Judaismo - Global Training Resources

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Judaismo
Ser judeu é uma mistura de religião, identidade étnica e cultura. Em sua origem, os judeus eram um
povo homogêneo, pois o casamento com pessoas de outros povos não lhes era permitido. A religião
deles era também a sua identificação étnica e cultural. Não havia proselitismo (tentar ganhar adeptos
para a sua religião através da conversão). Com o passar do tempo houve alguma mistura étnica e alguns
judeus deixaram de ter as mesmas crenças de seus antepassados. Atualmente, alguém pode ser
etnicamente judeu sem praticar a religião e sem ter necessariamente a cultura judaica. Outros, mesmo
não sendo etnicamente judaicos, se converteram ao judaísmo e o praticam.
História do povo Judeu
A história do judaísmo inicia-se com a história da origem do povo judeu e o Antigo Testamento serve
como fonte confiável desta história. Há quase 2.000 anos antes de Cristo, Deus chama um homem,
Abrão, e faz uma aliança com ele. Deus promete fazer dele o pai de uma grande nação. Abraão
(mudança do nome de Abrão para Abraão) e depois seu filho Isaque e neto Jacó viveram como nômades
em Canaã (Palestina), terra que Deus prometeu aos descendentes de Abraão. Jacó teve seu nome
mudado para Israel. Foi pai de 12 filhos, que deram origem às 12 tribos de Israel. A família de Jacó
muda-se para o Egito devido a uma grande escassez de alimento em Canaã e ali permanecem por mais
de 400 anos. Durante este tempo, os hebreus, como são conhecidos, se multiplicaram em milhões de
pessoas e foram escravizados pelos egípcios.
Deus chama Moisés para liderar o povo no êxodo do Egito. Deus, através de milagres espetaculares, faz
com que o Faraó libere o povo hebreu que segue, então, rumo à terra prometida a Abraão. Antes de
chegar à Canaã, Deus instrui Moisés sobre a organização religiosa, civil e moral do povo. A
transformação dos hebreus em um povo influente se acentuou através de reis como Saul, Davi e
Salomão. Saul unificou as tribos em uma monarquia. Davi fortaleceu a nação, expandiu as fronteiras e
estabeleceu Jerusalém como capital. Salomão trouxe prosperidade econômica e realizou grandes
construções, como o primeiro templo em Jerusalém e o palácio da monarquia. Contudo, por volta de
930 a.C. o reino unido de Israel se divide em duas nações diferentes. O reino do norte mantem o nome
de Israel enquanto que o reino do Sul passa a ser conhecido como Judá. Em 721 a.C. Israel (capital
Samaria), cai nas mãos dos assírios e a maioria da população é deportada. Em 586 a.C. Judá (capital
Jerusalém), cai nas mãos dos babilônios, o templo é destruído e a maior parte da população é
deportada.
Após permanecer setenta anos no exílio, o povo, agora conhecido como judeus, retorna à sua terra,
reconstroi a cidade de Jerusalém e o templo. O povo judeu não seria mais uma nação independente até
1.948 d.C. (com excessão de um curto período). A nação passou por uma sucessão de intervenções
políticas até sua dispersão aos quatro cantos do mundo após a destruição do segundo templo e da
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cidade de Jerusalém pelos romanos em 70 d.C. Uma resolução da ONU após a Segunda Guerra Mundial
criou o atual estado de Israel. Isto contribuiu para um retorno em massa dos judeus à sua terra histórica.
Crenças
1. Monoteísmo. Os judeus crêm em um só Deus. A expressão desta crença é recitada com frequência
em sua profissão de fé conhecida como o shemá: “Ouve, Israel, o Senhor, o nosso Deus, é único Senhor”
(Dt 6:4). No mundo antigo o monoteísmo era uma marca que distinguia os hebreus dos outros povos.
Do momento em que os judeus deixaram o Egito até o exílio na Babilônia, a nação se debateu muito
com a contaminação da idolatria dos povos vizinhos, mas a partir do retorno do exílio o judaísmo se
distingue por uma posição monoteísta firme. Deus é eterno (eternidade passada e futura), invisível,
criador do universo (e de tudo que nele existe), todo-poderoso, onisciente, onipresente, santo e justo e
o único a ser adorado. No hebraico o nome próprio de Deus é representado por um tetragrama: YHWH
(Yahweh). A escrita hebraica antiga só usava consoantes, deixando as vogais de fora. Por medo de
pronunciá-lo em vão, o nome de Deus é substituido pela palavra Senhor.
