AVALIAÇÃO DO CUSTO E DA EFETIVIDADE NO TRATAMENTO DE FERIDAS EM UM SERVIÇO PÚBLICO ESPECIALIZADO Prof. Ma. ET. Sandra Marina Gonçalves Bezerra Enf. Maria Clara Batista da Rocha Viana Enf. Aline Costa De Oliveira Enf. Ma Raquel Rodrigues dos Santos Prof. Phd. Lídya Tolstenko Nogueira INTRODUÇÃO • A avaliação dos programas públicos iniciou após a II Guerra Mundial (1939-1945) com os economistas desenvolvendo métodos para analisar as vantagens e os custos dos programas públicos (CONTANDRIOPOULOS et.al., 2008) • Em saúde a avaliação deve incluir os gastos realizados e os potenciais benefícios que irá produzir para a sociedade. (SOUSA et.al., 2002) • A administração planejada dos recursos físicos, humanos e materiais das instituições de saúde, tem grande importância, uma vez que as despesas com saúde são crescentes e os recursos financeiros são finitos. INTRODUÇÃO • No Brasil, as feridas acometem a população de forma geral e constituise em um problema de saúde pública, devido a índices elevados e custos elevados com o tratamento (MORAIS,2008). • Um dos princípios básicos da economia da saúde é adotar medidas que propiciem redução dos custos sem que ocorram impactos negativos na atenção a saúde (DALLORA; FORSTER, 2013). • A história do SUS é marcada por problemas de financiamento, no qual os recursos públicos envolvidos sempre foram insuficientes para garantir a saúde pública universal, integral e de qualidade. Em 2011, os gastos públicos corresponderam a 3,84% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto que em outros países com sistemas universais foram de 8,3%. (MENDES, 2013). INTRODUÇÃO • Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos (SIGTAP) do SUS • Sistema de Informação Ambulatorial (SIA) • Sistema de Informação Hospitalar (SIH). • Curativo Grau I – Lesão aberta, pequena área de tecido afetado em extensão, profundidade e exsudato. Valor de desembolso R$ 4,50; • Curativo Grau II – Lesão aberta, grande área de tecido afetado extensão, profundidade e exsudato. Valor de desembolso R$ 32,40. (DATASUS, 2015) INTRODUÇÃO Estudo de custo realizado no setor de Estomaterapia, da UFMG comparou os curativos tradicionais e novas tecnologias padronizadas para o tratamento de feridas com redução de custo 5,4% : • Tratamento norteado por protocolo • Avaliação e escolha da cobertura por enfermeiro => diminuição do número de trocas, tempo de cicatrização e redução de custos (BORGES; GOMES; SAAR, 1999). O avanço tecnológico na utilização de coberturas interativas para a realização de curativo trouxe benefícios à população com feridas, por proporcionar uma variedade de coberturas, tempo de troca em até sete dias com redução do tamanho da lesão, o que melhorou a qualidade de vida das pessoas que têm acesso ao tratamento efetivo (PRAZERES, 2009). Por que avaliar o custo e efetividade do tratamento de feridas? Ferida encontrada em domicílio em 2009 Tratamento pela ESF com óleo de girassol adicionado de ampolas de vitaminas 1º Caso - Estudo de caso piloto QUANTIDADE DE PRODUTOS UTILIZADOS PRODUTO/ CURATIVO QUANTIDADE/ CURATIVO VALOR/UNIDADE VALOR TOTAL 01 tubo R$ 24,00 R$ 24,00 Gaze Estéril 20 pacotes R$ 0,90 R$ 18,00 Atadura 2 unidades R$ 0,90 R$ 1,80 1 frasco R$ 4,00 R$ 4,00 2 unidades