universidade candido mendes pós

Propaganda
1
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR
A HISTÓRIA DE UMA CIDADE CONTADA ATRAVÉS DAS
BANDAS DE MÚSICA
JOÃO MARCOS CARVALHO MENDONÇA
ORIENTADORA
PROFª. MARY SUE
2
RIO DE JANEIRO
OUTUBRO / 2007
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR
A HISTÓRIA DE UMA CIDADE CONTADA ATRAVÉS DAS
BANDAS DE MÚSICA
3
JOÃO MARCOS CARVALHO MENDONÇA
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de Especialista em Docência do
Ensino Superior
AGRADECIMENTOS
4
Agradeço a Deus porque Ele
que é a razão da minha vida.
A minha família, em especial a
minha esposa Simone e meu
querido filho João Vitor pelo apoio,
incentivo e compreensão.
E por serem bênçãos na minha
vida. E aos meus pais que já não
estão mais entre nós, Deus os
levou para perto Dele, foram eles
quem me deram à base de tudo na
vida, e o que sou hoje agradeço
principalmente a eles.
DEDICATÓRIA
5
Dedico
esta
pesquisa
ao
crescimento cultural musical do
município de Paracambi. Em
especial
a diretora do Cetep/
Faetec Marise Macedo da Silva
pela credibilidade e oportunidade
que me concedeu para criar e
formar a Banda de Música do
Cetep Paracambi e aos alunos
pelo apoio e dedicação a este
trabalho tão lindo que é o fazer
música. Eles foram o motivo
desta monografia.
RESUMO
O objetivo desta pesquisa é um resgate de valores culturais deixado
município Paracambi. Valores culturais estes que não podem ficar apagados, a
valorização deste resgate está voltado para as bandas e música que existiram,
6
trazendo informações sobre suas atividades, seus regentes, seus repertórios e
seus públicos. Chegando até a formação da banda do Cetep, que é a atual e
única no município.
Uma verdadeira viagem no tempo contada por seus descendentes filhos
de uma cultura musical. Concluindo com a cultura musical atual, seu valor
educacional e profissional.
7
METODOLOGIA
Os métodos aplicados neste trabalho foram algumas referências
bibliográfica e principalmente questionário e entrevistas com moradores,
parentes diretos de músicos, professores e alunos da cidade. Documentário
este que trás um verdadeiro resgate cultural. Acervo de fotos
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
8
CAPÍTULO I
A HISTÓRIA DE UMA CIDADE RESGATADA ATRAVÉS DA MÚSICA.
9
1.1 - Banda de Música: origem e estrutura.
11
1.2 – Maestro Anacleto de Medeiros: sua vida artística musical.
15
1. 3 - Companhia Brasil Industrial: investimento na cultura, o início
de uma transformação musical.
17
CAPÍTULO II
BANDA DE MÚSICA: VALOR SÓCIO CULTURAL E RELIGIOSO
20
9
CAPÍTULO III
A FORMAÇÃO DA BANDA DE MÚSICA DO CETEP EM
PARACAMBI E O PROJETO MÚSICA NA FÁBRICA
3.1- Resgatando valores culturais
26
3.2- O lançamento da Banda do Cetep de Paracambi
28
CONCLUSÃO
33
ANEXO 1: DEPOIMENTOS DOS ALUNOS DA
BANDA DO CETEP PARACAMBI.
34
ANEXO 2: FOTOS
36
BIBLIOGRAFIA
ÍNDICE
42
FOLHA DE AVALIAÇÃO
43
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como foco principal resgatar o valor cultural das
Bandas de Música no município de Paracambi, suas trajetórias, o valor sóciocultural e religioso a partir do século XIX até a formação da mais recente que é
a banda do Cetep (Centro de Educação Tecnológica e Profissionalizante).
É possível dizer que esta pesquisa se insere em um tipo de
musicologia histórica e no contexto das relações humanas de uns
determinados estilos de grupos musicais.
10
É necessário fazermos uma análise sobre a vida de um compositor e
maestro que fez parte da história desta cidade, Anacleto de Medeiros e suas
influências no contexto musical e social do Rio de Janeiro no final do século
XIX.
O término da cultura musical na fábrica e o primeiro resgate cultural
com a formação da Banda São José e logo asseguir a Banda Liara
Paracambiense.
No início do século XXI uma nova cultura entra na fábrica, a cultura da
educação com faculdades, ensino tecnológico e o resgate da Banda através do
Cetep de Paracambi.
E finalizando é apresentado com questionário feito por alguns alunos e
depoimento de músico da cidade. No anexo fotos diversas.
CAPÍTULO I
A HISTÓRIA DE UMA CIDADE RESGATADA ATRAVÉS DA
MÚSICA
A localização do município de Paracambi já nos apresenta um fator de
apreciação musical natural: o canto dos pássaros, o som do vento na
vegetação, o som das águas caindo das cachoeiras e as correntezas
sonoras dos rios, torna-se uma verdadeira harmonia da natureza.
A necessidade de relatar o breve histórico da cidade é fundamental para
entendermos fatos posteriores que estarão ligados diretamente a dados que
não se encontra em registros, porém com as datas prescritas no histórico
estaremos tendo base para aproximarmos várias informações coletadas.
Paracambi surgiu em 1960 da união de dois distritos: o 7º de Vassouras,
denominado Tairetá, e o 3º de Itaguaí, denominado Paracamby e era
conhecido como Macaco Pequeno (foto anexo 2, p.36). Na verdade, as duas
11
vilas confundiam-se formando uma só família, tendo apenas a dividi-las
politicamente o Rio Macacos, sem, contudo haver uma separação social.
Tudo leva a crer que a freguesia de São Pedro e São Paulo dos Ribeirão
das Lages foi o primeiro povoado da Região, e está ligada historicamente a
fazenda Santa Cruz, colonizada por jesuítas em fins do século XVIII.
De acordo com historiador Diogo Vasconcelos, passou a ser o ponto de
descanso dos viajantes e das tropas que subiram a Serra, o que contribuiu
bastante para o seu progresso. Em 1861, com a inauguração da estrada de
ferro Dom Pedro II, a região de São Pedro e São Paulo, apresentou um
acentuado crescimento nos setores da agricultura e pecuária, graças à
presença de bravos escravos ali existentes. Em 1867, a despovoada
Fazenda dos Macacos hospedou um grupo de ilustres ingleses que,
admirados com a beleza da região, iniciou o trabalho de instalação de uma
fábrica de tecidos de algodão, de acordo com o decreto Nº. 3965 de 13 de
setembro de 1871, e a empresa recebeu o nome de Cia. Têxtil Brasil
Industrial. A partir daí, a fazenda dos Macacos aumentou visivelmente a sua
população, com a chegada, a cada dia, das famílias dos operários das
companhias que, já acostumadas com a região, foram beneficiadas com a
construção da Capela de Nossa Senhora da Conceição, inaugurada em 6 de
maio de 1880. Em julho do mesmo ano Imperador Dom Pedro II visitou a
fábrica, seção por seção, observando minuciosamente o seu funcionamento.
