GENÉTICA DE TRANSMISSÃO: EXTENSÕES DO MENDELISMO 52 EXTENSÕES DO MENDELISMO INTRODUÇÃO Os experimentos de Mendel estabeleceram que os genes existem em formas alternativas (alelos). Na simplificação Mendeliana, para cada característica só existiam dois alelos: o dominante que contribuía de forma definitiva para produzir o fenótipo, e o recessivo que só se expressava na ausência do dominante. Hoje sabemos que cada gene pode apresentar várias formas alélicas na natureza (que surgem por mutação) e que essas várias formas podem apresentar efeitos diferentes sobre o fenótipo. Evidentemente cada indivíduo diploide só pode apresentar dois desses alelos, já que esses alelos se encontram na mesma posição (locus) nos pares de cromossomos homólogos. 1. ALTERAÇÕES NAS PROPORÇÕES FENOTÍPICAS MENDELIANA 1. 1. DOMINÂNCIA INCOMPLETA Na dominância completa, o alelo é dominante se tiver o mesmo efeito fenotípico em dose dupla (AA) ou simples (Aa), e o organismo para essa característica só apresenta dois fenótipos distintos, o dominante e o recessivo, ( representado pelo genótipo aa). No estudo da característica cor da flor em bocade-leão, Antirrhinum majus, foram observados três fenótipos diferentes: o vermelho, o branco e o rosa. Ao ser realizado o cruzamento entre plantas de cor vermelha(R1R1) e branca(R2R2), todos os descendentes F1 nasceram com uma cor intermediária, rosa(R1R2). Ao cruzar as plantas de flores rosa (F 1) nasceram em F2: 1/4 de plantas de flores vermelha; 2/4 plantas de flores rosa e 1/4 de plantas de flores brancas, semelhante com a proporção genotípica de 1/4 R 1R1; 2/4 R1R2 e 1/4 R2R2 obtida. A explicação para essa alteração na proporção fenotípica em relação à proporção obtida por Mendel é que o alelo FV daria como produto gênico final uma certa quantidade de pigmento, se ele aparece em dose dupla (F VFV = fenótipo vermelho), ele produzirá duas vezes mais pigmento do que quando ele aparece em dose simples (FVFB = fenótipo rosa), já o FBFB não produz pigmento, 53 resultando na cor branca. Esse tipo de herança não invalida a 1ª lei de Mendel, mas apresenta uma proporção fenotípica diferente da obtida por ele em F 2, e como o fenótipo do heterozigoto é intermediário entre os dos homozigotos, foi denominado de dominância incompleta. (fig. 2.1). Figura 2.1: Dominância incompleta mostrada na cor da flor boca-de-leão. Fonte: Klug et al.; 2010. 54 1.2. CODOMINÂNCIA Outra exceção ao princípio de dominância completa surge quando um heterozigoto apresenta característica encontrada em cada um dos homozigotos associados, produzindo dois produtos gênicos detectáveis; nesse caso, a expressão conjunta dos dois alelos no heterozigoto é denominada codominância. Um exemplo desse tipo de herança é a do grupo sanguíneo do sistema MN, descoberto por Karl Landsteiner e Philip Levin, controlado por alelos presentes no cromossomo 4, indivíduos homozigotos para o alelo L M, produzem uma molécula glicoprotéica na superfície dos eritrócitos que é um antígeno natural, apresentando, dessa forma, o fenótipo grupo sanguíneo M; os que apresentam somente alelos LN já produzem um outro tipo de glicoproteína na superfície das hemácias que também funcionam como antígeno natural e o fenótipo é grupo sanguíneo N; já o heterozigoto, que apresenta tanta o alelo L M, quanto o alelo LN produzem os dois tipos de glicoproteínas e o fenótipo é grupo sanguíneo MN. Como é previsto, um cruzamento entre dois genitores heterozigotos MN pode produzir filhos com os três tipos de fenótipos, M, MN e N, na proporção de 1:2:1, semelhante à proporção genotípica. Como não existe dominância completa entre os alelos, a notação genética mais utilizada é a de representar os alelos com a mesma letra maiúscula e sobrescrito a letra dos alelos alternativos. (fig.2.2). Figura 2.2: Exemplo de codominância Tabela representando os genótipos e fenótipos para a característica sistema sanguíneo MN Genótipos Fenótipos LM LM Grupo sanguíneo M LM LN Grupo sanguíneo MN LNLN Grupo sanguíneo N 55 1.3. ALELOS MÚLTIPLOS OU POLIALELIA O conceito mendeliano de que os genes existem em não mais que dois estados alélicos foi modificado quando se descobriu que a sequência de DNA, que determina um gene, pode sofrer inúmeras mutações, em pontos diferentes, originando diversos tipos de alelos. Esses diversos alelos só podem ser identificados em um estudo genético populacional, já que nos organismos diploides cada indivíduo só herda 2 alelos, presentes em um mesmo locus nos cromossomos homólogos. Quando na população existem mais de dois estados alélicos de um mesmo gene, estamos