CONHECIMENTO E CONSERVAÇÃO DA FLORA DE UM ECOSSISTEMA ODIVELENSE: Avicennia schaueriana Stap. & Leech. ex Mold. e Rhyzophora mangle L. Neila de Jesus Ribeiro Almeida1 Resumo Neste trabalho, procura-se desenvolver sensibilização sobre Educação Ambiental, a partir de situações concretas de conhecimento do espaço de manguezal, com alunos da Educação Básica no município de São Caetano de Odivelas, na Região do Salgado no Estado do Pará. Busca-se provocá-los como multiplicadores de conhecimento sobre as questões ambientais do espaço em que vivem, a partir da inquietação visando a construção de comportamentos mais coerentes com as necessidades de conservação ambiental local. Para preencher algumas lacunas, procura-se montar algumas peças de um enorme quebra-cabeça chamado socialização de conhecimento. Inicialmente com a observação dos alunos, envolvidos na pesquisa, quanto sua sensibilização para seus conhecimentos sobre a flora do manguezal, levando em conta as preocupações com as questões ecológicas do entorno e prováveis interferências sugestionadas por eles, após suas sensibilizações quanto a degradação do ecossistema circundante a cidade. Na verdade, foi parte de uma luta incessante em busca da ajuda na formação de um educando crítico, tanto sob os aspectos teóricos como na operacionalização de alguns métodos que visam ajudar nesta formação, a partir da Educação Ambiental, usando como instrumento socializador e de análise crítica à prática de campo. Assim como as necessidades de parcerias com organizações, da Educação Básica com as IES e até mesmo práticas de manejo. Portanto, confirmou-se a ajuda de outros meios para o fomento de uma sensibilização mais concreta. Palavras-Chave: Educação Ambiental, Sensibilização, Manguezal, Flora, Socialização Abstract In this work, we seek to develop Environmental Education, awareness from concrete situations of mangrove space knowledge with students of Basic Education in the municipality of São Caetano de Odivelas, Salgado Region in the State of Pará. We lead these students to become them as multipliers of knowledge about Environmental issues into their living space, from the anxiety to building behaviors more consistent with the needs of local Environmental conservation. For filling some gaps, we have assembled some parts of a huge puzzle called socializing knowledge. Initially with the observation of students involved in research, as their awareness of their knowledge of the mangrove flora, concerning about ecological issues surrounding and likely interference started for them after their sensitivities regarding ecosystem degradation around the city. In fact, it was part of our constant quest for aid in the formation of a learner with criticism, both under theorical aspects than in operationalizing some methods which aimed at helping in this training, from Environmental Education, using as a socialized instrument and critical analysis in the practice field. It was notice the necessities of sponsoring between all civil organizations, basic education and IES, as well maneuvering practicing. This way was ratified the helping from the other segments to a solid sensibilization. Keywords: Environmental Education, Sensibilization, Mangrove, Flora, Socialization Revista Ciência e Tecnologia 17 CONHECIMENTO E CONSERVAÇÃO DA FLORA DE UM ECOSSISTEMA ODIVELENSE: Avicennia schaueriana Stap. & Leech. ex Mold. e Rhyzophora mangle L. . Introdução O mundo está sendo questionado sobre os problemas relativos aos ecossistemas, levando a movimentar todos os segmentos das sociedades em direção aos problemas ambientais. E quais poderiam ser seus desdobramentos no destino da espécie Homo sapiens? A partir destas problemáticas globais, muitos caminhos estão sendo analisados e dentro desse panorama de afetação temos um ecossistema chamado manguezal, pois a região de mangues não está fora dessa realidade, quase catastrófica. Assim, é importante pensar: como despertar o interesse em conhecer melhor o meio em que se vive para poder continuar sobrevivendo a partir de uma lógica de conservação do ecossistema. Em um processo de pedido de ajuda constante, o Manguezal Odivelense que dá o título a cidade como a “cidade dos caranguejos”, precisa também do conhecimento e respeito por parte dos moradores e visitantes. O que mais chama atenção é esse “berçário natural”, com tanta diversidade, e o homem com quase nenhuma preocupação de conservação. Apenas explorando sem dar chance para o ecossistema se regenerar da degradação já existente. Tem que ser buscadas muitas maneiras para tentar reverter essa situação A Escola, como espaço de construção de conhecimento, torna-se um lugar