POR QUE ESTUDAR FILOSOFIA?

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POR QUE ESTUDAR FILOSOFIA?
Coleção Como ler filosofia
Coordenação: Claudiano Avelino dos Santos e Claudenir Módolo Alves
•Como ler a filosofia clínica? Prática da autonomia do pensamento, Monica Aiub Monteiro
•Como ler a filosofia da mente, João de Fernandes Teixeira
•Como ler Jean-Jacques Rousseau, José Benedito de Almeida Júnior
•Como ler os pré-socráticos, Cristina de Souza Agostini
•Como ler um texto de filosofia, Antônio Joaquim Severino
•Como ler Wittgenstein, João da Penha Cunha Batista
•Encontrar sentido na vida: propostas filosóficas, Renold Blank
•Fazer filosofia: aprendendo a pensar como os primeiros filósofos, Barbara Botter
•Filosofia do cérebro, João de Fernandes Teixeira
•Inteligência artificial, João de Fernandes Teixeira
•Introdução a Lévinas: pensar a ética no século XXI, Rogério Jolins Martins; Hubert Lepargneur
•Mestre Eckhart: um mestre que falava do ponto de vista da eternidade, Matteo Raschietti
•Por que estudar filosofia?, João de Fernandes Teixeira
•Schopenhauer: a decifração do enigma do mundo, Jair Barboza
•Um mestre no ofício: Tomás de Aquino (com DVD), Carlos Arthur Ribeiro do Nascimento
•Um mestre no ofício: Tomás de Aquino, Carlos Arthur Ribeiro do Nascimento
•Uma introdução à República de Platão, Giovanni Casertano
João de Fernandes Teixeira
Por que estudar
filosofia?
Direção editorial: Claudiano Avelino dos Santos
Coordenação de revisão: Tiago José Risi Leme
Capa: Marcelo Campanhã
Editoração, impressão e acabamento: PAULUS
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Teixeira, João de Fernandes
Por que estudar filosofia? / João de Fernandes Teixeira. – São Paulo: Paulus, 2016. –
Coleção Como ler filosofia.
ISBN 978-85-349-4476-2
1. Filosofia I. Título. II. Série.
16-08913CDD-100
Índice para catálogo sistemático:
1. Filosofia 100
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1ª edição, 2016
© PAULUS – 2016
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Tel.: (11) 5087-3700 • Fax: (11) 5579-3627
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ISBN 978-85-349-4476-2
Para Malu, Jujuba e Tâmara
Agradecimentos
À minha ex-aluna e amiga Suely Molina, pelas sugestões.
Ao meu ex-aluno e amigo professor André Rehbein Sathler
Guimarães, pelas críticas sempre construtivas.
Ao meu amigo professor Gustavo Leal-Toledo,
que generosamente leu
e comentou a primeira versão deste livro.
A Paula Felix Palma, pela revisão cuidadosa do texto.
À minha esposa Malu.
Pode um asno ser trágico? – Sucumbir sob um fardo
que não se pode levar nem deitar fora?... É o caso do filósofo.
Friedrich Nietzsche
– Professor, por que existe o mundo e não apenas o nada?
– Se existisse apenas o nada,
vocês continuariam reclamando do mesmo jeito.
Sidney Morgenbesser, em resposta a um de seus alunos
de Filosofia da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos
Prefácio
A filosofia está morta. É com esta afirmação direta e
arrasadora que Stephen Hawking, um dos maiores cientistas
contemporâneos, inicia um de seus livros mais famosos, O
Grande Projeto. Será que a filosofia acabou mesmo? E se
acabou, por que isso aconteceu?
Neste livro, examino essas questões e discuto por que
ainda vale a pena estudar filosofia. Embora tenha sido escrito,
inicialmente, para estudantes de Filosofia, procurei tornar
sua linguagem acessível para o público geral. Como afirmou
o célebre filósofo espanhol Ortega y Gasset: “a clareza é a
cortesia do filósofo”.
