MINERAIS DO PARAN S

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MINERAIS DO PARANÁ S.A.
MINEROPAR
AMOSTRAGEM LITOLÓGICA
NA PROSPECÇÃO MINERAL
E NO MAPEAMENTO GEOLÓGICO
Edir Edemir Arioli
Geólogo
Curitiba
2006
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
2
OBJETIVOS DA AMOSTRAGEM LITOLÓGICA
2
PRINCÍPIOS DA AMOSTRAGEM LITOLÓGICA
4
COEFICIENTE DE VARIABILIDADE DOS DEPÓSITOS MINERAIS
5
TIPOS DE AMOSTRAS LITOLÓGICAS
6
AMOSTRAS PONTUAIS
6
AMOSTRAS DE CANAL
8
AMOSTRAS DE CAMADA
12
AMOSTRAS DE VOLUME
13
A ESCOLHA DO TIPO DE AMOSTRAGEM
14
RECOMENDAÇÕES FINAIS
14
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
18
1
INTRODUÇÃO
Todo projeto de prospecção mineral ou mapeamento geológico desenvolve-se
por etapas que se justificam por meio de resultados obtidos a partir de amostras,
sejam elas espécimes físicos (rocha, minério, sedimento de drenagem, concentrado
de bateia, água, rejeito de mina, e assim por diante), dados estatísticos (medidas
estruturais, teores químicos e geoquímicos, medidas geofísicas, percentagens de
composição mineralógica, entre outros) ou informações qualitativas (descrições de
regiões, afloramentos e amostras).
Poucos geólogos mostram dominar os critérios básicos e as técnicas desta
tarefa essencial da Geologia e da Mineração, que é a coleta de amostras litológicas.
Por isto, o objetivo desta revisão é recuperar da literatura alguns critérios fundamentais que orientam a prática da amostragem de rocha e minério, nas etapas regionais
e de semidetalhe da prospecção e do mapeamento geológico. Ficam excluídas deste escopo, portanto, as amostragens de sedimentos de drenagem, concentrados de
bateia e medidas estruturais, bem como as praticadas durante a avaliação econômica dos depósitos minerais. Neste último caso, é conveniente recorrer à geoestatística, o que foge às possibilidades desta revisão.
O leitor não deve estranhar as divergências de critérios entre os autores consultados, pois elas refletem teorias e experiências diferentes. Apesar de mencionados, nem todos foram utilizados como base para a montagem do quadro de referência final, onde aparecem apenas os critérios coerentes com a teoria geral da amostragem ou, no mínimo, as recomendações mais consistentes da literatura especializada.
OBJETIVOS DA AMOSTRAGEM LITOLÓGICA
Amostra é uma porção reduzida de um corpo ou população infinitamente maior, que resume em si mesma determinadas características do todo. Para que ocorra
esta representatividade, é preciso adotar critérios e métodos que permitam manter
os erros intrínsecos de cada etapa, desde a coleta da amostra até a interpretação
2
dos dados, dentro de limites aceitáveis e controlados. Ao contrário do que se afirma
comumente, a amostra não representa um corpo de rocha ou minério, mas exclusivamente as suas porções fisicamente acessíveis, e os seus dados podem ser extrapolados apenas às zonas de influência estatisticamente definidas.
O objetivo final de toda amostragem é a determinação de um parâmetro de
qualidade, ou atributo, dentro de uma população: teores geoquímicos, mineralogia,
umidade, porosidade, densidade, susceptibilidade magnética, e assim por diante.
Mas um depósito mineral é uma mistura de minerais em proporções que variam de
ponto a ponto da sua massa. Conseqüentemente, as proporções de seus metais
também variam de um local a outro. Por isto, é extremamente improvável que uma
única amostra represente com eficiência a composição global do depósito. O erro
existente diminui com o número crescente de amostras, mas não desaparece. Toda
amostragem envolve, portanto, um erro intrínseco. Os objetivos da amostragem litológica devem incluir, por isto, a busca do equilíbrio entre o menor número de amostras e o maior grau de precisão possível.
Os objetivos gerais da amostragem litológica podem ser assim relacionados:
•
Representar depósitos naturais ou artificiais (estoques e rejeitos) de rochas, minerais e minérios.
•
Determinar propriedades física e químicas dos materiais amostrados.