privilegiado por ser o campo prioritário de formação, da sociedade contemporânea. Porém, o que se pode perceber na maioria das vezes em que é levantada questões de conhecimento e preservação do meio ambiente é que os educandos não foram suficientemente, estimulados em relação à tomada de sensibilização para necessidade de conhecer a diversidade do meio em que vivem. A poluição de vários espaços naturais e outras transformações na natureza, fatos veiculados pelos meios de comunicação, demonstram como o clima no planeta está mudando e essa mudança é ocasionada principalmente pela intervenção sem critério ou com critérios questionáveis do homem no meio ambiente. A partir desse problema é necessário conhecer melhor o meio em que se vive, evitando interferências desordenadas, não criteriosas e possibilitando a vida com qualidade em nosso espaço social. Porém, é necessário o estudo mais pontual das regiões em que as diversas pessoas estão inseridas. Desta forma, o estudo do manguezal, o conhecimento de sua fauna, flora e o respeito a suas diversidades é uma questão de prioridade no campo do ensino formal, para os moradores destas áreas, a partir de um modelo de sensibilização crítica da comunidade escolar, em particular dos educandos das regiões circundantes. O que reforça a importância de estudo, feito pelas áreas de manguezal. Levando em conta o tensor antrópico deste ecossistema, a escola como espaço de socialização de conhecimento não poderá está ausente no processo de ajuda na formação de agentes sociais que possam promover discussões que embasem propostas de desenvolvimento social que protejam e preservem os recursos naturais e a qualidade de vida da população, neste trabalho de pesquisa, os que vivem próximos ao manguezal. É a partir do sistema ecológico local, levando a cultura nativa como aspecto contribuinte nas questões de cunho biológico, fazendo parte de um agregado de conhecimentos compartilhados, situados em espaço e tempo vividos pela sociedade Odivelense que o foco deste trabalho está situado. E da mesma forma que o boi de máscaras Tinga de São Caetano de Odivelas, uma manifestação da cultura local no mês de junho, precisa Revista Ciência e Tecnologia 18 CONHECIMENTO E CONSERVAÇÃO DA FLORA DE UM ECOSSISTEMA ODIVELENSE: Avicennia schaueriana Stap. & Leech. ex Mold. e Rhyzophora mangle L. . sempre ser conhecido para poder sobreviver, num processo de pedido de ajuda constante, que o manguezal Odivelense, que dá nome a região por seus caranguejos, precisa também do conhecimento e respeito de sua diversidade de flora para poder continuar existindo. Em suas dependências a comunidade escolar tem base para a socialização de atitudes, voltadas para um processo de Educação Ambiental. Como espaço de socialização de conhecimento não poderia se ausentar das discussões que embasem propostas de preservação ambiental, proteção e sustentabilidade dos recursos naturais, bem como, a qualidade de vida da população. 1-OBJETIVOS 1. Geral Desenvolver sensibilização sobre Educação Ambiental, e conseqüentemente um desenvolvimento social que proteja e preserve os recursos naturais, em particular a diversidade da flora do manguezal, e a qualidade de vida dos educandos. Preparando-os como multiplicadores de conhecimento sobre esse espaço, visando modificação de comportamento mais coerente com as necessidades de conservação ambiental. 2. Específicos - Observar de que maneira os educandos foram estimulados para questões ecológicas; - Identificar se os educandos possuem preocupações com os problemas de seu meio ambiente. -Verificar o nível de conhecimento dos educandos em relação a diversidade da flora dos mangues; - Refletir sobre práticas que visem estimular a criticidade dos alunos na conservação do manguezal. 2-MARCO TEÓRICO • O ECOSSISTEMA MANGUEZAL Trabalhar os conceitos teóricos de referência e agregar paulatinamente conceitos como mangue, que em português, serve para designar as árvores, de diferentes espécies, dessa comunidade, sendo a palavra manguezal utilizada para designar o conjunto de árvores, ou seja, a comunidade em si, o ecossistema de mangues; (VANNUCCI, 2002), ou de manguezais como verdadeiras florestas de ambientes marinhos, desenvolvidas em ambientes que variam de salinos a salobros abrigados (AUGUSTINUS, 1995 apud MENDES, 2003). Levando a discussões mais extensas sobre o papel desses ecossistemas como o de exercerem funções primordiais como berçário, meio nutritivo, centro de multiplicações de numerosas espécies animais e fonte de recursos naturais para as comunidades costeiras (PROST e LOUBRY, 2000 apud MENDES, 2003). Optar então pela busca em livros, dicionários e por sites da