Você sabia?

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GAB_C2_8oAno_Hist_SOME_Tony_2013 03/01/13 08:03 Página I
Orientação para o Professor – História – 8.o Ano do Ensino Fundamental
Procura-se inserir a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana
como movimentos relacionados à crise do Sistema Colonial Português.
Buscou-se um entrelaçamento com a crise do Antigo Regime e a
independência dos EUA.
– Influências externas aos movimentos de contestação à
exploração colonial: Iluminismo francês, independência das Treze
Colônias inglesas na América, Revolução Francesa.
– Inconfidência Mineira: organização, liderança, violência da
pena.
– Conjuração Baiana: influência dos ideais jacobinos.
– Composição social da liderança: camadas médias e populares.
Projeto revolucionário ultrapassava a emancipação política.
– Governo napoleônico direcionado aos interesses da burguesia
e baseado em uma política expansionista e militarista.
– As relações históricas entre o Bloqueio Continental e a vinda da
corte portuguesa ao Brasil; antecedente ao processo de independência.
– A derrota de Napoleão e a reação conservadora europeia:
Congresso de Viena e Santa Aliança.
ORIENTANDO O TRABALHO EM CLASSE
CAPÍTULO 5
Neste capítulo o aluno tomará contato com as principais
mudanças do século XVIII, com ênfase para o surgimento das ideias
do Iluminismo.
Com isso, inicia-se o estudo do Antigo Regime.
O assunto é a Revolução Industrial, sobre a qual procurou-se
destacar:
– Razões do surgimento da Revolução Industrial na Inglaterra.
– Transformação na produção.
– Comparação entre trabalho artesanal e trabalho fabril.
– Urbanização.
– Surgimento do proletariado.
– Condição de vida nos primeiros tempos da indústria.
– Alteração no modo de vida a partir da formação da sociedade
urbana e industrial (por exemplo, a percepção do tempo).
Procurou-se estabelecer uma ponte entre as condições de vida e
de trabalho no início da industrialização e hoje, enfatizando-se a
utilização do trabalho infantil.
– Permanência histórica: a exploração do trabalho infantil –
início do século XIX, fins do século XX.
– A questão das crianças que estão fora, à margem do processo
educativo.
– Após o trabalho com o texto, o professor deverá dividir a classe
em pequenos grupos e discutir os pontos levantados em aula.
Colonização inglesa na América do Norte. Colônias de
povoamento e exploração. Contrastes e semelhanças em relação à
colonização ibérica.
Processo de emancipação política das Treze Colônias inglesas na
América – guerra pós-independência.
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES
O aluno deverá ser levado a discutir as razões profundas que
levaram a França à Revolução e discutir o significado desse movimento.
O aluno deverá ser orientado a escrever, em forma de narração,
o desenvolvimento histórico do processo revolucionário francês,
considerando o roteiro proposto na tarefa.
A orientação dada ao aluno deverá ser no sentido de reflexão e
raciocínio, antes de preencher o quadro.
CAPÍTULO 7
Neste capítulo destacamos:
– Governo napoleônico direcionado aos interesses da burguesia
e baseado em uma política expansionista e militarista.
– As relações históricas entre o Bloqueio Continental e a vinda da
corte portuguesa ao Brasil; antecedente ao processo de independência.
– A derrota de Napoleão e a reação conservadora europeia:
Congresso de Viena e Santa Aliança.
Os dois textos complementares constituem-se em instrumentos
teóricos para a compreensão do movimento emancipacionista na ótica
da crise do antigo sistema colonial.
A liderança criolla no movimento e a participação de segmentos
populares nas guerras de independência.
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES
O aluno deverá ser orientado a pesquisar em diferentes fontes
sobre a inovações técnicas e tecnológicas do século XVIII. Ao final do
trabalho ele deverá citar corretamente as fontes bibliográficas.
O professor deverá orientar o aluno no sentido de fazer
entrevistas/pesquisas com três pessoas, que podem ser da escola ou de
sua família.
A questão é saber qual o papel ou a função dos sindicatos nos
dias atuais.
O aluno deverá colocar o nome, a idade e a profissão de cada
entrevistado.
O aluno deverá ser orientado para que, em um primeiro momento
– reflita sobre o real significado da expressão “regenerar pelo
trabalho”;
– questione o conceito de marginalidade.
A partir daí ele irá opinar, por escrito, acerca das questões
ideológicas que mascaram a exploração do trabalho infantil.
O aluno deverá comparar as bases da colonização do Brasil e dos
Estados Unidos.
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES
Orientar o aluno para a pesquisa em diversas fontes, inclusive a
internet.
Enfatizar a importância da correta citação bibliográfica ao final do
trabalho.
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 6
Neste capítulo destacamos:
– Transferência da Corte Portuguesa para o Brasil – abertura dos
portos às nações amigas e o fim do pacto colonial. Influência da
Inglaterra no Brasil.
– Política interna e externa de D. João. A modernização do Rio
de Janeiro.
O capítulo enfoca a Revolução Francesa com destaque para:
– O processo revolucionário francês.
– Ascensão da burguesia ao poder.
– Participação popular.
– Limites burgueses da revolução.
I
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– Revolução Pernambucana de 1817 e a proposta republicana.
– Bases políticas do movimento de separação entre Brasil e
Portugal. Tentativas de recolonização e avanço do processo de independência.
– Lutas internas pós-independência. O real significado da
independência.
O professor e a classe deverão envolver-se profundamente nessa
atividade para que ela seja realizada a contento.
Dividir a classe em grupos e orientá-los na elaboração do texto é
um trabalho que o professor deve realizar com alguma antecedência,
algo em torno de 30 dias.
Os alunos poderão ser orientados a usar roupas escuras na
dramatização, numa clara alusão ao Teatro Negro de Praga, onde os
personagens vestem-se de negro com maquiagem branca no rosto.
Um trabalho de reflexão e discussão em grupo é o objetivo dessa
atividade de revisão.
O professor dividirá a classe em pequenos grupos, preferencialmente não ultrapassando quatro pessoas.
Essa discussão inicial pode estar em torno de quinze minutos.
Após esse tempo, o professor fará um grande círculo, em que um
representante de cada grupo apresentará suas conclusões ou reflexões.
1. Como acontecia a divisão do trabalho na fábrica de
alfinetes, tal como Adam Smith a descreveu?
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES
4. Como você analisa a atuação do operário na divisão
do trabalho
“Um operário desenrola o arame, um outro o endireita, um
terceiro o corta, um quarto faz as pontas, um quinto o afia
nas pontas para a colocação da cabeça do alfinete; para fazer
uma cabeça de alfinete requerem-se 3 ou 4 operações
diferentes.”
2. Que outros exemplos de divisão ou especialização de
trabalho você conhece?
A partir da leitura do texto de Adam Smith e de seus conhecimentos anteriores, o aluno deverá responder a questão.
3. Você concorda com a ideia de que o aumento da divisão ou especialização do trabalho leva ao aumento da
produtividade nas indústrias? Justifique sua resposta.
O aluno deverá se posicionar, considerando todas as
discussões que envolveram o processo de mudanças na
produção, a partir do séxulo XVIII.
O aluno deve ser orientado a colocar-se no lugar de um
historiador. Ante seus olhos está a cidade do Rio de Janeiro de 1808,
momento do desembarque da corte portuguesa. Como observador
atento deverá descrever todo esse cenário.
Lembrar ao aluno que ele deverá dar um título a esse trabalho.
O aluno deverá considerar a especialização necessária ao
trabalho no século XVIII.
A partir da leitura dos textos e das discussões com
seu professor, reflita e responda:
1. Como eram as condições de vida dos novos
trabalhadores da indústria?
GABARITO
O aluno deverá considerar em sua resposta: a exploração do
trabalho, a extensa jornada de trabalho e a ausência de uma
legislação trabalhista.
CAPÍTULO 5 – UM MUNDO EM
MUDANÇA
2. O primeiro texto fala sobre o surgimento das Trade
Unions inglesas, precursoras dos atuais sindicatos.
Você sabe qual é a função dessas associações de
trabalhadores? Justifique sua resposta.
Trabalho artesanal
Define-se pela posse do produtor sobre os meios de produção:
instalação, ferramentas e matérias-primas. Em casa, sozinho ou
com a família, o artesão realiza todas as etapas do processo
produtivo.
Na defesa de seus interesses econômicos, os artesãos de mesma atividade profissional reúnem-se em corporações de ofício e
têm o controle sobre o ritmo e a quantidade de seu trabalho.
Os sindicatos são associações que representam os interesses
de uma determinada categoria profissional.
3. Retire dos textos pelo menos dois exemplos de violência que crianças e jovens sofriam na rotina diária do
trabalho explorado nos primeiros tempos de indústria.
Trabalho fabril
A – Crianças e jovens sustentavam-se em pernas de pau para
conseguirem alcançar os teares das fábricas.
B – Os menores tinham seus dedos e membros esmagados ou
amputados pelas engrenagens dos teares sem proteção.
A fábrica, com todo seu complexo de instalações, define o
ritmo de produção do trabalhador.
O proletário, advindo desse contexto, torna-se assalariado
através da venda de sua força de trabalho. Sujeito a uma longa
jornada de trabalho, produz nas fábricas, na maioria das vezes,
sob péssimas condições de higiene e segurança.
4. Imagine um dia na rotina do trabalhador inglês no
início da industrialização e descreva abaixo como
seria.
A introdução da divisão do trabalho na atividade
manufatureira foi analisada por Adam Smith a partir
do funcionamento de uma fábrica de alfinetes do
século XVIII. Para entender como isso acontecia, leia
o documento desta aula e faça os exercícios a seguir.
As discussões feitas em sala de aula e as explicações do
professor são subsídios para o aluno descrever o cotidiano de
um trabalho inglês do século XVIII.
II
GAB_C2_8oAno_Hist_SOME_Tony_2014 15/01/14 10:39 Page III
Com base na leitura do texto de Paul Mantoux e sob
a mediação do professor, a classe irá debater os
seguintes pontos:
Os Estados Unidos após a independência
Declaração de Independência
“Consideramos como autoevidentes as verdades que afirmam
serem todos os homens criados iguais e dotados pelo seu Criador
de certos direitos inalienáveis, entre os quais estão a vida, a
liberdade e a busca da felicidade. Que para garantir esses
direitos são instituídos os governos entre os homens, derivando-se
a sua força justa do consentimento dos governados; que
sempre que qualquer forma de governo se tornar destruidora
desses fins, o povo terá o direito de alterá-lo ou aboli-lo, e de
constituir um novo governo que tenha por alicerces esses
princípios, e organizar o seu poder da forma que lhes pareça a
melhor maneira de conseguir a sua segurança e felicidade.”
1. Retire do texto duas frases que exemplifiquem a
exploração do trabalho infantil no início da
Revolução Industrial.
“Cinquenta, oitenta, cem crianças eram cedidas em bloco e
enviadas, como gado, com destino à fábrica onde deveriam
ficar fechadas durante longos anos…”
“Yarranton recomendava a abertura de escolas de indústria,
como vira na Alemanha, onde duzentas meninas fiavam sem
descanso, sob a ameaça da palmatória de uma mestra,
submetidas a um silêncio absoluto, e chicoteadas se não
fiassem bem ou rápido o bastante”…
2. Qual a diferença entre o trabalho infantil descrito
por Paul Mantoux e a situação apresentada pela
Organização Internacional do Trabalho (OIT)?
Declaração de Independência in Panorama da História dos Estados Unidos.
HOFSTADTER, Richard e GRAY, Wood e OLSON, Keith (atualização). Agência de
Comunicação Internacional dos Estados Unidos da América, s/d, p.40
A descrição de Paul Mantoux remete-nos à exploração de
crianças e adolescentes no espaço das fábricas, após a Revolução Industrial. O texto da Organização Internacional do
Trabalho alerta para a situação de vulnerabilidade, notadamente entre meninas e mulheres, em função da exploração
do trabalho doméstico e do tráfico de pessoas.
1. Grife as ideias políticas do Iluminismo contidas no
texto.
Trabalho de leitura e interpretação feita pelo aluno.
2. Justifique e analise a parte do texto que você grifou.
O aluno poderá considerar a frase inicial do texto e analisá-la
à luz do Iluminismo, estudado anteriormente. Deverá
recordar-se que o desdobramento do movimento da
ilustração, na esfera política, concentrou-se na defesa dos
direitos do indivíduo e no combate às arbitrariedades dos
governos absolutistas.
3. Vamos explorar mais o texto da OIT e levantar
hipóteses de porque o trabalho infantil, hoje se
localiza no setor doméstico. Procure pensar sobre as
condições que favorecem essa situação.
Nesse espaço registre as possíveis hipóteses dessa situação
tais como o fato dos empregadores nem sempre registrarem
os trabalhadores domésticos que são mantidos em situação
trabalhista irregular.
3. Qual a função do governo prevista nessa declaração?
Garantir os direitos inalienáveis do homem: a vida, a liberdade e a busca da felicidade.
4. Em que circunstâncias o governo poderia ser mudado?
Toda vez que o governo não for capaz de garantir a
manutenção dos direitos inalienáveis do homem.
4. Com base na leitura dos dois textos, a classe deverá
debater sobre a exploração do trabalho infantil da
Revolução Industrial até os dias atuais: avanços e permanências. Registre as conclusões no espaço abaixo.
Gabarito – Exercícios Complementares
Capítulo 5
Resposta pessoal.
1.
As Treze Colônias inglesas querem ser livres
(…). Essas colônias conquistaram sua independência em meio às inovações técnicas e às mudanças
pelas quais passava a economia inglesa em plena
Revolução Industrial e à crise do Antigo Regime,
que atingiria seu ponto mais agudo com a Revolução
Francesa.
Alguns exemplos:
– SPINNING JENNY – 1767. Inventor: James Hargraves.
Furadeira mecânica de pedal, com capacidade para
produzir vários furos simultâneos.
– WATER FRAM – 1769. Inventor: Richard Arkwright.
Máquina movida a água, que produzia fios grossos.
– TEAR MECÂNICO – 1789. Inventor: Edmund
Cartwright. Processo automático para a fabricação de
tecidos, movido a vapor.
No início do século XIX podemos observar invenções no setor
de transportes, ligadas também à Revolução Industrial:
– NAVIO A VAPOR – 1869. Inventor: Robert Fellon.
– LOCOMOTIVA A VAPOR – 1814. Inventor: George
Stenphenson.
Observe o mapa abaixo e descreva o que vê.
A partir da análise do mapa, o aluno deverá observar que a
colonização da América do Norte fez-se, inicialmente, na
faixa atlântica, porção leste do atual Estados Unidos. Deverá
observar, também, a existência de dois tipos de colonização:
o de povoamento ao norte e o de exploração nas colônias do
sul.
2.
III
A partir dos dados coletados nessa pequena pesquisa de
opinião, o aluno terá elementos para discutir a posição dos
profissionais frente a seus sindicatos.
GAB_C2_8oAno_Hist_SOME_Tony_2013 03/01/13 08:03 Página IV
3.
O aluno deverá elaborar um pequeno texto opinativo sobre a
questão do trabalho infantil.
4.
BRASIL – Inscreve-se no modelo de colonização dos países
ibéricos, Portugal e Espanha, momento de expansão do
capitalismo comercial via ampliação de mercados e
acumulação de metais preciosos.
Colônia do tipo exploração, o Brasil caracterizou-se pela
monocultura em grandes extensões de terra, produção
voltada ao mercado externo e exploração de mão de obra
escrava africana.
3. De que forma pode-se relacionar o lema da
Revolução Francesa com a Declaração dos Direitos
do Homem e do Cidadão?
Liberdade, Igualdade e Fraternidade foram os princípios que
nortearam o início da Revolução Francesa, o qual, em razão
disso, foi chamado, por alguns historiadores, de fase
romântica ou idealista.
Esse lema também está presente na Declaração dos Direitos
do Homem e do Cidadão, que estabelecia o princípio de
igualdade entre todos os cidadãos.
ESTADOS UNIDOS
Norte:
Presença das colônias de povoamento, sustentadas pela
pequena propriedade familiar e mão de obra livre.
A liberdade econômica trouxe consigo a diversificação de
atividades: policultura, manufaturas, atividades pesqueiras,
construção naval e desenvolvimento de um comércio interno.
Sul:
Tal como o Brasil e demais colônias espanholas na América,
apresentavam-se como colônias de exploração.
Presença de latifúndios onde desenvolvia-se uma monocultura destinada ao mercado externo, garantido pelo Pacto
Colonial, exclusividade de comércio entre metrópole
europeia e colônia americana.
O trabalho era compulsório, feito por mão de obra escrava
africana.
4. Escolha um dos itens da Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão. Analise-o e diga se, na sua
opinião, ele é praticado pela maioria das pessoas.
Ao refletir sobre essa questão o aluno, certamente, estará
pensando criticamente as práticas sociais no tempo presente.
•
Revolução = rebelião, revolta ou insurreição. Em sentido
mais amplo pode ser entendida como uma mudança ou
transformação de uma determinada estrutura da sociedade.
•
•
CAPÍTULO 6
REVOLUÇÃO FRANCESA
•
Antigo Regime = regime político que caracterizou a
maioria dos países europeus ao longo da Idade Moderna.
Suas principais características foram:
• Absolutismo monárquico, fundado no “direito divino”
dos reis.
• Mercantilismo, baseado na intervenção do Estado nas
atividades privadas.
• A divisão da sociedade em ordens ou estados.
•
Burguesia = grupo social em ascensão, colocava-se como
representante do interesse geral da população. Projetos progressistas da burguesia encontram apoio nas camadas populares. Buscava a extinção dos privilégios concedidos ao Primeiro e Segundo Estado.
Camponeses = constituíam-se na maioria da população
francesa, almejavam a extinção dos privilégios e das relações
econômicas feudais que ainda vigoravam na França.
Sans-culottes = trabalhadores urbanos, operários,
artesãos, donos de pequenas oficinas. Defendiam a igualdade
de direitos, o fim dos privilégios e a extinção das relações econômicas feudais.
Inconfidência = significa falta de fé ou fidelidade para
com o Estado ou governante. A palavra pode ser utilizada no
sentido de abuso de confiança, revelação de um segredo ou
traição.
Leia a sentença de Tiradentes e depois responda às
questões.
Sociedade no Antigo Regime
– Primeiro Estado: clero
– Segundo Estado: rei e nobreza
– Terceiro Estado: burguesia e povo, grupo sans-culotte,
Que razões teriam levado Portugal a condenar apenas
Tiradentes?
Em um primeiro momento todos os inconfidentes foram
condenados à morte, porém um decreto da rainha D. Maria
I comutou a sentença. Apenas o alferes Joaquim José seria
executado, aos outros membros caberia o degredo da África.
Tiradentes foi condenado em função de sua origem social, era
pobre e não tinha cursado as universidades europeias.
isto é, a massa pauperizada do Terceiro Estado.
(…) Leia o texto abaixo em que figuram, resumidamente, os artigos que defendem os Direitos do
Homem e do Cidadão.
Em sua opinião, por que a execução da pena foi tão
violenta?
1. Segundo o texto, quais são os direitos naturais e
inalienáveis do Homem?
Enforcaram Tiradentes para dar um exemplo à população da
colônia, que ninguém ousasse outras rebeliões. A violência do
esquartejamento e a difamação de seus descendentes
constituem-se em demonstrações da força do poder real.
Porém, uma crônica salienta que a cabeça dos alferes,
pendurada em um poste de Vila Rica, desapareceu, apesar da
vigilância dos soldados. Era um recado do povo, ainda
insubmisso às autoridades coloniais.
A liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à
opressão.
2. Como o texto define a liberdade civil e política?
O poder de fazer o que se quer desde que não prejudique
outrem.
IV
GAB_C2_8oAno_Hist_SOME_Tony_2013 03/01/13 08:03 Página V
Gabarito – Exercícios Complementares
Capítulo 6
1.
Propostas do movimento: Proclamação da República,
abolição da escravidão, liberdade de comércio, fim de todos
os privilégios políticos e sociais, aumento da remuneração dos
militares, punição aos religiosos contrários à liberdade.
A)
• Economia = Base agrária, 80% da população era camponesa, poucas manufaturas. As dificuldades na agricultura
levaram ao aumento de preços dos alimentos, aumentando
a miséria da população.
• Política = Governo absolutista; e a nobreza detinha enormes privilégios sociais.
