Informativo_RCVE... - Portal Vet

Propaganda
Informativo Técnico
Christiane S. Prosser
[email protected]
M.V. Coordenadora de Comunicação
Científica Royal Canin Brasil
Atopia & Nutrição
A “atopia” é uma doença de origem genética, caracterizada por
indivíduos que reagem a alérgenos externos - que podem ser inalados,
ingeridos ou absorvidos, manifestando, principalmente, prurido na pele.
A atopia foi tradicionalmente definida como uma reação de
hipersensibilidade do tipo I, porém acredita-se atualmente que outros
mecanismos, além da produção de IgE, estejam envolvidos na gênese da
doença. Sua patogênese ainda não foi totalmente elucidada, mas
especula-se que envolva anormalidades do sistema imune e da barreira
cutânea.
Os antígenos mais comumente envolvidos nos episódios alérgicos
incluem o pólen de plantas, grama, árvores, poeira doméstica, ácaros da
poeira doméstica, bolores, penas e pelos. As manifestações clínicas mais
comuns são lambedura podal, escoriações na face, prurido nas patas,
axilas e cauda. Alguns levantamentos sugerem que até 15% dos cães
apresentam atopia, e que a idade de início das manifestações clínicas
ocorre geralmente entre 1 e 3 anos. O diagnóstico é feito com base no
histórico do animal, nos sinais clínicos, e na exclusão dos diagnósticos
diferenciais como ectoparasitas e alergia alimentar, por exemplo.
O “Escore de CADESI” (Canine Atopic Disease Extent and Severity Index)
foi criado para determinar a gravidade da dermatite atópica em cães, e
tem sido utilizado em diversos estudos clínicos, principalmente para
avaliar a melhora clínica do paciente após a instituição de um tratamento
específico. Este escore considera 3 parâmetros (eritema, liquenificação e
escoriação) e a extensão das lesões. Marcadores bioquímicos para
determinar a gravidade da atopia vêm sendo estudados em humanos,
mas ainda sem resultados significativos.
A dermatite atópica em humanos é caracterizada por um aumento da
perda de água transepidérmica secundária a uma alteração na camada
lipídica da epiderme, e acredita-se que o mesmo ocorra em cães. As
ceramidas (em especial, a ceramida-1) são consideradas o componente
mais importante da camada lipídica da pele que compõe a barreira
cutânea. Cães com dermatite atópica possuem uma camada lipídica
cutânea anormal em seu estrato córneo, e defeitos nesta camada
aumentam a exposição natural do organismo aos alérgenos e facilita a
penetração destes alérgenos na pele, promovendo a produção de uma
resposta inflamatória. A avaliação da permeabilidade da barreira
cutânea e da hidratação do estrato córneo, feita com o auxílio de
programas de computador para demonstrar a extensão da doença, é
uma metodologia utilizada ainda apenas experimentalmente, porém é
considerada interessante.
O manejo nutricional das doenças alérgicas de pele visa principalmente
reduzir o prurido, a alopecia e o processo inflamatório; auxiliar a
controlar infecções bacterianas e fúngicas, e promover a cicatrização
cutânea.
A pele possui uma intensa taxa de renovação celular, e por isso necessita
receber quantidades adequadas de nutrientes para que sua estrutura e
funções sejam adequadamente mantidas. A ingestão de proteínas,
gorduras, carboidratos, vitaminas e minerais em teores balanceados é
vital para melhorar a reparação cutânea. Tais nutrientes são necessários
para atender a demanda de energia requerida para a proliferação
celular, para migração, fagocitose e produção da matriz e dos tecidos
conjuntivo, endotelial e epitelial. Por também auxiliar o processo
cicatricial, além de melhorar a função imune, o zinco e as vitaminas A e C
devem ser fornecidas ao animal conforme suas necessidades
nutricionais. A vitamina E é capaz de reduzir a produção e a liberação de
mediadores inflamatórios em culturas mastocitárias, o que sugere que
tal modulação também ocorra em cães atópicos.