•
Aplicar os dados assim obtidos a:
(a) classificação de rochas, minerais e minérios;
(b) avaliação de potencialidade econômica;
(c) cubagem de reservas;
(d) seleção de processos de tratamento e transformação industrial;
(e) interpretação dos processos de formação.
3
PRINCÍPIOS DA AMOSTRAGEM LITOLÓGICA
A amostragem deve ser sempre sistemática, independente da etapa e
dos objetivos do trabalho. Isto significa que ela deve sempre obedecer aos critérios e métodos da sua teoria. Não existe vantagem em se recorrer a procedimentos
mais fáceis, quando eles prejudicam os resultados, pois talvez seja preferível não ter
dados do que tê-los falsos ou com erros acima dos limites aceitáveis.
Toda amostragem envolve erros, em todas as etapas, desde a coleta até
a interpretação dos dados. Estes erros devem ser mantidos sob controle, por métodos apropriados, para que se mantenham conhecidos e dentro dos limites admissíveis para cada caso. É fácil de se verificar o quanto este princípio deixa de ser obedecido nos projetos de prospecção e mapeamento, pelas raras referências feitas
nos textos aos limites dos erros observados em cada tipo de amostragem.
Uma amostra só pode representar uma zona de homogeneidade para um
determinado atributo. Isto pode corresponder a uma zona visivelmente uniforme do
corpo amostrado, por meio de alguma propriedade aparente (variações litológicas e
zonas de alteração intempérica, por exemplo), ou a uma zona de influência determinada estatisticamente. O primeiro tipo de zona homogênea tem valor somente quando é confirmado e coincidente com o segundo, pois a representatividade é um conceito estatístico.
A escolha de qualquer esquema de amostragem exige a definição do
comportamento estatístico dos atributos pesquisados através do corpo amostrado. Por isto, as regras empíricas aplicam-se somente às fases preliminares de
qualquer pesquisa, pois elas se baseiam em modelos genéricos. Toda amostragem
sistemática exige uma fase inicial para determinação do comportamento estatístico
dos atributos investigados, que é definido pelo coeficiente de variabilidade, e planejamento do esquema de amostragem.
4
COEFICIENTE DE VARIABILIDADE DOS DEPÓSITOS MINERAIS
O coeficiente de variabilidade é um conceito estatístico de aplicação universal
para a caracterização do comportamento estatístico dos atributos medidos numa
população. A sua equação é simples:
V = d / x . 100%
d: desvio-padrão dos valores
x: média dos valores
Este coeficiente é parâmetro fundamental para a escolha dos métodos de
amostragem litológica, como será visto nos próximos itens. Ele permite classificar os
depósitos minerais em três categorias de variabilidade:
Depósitos regulares
V = até 40%
Maciços ou em camadas, são depósitos nos quais os minerais de minério
constituem a grande massa. Os parâmetros de qualidade variam essencialmente em
função da composição química destes minerais e das propriedades físicas do corpo
de minério. Exemplos: depósitos sedimentares de carvão, calcário, enxofre, ferro,
manganês, fosforita, sais de potássio, bauxita, argilas e materiais de construção.
Depósitos irregulares
V = 40% a 100%
Filoneanos ou disseminados na massa de rochas ígneas ou sedimentares,
raramente metamórficas, estes depósitos contêm minerais de minérios formando a
mineralogia essencial dos filões e das disseminações. Os teores globais (não os de
cada veio, portanto) variam basicamente em função da composição química dos minerais de minério e da geometria dos corpos mineralizados (tamanho, forma e distri5
buição). Exemplos: depósitos filoneanos e disseminados de Cu, W, Mo, Sb, Hg, Co,
fluorita, calcita, barita.
Depósitos erráticos
V = acima de 100%
São filoneanos ou disseminados na matriz de brechas ou conglomerados, nos
quais os minerais de minério representam porções menores da mineralogia dos corpos mineralizados, descendo ao nível de minerais acessórios. Os teores variam basicamente em função da composição e da concentração dos minerais de minério.
Exemplos: depósitos filoneanos e disseminados de Sn, W, Mo, Au, Pt, Be, Li, terras
raras e depósitos detríticos de Sn, W, Nb, Ta, Ti, Au, Pt, Zr.
TIPOS DE AMOSTRAS LITOLÓGICAS
As amostras litológicas podem ser classificadas, segundo a forma de coleta,
em: pontuais, que podem ser simples (blocos) ou compostas (lascas e punhados);
lineares, que podem ser obtidas por meio de canal, testemunho de sondagem ou
pós de perfuratriz; planares, que são em camadas; e de volume, que podem ser
coletadas em poços, galerias ou pilhas de estoque.
