Variáveis Aleatórias Contínuas Definição 1 Uma variável aleatória X é classificada como contínua, se ela assume um número infinito não-enumeráv de valores. Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Variáveis Aleatórias Contínuas O comportamento probabilístico de uma variável aleatória contínua será descrito pela sua função densidade de probabilidade. Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Variáveis Aleatórias Contínuas Definição 2 Dizemos que uma variável aleatória X é contínua, se existir, uma função f , denominada função densidade de probabilidade (fdp) que satisfaça as seguintes condições: a) f (x) ≥ 0 Z ∞ b) f (x)dx = 1 −∞ Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Variáveis Aleatórias Contínuas Definição 3 Definimos a probabilidade de X estar entre a e b por: Z b f (x)dx P(a ≤ X ≤ b) = a Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Variáveis Aleatórias Contínuas Observe que P(a ≤ X ≤ b) representa a área sob a curva no gráfico da fdp entre x = a e x = b. f (x) P(a ≤ X ≤ b) a Renato Ferreira da Cruz b x Universidade Federal de Mato Grosso Variáveis Aleatórias Contínuas Observações: Como consequência da definição acima, temos que Z x0 f (x)dx = 0 P(X = x0) = x0 Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Variáveis Aleatórias Contínuas Observações: Como consequência da definição acima, temos que Z x0 f (x)dx = 0 P(X = x0) = x0 Se X for uma v.a. contínua, então: P(a < X < b) = P(a ≤ X < b) = = P(a < X ≤ b) = = P(a ≤ X ≤ b) Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Função de Distribuição Definição 4 Seja X uma variável aleatória, discreta ou contínua. Definimos a função de distribuição (fd) da variável aleatoria X como sendo a função F dada por: F (x) = P(X ≤ x), ∀x ∈ R Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Função de Distribuição A definição é a mesma vista para o caso discreto. A diferença é que, para variáveis contínuas, a função de distribuição acumulada é uma função contínua, sem saltos. Veja a figura abaixo para um exemplo. y F x Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Função de Distribuição Teorema 1 Se X for uma variável aleatória contínua com fdp f , então: Z x F (x) = f (u)du. −∞ Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Função de Distribuição Observação: Para as variáveis aleatórias discretas, a função de distribuição tem a forma de escada, sendo descontínua nos valores assumidos pela variável. Da função de probabilidade obtemos a função de distribuição e vice-versa. Da mesma forma, para variáveis aleatórias contínuas, a partir da fdp obtemos a fd e vice-versa, como mostra o teorema seguinte. Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Função de Distribuição Teorema 2 Seja F a fd de uma v.a. contínua X com fdp f . Então f (x) = F ′(x) para todo x no qual F é derivável. Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Função de Distribuição Exemplo 1 Considere a função f (x) apresentada na figura abaixo. y f k 1 2 Renato Ferreira da Cruz 3 4 5 x Universidade Federal de Mato Grosso Função de Distribuição a) Determine o valor de k para que f seja uma função densidade de probabilidade de uma variável aleatória X . b) Determine a equação que define f . c) Calcule P(2 ≤ X ≤ 3). d) Determine o valor de k tal que P(X ≤ k) = 0, 6. e) Determine a função de distribuição de X . EsRenato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Função de Distribuição Exemplo 2 Considere a função f apresentada na figura abaixo. y k f 0, 1 1 6 x Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Função de Distribuição a) Determine o valor de k para que f seja uma função densidade de probabilidade de uma variável aleatória X . b) Determine a equação que define f . c) Calcule P(2 ≤ X ≤ 3). d) Determine o valor de k tal que P(X ≤ k) = 0, 6. e) Determine a função de distribuição de X . EsRenato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Função de Distribuição Exemplo 3 Seja f (x) = 0, 006x(10 − x) para 0 ≤ x ≤ 10 e f (x) = 0 para outros valores de x. a) Verifique que f é uma função densidade de probabilidade e esboce seu gráfico. b) Calcule P(4 ≤ X ≤ 8). Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Função de Distribuição Exemplo 4 Ae −αx se x ≥ 0 Seja f (x) = , onde 0 se x < 0 α > 0 é uma constante. a) Determine o valor de A para que f seja uma função densidade de probabilidade. b) Esboce o gráfico de f . c) Determine a fd e esboce seu gráfico. d) Calcule P(1 ≤ X ≤ 4). Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Distribuições Contínuas Alguns modelos de distribuições contínuas Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Modelo Uniforme Diremos que X segue o modelo Uniforme, no intervalo [a, b], se todos os subintervalos de [a, b] com mesmo comprimento tiverem a mesma probabilidade. Sua função densidade é dada por 1 , se a ≤ x ≤ b b−a f (x) = 0 , c.c Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Modelo Uniforme A função de distribuição é dada por: 0 , se x < a x −a , se a ≤ x < b F (x) = b − a 1 , se x ≥ b Devido à natureza contínua da variável, não faz diferença na definição do modelo se o intervalo de valores for aberto ou semi-aberto. Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Modelo Uniforme Exemplo 5 Um programa de TV dura 1 hora e um telespectador impaciente vai trocar de canal a qualquer momento durante o programa. Qual a probabilidade dele assistir à maior parte do programa? Se ele assistiu à maior parte do programa, qual seria a probabilidade dele desligar a TV ou mudar de canal nos últimos 10 minutos? Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Modelo Exponencial A variável aleatória X segue o modelo Exponencial de parâmetro λ, λ > 0, se tiver densidade dada por: −λx λe , se x ≥ 0 f (x) = 0 , se x < 0 Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Modelo Exponencial Exemplo 6 Suponha que a vida útil de certo tipo de lâmpada tenha distribuição exponecial de parâmetro λ. a) Seja X a vida de uma lâmpada desse tipo. Mostre que P(X > t + s|X > t) = P(X > s), ∀s, t > 0 Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Modelo Exponencial b) Suponha que λ = 3 quando a vida é expressa em dias. Uma lâmpada solitária é ligada em uma sala no instante t = 0. Um dia depois, você entra na sala e fica ali durante 8 horas, saindo no final desse período. i) Qual a probabilidade de que você entre na sala quando já está escura? ii) Qual a probabilidade de você entrar na sala com a lâmpada ainda acesa e sair da sala depois da lâmpada queimar? Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Modelo Normal Inicialmente, lembremos que: Z ∞ √ 2 e −x dx = π −∞ 2 −x Como f (x) = e √ é uma função par, temos que Z +∞ π 2 e −x dx = . 2 0 Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Modelo Normal Exemplo 7 2 − x2 Seja f (x) = ke , com x real. Determine o valor de k de modo que f seja uma função densidade de probabilidade. Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Modelo Normal Exemplo 8 Sendo µ e δ, δ > 0, duas constantes dadas, mostre que Z +∞ (x−µ)2 1 − √ e 2σ2 dx = 1 σ 2π −∞ Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Modelo Normal Definição 5 Dizemos que a variável aleatória contínua X tem distribuição normal, com média µ e variância σ 2, σ > 0, se sua função densidade de probabilidade for dada por (x−µ)2 1 − f (x) = √ e 2σ2 , x ∈ R σ 2π Notação: X ∼ N(µ, σ 2). Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Modelo Normal Exemplo 9 Seja X ∼ N(µ, σ 2). Mostre que P(µ − σ ≤ X ≤ µ + σ) independe de µ e de σ e que seu valor é: Z 1 2 2 − z2 P(µ − σ ≤ X ≤ µ + σ) = √ e dz 2π 0 Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Modelo Normal Exemplo 10 Seja Z uma variável aleatória dada por X −µ Z = , onde X ∼ N(µ, σ 2). Mostre que σ Z ∼ N(0, 1). Dizemos que Z tem distribuição normal padrão. Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Modelo Normal A função de distribuição acumulada de qualquer variável aleatória é definida por F (x) = P(X ≤ x) No caso da densidade normal padrão, essa função é dada pela integral: Z x z2 1 √ e − 2 dz Φ(x) = 2π −∞ para a qual não existe uma primitiva em forma de função elementar. Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Modelo Normal Assim, a função de distribuição acumulada da normal padrão é calculada por integração numérica. Para completar o estudo da distribuição normal padrão, é necessário calcular probabilidades de quaisquer eventos, tais como: P(a ≤ Z ≤ b). Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Modelo Normal Por definição da função de densidade, essa probabilidade, no caso da normal padrão, é dada por: Z b 1 − x2 √ e 2 dx P(a ≤ Z ≤ b) = 2π a Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Modelo Normal Por definição da função de densidade, essa probabilidade, no caso da normal padrão, é dada por: Z b 1 − x2 √ e 2 dx P(a ≤ Z ≤ b) = 2π a Como já dito, tal integral, que dá a área sob a curva compreendida entre os pontos a e b não pode ser calculada pelos procedimentos usuais. Veja a figura abaixo. Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Modelo Normal y P(a ≤ Z ≤ b) a Renato Ferreira da Cruz b Universidade Federal de Mato Grosso x Modelo Normal A dificuldade está no fato de que aqui não podemos aplicar o Teorema Fundamental do Cálculo, já que não existe uma função elementar cuja derivada seja 2 − x2 e . Assim, para calcular probabilidades do tipo acima, é necessária a aplicação de métodos numéricos e esses métodos permitem tabular P(Z ≤ z) para qualquer valor de z. Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Modelo Normal Na Tabela 1 é dada a distribuição acumulada para cada valor de z < 0 e na Tabela 2 para z > 0, ou seja, é dado o valor: Φ(z) = P(Z ≤ z). Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Modelo Normal A partir de qualquer uma delas é possível calcular a probabilidade de qualquer evento associado à distribuição normal padrão. Em ambas, a abscissa z é apresentada com 2 casas decimais, sendo que a casa inteira e a primeira casa decimal estão nas linhas da coluna à esquerda e a segunda casa decimal está na linha superior da tabela. Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Modelo Normal Exemplo 11 Seja Z ∼ N(0, 1). Calcule P(0 ≤ Z ≤ 1). Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Modelo Normal Exemplo 12 Seja Z ∼ N(0, 1). Calcule P(1 ≤ Z < 2, 5). Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Modelo Normal Exemplo 13 Seja Z ∼ N(0, 1). Calcule P(−1 ≤ Z ≤ 0). Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Modelo Normal Exemplo 14 Seja Z ∼ N(0, 1). Calcule P(Z < −1). Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Modelo Normal Exemplo 15 Seja Z ∼ N(0, 1). Calcule P(−1 < Z < 2). Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Modelo Normal Exemplo 16 Seja Z ∼ N(0, 1). Calcule P(Z > 1, 5). Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Cálculo de probabilidades de uma variável normal O resultado a seguir garante que probabilidades de qualquer variável normal podem ser calculadas a partir das probabilidades da normal padrão. Vimos que se X ∼ N(µ, σ 2), então X = µ + σZ , onde Z ∼ N(0, 1). Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Cálculo de probabilidades de uma variável normal Vamos ver como utilizar esse resultado para calcular probabilidades da normal. Temos que: X −µ x −µ ≤ = P(X ≤ x) = P σ σ x −µ = = P Z≤ σ x −µ = Φ σ Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Cálculo de probabilidades de uma variável normal Exemplo 17 Seja Z ∼ N(2, 4). Calcule P(−1 ≤ X ≤ 5). Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Cálculo de probabilidades de uma variável normal Exemplo 18 Seja X ∼ N(µ, σ 2). Calcule P(µ − 2σ ≤ X ≤ µ + 2σ). Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso Cálculo de probabilidades de uma variável normal Exemplo 19 Se X ∼ N(2, 9), encontre o valor de k tal que P(X < k) = 0, 95. Renato Ferreira da Cruz Universidade Federal de Mato Grosso