falando de alelos múltiplos ou polialelia. Um dos exemplos clássicos de polialelia é a cor da pelagem em coelhos, que apresenta 4 formas alélicas, cuja notação utilizada é c determina pelagem albina (todo branco), ch, pelagem himalaia (corpo branco e as extremidades pretas, patas, focinho e orelhas), cch, pelagem chinchila (pelagem branca com a ponta dos pelos preta, o que dá uma ideia de conjunto acinzentado) e c+, pelagem selvagem (pelo colorido por todo o corpo, normalmente castanho). O estudo de diversos cruzamentos na população de coelhos permitiu determinar a relação de dominância entre os diversos alelos. c+ > cch > ch > c, o sinal > indicando dominância. (fig.2.3) Figura 2.3: Exemplo de alelos múltiplos em coelhos Tabela representando os diversos genótipos e fenótipos para a característica cor da pelagem em coelhos. Genótipos Fenótipos c+c+, c+cch , c+ch, , c+c Pelagem tipo selvagem cchcch, cchch, , cchc Pelagem tipo chinchila chch, chc Pelagem tipo himalaia cc Pelagem branca ou albina 56 Outro exemplo de alelos múltiplos é o sistema sanguíneo ABO em humanos, descoberto por Landsteiner, no início da década de 1900, e caracterizado pela presença de antígenos na superfície dos eritrócitos. Com três alelos alternativos de um gene, IA, IB e IO, a designação I representa isoaglutinogênio, outro termo para antígeno, localizados em um locus do cromossomo 9. Mais uma vez lembrando que apesar de na população encontrarmos três tipos de alelos para a determinação do sistema sanguíneo ABO, cada indivíduo só é capaz de herdar dois desses alelos, um que vem no cromossomo 9 de origem paterna e outro que vem no cromossomo 9 de origem materna. O fenótipo ABO de qualquer indivíduo é averiguado mediante mistura de uma amostra de sangue com um antissoro que contém anticorpos anti-A ou anti-B. Se o antígeno estiver presente na superfície dos eritrócitos da pessoa, reagirá com o anticorpo correspondente e causará agregação, ou aglutinação, dessas células sanguíneas. Quando o indivíduo é testado desse modo, será revelado um entre quatro fenótipos, se o indivíduo tiver o antígeno A ele será do grupo sanguíneo A, caso tenha o antígeno B, ele será do grupo sanguíneo B, se tiver ambos os antígenos, A e B, ele será do grupo sanguíneo AB, e caso não seja detectado nenhum dos dois antígenos, ele será do grupo sanguíneo O. Com relação aos genótipos, após estudos em muitas famílias diferentes, chegou-se à conclusão de que, entre os três alelos encontrados na população, os alelos IA e IB apresentam uma relação de codominância, e os alelos IA e IB com o alelo IO uma relação de dominância, podendo ser encontrados os seguintes genótipos e fenótipos na população, ver tabela abaixo na figura 2.4. O conhecimento sobre os grupos sanguíneos humanos tem várias aplicações. Uma das mais importantes é testar a compatibilidade das transfusões de sangue. Outra aplicação envolve os casos de investigação de paternidade, em que os recém-nascidos são inadvertidamente trocados no hospital, ou quando é incerto se um homem específico é o pai de uma criança. Um exame dos grupos sanguíneos ABO, assim como de outros antígenos hereditários, dos genitores e da criança, pode ajudar a excluir a paternidade ou a maternidade, mas jamais prova a paternidade ou maternidade. 57 Figura 2.4: Exemplo de alelos múltiplos em humanos Tabela representando os genótipos e fenótipos para a característica sistema sanguíneo ABO Genótipos Fenótipos IAIA, IAIO Grupo sanguíneo A IBIB, IBIO Grupo sanguíneo B IAIB Grupo sanguíneo AB IOIO Grupo sanguíneo O 1.3.1. MECANISMOS BIOQUÍMICOS PARA FORMAÇÃO DOS ANTÍGENOS A E B Os antígenos A e B são carboidratos que se ligam a moléculas de lipídeos(ácidos graxos) na superfície externa da membrana celular dos eritrócitos. Tanto o antígeno A como o antígeno B têm como substância precursora uma substância denominada substância H ou antígeno H, constituído por três moléculas de carboidrato; galactose(Gal), N-acetilglicosamina (AcGluNH) e fucose ligadas quimicamente. A especificidade dos antígenos A e B é dada pela ligação química na porção terminal da substância H de mais um grupamento carboidrato. O produto gênico do alelo IA é uma enzima que adiciona à substância H o carboidrato N-acetilglicosamina (AcGluNH). O alelo IB tem como produto uma enzima modificada que só consegue adicionar a porção terminal da substância H uma galactose(Gal). Indivíduos IAIB adicionam ou um ou outro na porção terminal, e podemos encontrar, nesse caso, tanto substância H acrescida de acetilglicosamina (AcGluNH), formando o antígeno A, ou acrescida de galactose(Gal), formando o antígeno B nas superfícies dos eritrócitos. O alelo IO apresenta uma mutação que não permite que seu produto gênico acrescente 58 nenhum carboidrato na porção terminal da substância H, sendo encontrada, em indivíduos de fenótipo O, somente a substância H.