Amostras pontuais
Para McKinstry (1977), as amostras pontuais, ou de lascas, nunca devem ser
usadas em trabalhos de prospecção, mas apenas no controle de qualidade em frentes de lavra, quando o método já foi comparado com canais e aprovado como suficientemente preciso. Mesmo as compostas, ou de punhados, coletadas em pilhas de
estoque e desmonte (frentes de fogo), aplicam-se somente a minérios cujos teores
independem do comportamento do minério e do estéril à explosão, ou a estoques já
homogeneizados.
6
De fato, tanto as amostras simples quanto as compostas, embora sejam freqüentemente usadas na prospecção, apresentam erros inadmissíveis. A sua aplicação é limitada a estudos petrográficos, porque a própria técnica de análise exige este tipo de amostra, e à dosagem química dos constituintes essenciais de rochas tipicamente homogêneas.
Apesar do processo aparentemente rudimentar de coleta, a regularidade deve
ser mantida tanto no tamanho das lascas quando no espaçamento entre os pontos
de amostragem. O tamanho de cada fragmento e de cada amostra depende da granulação do material, enquanto o espaçamento da amostragem depende da regularidade espacial do atributo medido. A Tabela 1 resume os critérios de dimensionamento deste tipo de amostragem.
Tabela 1. Parâmetros para dimensionamento de amostras pontuais compostas.
V (%)
LASCAS POR
AMOSTRA
PESO
INDIVIDUAL (g)
PESO TOTAL
(kg)
INTERVALOS
(m)
- 40
12 - 16
120
1,5 - 2,0
6 - 50
40 - 100
20 -25
250
5,0 - 6,5
4-6
100 - 150
35 - 50
500
17,5 - 25,0
2-4
+ 150
55 - 75
1.000
55,0 - 75,0
1-2
A fórmula de Richards-Chechette pode ser aplicada para calcular o peso de
cada amostra individual:
Q = K.d2
Q: peso da amostra em g
K: constante fornecida pela Tabela 2
d: diâmetro da maior partícula em mm
A constante K reflete a regularidade de distribuição do constituinte medido,
enquanto o diâmetro refere-se às maiores partículas da amostra, as quais podem
coincidir ou não com o mesmo constituinte. Os valores de K, fornecidos pela Tabela
2, conforme adaptação feita por Baryshev, são mais realistas do que os originais de
Richards-Chechette.
7
Tabela 2. Coeficientes de segurança de Richards-Chechette,
adaptados por Baryshev.
V (%)
K
- 40
0,05
40 - 100
0,1
100 - 150
0,2 - 0,3
+ 150
0,4 - 0,5
Uma regra empírica, extraída da fórmula acima, pode ser aplicada com o máximo de segurança possível (K = 0,5): o peso de uma amostra pontual, medido em
gramas, deve ser pelo menos igual à metade do quadrado do diâmetro da maior partícula constituinte, medido em milímetros. Exemplo: uma amostra do granito Três
Córregos, cujos fenocristais de feldspato medem 40 mm de diâmetro, deve pesar
pelo menos 800 g, porque 40 x 40 = 1.600 ÷2 = 800.
Em estudos litoquímicos, Beus e Grigorian (1977) recomendam coletar meia
dúzia de fragmentos com até 2 cm de diâmetro em cada zona de homogeneidade, a
intervalos de 5 a 10 m. Este tipo de amostra é mais sensível às variações de teores
geoquímicos dos elementos menores do que as de canal, por exemplo. Estes autores recomendam moer a amostra a 1 mm, quartear e pulverizar apenas um quarto
para análise. As amostras de controle devem representar 10% dos lotes.
Amostras de canal
Amostras de canal são as mais recomendadas e utilizadas na pesquisa de
rochas e minérios tabulares - filões ou camadas. Nestes corpos, os constituintes distribuem-se com variações tipicamente anisótropas, isto é, com graus de variabilidade
muito mais altos através da espessura dod que ao longo da direção e do mergulho.