• Sociedade = Dividida em três estados:
1) Clero
2) Rei e Nobreza
3) Burguesia e povo, sans-culottes
CAPÍTULO 7 – A EUROPA PÓSREVOLUCIONÁRIA
1. Que pretendia Napoleão com sua atitude de efetuar
ele próprio a sua coroação?
Napoleão deixava claro ao Papa que não iria submeter-se à
autoridade da Igreja, colocando seu poder acima do poder
religioso.
B)
• Burguesia = Esteve à frente do processo revolucionário,
sendo o grupo vitorioso.
• Sans-culottes = visavam à melhoria de sua condição social,
tendo participado ativamente do processo revolucionário.
2. Comente as relações descritas no texto entre o Estado
francês e a Igreja.
Em 1805, Napoleão atacou os Estados Pontifícios,
posteriormente o imperador Bonaparte ordenou a anexação
dessas grandes áreas de domínio religioso à França. O papa
Pio VII ficou dois anos confinado no castelo francês de
Fontainebleau por não permitir que Bonaparte nomeasse os
bispos franceses.
C) Sim, pois defendiam a liberdade e criticavam o poder
absoluto do rei.
2.
3.
D) Por significar um momento no qual o povo procurou
interferir na história no sentido de conquistar sua
liberdade e o fim de privilégios sociais.
VOCÊ É O HISTORIADOR:
O aluno deverá analisar o processo revolucionário francês do
século XVIII, considerando as condições histórico-sociais que
possibilitaram o desenvolvimento das relações capitalistas na
França.
Você deve ter percebido que, para entender (…)
Para discutir esse assunto, leia os dois textos a seguir
e responda às questões.
1. Grife as ideias principais dos dois textos.
As razões da independência
VAMOS COMPLETAR!
INCONFIDÊNCIA MINEIRA
Ano: 1789
Composição social: Elites coloniais, como jovens que iam
estudar na Europa, poetas, padres, militares de alta patente e
um alferes, Joaquim José da Silva Xavier.
Influência ideológica: Iluminismo.
Fator externo de influência: Independência dos Estados
Unidos.
Antecedente imediato: Crise na mineração – cobrança de
impostos – dia da derrama.
Propostas do movimento: Emancipação política do Brasil,
criação de uma república com sede na cidade mineira de São
João del-Rei, criação de uma Universidade em Vila Rica e
uma nova bandeira ao País. Salienta-se que os inconfidentes
não chegaram a um acordo em relação ao problema da
abolição da escravatura.
“Por que se insurgem as colônias da Espanha? Será porque os
grandes latifundiários (habitualmente produtores para a
exportação), os proprietários de minas, os donos de milhões de
índios e os poderosos mercadores de além-mar foram seduzidos
pelos filósofos franceses e alguns pensadores liberais espanhóis? É claro que houve exceções (e Bolívar foi uma delas),
mas a imensa maioria moveu-se por motivos mais prosaicos.
Havia chegado o momento de afastar um sócio incômodo: o
poder da Coroa Espanhola. Incômodo ou muito mais que isso,
porque dificultava as transações mercantis, opunha restrições ao
desenvolvimento de determinados setores produtivos, entregava o
comércio com o além-mar a um grupo de monopolistas
privilegiados, confiscava para si uma parte considerável do
excedente econômico produzido pelo trabalho dos índios,
limitava o acesso de criollos aos postos fundamentais da
administração pública, e no cume da hierarquia social nem
sempre conseguiam instalar-se os que aspiravam a isso em
virtude de seu grande poder econômico.”
CONJURAÇÃO BAIANA
Ano: 1798
Composição social: Uma liderança intelectualizada, como o
médico e jornalista Cipriano Barata, padres e militares,
contando também com a participação efetiva de grandes
segmentos das camadas populares: alfaiates, mulatos e
negros.
Influência ideológica: Iluminismo.
Fator externo de influência: Revolução Francesa,
notadamente as ideias e práticas políticas do grupo jacobino
(que representava os interesses do povo no período da
Revolução Francesa).
Antecedente imediato: Crise no abastecimento, elevação do
preço dos gêneros alimentícios.
POMER, Leon. As independências da América Latina. 2.ª ed. São Paulo,
Brasiliense, 1981. p.10
Independência: liberdade para quê?
“Os homens que lideraram o processo de independência
política, descontentes com o sistema colonial, estavam
imbuídos das ideias liberais burguesas ‘descobertas’ nos
estudos realizados na Europa ou através de livros dos
V
GAB_C2_8oAno_Hist_SOME_Tony_2013 03/01/13 08:03 Página VI
‘franceses’ entrados clandestinamente no continente. Julgavam-se absolutamente bem preparados para alcançar seus
objetivos e acreditavam esperançadamente no futuro. As ideias
de liberdade, de igualdade jurídica, da legitimidade da
propriedade privada, da educação como remédio para os
grandes males, da necessidade do império da lei, do progresso
e da felicidade geral do povo estavam todas presentes nos
projetos desses líderes liberais.
Na América Espanhola, homens como Bolívar, San
Martín, Mariano Moreno, Bernardo de Monteagudo, José
Cecílio del Valle, Frei Tereza Servando de Mier apontavam
oposições bastante claras; o Mundo Novo que surgia era o
lugar da liberdade que se opunha à Espanha, reino do
despotismo, da opressão e do arbítrio. A América era o espaço do novo, da esperança, do futuro.
Entre os anos de 1810 e 1820 os objetivos fundamentais da
luta desses grupos eram os mesmos e o inimigo comum era a
Espanha. Todos os esforços concentravam-se para acabar com o
domínio da Espanha. A tônica dos discursos era a liberdade.
Liberdade, entretanto, não é um conceito entendido de
forma única; tem significados diversos, apropriados também
de formas particulares pelos diversos segmentos da sociedade.
Para um representante da classe dominante venezuelana,
Simón Bolívar, liberdade era sinônimo de rompimento com a
Espanha, para a criação de fulgurantes nações livres que
seriam exemplos para o resto do universo. Mas,
principalmente, nações livres para comerciar com todos os
países, livres para produzir, única possibilidade, segundo essa
visão, do desabrochar do Novo Mundo.
Já para Dessalines, o líder da revolução escrava do Haiti,
que alcançou a independência da França em 1804, a
liberdade, antes que tudo, queria dizer o fim da escravidão,
mas também carregava um conteúdo radical de ódio aos
opressores franceses (…).
Para outros dominados e oprimidos como os índios
mexicanos, a liberdade passava distante da Espanha e muito
próxima da questão da terra.”
1. Na América Portuguesa não houve um processo de luta
pela emancipação, com participação popular.
2. Na América Portuguesa houve um centro de poder que
promoveu a emancipação sem a ruptura da unidade
territorial e com a manutenção da monarquia.
3. Na América Espanhola, o processo de emancipação foi
caracterizado por prolongadas lutas contra as forças da
metrópole.
4. Na América Espanhola, a ausência de um centro
hegemônico de poder favoreceu o desmembramento do
território em várias repúblicas.
Gabarito – Exercícios Complementares
Capítulo 7
1.
Congresso de Viena
Formação: 1814-1815, após a derrota de Napoleão Bonaparte.
Objetivos: tentativa de restabelecer o absolutismo
monárquico, desconsiderar as invasões territoriais do
período napoleônico e estabelecer o equilíbrio entre as
nações europeias.
Santa Aliança
Formação: no quadro de reação conservadora do Congresso
de Viena.
Objetivos: combater, por ação armada, movimentos revolucionários que pusessem em risco as monarquias europeias.
PRADO, Maria Lígia. A formação das nações
latino-americanas. São Paulo: Atual/Campinas Edunicamp, 1986.
pp. 12-14
2. A partir da exposição dos dois autores, aponte razões
que teriam dado origem aos movimentos de
libertação colonial na América Espanhola.
2.
Lembrar os alunos de que com esse bloqueio a família real
portuguesa mudou-se para o Brasil dando início ao processo
de independência brasileira.
3.
Alguns dados sobre o assunto:
Correspondendo à metade da ilha de São Domingos, posto
que a outra parte era possessão espanhola, o Haiti fora
colonizado pela França, com base na produção de açúcar. Foi
a primeira colônia a se tornar independente na América,
depois das Treze Colônias inglesas, e caracteriza-se pelo fato
de o movimento emancipacionista ter sido conduzido por
negros escravos, que compunham 90% da população da ilha.
As lutas contra os colonizadores começaram em 1791 sob a
liderança do ex-escravo Toussaint L’Ouverture, que foi preso
e enviado à França, onde morreu em 1803. No ano seguinte,
a luta recomeçou e outro ex-escravo, Jean-Jacques Dessalines, conseguiu proclamar a independência do Haiti.
CAPÍTULO 8 – BRASIL, SEDE DO
IMPÉRIO PORTUGUÊS
O fim do monopólio comercial de grupos ultramarinos na
colônia, a possibilidade de ascensão política dos criollos. O
livre comércio das Américas com outros países.
A vinda da família real para o Brasil, (…)
Registre suas observações no espaço reservado.
3. Você já observou que o Brasil, depois de sua
independência, tornou-se um único país, enquanto a
América Espanhola foi fracionada em diversos
países. Que razões poderiam explicar isso? Discuta
com seus colegas e com seu professor e use o espaço
abaixo para registrar suas conclusões.
O aluno deverá relacionar a leitura do texto complementar
com as imagens produzidas por pintores da missão artística
francesa, que chegou ao Brasil em 1816. Jean-Baptiste
Debret, um dos integrantes dessa missão de artistas,
registrou inúmeras cenas do cotidiano durante o tempo em
que permaneceu no Brasil, entre 1816 e 1831.
VI
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Gabarito – Exercícios Complementares
Capítulo 8
Você considera que, com a Independência, a
estrutura da sociedade brasileira foi alterada?
Registre suas conclusões no espaço abaixo:
A emancipação política do Brasil, em 1822, conduzida sem a
efetiva participação popular, não produziu alterações
significativas em grande parte da população do País. A
independência contemplou os interesses dos grandes
proprietários de terra. Para essa elite agrária era preciso
manter a grande propriedade e o regime escravocrata,
excluindo a participação social de escravos e trabalhadores
livres.
1.
A chegada da família real para o Brasil, em 1808, provocou
mudanças no cotidiano da cidade do Rio de Janeiro. Para
escrever sua redação, o aluno deverá considerar as medidas
tomadas pelo príncipe regente, Dom João, no âmbito da
cultura, urbanização, organização econômica e
administração pública.
2.
Coloque V ou F
1–V
2–F
3–F
4–F
3.
Testes
A–D
B–B
C–E
D–D
E–A
Uma crônica do século XVIII conta-nos (…)
Use o espaço abaixo para registrar suas ideias.
As discussões em sala de aula e as explicações do professor
sobre o movimento revolucionário francês de 1789 são
subsídios para que os grupos de alunos criem uma
dramatização.
Ao longo desse bimestre você (…)
Use o espaço abaixo para registrar suas ideias.
Trabalho em grupo onde os alunos irão refletir sobre o
processo de profundas transformações estudadas ao longo
desse bimestre.
Sugestões Bibliográficas
Para uso do aluno:
Para o professor:
DECCA, Edgar; MENEGUELLO, Cristina. Fábricas e
Homens: a Revolução Industrial e o cotidiano dos
trabalhadores. São Paulo: Atual, 1999.
ARRUDA, José Jobson de Andrade. A Revolução
Industrial. São Paulo: Ática, 1994, 3. ed.
IANNONE, Roberto Antonio. A Revolução Industrial.
São Paulo: Moderna, 1992. (col. Polêmica)
CARMO, Paulo Sérgio do. A ideologia do trabalho. São
Paulo: Moderna, 1992.
LEMINSKI, Cristina. Tiradentes e a conspiração de
Minas Gerais. São Paulo: Scipione, 1997.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo, EDUS/
FDE, 1997.
MOTA, Carlos Guilherme. Revolução Francesa. São
Paulo: Ática, 1993.
OLIVIERI, Antonio Carlos. A independência dos
Estados Unidos. São Paulo: Ática, 1997.
FLORENZANO, Modesto. As revoluções burguesas.
São Paulo: Brasiliense, 1981, 2. ed.
OSTERMANN, Nilse W.; KUNZE, Iole C. Às armas
cidadãos: a França revolucionária (1789-1799).
São Paulo: Atual, 1995.
MICELI, Paulo. As revolução burguesas. São Paulo:
Atual, 1994.
TEIXEIRA, Francisco M. P. Revolução Industrial. São
Paulo: Ática, 1998.
POMER, Leon. As independências na América Latina.
São Paulo: Brasiliense, 1981.
VOVELLE, Michel. A Revolução Francesa explicada a
minha neta. São Paulo: Unesp, 2007.
SINGER, Paul. A formação da classe operária. São
Paulo: Atual. 1994.
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VIII
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CAPÍTULO
5
Um Mundo em Mudança
1. Revolução Industrial
Por que a Revolução Industrial
começou na Inglaterra?
Os historiadores costumam apontar diversas razões
para explicar por que essas transformações começaram
na Inglaterra. Alguns consideram que o início desse
processo começou bem antes do século XVIII, momento
em que teria se intensificado. As principais razões apontadas são:
Revolução Inglesa – Durante o século XVII, a
Inglaterra sofreu um longo movimento revolucionário que
levou ao fim do absolutismo e à afirmação da Monarquia
parlamentar. Isto significou um aumento do poder
político da burguesia e a possibilidade de se estabelecerem novas orientações econômicas no sentido de se
eliminarem entraves impostos para a expansão da economia, como, por exemplo, a eliminação do protecionismo
monopolista e o estabelecimento do livre-comércio. Com
isso, as atividades produtivas viram-se estimuladas e
abriu-se caminho para a chamada Revolução Industrial.
Cercamento – Desde o século XVII, estava ocorrendo na Inglaterra um processo que se intensificou no
século XVIII. Os camponeses eram expulsos do campo
pela nobreza, que buscava expandir as pastagens para
suas ovelhas, cuja lã era enviada para as manufaturas.
Com isso, muitas pessoas foram para as cidades, o que
deu origem a um grande contingente de mão de obra
disponível para as atividades industriais.
Invenções e inovações técnicas – Costuma-se
apontar o surgimento, no século XVIII, de várias
invenções que contribuíram para aumentar a produtividade e promover a transferência das atividades manufatureiras para as industriais. Grande realce é dado à
invenção de James Watt (1736-1819) – a máquina a vapor. A utilização dessa fonte de energia para mover motores das máquinas, trens e navios incrementou a produção
e os transportes. Na obtenção da energia a vapor, e
também nas fundições, foi importante a difusão de novas
técnicas de exploração do carvão mineral, abundante na
Inglaterra. Com isso, tornou-se possível a construção e o
uso contínuo das máquinas.
Contexto histórico
De uma maneira geral, considera-se que o conjunto
de alterações produzidas na organização e no
funcionamento da economia conhecido como Revolução
Industrial ocorreu na Inglaterra na segunda metade do
século XVIII. As transformações originadas irradiaramse a partir daí para outros países e continentes num longo
processo que adentrou o século XIX e, em algumas
regiões, alcançou o século XX.
Trata-se não só de uma evolução técnica e
econômica, mas de uma mudança profunda na vida da
humanidade que se estende até os nossos dias. Além das
inovações técnicas, da máquina a vapor, do aumento da
produtividade, das fábricas e dos trens, vieram outras
mudanças. As fábricas, ao promoverem uma grande
concentração de pessoas para a realização dos trabalhos,
conduziram ao aumento, muitas vezes vertiginoso, das
aglomerações urbanas. Criou-se um movimento de saída
das pessoas do campo para as cidades que, por sua vez,
se multiplicaram. O próprio papel das cidades se alterou.
Estas, além de concentrarem as atividades políticas e
funcionarem como centros de comércio, passaram a
abrigar a principal atividade econômica: a indústria.
As mudanças sociais alcançaram grande vulto,
incluindo o surgimento de uma nova classe social que, a
partir daí, passou a compor o quadro de forças na disputa
política: o proletariado. Com tudo isso, as formas de
viver também se alteraram e ainda hoje sentimos o
impacto dessas transformações.
Você sabia?
A Revolução Industrial é dividida, conforme as fontes
de energia usadas, em: "Primeira Revolução entre o
final do século XVIII e o início do século XIX, definida
pela utilização da máquina a vapor e do carvão como
combustível básico; Segunda Revolução, no final do
século XIX, caracterizada pelo motor de explosão e a
utilização da energia elétrica; Terceira Revolução, em
curso no século XX, marcada pela difusão da energia
atômica. Chega-se mesmo a falar numa Revolução
Cibernética, resultante da difusão dos computadores e
da ciência da informática."
(ARRUDA, José Jobson. A Revolução Industrial.
São Paulo: Ática, 1994. p. 20.)
Máquina a vapor de Watt.
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Acumulação de capitais – Durante os séculos XVII
e XVIII, a Inglaterra conseguiu romper os monopólios
coloniais participando ativamente do comércio internacional. Atuou nos mercados da América e das Índias e
obteve altos lucros que puderam ser investidos nas
atividades industriais.
Trabalho fabril
Mudanças na produção
Você sabia?
Em cálculos feitos no início da produção industrial
temos: no espaço de tempo de uma semana um artesão
manual seria capaz de produzir duas peças de tecido.
Com um tear a vapor seria capaz de produzir sete peças
do mesmo tipo. Numa fábrica com 20 teares a vapor,
100 pessoas seriam capazes de produzir 700 peças de
tecido do mesmo tipo, número que só seria alcançado
com o uso de 875 teares manuais! Considerando-se esses
dados, concluía-se que uma fábrica que dispusesse de 200
teares a vapor seria capaz de fornecer trabalho e sustento
para cerca de 2.000 pessoas. (ARRUDA, op. cit., p. 72.)
Instalações
fabris,
apresentando
trabalho em
cadeia.
A Revolução Industrial concluiu a transição do
trabalho artesanal para a mecanização característica das
indústrias. Isso representou mais do que aumento da
produtividade. A Revolução Industrial, para muitos
autores, significou a consolidação do modo de produção
capitalista. Trouxe modificações importantes nas
relações sociais de produção. O trabalho passou a ser
realizado coletivamente, de acordo com especializações
de funções e em troca de salários. O trabalhador não
possuía mais os instrumentos de trabalho, não usufruía de
seus resultados, não dominava todas as fases da produção
e realizava tarefas, por vezes, somente mecânicas, como
se fossem meros apêndices das máquinas. Inauguravamse a partir daí novas formas de viver que vieram a compor
a chamada sociedade industrial.
O advento das máquinas trouxe mudanças importantes na produção de manufaturas. Na atividade manufatureira, o artesão, em muitos casos, ainda era dono das
ferramentas, do maquinário e também da produção. Com
a indústria e a mecanização do trabalho completou-se a
transformação do trabalho artesanal que vinha se
operando desde o final da Idade Média. O trabalho passou
a ser mecanizado e desenvolvido no interior das fábricas,
onde a atividade produtiva passava a ser desenvolvida
com a concentração de trabalhadores sob um mesmo
comando e também sob rígido controle. Isso repercutiu
na organização do trabalho e nas próprias relações
sociais. De que forma? Para entender esse processo, com
o auxílio de seu professor, complete a comparação:
DOCUMENTO
–––––––––––
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––-–––––––––
A Divisão do Trabalho
“Compreenderemos mais facilmente os efeitos
produzidos pela divisão do trabalho na economia geral da
sociedade se considerarmos de que maneira essa divisão
do trabalho opera em algumas manufaturas específicas.
Tomemos, pois, um exemplo, tirado de uma manufatura
muito pequena, mas na qual a divisão do trabalho muitas
vezes tem sido notada: a fabricação de alfinetes. Um operário não treinado para essa atividade (que a divisão do
trabalho transformou em uma indústria específica), nem
familiarizado com a utilização das máquinas ali empregadas (cuja invenção provavelmente também se deveu à
mesma divisão do trabalho), dificilmente poderia talvez
fabricar um único alfinete em um dia, empenhando o
máximo de trabalho; de qualquer forma, certamente não
conseguirá fabricar vinte. Entretanto, da forma como essa
atividade é hoje executada, não somente o trabalho todo
constitui uma indústria específica, mas ele está dividido
em uma série de setores dos quais, por sua vez, a maior
parte também constitui provavelmente um ofício especial.
