leia - Paróquia São Francisco de Assis

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ÊXODO
O LIVRO DA LIBERTAÇÃO DE ISRAEL E DA FUNDAÇÃO DA NOSSA FÉ.
Paróquia São Francisco de Assis
Curso Bíblico
2015
Introdução
EGITO E CANAÃ NA ÉPOCA DO ÊXODO
O livro do Êxodo supõe um mínimo de informações sobre o império egípcio durante o séc. XIII a.C.
Nesse tempo, dominam os faraós do Novo Império (1610- 1085 a.C.). Trata-se de um período de
grandes conquistas que chegaram até o rio Eufrates, sendo que Canaã (= Palestina) ficou sob o
controle do Egito por mais de quatro séculos.
Entre 1304-1184 a.C. reina a 19a
dinastia de faraós, entre os quais
temos Seti I, Ramsés II e Merneptah
III. Estamos assim no período onde
se situa o fundo histórico das
narrativas que encontramos no livro
do Êxodo.
Ramsés II
Seti I
Merneptah III
O sistema tributário
No Egito dessa época, não encontramos um sistema escravagista, no qual a economia se sustentasse pelo
trabalho escravo.
O termo escravidão, portanto, é aplicado em sentido amplo, para descrever a situação difícil dentro do sistema
tributário.
Como funciona o sistema tributário?
Basicamente se fundamenta num contrato bilateral, que podia ser explícito ou não, entre os grupos produtores
e o Estado.
Os grupos produtores se comprometiam a fornecer parte da produção agrícola ou pastoril (tributo);o Estado se
comprometia a realizar determinados benefícios e serviços (canais de irrigação, exército para defesa, grandes
construções, agilização do comércio, organização da cultura e da religião etc.).
Tal sistema não é necessariamente injusto, desde que o contrato funcione e a troca entre as partes seja
proporcional e compensadora para o povo: tal tributo em troca de tal benefício.
O sistema tributário
O sistema egípcio, porém, apresenta um pormenor: era controlado em última
instância pelo rei (faraó).
Toda a política do rei se baseava num precedente
religioso: o faraó era considerado filho da
divindade e, portanto, herdeiro de todo o país e
outras regiões dominadas. Isso lhe garantia, por
direito divino, uma supremacia total em termos
políticos e econômicos.
Dessa forma, o faraó podia dispor a seu belprazer tanto da terra como do povo, incluindo a
força de trabalho e a produção.
Com isso, o sistema tributário tornava-se arbitrário, abrindo as portas para o povo
ser dominado e explorado.
Com esse precedente político-religioso tal sistema possibilita ao Estado (o rei e a
máquina político-administrativa) apropriar-se desmedidamente da produção,
tornando os grupos produtores cada vez mais empobrecidos.
O sistema tributário
Além da exploração econômica da produção, o povo era também
explorado na sua força de trabalho.
Durante o período das cheias do
Nilo, quando a agricultura ficava
impraticável, a mão de obra
disponível era requisitada pelo
Estado para grandes construções ou
serviços públicos.
Com o tempo, porém, essa
requisição era feita não só
no período das cheias, mas
também na época de
plantio
e
colheita,
obrigando o povo a várias
jornadas de trabalho.
O sistema tributário
Com a aceleração das desigualdades e a piora da situação econômica,
multiplica-se também o descontentamento popular e a possibilidade de
revoltas.
Em vista disso, o Estado acelera a
produção de uma ideologia que
justifica a aberração do sistema e
mascara a exploração e opressão
do povo.
Sem dúvida, um dos principais
veículos da ideologia é a RELIGIÃO
que deixa de ser expressão do
povo, para se tornar veladamente o
instrumento dos interesses da
classe que domina a política e a
economia.
O faraó é o sumo sacerdote do culto de todos os
deuses, pois ele mesmo era um deus encarnado
Situação em Canaã
Por esse tempo, Canaã fazia parte do império egípcio.
O Egito se contentava em receber os tributos pagos pelos
reis das cidades-Estado (= pequenos reinados), espalhadas
por todo o território e que viviam em contínuas lutas para
assegurar sua própria cidade e para conquistar outras.
Essas lutas favoreceram a
atividade de grupos insatisfeitos
com o sistema (os ‘apiru) que,
guerreando ora a favor de um rei,
ora a favor de outro, procuravam
desestabilizar não só o sistema
cananeu, mas também o Egito.