Canais irregulares ou linhas de fragmentos são freqüentemente usados como
se fossem amostras de canal, mas este é um erro grosseiro que deve ser evitado,
porque não há termos de comparação entre as representatividades dos dois tipos de
amostras. A principal característica da amostra de canal não pode ser deformada e
ela justifica a universalidade da sua aplicação: a regularidade de volume da amostra
8
ao longo de uma dimensão do corpo amostrado. KcKinstry (op.cit.) enfatiza tanto e
dá tanta importância à regularidade, que recomenda o uso de um gabarito de madeira para controle da seção do canal durante a coleta.
A Tabela 3 foi adaptada de Kreiter (1968), de modo a permitir o uso de duas
larguras apenas (5 e 10 cm), mantendo as mesmas seções para não se alterar os
volumes coletados por metro de canal. Por outro lado, como todos os autores consultados recomendam o limite de 1,5 m para o comprimento de cada amostra, sem
divisões, modifiquei a tabela em função deste limite. Esta tabela indica as seções
mais indicadas para a amostragem de filões e camadas com espessuras maiores e
menores do que 1,5 m. O peso por metro de amostra coletada é apenas uma indicação, porque varia muito em função da densidade do material amostrado, e o critério
de dimensionamento é exclusivamente geométrico.
Tabela 3. Dimensionamento de amostras de canal, adaptado de Kreiter (1968).
V (%)
e > 1,5 m
e < 1,5 m
peso/m
- 40
5 x 3 cm
5 x 4 cm
3,75 - 5,00 kg
40 - 100
5 x 5 cm
5 x 5 cm
6,25 kg
+ 100
10 x 3 cm
10 x 4 cm
7,5 - 10,0 kg
Observação: o peso por metro linear de amostra foi calculado para materiais com
densidade de 2,5 g/cm3.
Como estas amostras são usadas para materiais freqüentemente zonados,
elas devem ser seccionadas de modo que cada uma represente uma zona de homogeneidade, até a espessura máxima de 1,5 m. Acima deste limite, as amostras
devem ser subdivididas.
Exemplo:
9
SILTITO
A
B
0,9 m
1,2 m
ARENITO
2,4 m
1,2 m
C
Figura 1. Fracionamento de amostra de canal quando a camada
ultrapassa o limite de 1,5 m.
Existem duas importantes vantagens em se amostrar separadamente cada
unidade homogênea:
•
isto evita erros de enriquecimento ou empobrecimento, quando se coleta
mais material rico do que pobre, ou vice-versa;
•
há maior precisão nas informações sobre as variações de teores em correspondência às mudanças litológicas.
A divisão do canal também deve ser feita em função das variações de outros
atributos das rochas: mineralogia, alteração, cor, dureza, textura, estrutura e assim
por diante. Acontece que são elas que servem de guia visível para a escolha do fracionamento da amostra, o que se justifica do ponto-de-vista petrológico e geoquímico, uma vez que raramente as mudanças de aspecto não são acompanhadas por
variações composicionais nas rochas.
O canal deve cortar a rocha no sentido da maior variabilidade composicional,
que corresponde quase sempre à espessura dos corpos tabulares e lenticulares. Em
paredes verticais, usa-se também fazer canais verticais quando o mergulho aparente
é menor do que 45o e horizontais quando ele é maior, como ilustra a Figura 2.
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Figura 2. Amostras de canal vertical e horizontal em flancos assimétricos de dobra.
O espaçamento entre os canais pode ser determinado pela fórmula:
h = L.E2 / V2
h: intervalo entre canais adjacentes
L: extensão a amostrar (espessura aparente)
E: erro percentual admissível
V: coeficiente de variabilidade
Exemplos de erros admissíveis em dosagens químicas:
0,05% para Cu e W.
0,10% para Fe, Mn, Ti, Pb e Zn.
0,17 g/t para Au.
O coeficiente de variabilidade deve ser determinado empiricamente, por amostragem pioneira de pelo menos 30 espécimes, mas a experiência mostra que
podemos usar, na fase inicial de trabalho e não em avaliação econômica de depósitos, os espaçamentos mínimos de Maximov (1973), apresentados na Tabela 4.
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Tabela 4. Intervalos entre canais adjacentes, em função do coeficiente
de variabilidade, segundo Maximov (1973).
V (%)
h (m)
- 20
15 - 50
20 - 40
4 - 15
40 - 100
2,5 - 4
100 - 150
1,5 - 2,5
+ 150
1 - 1,5
Sendo mínimos, estes intervalos podem ser aumentados por rarefação, isto é,
eliminando amostras intercaladas. Por outro lado, é importante saber que para depósitos filoneanos de Mo e Au, por exemplo, os erros chegam a 70% e o adensamento os reduz em quase nada.