Até 1885 o comércio contava com duas padarias, dez armazéns, uma
capela e duas farmácias, que funcionavam precariamente. Em 1888 foi
instalada uma escola que atendia a 200 alunos de ambos os sexos,
funcionando à noite. Finalmente em 1894 foi fundado o clube Brasil
Industrial, conhecido carinhosamente por cassino, que inicialmente atendia
somente aos diretores da fábrica para jogos de lazer, sendo posteriormente,
cedido aos operários para realização de grandiosos bailes e festividades.
Em 08 de agosto de 1960 foi a lei nº. 4.426 que criava o Município de
Paracambi.
12
No histórico desta cidade temos um ponto de observação culminante
para desenvolvimento desta pesquisa, que é a Fábrica Brasil Industrial. A
criação desta fábrica atraiu para a região pessoas de diversos locais e até
de outras nacionalidades como Inglaterra e Alemanha. Fato este que temos
uma cultura bem diversificada.
Segundo Bruno Nettl em “The Study of Etnomusicology”, de 1983,
escreve que o conceito da cultura tem sido ele mesmo uma grande questão
na antropologia. A tecla básica foi batida cedo na história dessa disciplina
quando E.B. Tylor notou a interrelação dos domínios, definindo a cultura
como um todo complexo que inclui o conhecimento, a crença, a arte, a
moral, a lei, o costume ou qualquer outra capacidade ou hábito adquirido
pelo homem como membro da sociedade. A questão não é se há uma
preocupação cultural na etnomusicologia, mas o que deve ser o papel do
conceito de cultura, ou seja, o conhecimento humano acordado entre um
grupo definível de pessoas.
O objetivo deste trabalho é trazer informações sobre a cultura musical
deixada pelas bandas de música.
O compositor e professor Dr. Ricardo Tacuchian da UNIRIO, após anos
de vivência com as bandas civis do Estado do Rio de Janeiro, chegou à
conclusão de que “a banda de música faz parte da vida da comunidade e é o
fenômeno mais importante da música brasileira”.
1.1 – Banda de Música: origem e estrutura.
Para entender o valor artístico, cultural e social das Bandas, é preciso
voltar no tempo.
Banda de Música é um conjunto musical formado por instrumentos de
sopro (madeira – metal) e percussão. Os grupos musicais que antecederam
às Bandas de Música eram essencialmente de caráter militar, e sua origem
remonta nos primitivos povos orientais, gregos e romanos, que se serviam
13
dos instrumentos musicais, para despertar o sentimento guerreiro e
encorajar os soldados para luta.
Somente na segunda metade do século XVIII, as bandas de músicas na
Europa, trataram de sair do estado rudimentar em que se encontravam.
Seguiram os passos da orquestra, construindo um grupo de instrumentos de
sopro equilibrado, com vários timbres, conseguindo traduzir um sentido,
orquestra cantante e acompanhante, na medida em que os instrumentos
foram sendo aperfeiçoados.
Na metade do século XIX, as bandas de música se encontravam de uma
maneira equilibrada e lógica e passaram a ser organizadas com critério
artístico, passando por um processo de modernização com o advento dos
saxofones e saxhorns, juntamente com a progressiva substituição das
flautas de madeiras pelas de metal melhorando de modo sensível a
sonoridade e a afinação, ampliando-se e difundindo-se por toda a parte,
especialmente na Alemanha, França e Itália. No Brasil o mesmo processo
ocorreu com algum atraso, mas em 1870, já eram cerca de 3 mil em todo o
País.
Várias referências parecem indicar que no Brasil os conjuntos de
charameleiros negros foram os antecessores da banda de música, a qual a
conhece hoje, e o imigrante português é talvez o principal responsável pelo
estabelecimento da tradição das bandas de música em terras brasileiras. No
passado as bandas de música constituíram-se como uma forma de
manifestação popular bastante significativa. Nas pequenas cidades, as
retretas nos coretos foram durante muito tempo, a principal atração nos
momentos de lazer das pessoas que se reuniam na praça geralmente aos
domingos. Ao mesmo tempo suprindo a ausência dos tradicionais
conservatórios funcionavam como centro de formação de músicos que foram
em sua maioria, pioneiros na organização da vida musical brasileira, como
regentes, professores, instrumentistas ou mesmos compositores. O
repertório das bandas de música no final do século XIX era bastante
eclético: marchas e dobrados militares, polcas, mazurcas, schottisches,
14
gavotas e até trechos de óperas adaptados para bandas. Numa época em
que não existia amplificação de som, qualquer evento de maior porte exigia
a presença de uma banda, onde a população tinha uma das poucas
oportunidades de ouvir música instrumental.
Vinculadas aos diferentes momentos de uma comunidade, as bandas de
música caracterizam-se também por seu aspecto coletivo e integrador. Mais
do que o prazer da música, a possibilidade de tocar em uma banda muitas
vezes significou a diferença entre miséria e dignidade. Entre a fome e um
prato de comida.
Em 20 de agosto de 1802 na forma de um decreto foi tornada obrigatória
à existência da banda de música e todo regimento de infantaria mantida pelo
erário público. Quanto ao aspecto formal não se diferencia necessariamente
bandas civis das militares, estas apresentam geralmente um efetivo maior e
mais complexo por suas condições específicas, econômicas e institucionais,
constituindo-se em corpos mais estáveis.
No ano de 1855, as bandas militares participaram do carnaval carioca,
quando do primeiro desfile de carros alegóricos, inaugurando um novo estilo
de brincadeira em substituição ao tradicional entrudo. E em 1862, um
anúncio que convidava o público a comparecer a “três grandes bailes
mascarados” a serem realizados, citava a participação de “duas superiores
bandas militares: Fuzileiros e Artífices de Guerra”. Do repertório constava,
valsas, polcas e quadrilhas.
Considerando assim como Blacking; à música sendo reflexo dos
padrões das relações humanas, o processo de mistura de estilos e sotaques
que levou ao nascimento do choro ocorreu de forma similar em diferentes
países. A partir dos mesmos elementos – danças européias (principalmente
a póla) somadas ao sotaque do colonizador e a influência negra, - foram
surgindo gêneros que seriam a base de uma música popular urbana nos
moldes que hoje conhecemos.
John Blacking em “Music, culture, and experience” de 1995 situa o valor
da obra musical como algo diretamente ligado à expressão da experiência
15
humana, sendo a criação musical como a expressão do contexto cultural. A
musica pode ser compreendida como som organizado e padrões
socialmente aceitos e a criação musical reconhecida como uma forma de
comportamento apreendido, onde um mesmo evento pode apresentar
significados completamente diferentes conforme os diferentes grupos
sociais.