Um operário desenrola o arame, um outro o endireita, um
terceiro o corta, um quarto faz as pontas, um quinto o afia
nas pontas para a colocação da cabeça do alfinete; para
fazer uma cabeça de alfinete requerem-se 3 ou 4 operações diferentes; montar a cabeça já é uma atividade
diferente, e alvejar os alfinetes é outra; a própria embalagem dos alfinetes também constitui uma atividade independente. Assim, a importante atividade de fabricar um
alfinete está dividida em aproximadamente 18 operações
distintas, as quais, em algumas manufaturas, são executa-
Trabalho artesanal
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das por pessoas diferentes, ao passo que, em outras, o mesmo operário às vezes executa 2 ou 3 delas. Vi uma pequena
manufatura desse tipo, com apenas 10 empregados e na
qual alguns desses executavam 2 ou 3 operações diferentes.
Mas, embora não fossem muito hábeis, e portanto, não
estivessem particularmente treinados para o uso das
máquinas, conseguiam, quando se esforçavam, fabricar em
torno de 12 libras de alfinetes por dia. Ora, 1 libra contém
mais do que 4 mil alfinetes de tamanho médio. Por
conseguinte, essas 10 pessoas conseguiam produzir entre
elas mais do que 48 mil alfinetes por dia. Assim, já que
cada pessoa conseguia fazer 1/10 de 48 mil alfinetes por
dia, pode-se considerar que cada uma produzia 4800
alfinetes diariamente. Se, porém, tivessem trabalhado
independentemente um do outro e sem que nenhum deles
tivesse sido treinado para esse ramo de atividade,
certamente cada um deles não teria conseguido fabricar
20 alfinetes por dia, e talvez nem mesmo 1, ou seja: com
certeza não conseguiria produzir a 240.ª parte e talvez nem
mesmo a 4 800.ª parte daquilo que hoje são capazes de
produzir, em virtude de uma adequada divisão do trabalho
e combinação de suas diferentes operações.”
VO C A B U L Á R I O
Fundição = processo de fusão, purificação e vazamento de
metais e ligas. Instalação metalúrgica onde é realizada a
fusão de metais e ligas, posteriormente à conformação
através de vazamentos em moldes.
Modo de produção = entende-se como a maneira pela qual
o homem se organiza para garantir as suas condições de
sobrevivência e o seu próprio modo de vida. Envolve as
forças produtivas e as relações sociais de produção, pois o
que importa não é o que se produz em uma dada sociedade,
mas sim o modo como isso se faz.
Modo de produção capitalista = apresenta-se em etapas
progressivas de desenvolvimento. Foi caracterizado ao
longo dos tempos pela concentração do lucro e acumulação
de capitais, exploração de mão de obra assalariada,
formação e expansão de grandes empresas.
Monarquia parlamentar = caracterizada historicamente a
partir de 1689, quando da submissão da realeza inglesa ao
Parlamento, que tinha então o direito de aprovar ou rejeitar
impostos, garantir a liberdade individual e a propriedade
privada. Nesse momento, surge a célebre frase: “O rei reina,
mas não governa”.
SMITH, Adam. A riqueza das nações. Col. Os Economistas.
São Paulo: Nova Cultural, 1996. pp.65-66
Trabalhando com o texto
2. Vivendo num mundo com
máquinas
A introdução da divisão do trabalho na atividade
manufatureira foi analisada por Adam Smith a partir do
funcionamento de uma fábrica de alfinetes do século
XVIII. Para entender como isso acontecia, leia o documento deste item e faça os exercícios a seguir.
Os primeiros tempos da indústria
As transformações acontecem, às vezes, de forma
muito rápida na vida das pessoas, por vezes, assustandoas. Isso aconteceu na Revolução Industrial. As máquinas
e as indústrias chegaram repentinamente e levaram a
reações inesperadas. Provocaram abalos numa sociedade
em que o ritmo de vida transcorria de maneira mais lenta
que a anunciada por aquelas novidades. Na Inglaterra e
na França, quando esta também passou a ter indústrias,
houve agressivas destruições de máquinas. Uma reação
relativamente organizada foi o movimento luddista, na
Inglaterra (1811–1812), responsável por danos feitos a
várias indústrias.
1. Como acontecia a divisão do trabalho na fábrica
de alfinetes, tal como Adam Smith a descreveu?
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________________________________________
2. Que outros exemplos de divisão ou especialização
de trabalho você conhece?
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Você sabia?
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3. Você concorda com a ideia de que o aumento da
divisão ou especialização do trabalho leva ao
aumento da produtividade nas indústrias? Justifique sua resposta.
Luddismo foi um movimento de protesto dos
trabalhadores das fábricas inglesas entre 1811 e 1813,
caracterizado pela destruição e queima das instalações
industriais em várias regiões do país. O líder dessas
manifestações chamava-se King Ludd.
Os proprietários das fábricas reagiram rapidamente e
conseguiram do Parlamento a aprovação de uma lei
que condenava à morte, na forca, os acusados de
destruição das máquinas.
________________________________________
________________________________________
4. Como você analisa a atuação do operário na
divisão do trabalho?
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V Í D E O
________________________________________
Tempos Modernos, Charlie Chaplin
207
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No início da industrialização, as
fábricas localizavam-se em regiões centrais das cidades, que foram envolvidas
na fuligem e na fumaça das máquinas.
Pouco a pouco as instalações fabris se
distanciaram para os arredores dos
centros urbanos e deram origem a
bairros com predominância de trabalhadores. Ali os primeiros operários
viviam em condições precárias em meio
à sujeira e ao abandono, concentrados
em cortiços ou pequenas habitações
sem higiene. Sobre a adaptação à vida
nas cidades, leia o trecho abaixo.
Mina de carvão na Inglaterra no começo do século XIX.
TEXTO COMPLEMENTAR
–––––––––––
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Novas formas de viver
“(…) a nova divisão do trabalho, que urbaniza a sociedade operária, esquarteja a sociedade dos pobres, todos à procura de
uma ocupação que lhes escapa por entre os dedos; leva-os a lugares inesperados, longe dos campos que lhes são familiares, e
acaba deteriorando sua vida. Morar na cidade, ficar privado da presença tradicional do quintal, do leite, dos ovos, do
galinheiro, trabalhar em locais enormes, sofrer a vigilância raramente amável dos contramestres, obedecer, deixar de ter
liberdade de movimentos, aceitar horários fixos de trabalho, tudo de repente, são duras provações. É mudar de vida e de
horizonte, a ponto de se tornar estranho à sua própria existência. É também mudar de alimentação: comer pouco, comer mal.
Neil J. Smelser, sociólogo e historiador, seguiu, no universo novo e proliferante do algodão, esse drama do desenraizamento. O
mundo operário levará anos para criar uma defesa de hábitos e proteções novas: sociedades filantrópicas, caixas econômicas.
Os trade unions surgem mais tarde. E convém não perguntar muito aos ricos o que pensam desses novos citadinos. Veem neles
“brutos, viciosos, briguentos e desordeiros”, e, defeito maior, “geralmente pobres”. O que os operários pensam do trabalho na
fábrica exprime-se de outro modo: se possível, fugir dele. Em 1838, apenas 23% dos operários do setor têxtil são homens feitos;
a grande massa é constituída por mulheres e crianças, mais resignadas.”
BRAUDEL, Fernand. Civilização material, economia e capitalismo. Séculos XV e XVIII. Vol. 3,
O tempo do Mundo. São Paulo: Martins Fontes, 1998, p. 553.
No Portal Objetivo
Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO (www.portal.objetivo.br) e, em “localizar”, digite HIST8F202
mulheres. Todos os trabalhadores, indiscriminadamente,
eram submetidos a um cotidiano desgastante, com uma
jornada de trabalho que variava entre 12 e 19 horas por
dia. Os salários eram mantidos muito baixos, pois os
empresários acreditavam que assim iriam garantir altos
lucros. Os acidentes eram numerosos, principalmente
com as crianças que tinham mais dificuldades em manejar as máquinas. Os erros eram punidos severamente.
Com frequência as crianças recebiam chicotadas. Não
havia quem defendesse os operários, que não tinham
ainda se organizado. Entretanto, pouco a pouco, os operários começaram a se reunir e, ao longo do século XIX,
deram início às suas reivindicações e greves que
possibilitaram algumas conquistas, como as leis trabalhistas.
O trabalho nas fábricas: um cotidiano difícil
Operários trabalhando nos primeiros tempos da indústria.
Durante a fase de implantação do capitalismo industrial, era comum o uso da mão de obra de crianças e
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Um novo tempo
O relógio de ponto é, hoje, um símbolo do trabalho e
da importância que o tempo tem em nossa sociedade. Nem
sempre foi assim. Antes da implantação do trabalho fabril,
não havia uma separação muito nítida entre tempo de
trabalho e tempo de lazer. Com as máquinas, o tempo
começou a ser medido e qualificado como um valor e a sua
passagem começou a ser percebida de forma diferente. A
contagem do tempo deixou de ser feita de acordo com a
natureza e seus ritmos, e difundiu-se o uso dos relógios.
Houve muita resistência dos trabalhadores a se
adaptar ao trabalho nas fábricas. Acostumados a um outro
tipo de vida, foram muitas vezes obrigados pela força e
com castigos a trabalhar em horários determinados, de
acordo com um ritmo estipulado, e garantir determinada
quantidade de produção. São vários os relatos de época
que dão conta da fuga de operários das fábricas durante a
jornada de trabalho. Aplicavam-se até castigos cruéis para
aqueles que se recusassem a trabalhar. Penas como corte
de orelhas e marcação com ferro em brasa eram previstas
em leis na Inglaterra e também em outros países no século
XVIII.
Veja o esforço de um empresário do alvorecer do
século XVIII para acostumar os seus trabalhadores ao
rígido controle do trabalho, lendo a seguir alguns trechos
do Livro de Leis (Law Book), da Siderúrgica Crowley:
Trabalho feminino em fiação no início do século XIX.
TEXTO COMPLEMENTAR
–––––––––––
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––-–––––––––
Os problemas imediatos da classe trabalhadora
“As dificuldades da classe trabalhadora eram enormes,
desde as mais simples, como por exemplo ser obrigada a
fazer suas compras na loja do patrão, recebendo seus
pagamentos em mercadorias miúdas, ou ser obrigada a
morar em casas fornecidas pela fábrica, contra o
pagamento de pesados aluguéis, até os problemas mais
graves, tais como: a jornada de trabalho, inexistência de
seguro para o trabalho, baixos salários e flutuação dos
empregos.
Referindo-se ao trabalho nas manufaturas metálicas em
Birmingham, Marx diz que, em serviços pesados, havia
mais de 30 000 crianças e 10 000 mulheres. Nas olarias o
trabalho entre maio e setembro começava às cinco da
manhã e terminava às oito da noite, ou quando a secagem
se fazia ao ar livre entre quatro e nove horas. Nestes
trabalhos empregavam-se crianças de 6 e, até mesmo, 4
anos de idade. Citando o relatório Saunders, de 1844, diz:
‘Entre as operárias, há mulheres que trabalham muitas
semanas seguidas, com exceção de alguns dias, de 6 da
manhã até meia-noite, com menos de 2 horas para as
refeições, de modo que, em 5 dias na semana, só dispõem
de 6 horas das 24, a fim de ir para casa, dormir e voltar’
(O capital, Livro I, p. 460).
Os acidentes de trabalho mais comuns ocorriam com os
menores que, durante as horas intermináveis que ficavam
sobre as máquinas, muitas vezes sustentados por uma perna-de-pau, pois que seu pequeno tamanho não lhes
permitia atingir o cimo dos altos teares, as crianças adormeciam e tinham seus dedos estraçalhados pelas engrenagens dos teares. O número de acidentes ocorridos não
tem paralelo na história da maquinaria. Num único
estabelecimento industrial, de estomentar o linho, entre
1852 e 1856, houve seis casos de morte e 60 mutilações
graves. Não havia qualquer indenização pelos membros
amputados, muito menos para os dias de paralisação das
atividades.”
DOCUMENTO
–––––––––––
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––-–––––––––
Livro de Leis (Law Book)
“Alguns têm alegado uma espécie de direito à ociosidade,
pensando que pela sua presteza e capacidade fazem o
suficiente em menos tempo do que os outros. Outros têm sido bastante tolos a ponto de pensar que a simples presença
no local de trabalho sem nada fazer já é suficiente [...].
Outros ainda são tão desavergonhados que se orgulham de
sua vileza e reprovam a diligência dos demais [...].
Com a finalidade de detectar a preguiça e a vilania, bem
como recompensar os justos e diligentes, achei conveniente
criar um registro de tempo feito por um supervisor; assim
determino e fica pelo presente determinado, que das cinco
às oito horas e das sete às dez horas são quinze horas, das
quais se tira 1,5 para o café da manhã, o almoço etc.
Haverá, portanto, treze horas e um serviço semirregular [...].
Toda manhã, às cinco horas, o diretor deve tocar o sino
para o início do trabalho, às oito horas para o café da manhã,
depois de meia hora para o retorno ao trabalho, ao meiodia para o almoço, à uma hora para o trabalho e às oito
para o fim do expediente, quando tudo deve ser trancado.”
Citado em THOMPSON, E. P. Os costumes em comum.
Estudos sobre a Cultura Popular Tradicional.
São Paulo: Cia. das Letras, 1998.
ARRUDA, José Jobson. A Revolução Industrial. 3ª ed.
São Paulo: Ática, 1994.
209
C2_8o_Ano_Historia_SOME_Tony_2013 07/03/13 15:12 Página 210
Trabalhando com o texto
VO C A B U L Á R I O
A partir da leitura dos textos e das discussões com
seu professor, reflita e responda:
Desenraizamento = fazer perder as características de
origem.
Diligência = zelo, presteza em fazer alguma coisa.
Esquartejar = dividir, espedaçar.
Estomentar = bater o linho, limpar, depurar, espancar.
Jornada de trabalho = duração do trabalho de um dia.
Leis trabalhistas = conjunto de leis que regulamentava o
trabalho e a atividade do trabalhador, garantindo-lhe
direitos como a redução da jornada de trabalho e o descanso
semanal remunerado.
Ociosidade = inatividade, preguiça, moleza.
Olaria = local em que se fabricam tijolos, telhas, manilhas
e vasilhames de barro.
Sociedade filantrópica = grupo ou sociedade humanitária,
sem fins lucrativos, que pratica a caridade e a solidariedade.
Trade Unions = sindicatos; diz-se das primeiras associações de trabalhadores na Inglaterra, no início do século
XIX, que reivindicavam melhores condições de trabalho,
fundamentando-se na organização dos trabalhadores.
1. Como eram as condições de vida dos novos
trabalhadores da indústria?
________________________________________
________________________________________
________________________________________
2. O primeiro texto fala sobre o surgimento das Trade
Unions inglesas, precursoras dos atuais sindicatos.
Você sabe qual é a função dessas associações de
trabalhadores? Justifique sua resposta.
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________________________________________
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3. Retire dos textos pelo menos dois exemplos de
violência que crianças e jovens sofriam na rotina
diária do trabalho explorado nos primeiros tempos
de indústria.
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________________________________________
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4. Imagine um dia da rotina do trabalhador inglês no
início da industrialização e descreva abaixo como
seria.
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3. Discutindo a história: trabalho
infantil
Siderúrgica no início de industrialização na França.
Como você viu, as transformações trazidas pelas novas
formas de trabalho surgidas com a Revolução Industrial
alcançaram também a vida das pessoas. A mecanização da
atividade e a divisão do trabalho, na medida em que
distanciavam o trabalhador do resultado final, faziam com
que muitas vezes ele perdesse o sentido de sua atividade.
O trabalho separou-se do lazer, da vida comunitária e
familiar. A própria percepção do tempo se alterou.
Começaram aí, certamente, novas formas de viver.
Utilização de trabalho infantil e feminino no início da industrialização.
210
C2_8o_Ano_Historia_SOME_Tony_2014 17/01/14 14:05 Page 211
da
A Marcha Mundial sobre o
trabalho infantil
A passagem do tempo traz muitas transformações,
mas, às vezes, é possível perceber algumas permanências.
A descrição das condições do trabalho nas fábricas feita
pelo historiador Paul Mantoux, autor de trabalho clássico
sobre a Revolução Industrial, lembra a utilização do
trabalho infantil ainda hoje em diferentes regiões do
planeta. Leia, no texto complementar 1, um trecho desse
trabalho.
Em 1998, houve uma grande Marcha Mundial contra
a exploração do trabalho infantil. Crianças e jovens de
vários países, até mesmo do Brasil, alertaram o mundo
para a violência a que são submetidos. Esse movimento
contra o trabalho infantil, organizado pela OIT continua
sua ação. Em 2013, foi realizada a III conferência, em
Brasília, presidida pelo seu criador, o indiano Kailash
Satyarthi. Essa conferência utilizou como um dos
documentos de referência o Mapa do IBGE com
indicadores sobre a situação de crianças e adolescentes de
10 a 17 anos de idade, no que concerne a trabalho e
educação, com base no Censo Demográfico de 2010. Esse
Mapa também subsidia as políticas públicas municipais
de combate ao trabalho de crianças e adolescentes, uma
vez que no Brasil ele só é permitido em condições
especiais, como na condição de aprendiz.
Trabalho infantil na
Revolução Industrial
época
TEXTO COMPLEMENTAR 1
–––––––––––
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––-–––––––––
Uma infância difícil…
“Entrar para uma fábrica era, diziam, como ir para um
quartel ou para uma prisão. (...) A maioria desses infelizes
seres eram crianças assistidas, fornecidas – poderíamos
dizer vendidas – pelas paróquias por elas responsáveis.
Cinquenta, oitenta, cem crianças eram cedidas em
bloco e enviadas, como gado, com destino à fábrica onde
deveriam ficar fechadas durante longos anos. (...) Os
operários se recusavam, e com razão, a mandar as suas.
Sua resistência, infelizmente, não durou muito tempo;
levados pela necessidade, resignaram-se àquilo que, a
princípio, tanto os havia horrorizado. (...) Longe de se
indignarem, os contemporâneos achavam isso admirável.
Yarranton recomendava a abertura de escolas de
indústria, como vira na Alemanha, onde duzentas meninas
fiavam sem descanso, sob a ameaça da palmatória de uma
mestra, submetidas a um silêncio absoluto, e chicoteadas
se não fiassem bem ou rápido o bastante. (...) De Föe, ao
visitar Halifax, ficou maravilhado ao ver crianças de
quatro anos ganharem a vida como pessoas adultas...
(...) Abandonados ao arbítrio dos patrões, que os
mantinha fechados em seus edifícios isolados, longe de
qualquer testemunha que pudesse comover-se com seu
sofrimento, padeciam uma escravidão desumana. O único
limite para seu dia de trabalho era o esgotamento completo
de suas forças: durava quatorze, dezesseis e até dezoito horas... Frequentemente, para não paralisar o funcionamento
das máquinas, o trabalho continuava sem interrupção, dia
e noite. Nesse caso, eram formadas equipes que se
revezavam: ‘as crianças não esfriavam nunca’. Os acidentes eram frequentes, sobretudo no final dos dias de trabalho
muito longos, quando as crianças, exaustas, ficavam trabalhando meio adormecidas; foram incontáveis os dedos
arrancados, os membros esmagados pelas engrenagens.
(...) As fábricas eram, geralmente, insalubres: seus
arquitetos pouco se preocupavam com a higiene e com a
estética. Os tetos eram baixos, de forma a se perder o
menos possível de espaço, as janelas eram estreitas e,
quase sempre, ficavam fechadas...”
TEXTO COMPLEMENTAR 2
–––––––––––
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––-–––––––––
A natureza e a dimensão mundial do problema do
trabalho infantil doméstico
Muitas crianças estão envolvidas em trabalho
doméstico. Pesquisas recentes têm ilustrado a dimensão
deste problema:
• 15,5 milhões de crianças em todo o mundo estão
envolvidas em trabalho doméstico, remunerado ou não, em
casa de terceiros;
• A grande maioria das crianças trabalhadoras
domésticas são meninas (72%).
• 47% das crianças trabalhadoras domésticas têm
menos de 14 anos e, dessas, 3,5 milhões têm entre 5 e 11
anos de idade e 3,8 milhões têm entre 12 e 14 anos.
• Muitas crianças realizam trabalho doméstico em
consequência de serem vítimas de trabalho forçado ou de
tráfico de pessoas. Embora se desconheça o número exato,
estima-se que 5,5 milhões de crianças se encaixem nessa
categoria.
• O trabalho infantil doméstico é um fenômeno presente
em todas as regiões do mundo, sem exceção.