Como a qualidade essencial desta amostragem é a regularidade, ela se aplica
com eficiência apenas em rochas friáveis ou alteradas. Condições para uma amostragem eficiente de canal em rocha dura só podem ser obtidas em minas ou jazidas
em avaliação, mesmo porque nestes casos é extremamente importante a precisão
dos resultados. Em fases de mapeamento e prospecção regional, é possível e conveniente substituir o canal por amostras de lascas distribuídas regularmente dentro
de uma faixa com 0,5 m de largura, controlando-se o peso de cada amostra pelas
indicações da Tabela 3. Esta amostragem é especialmente recomendada para estudos de litoquímica e litogeoquímica.
Amostras de camada
São usadas em veios ou camadas muito delgadas e de minérios irregulares,
em que o canal acaba sendo a superfície de exposição do corpo mineralizado, isto
é, extrai-se uma camada delgada de material ao longo da área aflorante. Não existem regras para o seu dimensionamento. Elas podem ter espessuras de 5 a 10 cm e
extensão de 1 m, ou correspondente à própria exposição. O controle pode ser feito
pelo peso.
12
Entretanto, estas amostras são geralmente tão demoradas e difíceis de se
coletar em materiais duros que só devem ser coletadas em veios delgados de minérios altamente irregulares, como filões auríferos com pepitas, ou para controlar outras amostras em depósitos de pequena espessura.
Amostras de volume
Estas amostras são normalmente usadas em avaliações de depósitos, para
determinação das características tecnológicas dos minérios, na escala de laboratório, bancada ou industrial. Mas, mesmo nas fases iniciais de projetos, elas são usadas para fornecer informações preliminares sobre minerais industriais. Outros minérios podem exigir amostragem de volume, quando são altamente irregulares em teores e granulação (por exemplo, conglomerados e brechas com mineralizações disseminadas na matriz), porque os erros das demais amostras são muito grandes. Estes depósitos são normalmente de W, Sn, Mo, Au, Pt, micas e gemas.
Não existem fórmulas disponíveis, fora da Geoestatística, para a determinação de seus volumes, mas apenas indicações genéricas. Para minérios de W, Sn,
Mo e Au, recomenda-se iniciar com 1 a 1,5 t ou, se o material for posteriormente
concentrado ou quarteado, com 2 a 3 t. A Tabela 5 indica os pesos das amostras de
volume recomendáveis para algumas aplicações comuns, com indicação dos volumes correspondentes para materiais com densidade média de 2,5 t/m3 para facilitar
estimativas de campo.
Tabela 5. Recomendações para dimensionamento de amostras de volume.
APLICAÇÕES
PESO
VOLUME
Dosagens químicas
100 - 250 kg
4 a 10 baldes (20 litros)
Testes de bancada
250 - 1.000 kg
10 a 40 baldes
Estudos-piloto
10 - 15 t
2 a 3 caçambas
Testes industriais
Capacidade do equipamento que processará
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Para ensaios tecnológicos, é recomendável manter a amostra em seu estado
natural, com estrutura e umidade preservadas. Isto se obtém por armazenamento
especial: sacos plásticos ou tambores fechados. Quanto à quantidade de amostras,
Kreiter (op.cit.) recomenda os números apresentados na Tabela 6.
Tabela 6. Número de amostras de volume, de acordo com o
coeficiente de variabilidade, segundo Kreiter (1968).
V (%)
n
- 40
6-8
40 - 100
15 - 20
+ 100
30 - 40
Quando a lavra for seletiva ou houver dúvida a respeito, recomenda-se coletar
minério e encaixante em separado.
A ESCOLHA DO TIPO DE AMOSTRAGEM
A seleção do tipo de amostragem é feita normalmente em função dos seguintes parâmetros:
•
forma e tamanho dos corpos de rocha ou minério;
•
estrutura interna dos corpos de rocha ou minério;
•
grau de homogeneidade composicional do material, indicado pelo coeficiente de variabilidade;
•
destino das amostras.
A Tabela 7 resume estes critérios e esclarece o seu uso na escolha do tipo de
amostra mais adequado para cada caso, constituindo desta forma um guia geral de
consulta no campo. Esta orientação deve ser seguida em fases regionais de mapeamento e prospecção, pois em avaliação de depósitos é recomendável o uso da
Geoestatística.