2. Revelação. Deus se revelou a Abraão e a outras pessoas na história de Israel. A origem do povo e da
religião judaica foi revelada. As bases teológica, ética e moral da religião judaica estão na revelação de
Deus a Moisés. Moisés recebeu os Dez Mandamentos, outras leis sobre a conduta moral, instruções
sobre a confecção do tabernáculo (local em que realizavam-se as cerimônias religiosas), instruções
sobre o sistema de sacerdócio e sacrifícios, além de um código de leis civis. Deus se revelou a reis e
profetas. Uma parte destas revelações foi escrita, formando assim as Escrituras Sagradas.
3. Aliança. A base do relacionamento do povo judeu com o seu Deus está na Aliança que Deus
estabeleceu com os judeus como povo escolhido. A Aliança é uma série de promessas que Deus fez ao
povo. A segurança espiritual do judeu está em fazer parte desta aliança. A obediência aos mandamentos
de Deus guarante ao judeu a permanência na Aliança.
4. Messias. Os judeus aguardam um Messias da tribo de Judá, da linhagem de Davi. Messias significa
ungido, consagrado. O Messias prometido seria alguém enviado por Deus para reunir novamente os
judeus e estabelecer um reinado de justiça e paz. Todos os outros povos se submeteriam ao seu
reinado. Os judeus rejeitam a pessoa de Jesus como Messias e ainda estão à sua espera. Os cristãos
aceitam que Jesus é o cumprimento desta promessa. Jesus veio com uma missão espiritual de salvação e
restauração do sêr humano e não como um revolucionário político para emancipar a nação de Israel do
domínio do Império Romano. Esta diferença quanto à identidade de Jesus entre o cristianismo e o
judaísmo levou à separação das duas religiões e continua sendo assunto controverso entre os dois.
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Livros
1. Escrituras Sagradas. As Escrituras Sagradas Hebraicas, Tanakh, são o
registro escrito da revelação de Deus ao seu povo. Os cristãos conhecem
estas Escrituras como o Antigo Testamento (ou Velho Testamento). O
Tanakh é composto de três partes: Torá (Pentateuco, escrito por Moisés,
também conhecido como A(s) Lei(s), tido como o mais importante), Neviim
(coleção dos escritos dos profetas) e o Kethuvim (os outros escritos do
Antigo Testamento).
2. Midrash. Coleções de interpretação das Sagradas Escrituras.
3. Talmude. Registro das discussões rabínicas sobre a lei, a ética, os costumes e a história do judaismo.
Práticas e comunidade
1. Sinagoga. É o local de culto e de instrução da
religião judaica. A sinagoga (que significa
casa de reunião) não tem altar nem imagens.
A peça central é a arca do Torá. O dia
semanal consagrado à adoração de Deus é o
sábado (ou sabat). Uma leitura da Torá é
feita em hebraico juntamente com uma
explicação. As orações são oferecidas em
hebraico. A sinagoga é também um local de
estudos e de instrução religiosa para as
crianças. O rabino é o professor religioso e e
o responsável de conduzir certas cerimônias
religiosas.
Sinagoga em São Paulo
2. Datas festivas. O calendário judeu é diferente do nosso. Em 2.012 d.C. o calendário judeu já está no
ano 5.772, suposta data da criação do mundo. Os anos comuns (com 353 a 355 dias) contêm 12
meses. Os anos bissextos (com 383 a 385 dias) contêm 13 meses. Datas festivas:
Rosh Hashaná – ano novo judaico, geralmente em setembro ou outubro.
Pessach – é a Páscoa Judaica na qual se recorda a saída do povo hebreu do Egito e quando os
primogênitos foram poupados de extermínio. Esta festa solene é celebrada em família.
Shavuot – é a Festa das Primícias ou Festa da Colheita. É uma festa com grande fartura de
alimentos.
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Yom Kipur – Dia do Perdão. É o dia em que os pecados do ano são perdoados. A festividade é
celebrada com um jejum de 24 horas durante o qual se deve abster de água, alimentos, relações
conjugais, escovar os dentes, tomar banho, usar cremes ou desodorante na pele e de usar
qualquer objeto de couro que exigiria matar um animal. Ao fim do jejum há uma festa.
Sucot – Festa dos Tabernáculos ou Festa das Cabanas. Relembra os 40 anos que os hebreus
passaram no deserto. Em Israel milhares de pessoas se reúnem no Muro das Lamentações para
receber a bênção dos sacerdotes.
Chanucá (ou Hanucá) – Festival das Luzes. Comemora a liberação e purificação do Templo em
164 a.C., após a profanação de Antíoco Epifanes que montou uma estátua de Zeus no templo e
ali sacrificou animais impuros.
3. Circuncisão. Todos os bebês do sexo masculino passam por uma cirurgia para a retirada da pele do
prepúcio, a circuncisão (também conhecida como cirurgia de fimose). Ela é símbolo externo de
pertencer à Aliança que Deus estabeleceu com seu povo Israel.