(fig. 2.5) Figura 2.5: Mecanismo bioquímico para formação dos antígenos A e B, a partir da substância H, com a participação dos genes IA e IB e FUT1 na formação das enzimas envolvidas. Fonte: Klug et al.; 2010. 1.3.2. O FENÓTIPO BOMBAIM Em 1952, uma situação muito rara propiciou informações sobre a base genética da substância H. Uma mulher, em Bombaim, Índia, ao necessitar de uma transfusão, fez uma tipagem sanguínea e diagnosticou-se que ela não possuía nenhum dos antígenos, A ou B sendo, portanto, do grupo sanguíneo O. Porém ao se fazer a árvore genealógica dela, observou-se que um dos pais era do grupo AB e ela 59 tinha doado a dois filhos o alelo IB, o que é era inconsistente com a tipagem sanguínea. Posteriormente, demonstrou-se que a mulher era homozigota para uma mutação recessiva rara em um gene denominado FUT1(codificador da enzima fucosil-transferase), responsável pela ligação química na porção terminal da substância H, da fucose. A substância H incompleta (sem fucose) não é reconhecida pelas enzimas produzidas pelos genes IA e IB , não podendo formar os antígenos A ou B e apresentando-se funcionalmente como do grupo O. Os filhos que herdaram o alelo IB são heterozigotos para o gene FUT1, logo formam a substância H e consequentemente os antígenos B. 1.4. GENES LETAIS Um alelo que é capaz de causar a morte de um organismo é chamado de alelo letal. Muitos produtos gênicos são essenciais ao desenvolvimento normal e à sobrevivência de um organismo. Quando os genes que os produzem mutam, pode resultar na morte prematura do organismo, dependendo da fase do desenvolvimento (embrionário, primeira infância ou adulto) em que seu produto gênico vai ser necessário. Quando, para ocorrer a morte do indivíduo, são necessários dois alelos mutantes, chamamos a letalidade de recessiva, mas se um único alelo mutante já determinar a morte do indivíduo, chamamos a letalidade de dominante. Existem alelos que podem determinar mais de uma característica, já que seus produtos podem interferir em mais de uma via metabólica, quando isso ocorre, chamamos o processo de pleiotropia Um exemplo de genes letais é um gene pleiotrópico que participa da determinação da cor da pelagem em camundongo e da sobrevida. O alelo AY determina pelagem amarela, quando em heterozigose, enquanto o alelo A determina pelagem aguti(cinzenta), quando em homozigose, porém o genótipo AYAY mata ainda no período embrionário, não sendo encontrados camundongos amarelos homozigotos. Logo o comportamento do alelo AY em relação à sobrevivência é de letal recessivo, já que são necessários 2 alelos iguais para 60 causar a morte do camundongo, enquanto que, em relação à cor da pelagem, ele comporta-se como um alelo dominante. A letalidade também altera as proporções fenotípicas e genotípicas mendelianas, já que alguns embriões morrem antes do nascimento, mudando assim a proporção de nascidos vivos. Na figura 2.6, estão representados alguns cruzamentos e as proporções fenotípicas e genotípicas resultantes desses cruzamentos. Figura 2.6: Exemplos de cruzamentos com alelo letal onde se percebe alterações nas proporções fenotípicas e genotípicas. Fonte: Klug et al.; 2010. 61 O fenótipo sem cauda Manx em gatos também é produzido por um alelo que é letal no estado homozigoto. Uma única dose do alelo Manx, ML, interfere gravemente no desenvolvimento da coluna dorsal, resultando na falta de cauda no heterozigoto MLM. Mas, no homozigoto MLML, a dupla dose do gene produz uma anomalia tão extrema no desenvolvimento da coluna, que o embrião não sobrevive. Os alelos para cor da pelagem em camundongos e para o fenótipo sem cauda Manx sendo genes pleiotrópicos apresentam fenótipos visíveis em heterozigose, mas a maioria dos letais recessivos são silenciosos no heterozigoto. Em tal situação, a letalidade recessiva é diagnosticada observando a morte de 25% da prole em algum estágio do desenvolvimento. Um exemplo de gene letal dominante é o da doença de Huntington, que se caracteriza pela degeneração motora e nervosa, em humanos. Causada pelo alelo autossômico dominante H, essa doença só se manifesta nos heterozigotos (Hh) na idade adulta, permitindo assim que esses indivíduos cheguem à idade reprodutiva e transmitam seus genes para os descendentes. Genes letais dominantes são raros na população, quando causam morte antes da idade reprodutiva, pois não permitem a perpetuação do alelo. 