente nas diferentes regiões do corpo. Felizmente no rosto, pela rica circulação sangüínea, as cicatrizes no geral são mínimas quando não desaparecem totalmente com o passar do tempo. As incisões para a ritidoplastia, isto é, a cirurgia das rugas da face e pescoço, são localizadas na frente e atrás das orelhas, aproveitando-se dobras naturais da pele e no couro cabeludo e neste podendo estender-se de um lado a outro. A pele é descolada, atualmente menos do que outrora, e o suficiente para podermos reposicionar as estruturas que estão abaixo (sistema músculo-aponevrótico). Resseca-se o excesso fixando-a nos pontos de “tração” acima, abaixo e atrás das orelhas. Nos demais pontos faz-se suturas sem tensão, com pontos que podem ser retirados precocemente. Dependendo da presença de “queda das sobrancelhas” e havendo dobras naturais da pele na testa, um procedimento auxiliar á a ressecção de uma elipse de pele logo acima das sobrancelhas ptosadas. As cicatrizes dos cortes nesta região tendem a desaparecer completamente. Pode-se também tracionar as sobrancelhas “caídas” com procedimentos “endoscópicos”, onde se fazem pequenas incisões no couro cabeludo e através de túneis chega-se em ponto adequadamente escolhido para inserir um fio que tracionará para cima, elevando-as. Embora o envelhecimento também se caracteriza pela perda de gordura subcutânea, muitas vezes há um acúmulo exagerado desta em certas áreas do rosto e pescoço em especial abaixo do queixo. Nestes casos pode-se usar um outro recurso auxiliar que é a lipoaspiração (lipoescultura), muitas vezes sendo esta gordura reimplantada em outras áreas. Com freqüência o reassentamento da pele e demais estruturas não é o suficiente para alcançarmos os resultados desejados, obrigando-nos a usar outras técnicas associadas como a descamação cutânea com produtos químicos (peeling) ou mecanicamente (dermoabrasão) ou ainda com o laser. Também é freqüente a realização associada de outros procedimentos como correção de cicatrizes, deformidades nasais, mentonianas e outras, sempre objetivando uma harmonização e resultados no conjunto. A Blefaroplastia pode ser considerado como um procedimento a parte, mas é raro que não seja feita por ocasião da ritidoplastia. No envelhecimento ocorre também uma sobra de pele nas pálpebras superiores e na maioria das vezes associa-se uma protrusão das bolsas gordurosas supra e infrapalpebrais. A correção se baseia também na ressecção da pele redundante, reposicionamento muscular, em especial nas pálpebras inferiores e um tratamento das bolsas que atualmente se tornou bastante criterioso, pois ressecções em excesso podem estigmatizar os resultados. Do mesmo modo, isto é, também como procedimento a parte, pode considerar-se o tratamento das rugas da testa (frontoplastia), no geral associado à ritido e blefaroplastia, atingindo-se assim um tratamento total da face. Neste caso as incisões são prolongadas para o couro cabeludo e o princípio é o mesmo ou seja, reposiciona-se a pele e musculatura também nesta região. O tempo de recuperação pós cirúrgica depende do que foi feito. No geral recomendamos aos pacientes reservarem duas semanas. Na seqüência dos cuidados pós operatórios o primeiro curativo é trocado 24 horas após. Os primeiros pontos (pálpebras) são retirados no terceiro dia. Pelo sexto dia usualmente removem-se alguns pontos préauriculares. A retirada total da suturas é feita ao final de duas semanas. Em caso de peeling associado tem-se a formação de crostas que no geral começam a desprender-se em 8 a 10 dias, podendo persistir por algum tempo uma maior ou menor hiperemia (vermelhidão) da pele renovada. São de rotina prescritos cremes protetores. A cirurgia pode ser realizada sob anestesia local com sedação, em regime ambulatorial. Não é procedimento doloroso no pós operatório, mas os pacientes e familiares devem estar preparados para um “aspecto traumático” cujos curativos e ataduras na cabeça podem gerar algum desconforto. Um bom entendimento mútuo entre paciente e cirurgião, um conhecimento detalhado de todas as etapas pré e pós cirúrgicas e a consciência das reais e possíveis expectativas certamente contribuirão para os melhores resultados.