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RECOMENDAÇÕES FINAIS
1. Leve sempre para o campo o material necessário e adequado para a coleta e
embalagem de qualquer tipo de amostra, tais como:
•
sacos plásticos com capacidade para 1,5 e 50 litros;
•
trena para medir dimensões das amostras e dos corpos amostrados;
•
marreta e ponteira;
•
pá de jardineiro para amostragem de solo e alterações de rocha ou minério;
•
fita crepe, etiquetas e pincel atômico.
2. Aplique rigorosamente os critérios científicos da amostragem litológica, não admitindo negligência em nenhuma das suas etapas. Isto é, colete o tipo certo de amostra e da forma correta para cada objetivo e cada tipo de material.
3. Registre sempre, na caderneta de campo e nos relatórios técnicos, as condições
e os critérios de amostragem, para a análise crítica e o julgamento da qualidade
dos resultados.
4. Para economia de custos, recorra ao critério da amostra combinada. Isto é, sempre que o orçamento disponível impedir uma amostragem tão representativa e
abrangente quanto a que seria necessária para um determinado objetivo, colete
as amostras dentro do dimensionamento ideal, combinando as amostras adjacentes e correspondentes aos mesmos tipos de materiais litológicos, para que os
resultados analíticos acabem representando da melhor forma possível as unidades pesquisadas.
5. Etiquete a amostra imediatamente, anotando pelo menos o número da amostra, o
local da coleta, o tipo de rocha e o destino da amostra. A classificação da rocha é
a de campo, evidentemente, mas deve ser confirmada ou revista após uma descrição de laboratório, com auxílio de lupa e outros recursos para identificação de
minerais.
15
6. Sempre complemente a descrição dos afloramentos com a descrição macroscópica das amostras coletadas. A falta de uma descrição mais detalhada das rochas amostradas no campo é causa importante do baixo nível dos estudos litológicos, fácil de perceber na leitura dos relatórios de mapeamento e prospecção.
7. Desbaste as amostras para ficarem com tamanhos mais ou menos regulares. Um
bom tamanho é 10 cm x 7 cm x 5 cm. Tamanhos maiores são justificados apenas
para amostrar feições especiais (fósseis maiores, estruturas complexas, arranjos
minerais especiais, etc.) ou para ensaios específicos, como polimento de amostras para montar um mostruário de rochas ornamentais.
8. Peça licença para coletar amostras aos proprietários dos locais de estudo. Eles
têm direito de ser informados sobre o que você está fazendo nas suas propriedades e de autorizar o trabalho. Não esqueça que o Código de Mineração estabelece a necessidade da autorização do proprietário da terra para a execução da
pesquisa mineral.
9. Tenha muito cuidado com frentes de pedreiras, onde são comuns blocos instáveis e soltos nas paredes, furos carregados e não explodidos, animais peçonhentos escondidos sob os entulhos, entre outros riscos à segurança.
10. Nunca colete amostras dentro de unidades de conservação ambiental, monumentos naturais e outros locais protegidos por lei.
11. Escolha amostras sãs. Alterações de rocha podem ser amostradas exatamente
para estudar os efeitos mineralógicos, físicos e químicos da alteração, mas não
servem como amostras litológicas representativas.
12. Amostras de determinados materiais, como água e carvão, devem ser acondicionadas apropriadamente e enviadas imediatamente ao laboratório, para evitar oxidação e outras reações químicas que alteram os resultados das análises.
13. Segundo recomendações do USGS, uma amostra de rocha não precisa pesar
mais do 0,9 kg e uma de carvão deve pesar de 1,8 a 2,3 kg.
16
14. Um bom padrão de saco de amostra é o de plástico com 0,006 a 0,15 mm de
espessura, tamanho aproximado de uma folha de papel ofício, capacidade de pelo menos 2 litros e com etiqueta impressa.
15. Nas frentes de lavra, colete também amostras de concentrados e outros materiais prontos para entrega ao consumidor, para compará-los com as rochas em estado bruto. Se houver pilhas com produtos de diferentes granulometrias, colete
uma amostra de cada para verificar em que frações ocorrem enriquecimentos
dos materiais de interesse para o seu projeto.