• Devido à invisibilidade do trabalho doméstico e ao
fato de frequentemente as leis trabalhistas serem mais
frágeis nesse setor, esta categoria está submetida a
vulnerabilidades específicas. Casos de abuso de
trabalhadores (as) domésticos (as) não são raros e
crianças e adolescentes são particularmente vulneráveis.
As normas da OIT relativas ao trabalho infantil exigem
particular atenção para a situação das meninas, bem como
esforços para chegar às crianças que correm um risco
especial.
Paul Mantoux. A Revolução Industrial no século XVIII. São Paulo:
Unesp/Hucitec, s.d. CARMO, Paulo Sérgio do.
A ideologia do trabalho. São Paulo: Moderna, 1992. pp. 31-32
211
C2_8o_Ano_Historia_SOME_Tony_2014 15/01/14 10:33 Page 212
Com base na leitura do texto de Paul Mantoux
responda às seguintes questões:
Ratificação e implementação da Convenção 189 da OIT
sobre Trabalho Decente para os Trabalhadores (as)
Domésticos (as)
Em 2011, a OIT adotou a Convenção 189 e a
Recomendação 201 sobre o trabalho decente para os (as)
trabalhadores (as) domésticos (as). A Convenção 189
transmite uma mensagem clara: os trabalhadores
domésticos, como os outros trabalhadores, têm o direito a
condições de trabalho e de vida decentes.
No que diz respeito à eliminação do trabalho infantil, a
Convenção 189 pede aos Estados-Membros que estipulem
uma idade mínima para os trabalhadores domésticos que
deve ser consistente com as convenções da OIT relativas ao
trabalho infantil e não inferior ao estabelecido para os
trabalhadores em geral.
As Convenções da OIT relativas ao trabalho infantil
estão entre as mais amplamente ratificadas, ajudando a
assegurar às crianças e adolescentes a proteção adequada
a seu desenvolvimento integral. A Convenção 189 e a
Recomendação 201 fornecem um apoio adicional para
esses esforços devido a sua orientação clara sobre como
prevenir o trabalho infantil. A ratificação e a
implementação da Convenção 189 da OIT pelos EstadosMembros será um passo importante para a promoção do
trabalho decente para os trabalhadores domésticos, e é
essencial para eliminar o trabalho infantil no setor.
1. Retire do texto duas frases que exemplifiquem a
exploração do trabalho infantil no início da
Revolução Industrial.
2. Qual a diferença entre o trabalho infantil descrito
por Paul Mantoux e a situação apresentada pela
Organização Internacional do Trabalho (OIT)?
3. Vamos explorar mais o texto da OIT e levantar
hipóteses de porque o trabalho infantil, hoje se
localiza no setor doméstico. Procure pensar sobre as
condições que favorecem essa situação.
http://www.oit.org.br/content/nao-ao-trabalho-infantil-domestico,
acessado em 5 de agosto de 2013.
O Estatuto da Criança e do
Adolescente
4. Com base na leitura dos dois textos, a classe deverá
debater sobre a exploração do trabalho infantil da
Revolução Industrial até os dias atuais: avanços e permanências. Registre as conclusões no espaço abaixo.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) entrou
em vigor no Brasil, em 1990 tendo como objetivo geral
garantir os direitos e proteger as crianças e adolescentes
de nosso país. Considera criança a pessoa até onze anos
de idade incompletos e adolescente aquele entre doze e
dezoito anos de idade. Leia no texto complementar 3 o
que diz essa lei sobre o trabalho infantil.
TEXTO COMPLEMENTAR 3
VO C A B U L Á R I O
–––––––––––
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––-–––––––––
Arbítrio = resolução, determinação dependente apenas da
vontade.
Halifax = cidade do norte da Inglaterra, no condado de
York, vale do Hebbe, importante centro industrial têxtil e
metalúrgico.
Insalubres = pouco saudável, capaz de provocar doenças.
OIT = Organização Internacional do Trabalho pertencente
às Nações Unidas.
Padeciam = sofriam.
Palmatória = peça de madeira com que antigamente se castigavam as crianças, batendo com ela na palma de suas mãos.
Estatuto da Criança e do Adolescente
Capítulo V
Do direito à profissionalização e à proteção no trabalho
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz.
Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime
familiar de trabalho, aluno de escola técnica,
assistido em entidade governamental ou não
governamental, é vedado trabalho:
I – noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um
dia e as cinco horas do dia seguinte;
II – perigoso, insalubre ou penoso;
III – realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao
seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
IV – realizado em horários e locais que não permitam a
frequência à escola.
No Portal Objetivo
Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO
(www.portal.objetivo.br) e, em “localizar”, digite HIST8F202
212
C2_8o_Ano_Historia_SOME_Tony_2013 07/03/13 15:12 Página 213
4. As Treze Colônias inglesas querem ser livres
Contexto histórico
O poder econômico da Inglaterra no século XVIII era grande e crescia cada vez mais à medida que sua economia
se lançava rumo à industrialização. Seu comércio marítimo era intenso e, apesar de a princípio ter ficado de fora da
partilha do continente americano, esse país conseguira implantar focos de colonização em alguns pontos. No norte da
América, desde o século anterior, ingleses haviam se instalado e deram origem às chamadas Treze Colônias, a partir das
quais os Estados Unidos foram criados. Essas colônias conquistaram sua independência em meio às inovações técnicas
e às mudanças pelas quais passava a economia inglesa em plena Revolução Industrial e à crise do Antigo Regime, que
atingiria seu ponto mais agudo com a Revolução Francesa.
Descreva o processo da colonização das Treze Colônias a partir do mapa abaixo:
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O primeiro estabelecimento colonial na América do
Norte foi um posto avançado de comércio fundado em
Jamestown, em 1607, no Velho Domínio da Virgínia, uma
região que logo se desenvolveria numa florescente economia baseada nas plantações de fumo, que encontrava
sempre um bom mercado na Inglaterra. Por volta de 1620,
quando as mulheres eram aliciadas na Inglaterra para
virem para a Virgínia, com o intuito de casar e estabelecer
residência, as grandes plantações já se estendiam ao longo
do Rio James e a população já era de uns mil colonos.”
Você sabia?
Em 1584, a Inglaterra instalou um núcleo
de colonização na América do Norte, que
desapareceu possivelmente destruído pelos
nativos. O ano de 1607 marca a presença efetiva
dos ingleses no Novo Continente, quando um
grupo de colonos agenciados pela London
Company fundou Virgínia, a primeira das
Treze Colônias, assim chamada em homenagem
à rainha Elizabeth I que nunca se casara.
HOFSTADTER, Richard, GRAY, Wood e OLSON, Keith
(atualização). Panorama da História dos Estados Unidos.
Agência de Comunicação Internacional dos Estados Unidos da
América, s/d, pp. 1-2
Uma colonização diferente
Você deve ter percebido que houve dois tipos de
colonização inglesa na América do Norte:
• Colônia de exploração: caracterizava a região sul,
em áreas com predomínio da monocultura (notadamente o algodão) em grandes latifúndios, destinadas
ao mercado externo. Utilização, em grande escala, da
mão de obra escrava africana.
O processo de colonização feito pelos ingleses no
norte da América não foi financiado pelo seu governo.
Os colonos vieram por conta própria ou patrocinados por
companhias que visavam ter lucros com essa colonização
e para isso transportavam e equipavam aqueles que se
dispusessem a se aventurar naquelas terras. Mas o que
movia as pessoas a virem para a América? Alguns
vinham para fugir aos problemas na agricultura e ao uso
cada vez maior das terras para a criação de ovelhas
destinadas a fornecer lã para as indústrias. A falta de
oportunidades de trabalho também contava para despertar
o interesse de artesãos e outros trabalhadores da cidade
que vinham procurar novas oportunidades. A busca de
liberdade política e religiosa também foi decisiva. Tanto
é que foi grande o número de colonos de origem puritana (calvinistas) que fugiam de perseguições religiosas.
• Colônia de povoamento: caracterizava a porção
norte, apresentando uma diversificação econômica:
pequena indústria, construção naval, pesca de baleia,
agricultura e comércio. Utilização de mão de obra
livre, familiar ou assalariada.
TEXTO COMPLEMENTAR
–––––––––––
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––-–––––––––
O Início da Colonização
“Os primeiros imigrantes ingleses, que vieram para o que
é hoje os Estados Unidos, cruzaram o Atlântico muito depois
de florescentes colônias espanholas já se terem estabelecido
no México, nas Índias Ocidentais e na América do Sul.
Como todos os primeiros que vieram para o Novo Mundo,
esses navegantes viajaram em barcos pequenos e sobrecarregados. Durante as viagens que duravam de seis a doze semanas, viviam de parcas rações e muitos deles morriam de
doenças durante a travessia. Os navios eram, frequentemente, assolados pelas tempestades e muitos se perdiam no mar.
Para o viajante exausto, a vista das plagas norte-americanas trazia um imenso alívio. Disse um dos cronistas: ‘O
ar a doze léguas de distância tinha o doce perfume de um
jardim em flor’. A primeira vista que os colonizadores tiveram da nova terra era uma paisagem de florestas densas. A
verdade, porém, era que aquelas florestas eram habitadas
por índios, muitos dos quais hostis, e o medo de seus ataques
era mais uma das preocupações diárias da vida já em si
dura. No entanto, aquelas imensas florestas virgens, que se
estendiam por quase 2100 quilômetros ao longo da costa do
Atlântico, do norte até o sul, viriam a ser para eles um
verdadeiro tesouro que lhes proporcionaria alimentação
abundante, combustível e uma inexaurível fonte de matériaprima para casas, mobiliário, navios e proveitosa carga
para exportação.
Você sabia?
A Pensilvânia surgiu a partir da doação de
terras aos quakers. Estes seguiam uma doutrina
religiosa originada na Inglaterra que pregava
o pacifismo, a humildade e a igualdade como
regras fundamentais.
Nas colônias de povoamento, formadas ao norte em
região de clima temperado, havia dificuldades para o
aproveitamento extensivo do solo que era árido e
pedregoso. Por isso ali a pesca e as manufaturas foram as
principais atividades. Nas colônias do sul, de exploração,
as grandes plantações de tabaco, anil e algodão predominavam. Utilizavam escravos negros para trabalhar e
encaminhavam sua produção para a exportação.
Os colonos que se fixaram na América do Norte
vieram com a intenção de permanecer nas novas terras, o
que fez essa colonização diferente da que foi feita no
Brasil. Aqui, como em outros lugares do continente, os
colonos vinham para enriquecer e voltar para sua terra
natal.
214
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A Inglaterra, a princípio, permitiu que suas colônias
da porção norte da América desfrutassem de grande
liberdade e autonomia. Isso, entretanto, mudou em
meados do século XVIII, provocando fortes reações.
Apesar de suas diferenças, as Treze Colônias se uniram e
num processo relativamente rápido separaram-se da
Inglaterra, tornando-se um país independente: os Estados
Unidos da América. Vamos acompanhar essa história?
A caminho do rompimento
Os problemas começaram quando a Inglaterra, após
a Guerra dos Sete Anos (1756-1763), tentou intensificar
seu controle sobre as Treze Colônias e delas extrair maiores lucros. Nesse conflito, que se estendeu para a América,
os franceses perderam territórios, os comerciantes
americanos enriqueceram, mas a Inglaterra ficou endividada. Além disso as colônias do norte tinham um intenso
comércio que concorria com o britânico. Os colonos
transportavam melaço, açúcar e rum das Antilhas, pravam escravos na África e os vendiam na América. Essas
negociações eram feitas sem participação dos ingleses.
A Inglaterra impôs algumas leis que causaram muitos
protestos:
– Lei do açúcar (1764) – os colonos deveriam
pagar uma taxa pelo açúcar e melaço transportado;
– Lei do selo (1765) – todos os tipos de impressos
feitos na colônia (jornais, documentos, anúncios
etc.) deveriam ser timbrados e selados sob
pagamento de imposto;
– Lei do chá (1770) – dava exclusividade do comércio do chá na colônia aos comerciantes ingleses.
As oposições a essas medidas centralizaram-se em
Boston, um dos principais portos da colônia. Ali tropas
inglesas abriram fogo contra os colonos num episódio
conhecido como Massacre de Boston (1770). Também
ocorreu nessa cidade a Festa do Chá (1773), quando
colonos disfarçados de índios jogaram ao mar o carregamento de chá de um navio inglês ali ancorado, o que
provocou forte reação da Coroa.
O incidente de Boston, após a proibição do comércio do chá pelos colonos
norte-americanos, que foi denominado “Boston Tea Party”.
A inevitável separação
A tensão na colônia crescia cada vez mais. Em 4 de julho
de 1776 foi divulgada a Declaração de Independência para
marcar que a partir de então as Treze Colônias afirmavam
sua separação definitiva da Inglaterra. Seguiu-se uma
Guerra de Independência que durou oito anos. A vitória
dos americanos contou com o apoio de tropas francesas
acompanhadas de reforços da Espanha e Holanda. Em 1783,
no Tratado de Paris, a Inglaterra reconheceu oficialmente a
soberania dos Estados Unidos da América.
Você sabia?
George Washington “... recebeu a notícia da
independência cercado pelos britânicos em Nova
York e ordenou que a Declaração fosse lida para
suas tropas. Os nova-iorquinos comemoram
derrubando uma estátua do rei Jorge III a cavalo.
A maior parte do chumbo foi usada para fabricar
40.000 balas, mas a cabeça foi recuperada pelos
ingleses e conduzida a Londres”.
In CLARK, Philip. Guerras que mudaram o mundo –
A Independência dos Estados Unidos. Ática, pp. 13-15
Desenho representando o Massacre de Boston ocorrido em março de 1770.
Thomas Jefferson, autor da Declaração de Independência dos EUA.
215
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Os Estados Unidos após a independência
A Declaração de Independência norte-americana, que
teve redação original de Thomas Jefferson, deu forma às
ideias políticas do Iluminismo. Vamos conferir?
A vida pelos Estados Unidos após a Independência
acompanhou as ideias colocadas em pauta pelo Iluminismo,
como a igualdade jurídica e política e o governo de base
representativa popular. A isso, somava-se uma tradição de
autonomia local herdada dos ingleses. Resultou, dessa
forma, uma Constituição de caráter democrático, celebrada
ainda hoje pelos norte-americanos como um dos pilares de
sustentação de sua democracia política. Entretanto a
igualdade prevista tinha seus limites, percebidos já na época
de sua promulgação. As mulheres reclamaram por não
estarem incluídas nessa igualdade, já que a elas, por
exemplo, não havia sido concedido o direito de voto. De
fora, também, haviam ficado os 600 000 escravos negros
que trabalhavam, em sua maioria, nas lavouras do sul.
A Independência dos Estados Unidos repercutiu para
além das fronteiras do país recém-criado. Sua notícia
alcançou a Europa, alimentando a fermentação revolucionária que vinha crescendo na França. Contribuiu para
tornar mais aguda a crise do sistema colonial que se
formava, influenciando os movimentos de independência
na América Latina. A Constituição americana, modelo de
concretização das ideias políticas liberais, influenciou a
elaboração de vários textos constitucionais.
DOCUMENTO
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
–––––––––––
Declaração de Independência
“Consideramos como autoevidentes as verdades que afirmam
serem todos os homens criados iguais e dotados pelo seu Criador de certos direitos inalienáveis, entre os quais estão a vida,
a liberdade e a busca da felicidade. Que para garantir esses
direitos são instituídos os governos entre os homens, derivandose a sua força justa do consentimento dos governados; que
sempre que qualquer forma de governo se tornar destruidora desses fins, o povo terá o direito de alterá-lo ou aboli-lo,
e de constituir um novo governo que tenha por alicerces esses
princípios, e organizar o seu poder da forma que lhes pareça
a melhor maneira de conseguir a sua segurança e felicidade.”
Declaração de Independência in Panorama da História dos Estados Unidos.
HOFSTADTER, Richard e GRAY, Wood e OLSON, Keith (atualização). Agência
de Comunicação Internacional dos Estados Unidos da América, s/d, p.40
1. Grife as ideias políticas do Iluminismo contidas no
texto.
VO C A B U L Á R I O
2. Justifique e analise a parte do texto que você
grifou?
Inalienável = qualidade de um bem que não pode ser
_________________________________________
transferido a outro proprietário.
_________________________________________
Melaço = líquido viscoso, subproduto da cana-de-açúcar.
_________________________________________
Puritano = membro de seita protestante surgida no século
_________________________________________
XVI, que pregava uma simplificação dos cultos e rigor na
3. Qual a função do governo prevista nessa declaração?
interpretação das escrituras sagradas.
Timbrado = aquilo que tem selo, carimbo.
_________________________________________
_________________________________________
_________________________________________
_________________________________________
4. Em que circunstâncias o governo poderia ser
mudado?
_________________________________________
_________________________________________
_________________________________________
_________________________________________
_________________________________________
Assinatura da Declaração de Independência em 4 de julho de 1776.
216
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EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES
1. Minipesquisa: As grandes invenções e inovações
tecnológicas do século XVIII.
3. O uso do trabalho infantil era justificado no século
XVIII como forma de “regenerar pelo trabalho” a
população pobre. As crianças, ao estarem trabalhando, se afastariam das ruas e da marginalidade. Esse
discurso aparece algumas vezes em depoimentos de
quem explora o trabalho infantil ainda hoje. O que
você acha disso?
Orientação: – pesquise em livros, enciclopédias ou
na Internet;
– escrever o resultado de sua pesquisa
no espaço abaixo;
Faça uma redação sobre esse assunto. Não se esqueça
de dar um título para ela.
– procure ilustrar sua pesquisa;
– ao final, coloque a bibliografia ou o
endereço e a data do site utilizado.
2. Associações e organizações de trabalhadores
surgiram historicamente na Inglaterra, com o
objetivo de reivindicar melhores condições de
trabalho nas fábricas e exigir do Parlamento a
aprovação da primeira legislação trabalhista.
Nos dias atuais, qual o papel ou função de um
sindicato de trabalhadores?
Orientação: pesquise junto a três pessoas e complete
o espaço abaixo.
Nome: ________________________ Idade: _____
Profissão: ________________________________
Sindicato: ________________________________
Opinião sobre o sindicato: ___________________
_________________________________________
Nome: ________________________ Idade: _____
Profissão: ________________________________
Sindicato: ________________________________
Opinião sobre o sindicato: ___________________
_________________________________________
Nome: ________________________ Idade: _____
Profissão: ________________________________
Sindicato: ________________________________
Opinião sobre o sindicato: ___________________
_________________________________________
Agora, discuta as opiniões colhidas em sua pesquisa.
217
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4. Você já estudou bastante a colonização do Brasil e neste item teve algumas informações sobre a maneira como foi
feita a colonização dos Estados Unidos. Procure compará-las no espaço abaixo.
BRASIL
ESTADOS UNIDOS
Norte
Sul
218
C2_8o_Ano_Historia_SOME_Tony_2013 07/03/13 15:12 Página 219
CAPÍTULO
6
Revolução Francesa
A Queda da Bastilha (óleo de L. Congniet, século XVIII).
1. O processo revolucionário
• Antigo Regime = ___________________________
Em julho de 1789, a Bastilha – prisão situada nos
arredores de Paris – foi tomada por uma população enfurecida. Esse fato se tornou tão célebre que atualmente é
empregado para marcar o início da Idade Contemporânea.
Para a maior parte dos historiadores, significou a ascensão
política da burguesia na França e a consolidação do
Estado burguês. Para a grande maioria das pessoas, é
símbolo de liberdade. Grande parte dos movimentos
ocorridos no final do século XVIII e início do XIX, na
Europa e nas Américas, apresentaram-se como defensores
das ideias lançadas pelos revolucionários franceses.
Mas, afinal, o que essa revolução teve de tão especial? Para entender isso, é preciso conhecer melhor o
conjunto de acontecimentos ocorridos na França, antes e
durante o processo revolucionário.
Antes de ir em frente, vamos recordar? Complete os
quadros com o auxílio de seu professor.
____________________________________________
____________________________________________
• Sociedade no Antigo Regime
– Primeiro Estado:
____________________________________________
____________________________________________
– Segundo Estado:
____________________________________________
____________________________________________
– Terceiro Estado:
_____________________________________________
_____________________________________________
219
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Nas cidades concentrava-se a burguesia composta por
banqueiros, comerciantes e empresários, além de muitos
trabalhadores urbanos. Grande parte da população das
cidades era formada de pequenos comerciantes e artesãos
chamados de sans-culottes. Considerados a camada
inferior do terceiro estado, tiveram importante participação no processo revolucionário.