internet, esse último por ser um instrumento, hoje, muito requisitado. Busca-se as origens da palavra manguezal. O site GEOSITES (2008) diz que a palavra mangue pode ser: “utilizada para descrever uma variedade de comunidades costeiras tropicais dominadas por espécies vegetais, arbóreas ou arbustivas que conseguem crescer em solos com alto teor de Revista Ciência e Tecnologia 19 CONHECIMENTO E CONSERVAÇÃO DA FLORA DE UM ECOSSISTEMA ODIVELENSE: Avicennia schaueriana Stap. & Leech. ex Mold. e Rhyzophora mangle L. . sal. O termo “mangue” origina-se do vocábulo Malaio, “manggimanggi” e do inglês mangrove, servindo para descrever as espécies vegetais que vivem no manguezal.” O mesmo site ainda afirma que: “Os manguezais são ecossistemas de grande importância no equilíbrio ecológico, sendo um berçário favorável para o desenvolvimento de muitas espécies de animais e plantas”. Existem manguezais em quase toda a costa brasileira. Há dúvida quanto à sua área total, sendo citados valores entre 10.000 e 25.000 km² (PRIMACK e RODRIGUES, 2001). Esse imenso ecossistema, formado pela floresta de mangue que em português a palavra mangue é usada para designar a flora do ecossistema manguezal (VANNUCCI, 2002). Esta estratégia inicial de buscar os conceitos obtidos em instrumentos do senso comum, facilitando a inserção de um conceito científico. (VANNUCCI, 2002) afirma que: A origem da palavra mangue (ou manguezal) e sobre a origem da palavra mangrove em inglês; Esse substantivo coletivo designa um ecossistema formado por uma associação muito especial de animais e plantas que vivem na faixa entremarés das costas tropicais baixas, ao longo de estuários, deltas, águas salobras interiores, lagoas e lagunas. Em inglês, a palavra mangrove também pode ser usada para designar a floresta, as árvores e arbustos. • A FLORA DO MANGUEZAL: Avicennia schaueriana Stap. E Leech. Ex Mold. e Rhyzophora mangle L. Na Amazônia brasileira, os manguezais apresentam como espécie exclusivas: Rhizophora mangle L. (espécie dominante), Rhizophora racemosa G.F.W. Mayer, Rhizophora barrisonii Leechman, Avicennia germinans L. Stearn, Avicennia schaueriana Stapft & Lechman ex Mold., Laguncularia racemosa (L.) Gaertn e Conocarpus erectus L., além de várias espécies associadas (SENNA e MELO, 1994). Essa diversidade vegetal apresenta um papel primordial dentro da Ecologia, constituindo os produtores da rede trófica. Em 1913, ODUM (2009) já conceituava Ecologia como a ciência que estuda a estrutura e o funcionamento da natureza, e que o Homo sapiens faz parte dela. Portanto o homem tem que perceber que ele faz parte das relações ecológicas, que ele é um predador, um parasita, um competidor e com suas inovações afeta também outras espécies. ODUM (2009) afirma que, “ a tecnologia é, contudo, uma faca de dois gumes: pode ser um meio de se compreender a inteireza do homem com a natureza e também um meio de destruí-la”. Nos últimos anos, os avanços tecnológicos permitiram que o homem lidasse com grandes sistemas complexos como os ecossistemas, porém até que ponto a tecnologia ajuda a fauna, a flora e o meio em que esses seres vivem. Um fator que pode ser levado em conta em relação a flora do manguezal é que nos manguezais amazônicos, a sucessão de vegetais normalmente é paralela às margens dos cursos d’água, com espécies de menor porte localizadas em primeiro plano, graduando para zonas com espécies de porte mais avantajado. Quando a erosão torna-se o processo dominante, a zona de vegetação mais jovem é removida, prevalecendo árvores adultas de A.schaueriana, que por terem um sistema de enraizamento mais profundo são mais resistentes a ataques erosivos (FERNANDES, 2003). Apesar dos assoreamentos, aterros das margens de rios, os manguezais existem em praticamente todos os continentes que estão nas regiões tropicais e subtropicais, alcançando maiores extensões nos estuários ou locais de geografia plana onde a maré tem maior fluxo. No Revista Ciência e Tecnologia 20 CONHECIMENTO E CONSERVAÇÃO DA FLORA DE UM ECOSSISTEMA ODIVELENSE: Avicennia schaueriana Stap. & Leech. ex Mold. e Rhyzophora mangle L. . Brasil representam uma área de cerca de 25.000 Km², e ocorrem em quase todo o litoral brasileiro desde o Oiapoque ao extremo setentrional, até Laguna em Santa Catarina (SCHAEFFER-NOVELLI, 1995). Fato confirmado na região de mangues no Norte do país, (Figura 01), capturada em um ecossistema de manguezal de São Caetano de Odivelas, onde uma R. mangle à esquerda está entrelaçada com uma A. schaueriana, vulgarmente conhecida como seriba ou siriúba, à direita. Mostrando a diversidade morfológica entre as espécies e ao mesmo tempo a possibilidade de podermos