1.5. PENETRÂNCIA E EXPRESSIVIDADE A herança monogênica estudada até agora produz mutantes e selvagens que produzem claras proporções mendelianas. Em tais casos, podemos usar o fenótipo para distinguir os genótipos mutantes e selvagens com quase 100% de certeza. Mas existem muitos casos em que, mesmo o genótipo estando presente, o fenótipo não é expresso. Sabemos, hoje, que a expressão do fenótipo não só depende do genótipo e sim da interação desse genótipo com o meio interno celular, inclusive com a possibilidade de interação com outros genes não caracterizados, com efeitos epistáticos ou supressores, como também com o meio externo. 62 Definimos Penetrância como a porcentagem de indivíduos com um determinado alelo que exibem o fenótipo associado a esse alelo. Nos casos em que um determinado alelo está presente e expressa com 100% de certeza o fenótipo, dizemos que a penetrância é completa. Mas quando um determinado alelo, como o da polidactilia postaxial (herança autossômica dominante caracterizada por um dedo extranumerário próximo ao quinto dedo da mão ou do pé) está presente, mas o fenótipo só é expresso em 64,9% dos indivíduos, segundo estudo populacional na África, a penetrância é dita incompleta, e a penetrância desse alelo é de 64,9%, ou seja, 35,1% apesar de terem o genótipo para polidactilia, não apresentam o fenótipo. Outra medida para descrever a gama de expressão fenotípica é a chamada de expressividade. A expressividade mede o grau em que determinado alelo é expresso em nível fenotípico; isto é, a expressividade mede a intensidade do fenótipo. Por exemplo, em cães da raça beagles, o alelo dominante, S, determina pelagem homogênea, sem manchas, decorrente da distribuição homogênea dos melanócitos. O alelo recessivo, s, determina uma distribuição heterogênea dos melanócitos durante o desenvolvimento embrionário. Animais com genótipo SS ou Ss, apresentam pelagem sem manchas, entretanto os com genótipos ss, apresentam pelo menos 10 tipos diferentes de padrão de manchas( fenótipo variegado), indo desde quase sem manchas até uniformemente pigmentados, como o do genótipo dominante. Alelos que produzem fenótipos tão variados em seus portadores, fala-se em expressividade gênica variável. (fig. 2.7) 63 Figura 2.7: Representação esquemática. Em cães da raça beagle podem-se distinguir 10 padrões de pelagem (ver no esquema, 1 a 10) devidos à expressividade variável do alelo que condiciona a variegação da pelagem (Baseado em Griffiths, A. J. F e cols., 1998). Fonte: Amabis, José M.,Martho, Gilberto R., 2006. 1.6. INTERAÇÕES GÊNICAS NÃO ALÉLICAS Caracteriza-se pela interação entre dois ou mais alelos, presentes no mesmo ou em cromossomos homólogos diferentes, determinando uma mesma característica. A análise da proporção fenotípica entre os descendentes de um cruzamento, além de informar quantos genes estão envolvidos na formação da característica pode também revelar o tipo de interação entre eles. 1.6.1. INTERAÇÃO GÊNICA SIMPLES Algumas das primeiras evidências de que uma característica pode ser influenciada por mais de um gene foram obtidas por Bateson e Punnett, em 1905, de experimentos de cruzamentos em galinhas. Tipos diferentes de galinhas domésticas têm formas de cristas diferentes. As da raça Wyandottes têm cristas rosa, as Brahmas têm cristas ervilhas, do cruzamento de Wyandottes e Brahmas (cristas rosa e ervilha); apareceu outro tipo de crista denominada noz, e do cruzamento de duas aves noz, obteveram-se quatro tipos de fenótipos: os três já 64 conhecidos, crista rosa, ervilha, noz e outro fenótipo chamado de crista simples em galinhas da raça leghorns, pela proporção fenotípica da descendência, crista simples é representado pelo genótipo duplo-recessivo.( fig. 2.8) Bateson e Punnett descobriram que o tipo de crista é determinado pela interação de dois pares de alelos que se segregam independentemente. Usando a notação E e e para representar os alelos do par que determina a forma crista ervilha; a notação R e r a forma da crista rosa; e E_ expressando que o genótipo pode ser EE ou Ee o mesmo aplicável para o R_, representamos os genótipos da seguinte forma: O genótipo E_ rr, determinaria o fenótipo crista ervilha; o genótipo ee R_ o fenótipo crista rosa; E_ R_, resultante do cruzamento de aves de crista ervilha com crista rosa, o fenótipo crista noz; e o genótipo ee rr o fenótipo crista simples.