16. Quando você obtiver autorização para coletar amostras dentro de uma propriedade mineira, assuma o compromisso de encaminhar os resultados para a empresa e envie-os na forma dos laudos de laboratório, sem transcrição nem simplificação. Esta é uma obrigação considerada fundamental no exercício da geologia, em qualquer país. Isto não impede que você solicite sigilo por parte da empresa, se o seu projeto assim o exigir.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Applied Publishers Ltd., Wimette, IL, 1977.
KREITER, V.M. - Geological prospecting and exploration. Mir Publishers, Moscow. 1968.
MARANHÃO, R.J.L. - Introdução à pesquisa mineral. 1983.
McKINSTRY, H.E. - Geologia de minas. Ediciones Omega S.A., Barcelona, 1977.
MEND (1989). Field sampling manual for reactive sulphide tailings. Mine Environmental Neutral Drainage (MEND) Program Report 4.1.1. Canect Environ. Control Technologies
Ltd.
MEND (1994). Review of waste rock sampling techniques. Mine Environmental Neutral
Drainage (MEND) Program Report 4.5.1. Senes Consultants Ltd. et al.
PETERS, W.C. - Exploration and mining geology. John Wiley & Sons, New York, 1978.
PITARD, F.F. (1993). Pierre Gy’s sampling theory and sampling practices - heterogeneity,
sampling correctness, and statistical process control, 2nd. edition. CRC Press, Boca
Raton, FL.
RUNNELS, D.D.; SHIELDS, M.J. and JONES, R.L. (1997). Methodology for adequacy of
sampling of mill tailings and mine waste rock. In: Proc. Mine and Rock Waste 97.
Balkema, Rotterdam, p. 561-563.
SMITH, (1997). Waste rock characterization. In: Mining Environmental Handbook. J.J. Marcus, London, Imperial College Press, p. 287-293.
SMITH, K.S.; RAMSEY, C.A. and HAGEMAN, P.L. (2000). Sampling strategy for the rapid
screening of mine-waste dumps on abandoned mine lands. In: Proceedings of the
Fifth Conference on Acid Rock Drainage. SME, Littleton, CO. p. 1453-1461.
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Tabela 7. Matriz para escolha do tipo e tamanho da amostra litológica.
AMOSTRA
FORMA / TAMANHO
Corpos maciços e tabulares espessos (> 5 m).
ESTRUTURA
Maciça.
COMPOSIÇÃO
Homogênea e regular.
APLICAÇÃO
Petrografia.
COMPOSTA
(*) Valores de V para os depósitos:
Regulares (R): < 40%
Irregulares (I): 40-100%
Erráticos (E): > 100%
Corpos tabulares (1-5 m)
e maciços, pilhas de
estoque e frentes de
lavra.
Corpos tabulares de
espessura média (1-5 m).
Maciça.
Homogênea e regular a
irregular.
Bandada, zonada, estrati- Heterogênea e geralmenficada, laminada.
te irregular.
CANAL
CAMADA
VOLUME
V
2
P = K.d
P: peso, kg; K: constante; d: diâm., mm
SIMPLES
PONTUAL
DIMENSIONAMENTO
Geoquímica de elementos menores e química de
rochas duras.
Química e geoquímica de
elementos maiores em
rochas friáveis e alteradas.
Corpos tabulares e finos
(10-100 cm) a muito finos
(< 10 cm).
Maciça, bandada, zonada, estratificada, laminada.
Heterogênea e geralmente errática.
Química e geoquímica.
Qualquer forma. Depende mais da composição e
da aplicação da amostra.
Brechada e conglomerática, com minério disseminado na matriz. Segregada.
Heterogênea e errática.
Química e ensaios tecnológicos.
(*)
K
R
0,05
I
0,1
E
0,3
V
Fragm /
amostra
Peso /
fragm (g)
Peso/am
(kg)
Intervalo
(m)
R
12-16
120
1,5-2
6-50
I
20-25
250
5-6,5
4-6
E
35-75
500-1.000
17-75
1-4
V
Seção (cm)
Intervalo (m)
R
5x3
4 - 15
I
5x5
2-4
E
10 x 4
1-2
Espessura: 5 - 10 cm.
Largura: espessura do corpo amostrado.
Extensão: 1-2 m ou extensão aflorante do filão ou camada aflorante.
Aplicação
(Escala)
Peso
(kg, t)
Laboratório
100-250
Bancada
250-1.000
Piloto
10-15
Industrial
Capac. equipam.
Quantidade
R
I
E
6
a
8
15
a
20
30
a
40
19
20
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