A filosofia sempre teve uma aura de inutilidade. Um provérbio italiano muito conhecido afirma: “A filosofia é uma
coisa com a qual ou sem a qual tudo permanece igual”. Este é
um dos piores preconceitos que confundem a percepção social
da filosofia. Outro, talvez ainda pior, é a figura estereotipada
do filósofo como o homem “desligado do mundo”, que passa
seu tempo “viajando na maionese”.
Certamente, a filosofia não tem uma utilidade imediata,
como obturar um dente que dói ou obter um habeas corpus
para um cliente preso por desviar dinheiro público. Mas isso
não quer dizer que ela não sirva para nada.
No século XX, a filosofia perdeu espaço para o marketing político e para as religiões tradicionais que ressurgiram
vigorosamente e ocupam cada vez mais o espaço público.
Elas se apresentam como alternativas às frustrações de uma
tecnologia, que não cumpriu suas promessas libertadoras, e
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Por que estudar filosofia?
às decepções políticas, tanto as das democracias liberais como
as do socialismo. O convencimento, por meio da propaganda
política, da mídia religiosa e científica, se tornou uma tarefa
prioritária em relação à busca pelo conhecimento. Se a filosofia
não interessa, é porque a verdade também já não interessa
mais. Mas por que será que, apesar de tantas forças opostas,
a filosofia ainda fascina algumas pessoas?
A filosofia não é mais um porto seguro, mas não é, tampouco, um continente de ideias esquecidas que merece ser
visitado apenas por curiosidade. Muitas pessoas supõem que a
ciência e a tecnologia, especialmente a física e a neurociência,
engolirão a filosofia nas próximas décadas, sem saberem que,
ao defender esse ponto de vista, estão implicitamente apoiando
uma posição filosófica discutível. Certamente, muitas questões
da filosofia contemporânea passaram a ser discutidas pelas
ciências. Mas há outras, no campo da ética, da política e da
religião, cuja discussão ainda engatinha e para as quais a
ciência não tem, até agora, fornecido nenhuma solução.
A filosofia tem contra si o fato de ter se tornado uma
carreira universitária. A partir da segunda metade do século
XX, os filósofos tiveram de se tornar professores universitários
para sobreviver. Com isso, a filosofia ficou confinada a clubes
de comentaristas profissionais, nos quais pouco se pensa e
pouco se privilegia o retorno às tradições ou a reescrever as
filosofias do passado.
Uma das reações a esse isolamento e ao discurso denso
e esotérico dos filósofos profissionais foi o aparecimento dos
filósofos midiáticos, que muitas vezes, apesar de limitados
a comentários óbvios na televisão e na grande imprensa,
conseguem cativar o público. Infelizmente, esses filósofos
midiáticos, algemados pela exigência da simplificação, aumentam o risco de que as questões centrais e os temas da
filosofia sejam apresentados de forma distorcida e, por isso,
mal popularizados.
João de Fernandes Teixeira
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Acredito que uma das melhores formas de reabilitar a
Acredito que uma das melhores
fi­losofia é rir dela, ou seja, salformas de reabilitar a filosofia é
picar seu discurso enfadonho
rir dela, ou seja, salpicar seu discurso enfadonho com anedotas.
com anedotas. Aprendi isso em
um curso que fiz com o filósofo
americano Willard van Orman
Quine, nos Estados Unidos. Na
época, ele era um homem de 93 anos, frágil como Gandhi,
mas com uma lucidez extraordinária. Como estava surdo,
carregava um aparelho auditivo que rodeava uma de suas
orelhas alongadas, típicas dos idosos, e ria disso.
Será que a filosofia vai acabar? Apesar de vivermos em
uma época na qual a reflexão não é bem-vinda e na qual
prevalecem fundamentalismos religiosos e políticos, não acredito que a filosofia desaparecerá tão cedo. O que distingue
os cientistas, os políticos e os sacerdotes dos filósofos é que
eles não podem rir da ciência, da política ou da religião. É o
riso que nos torna momentaneamente hereges, desafiando as
autoridades e os preconceitos. Enquanto os filósofos puderem rir da própria filosofia, isso será suficiente para que ela
continue a existir.
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