(fig.2.8) Figura 2.8: Formas das cristas de galinha de raças diferentes. (a) Rosa, Wyandottes; (b) Ervilha, Brahmas; (c) noz, híbrida do cruzamento entre galinhas com cristas rosa e ervilha; (d) simples, Leghorns.Fonte: Snustad, D.Peter; Simmons, Michael J.,2008. 65 P Gametas F1 Wyandotte (rosa) ee RR eR X Brahma (ervilha) EE rr Er Híbrido X Híbrido Ee Rr Ee Rr Gametas masculinos ER Er eR er F2 ER EE RR EE Rr Ee RR Ee Rr Gametas femininos Er EE Rr EE rr Ee Rr Ee rr eR Ee RR Ee Rr ee RR ee Rr er Ee Rr Ee rr ee Rr ee rr Figura 2.9: O experimeto de Bateson e Punnett sobre a forma das cristas em galinhas. O entrecruzamento na F1 produz quatro tipos de fenótipos, cada um destacado por uma cor diferente no quadrado de Punnett, em uma proporção 9:3:3:1 Outro exemplo de interação gênica simples é o que ocorre com a cor da plumagem em periquitos australianos, esses periquitos apresentam um grande gama de cores, determinadas por dezenas de genes. No entanto, na determinação das cores básicas da plumagem dessas aves – verde, azul, amarela e branca - estão envolvidos somente dois pares de alelos, o par A e a e o par B e b, que se segregam independentemente. Periquitos homozigóticos recessivos apresentam genótipo aa bb e um fenótipo branco para a plumagem; Periquitos aa B_ são amarelos; já os A_ bb são azuis e os A_ B_ são verdes. O cruzamento de periquitos verdes heterozigotos produz os 4 tipos de fenótipos na proporção de 9/16 verde: 3/16 amarelo: 3/16 azul e 1/16 branco. 66 Tanto o alelo A como o alelo B produzem pigmentos. O alelo A produz o pigmento melanina (um pigmento escuro) que, devido à dispersão da luz na superfície da pena, contra o fundo escuro de melanina no centro da pena, aparece como azul. O alelo B produz um pigmento amarelo chamado psitacina, que se deposita na pena. Os alelos a e b são formas alteradas e não produzem, respectivamente, melanina e psitacina, dando um fenótipo branco. Quando os alelos A e B estão constituindo um mesmo genótipo, a cor da plumagem é verde, essa cor resulta da mistura do efeito visual azul, causado pela presença de melanina, e do amarelo, causado pela presença do pigmento psitacina.(fig 2.10) Á Figura 2.10: Esquemas de cortes transversais das penas de periquitos para mostrar como a presença e a distribuição dos pigmentos melanina e psitacina determinam a cor da plumagem. (Baseado em Campbell, N. A. e cols., 1994).Fonte: Amabis, José M.,Martho, Gilberto R., 2006. 1.6.2. EPISTASIA É um exemplo de interação onde o efeito de um gene ou de um par de genes dissimula ou modifica o efeito de outro gene ou de outro par gênico. Às vezes, os genes envolvidos influem na mesma característica fenotípica de modo antagonista, o que leva à dissimulação. Em outros casos, entretanto, os genes envolvidos exercem sua influência reciprocamente, de maneira complementar ou cooperativa. 67 A epistasia pode ser recessiva, quando o par de alelos localizados em um locus impede ou suprime a expressão, do par de alelos, em outro locus. O par que tem o efeito supressor é dito epistático e o par suprimido é dito hipostático. Um exemplo de epistasia recessiva, a que já nos referimos, é a do fenótipo Bombaim, o gene H quando em homozigose recessiva suprime a expressão dos genes IA ou IB, apresentando o portador desse genótipo, fenótipo do grupo sanguíneo O.(fig.2.5 e 2.11) F1 X G. sanguíneo AB Hh IAIB G. sanguíneo AB Hh IAIB Gametas masculinos A HI HI h IA h IB H IA HH IAIA HH IAIB HH IAIA Hh IAIB Gametas H IB HH IAIB HHIBIB Hh IAIB HhIBIB femininos h IA Hh IAIA Hh IAIB hh IAIA hh IAIB h IB Hh IAIB Hh IBIB hhIAIB hhIBIB F2 B Proporção Fenotípica: 6/16 G.S.AB; 3/16 G.S. B; 3/16 G.S.A; 4/16 G.S. O Figura 2. 11: Representação do cruzamento de indivíduos do grupo sanguíneo AB, heterozigotos para os genes H, com conseqüente surgimento do fenótipo Grupo sanguíneo O (G.S. O). Outro exemplo de epistasia recessiva é o da cor da pelagem em camundongos. O gene A produz um pigmento que funciona como precursor dos alelos P que determina cor aguti (base do pelo preto com ponta amarela), e do alelo p que determina cor preta, o gene a é alterado e não origina esse precursor. 68 Quando o genótipo do camundongo é A_P_ ou A_ pp os camundongos são aguti ou pretos, respectivamente. Mas se o gene for aaP_ ou aapp o fenótipo é albino.(fig.2.12a e b) Figura 2.12a: Representação esquemática da seqüência de reações bioquímicas que levam à síntese do pigmento melanina no pêlo de camundongos aguti, preto e albino. Cada transformação química é controlada por uma enzima, fabricada por um gene específico. Fonte: Amabis, José M.,Martho, Gilberto R., 2006. 