Representação das três ordens, na sequência: clero, nobreza e terceiro estado.
Sans-culotte representado em
óleo de Boilly (1761–1845).
Você sabia?
Sans-culottes quer dizer “sem calções”. Os artesãos e
pequenos proprietários urbanos eram assim chamados
por não usarem os calções presos ao tornozelo como
os nobres, mas sim calças simples para trabalhar.
Luís XVI.
Como se chegou à Revolução
No final do século XVIII, a economia francesa estava
frágil. As poucas manufaturas existentes sofriam concorrência das indústrias em expansão na Inglaterra. A
agricultura enfrentava problemas de falta de produtividade, que se tornaram mais graves com uma grande
seca em 1788. Os alimentos ficaram escassos e tiveram
seu preço elevado. A situação de tensão era grande. A
população enfrentava cada vez mais problemas e crescia
o número daqueles que eram lançados à miséria.
Durante o Antigo Regime, a França vivia sob
governos absolutistas e a nobreza desfrutava de inúmeros
privilégios. No reinado de Luís XVI (1774–1793), essa
situação tornou-se insustentável. A nobreza recebia boa
parte da renda do país, ocupava os cargos mais importantes e, assim como o clero, não pagava impostos. Muitos componentes desse grupo social viviam luxuosamente
na Corte às custas do dinheiro público. No palácio de
Versalhes, suntuosa residência oficial do rei situada nas
proximidades de Paris, as festas e banquetes eram frequentes. Isso causava grande descontentamento na população, sobre quem recaíam altos impostos e todos os ônus
das guerras e dificuldades econômicas que o país vinha
enfrentando.
A França, nessa época, era um país agrícola. A
população francesa contava com 25 milhões de pessoas
das quais 20 milhões viviam no campo. A maior parte era
composta de camponeses vivendo em extrema pobreza,
alguns deles em situação de miséria absoluta. Muitos
deles ainda estavam em regime de servidão feudal.
Pintura mostrando
franceses famintos
disputando
alimentos.
220
C2_8o_Ano_Historia_SOME_Tony_2013 07/03/13 15:12 Página 221
Outro foco de tensão era a burguesia, que visava
obter mais poder político. Isso lhe daria condições de
tomar medidas que acabassem com os obstáculos à
expansão de seus negócios, além de tornar possível a
criação de incentivos para as atividades industriais, como
vinham fazendo os ingleses. Defendiam os princípios do
liberalismo econômico, criticavam a existência de
monopólios comerciais e de resquícios do feudalismo,
tais como restrições de trabalho impostas pelas antigas
corporações e as aduanas internas.
Não bastassem esses problemas, o rei, assolado pelas
dificuldades econômicas, pretendia aumentar os impostos.
Os cofres estavam vazios pelos gastos excessivos da Corte e também pela participação do país em guerras, como
a dos Sete Anos e a Guerra de Independência dos Estados
Unidos. Tudo isso causava grande descontentamento popular. Luís XVI se indispôs também com o clero e a
nobreza ao pretender que eles passassem a pagar
impostos.
Como forma de discutir a crise econômica, o rei
convocou a Assembleia dos Estados Gerais, na qual se
reuniam os três Estados. A partir daí os acontecimentos se
aceleraram. O Terceiro Estado, no qual a burguesia se
inseria, não queria aceitar a forma de votação a ser usada
na Assembleia, que deveria ser por Estado e não por
indivíduo. Dessa forma, o Terceiro Estado, que possuía a
maioria dos deputados, contaria com apenas um voto.
Isso era uma desvantagem para a burguesia. A nobreza e
o clero poderiam, facilmente, juntos, controlar as decisões
a seu favor.
Os representantes do Terceiro Estado reuniram-se em
separado e declararam-se em Assembleia Nacional
Constituinte. Houve reação do rei, que mandou fechar o
prédio onde se reuniam. A partir daí as manifestações de
revolta começaram a aparecer por toda a parte e, com a
queda da Bastilha, estourava a Revolução.
à Bastilha: o diretor recusou-se a abrir os portões, houve uma
batalha que provocou numerosas mortes entre os atacantes,
mas eles acabaram se impondo e assassinando o diretor. A
Queda da Bastilha no dia 14 de julho de 1789 é tão
importante quanto o Juramento do Jogo de Pela, talvez até
mais: quando os deputados estão sob a ameaça do golpe de
força real, a entrada em cena do povo parisiense constitui o
acontecimento mais importante, e vai caracterizar a
Revolução que se inicia – é preciso que se diga – com a marca
da violência, ainda que esta já estivesse presente antes.”
VOVELLE, Michel. A revolução francesa explicada à minha neta.
São Paulo: Editora UNESP, 2007, pp. 31-32.
A burguesia à frente
Ideias que contestavam o poder absoluto do rei e
defendiam a instauração de uma outra ordem política já
vinham se alastrando há muito e isso contou para uma
rápida adesão ao movimento. Os adeptos da “Filosofia
das Luzes” vinham defendendo essas ideias nas reuniões
políticas, nos jornais e nos panfletos que circulavam por
toda a parte.
TEXTO COMPLEMENTAR
Pintura que representa a promulgação da nova Constituição francesa.
–––––––––––
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O lema da Revolução Francesa era Liberdade,
Igualdade e Fraternidade. Sob essa bandeira uniram-se
burgueses, artesãos e camponeses. Cada um desses
grupos, certamente, pretendia fazer a revolução a seu
modo. Aquilo que poderia ter sido apenas uma revolta
palaciana ameaçava fugir ao controle.
Do campo vinham notícias de invasões a castelos e
assassinatos de nobres. Na capital, o ardor revolucionário
das massas urbanas era intenso e a revolta contra as
injustiças inflamava os ânimos. Os saques a armazéns e
depredações no campo ameaçavam se estender às
propriedades em geral, causando temores aos nobres, mas
também aos burgueses. A burguesia temia que o movimento levasse as massas populares ao poder.
A queda da Bastilha
“(…) Em busca de armas, no dia 14 de julho os
parisienses invadiram a Bastilha, antiga fortaleza medieval
que se tornara uma prisão do Estado. (…)
(…) É lá que o rei prendia, sem julgamento, aqueles que o
contrariavam. Escritores, jornalistas (chamados de
panfletários), autores de textos proibidos, indivíduos de mau
comportamento, também, a pedido da família. Bastava uma
carta régia com a ordem de prisão, sem acusação precisa nem
processo. Ela se tornara o símbolo da arbitrariedade do rei.
A bem da verdade, é preciso dizer que em julho de 1789 a
prisão estava quase vazia, só havia meia dúzia de presos. Não
eram eles que as pessoas queriam, e sim as armas. Uma
multidão armada, composta sobretudo por artesãos e
populares, além de soldados – os guardas do rei –, dirigiu-se
221
C2_8o_Ano_Historia_SOME_Tony_2013 07/03/13 15:12 Página 222
Para acalmar os camponeses, a Assembleia extinguiu
todos os direitos feudais ainda existentes (servidão, privilégios da nobreza, impostos etc). Pouco tempo depois foi
aprovada a Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão pela qual se garantia, ao menos formalmente, o
direito à liberdade e a igualdade de todos perante a lei.
Em 1791 promulgou-se a nova Constituição francesa,
passando a vigorar como regime político a Monarquia
Constitucional.
TEXTO COMPLEMENTAR
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Resumo da Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão da Revolução Francesa.
1. Os homens nascem iguais e livres e assim permanecem
quanto a seus direitos.
2. O objetivo das associações políticas é a preservação dos
direitos naturais e inalienáveis do homem.
3. Esses direitos são: a liberdade, a propriedade, a
segurança e a resistência à opressão.
4. A liberdade civil e política consiste no poder de fazer o
que quer desde que não prejudique os outros.
5. A lei só deve proibir as ações prejudiciais à sociedade e
ninguém deve ser acusado, preso ou detido, a não ser em
casos determinados pela lei e de acordo com as formas
por ela prescritas.
6. Ninguém deve ser punido a não ser de acordo com a lei
promulgada antes da ofensa.
7. Um homem é considerado inocente até ser condenado.
8. Ninguém deve ser perseguido por suas opiniões em
qualquer campo, desde que sua expressão não perturbe
a ordem pública estabelecida pela lei.
9. Cada cidadão pode falar, escrever e publicar livremente seus pensamentos e opiniões desde que se responsabilize pelo abuso dessa liberdade, nos casos determinados pela lei.
Trabalhando com o texto
Na Declaração dos Direitos do Homem encontramos
alguns princípios básicos da revolução. Vamos conhecêlos? Leia o texto complementar, em que figuram,
resumidamente, os artigos que defendem os Direitos do
Homem e do Cidadão, e responda às questões:
1. Segundo o texto, quais são os direitos naturais e
inalienáveis do Homem?
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_________________________________________
_________________________________________
_________________________________________
2. Como o texto define a liberdade civil e política?
_________________________________________
_________________________________________
Citado em LEITE, Miriam Moreira. Iniciação à História Social
Contemporânea. São Paulo: Cultrix, p. 196
_________________________________________
VO C A B U L Á R I O
_________________________________________
Carta Régia = documento assinado pelo rei.
Juramento do Jogo de Pela = em 20 de junho de 1789, os
deputados do Terceiro Estado invadiram uma sala de jogar
pela (espécie de tênis praticado em um salão) onde fizeram
o juramento de não se dispersar até a promulgação de uma
nova constituição francesa.
Monarquia Constitucional = forma de governo em que o
rei governa de acordo com uma constituição.
Ônus = carga, peso, obrigação de difícil cumprimento.
Resquícios = resíduos, vestígios.
3. De que forma pode-se relacionar o lema da Revolução Francesa com a Declaração dos Direitos do
Homem?
_________________________________________
_________________________________________
_________________________________________
_________________________________________
_________________________________________
4. Escolha um dos itens da Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão. Analise-o e diga se, na sua
opinião, ele é praticado pela maioria das pessoas.
No Portal Objetivo
_________________________________________
_________________________________________
Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL
OBJETIVO (www.portal.objetivo.br) e, em “localizar”,
digite HIST8F203
_________________________________________
_________________________________________
222
C2_8o_Ano_Historia_SOME_Tony_2013 07/03/13 15:12 Página 223
2. Revolução: até onde ir?
laterais, providos de ranhuras. A viga sustentava uma pesada lâmina de forma oblíqua, que uma vez solta deslizava
pelas ranhuras dos postes laterais, caindo violentamente
sobre o pescoço do condenado. A morte, assim, era instantânea e indolor. (...)
(...) continuou a ser usada até 1981, quando a pena de
morte foi abolida na França. O dr. Guillotin, ao contrário
do que diz a lenda, morreu na cama em 1814, aos 76 anos;
conservou seu pescoço intato até o fim da vida.”
A luta dos rebeldes franceses teve idas e vindas.
Houve até mesmo um movimento contrarrevolucionário.
O rei, os nobres e alguns membros do clero buscaram
apoio em monarcas absolutistas de outros países,
receosos de que a revolução se alastrasse pela Europa e
pusesse em risco seus governos. Batalhões estrangeiros
chegaram a invadir Paris, mas foram derrotados pelo
exército popular. Luís XVI acabou sendo condenado a
morrer na guilhotina, acusado de traição, o mesmo
acontecendo com Maria Antonieta. Proclamou-se a
República e o governo passou às mãos da Assembleia, a
partir daí chamada de Convenção.
RIBEIRO, Renato Janine. “Virtudes da Guilhotina”
in Revista Superinteressante. São Paulo:
Abril, jun 1989. pp. 16-17
TEXTO COMPLEMENTAR
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A guilhotina
“Como uma revolução inspirada na liberdade, na igualdade e na fraternidade foi capaz de adotar uma máquina de
matar tão fria, tão terrível como a guilhotina? Pois foram
exatamente aqueles princípios que justificaram seu uso.
Antes da Revolução, existia uma hierarquia até para as
execuções dos condenados. Os nobres tinham o direito de
morrer de forma digna, que
não manchasse sua memória, por isso eram
decapitados com machado ou espada. Os
plebeus, ao contrário, passavam pela
humilhação da forca, considerada um
suplício infamante.
Além dessa diferença
entre honra e desonra,
havia também as gradações no sofrimento porque
eram aplicadas penas de Dr. Guillotin morreu na cama
mutilação e de tortura,
que a Revolução aboliu.
Neste contexto é que devemos entender a guilhotina. Os
revolucionários não admitiam privilégios. Os homens
nascem livres e iguais; então, por que deveria haver diferença entre a morte nobre e a morte vil? Primeiro, pensouse numa igualdade por baixo, dando a todos a morte
plebeia e infamante na forca. Isso foi logo depois da supressão dos demais privilégios, como os títulos de nobreza, os
direitos feudais etc. Mas não durou, pela simples e boa
razão de que todo o movimento reivindicatório procura
nivelar pelo alto e não por baixo.
Com esse objetivo, um deputado eleito para a Assembleia Nacional em 1789, o médico Joseph-Ignace Guillotin,
apresentou projeto de lei estabelecendo que todas as
sentenças de morte deviam ser executadas ‘por meio de
uma máquina’. E ofereceu ele próprio o modelo dessa
máquina, formada por uma viga mestra e dois altos postes
A Revolução popular
A fase da Convenção (1792-1795) é apontada por
alguns historiadores como o momento em que a
Revolução Francesa foi levada mais longe e mais
próxima dos interesses das camadas menos favorecidas
da população. Entretanto, a alta burguesia teria, no final
das contas, assumido o comando e impedido que as
conquistas populares se efetivassem. Essa classe temia
perder suas propriedades e riquezas e também o controle
do poder político. Dessa forma, a Revolução Francesa
teria sido uma revolução burguesa, com uma base de
sustentação popular.
Antes de entender essa discussão, vamos começar
definindo o próprio significado da palavra revolução.
• Revolução = _______________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
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C2_8o_Ano_Historia_SOME_Tony_2013 07/03/13 15:12 Página 224
Desde logo, ficou claro que a unidade dos revolucionários era ilusória, pois seus objetivos não eram os
mesmos. Procure apontar, com o auxílio do que já
aprendeu na aula anterior, os interesses de cada grupo
social envolvido no movimento.
Você sabia?
Na Assembleia, os girondinos sentavam-se
à direita, os jacobinos à esquerda e os do
Pântano no centro. Surgiu daí a designação
dada às orientações políticas ainda hoje usadas:
“direita” (conservadores), “centro” e “esquerda”
(revolucionários).
• Burguesia = _______________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
• Camponeses = _____________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
Georges Jacques
Danton, um dos
líderes da
Revolução
Francesa.
• Sans-culottes = _____________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
As divergências haviam dado origem a partidos
políticos diferentes durante o desenrolar do movimento.
Eram eles:
• Girondinos – deputados pertencentes à alta
burguesia, não queriam participação política das
camadas populares, defendiam o direito de
propriedade. Recebiam este nome por serem
provenientes, em sua maioria, da região de Gironda
situada no sul da França.
• Jacobinos – representavam os interesses da pequena
burguesia e dos sans-culottes. Tinham posição radicalmente contrária à monarquia e defendiam o direito de
o povo ter representação política. Eram assim chamados por reunirem-se no convento de Saint Jacques.
• Pântano – não tinham posição política definida,
apoiando um ou outro lado, de acordo com seus
interesses imediatos.
Robespierre, um
dos líderes
jacobinos da
Revolução.
Durante a Convenção houve uma predominância dos
jacobinos sob a liderança de Maximilien Robespierre. O
temor da contrarrevolução fez com que fossem guilhotinados muitos partidários do rei. Para manter seu comando, os jacobinos passaram a perseguir violentamente
seus opositores, o que fez com que essa fase ficasse conhecida como o Terror (1793–1794). Nesse período,
cerca de 20 mil pessoas morreram na guilhotina, inclutante líder jacobino que criticava duramente Robespierre.
224
C2_8o_Ano_Historia_SOME_Tony_2013 07/03/13 15:12 Página 225
Entretanto, foi durante a Convenção que os
princípios revolucionários foram levados mais longe em
termos das leis sociais que foram implementadas.
Privilégios da nobreza foram extintos, aumentaram-se os
impostos sobre as riquezas, assegurou-se o princípio da
instrução pública e tabelaram-se os preços dos alimentos.
O líder jacobino Robespierre feriu interesses econômicos com suas medidas, perseguiu muitos para se manter no poder e acabou isolado. Recebeu ele próprio a pena
que aplicara a tantos. Foi preso pelos girondinos e levado à guilhotina. Em 1795 foi promulgada nova Constituição, instalou-se novamente outro governo, o Diretório (1795-1799). Afirmava-se o predomínio político da
burguesia conservadora no comando do processo revolucionário. Esta, temendo a contrarrevolução e reações
dos jacobinos, aproximou-se do exército. Dali surgiu
aquele que iria reafirmar o poder político da burguesia na
Revolução. Em 9 de novembro de 1799, o general
Napoleão Bonaparte liderou um golpe de Estado, depôs
o Diretório e colocou-se à frente do governo francês.
A Revolução e seus símbolos
Você sabia?
As divisas republicanas em imagem da época.
O primeiro selo da República trazia a efígie de
uma mulher de pé, vestida à moda romana,
segurando na mão direita uma lança, de cuja ponta
pendia um barrete frígio. A mão esquerda segurava
um feixe de armas. Um leme completava a
simbologia. O barrete frígio identificava os libertos
na antiga Roma; o feixe de armas indicava a
unidade, ou fraternidade; o leme, o governo;
a lança, arma popular por excelência, era a
presença do povo no regime que se inaugurava.”
(CARVALHO, José Murilo de. A formação das almas:
O imaginário da República no Brasil. São Paulo:
Companhia das Letras, 1990. p. 75.)
A Revolução Francesa valeu-se de vários símbolos.
A cor revolucionária oficial era a verde. A figura feminina foi usada para simbolizar tanto a República quanto
a própria Revolução.
Os revolucionários franceses, durante a fase republicana, chamavam-se todos de “cidadão” ou “cidadã”.
Difundiu-se até mesmo um “figurino revolucionário”.
Recomendava-se para as mulheres o uso de toucado
vermelho, e os homens, “autenticamente revolucionários”,
vestiam-se à moda dos sans-culottes, com barrete
vermelho, calças largas e paletós estreitos. Louças, objetos
de decoração, adornos, todos tinham alusões à revolução.
Tratava-se, sobretudo, de afirmar simbolicamente que
começava um novo tempo para a França. Tanto é que
chegaram a instituir um novo calendário. Está certo que
ele durou pouco tempo, mas vale conhecê-lo.
Calendário Revolucionário
Calendário Cristão
Outono
Vendemiário (mês das vindimas)
Brumário (mês das brumas, nevoeiros)
Frimário (mês das geadas)
22 de setembro a 22 de outubro
23 de outubro a 21 de novembro
22 de novembro a 21 de dezembro
Inverno
Nivoso (mês das neves)
Pluvioso (mês das chuvas)
Ventoso (mês dos ventos)
22 de dezembro a 20 de janeiro
21 de janeiro a 19 de fevereiro
20 de fevereiro a 21 de março
Primavera
Germinal (mês da germinação)
Floreal (mês das flores)
Prairial (mês das pastagens)
22 de março a 20 de abril
21 de abril a 21 de maio
22 de maio a 19 de junho
Verão
Messidor (mês da colheita do trigo)
Termidor (mês do calor)
Frutidor (mês das frutas)
20 de junho a 19 de julho
20 de julho a 18 de agosto
19 de agosto a 21 de setembro
Louça com motivos alusivos à Revolução
225
C2_8o_Ano_Historia_SOME_Tony_2013 07/03/13 15:12 Página 226
Revendo as fases do processo
revolucionário francês
No Portal Objetivo
Assembleia Nacional Constituinte
(1789-1791)
•
•
•
•
Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL
OBJETIVO (www.portal.objetivo.br) e, em “localizar”,
digite HIST8F201
Tomada da Bastilha. Generalizam-se as revoltas populares
no campo e nas cidades.
Assembleia aprova a Declaração dos Direitos do Homem
e do Cidadão.
Rei Luís XVI é detido ao tentar fugir do país. Preso, é
mantido sob vigilância em Paris.
Votada a constituição Francesa que abole as relações
feudais ainda existentes. Estabelece a liberdade de comércio, o voto censitário e o direito à propriedade privada.