refletir a riqueza que traz para o bom funcionamento do ciclo biológico do ecossistema do manguezal Odivelense. • MANGUEZAL: IMPORTÂNCIA E IMPACTOS Esse ecossistema de ambientes litorâneos são regiões de interação entre o mar e o continente, apresentando por isso, uma grande diversidade de ecossistemas e uma fragilidade peculiar, devido principalmente, à dinâmica costeira, continuamente sob influência dos ventos e do mar (ABDON, 1995). Bem como, que os sistemas de manguezais da Região Norte assumem, juntamente com os do sudeste asiático, uma excepcional importância científica e socioeconômica, devido ao seu espetacular desenvolvimento às histórias práticas de uso por populações tradicionais ou ribeirinhas (FERNANDES, 2003). Os manguezais desempenham importante papel como exportador de matéria orgânica para o estuário, contribuindo para produtividade primária na zona costeira. É no mangue que peixes, moluscos e crustáceos encontram as condições ideais para reprodução, berçário, criadouro e abrigo para várias espécies de fauna aquática e terrestre, de valor ecológico e econômico. Nesta área de terra costeira, sujeita a marés, inundada perenemente por uma mistura de água doce e água salgada , ou seja, na região estuarina, onde se proliferam plantas características dos hábitats palustres, como as Avicennias, Rhyzophoros e Lagunculárias (SOARES, 2005). A conservação do manguezal é fundamental para a subsistência das comunidades pesqueiras que vivem nessa região. A vegetação de mangue serve para fixar as terras, impedindo assim a erosão e ao mesmo tempo estabilizando a costa e serve também como alimento, para grande parte da fauna, e as raízes desses vegetais funcionam como filtros na retenção dos sedimentos. Apesar de todo ecossistema de manguezal ser Área de Preservação Permanente (APP), apresentam muitos tensores tanto natural como antrópicos, sendo que este último é considerado um dos piores, pois dificilmente é recuperado. O homem não respeita a tendência que poderia existi entre ele e a natureza, desrespeitando o limite deste ecossistema fazendo com que sejam freqüentemente desmatados para o cultivo de arroz e criação de crustáceos com fins comerciais, para particularmente no sudoeste da Ásia, onde cerca de 15% dos manguezais já foram desmatados para a aqüicultura deixando de serem resilientes e tão pouco resistentes, não levando em consideração o uso sustentável como: fatores econômicos de caráter social e ecológico, a disponibilidades dos fatores biótico e abióticos, as vantagens de curto a longo prazo e a ética para usar conservando para que não falte para futuras gerações. As Filipinas perderam mais da metade de sua área de manguezal nos últimos 100 anos (PRIMACK e RODRIGUES, 2001). O MUNICÍPIO DE SÃO CAETANO DE ODIVELAS Os fundamentos históricos da referida cidade foram lançados na era colonial, pelos jesuítas quando Revista Ciência e Tecnologia 21 CONHECIMENTO E CONSERVAÇÃO DA FLORA DE UM ECOSSISTEMA ODIVELENSE: Avicennia schaueriana Stap. & Leech. ex Mold. e Rhyzophora mangle L. . desbravaram a região, através do rio Mojuim. No local onde se encontra a atual sede municipal, fundaram uma fazenda denominada São Caetano, a qual mais tarde, ficara sob a administração de prepostos do Governo (IBGE,2000). Alguns relatos dizem terem sido índios, os primeiros habitantes do município de São Caetano de Odivelas da Divina Providência. Os habitantes do lugar recebem o nome de “odivelenses” com a denominação de São Caetano das Odivelas, em 1757. Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o distrito de São Caetano de Odivelas figura no município de Vigia. (IBGE, 2000) O Município de São Caetano de Odivelas se localiza na Costa Atlântica do Estado do Pará, na Mesorregião do Nordeste Paraense, Microrregião do salgado, distante da capital do Estado 93 km em linha reta e 120 km pela rodovia, possuindo uma área de 464km² com 15.616 habitantes (IBGE 2000). A figura 02 mostra a região onde se situa São Caetano de Odivelas, a partir da captura da imagem de um satélite geoestacionário. Nesta figura, podemos observar a situação geográfica da cidade e perceber a influência do Oceano Atlântico na águas do rio Mojuim. O município é banhado pelo rio Mojuim que possui um ecossistema muito rico composto por diversificadas espécies de fauna e flora, sem falar no solo, ar, água e em outros componentes que o constitui. 