69 Figura 2.12b: Representação esquemática do cruzamento de camundongos em que a cor da pelagem resulta da epistasia recessiva. No cruzamento entre animais duplo-heterozigóticos surge a proporção 9: 3 : 4, característica desse tipo de epistasia. Fonte: Amabis, José M.,Martho, Gilberto R., 2006. Quando um único alelo de um par já impede ou suprime o par de alelos de outro locus, falamos em epistasia dominante. O exemplo de epistasia dominante é o da cor do fruto em abobrinhas, o alelo A impede ou suprime a expressão, enquanto o alelo a permite a expressão dos alelos B e b, que se encontram em outro locus gênico, e determinam a cor amarela 70 e cor verde respectivamente. Como esses alelos segregam independentemente a proporção em F2 do cruzamento de duas plantas de abobrinhas brancas heterozigotas é de 12 brancas para 3 amarelas para uma verde.(fig. 2.13) P X Gametas Abobrinha branca AA BB AB Abobrinha verde aa bb ab F1 Aa Bb X Aa Bb Gametas F2 Gametas AB Ab aB ab AB AA BB AA Bb Aa BB Aa Bb Ab AA Bb AA bb Aa Bb Aa bb aB Aa BB Aa Bb aa BB aa Bb ab Aa Bb Aa bb aa Bb aa bb Proporção fenotípica: 12/16 abobrinha branca; 3/16 abobrinha amarela; 1/16 abobrinha verde Figura 2.13: Quadrado de Punnett representativo de um cruzamento de plantas de abobrinhas em que a determinação da cor da abobrinha é resultante de epistasia dominante, originando uma proporção fenotípica modificada de 12: 3: 1. A cor da plumagem em galinhas também exemplifica a interação epistática dominante, os pares de alelos que participam são denominados I e i, e o outro par C e c. A presença de I já suprime ou impede a expressão do C ou c. (fig 2.14) 71 Figura 2.14: Representação esquemática do cruzamento de galináceos para coloração das penas, resultante de epistasia dominante, originando uma proporção fenotípica modificada de 13: 3, Essa proporção difere do esperado para a epistasia dominante pois o genótipo ii cc também é branco pois os alelos hipostáticos cc não produzem pigmentos. Fonte: Amabis, José M.,Martho, Gilberto R., 2006. 1.6.3. INTERAÇÃO GÊNICA COMPLEMENTAR (GENES DUPLOS RECESSIVOS) Bateson e Punnett, descobriram em ervilha-doce (Lathyrus odoratus) ao cruzar duas plantas de flores brancas homozigotas que a F 1 obtida eram todas de flores púrpuras, e o resultado da F 2 foi de 9 púrpuras para sete brancas, indicando que ocorre segregação independente de dois pares de alelos, assim denominados: em um locus B e b e no outro locus A e a. A explicação para esse resultado é que a cor da flor da ervilha é dada pela interação complementar de dois alelos, se o os dois alelos A e B estiverem presentes o pigmento será produzido e a flor será púrpura, caso falte um dos dois – aa B_, A_ bb ou aa bb – a planta 72 apresentará flor branca, os alelos recessivos aa ou bb dissimulam o expressão do alelo dominante do outro locus . (fig. 2.15 e 2.16) Gene A Gene B MOLÉCULA PRECURSORA (INCOLOR) PRODUTO INTERMEDIÁRIO (INCOLOR) PRODUTO FINAL (PÚRPURA) A_ B_ Figura 2.15: Representação esquemática da seqüência de reações bioquímicas que levam à síntese do pigmento púrpura. Cada transformação química é controlada por uma enzima, fabricada por um gene específico. São necessários ao dois alelos A e B para produção do pigmento. Interação gênica complementar( genes duplos recessivos) 1.6.4. GENES DUPLOS COM EFEITO CUMULATIVO Em abobrinha (Cucurbita pepo) a forma do fruto também é um exemplo de interação determinada por dois pares de alelos que se segregam independentemente. O fruto apresenta os fenótipos discoide, alongado e esférico. E representaremos os alelos de um locus com as letras A e a e o outro par de alelos com as letras B e b. Quando cruzamos uma planta de fruto discóide com uma de fruto alongado, todos os descendentes em F 1 apresentam fruto discoide, mas na geração F2, resultantes do cruzamento de F1, aparecem plantas com fenótipo do tipo esférico, diferente dos outros dois já apresentados. A explicação para esse resultado é que a presença dos dois alelos A e B determinam o fenótipo discoide, enquanto a ausência dos dois determina o fenótipo alongado, porém se só um dos alelos A ou B estão presentes o fenótipo é esférico. Os genes A e B influenciam igualmente na determinação dos fenótipos. (fig.2.17) 73 Figura 2.16: Representação esquemática de cruzamento entre duas linhagens de ervilhadoce. Nessas linhagens, a coloração das flores depende da interação de dois pares de alelos que se segregam independentemente. (Interação genes duplos recessivos ou interação gênica complementar). Fonte: Amabis, José M.,Martho, Gilberto R., 2006. 