Em 1874 a Cia já tinha 400 teares. Com a dificuldade de mão-de-obra
funcionavam apenas 200 teares com operários contratados na Inglaterra e
alguns nacionais. Pretendendo resolver essa parte, a Cia abriu um
aprendizado cuja freqüência era de meninos. Os meninos de hoje seriam os
homens de amanhã e assim prosseguiu, conseguindo solucionar esse
problema.
Em 1875, já funcionavam 300 teares ainda com reforço de Santa
Catarina, com 300 operários alemães; o aprendizado continuava e em 1877,
400 teares estavam em pleno funcionamento.
“Em 1878, havia trabalhando na fábrica 343
operários, sendo 146 homens, 31 mulheres, 132 meninos
e 34 meninas. Dos 132 meninos operário, 72 eram
aprendizes que freqüentavam a aula noturna (instrução
para a área). Alguns alunos pertenciam à banda de
música organizada pelos operários.” (5º relatório da Cia
Brasil Industrial – 1871/1921,p22)
A região de “Macaco Pequeno” começa a ter um crescimento
populacional devido as necessidade da mão-de-obra para a Fábrica e nos
registro encontramos que entre os anos de 1880 e 1888 existiram quatro
bandas de música: Santa Cecília, Independência, 7 de Setembro e
Progressista, que faziam retretas aos sábados e domingos no largo
denominado Major Monteiro Soares. Não se tem detalhes sobre elas,
quantos componentes existiam em cada banda, local de ensaio e nome dos
maestros enfim essa descoberta levou a uma análise da influência dos
imigrantes.
16
A questão que se tem é a seguinte: Como poderia uma região com
população pequena formar quatro bandas em um período tão curto, em
apenas 8 anos? E o repertório, os instrumentos, e principalmente os
músicos? Isto é uma prova do surgimento das bandas de música com
integrantes imigrantes, que traziam já a influência das bandas militares e
civis, tanto na formação como no repertório e principalmente os instrumentos
musicais.
“O conhecimento musical como proporção Knowing That – é
uma
categoria
cuja
tradição
é
conhecida.
Congrega
abordagens históricas, educacionais, psicológica, sociais,
antropológicas
e
econômicas
que
dão
consistência
às
diferentes camadas de atividade e interesse humano de cujo
contexto é através das mais diversificadas influências emerge o
fazer musical”. Revista da escola de música e artes cênicas da
UFBA - Art. 022 Dezembro 1995-UFBA - CNPq
A Cia Brasil Industrial em meados de 1888 começa a sentir a
necessidade de cultura de seus operários para melhor alcançar sua
produção. Foi baseado neste interesse que instalou uma escola e o
resultado deste grande empreendimento foi excelente. Atendia a 200 alunos
de ambos os sexos adultos e menores. Então pouco tempo veio resultado, o
lucro em dobro da Cia.
A cultura musical começa tomar nova conta da fábrica, em 1889 o Dr.
Dominique Level assumiu a função de Diretor Presidente. Nesta época
existia uma banda de música dos operários, que existia de forma precária e
sem nenhuma estrutura. Foi quando o Dr. Dominique Level toma a iniciativa
de contratar um especialista em banda de música, para organizar, ensinar e
reestruturar a banda da fábrica. E surgi um novo nome na história da Cia
Brasil Industrial a do maestro Anacleto de Medeiros considerado um dos
melhores profissional da época.
17
1.2 – Maestro Anacleto De Medeiros: sua vida artístico
musical.
Anacleto Augustus de Medeiros (1886 a 1907) foi uma das figuras mais
significativas da música brasileira com seu apurado talento e intensa
devoção à cultura musical transformou a rispidez sonora das bandas de
música com a beleza de suas melodias, o requinte de suas harmonia e a
aguçada sensibilidade de orquestrador. Foi a principal responsável pela
fusão da linguagem das bandas de música e do Choro como um gênero
musical já definido. (foto em anexo 2, p.36)
Nascido em 13 de julho de 1866, na Ilha de Paquetá, teve o seu contato
musical mais significativo na infância com a banda Sociedade de Música
Paquetaense . Sem recursos financeiros que lhe proporcionassem meios de
instrução, Anacleto encontrou sua chance de formação no Arsenal de
Guerra do Rio de Janeiro, onde foi alistado na Confraria de Menores, em
regime de internato. Tinha apenas nove anos. Ali, aprendiz instruiu-se em
ofícios e, ao mesmo tempo, aprendia música – como foi comum no ensino
público brasileiro até o fim dos anos 50 – e logo era chamado a participar da
Banda do Arsenal, onde seu flautim já se destacava, pois a música já se
manifestava nele como vocação maior. Ao deixar o Instituto, com a
mentalidade evoluída e cheio de iniciativa, conseguiu em torno de si um
grupo de amigos que o seguem cegamente. Esse grupo não ia além de 15
figuras.
Aos 21 anos de idade formou-se em clarineta pelo Imperial
Conservatório de Música, hoje Escola de Música da UFRJ, já dominando
todos os instrumentos de sopro tendo especial predileção pelo sax soprano,
mantendo já uma estreita relação com as bandas e o costume de participar
se serestas.
Quando se formou no conservatório, em 1886, Fundou a primogênita
banda da Sociedade Recreio Musical Paquetaense com alguns músicos da
extinta Banda de Paquetá. Passou a ser mais constante como compositor a
18
partir de 1887, lançando principalmente polcas, valsas e xotes. E formou
outras: a Banda de Música de Magé, a Banda de Música da Fábrica de
Tecidos Bangu, a Banda de Música da Fábrica de Tecidos Macacos (hoje de
Paracambi), a Banda do Clube Guttemberg.
E, finalmente, em 1896 o Mestre é convidado para organizar a banda
com que sonhava desde a infância de sua vocação, a gloriosa e primeira
banda brasileira a registrar fonograficamente suas execuções. Sob a batuta
do Maestro Anacleto de Medeiros, essa banda, intitulada Banda do Corpo de
Bombeiros e reunindo 25 músicos, entre alguns ex-colegas requisitados da
Banda do Arsenal de Guerra, estreou no dia 15 de novembro de 1896
inaugurando o Posto de Bombeiros de Humaitá.
Em 1896 Anacleto recebeu do tenente coronel Eugênio Jardim o convite
para organizar a Banda do Corpo de Bombeiros por duas razões de ordem
prática: em primeiro lugar porque possuía em alto grau, qualidade de
regente e compositor do gênero; segundo porque tinha mais que qualquer
outro, todas possibilidades de recrutar elementos de primeira ordem para
formar uma organização exemplar e para isso arregimentou ex- colegas do
Arsenal de Guerra e outros dos grupos chorões de boa técnica com os quais
participava de reuniões de choro.