3-ABORDAGEM METODOLÓGICA Este trabalho de pesquisa foi realizado como um mini-curso de carga horária de 15 horas nos dias 03, 25 de abril e 08 de maio de 2009, num manguezal, com áreas diferenciadas, e na Escola de Ensino Fundamental e Médio Desembargador Osvaldo Brito de Farias, no município de São Caetano de Odivelas no Pará. Com alunos do 1º ano do Ensino Médio, turma 1002. Alunos com idades entre 14 e 21 anos. E que neste trabalho coloca-se em destaque o manguezal Odivelense, em particular a diversidade da flora, bem como a utilização do mesmo serve-se como base para uma tomada de sensibilização por parte de alunos. A partir das espécies que contribuem para o ecossistema manguezal obter resultados positivos no seu equilíbrio, foram selecionadas apenas duas para serem estudadas, Avicennia Schaueriana Stapf. & Lechman ex Mold. e Rhizophora Mangle L., que deram base para a relação entre ambas, onde foi discutido a importância do conhecimento e conseqüentemente a preservação do ecossistema. Levando em consideração a grande questão: “Como preservar sem conhecer?” Assim, a necessidade de entender o manguezal e sua importância leva-se inicialmente a levantar as várias origens do nome e a partir de uma visão ligando a Lingüística e Biológica, através do significado, facilitar a abordagem do assunto pelo espaço de pesquisa escolhido. Inicialmente foi trabalhado noções de Ecologia, com uma turma de 25 alunos, levando em consideração já terem um conhecimento prévio do referido assunto. Priorizou-se o conteúdo programático já trabalhado pela Professora de Biologia, Patrícia da Silva Fernandes. A partir desta primeira abordagem teórica, voluntariamente foram selecionados voluntariamente 18 alunos no espaço de sala de aula, em um momento de discussões conceituais, envolvendo o processo de conhecimento da diversidade da flora do manguezal Odivelense, utilizando textos diversificados, claros e criativos inseridos no contexto social desta clientela, despertando curiosidades, interesses, bem como, falas que Revista Ciência e Tecnologia 22 CONHECIMENTO E CONSERVAÇÃO DA FLORA DE UM ECOSSISTEMA ODIVELENSE: Avicennia schaueriana Stap. & Leech. ex Mold. e Rhyzophora mangle L. . priorizassem a interação que é solicitada em um processo de sensibilização ecológica, trabalhando conceitos como: Biodiversidade, Ecologia, Meio ambiente e Ecossistema. • ÁREA DE ESTUDO: No segundo momento, trabalho de campo, dos 18 alunos, apenas 08 compareceram para o estudo no manguezal, no dia 26 de Abril de 2009 às 09:00 horas, foi trabalhado áreas diferenciadas, denominados e situados em: 1. Área 1 Manguezal no final da Rua General Gurjão (próximo a casa do Sr. José Costa – vulgo mata onça), LONG. 0º44’35.33”S e LAT. 48º01’04.61” O; Medindo 40x40. Figura 1- Manguezal conservado Fonte: Neila Almeida. 2009 Figura 2- Anáilise da biodiversidade Fonte: Neila Almeida, 2009 2. Área 2 Manguezal ao lado do Hotel Mangal, LONG. 0º44’37.90”S e LAT. 48º01’02.35” O. Medindo 40x40. Conforme ilustram as Figuras 3 e 4. Revista Ciência e Tecnologia 23 CONHECIMENTO E CONSERVAÇÃO DA FLORA DE UM ECOSSISTEMA ODIVELENSE: Avicennia schaueriana Stap. & Leech. ex Mold. e Rhyzophora mangle L. . Figura 3- Dificuldade de desenvolvimento Fonte: Neila Almeida, 2009 Figura 4- Impacos antropogênicos Fonte: Neila Almeida, 2009 Espaços estes, onde foram utilizados como suporte teórico, os conhecimentos construídos nos momentos das discussões conceituais, priorizando o conhecimento adquirido tradicionalmente, pelos alunos, divididos em duas equipes de 04(quatro) integrantes e denominadas Equipe Mangueiro e Equipe Siriubeira, os alunos foram divididos em grupos para facilitar as análises do ecossistema. Foram utilizadas cadernetas de campo, lápis e borrachas, nas anotações de todas as características do ecossistema do manguezal, como: as condições ambientais, biodiversidade, fauna e flora, levando em consideração, principalmente as características morfológicas das duas espécies estudadas na pesquisa, A. schaueriana e R. mangle. As experiências de vida dos alunos, bem como, as observações coletados foram discutidas e analisadas, dando base para o conhecimento da vegetação e impactos do ecossistema manguezal utilizado como campo de pesquisa. 4-RESULTADOS E ANÁLISES DA PESQUISA É importante observar que já em campo os alunos perceberam a diversidade do ecossistema e começaram a fazer análises críticas a respeito da relação homem/espaço, como relatados do Grupo Mangueiro e Siriubeira, respectivamente, que ao chegarem ao local de pesquisa questionaram sobre a biodiversidade e o descaso do homem com o meio. Revista Ciência e Tecnologia 24 CONHECIMENTO E CONSERVAÇÃO DA FLORA DE UM ECOSSISTEMA ODIVELENSE: Avicennia schaueriana Stap. & Leech. ex Mold. e Rhyzophora mangle L. . Área 1. Grupo Mangueiro: (Referente a Área 1) “...muitas árvores são encontradas na volta do manguezal. ao chegar no manguezal deparamos com a maré cheia. Apesar dessas dificuldades mas nem por isso deixamos de apreciar as maravilhas o que o manguezal nos oferece...” Área 2. Grupo Siriubeira: (Referente a Área 2) “...