74 P Gametas Abobrinha discoide AA BB AB X Abobrinha alongados aa bb ab Discoide Aa Bb X Discoide Aa Bb F1 Gametas F2 Gametas AB Ab aB ab AB AA BB AA Bb Aa BB Aa Bb Ab AA Bb AA bb Aa Bb Aa bb aB Aa BB Aa Bb aa BB aa Bb ab Aa Bb Aa bb aa Bb aa bb Fonte:Klug et. al.,2010 Proporção fenotípica: 9/16 abobrinha fruto discoide; 6/16 abobrinha fruto esférico; 1/16 abobrinha fruto alongados Figura 2.17: Quadrado de Punnett representativo de um cruzamento de plantas de abobrinhas em que a determinação da forma do fruto é resultante de genes duplos de efeitos cumulativos, originando uma proporção fenotípica modificada de 9:6:1. Além dessas interações gênicas já mencionadas existem outras que modificam as proporções fenotípicas de um cruzamento di-híbrido, representadas na tabela abaixo.(fig.2.18) 75 Tipos de Interação Interação gênica simples Genótipos A_ B_ A_ bb aa B_ aabb 9 3 3 1 3 1 Epistasia dominante 12 Epistasia recessiva 9 Genes duplos com efeito 9 3 4 6 1 cumulativo Genes duplos dominantes Genes duplos recessivos 15 9 Interação dominante e recessiva 1 7 13 3 Figura 2.18: Tabela representativa dos principais tipos de interações gênicas, onde se encontra relacionado os possíveis genótipos com as proporções fenotípicas do cruzamento de dois duploheterozigotos 1.7. HERANÇA QUANTITATIVA OU POLIGÊNICA Até agora a maior parte dos nossos exemplos sobre variações fenotípicas eram tipos que podiam ser classificados em categorias diversas e separadas: as características das ervilhas de Mendel eram bem contrastantes, cor do cotilédone verde ou amarelo, textura da semente da ervilha, lisa ou rugosa, mesmo nos casos de dominância incompleta, os fenótipos eram bem pontuais, no exemplo da flor boca-de-leão, ela apresenta fenótipos, branco, rosa e vermelho; o grupo sanguíneo ABO, pode ser A, B, AB, O. Cada uma das características citadas apresenta genótipos distintos que determinam fenótipos distintos. Quando isso ocorre, falamos que essas características apresentam variação descontínua. Embora 76 fenômenos como penetrância, expressividade variável, pleiotropia e epistasia possam confundir um pouco a relação genótipo-fenótipo. Na herança quantitativa, nós vamos estudar características que apresentam uma variedade contínua de fenótipos, essa variedade contínua pode ser medida e descrita em termos quantitativos, onde cada genótipo contribui com uma pequena parcela para determinar o fenótipo, logo esses fenótipos são resultantes da contribuição aditiva de dois, três ou um grande número de genes, por isso o nome dado a esse estudo é herança quantitativa ou poligênica. São exemplos de herança poligênica ou quantitativa a cor da pele, a altura, ou o peso na espécie humana, a produção de leite ou de carne no gado, a produtividade das colheitas e o conteúdo proteico das sementes. Na herança quantitativa, o genótipo estabelece os limites quantitativos na fertilização, mas os fenótipos sofrem grande influência do ambiente, por exemplo, a altura humana é parte geneticamente determinada, mas se a pessoa tem uma boa alimentação, pratica esportes etc. pode atingir, dentro de uma determinada faixa de variação da altura genética, a maior altura. Os fenótipos que resultam da ação gênica e de influências ambientais, às vezes, são denominados características complexas ou multifatoriais. Além das características quantitativas contínuas, em que a variação fenotípica pode situar-se em qualquer ponto de uma variedade de medidas, há duas outras classes de características poligênicas: Características merísticas são aquelas em que os fenótipos são descritos por números inteiros. Exemplo: o número de sementes por vagem, ou o número de ovos postos por uma galinha, em um ano. São características quantitativas, mas não têm uma infinidade de fenótipos: Por exemplo, a vagem pode conter 2 ou 4 ou 6 sementes, mas não 5,75. Características com limiar são características poligênicas, mas que apresentam só poucos tipos de fenótipos distintos na população. Sofrem grande influência dos fatores ambientais, sendo, portanto, características multifatoriais. São de grande interesse dos geneticistas humanos, pois um grande número de doenças apresenta esse padrão de herança. Exemplo: a diabetes tipo II, a esquizofrenia, o transtorno afetivo bipolar etc. Em humanos, a evidência de que 77 tais características são influenciadas por fatores genéticos vem de comparações entre parentes, especialmente gêmeos. 