VO C A B U L Á R I O
Barrete frígio = chapéu vermelho semelhante ao que
usavam os frígios, povo antigo da Ásia. Adotado no tempo
da Revolução Francesa, era também denominado de
barrete vermelho.
Hierarquia = qualquer classificação por ordem, escala.
Infamante = desonroso, que lança ou envolve infâmia.
República = criada em 1792, após a Batalha de Valmy,
onde as tropas contrarrevolucionárias foram derrotadas.
Luís XVI foi capturado e preso. O governo passou a ser
exercido pela Convenção Nacional, uma assembleia eleita
com o voto universal masculino.
Revolução Burguesa = define a Revolução Francesa de
1789. A burguesia é a grande condutora do processo
revolucionário, coloca fim ao absolutismo monárquico,
mas mantém as transformações implantadas no limite de
seu interesse econômico.
Monarquia Constitucional (17911792)
•
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•
•
Eleição da Assembleia Legislativa, composta por uma
maioria de representantes da alta burguesia favorável à
manutenção de uma monarquia constitucional.
Exército francês é derrotado em batalhas pelas tropas
austríacas.
O povo invade as Tulherias e aprisiona a família real.
Exército prussiano invade a França e é derrotado pelas
tropas constituídas na maioria pelos sans-culottes.
Massacre de Setembro: parte da nobreza é assassinada na
prisão sob acusação de traição à pátria.
A convenção nacional é eleita por sufrágio universal. Fim
da Monarquia Constitucional.
É proclamada a República na França.
3. Repercussões no Brasil
Enquanto na Europa os efeitos da Revolução
Francesa abalavam os alicerces da monarquia absoluta e
nos Estados Unidos da América construíam-se novas
formas de governar, no Brasil chegavam os ecos das
ideias iluministas fermentando ideais de liberdade.
Ainda no século XVIII dois movimentos se referiram a
essas ideias: a Inconfidência Mineira (1789) e a Conjuração Baiana (1798). É certo que não se pode atribuir
somente a essas influências o surgimento dessas revoltas.
Há que se considerar, também, as razões específicas da
colônia portuguesa que levaram a essas insurreições.
Convenção (1792-1795)
•
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•
•
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Na convenção definem-se três facções políticas: girondinos, jacobinos e Pântano.
Julgamento do rei Luís XVI, acusado de desviar verbas
nacionais para a contrarrevolução.
O rei e a rainha Maria Antonieta, são guilhotinados.
Lei do Máximo – tabelando preços de cereais e artigos de
primeira necessidade.
Promulgada a Constituição de 1793, de inspiração
iluminista, abolição do voto censitário.
Período de Terror, que através das Leis dos Suspeitos,
condena à guilhotina os denominados inimigos da
Revolução.
Prisão e morte do líder jacobino Robespierre.
Reação Termidoriana – os girondinos voltam ao poder e
perseguem os jacobinos.
A Inconfidência de Minas Gerais
Você sabe qual é o significado da palavra inconfidência?
• Inconfidência = _____________________________
Diretório (1795-1799)
•
•
•
Em 1795, a Convenção promulgou uma nova Constituição que
criava o Diretório, assembleia controlada pelos girondinos.
Foram anuladas inúmeras conquistas sociais que beneficiavam o Terceiro Estado. Retorno do voto censitário.
Em 18 do Brumário de 1799, o general Napoleão Bonaparte colocou fim à fase de Diretório e à primeira grande
etapa da Revolução Francesa.
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C2_8o_Ano_Historia_SOME_Tony_2013 07/03/13 15:12 Página 227
O sentido de deslealdade para com a Coroa portuguesa contido nesse termo indica que essa revolta foi
assim chamada por ter representado um momento no qual
a colônia tentou separar-se de Portugal. Vejamos o que levou a população de Minas Gerais a tomar essa iniciativa.
Durante o século XVIII, Portugal enfrentava problemas econômicos. Em 1703 havia assinado um acordo com
a Inglaterra, o Tratado de Methuen, que favorecia a
entrada de produtos ingleses no país. Isso ocasionou um
deficit na balança comercial portuguesa, pois o volume de
suas importações era maior que o de exportações. O ouro
brasileiro foi usado para cobrir essa diferença, tendo, para
muitos historiadores, contribuído para financiar o crescimento industrial e marítimo da Inglaterra.
tica ao absolutismo e de defesa aos direitos de liberdade
do cidadão. Por meio deles, e de alguns livros que, apesar dos cuidados da Coroa, conseguiam entrar, essas ideias
chegaram ao Brasil. O exemplo da Independência dos
Estados Unidos contribuiu também para impulsionar o
movimento de rompimento com Portugal que já se esboçava.
TEXTO COMPLEMENTAR
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Os rebeldes e os livros
“(…) Na residência do tenente-coronel Francisco de
Paula Freire de Andrade, em Vila Rica, (…) os rebeldes
não encontravam um local destinado especificamente à
armazenagem e à leitura de livros, mas podiam retirá-los
em duas estantes, uma pintada e outra mais usada, além
de reunir-se sentados em cadeiras de damasco amarelo,
repousando seus papéis e livros em mesas de pau-branco
ou em outras menores, cobertas de pano verde; em meio a
uma polêmica e outra, talvez voltassem os olhos para os
mais de 42 quadros de pintura que forravam as paredes.
Da residência de Andrade, a boêmia estendeu-se para outras casas, como as pertencentes a Cláudio Manuel da
Costa, Domingos Vieira, Tomás Antônio Gonzaga e João
Rodrigues de Macedo (…). Os conjurados discorriam
sobre a situação da capitania, mirando-se nas Treze Colônias Inglesas da América do Norte, cuja independência
chegaram a conhecer principalmente por meio de escritos
publicados em francês, em particular a obra do abade
Raynal. Esta obra e outros livros auxiliavam-nos a refletir
sobre a situação das Gerais, a orquestrar a sedição e a
definir os horizontes da ordem pós-revolucionária. Algumas delas incendiavam as mentes falando sobre os
direitos dos povos, o antidespotismo, as riquezas da Colônia e sua exploração pela Metrópole — e o alferes andava
com elas, importunando seus conhecidos para traduzirem
os trechos mais subversivos e exibindo um Mapa que denunciava a riqueza das Minas (…).”
Você sabia?
Pelo Tratado de Methuen (Panos e Vinhos),
os portugueses se comprometiam a consumir
os tecidos ingleses e a Inglaterra a consumir os
vinhos portugueses. Na prática, isso significou
o monopólio do abastecimento de manufaturas
inglesas em Portugal.
O governo português, para ajudar a solucionar seus
problemas, começou a cobrar mais impostos sobre a
região de mineração no Brasil. O “quinto”, imposto sobre
o ouro, teria um valor total estipulado de 100 arrobas.
Caso essa quantia não fosse alcançada, seria feita uma
“derrama” com a qual toda a população deveria contribuir para completar o que faltava, mesmo aqueles que
não fossem mineradores.
Ocorre que o ouro vinha escasseando na região das
minas. Os veios estavam se esgotando e os métodos de
extração eram pouco eficientes. Estava cada vez mais
difícil pagar os impostos. Desagradava à Capitania, também, o reforço à proibição de instalação de manufaturas
feito pela rainha D. Maria I (1785). Somente seria permitido que se fizessem panos grosseiros de algodão para
vestir os escravos.
As dívidas da Capitania de Minas Gerais com a
Coroa chegavam a 538 arrobas de ouro, além das dívidas
pessoais de membros da elite da região que também eram
enormes. Em 1788, o Visconde de Barbacena, nomeado
governador de Minas, fora designado para vir de Portugal
para Vila Rica (Ouro Preto) e realizar as cobranças. A
ameaça pairava sobre todos. A “derrama” deveria acontecer em breve. O cenário da revolta já estava pronto.
VILLALTA, Luiz Carlos. “O que se fala e o que se lê: língua, instrução
e leitura”. In História da vida privada no Brasil. São Paulo: Companhia
das Letras, 1997. pp.379-380
Quem eram os inconfidentes?
Os líderes do movimento faziam parte da elite de
Minas Gerais. Vários deles, como José Álvares Maciel e
Joaquim Silvério dos Reis, tinham dívidas com a Coroa
portuguesa e viam no rompimento com a metrópole uma
possibilidade de solução para seus problemas. Destaca-se
também a participação de homens cultos e letrados como
os poetas Cláudio Manuel da Costa, Alvarenga Peixoto e
Tomás Antônio Gonzaga. Este último desempenhava o
importante cargo de ouvidor de Vila Rica.
Uma elite letrada
Nessa época, livros que pudessem fomentar revoltas
contra a metrópole portuguesa eram proibidos de circular
na colônia. Mesmo assim, a elite das cidades mineiras
conhecia as ideias do Iluminismo. Muitos haviam estudado na Europa, a maioria em Coimbra, na Faculdade de
Direito. Lá haviam tomado contato com as ideias de crí227
C2_8o_Ano_Historia_SOME_Tony_2013 07/03/13 15:12 Página 228
Destoava desse grupo o alferes Joaquim José da Silva
Xavier, homem sem posses que participou apaixonadamente do levante. Sua função foi arregimentar adeptos
e ficou responsável por promover a agitação em Vila Rica
quando ocorresse a “derrama”.
Mas que queriam os inconfidentes?
Seu lema era: “Libertas quae sera tamem”, ou seja,
“Liberdade, ainda que tardia”. Além de conseguir a separação de Portugal, não havia unanimidade nos projetos
dos inconfidentes. Pensaram em libertar os escravos,
sem, no entanto, abolir a escravidão. O regime político
deveria ser, ao que tudo indica, a República, com a capital
em São João del Rey. Queriam também permissão para
instalar manufaturas e a criação de uma Universidade.
Após o fracasso do levante em Vila Rica, os depoimentos dos presos foram colhidos nos três anos que
durou a devassa, nome que era dado ao processo judicial.
Durante esse período, Cláudio Manoel da Costa morreu
na prisão em circunstâncias pouco esclarecidas.
Você sabia?
O alferes Joaquim
José da Silva
Xavier, Tiradentes.
Tomás Antônio Gonzaga havia se apaixonado
por uma jovem de nome Maria Doroteia,
a quem chamava de Marília nos vários poemas
que fez para ela usando o nome de Dirceu.
Quando foi preso, estava noivo de sua amada.
Degredado para Moçambique, nunca mais a
viu. Acabou casando-se lá. Maria Doroteia
morreu solteira, com 85 anos.
Você sabia?
Tiradentes teve várias ocupações, entre outras a
de dentista, o que lhe deu esse apelido um pouco
pejorativo. Não há registro de imagens suas da
época da Inconfidência. Sua transformação em
“herói nacional” ocorreu apenas após a
Proclamação da República (1889), regime que
se preocupou em criar símbolos sobre a história
nacional como forma de se afirmar no poder.
Datam dessa época os retratos de Tiradentes que
o mostram com barbas e cabelos longos numa
clara referência à imagem tradicional de Cristo.
Os inconfidentes tomaram atitudes diversas em seus
depoimentos. Alguns negaram tudo, outros assumiram
sua participação. Tiradentes acabou se responsabilizando
pelo movimento, procurando assumir, sozinho, toda a
culpa. Durante todo o processo mostrou grande dignidade
ao não acusar e nem implorar perdão como os outros
inconfidentes. Apenas ele recebeu a pena máxima: morte
por enforcamento e esquartejamento. Os outros participantes do movimento foram degredados para a África.
A execução pública de Tiradentes, no Rio de Janeiro,
em 21 de abril de 1792, aconteceu como um grande espetáculo. A população acorreu em massa para ver seu enforcamento e durante seis dias a cidade comemorou. Seu
corpo foi esquartejado e decapitado. Sua cabeça foi levada
para Vila Rica e seu corpo espalhado pelo caminho.
Bandeira da Inconfidência.
A conspiração
A derrama estava marcada para fevereiro de 1789.
Os inconfidentes, que já vinham se reunindo há bastante
tempo, contavam com esse fato para conseguir a adesão
da população ao movimento que tornaria a Capitania
independente de Portugal. Entretanto, a derrama foi
adiada e, antes que a revolta acontecesse, Joaquim Silvério
dos Reis negociou o perdão para suas dívidas em troca da
denúncia do movimento em todos os seus detalhes.
Depois dele, outros também foram ao governador fazer
suas delações. Dessa forma, antes mesmo que começasse
o levante, seus líderes foram presos.
NOVAES, Carlos Eduardo; LOBO, César. História do Brasil para principiantes. São Paulo: Ática, 1997.
228
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TEXTO COMPLEMENTAR
–––––––––––
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Tu não verás, Marília, cem cativos
Tirarem o cascalho e a rica terra,
Ou dos cercos dos rios caudalosos,
Ou da mina da serra.
Não verás separar ao hábil negro
De pesado esmeril a grossa areia,
E já brilharem os granetes de ouro
No fundo da bateia.
Não verás derrubar as virgens matas,
Queimar as capoeiras inda novas.
Servir de adubo à terra a fértil cinza,
Lançar os grãos nas covas.
Não verás enrolar negros pacotes
Das secas folhas do cheiroso fumo,
Nem espremer entre as dentadas rodas
Da doce cana o sumo.
Pintura do séc. XIX
representando
Tiradentes esquartejado.
DOCUMENTO
Verás em cima da espaçosa mesa
Altos volumes de enredados feitos,
Ver-me-ás folhear os grandes livros
E decidir os pleitos.
–––––––––––
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Tiradentes é condenado
Enquanto revolver os meus consultos,
Tu me farás gostosa companhia,
Lendo os fatos da sábia mestra história
E os cantos da poesia.
“Portanto condenam o réu Joaquim José da Silva
Xavier, por alcunha o Tiradentes, alferes que foi da tropa
paga da capitania de Minas, a que com baraço e pregão
seja conduzido pelas ruas públicas ao lugar da forca e
nela morra morte natural para sempre, e que depois de
morto lhe seja cortada a cabeça e levada a Vila Rica, onde
em lugar público ela será pregada, em poste alto até que
o tempo a consuma; e o seu corpo será dividido em quatro
quartos e pregado em postes, pelos caminhos de Minas,
no sítio da Varginha e das Cebolas, onde o réu teve as
suas infames práticas, e os mais nos sítios de maiores
povoações até que o tempo também os consuma;
declaram o réu infame, e seus filhos e netos, tendo-os, e os
seus bens aplicaram para o Fisco e Câmara Real, e a casa
em que vivia em Vila Rica será arrasada e salgada, para
que nunca mais no chão edifique, e, não sendo própria,
será avaliada e paga a seu dono pelos bens confiscados, e
no mesmo chão se levantará um padrão, pelo qual se
conserve também a memória desse abominável réu.”
Lerás em alta voz a imagem bela;
Eu vendo que lhe dás o justo apreço
Gostoso tornarei a ler de novo
O cansado processo.
Se encontrares louvada uma beleza,
Marília, não lhe invejes a ventura,
Que tens quem leve à mais remota
idade
A tua formosura.
GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu. Rio de Janeiro,
Ediouro, 1998. Lira III/Parte III. p. 107
Citado em ALVES F., Ivan. Brasil, 500 anos em documentos.
Rio Janeiro, Mauad, 1999. p. 136
Leia a sentença de Tiradentes e depois responda às
questões.
Que razões teriam levado Portugal a condenar apenas
Tiradentes?
Em sua opinião, por que a execução da pena foi tão
violenta?
Pintura
representando
Tiradentes na
prisão.
229
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Você sabia?
Dos 48 acusados de participarem da conjuração
baiana, 4 eram servidores civis ou profissionais
liberais, 12 eram militares, 23 artesãos e
9 escravos sem ocupação declarada. Dentre esses
acusados 34 eram livres, 3 forros e 11 escravos.
Quanto à cor da pele, 11 eram brancos,
34 pardos ou mulatos e apenas 3 pretos.
(MATTOSO, Kátia de Queiroz. Bahia 1798: os panfletos
revolucionários. ln: A Revolução Francesa e seu impacto
na América Latina. São Paulo: Nova Stella/EDUSP;
Brasília, CNPq, 1990.)
No movimento, pretendia-se ir além da conquista da
independência de Portugal e da instalação de um regime
republicano. Pretendia-se acabar com a escravidão e
instaurar a igualdade racial.
DOCUMENTO
–––––––––––
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Os conjurados
“Instruídos por bem na lição destes livrinhos, alguns
pardinhos, e também branquinhos da plebe conceberam o
arrojado pensamento, de fazerem também seu levante, sem
mais outro intento, senão de fazerem com este meio, tão
arriscado, feliz a sua desgraçada sorte, passando, quero
dizer, de pobres a ricos, de pequenos a grandes, de vis e
baixos a estimados, e finalmente de Servos, pois muitos
dos pardos eram cativos, a Senhor.” (Extraído do documento Relação da Francesia formada pelos Homens
Pardos da Cidade da Bahia no ano de 1798. Arquivo do
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, lata 402).
O liberal Cipriano Barata, médico da cidade de Salvador, foi um dos grandes
defensores dos ideais separatistas e republicanos no Brasil, sofrendo
constantes perseguições por parte das autoridades.
Conjuração Baiana
Na Bahia, à mesma época da Inconfidência, também
havia insatisfeitos. Ali, organizou-se uma conspiração
visando a instalar uma República independente de
Portugal conhecida como Conjuração Baiana ou
Revolta dos Alfaiates. Salvador, que havia sido a
primeira capital do Brasil, vinha tendo problemas econômicos. Com o deslocamento das atenções para a região
mineradora, a população da cidade havia ficado relegada
à própria sorte pelas autoridades da Coroa. A miséria era
grande. As atividades comerciais e de artesanato ocupavam seus habitantes. Eram sapateiros, pedreiros e...
alfaiates. A elite, também descontente, discutia os ideais
de liberdade da Revolução Francesa numa associação
maçônica chamada Cavaleiros da Luz. Dentre eles, o
médico Cipriano Barata, muito querido da população.
Numa manhã de 1798, a cidade despertou com diversos
cartazes nas paredes das casas chamando a população
para uma revolta. Logo se apuraram os responsáveis, que
foram presos. Nas investigações, muitos foram apontados
como adeptos do movimento. A participação das camadas mais baixas da população foi bastante grande. Apenas esses foram condenados. Os membros da elite foram
poupados. Dos líderes populares, quatro foram enforcados e esquartejados: os alfaiates João de Deus e Manuel
Faustino e os soldados Lucas Dantas e Luís Gonzaga.
ALVES F., Ivan. op. cit. p. 141
VO C A B U L Á R I O
Abade = título dado ao superior de uma ordem religiosa,
líder espiritual de uma abadia ou mosteiro.
Alferes = antigo posto militar, equivalente nos dias atuais
ao posto de segundo-tenente.
Baraço = laço de forca; corda com que se enforcavam os
condenados.
Esmeril = rocha metamórfica, de grande dureza, utilizada
como abrasivo.
Deficit = falta, prejuízo; o que falta para completar uma
conta, uma previsão.
Granete = pequeno grão.
Ouvidor = juiz que os donatários, no Período Colonial,
colocavam em suas terras.
Pregão = ação de apregoar, proclamação proferida em
altas vozes pelas ruas; um grande anúncio verbal.
Sedição = perturbação da ordem pública, revolta, motim;
crime contra a segurança do Estado.
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EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES
C – As ideias do Iluminismo influenciaram o processo
revolucionário francês de 1789? Justifique.
1. Vamos ver se você aprendeu?
A – Comente a situação da França pré-revolucionária nos
aspectos a seguir:
• Economia =
• Política =
D – Por que razão a tomada da Bastilha, em julho de
1789, é considerada por muitos como um símbolo de
liberdade?
• Sociedade =
B – Discuta o papel dos seguintes grupos sociais durante
o processo revolucionário:
• Burguesia =
2. Você é o historiador
Os acontecimentos históricos não falam por si, mas
são interpretados pelo historiador que procura lhes
atribuir um sentido. Com base no que já estudou,
faça você sua análise sobre a Revolução Francesa.
Leve em consideração que:
– a burguesia conquistou o poder;
– as camadas populares acabaram afastadas do
poder;
– os resquícios do feudalismo foram extintos;
– criaram-se condições para o desenvolvimento do
capitalismo.
• Sans-culottes =
231
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3. Vamos completar!
“Animai-vos povo baiense, que está para chegar o tempo feliz da nossa liberdade; o tempo em que todos seremos
irmãos: o tempo em que todos seremos iguais.”