água suja, com muitos lixos, de todas as variedades a área foi completamente devastada. As plantas que são da própria região que sevem como alimentação para os animais estão se acabando pois o homem não pensa que o que ele está fazendo ta prejudicando não só os animais. Como ele próprio e todas as pessoas que fazem o uso da natureza” Analisando os relatos dos alunos sobre a percepção quanto ao ecossistema, revelaram que a comunidade estudantil já apresenta um conhecimento prévio sobre a diversidade e os impactos desta região, apesar da variação de idade desses discentes, como mostrado na figura 7, todos fazem análises de criticidade, a partir da reflexão da destruição do meio em que vivem. E que qualquer interferência, em qualquer ambiente ecossistêmico de alguma forma tem inevitavelmente conseqüências negativas para este espaço. A difusão de conhecimentos é muito importante em qualquer nível, e a experiência de campo desses alunos é apenas um incentivo para as propostas de conservação e do uso sustentável do manguezal. Levando em conta a questão do conhecimento para a preservação, este conhecimento começou a partir de identificação dos vegetais que foi feita a partir das características da estrutura física de cada espécie, construídas nas observações dos alunos, em campo, sendo levada em consideração a morfologia. 5-MORFOLOGIA DAS ESPÉCIES ESTUDADAS: 1- Avicennia schaueriana Stapft & Leechman ex Mold. Folhas: apresentam nervuras principal e secundárias, são coriáceas por apresentarem o limbo espesso e consistente, são esbranquiçadas na parte abaxial devido a presença de minúsculas escamas, são opostas cruzadas simétricas, obovadas, inteira, unilobada, possuem base cuneada, ápice retuso com ângulo obtuso e iserção de pecíolo marginal. Observa-se abaixo as duas faces adaxial e abaxial respectivamente (VIDAL, 2000). Fruto: apresentam geometria assimétrica. Raíz: horizontais e radiais a poucos centímetros abaixo da superfície, de onde surgem os pneumatóforos. Apresentam geotropismo negativo, crescendo para fora do solo encharcado. Seu revestimento é relativamente esponjoso, permitindo a difusão de oxigênio, constituem uns dos tipos de “raízes respiratórias” (GONÇALVES e LORENZI, 2007). Revista Ciência e Tecnologia 25 CONHECIMENTO E CONSERVAÇÃO DA FLORA DE UM ECOSSISTEMA ODIVELENSE: Avicennia schaueriana Stap. & Leech. ex Mold. e Rhyzophora mangle L. . 2- Rhizophora mangle L. Folha: simples, rijas e coriáceas, inteiras, levemente mais claras na face inferior, ápice obtuso, mas encontra-se do tipo retuso, sua forma é obovada, mede de 8 a 10 cm de comprimento (FERRI, 1978). Fruto: são do tipo baga alongada, coriácea, de cerca de 2,2 cm de comprimento, pêndulas e de cor acinzentada, contendo uma única semente (VIDAL, 2000). Fruto de Rhyzophora conhecido vernacularmente como “caneta”. Raíz: originadas de rizóforo, que é uma estrutura de natureza caulinar na forma de um eixo lateral com geotropismo positivo, que produz raízes adventícias regularmente ao longo de seu crescimento (GONÇALVES e LORENZI, 2007). Essas pseudoraízes ampliam a base da planta e com isso aumenta seu sistema de fixação, o que lhe é muito conveniente no solo movediço do mangue (FERRI, 1978). Com base nas pesquisas de campo, observou-se que a grande maioria das árvores típicas do manguezal apresentam reprodução por viviparidade, ou seja, consiste na permanência das sementes na árvore-mãe até que se transformem em embriões, chamando-se estas estruturas de propágulos que acumulam reservas nutrientes para que sobrevivam por períodos longos até que encontrem o local apropriado para fixação (FERRI, 1978). Além destas espécies que determinam as características principais de um mangue, existem outras formas vegetais como várias espécies de epífitas como bromélias. Há, ainda, várias formas de gramíneas. Porém, a preponderância aplica-se a apenas três espécies arbóreas: Avicenia, Rhizophora e Laguncularia, onde foram encontradas uma grande diversidade de espécies epífitas, dentre elas bromélias, pteridófitas e briófitas. A partir desses dados foi observado o número de espécies encontradas e o estado de conservação da flora das áreas estudadas, como é mostrado no quadro abaixo: Avicennia shaueriana Stapft & Leechman ex Mold. Rhizophora mangle L. Número de especimes encontradas Estado de Conservação Número de espécimes encontradas Estado de conservação Área 1 10 Bom 14 Bom Área 2 1 Ruim 5 Regular Quadro 1 - Diversidade e conservação das espécimes encontradas Fonte: Neila Almeida, 2009 O nível