1. 3 – Companhia Brasil Industrial: investimento na cultura, o
início de uma transformação musical.
Anacleto de Medeiros foi convidado para formar a banda da Cia Brasil
Industrial, aproveitando os músicos que pertenciam a banda dos operários.
Começou um grande planejamento para desenvolver este trabalho árduo.
Em 1894, o Dr. Dominique Level promoveu e fundou o “Clube Cassino
Brasil Industrial” (Cassino) que inicialmente atendia somente aos diretores
da Cia para jogos de lazer, sendo posteriormente, cedido aos operários para
realização de grandiosos bailes e festividades.
19
Nesta mesma data, 1894 fundou a Banda de Música da Fábrica sobre a
regência do maestro Anacleto de Medeiros, e tendo também como músico,
professor e maestro auxiliar João Ferreira de Almeida. O Cassino era o local
onde a banda de música ensaiava e também local de ensino musical. Havia
crianças e adultos que trabalhavam na fábrica estudavam na escola da
fábrica e também aprendiam música e tocavam na banda. Havia um
verdadeiro desenvolvimento cultural musical de altíssima qualidade tendo
com referência o maestro Anacleto de Medeiros.
Segundo relato da srª. América, o seu pai Américo Rodrigues Ferreira
“foi trabalhar na fábrica ainda criança, tinha uns 10 anos, começou a estudar
música com o maestro João Ferreira de Almeida que era o auxiliar do maestro
Anacleto, e depois de um período de estudo, começou a tocar piston (trompete)
e com 15 anos de idade já era o solista da Banda da Fábrica”.
Torna-se real com este depoimento que o ensino musical funcionava
muito bem, com professores altamente qualificados pela diretoria da fábrica,
um investimento que deu certo. É bom lembrar que o maestro Anacleto
trouxe a sua experiência de que já havia passado na sua vida, começou com
nove anos no Arsenal de Guerra onde trabalhava e aprendia musica, ali teve
seus primeiros passos musicais. Na fábrica Brasil Industrial este método
também funcionou, como relatou srª. América. A banda passa fazer
apresentações em festas religiosas, festas cívicas, eventos nos coretos,
praças e igrejas. (foto anexo 2, p.37)
Em 1906, a Banda da Cia Brasil Industrial, muito bem estruturada
e ensaiada sob a regência do maestro João de Almeida auxiliar de Anacleto
de Medeiros participa de um festival de Bandas Militares e Civis, e
conquistou o segundo lugar “uma festa inesquecível para a região” comenta
srª América. O primeiro lugar ficou com a Banda do Corpo de Bombeiros e
os jornais da época não pouparam elogios ao Maestro Anacleto de Medeiros
e seus músicos. As duas bandas vencedoras foram formadas e cresceram
sob a batuta do maestro Anacleto de Medeiros.
20
Existia um evento que era a festa do Rei Momo em Paracambi, o Dr.
Dominique Level o então diretor da Fábrica era o primeiro folião. Logo cedo,
mandava encilhar seu lindo e fogoso cavalo branco. Vestia-se de casaca e
cartola, montava e saía à frente da Banda de Música e dos operários da
Fábrica. Quando chegavam ao fim da Av. dos Operários, o bloco era
engrossado pela população do centro e assim, percorriam toda Paracambi.
Seu cavalo, sob o comando do bom cavaleiro, marchava ao som das
músicas carnavalescas como verdadeiro folião. (Natal, Clélia,1987, pág.47)
O interessante neste relato é o entretenimento entre o diretor, os
operários, a banda de música e o povo da região, evento este que é
colocado de fora toda a diferença social, todos felizes comemoram o
carnaval.
21
CAPÍTULO II
BANDA
DE
MÚSICA:
VALOR
SÓCIO
CULTURAL
E
RELIGIOSO
A banda é uma escola viva, onde o fazer musical, elemento essencial na
educação musical, ocorre ao lado da teoria musical. A banda de musica civil
é considerada como Conservatório ou Escola de Música do Interior e até de
algumas Capitais.
A banda de música, como escola viva, visto que proporciona efetivo
fazer musical ao mesmo tempo um rápido aprendizado da música, também
é o núcleo de uma congregação social; é o meio de propagação das mais
autênticas tradições; é uma forma simples, acessível e eficaz de despertar
na comunidade o gosto pela música. No dizer de Maria de Fátima Granja e
RicardoTacuchian,
“A banda participa dos momentos mais significativos das comunidades,
ou seja, leilões, tômbolas e rifas, bailes, jogos esportivos, circo, campanhas
políticas e promocionais, saudações de personagens ilustres, festas cívicas,
procissões e festas da padroeira, carnaval ou simplesmente lazer, nas
retretas e tocatas, desfilando nas ruas ou sobre um tablado ou em um coreto
na praça.” (Livro O B da Banda, p. 112).
Tendo acabado a Banda de Música da Cia Brasil Industrial, perdeu-se
um valor inestimável. Então o trompetista solista chamado Américo
22
Rodrigues Ferreira, toma uma iniciativa e resolve criar uma Banda de
Música Sociedade Musical São José (foto anexo 2,p.37). Não havia
estrutura nenhuma, ensaiava na varanda de sua casa, não tinha
instrumentos para os músicos, um caos total. Este músico toma iniciativa
recorre ao comércio local, que foi bem solidário ajudando com doações de
instrumentos, e seu Américo deu seguimento a cultura musical na cidade,
mesmo com muitas dificuldades.
Nesta preocupação deste músico e professor de música observamos a
incerteza do resultado que teria. Mas a força de vontade de realizar era
maior, o resultado só saberia depois que fizesse acontecer de fato.
Temos em Deleuze e a Educação a seguinte reflexão em relação ao
professor militante diz “Penso que seria não necessariamente aquele que
anuncia a possibilidade de novo, mas sim aquele que procura viver as
situações e dentro dessas situações vividas produzir a possibilidade do
novo”. (pág.73)
A Banda de Música São José participava de procissões, realizava
apresentações em praças e coretos, desfile, festa na cidade, mantinha a
tradição das bandas de música, o seu efetivo não muito grande, ou seja,
aproximadamente 20 músicos. Tinha uniforme que era túnica branca e calça
azul marinho. Quanto ao repertório executava: dobrados, marchas, valsas,
choros, e outros próprios para banda. Temos uma foto com a formação da
banda numa festa em 16/08/1959, enfrente a Igreja de São José no bairro
Cascata. (anexo).
A comunidade tinha o costume de ouvir a boa música através da banda.