Tais grupos eram considerados desordeiros e subversivos. Costuma-se identificar o termo ‘apiru com o
termo hebreu, de modo que os hebreus seriam parte de grupos insatisfeitos com o sistema cananeu e
egípcio.
Situação em Canaã
Cananeu: que significa vermelho, é o nome que se dá aos
habitantes de Canaã. Eram descendentes de Canaã, filho
de Cam, filho de Noé (Gênesis 10.6). De
conformidade com a designação geográfica, a palavra
Canaã emprega-se em dois sentidos, um mais lato e
outro mais restrito. No sentido restrito, a palavra designa
o povo residente na costa e nos vales.
No sentido mais amplo, o termo "cananeus" incluía todos
os habitantes não israelitas da terra de Canaã.
Canaã foi pai dos cananeus, dos fenícios e muitos outros
pequenos povos que foram destruídos pelos semitas.
Para manter os camponeses, a cidade procurava compensar
os tributos com tropas de proteção contra invasores, ou se
unia em aliança com outra cidade para manter o controle
de um território mais extenso. Por outro lado, a exploração
da cidade favorecia a diminuição da tensão entre pastores e
agricultores, levando-os a lutar contra o inimigo comum.
Canaã
Séc. XIII a.C.
Situação em Canaã
As cidades-Estado cananeias dependiam de uma economia eminentemente
agrícola, onde os camponeses eram explorados pela cidade-Estado à qual pertencia
aquele território.
Procurando escapar da exploração, muitos deles se refugiavam nas regiões
montanhosas, onde praticavam uma agricultura de subsistência e se
dedicavam ao pastoreio, dirigindo-se muitas vezes para regiões mais
longínquas. Tal descontentamento favorecia o conflito cidade-campo. Com
o afastamento dos camponeses, o centro político urbano ficava diminuído
nos tributos que enriqueciam a elite, enquanto os camponeses se sentiam
mais livres.
A RELIGIÃO EM CANAÃ
Entre os cananeus, o Deus supremo era El, uma divindade que não exercia nenhuma ação direta
sobre o mundo.
Embora fosse divindade predominantemente
El
Baal
Anat
As divindades ativas eram Baal (masculino) e
Anat (feminina), ligadas ao culto da fertilidade
da terra. Sua ação mítica era representada
cultualmente com o rito da prostituição sagrada.
agrícola, Baal era também o protetor da
cidade, e aí ficava o seu templo. Essa
ambiguidade criava o seguinte panorama
religioso: obedecer a Baal significava não só
realizar os rituais previstos no culto da
fertilidade, mas também ser fiel à cidade, da
qual ele era o protetor. Assim, para que o ciclo
da natureza se realizasse favoravelmente, era
necessário sustentar a cidade, onde morava o
rei que, por sua vez, era o guardião do
santuário. Também era o rei quem presidia ao
ritual da primavera, responsável pela
ressurreição da natureza após o inverno. Isso
lhe assegurava o direito ao produto do campo.
As migrações dentro do império
Vários fenômenos deram origem a correntes migratórias que se dirigiam
para o Egito.
Em primeiro lugar, as grandes secas ou perdas de plantações, devidas a
fenômenos naturais ou ataques de nômades que se apossavam do
produto do campo.
Além disso, boa parte dos cereais era carreada para o Egito como
pagamento de tributo, onde era estocado, e muitas vezes servia para
atender à população em situações críticas.
Em meio à necessidade, muitos grupos de camponeses e pastores
tinham que se locomover para buscar a própria sobrevivência.
As migrações dentro do império
Século XIII a. C.
O Egito, graças à fertilidade nas margens
do Nilo, era o principal alvo das
migrações. Para aí se dirigiam camponeses
em busca de terra fértil e pastores à cata
de pastagens. Muitos desses migrantes
encontravam uma situação melhor e
acabavam se instalando no país. O que o
livro do Êxodo chama de hebreus são
essas levas de migrantes que se
estabeleceram principalmente na terra de
Gessen (Goshen), no leste do delta do
Nilo. A história de José (Gn 37-50) é boa
ilustração desse fenômeno migratório.
Havia ainda os mercenários
que se alistavam nas
campanhas militares do
faraó, ou se arrolavam nas
grandes construções por ele
promovidas.
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