do estado de conservação foi baseado em comparações entre as áreas estudadas. As análises do quadro acima mostram o quanto a ação antrópica afeta o meio ambiente, já que na área 2 existe um hotel, ponte, residências. É o crescimento populacional desordenado. ODUM (2009) relata que quando se consideram projetos de construções e modificações do meio na região estuarina, que é a transição entre água marinha e água continental, tem que ser levado em consideração, duas precauções. A primeira é evitar a perturbar a circulação normal de água, como aterros, por exemplo, e outra evitar perturba as zonas de produção dessas águas, tais como área de vegetação. Porém realidade do manguezal odivelense é Revista Ciência e Tecnologia 26 CONHECIMENTO E CONSERVAÇÃO DA FLORA DE UM ECOSSISTEMA ODIVELENSE: Avicennia schaueriana Stap. & Leech. ex Mold. e Rhyzophora mangle L. . outra, percebendo o quanto a degradação do meio ambiente pode afetar a vida de todos os seres humanos e principalmente desses alunos que vivem com sua família em torno do manguezal e “catam” caranguejos como forma de subsistência, onde as pessoas que vivem de subsistência comercializam em pequena quantidade na comunidade, pois o catador de caranguejo de subsistência não vive apenas do caranguejo, este trabalhador precisa de outra alimentação para sua sobrevivência, semelhança aos pescadores de subsistência2 na região limnética. Onde ALMEIDA (2006) Diz que: A pesca de subsistência também é importante para as comunidades como fonte de alimento e de dinheiro em espécie pra as despesas diárias das famílias. Nessas famílias, a pesca é uma fonte de alimentação e rendimentos, o que possibilita uma maior dedicação a outras atividades.... O que é ratificado por (MANESCHY, 2003,145) nos municípios costeiros, onde muitas pessoas dependem da captura e do benefício desses crustáceos para sua economia. E em São Caetano de Odivelas a maior parte dos caranguejos capturados são despachados ainda vivos para os centros de consumo, esse despacho é feito pelos intermediários, conhecidos como mateiros. Em 1990, haviam muitos catadores de caranguejos, os que residiam na cidade, entremeavam a tiração, com a pesca ou em outras atividades, como por exemplo, a capinação das ruas. Portanto, com essas experiências de campo os alunos podem disseminar à comunidade a importância da conservação do meio e que o referido é fundamental para a tendência da cadeia trófica mostrando para o homem que ele faz parte desta cadeia. Porém para que ocorra esta tendência é preciso entender que a relação entre os fatores bióticos e abióticos é essencial para a manutenção desta teia, onde no manguezal odivelense a Rhyzophora e Aviccenia são os produtores, os crustáceos os consumidores primários (Ucides cordatus-herbívoro) e o homem o consumidor secundário. E se as condições climáticas e físico-químicas não forem respeitadas esses produtores irão desaparecer e conseqüentemente toda a cadeia trófica, e o maior prejudicado será o homem, pois a tendência desta teia controla a economia do município. Levando em conta o desmatamento maioria das conclusões construídas pela pesquisa dos alunos já eram observadas por outros pesquisadores, como mostra o mapa abaixo a questão do desmatamento na região do município. As espécies vegetais escolhidas nesta pesquisa por serem as mais altas e espessas, ou seja, de grande porte, acabaram sendo as mais predadas pelo homem. É muito comum nesta região as canoas seres fabricadas do tronco da A. schaueriana e muitos móveis da R.mangle. A relação ecossistêmica do manguezal Odivelense, o mesmo considerado costeiro de transição entre os ambientes, terrestre e marinho, é a riqueza biológica dos ecossistemas costeiros fazendo com que essas áreas sejam os grandes “berçários” naturais, tanto para as espécies características desses ambientes, como para peixes e outros animais que migram para as áreas costeiras durante, pelo menos, uma fase do ciclo de sua vida. A fauna dos manguezais representa significativa fonte de alimentos para as populações humanas. Os estoques de peixes, moluscos e crustáceos apresentam expressiva biomassa, constituindo excelentes fontes de proteína animal de alto valor nutricional. Os recursos pesqueiros são considerados como indispensáveis à subsistência das populações tradicionais da zona costeira. A primeira característica a ser observada foi a estatura dos vegetais pesquisados (AUGUSTINUS, 1995 Revista Ciência e Tecnologia 27 CONHECIMENTO E CONSERVAÇÃO DA FLORA DE UM ECOSSISTEMA ODIVELENSE: Avicennia schaueriana Stap. & Leech. ex Mold. e Rhyzophora mangle L. . apud MENDES, 2003), em que o tamanho das árvores adjacentes ao canal seria