R$ 1,00 R$ 2,00 Pomada (medicamento)¹ Soro Fisiológico 500ml Luva Estéril (2 meses) VALOR / TROCA DE CURATIVO VALOR / 60 TROCAS DE CURATIVOS 60x4,50 =270 R$ 49,80 R$ 2.988,00 Deficit 2.718, QUANTIDADE DE PRODUTOS UTILIZADOS PRODUTO/ CURATIVO QUANTIDADE/ CURATIVO VALOR/UNIDADE VALOR TOTAL alginato15x15 03 unidades R$ 41,00 R$ 123,00 Gaze Estéril 10 pacotes R$ 0,90 R$ 9,00 Atadura 2 unidades R$ 0,90 R$ 1,80 1 frasco R$ 4,00 R$ 4,00 2 unidades R$ 1,00 R$ 2,00 Soro Fisiológico 500ml Luva Estéril (2 meses )VALOR / TROCA DE CURATIVO VALOR / 19 TROCAS DE CURATIVOS 32x19=608 2.656-608= 2.048 R$ 139,80 R$ 2.656,20 Deficit: 2.048,00 Estudo de caso piloto Avaliação inadequada Sub financiamento Problemas Paciente e familiares Serviços de saúde Custo elevado Retardo da cicatrização Equipe multiprofissional OBJETIVO • Avaliar o custo e a efetividade de materiais utilizados para o tratamento de feridas em um serviço público especializado. MÉTODO • Estudo avaliativo, descritivo com abordagem quantitativa; • Pesquisa censitária realizada em um ambulatório público de referência para o tratamento de feridas no estado do Piauí; • Período de coleta: dezembro de 2014 a abril de 2015; • Total da amostra: 107 pacientes; • Realizou-se a avaliação e registro de todas trocas de curativos; • Formulário semi-estruturado: Dados sociodemográficos e clínico, tipo de ferida, aspecto, mensuração, materiais e coberturas utilizadas, registro fotográfico, custos diretos com materiais e coberturas, e evolução do tratamento. MÉTODO •Análise estatística no Programa software SAS® 9.0 (estatística descritiva, Teste t Student e coeficiente correlação de Spearman); •Valores de p menores que 0,05 foram considerados significativos. Os gráficos foram gerados no software estatístico R; •A pesquisa atendeu as normas nacionais e internacionais de ética em pesquisa e foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa Institucional da FHT e da Universidade Estadual do Piauí sob parecer n° 922.381 de 09/12/2014. FICHA DE NOTIFICAÇÃO E FATURAMENTO DE FERIDAS RESULTADO E DISCUSSÃO Sexo: Masculino (64,49%); Idade: 20 a 59 anos (69,16%); Tipo de ferida: 64,48% Feridas Traumáticas 53,6% Acidentes de motocicleta; Localização anatômica: 66,36% Membros Inferiores; Número de feridas: 71,03% Ferida única; Tipo de tecido: 74,77% Tecido desvitalizado; Cobertura: 48,86% Alginato de cálcio; Evolução do caso: 31,78% cicatrização completa no período médio de 3 meses. RESULTADO E DISCUSSÃO A área inicial da ferida variou de 2 a 1.530 cm2 e final de 0 a 864 cm². O custo total do tratamento variou de R$32,50 a R$1.500,10. A pesquisa comprovou, através de testes de correlação de Sperman que o custo total do tratamento, no que se refere a materiais de limpeza, coberturas e fixação, possui correlação significativa (P<0.05) com o valor do reembolso do SUS A efetividade do tratamento foi comprovada pelo test t de Student (P<0.05). O reembolso do SUS não é compatível com áreas extensas (≥ 100 cm2) por não ter valor diferenciado do curativo grau II por tamanho da área da ferida. RESULTADO E DISCUSSÃO 500 1000 r=0,64229; p-valor = 0.0001 0 Custo Total do Tratamento (reais) 1500 Gráfico 1 - Correlação entre o custo total do tratamento de feridas com o desembolso do SUS. Teresina (PI), dezembro de 2014 – março de 2015. 