4. B’nai Mitzvá. Cerimônia da maioridade (ou responsabilidade) pela qual
passam as crianças judaicas para serem admitidas como membros maduros
da comunidade. A menina é submetida à cerimônia aos 12 anos e passa a ser
Bat Mitzvá (filha do mandamento). O menino passa pela cerimônia aos 13
anos e passa a ser Bar Mitzvá (filho do mandamento). Nesta cerimônia ele faz
uma leitura pública da Torá.
5. Kipá (ou Quipá) – Boina (chapéu) utilizada pelos adeptos do sexo masculino
para simbolizar temor a Deus.
kipá
Ramificações do judaísmo1
“Nos dois últimos séculos, a comunidade judaica dividiu-se numa série de denominações; cada uma
delas tem uma diferente visão sobre que princípios deve um judeu seguir e como deve um judeu viver a
sua vida”.
Judaísmo ortodoxo - considera que a Torá foi escrita por Deus, que a
ditou a Moisés, sendo as suas leis imutáveis. Existem dois
representantes deste grupo: os judeus modernos ortodoxos e os
haredi (ultraortodoxos). Os judeus chassidim são um subgrupo dos
haredi.
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Juda%C3%ADsmo – acessado em 22/03/2012.
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Judaísmo conservador (ou Masorti) – “caracteriza-se por um compromisso em seguir as leis e práticas
do judaísmo tradicional”. Este ramo surgiu no século passado e tem uma atitude positiva em relação à
cultura moderna. “Considera que o judaísmo não é uma fé estática, mas uma religião que se adapta a
novas condições”. Considera que a Torá foi escrita por profetas inspirados por Deus, mas não é um
documento de autoria direta dele.
Judaísmo reformista – sofreu uma influência maior das ideias iluministas. Este ramo rejeita a
obrigatoriedade de seguir as leis judaicas e muito de suas práticas, como a circuncisão. Maior ênfase é
dada aos ensinamentos éticos dos profetas. As orações são feitas em língua local.
Judaísmo reconstrucionista – advoga uma reinterpretação do judaismo para os tempos
contemporâneos. As práticas judaicas devem ser comunais, sendo que cada comunidade toma as
decisões das práticas tradicionais que serão retidas em sua comunidade.
Além destas formas de judaísmo religioso, existem judeus que se consideram religiosos não praticantes
e outros que nem se consideram religiosos, sendo alguns até ateus. Continuam considerando-se judeus
étnicos e culturais.
Símbolos judaicos
O símbolo do judaísmo é a estrela de Davi. Muitas pessoas se consideram
judias sem tomar parte em nenhuma das práticas religiosas ou até mesmo
sem aceitar os fundamentos do judaísmo, mas somente pelo fato de se
identificarem etnicamente com o povo judeu e por seguirem os costumes
gerais de um estilo de vida judaico. De acordo com a tradição judaica, este
símbolo era desenhado ou encravado sobre os escudos dos guerreiros do
exército do rei Davi. Esta tradição teve origem no fato de o nome hebraico
para Davi (pronunciado David) ser escrito originalmente por três letras do
alfabeto hebraico: as consoantes Dalet, Vav e Dalet. Estas duas letras Dalet
tinham uma forma triangular no alfabeto hebraico.
A Menorá ("lâmpada, candelabro") era um objeto constituído de ouro batido,
maciço e puro. Foi feito por Moisés para ser colocado dentro do Santo Lugar
(átrio intermediário entre o átrio exterior do Santuário e o Santo dos Santos)
juntamente com o Altar de Incenso e a Mesa dos Pães da Proposição. A
Menorá também estava exposta nos dois Templos. Atualmente, a Menorá
constituiu-se num dos principais e mais difundidos símbolos do Judaísmo e do
Estado de Israel, sendo, por exemplo, brasão oficial do Estado judeu,
juntamente com a Estrela de Davi.
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Distribuição
O judaísmo é a mais antiga das três religiões monoteístas do mundo e a que tem o menor número de
fiéis: cerca de 12 a 15 milhões de seguidores (0,2% da população mundial). Segundo analistas, se não
tivesse havido o Holocausto (matança em massa de judeus pelos nazistas durante a Segunda Guerra
Mundial), ocorrido entre as décadas de 30 e 40 no século 20, o número de judeus seria de 35 milhões
em todo o mundo. Atualmente, a maioria dos judeus vive nos Estados Unidos e em Israel. Na Europa, a
maior comunidade judaica encontra-se na França. No Brasil esxitem cerca de 100 mil judeus (0,5% da
população). O judaísmo não é uma religião missionária, à procura da conversão de novos adeptos.
Aqueles que se convertem, no entanto, devem observar os preceitos da Torá (a lei judaica), que inclue,
entre outras obrigações, a circuncisão masculina.
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