Os ácidos-graxos Ômega-3 (p. ex. ácido alfa-linolênico, ácido
eicosapentaenoico [EPA], ácido docosahexanoico [DHA], em óleos de
peixes marinhos e os ácidos-graxos Ômega-6 (p. ex. ácido linoleico
presente nos óleos de girassol, cártamo, milho, soja e linhaça, e o ácido
gama-linolênico [GLA] presente nos óleos de borragem, prímula e
semente de cassis) são agentes que podem auxiliar o tratamento da
atopia. Com relação às doenças cutâneas, tanto o ômega-3 quanto o
ômega-6 parecem apresentar propriedades anti-inflamatórias, porém
possuem mecanismos de ação diferentes. O efeito anti-inflamatorio do
ômega-6 está relacionado à síntese do ácido dihomo-gama-linolênico
(DGLA) a partir da ingestão alimentar de GLA. O DGLA pode
eventualmente ser convertido em ácido araquidônico, que é um potente
mediador inflamatório, porém tal processo é lento. Existem ainda três
outros metabólitos do DGLA que contribuem com sua ação antiinflamatória, além deste poder ser convertido em PGE1 menos
inflamatórias. O DGLA inibe a liberação de ácido araquidônico pela
membrana celular, e pode ser convertido em um potente ácido graxo que
inibe o ciclo da lipoxigenase. O ômega-3 compete diretamente com o
ácido araquidônico pelas lipoxigenases e cicloxigenases enzimáticas. A
Ceramida-1 contém ácido linoleico, e esta é a razão pela qual se acredita
que este ácido graxo possua papel importante na função da barreira
cutânea.
Estudos demonstraram que a suplementação alimentar com uma
combinação sinérgica de nicotinamida, ácido pantotênico, histidina,
colina e inositol aumentou a síntese de ceramidas em cultura de
queratinócitos caninos. Ainda, a nicotina, o ácido pantotênico e a histidina
demonstraram aumentar significativamente a síntese lipídica
epidérmica. O teste de perda de água transepidérmica (TWEL [transepidermal water loss) foi utilizado para avaliar os efeitos dos nutrientes
no fortalecimento da barreira cutânea, e uma redução do transito de
água foi observada nos animais que consumiram ácido pantotênico,
nicotinamida, inositol e colina.
Sugere-se que exista um limitar de prurido para o surgimento das
manifestações clínicas da dermatite atópica. Este conceito se refere à
presença de estímulos múltiplos que, atuando em conjunto, seriam
responsáveis pelo desencadeamento das manifestações clínicas de
prurido. Desta forma, o animal poderia suportar determinada
quantidade de estímulos (causada por um ou mais alérgenos) até que
atinja determinado limitar, quando então passa a manifestar alterações
clinicamente perceptíveis. Tal limiar pode ser atingido mais rapidamente
quando o cão é submetido a diversos alérgenos simultaneamente, ou
quando a quantidade de determinado alérgenos é aumentada.
Alguns estudos demonstraram que o uso de uma proteína selecionada
na alimentação de cães atópicos pode melhorar os sinais de
hipersensibilidade e diminuir a quantidade de mediações antiinflamatórias administradas. Assim, o manejo do cão atópico deve ser
feito de modo a minimizar a carga do alérgenos (banhos, controle de
pulgas etc.), evitar eventuais reações adversas ao alimento e incluir
nutrientes que auxiliem o fortalecimento da barreira cutânea.
100
95
75
REFERÊNCIAS
GERMAIN, P. A.; PRELAUD, P.; BENSIGNOR, E. CADESI (Canine AtopicGERMAIN, P. A.; PRELAUD,
P.; BENSIGNOR, E. CADESI (Canine Atopic Dermatitis Extent and Severity Index) reproducibility.
Revue Méd Vét. n. 156, v. 7, p. 382-385, 2005.
MARSELLA, R. Atopy: New targets and therapies. Vet Clin Small Anim. n. 36. p. 161-174, 2006.
25
Nutrition in Practrice. The Royal Canin Veterinary Guide. St. Charles: Royal Canin USA, Inc., 2007.
Nutritional Management of Adverse Food Reactions and Skin Diseases. Royal Canin SAS, Canada,
2012.
5
0
www.royalcanin.com.br | SAC: 0800 703 55 88
Informativo_RCVET_21x28_clinvet3
ter
a-feira, 18 de novembro de 2014 16:37:21
Download