0 500 1000 Valor do Desembolso do SUS (reais) 1500 RESULTADO E DISCUSSÃO Gráfico 2 - Boxplot para comparação da área inicial e final da ferida em cm2 com valor do teste t Student. Teresina (PI), dezembro de 2014 – março de 2015. Área da Ferida 1 1500 T=-5,86; p-valor = 0.0001 1000 500 0 Inicial Final RESULTADO E DISCUSSÃO M.J.S. 62 anos DM – 2 meses e 10 dias • 12 - 12- 2014 03– 02 - 2015 (53d) 24 -02 – 2015 (71d) RESULTADO E DISCUSSÃO 08-01-2015 30-01-2015 27-3-2015 24-04-2015 JJS - 60 anos Acidente com aranha 3 meses tratamento Cobertura: múltiplas 22 trocas =R$ 720,00 19-02-2015 A.P.N. - Idade 38 anos Lesões Múltiplas – Choque elétrico Área: 9,5 x6,5x1,5 - 71,75 cm2 Valor Total: 615,60 Tempo: 2 meses RESULTADOS 29 - 01- 2015 13 – 03 - 2015 11-03-2015 06 -06-2015 09 - 03- 2015 09 – 03 - 2015 • • • • M H A, Idade :37 Sd Fournier - 1 mês Custo 478,12 – 11 trocas: ‘ 20 - 03-2015 06 - 04-2015 CONCLUSÃO • A avaliação do custo e da efetividade foi alcançada; • Verificou-se que o reembolso do SUS referente ao curativo grau II é compatível com o custo direto do tratamento de feridas com área inferior a 100 cm2 (compra por licitação) • A qualidade de vida e benefício ao paciente é um dado importante a ser analisado em serviços públicos. • Limitação: • Pacientes de outros estados e municípios no qual não foi possível acompanhá-los até o fechamento da lesão. • Recomendações: • Instituição de protocolos para o tratamento de feridas • Pesquisas que avaliem o custo total do tratamento de feridas, comparando o custo efetividade e o custo-benefício. • Importância da interdisciplinaridade no sucesso do tratamento REFERENCIAS BORGES, E.L.; GOMES, F.S.L.; SAAR, S.R.C. Custo comparativo do tratamento de feridas. Rev. bras. enferm. [online]. 1999, v.52, n.2, p. 215-222. ISSN 0034-7167. CONTANDRIOPOULOS, A. P. e cols. A avaliação na área de saúde: Conceitos e métodos. In. HARTZ, Z.M.A. (org). Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, p.29-48, 2008. CONASS, Progestores. Nota Técnica N 06. O financiamento do SUS, 2011. DALLORA, M.E.L.V; FORSTER, A.C. Gerenciamento de custos de material de consumo em um hospital de ensino. RAS, vol. 15, n. 59 , 2013. Disponível em: <http://www.cqh.org.br/portal/pag/anexos/baixar.php?p_ndoc=689&p_nanexo=%20395>. Acesso em: 02/10/2014 MENDES, A.A longa batalha pelo financiamento do SUS. Saúde e Soc.. v. 32, n.4, p.987-993, 2013. MORAIS, G.F,C. et al. Avaliação de feridas pelos enfermeiros de instituições hospitalares da rede pública. Texto contexto - enferm., Florianópolis , v. 17, n. 1, p. 98-105, Mar. 2008 PRAZERES, S. J. Tratamento de Feridas: Teoria e Prática. 1 ed. Porto Alegre. Morió Editora, 2009. AGRADECIMENTOS A Presidência da Fundação Hospitalar de Teresina e equipe do Hospital de Urgência de Teresina A coordenação de Enfermagem e Acadêmicos da Universidade Estadual do Piauí A equipe de Enfermagem do ambulatório do Hospital Promorar A equipe médica: clínicos, cirurgião geral, Ortopedistas e cirurgia plástica A Gerência de farmácia da FHT A equipe de nutrição Aos Pacientes motivos do nosso estudo Valorização da equipe pelo paciente • Obrigada! • [email protected] • Tel: 86 999826894