A banda saindo pelas ruas, trazia nos rostos o brilho do encantamento,
pessoas correndo para a janela para assistir a banda passar, o sorriso
espontâneo, causava uma alegria imensa. Isto foi o motivo que um grande
cantor e compositor da Música Popular Brasileira Chico Buarque de Holanda
relata em sua obra.
A BANDA
23
Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
O homem sério que contava dinheiro parou
O faroleiro que contava vantagem parou
A namorada que contava as estrelas parou
Pra ver, ouvir e dar passagem
A moça triste que vivia calada sorriu
A rosa triste que vivia fechada se abriu
E a meninada toda se assanhou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou
Que ainda era moço pra ir no terraço e dançou
A moça feia debruçou na janela
24
Pensando que a banda tocava pra ela
A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu
A lua cheia que vivia escondida surgiu
Minha cidade toda se enfeitou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
A Banda São José teve outros maestros: o sr. Américo já com a idade
avançada deixou como sucessor o sr. Luiz Araújo que pertencia a banda
como músico instrumentista, e o terceiro maestro o sr. Arnaldo “Dufinho”
também músico instrumentista, nesta época a banda ensaiava no terraço do
bar Vital na rua Beral do Sacchi (1964). Esse período foi um marco para a
história da música na cidade, pois havia na banda um adolescente chamado
Adilson Soares Nunes conhecido como “mascote da banda” e também
“magnífico do piston”. Este menino fora criado pelo senhor Altamiro de
Oliveira Marques “Zizinho da banda” como era conhecido carinhosamente,
grande incentivador da música instrumental na cidade, cedeu durante três
meses aproximadamente a varanda da sua casa para os ensaios. Era
percussionista, se dedicava a banda com muito prazer era um verdadeiro
incentivador.
O “fenômeno do piston” Adilson, ficou conhecido nos programas de
televisão da antiga TV TUPI, participou no programa Flávio Cavalcanti, no
programa do Moacir Franco tocou junto com o Guto filho do Moacyr, e
participou de diversas gravações na TV Globo, tocou com várias orquestras
e cantores famosos da época. Paracambi se orgulhava daquele menino
prodígio que trouxe muitas alegrias para a cidade e principalmente aos
familiares. Na Banda São José ele era o destaque, nos desfiles estava
aquele garotinho lá na frente puxando a banda, dando um brilho todo
especial. (foto anexo 2 p.38)
25
Na gestão do Prefeito Délio César Leal em 1986 foi criada a Banda de
Música Lira Paracambiense, sob a regência do maestro João Batista
Coelho, esta banda veio dar continuidade a música, na então emancipa
cidade Paracambi. A Banda Lira Paracambiense teve como seu primeiro
local de referência e ensaios a então biblioteca da Prefeitura Municipal de
Paracambi. Posteriormente mudou-se para a Estação Ferroviária de
Paracambi. O maestro João Batista deixa a banda por motivos particulares e
passa para o músico trompetista da banda, Natanael José de Andrade que
continua as atividades da banda. Nesta época os ensaios eram realizados
no Clube Cassino Municipal até se extinta. (foto anexo 2, p.38)
A cultura musical na metade do século XX toma uma nova forma em
Paracambi, que é a música nas igrejas evangélica. Como referencial neste no
rumo de fatos e história, se tem um novo nome que é do pastor Augustinho
Valério de Sousa. Em 1941 fundou a Igreja Evangélica Assembléia de Deus,
em 1944, a primeira casa de reuniões, em 1945, iniciou o templo, na rua
Angela nº 45, em 1946, a Casa de Deus foi inaugurada, em 1951 construiu o
asilo para idosos desamparados, em 1952 construiu o orfanato em Japeri, e
também construiu uma das grandes obras de Paracambi o Hospital Evangélico.
Em 30 de maio de 1966 recebe o “ Título de Cidadão Paracambiense” pela
Câmara Municipal.
Com a Igreja Evangélica Assembléia de Deus sob sua liderança começa
o ensinamento de música e uma nova banda de música na cidade, formada por
membros desta igreja, tendo todo o suporte pelo pastor como exemplo: a
compra de instrumentos musicais e uniformes para os músicos, muita
organização e apoio relata o maestro Lourival Messias dos Santos. (foto anexo
2, p. 38)
O maestro Lourival Messias dos Santos muito conhecido como “Maestro
Lourinho” nascido em, 02/05/1932. Desenvolve na cidade o seu grande talento
que é ensinar música. Um resumo do que representa para ele a música: “arte,
cultura e profissão” palavras ditas com os olhos brilhando com muita emoção.
Ele dedica sua vida a música desde seus 15 anos de idade e está à frente da
26
banda de música da igreja há 55 anos, ensinando música e regendo a banda.
Outros fatores relevantes relatado pelo maestro foi a mudança que a música
teve nesses anos, ele divide em duas fases a 1ª seus 16 anos iniciais (19511967) e a 2ª fase a renovação a partir de 1967 até os dias de hoje. Mudanças
estas que foram na nova organização da banda de música da igreja, da escola
de música, dos novos estilos de ensino, da formação instrumental, da inclusão
de instrumentos de cordas, formando a orquestra.
A 1ª fase da banda de música tinha a seguinte formação: clarinetas,
requinta, sax tenor, sax alto, sax barítono, trompetes, bombardinos, trombones,
saxhorne, tuba, caixa, tarol, prato e bombo. A banda de música além de se
apresentar nos cultos da igreja a banda também participava de desfiles e
diversos eventos em outras igrejas, praças, clubes, e outras cidades.
A 2ª fase foi uma nova organização a banda de música foi incluindo
instrumentos eletrônicos, elétricos, corda (violinos, violas, violoncelo). Foi
renovada tomando um novo rumo, com músicos dispostos a se tornarem
profissionais, dedicando maior parte do tempo aos estudos musicais. Inicia-se
um novo tempo começa a se ver novos resultados no ensino musical, jovens
passando em concursos para bandas militares das forças armadas e forças
auxiliares, transferência para servirem em bandas de outros estados.
Resultado de uma investida em longo prazo.
Hoje no início do século XXI, a cidade possui várias igrejas evangélicas
em que a banda de música é peça fundamental nos cultos. Tendo como
objetivo acompanhar os cântico congregacionais e realizar apresentação com
músicas do estilo diversificado; dobrados, concertos e músicas do estilo gospel.
Comprovamos assim a influência cultural, social e religiosa em manter a
tradição; a necessidade musical nos eventos da cidade e outras eram
fundamentais a participação da banda de música, tanto com repertório sacro e
profano.
27
CAPÍTULO III
A FORMAÇÃO DA BANDA DE MÚSICA DO CETEP EM
PARACAMBI E O PROJETO MÚSICA NA FÁBRICA
1.1- Resgatando valores culturais.