Essa frase fazia parte de um documento que circulou em Salvador no mês de agosto de 1798. Era uma chamada para
que a população baiana aderisse à revolta contra Portugal.
Com base em seus conhecimentos e nas informações obtidas em classe, complete o quadro abaixo.
Ano
Composição
social
Influência
ideológica
Fator externo
de influência
Antecedente
imediato
Propostas do
movimento
Inconfidência Mineira
Conjuração Baiana
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CAPÍTULO
7
A Europa Pós-Revolucionária
Desde a própria cerimônia de sua coroação, percebese a arrogância e a sede de poder do novo imperador. Leia
o texto abaixo e discuta:
TEXTO COMPLEMENTAR
–––––––––––
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Napoleão e a Igreja
“Filho da Revolução, as relações de Napoleão com a
Igreja Católica foram tumultuadas. Mais do que
instrumentos da fé, a religião era para ele um elemento de
governo. ‘Uma sociedade sem religião é como um navio
sem bússola’, disse em 1801, ano em que firmou a primeira
concordata com o papa. As negociações foram difíceis e
conduzidas com espírito militar. ‘Trate o papa como se ele
tivesse 200 mil homens à sua disposição’, recomendou ao
primeiro embaixador que enviou a Roma. A concordata
acertada previa que o governo francês nomearia parte dos
bispos no país e o papa os demais, mas todos os prelados
prestariam juramento de fidelidade ao Estado francês e
nomeariam párocos ‘do agrado do governo’.
As relações Igreja-Estado continuavam, contudo, conturbadas. Em 1804, depois de nomeado imperador,
Napoleão convenceu o papa Pio VII a vir a Paris para sua
coroação. Foi um feito diplomático memorável, para quem
se notabilizara apenas pelo uso eficiente das armas: mil
anos antes, outro imperador francês, Carlos Magno, teve
que fazer o caminho inverso e ir a Roma em busca da
bênção papal à sua investidura. Napoleão, não satisfeito,
frisou seu triunfo fazendo o papa esperá-lo três horas para
a cerimônia. Outra surpresa estava reservada para o chefe
da Igreja, nesse dia: Napoleão coroou a imperatriz Josefina
e, em seguida, com as próprias mãos, colocou a coroa
imperial sobre sua cabeça. Ao papa coube, apenas, a
celebração do ofício religioso.
Evidentemente, as relações entre os dois poderes não
seriam nada cordiais. Em 1805, Napoleão atacou os
Estados Pontifícios; em 1806, o papa recusou-se a aderir
ao bloqueio continental contra a Inglaterra. Em 1808, os
franceses ocuparam Roma e, em 1809, Napoleão ordenou a
anexação dos Estados Pontifícios à França. Pio VII foi
preso no palácio do Quirinal por ordem de Napoleão e,
mais tarde, foi levado a Savonna, sendo confinado no
castelo de Fontainebleau em 1812. Nesse ano, o imperador
impôs ao papa um tratado em que Pio VII abria mão da
nomeação de grande parte dos bispos franceses. No ano
seguinte, o papa recuou e denunciou o tratado; em 1814,
Napoleão mandou-o de volta a Fontainebleau e finalmente,
em 10 de março de 1814, permitiu sua volta a Roma.”
Cerimônia de coroação de Napoleão em 1804. Tela do pintor Jacques Louis
David (1748-1825).
1. Retrocesso na França
Acalmados os ânimos revolucionários, Napoleão
Bonaparte, que havia chegado ao poder com apoio da
burguesia francesa, começou a afastar-se cada vez mais
dos princípios democráticos daquele movimento. Em
1804 foi escolhido num plebiscito como novo imperador
do povo francês. Passou a governar de maneira tão autoritária e despótica quanto os monarcas que a Revolução
havia derrubado. Censurou a imprensa, criou o serviço
militar obrigatório e eliminou as liberdades políticas e
individuais.
Você sabia?
Napoleão (1769-1821) nasceu na Córsega.
Casou-se em 1796 com Joséphine de Beauharnais
de quem se divorciou por ela não ter lhe dado
um filho. Com a princesa austríaca Marie-Louise,
teve seu único filho, Joseph-François-Charles,
que morreu com 21 anos, tendo sido coroado
rei de Roma.
Napoleão Bonaparte
governou cinco anos
como cônsul antes de
ser coroado
imperador da França.
RUY, José Carlos e MARANHÃO, Ricardo in Revista Superinteressante.
São Paulo, Editora Abril, ano 3, n.º 2, 1989, p. 41
233
C2_8o_Ano_Historia_SOME_Tony_2013 07/03/13 15:12 Página 234
salvaguardar a continuidade da Coroa, a solução encontrada foi a saída de Portugal. Assim, D. João VI e toda a
Corte portuguesa fugiram de Lisboa e vieram para o Brasil.
Contaram com a escolta de navios ingleses que se
comprometeram a garantir a sua segurança. É certo que os
ingleses também tinham seus interesses. Queriam manter o
acesso aos portos portugueses que serviam como ponto de
apoio para seus próprios navios e centros de irradiação dos
produtos britânicos e também impedir que os franceses se
apoderassem da importante frota portuguesa.
Com a vinda da Corte para o Rio de Janeiro, o Brasil
tornou-se a sede do Império Colonial português. Afrouxaram-se os laços de dominação colonial e iniciou-se o
processo de independência em nosso país. Aprofundouse também o vínculo comercial com a Inglaterra, a qual
passou a ter grande participação na economia brasileira.
1. Que pretendia Napoleão com sua atitude de efetuar
ele próprio a sua coroação?
_________________________________________
_________________________________________
_________________________________________
2. Comente as relações entre o Estado francês e a Igreja
descritas no texto.
_________________________________________
_________________________________________
_________________________________________
O Império Napoleônico
Napoleão Bonaparte, no comando da França, invadiu
diversos países europeus, formando vasto Império. A
Inglaterra, no entanto, permanecia irredutível ao seu
avanço militar. A concorrência dos produtos industriais
ingleses prejudicava a frágil economia francesa que,
encaminhando sua própria industrialização, estava
tentando se afirmar após o longo período de revolução.
Para enfraquecer a Inglaterra e minar seu poderio
econômico, o imperador francês pensou em uma
estratégia: impôs, em 1806, aos países sob sua influência
o Bloqueio Continental. Com esse bloqueio, as nações
europeias estariam impedidas de manter relações
comerciais com a Inglaterra.
Você sabia?
A frota transportando a Corte de D. Joao VI saiu de
Portugal em 29 de novembro de 1807. Trazia também a rainha D. Maria I, vários milhares de pessoas,
documentos, tesouros da Coroa e outros bens avaliados em 80 milhões de cruzados. No dia seguinte, em
30 de novembro, tropas francesas invadiam Lisboa.
(PANTALEÃO, Olga. A presença inglesa. In: HOLANDA,
Sérgio Buarque. História Geral da Civilização Brasileira.
Tomo II, DIFEL.)
Ventos de conservadorismo na Europa
Também a Rússia deixou de acatar as determinações
de Napoleão e rompeu o Bloqueio Continental em 1812.
O imperador francês entrou em guerra com esse país e
acabou sendo derrotado. Tropas da Rússia, Áustria,
Prússia e Inglaterra uniram-se contra ele, que acabou
sendo levado a abdicar o trono em 1814. Exilado na ilha
de Elba, ali ficou por pouco tempo. Com auxílio de sua
guarda pessoal, fugiu para retomar o trono francês que
havia sido substituído por Luís XVIII. Entretanto, as
forças que se opunham a Napoleão se uniram e lhe
impuseram uma derrota definitiva em Waterloo (1815).
Napoleão foi enviado para a ilha de Santa Helena, onde
morreu em 1821.
Após a derrota de Napoleão, monarcas europeus
reuniram-se no Congresso de Viena (1814-1815) para
tentar restabelecer o absolutismo e conter o avanço dos
ideais de liberdade colocados em cena pela Revolução
Francesa. Nesse congresso, os limites territoriais dos
países invadidos por Bonaparte foram restabelecidos e
procurou-se estabelecer um equilíbrio entre as nações
europeias para garantir a paz.
A difícil opção portuguesa
O Bloqueio Continental criou um impasse para D.
João VI, regente de Portugal. Esse país era tradicional
aliado da Inglaterra e boa parte do seu comércio era feito
com os ingleses. Caso atendesse Napoleão, Portugal teria
seus próprios interesses econômicos prejudicados. Por outro
lado, se não cumprisse a determinação de Bonaparte, teria
seu território invadido pelas forças francesas. Como não
havia meios de resistir à invasão e para, ao menos,
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C2_8o_Ano_Historia_SOME_Tony_2014 10/01/14 15:02 Page 235
Como decorrência desse congresso, firmou-se a
Santa Aliança. Tratava-se de uma aliança militar estabelecida entre Áustria, Rússia, Prússia e Inglaterra, que se
retirou pouco depois. O objetivo dessa aliança era combater novos movimentos revolucionários que pusessem em
risco as monarquias europeias. Os participantes da Santa
Aliança realizaram algumas expedições militares na
Itália, Espanha e Alemanha. Perseguiram trabalhadores e
burgueses. Mas acabaram enfraquecidos, frente ao
avanço da ordem burguesa na Europa e ao surgimento de
movimentos de libertação nas colônias americanas.
Unidos criava esperanças. De fato, entre 1808 e 1825, as
colônias espanholas na América se levantaram contra sua
metrópole. Empreenderam uma guerra de independência
que levou à emancipação de quase todas elas, com
exceção de Cuba e Porto Rico, que ficaram ainda sob o
domínio espanhol.
Mas será que apenas a influência das ideias europeias
teria sido capaz de originar esses acontecimentos?
No final do século XVIII, a Espanha havia permitido
que suas colônias mantivessem comércio entre elas, mas
continuou impedindo que se relacionassem comercialmente com outros países. Isso desagradava aos criollos, os
filhos dos espanhóis nascidos na América, que defendiam
a liberdade de comércio visando, com isso, a aumentar seus
lucros. A proibição de instalação de manufaturas que
viessem a concorrer com os produtos metropolitanos
também causava descontentamentos na colônia.
Além disso, os criollos não tinham as mesmas oportunidades de ascensão social que os espanhóis recémchegados. Os cargos mais importantes na administração
pública e mesmo na hierarquia da Igreja eram ocupados
por uma elite vinda da Espanha. Isso causava enorme
insatisfação nos criollos que acabaram vendo na
emancipação o caminho mais curto para chegar ao
poder. Dessa forma, colocaram-se à frente no processo
de independência das colônias da América Espanhola. É
certo que houve participação de outras camadas sociais.
Camponeses e outros grupos sociais pouco favorecidos
viam na independência a possibilidade de concretizar
aspirações de melhoria em suas condições de vida. Mas
estes não viram suas expectativas serem realizadas.
VO C A B U L Á R I O
Abdicar = renunciar ao poder, deixar o trono.
Plebiscito = voto do povo, por sim ou por não, sobre uma
proposta, lei ou resolução a que ele seja submetido.
2. A independência da América
espanhola
As independências
Os países da América Espanhola conquistaram sua
independência por meio de uma guerra violenta. Mas
como começou a luta?
Napoleão Bonaparte, em 1808, havia colocado no
trono espanhol seu irmão José Bonaparte. Caracas,
México, Buenos Aires e Bogotá não quiseram reconhecer esse novo governo. Em meio a essa crise começaram a estourar movimentos separatistas. Iniciados nas
cidades, acabaram se espalhando para o campo. Na
guerra de independência, alguns líderes se destacaram. É
o caso de Simón Bolívar, José Sucre, San Martín e
Bernardo O’Higgins. Todos eles haviam participado das
reuniões feitas nos cabildos, locais onde a elite criolla se
reunia para discutir ideias políticas e reivindicações dos
grupos menos favorecidos da população.
Após a restauração da monarquia, as forças da Espanha tentaram conter os movimentos que surgiam, com
êxito cada vez menor. Até que, uma a uma, as regiões de
colonização espanhola na América deram origem a
nações independentes. Esses países então criados
adotaram o regime republicano como forma de governo.
Mapa representando a independência das colônias americanas.
Contexto histórico
As transformações ocorridas na Europa no século
XVIII repercutiram intensamente no continente
americano. As novas ideias políticas já vinham chegando
aqui ao longo daquele século, fermentando ideais de
liberdade. O exemplo da independência dos Estados
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Vejamos alguns casos:
País
Ano
Liderança
Argentina
1816
José de San Martín
Chile
1818
José de San Marítn
Colômbia
1819
Simón Bolívar e José Sucre
México
1821
Padres Miguel Hidalgo e
José Maria Morelos
Espanha, em dificuldades econômicas em função das
guerras externas que vinha enfrentando, estava procurando aumentar os impostos e tentando controlar mais as
suas colônias. Tal iniciativa de arrochar ainda mais o
esquema de exploração colonial, num momento em que
isso estava sendo muito criticado, acabou por levar a uma
reação violenta de suas possessões na América.
Para discutir esse assunto, leia os dois textos a seguir
e responda às questões.
Peru
1821
José de San e José Sucre
TEXTO COMPLEMENTAR
Venezuela
1821
Simón Bolívar e José Sucre
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Equador
1822
Simón Bolívar e José Sucre
Bolívia
1825
Simón Bolívar e José Sucre
As razões da independência
“Por que se insurgem as colônias da Espanha? Será porque
os grandes latifundiários (habitualmente produtores para a
exportação), os proprietários de minas, os donos de milhões
de índios e os poderosos mercadores de além-mar foram seduzidos pelos filósofos franceses e alguns pensadores liberais
espanhóis? É claro que houve exceções (e Bolívar foi uma
delas), mas a imensa maioria moveu-se por motivos mais prosaicos. Havia chegado o momento de afastar um sócio incômodo: o poder da Coroa Espanhola. Incômodo ou muito mais
que isso, porque dificultava as transações mercantis, opunha
restrições ao desenvolvimento de determinados setores produtivos, entregava o comércio com o além-mar a um grupo de
monopolistas privilegiados, confiscava para si uma parte considerável do excedente econômico produzido pelo trabalho
dos índios, limitava o acesso de criollos aos postos fundamentais da administração pública, e no cume da hierarquia
social nem sempre conseguiam instalar-se os que aspiravam
a isso em virtude de seu grande poder econômico.”
–––––––––––
San Martín, um dos
grandes líderes no
processo de
independência da
América Espanhola.
POMER, Leon. As independências da América Latina. 2.ª ed. São Paulo,
Brasiliense, 1981. p.10
Você sabia?
TEXTO COMPLEMENTAR
–––––––––––
O Uruguai foi incorporado ao Brasil em 1821
como nome de Província Cisplatina, vindo a se
tornar independente em 1828.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Independência: liberdade para quê?
“Os homens que lideraram o processo de independência política, descontentes com o sistema colonial, estavam
imbuídos das ideias liberais burguesas ‘descobertas’ nos
estudos realizados na Europa ou através de livros dos
‘franceses’ entrados clandestinamente no continente.
Julgavam-se absolutamente bem preparados para alcançar
seus objetivos e acreditavam esperançadamente no futuro.
As ideias de liberdade, de igualdade jurídica, da legitimidade da propriedade privada, da educação como remédio
para os grandes males, da necessidade do império da lei,
do progresso e da felicidade geral do povo estavam todas
presentes nos projetos desses líderes liberais.
Na América Espanhola, homens como Bolívar, San
Martín, Mariano Moreno, Bernardo de Monteagudo, José
Cecílio del Valle, Frei Tereza Servando de Mier apontavam
oposições bastante claras; o Mundo Novo que surgia era o
lugar da liberdade que se opunha à Espanha, reino do
despotismo, da opressão e do arbítrio. A América era o
espaço do novo, da esperança, do futuro.
Entre os anos de 1810 e 1820 os objetivos fundamentais da
luta desses grupos eram os mesmos e o inimigo comum era a
Espanha. Todos os esforços concentravam-se para acabar com
o domínio da Espanha. A tônica dos discursos era a liberdade.
Você sabia?
Simón Bolívar foi chamado de grande libertador, pois pretendia viabilizar a integração de
todo o continente americano. Inspirou o nome
de um dos países criados no processo de
independência: Bolívia.
Discutindo a História
Você deve ter percebido que, para entender o
movimento de independência das colônias americanas, é
preciso situá-lo num contexto histórico mais amplo que
diz respeito à crise do próprio sistema colonial.
As transformações econômicas na Europa com a
Revolução Industrial, como já vimos, haviam colocado em
discussão os princípios da política econômica mercantilista e proposto novas orientações de acordo com o
liberalismo econômico. Questionavam-se, por exemplo,
os monopólios e as restrições à liberdade de comércio. A
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C2_8o_Ano_Historia_SOME_Tony_2013 07/03/13 15:12 Página 237
Liberdade, entretanto, não é um conceito entendido de
forma única; tem significados diversos, apropriados
também de formas particulares pelos diversos segmentos
da sociedade. Para um representante da classe dominante
venezuelana, Simón Bolívar, liberdade era sinônimo de
rompimento com a Espanha, para a criação de fulgurantes
nações livres que seriam exemplos para o resto do
universo. Mas, principalmente, nações livres para
comerciar com todos os países, livres para produzir, única
possibilidade, segundo essa visão, do desabrochar do
Novo Mundo.
Já para Dessalines, o líder da revolução escrava do
Haiti, que alcançou a independência da França em 1804,
a liberdade, antes que tudo, queria dizer o fim da
escravidão, mas também carregava um conteúdo radical
de ódio aos opressores franceses (…).
Para outros dominados e oprimidos como os índios
mexicanos, a liberdade passava distante da Espanha e
muito próxima da questão da terra.”
1. Grife as ideias principais dos dois textos.
2. Com base na exposição dos dois autores, aponte
razões que teriam dado origem aos movimentos de
libertação colonial na América Espanhola.
3. Você já observou que o Brasil depois de sua
independência tornou-se um único país, enquanto a
América Espanhola foi fracionada em diversos
países. Que razões poderiam explicar isso? Discuta
com seus colegas e com seu professor e use o espaço
abaixo para registrar suas conclusões.
PRADO, Maria Lígia. A formação das nações
latino-americanas. São Paulo: Atual/Campinas Edunicamp,
1986. pp. 12-14
VO C A B U L Á R I O
Arrochar = apertar com muita força; comprimir; conter.
Emancipação = libertação, ato ou efeito de tornar-se livre
ou independente.
Prosaico = trivial, comum, vulgar.
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES
1. Complete adequadamente o quadro abaixo:
Santa Aliança
Congresso de Viena
Formação:
Formação:
Objetivos:
Objetivos:
2. Desafio Histórico:
Em que medida o Bloqueio Continental, decreto napoleônico de 1806, relaciona-se com a História do Brasil?
3. Minipesquisa:
Procure descobrir como transcorreu a independência do Haiti. Não deixe de citar a bibliografia, o site e a data da
consulta.
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CAPÍTULO
8
Brasil: Sede do Império Português
A liberdade de comércio era vantajosa sobretudo para
os ingleses. Interessados em aumentar o mercado
consumidor de seus produtos industrializados, passaram a
usar o porto do Rio de Janeiro como porta de entrada para
seus produtos não só para o Brasil, mas também para
outras regiões da América do Sul.
A influência britânica na economia portuguesa e, por
consequência na brasileira, aumentava cada vez mais. Em
1810 firmaram-se tratados entre Portugal e Inglaterra que
garantiram grandes privilégios comerciais aos ingleses.
Pelo Tratado de Comércio e Navegação daquele ano, os
produtos vindos da Inglaterra pagariam taxas muito mais
baixas nas alfândegas de quaisquer portos do Império
português, fazendo com que seus produtos ficassem mais
baratos que os produtos vindos de outros lugares, até
mesmo de Portugal. Essa medida prejudicou os comerciantes e significou também uma dificuldade para o
desenvolvimento das manufaturas no Brasil, já que os
produtos ingleses chegavam aqui com preços menores.
Vista da Baía de Guanabara no início do século XIX, em pintura de F.E.
Taunay.
1. A corte portuguesa no Brasil
A transferência da corte para o Brasil, com todo o
aparato administrativo do governo, trouxe transformações profundas para a colônia portuguesa na América.
Para muitos autores, significou o início de nosso processo
de independência.
Você sabia?