1.7.1. AS CARACTERÍSTICAS QUANTITATIVAS PODEM SER EXPLICADAS EM TERMOS MENDELIANOS No início da década de 1900, a explicação da variação fenotípica contínua, em termos mendelianos, causou muita controvérsia, mas Bateson e Gudny Yule propuseram a hipótese dos fatores múltiplos ou genes múltiplos, na qual muitos genes, cada um comportando-se mendelianamente, contribuíam para o fenótipo de forma cumulativa ou quantitativa. Essa hipótese foi sustentada pelos resultados experimentais, publicados pelo trabalho com a característica cor do grão de trigo desenvolvido por Hermann Nilsson-Ehle. Nilsson-Ehle iniciou seu trabalho cruzando plantas de trigo de grão vermelho escuro com plantas de trigo de grãos branco, obtendo em F 1 todas as plantas com uma cor intermediária (vermelha), o que inicialmente o fez suspeitar de dominância incompleta entre dois alelos de um mesmo locus, mas ao cruzar as plantas F1, obteve em F2 15/16 plantas com grão que variavam em tons de vermelho, podendo ser distinguidos até 4 tons de vermelho, e o 1/16 branco, sugerindo que era uma herança com dois pares de alelos que se segregavam independentemente. Cada par tinha um alelo que contribuía de forma aditiva para compor o fenótipo grão vermelho, e outro que não adicionava nada na formação do fenótipo. Representando os alelos como A e a e B e b, os que apresentavam fenótipo grão vermelho escuro possuíam um genótipo com o máximo de genes aditivos AA BB, já os que eram brancos, apresentavam seu genótipo sem nenhum gene aditivo, aa bb. F2 então ficou com cinco classes fenotípicas, a primeira representada por 4 alelos aditivo, AA BB, e fenótipo vermelho escuro; a segunda por 3 alelos aditivos, Aa BB ou AA Bb e fenótipo vermelho médio; a terceira com 2 alelos aditivos, AA bb, aa BB, Aa Bb e fenótipo vermelho; a quarta com 1 alelo aditivo, Aa bb ou aa Bb e fenótipo vermelho claro e a quinta e última classe com 0 alelos aditivo e fenótipo grão branco. (fig.2.19) 78 Figura 2.19: Representação esquemática do cruzamento entre plantas de trigo produtoras de grão vermelhos-escuro e brancos. A proporção obtida na geração F2 mostra tratar-se de um caso de herança quantitativa ou poligênica. Fonte: Amabis, José M.,Martho, Gilberto R., 2006. Se fizermos um gráfico da distribuição da cor do grão em trigo, ou da estatura, ou da cor da pele em humanos etc. observaremos que todas essas características quantitativas apresentam uma mesma curva de distribuição, que chamamos de curva de distribuição normal, ou curva em forma de sino. (fig. 2.20) 79 6/16 4/16 1/16 Vermelho Vermelho Vermelho Vermelho escuro médio claro Branco Figura 2.20: Representação esquemática de um gráfico de distribuição normal da herança poligênica da cor do grão de trigo , determinada por 2 pares de alelos que se segregam independentemente , com efeito aditivo 1.7.2. CALCULANDO O NÚMERO DE POLIGENES Para estimar o número de genes (quantos pares de alelos) envolvidos na determinação de uma característica quantitativa, pode-se usar a fórmula 1/4n = relação entre os indivíduos F2 que expressam um dos dois fenótipos extremos. Ou 1/2n relação entre os indivíduos F2 que expressam um dos dois fenótipos extremos, nesse caso obteremos o número de alelos envolvidos na herança quantitativa (fig. 2.21). Quando o número de poligenes é pequeno, às vezes, é mais fácil usar a equação (2n+1) = número observado de categorias fenotípicas distintas. Do cruzamento onde os dois genitores são heterozigotos para todos os genes, pode-se determinar a proporção fenotípica de cada uma das classes fenotípicas formadas, usando-se o triângulo de Pascal. Vamos supor que desejamos saber a proporção fenotípica obtida no cruzamento entre dois híbridos para três pares de genes de efeito cumulativo. Sabemos, pela fórmula, que o número de fenótipos será sete. Construímos um triângulo com sete linhas. Na primeira, colocamos o número 1. Os números das linhas começam sempre por 1, e os números seguintes são obtidos somando o número imediatamente acima com o 80 que está à esquerda dele (quando não houver número acima ou à esquerda, considera-se zero). Todas as linhas terminam novamente com o número 1: 1 1 1 1 2 1 1 3 3 1 1 4 6 4 1 1 5 10 10 5 1 1 6 15 20 15 6 1 Na sétima linha podemos ver que a proporção fenotípica para três pares de genes na herança quantitativa (no cruzamento de dois indivíduos heterozigotos) é 1 : 6: 15 : 20 : 15 : 6 : 1. Determinação do número de poligenes(n) envolvidos em uma característica quantitativa n Indivíduos que expressam um dos fenótipos extremos Classes fenotípicas distintas 1 1/41 = 1/4 3 2 1/42 = 1/16 5 3 1/43 = 1/64 7 4 1/44 =1/256 9 5 1/45 = 1/1024 11 Figura 2.21: Representação na tabela do número de classes fenotípicas , e do número de genes envolvidos em uma característica quantitativa.Fonte: Klug et. al., 2010 81