Estando o CETEP Paracambi instalado nas dependências da antiga
Fábrica de Tecido de Algodão chamada CIA Têxtil Brasil Industrial como já
relatado anteriormente. Em uma pesquisa feita pelo professor João Marcos foi
–se observado a necessidade de começar a resgatar a cultura musical do
município, tendo a extinção da única banda civil a Lira Paracambiense no
município, podendo trazer de volta a maravilha contada pela família dos antigos
músicos através das bandas de música. O projeto de fazer uma Banda de
Música na unidade do Cetep Paracambi foi apresentado a Diretoria de
Desenvolvimento da Educação da Faetec /Cetep (DDE) à professora Beatriz
então diretora. E houve parecer favorável da então presidente da Faetec
Terezinha Lameira. Parecia loucura, pois, a instituição não havia verbas para
montar uma banda, e também dependeria da aceitação da diretora da unidade,
para contratar o professor e criar a banda.
No primeiro contato com a diretora Marise Macedo da Silva para ser
apresentado o projeto de banda naquela unidade, a diretora aceitou o desafio
28
na mesma hora, mesmo tendo rejeição da sua equipe alegando que não tinha
condição ter banda ali na escola. Tendo uma visão de águia e de líder, ela
avistou lá na frente, não teve medo das nuvens tempestuosas que poderiam vir
o importante é que traria não só para a unidade, mas também para o município
a oportunidade da cultura ser resgatada.
Lembrando-se deste fato ela descreve: “Sentimos honrados em sermos
a primeira escola a resgatar essa cultura. É um sonho antigo da professora que
lembra com saudades os momentos em que ia com seus pais assistir os
eventos nas praças da cidade. Fiz parte da banda marcial do colégio Othon
onde estudei próximo a Cia. Têxtil Brasil Industrial e participei de vários desfiles
cívicos na cidade e em vários municípios como Niterói, Queimados, etc. Com
nove anos estudava acordeom na casa de uma professora que havia
trabalhado nesta conceituosa Indústria. O amor e a saudade pela música,
levaram-me a resgatar esse tesouro musical e cultural.”
Como surgiu o “projeto Música na Fábrica”: surgiu quando um belo dia
aparece na unidade, um cidadão bem arrumado com várias fotos em um álbum
do trabalho que já realizava com seus amigos em igreja, eventos do Estado,
Corpo de Bombeiros e na unidade do Cetep de Marechal Hermes. Após
mostrar-me as fotos, perguntou-me se eu não teria vontade de montar uma
banda na unidade. Eu virei para ele e disse. Como! Não sou escola de música.
Tenho um sonho sim de realizar uma grandiosa orquestra, porém com que
recurso? Eu disse: sonhar não custa nada, porém realizar o sonho será uma
vitória, uma realização de um sonho de criança. Ele, todo entusiasmado faloume se a senhora quer realizar esse sonho, juntos tenho certeza que será
realizado. Após começarmos a traçar nossas estratégias para a realização do
sonho, de uma diretora e de um maestro”. Surgi o nome do Projeto “Música na
Fábrica”. (Diretora do Cetep Paracambi Marise Macedo da Silva).
Partindo desses princípios, o CETEP Paracambi, através deste projeto,
que passou a ser carinhosamente chamado “Música na Fábrica”, que tem o
objetivo de resgatar a cultura musical, dando oportunidade a alunos músicos de
toda faixa etária, proporcionando o desenvolvimento de seu potencial artístico e
29
de sua sensibilidade. Ela tem por meta difundir as artes musicais entre os
alunos, permitindo que eles encontrem caminhos adequados às suas
realizações pessoais. Caracterizando por favorecer o desenvolvimento de
habilidades específicas e aspectos de destreza na técnica instrumental.
Houve a divulgação para inscrição da banda, solicitando que os alunos
teriam que seus próprios instrumentos. Houve 75 inscrições e começou ali um
novo horizonte para os alunos. Tivemos o pré - lançamento em Junho de 2005,
com músicos profissionais convidados, que realizaram um workshop musical.
Foram estes: Joel Vasconcelos contra baixista Mestre da Banda da Escola
Naval, Eli trompetista e Lourival tecladista da Orquestra Tabajara e Júnior
Portugal baterista da Banda Guarda Municipal do RJ. Deram um show e
tocaram juntos com a Banda do Cetep foi um verdadeiro incentivo para os
alunos participarem com músicos profissionais.
A banda estava se estruturando e ensaiando muito para o lançamento,
quando surgiu um convite da Presidente da Faetec, para uma apresentação
num evento que seria realizado na Sala Cecília Meireles. Não podia se
recusado e em menos de dois meses estava lá fazendo seu primeiro evento e
foi um sucesso.
3.2-O lançamento da Banda do Cetep de Paracambi.
Em, 04 de agosto de 2005 é fundada a Banda de Música do Cetep
Paracambi, sob a regência do professor e maestro João Marcos Carvalho
Mendonça, numa festa belíssima, e não poderia ser em outro lugar a não ser
no Clube Cassino Municipal em Paracambi. Com 55 alunos músicos a Banda
do Cetep começa a resgatar a cultura musical instrumental.(Foto Anexo 2,p.39)
O evento foi aberto com o Hino Nacional Brasileiro e em seguida o Hino Oficial
de Paracambi. Letra e música de: Sylvio de Carvalho
A programação foi a seguinte:
1- Palavra da presidente da Faetec Professora Terezinha Lameira.
30
2- Palavra do senhor Arildo Capitão representando as autoridades neste
evento.
3- Apresentação da banda e um breve histórico no data-show feito pelo
maestro João Marcos.
4- Palavra da diretora do Cetep Paracambi, professora Marise Macedo da Silva
5- A banda se apresentou executando as seguintes obras:
- “Os Bohemios” de Anacleto de Medeiros,
- Tema do filme “Titanic”– My Heart ____________
- “ Coração de Estudante” de Milton Nascimento
6- Homenagem à senhora América filha do maestro Américo e intitulando-a
como “madrinha” da banda, a música desta homenagem foi “Moonlight
Serenade” de Gleen Miler.
7- Homenagem à diretora do Cetep, professora Marise Macedo da Silva, a
música desta homenagem foi “Emoções” de Roberto Carlos.
5- Homenagem ao maestro da banda João Marcos Carvalho Mendonça, a
música desta homenagem foi “My Way” de Paul Anka familiarizado por Sinatra
regendo a banda o convidado especial Eli do Trompete.
6- O encerramento deste evento foi com a música New York, New York de
A Banda do Cetep foi lançada dia 04 de agosto de 2005 , um verdadeiro
presente para cidade que completaria dia 08 de agosto de 2005 seus 45 anos
de emancipação.