Durante a viagem que trouxe a Corte portuguesa para o
Brasil, ocorreram vários contratempos. Houve muita
confusão já no próprio embarque, com todos querendo
entrar ao mesmo tempo. Com os navios abarrotados,
houve falta de água e comida a bordo. Para improvisar a
troca de roupas, a marinha inglesa providenciou lençóis e
cobertores. E mais, as mulheres foram obrigadas a raspar
os cabelos devido aos ataques de piolhos.
(FAUSTO, Boris. História do Brasil.
São Paulo: EDUSP FDE, 1997. p. 121.)
D. João VI, ao decretar a
Abertura dos Portos,
rompeu o Pacto Colonial.
Mais um passo rumo à independência
Antes mesmo de chegar ao Rio de Janeiro, onde viria
a se estabelecer, D. João VI tomou importante resolução.
Decretou, na cidade de Salvador, em 28 de janeiro de
1808, a abertura dos portos brasileiros às nações
amigas. Com isso, rompia-se o pacto colonial na medida
em que a metrópole deixava de ter o monopólio do
comércio de sua colônia. Muito importante, também, foi
a permissão concedida pelo rei, pouco tempo depois, para
que fossem instaladas manufaturas aqui. As duas medidas
favoreciam os comerciantes e proprietários rurais
brasileiros que, assim, teriam oportunidade de expandir
seus negócios, sem intermediação dos portugueses.
Enquanto D. João VI estava no Brasil, desenrolavamse na Europa os encontros dos representantes de nações
europeias no Congresso de Viena. Nesta reunião, firmouse o Princípio de Legitimidade pelo qual seriam
reconhecidos apenas os Estados existentes antes das
invasões napoleônicas e de outros movimentos
revolucionários. Por esse princípio, o Brasil ainda seria
uma colônia. Para evitar que D. João VI tivesse que voltar
para Portugal e ter a situação do reino regularizada, criouse o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Com
isso, alterava-se a situação política e jurídica do Brasil e
rompia-se oficialmente o pacto colonial.
238
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Conflitos internos e externos
Durante sua estada no Brasil, D. João VI quis ampliar
os domínios do Império português. Anexou em 1809 a
Guiana Francesa, com o auxílio financeiro dos ingleses,
e manteve seu controle na região até 1817. Invadiu o
atual Uruguai, que foi incorporado ao território brasileiro
em 1821 como Província Cisplatina, situação em que
ficou até 1828.
Internamente o rei português teve que se defrontar
com uma grande revolta em 1817: a Revolução Pernambucana. Inspirados nos ideais da Revolução
Francesa e no exemplo dos Estados Unidos, os pernambucanos quiseram separar-se de Portugal e chegaram a
instalar na região uma república. Ressentiam-se dos
altos impostos cobrados pelo governo imperial que, aos
seus olhos, relegavam a segundo plano aquela região
açucareira que vinha enfrentando sérios problemas econômicos. Os mais diferentes setores sociais reuniram-se
nessa rebelião: grandes proprietários de terras, comerciantes e militares. Estes últimos foram os líderes, mas
houve participação de todos os outros setores, inclusive
de escravos. É claro que cada qual com seu próprio
interesse.
A partir de Pernambuco a revolta alcançou o sertão,
recebendo a adesão de Alagoas, Paraíba e Rio Grande
do Norte. Durante dois meses a região esteve sob o
comando dos revolucionários que chegaram a instalar
um governo republicano independente. No entanto, D.
João VI enviou soldados para lá e o movimento foi
derrotado. Seus participantes foram perseguidos, castigados e alguns, principalmente os das camadas menos
favorecidas, acabaram sendo executados e esquartejados.
Jardim Botânico no Rio de Janeiro, pintor anônimo.
Você sabia?
O Banco do Brasil foi fundado em 12 de outubro
de 1808 por D. João. Foi o quarto banco emissor
do mundo. Antes dele, apenas Suécia, Inglaterra e
França haviam emitido. Instalado num prédio da
antiga rua Direita, esquina com a rua São Pedro,
no Rio de Janeiro, o banco iniciou suas atividades
em 11 de dezembro de 1809. Em 25 de abril de
1821, D. João VI e a Corte voltaram a Portugal,
para onde levaram os recursos que haviam
depositado no banco. Foi a primeira crise da
instituição. Para formar o capital do Banco do
Brasil, D. João se fartou de vender títulos de
nobreza a comerciantes, usineiros, fazendeiros e
a quem tivesse dinheiro. Em pouco mais de um
ano, o Brasil já tinha mais condes, duques, barões
e marqueses que a Corte portuguesa. Havia
também títulos mais baratinhos, como o de
comendador, de cavaleiro ou de oficial.
(DUARTE, Marcelo. O Guia dos Curiosos: Brasil.
São Paulo: Cia. das Letras, 1999. p.78.)
A vida da cidade mudou com a introdução de alguns
hábitos europeus. Músicos e cantores vinham da Europa
para se apresentar no Rio de Janeiro, despertando na elite
sediada na corte o gosto pela ópera e pelo balé. Entretanto,
as ruas continuavam a ser ocupadas pelos muitos
escravos que também viviam na cidade, demonstrando
que aqui ainda se vivia de modo diferente do padrão
europeu que se queria imitar.
Durante a estada de D. João VI no Brasil, muitos
estrangeiros vieram para cá: espanhóis, franceses e
ingleses. Entre eles, alguns viajantes, cientistas que
percorriam o País para observar nossa fauna, flora e
também nossos costumes. É o caso do zoólogo Spix e do
botânico Martius, os dois da Bavária, e do francês
Auguste de Saint-Hilaire.
Mudança de hábitos
A transferência da corte portuguesa para o Brasil não
trouxe apenas transformações econômicas e políticas. O
Rio de Janeiro passou a ser mais do que sede administrativa do reino. A cidade cresceu e se transformou em
centro das atividades culturais, de onde se irradiavam
novos hábitos e costumes para outras regiões do País.
Antigas restrições que impediam a circulação de
ideias caíram. Livros e jornais, ainda que sujeitos à
censura, passaram a ser impressos no Brasil. Abriram-se
teatros, academias literárias e científicas. Na bagagem da
corte vieram os primeiros livros que deram início à
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Datam também
dessa época a criação do Jardim Botânico, do Arquivo
Nacional, do Banco do Brasil; a construção de teatros;
melhoramentos no porto e alargamento das ruas;
instalação de cursos de medicina; construção de edifícios
públicos e muito mais.
Máscaras indígenas em desenhos de Jean-Baptiste Debret.
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cidade do Rio de Janeiro no início do século XIX
retratadas por Debret e por Henry Chamberlain. Registre
suas observações no espaço reservado.
Litografia aquarelada de
Johann Baptiste von Spix.
Aquarela de Jean-Baptiste Debret com cena do Rio de Janeiro no início do
século XIX.
Índios apiacás em aquarela de Hercule Florence.
Em 1816, a convite do governo imperial, chegou ao
Rio de Janeiro a Missão Artística Francesa. Pintores,
escultores, músicos e outros artistas vieram para fundar
uma academia de artes. Entre eles, o arquiteto Auguste
Grandjean de Montigny, Nicolas Antoine Taunay e JeanBaptiste Debret. Este último foi autor de importantes
desenhos e aquarelas sobre a paisagem e os tipos
humanos brasileiros. Permaneceu aqui mesmo após a
maior parte deles retornar e participou da inauguração,
em 1826, da Academia Imperial de Belas Artes. Essa
Missão introduziu no Brasil a tendência artística
neoclássica nas artes plásticas e na arquitetura.
Cena do Largo da Glória no Rio de Janeiro em pintura de H. Chamberlain.
TEXTO COMPLEMENTAR
–––––––––––
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Texto 1
“Boa parte dos viajantes que visitaram o Rio de
Janeiro nesta década de 1810 reconhecia as mudanças,
indicando um refinamento da sociabilidade que se
estendia às moradias, aos móveis, às roupas, às joias, aos
adornos, à etiqueta, ao comer e beber, à importação e uso
de objetos que faziam seu dono sentir-se mais elegante ou
à vontade, numa sociedade de corte que propiciava o
aparecimento e a expansão de novos serviços: a modista
francesa, os tecidos importados, o cabeleireiro, o
professor de dança, os préstimos de um pintor, além de
incentivar as idas ao teatro, aos banquetes e bailes, às
missas solenes, sobretudo se se contasse com a presença
de alguém da realeza.”
Você é o historiador
A vinda da família real para o Brasil, como você já
estudou, trouxe mudanças importantes na economia com
o fim do pacto colonial e, na política, com a nova situação
de Reino Unido. No Rio de Janeiro, houve uma
intensificação do modo de vida urbano, segundo padrões
europeus. A facilidade de adquirir produtos importados e
um maior contato que se estabeleceu com a Europa
contribuíram para isso. Entretanto, a sociedade brasileira
ainda era fortemente marcada pela escravidão. Leia os
textos que se seguem e observe as cenas do cotidiano da
SOUZA, Iara Lis Carvalho. Patria coroada. O Brasil como
corpo político autônomo. 1780–1831. São Paulo: Unesp, 1999.
240
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2. O Rompimento com Portugal
TEXTO COMPLEMENTAR
–––––––––––
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Texto 2
“A população da cidade cresceu por causa da
transferência da corte, mas também graças à entrada
maciça de africanos no Brasil. Apesar do acordo com a
Inglaterra para diminuir e cessar o tráfico, este foi um
período de intensa chegada de negros, homens jovens de
preferência, vindos principalmente do centro-oeste africano e sendo denominados de várias formas no Brasil:
negro, pardo, mulato, crioulo. Exerciam diversos trabalhos nas casas, qualificados ou não, servindo de aluguel,
circulando pela cidade, nas tavernas, nas praças, nas
ruas, nas casas, nas igrejas, alfândegas, mercados, no
porto, sujeitos aos castigos físicos, à prisão e ao trato violento diário e contínuo, que a própria condição de escravo
embutia, o que não significa uma anulação de seus anseios, de seus desejos e modos de compreender suas vidas
– fosse num plano pessoal, fosse coletivamente. De todo
modo, a presença escrava tornou-se, no início do século
XIX, parte integrante e crucial do Rio de Janeiro.”
Pintura representando D. Pedro I sendo aclamado pela população.
A Proclamação da Independência
do Brasil
Em 7 de setembro de 1822, D. Pedro de Alcântara,
filho de D. João VI, declarou, às margens do riacho do
Ipiranga, próximo à cidade de São Paulo: “Independência
ou Morte”. Esse fato, celebrado como uma data fundamental para a história do Brasil, revestido de muitos significados, marcou nossa separação definitiva de Portugal e o
início da construção do Estado nacional brasileiro.
Mas qual o alcance das mudanças? Em que bases
ocorreu o início da construção de nosso país?
SOUZA, Iara Lis Carvalho. Pátria coroada: o Brasil
como corpo político autônomo. 1780–1831. São Paulo:
Unesp, 1999.
Os fatos…
A Independência não resultou de uma decisão
pessoal de D. Pedro, mas foi fruto de um processo mais
longo iniciado já na transferência da administração
portuguesa para cá, como foi visto na aula anterior. Os
acontecimentos se precipitaram quando Portugal passou
a querer restabelecer o controle do Brasil, tentando
conduzir um retorno à situação colonial.
Após a saída da corte para o Brasil, Portugal vinha-se
defrontando com muitos problemas. Sua produção
econômica estava desorganizada e os comerciantes
portugueses haviam perdido seus privilégios na venda
dos produtos coloniais com a extinção do monopólio
após a abertura dos portos. O comando do país havia
passado para tropas inglesas que se alojaram em
Portugal. A insatisfação era grande. Em 1820 explodiu a
Revolução do Porto, que preparou uma constituição
para o país e exigiu a volta de D. João VI. Sem saída,
com medo de perder o trono, o rei português abandonou
o Brasil, tomando o cuidado de deixar em seu lugar D.
Pedro de Alcântara como príncipe regente.
O retorno do rei português não significou o fim dos
problemas. As cortes portuguesas exigiam um retorno do
Brasil à situação colonial. Passaram a pressionar D. Pedro
para que ele também retornasse a Portugal. A população
começou a tomar partido. A elite latifundiária, representada
VO C A B U L Á R I O
Bavária = também denominada Baviera, designa áreas da
Alemanha, da Áustria e do sul do Tirol.
Neoclássico = tendência artística da segunda metade do
século XVIII e início do XIX que tentou reviver os
padrões da Antiguidade Clássica, principalmente
características de equilíbrio, medidas e clareza.
Taverna = taberna, local onde se vendem bebidas, principalmente o vinho.
241
C2_8o_Ano_Historia_SOME_Tony_2016 22/01/16 11:26 Página 242
na figura de José Bonifácio de
Andrada e Silva, o “Patriarca da
Independência”, defendia a
permanência de D. Pedro.
Temiam que, caso ele deixasse
o País, os ânimos, já exaltados, da população levassem a
uma rebelião de grandes
proporções e pusesse em risco
seus interesses econômicos.
TEXTO COMMPLEMENTAR
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
–––––––––––
A elite no poder
“As elites brasileiras que tomaram o poder em 1822
compunham-se de fazendeiros, comerciantes e membros
de sua clientela, ligados à economia de importação e
exportação e interessados na manutenção das estruturas
tradicionais de produção cuja base era o sistema de trabalho escravo e a grande propriedade. Após a Independência, reafirmaram a tradição agrária da economia
brasileira; opuseram-se às débeis tentativas de alguns
grupos interessados em promover o desenvolvimento da
indústria nacional, e resistiram às pressões inglesas
visando abolir o tráfico de escravos. Formados na ideologia da ilustração, expurgaram o pensamento liberal das
suas feições mais radicais, talhando para uso próprio uma
ideologia essencialmente conservadora e antidemocrática.
A presença do herdeiro da casa de Bragança no Brasil
ofereceu-lhes a oportunidade de alcançar a Independência sem recorrer à mobilização das massas. Organizaram um sistema político fortemente centralizado que colocava os municípios na dependência dos governos provinciais
e as províncias na dependência do governo central. Continuando a tradição colonial, subordinaram a Igreja ao
Estado e mantiveram o catolicismo como religião oficial, se
bem que, numa concessão ao pensamento ilustrado, tenham
autorizado o culto privado de outras religiões. Adotaram um
sistema de eleições indiretas baseado no voto qualificado
(censitário), excluindo a maior parte da população do
processo eleitoral.”
D. Pedro I.
Em 9 de janeiro de 1822, o príncipe regente tomou uma
posição definitiva e decidiu que ficaria no Brasil. Ao receber
um abaixo-assinado pedindo sua permanência, teria dito a
célebre frase: “Como é para o bem de todos e felicidade
geral da nação, estou pronto. Diga ao povo que fico!”.
A partir daí os acontecimentos se precipitaram e
levaram ao rompimento definitivo em 7 de setembro. A
aceitação da independência, entretanto, demorou um
pouco mais. Alguns grupos, principalmente aqueles
relacionados a comerciantes portugueses que temiam ter
seus interesses prejudicados, reagiram e se colocaram
contra a emancipação. A guerra de independência que se
seguiu nas províncias da Bahia, Pará e Cisplatina durou
alguns meses ainda.
Apesar dessas reações, localizadas, a passagem do
Brasil para uma situação de nação independente se fez
sem grandes convulsões sociais. E ainda diferentemente
das colônias espanholas que se haviam fracionado em
diversas repúblicas, a unidade do território foi mantida
sob o regime monárquico.
Você sabia?
A Inglaterra ajudou, com armas e oficiais, a
Guerra de Independência. A retirada dos
portugueses da Bahia ocorreu em 2 de julho de
1823, com o auxílio do escocês Lord Cochrane.
Essa data é comemorada por muitos baianos como
marco da independência.
COSTA, Emília Viotti da. Da monarquia à república:
momentos decisivos. São Paulo, Grijalbo, 1977, p.11
VO C A B U L Á R I O
Censitário = diz-se do voto baseado na renda (apenas os
…e seu significado
ricos votavam).
Com a independência, o Brasil teria conquistado a
libertação de Portugal. Mas qual o significado dessa
liberdade?
Sobre isso, leia o texto a seguir e discuta com seus
colegas de classe o alcance dessa liberdade e o significado
da independência. Para orientar sua discussão, considere:
– a existência, ou não, de alterações na estrutura
econômica e social;
– o grupo social que passou a comandar o País;
– a participação, ou não, do povo no movimento de
independência.
Convulsão social = revolta social, popular.
Débil = frágil, fraco.
Expurgar = afastar, retirar; limpar, sanear.
Você é o historiador
Você considera que, com a Independência, a estrutura da sociedade brasileira foi alterada?
Registre suas conclusões no espaço a seguir:
242
C2_8o_Ano_Historia_SOME_Tony_2016 22/01/16 11:23 Página 243
No Portal Objetivo
Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL
OBJETIVO (www.portal.objetivo.br) e, em “localizar”,
digite HIST8F204
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES
1. Vamos redigir?
B – Dia da cobrança de impostos atrasados na região de
Minas Gerais, ficando as pessoas sob a ameaça de
apreensão de todos os seus bens:
a) Devassa.
b) Derrama.
c) Dia do Quinto.
d) Cobrança.
e) Diretório.
Use as observações feitas neste capítulo e faça uma
pequena redação sobre a vida na cidade do Rio de
Janeiro na época da vinda da família real. Não se
esqueça de dar um título à sua redação.
2. Coloque verdadeiro ou
falso após cada afirmação.
C – Assinale a alternativa incorreta em relação à
Conjuração Baiana:
a) Participação de uma associação maçônica denominada Cavaleiros da Luz.
b) Grande influência da Revolução Francesa.
c) Participação de alfaiates, mulatos e negros da
Bahia.
d) Proposta revolucionária que, entre outros itens,
pretendia a abolição da escravatura.
e) Movimento revolucionário que contou apenas
com a participação de médicos, advogados e
intelectuais baianos.
1. A proclamação da Independência do Brasil, em 7
de setembro de 1822, definiu a separação política
em relação a Portugal e o início da construção do
Estado nacional brasileiro. ( )
2. A Revolução do Porto, de 1820, exigia a volta
imediata de D. Pedro I a Portugal. ( )
3. Com o retorno de D. João VI a Portugal, as cortes
lusitanas deixaram de interferir no processo
político brasileiro. ( )
4. Grupos de comerciantes portugueses, que temiam
ter seus interesses prejudicados, colocaram-se
contra a emancipação política do Brasil, tendo
sido responsáveis pela eclosão de movimentos de
revolta em São Paulo e no Rio de Janeiro. ( )
D – Sobre a composição social do Terceiro Estado, à
época da Revolução Francesa, é correto afirmar:
a) Era formado pelo grupo sans-culottes e grande
massa de camponeses franceses.
b) Era formado pela nobreza.
c) Era formado pela burguesia, intelectuais e
pequenos comerciantes.
d) As afirmações a e c estão corretas.
e) As afirmações b e c estão corretas.
3. Testes
A – O Tratado de Methuen, assinado em 1703, entre
ingleses e portugueses estabelecia que
a) a Inglaterra daria prioridade de compra aos vinhos
portugueses.
b) produtos ingleses entrariam no Brasil pagando
uma alta taxa de tarifa alfandegária.
c) Portugal compraria tecidos de lã, entre outros
produtos, apenas de comerciantes ingleses.
d) as afirmações a e c estão corretas.
e) as afirmações b e c estão corretas.
E – Fato histórico que determina o fim do Período do
Diretório e da própria Revolução Francesa:
a) Golpe do 18 Brumário – Napoleão Bonaparte.
b) Assassinato do rei Luís XVI.
c) Golpe do 18 Brumário – Robespierre.
d) Criação do Código Civil – Napoleão, em 1804.
e) Derrota das tropas napoleônicas na campanha da
Rússia.
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Atividade Opcional 1
Recriando a História – Dramatização
Uma crônica do século XVIII conta-nos
que, no dia da Tomada da Bastilha, seu
comandante militar ordenou que os soldados
atirassem contra o povo. Porém os soldados não
cumpriram a ordem e prenderam o comandante
que acabou por ser morto a pauladas.
O rei Luís XVI, ao saber do ocorrido, teria
dito:
“Oh! Mas isso é uma revolta?”
Ao que um assessor teria completado:
“Não, majestade, é uma Revolução.”
Orientação: A classe dividida em grupos
deverá apresentar uma pequena dramatização
sobre a Revolução Francesa. O grupo será
responsável pela elaboração do texto que
deverá ter como personagens:
– povo;
– burguesia;
– nobreza;
– clero.
Use o espaço abaixo para registrar suas ideias.
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