Hoje em dia uma preocupação nova, educadora e produtora de novos
objetivos na educação e na cultura a Fábrica mudou suas atividades. Existe
uma escola de música Villa-Lobos no primeiro piso, com curso básico de
música. No segundo piso a FAETEC com o Instituto Superior IST e o Centro de
Educação Tecnológica e Profissionalizante CETEP. E no terceiro piso o Centro
Federal de Educação Tecnológica de Química – CEFETQ. E no prédio atrás a
Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distancia do Estado do
Rio de Janeiro CECIERJ
31
A Fábrica Brasil Industrial era um local onde se ouvia o som das
máquinas de teares fazendo tecido, o som do apito diário na torre marcando o
horário de início e término das atividades da fábrica, em cada andar um som
diferente, existia uma preocupação com a produção industrial.
Hoje, se ouve sons determinados, harmonias perfeitas, combinações
estas produzidas pela Banda de Música do Cetep em Paracambi, lá no último
andar da fábrica cedido gentilmente pelo CEFETQ, pertinho da torre onde o
apito soava diariamente, os sons são diferentes, são de verdadeiras
composições nacionais e estrangeiras. Vinicius de Moraes, Tom Jobim, Tim
Maia, Zequinha de Abreu, Sinatra Gleen Miler e outros nomes da MPB e
internacionais que marcaram história, fazem parte do repertório da banda e
enche a fábrica com o som de suas melodias brilhantes, e também músicas do
maestro Anacleto de Medeiros, que soavam um século atrás, voltam a soar na
fábrica e na cidade através da Banda de Música do Cetep Paracambi.
Banda do Cetep Paracambi vem resgatando os valores culturais desta
cidade, tem sido um referencial na cultura musical do município que só tem
esta banda atualmente, mesmo com algumas dificuldades desde seu início, o
objetivo tem sido alcançado.
“BANDA
DA
FAETEC
REALIZA
CONCERTO
DA
GRATIDÃO”
“ SEXTA-FEIRA à tarde, Praça Cara Nova, Centro.
Um grupo de músicos, homens e mulheres de diferentes
idades conduzidos pelo maestro João Marcos realiza um
concerto musical de repertório variado. O público
presente ouve com interesse e até mesmo admirado pela
forma
repentina
como
aconteceu
esta
apresentação.Trata-se da Banda do Projeto Música na
Fábrica ( alusão à antiga fábrica Brasil Industrial) CETEP
vinculado a FAETEC em Paracambi”
“ABNEGADOS - Um exemplo do ambiente reinante
nesta banda do CETEP pode se sentir através dos
32
paracambienses Roberto Silva do Santos ( sax tenor),
seus filhos Roberto Maia dos Santos (trompete) e Maicon
dos
Santos(Clarinete):
oriundos
de
uma
igreja
evangélica, tocam juntos por gostar de música e pelo
prazer de levar a mensagem musical à população de sua
terra.” ( Informe Integração ,11de set, 2006. p9 )
Este evento citado na matéria deste jornal foi o “Concerto da Gratidão”,
realizado no centro da cidade, que teve o objetivo da agradecer a todo o
comércio local, ao prefeito André Ceciliano, a juíza do Fórum Dr. Mônica e
outras autoridades que apoiaram e doaram recursos para compra de material e
alguns instrumentos para a banda de música do Cetep.
Como resultados profissionalizantes existem alguns alunos que
passaram em concurso como exemplo: o trompetista Misael que passou para a
Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem - OSBJ em 2006, e também o saxofonista
Thiago passou no concurso para músico do Exército brasileiro também em
2006, A experiência em prática de banda ajuda o aluno a desenvolver suas
técnicas em qualquer grupo instrumental, não limitando apenas a banda de
música temos como exemplo: orquestra sinfônica, quintetos, quarteto,
orquestras
populares,
acompanhamento
de
artistas
da
MPB
e
até
internacionais.
A banda já realizou vários eventos na cidade e em outras como: no Rio
de Janeiro concerto em Furnas Botafogo e na Sala Cecília Meireles – Lapa.
Vassouras encontro de bandas de música. Engenheiro Paulo de Frontin,
aniversário da cidade. Em Paracambi, festa dos Padroeiros da cidade, no
DCMUN quartel do Exército Brasileiro, formatura de bombeiros Mirins realizado
pelo Corpo de Bombeiros no Município, em Colégios Municipais e Estaduais.
Gravação e entrevista especial para TV Rio Sul filial da Rede Globo. No
Cassino o primeiro evento foi o lançamento da banda e vários outros, um
evento que marcou foi na semana do Soldado realizado pelo DCMUN um
concerto junto com a Banda do Exército onde as duas bandas tocaram juntas,
foi realmente um marco na história da Banda do Cetep. (Foto Anexo 2, P.39)
33
“... na noite de 23 agosto no Clube Cassino Municipal
(centro), as comemorações se repetiam com a realização
de uma “noite Cultural” envolvendo as participações das
Bandas de Música da EsIE ( Escola de Instrução
Especialista)
e
CETEP
(
Centro
de
Educação
Tecnológica e Profissionalizante) de Paracambi, além do
Coral da Escola de Material Bélico. A combinação
artística destes grupos civis e militares proporcionou ao
público um dos mais belos espetáculos já apresentados
no Cassino. (Informe Integração ,1 de set, 2007. p 2,
Paracambi e os Fatos)
Com pouco tempo de existência a Banda do Cetep tem demonstrado o
que está realmente representando e resgatando a cultura musical no
município, com muita dedicação dos alunos e do maestro, pode-se dizer que
a qualidade alcançada pelo grupo cresce a cada dia, buscando o
aperfeiçoamento e profissionalismo. Com apoio da Fundação de Apoio à
Escola Técnica - FAETEC 35 alunos recebem uma bolsa estágio na faixa
etária de 14 até 20 anos, que auxilia no transporte e até mesmo para ajudar
no complemento das despesas em casa, fator social muito representado
com esta bolsa estágio.
Comenta a diretora da unidade “hoje estamos felizes com o apoio que o
novo presidente Dr.Nelson Mancini está nos dando acreditando nesse
sonho”. “Amor, respeito e responsabilidade, sempre foi o lema dessa
funcionária que tanto acredita na possibilidade, perseverança em realizar
seus sonhos, sendo sempre otimista em acreditar” que “querer é poder”.
Este crescimento cultural será que não teria um espaço para se
estabelecer nesta cidade uma escola técnica nível de 2º grau e um curso de
graduação na área de música e artes?
O engrandecimento da cultura não vive somente de passado, mas tem
que ter uma perspectiva de futuro para desenvolvimento e crescimento
social, cultural e econômico do município.
34
CONCLUSÃO
Esta pesquisa teve como foco principal as bandas de música no
município de Paracambi, um resgate cultural de valor inestimável. Houve muita
informação de pessoas que colaboraram com esta pesquisa, porém houve
algumas divergências em informações de datas, de números e tipos de
formação usados nas antigas bandas.
Os
principais
documentos
desta
pesquisa
foram
entrevistas,
depoimentos, fotos antigas que serviram realmente de um verdadeiro quebra
cabeça, mas foram se encaixando com o desenvolvimento desta pesquisa.
Trazer o resgate de uma cultura, que passou mais de um século, colocase diante de repetição de valores sociais. A educação como ponto de vista
fundamental para crescimento da cultura, o ensino sendo colocado a
disposição da sociedade, não permitindo que uma fábrica torna-se um local
apenas de turismo, mas sim um local crescimento cultural e educativo, não só
para o município mas para todos ao redor desta cidade.
Que possa crescer a cada dia e ter um grande teatro de concerto e
outras faculdades com diversas especialidades e principalmente a música. Que
Paracambi possa se tornar um grande referencial na cultura musical.
35
DEPOIMENTOS
DOS
ALUNOS
DA
BANDA
DO
CETEP
PARACAMBI
1- O que representa a Banda para o estudante de música?
“A banda para um estudante de música é tudo, pois através desta prática
podemos aplicar nosso estudo, e aos pouco nos tornar um grande músico.”
(Ezequiel)
“ Uma oportunidade para aprender e mostrar o que aprendeu”.( Davi)
“ Uma oportunidade para se profissionalizar, e mostrar os talentos da cidade.”
(Valério)
“Representa em grande incentivo para todos que buscam a música para a
manifestação cultural de si mesmo. O convívio com o grupo em um ambiente
de
amizade,
trás
novas
experiências
para
todos
além
de
muito
conhecimento.”(Fábio)
“ Um estímulo em relação aos estudos, pois dá força e encoraja o estudante
que quando se vê em determinado ponto pensando em desistir “ (sem música)
é muito importante, não só aqui (Faetec) mais nas ruas também pois melhor
que vagas sem rumo, é focalizar em algo, no caso a música.( Douglas)
2- Qual o valor cultural que a banda trouxe para o município
e a instituição?
36
“Traz uma explosão cultural. Tanto para o aluno quanto todos os envolvidos.”
(Ezequiel)
“Um valor musical que estava sendo praticamente extinta do conhecimento da
população”. (Davi)
“ Resgatou a cultura musical da nossa cidade e trouxe de volta a alegria de
músicos que não tinham onde tocar.” (Valério)
“Um grande reavivamento da cultura local trazida pelos eventos realizados na
cidade e na própria instituição.” (Fábio)
“ MPB abundantemente. A maioria dos músicos são evangélicos, por meio
disto não se tinha muito contato com outros ritmos que não fossem gospel. Em
outras palavras trouxe um expansão musical e cultural para ambos (banda e
município) que foi e continua sendo de grande valia para qualquer plano futuro
que esteja direcionado a música ou município.” (Douglas)
3- Faça um comentário da Banda do Cetep de Paracambi.
“No início começamos com muitas dificuldades, as vezes sem local para
ensaiar, mas a esperança adia no coração de podermos um dia não se
preocupar como agora, agradeço a banda do Cetep e ao maestro João Marcos
pois aumentou minhas expectativas como músico.” (Ezequiel)
“É uma banda esforçada e se dedica ao máximo para fazer e trazer o melhor
para os ouvintes.” (Davi)
“Qualidade, compromisso, profissionalismo.” ( Valério)
“Sei que esta banda está no coração do maestro, mas também está no coração
de Deus, por isso ela tem dado certo. No ano de 2005, ele chegou aqui e
iniciou um trabalho que muitos não têm coragem de iniciar, mas lutou e hoje
Paracambi tem uma banda graças ao maestro. Muito obrigada por tudo.”
(Talita).
37
“A banda e uma grande oportunidade de melhorarmos e aprender mais sobre
todos os conceitos musicais. Por isso a banda é ótima para toda a população
que a cerca.” (Fábio)
“Imensurável, muito show!!! Uma família, com um pai “maestro” e vários filhos
“músicos”. (Douglas)
Obs. Esta entrevista foi realizada por alunos que pertencem à banda desde o
seu início em 2005.
ANEXO 2 : FOTOS
Maestro Anacleto de Medeiros e a cidade no século XIX
38
Clube Cassino Municipal
casamento de funcionários da fábrica
Eventos religiosos em datas diferentes
com a participação da banda de música
39
Banda São José com o “Mascote”
trompetista Adilson Soares.
O “fenômeno do piston” Adilson Soares
no programa do Moacyr Frando e o Guto
40
Desfile Banda Lira Paracambiense aniversário da cidade e evento na câmara
municipal.
Banda de Música da Assembléia de Deus Central de Paracambi
Banda de Música do Cetep Paracambi, festa de lançamento e festa dos
padroeiros da cidade.
41
Apresentação Sala Cecília Meirelles
Concerto junto com a Banda do Exército
Formatura de Bombeiros Mirim
Apresentação Quartel Exército DCMUN
Ambos em Paracambi
42
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
1- Natal, Clélia Ramos Nogueira e Natal,Gilson.
História de Paracambi de 1800 a 1987. Rio de Janeiro: Ed. Guavira, 1987.
2- ANDRADE, Hermes de.
Jodima,1989.
O B da Banda. Rio de Janeiro:Graf.
43
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO
2
AGRADECIMENTO
3
DEDICATÓRIA
4
RESUMO
5
METODOLOGIA
6
44
SUMÁRIO
7
INTRODUÇÃO
8
CAPÍTULO I
A HISTÓRIA DE UMA CIDADE RESGATADA ATRAVÉS DA MÚSICA
9
1.1 - Banda de Música: origem e estrutura
11
1.2 – Maestro Anacleto de Medeiros: sua vida artística musical
15
1. 3 - Companhia Brasil Industrial: investimento na cultura, o início
de uma transformação musical.
17
CAPÍTULO II
BANDA DE MÚSICA: VALOR SÓCIO CULTURAL E RELIGIOSO
20
CAPÍTULO III
A FORMAÇÃO DA BANDA DE MÚSICA DO CETEP EM
PARACAMBI E O PROJETO MÚSICA NA FÁBRICA
3.1- Resgatando valores culturais
26
3.2- O lançamento da Banda do Cetep de Paracambi
28
CONCLUSÃO
33
ANEXO 1: DEPOIMENTOS DOS ALUNOS DA
BANDA DO CETEP PARACAMBI
34
ANEXO 2: FOTOS
37
BIBLIOGRAFIA
40
ÍNDICE
41
FOLHA DE AVALIAÇÃO
42
45
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR
46
Título da Monografia
A HISTÓRIA DE UMA CIDADE CONTADA ATRAVÉS DAS
BANDAS DE MÚSICA
Autor: JOÃO MARCOS CARVALHO MENDONÇA
Data da entrega: Outubro 2007
Avaliado por: MARY SUE
Conceito:
Download