maior e este crescimento seria atribuído aos solos mais ricos e melhor drenados, os quais seriam os primeiros a receber água rica em nutrientes na maré enchente. No entanto, em muitos setores dos manguezais paraenses observa-se o contrário, ou seja, a vegetação de borda de canal apresenta-se o com tamanho menor. Quando o gênero Rhizophora e, principalmente, árvores adultas de Avicennia, são encontradas em situação de borda, constata-se que estas estão associadas aos processos erosivos, os quais removeram toda a franja de manguezal mais jovem existente. Na volta à sala de aula foi aplicado um questionário para verificação da aprendizagem, essa atitude propiciou o levantamento do nível de entendimento de cada um sobre a diversidade e conservação da flora do manguezal estudado, constituindo-se assim o terceiro momento do trabalho. Esta situação é bem evidenciada quando se observam as respostas dos alunos ao questionário, avaliando sua percepção sobre o assunto, onde a maioria dos alunos envolvidos na pesquisa, através de suas respostas evidenciou em algumas questões, já ter algum conhecimento sobre o manguezal, por viverem em torno dele ou até mesmo trabalharem nele, ajudando seus pais. Os resultados dos posicionamentos dos discentes foram interpretados e tabelados, de acordo com as notas obtidas nos questionários. Para cada objetivo houve um resultado. • Absorção dos alunos quanto a conservação do manguezal: neste objetivo observou-se que a maioria dos alunos tiraram a nota 8 e poucos tiraram a nota 9, e que não houve nota 10 para a reflexão do contexto atual na conservação do manguezal. • Desenpenho dos alunos quanto a estimulação para as quentões ecológicas: houve um aspecto positivo, pelo crescimento das notas dos alunos em relação a estimulação para as questões ecológica. • Preocupação dos alunos quanto ao meio ambiente: foi alçançada a nota 10 com pequeno número de alunos, sendo que as notas 8 e 9 pertencenram ao mesmo número de alunos. • Análise dos alunos quanto o conhecimento da diverdidade vegetal: este objetivo foi o único que recebeu nota 7, porém em pequeno número de alunos e os demais tiraram nota 8, o que prova menor absorção ao nível de conhecimento comparado aos outros objetivos. • Sensibilização dos alunos em termos de proteção do manguezal: houve mais alunos com a nota 9, o que comprova um excelente entendimento do objetivo por parte dos aluno A partir dos questinários elaborados, analisa-se que os alunos tiveram uma boa absorção da pesquisa em campo levando em consideração as três fases do mini-curso que serviram de base para as respostas dos questionários, pois como mostrado no gráfico teve um percentual de notas que variam de 7,0 a 10,0. Depois das notas geradas foram elaborados certificados junto à escola e entregues aos alunos, dando encerramento a pesquisa de campo para este trabalho. Considerações Finais Levando em consideração as discussões e análises feitas na escola e em campo, junto com os alunos, observou-se a viabilidade de trabalhos de sensibilização ecológica, a partir do envolvimento entre acadêmicos e comunidades escolares locais, confirmando o binômio, pesquisa e extensão universitária. Bem como, abrindo Revista Ciência e Tecnologia 28 CONHECIMENTO E CONSERVAÇÃO DA FLORA DE UM ECOSSISTEMA ODIVELENSE: Avicennia schaueriana Stap. & Leech. ex Mold. e Rhyzophora mangle L. . a possibilidade da IES (Instituição de Ensino Superior) através de seus acadêmicos operacionalizarem o compromisso social tão necessário e em falta na atualidade. Confirmou a necessidade de parcerias com organizações governamentais e não governamentais no fomento a pesquisa, pois é necessário que as instituições conversem entre si para que suas pesquisas complementem-se. Como foi o caso do Projeto Dinâmica Espacial dos Manguezais, parceria da SECTAM com o Museu Goeldi, que do qual inclusive este trabalho se valeu de dados. Foi analisado, a partir do objetivo geral, uma lacuna no entendimento dos alunos que facilitasse o desenvolvimento da reflexão em relação a conservação do meio ambiente, bem como, a ratificação de que os alunos não foram estimulados suficientemente para as questões ecológicas e conseqüentemente não se preocupam com os problemas do meio ambiente. Apesar da maioria dos alunos residirem próximo ao manguezal, muitos desconheciam a diversidade da flora deste local, no inicio da pesquisa não mostrando nenhum tipo de interesse em relação ao assunto. Com o trabalho de campo os alunos foram sendo sensibilizados observando a grande dificuldade que as árvores tem em crescer na região estudada, pois, nessa área pôde-se perceber que muitas espécimes de A. schaueriana e R.mangle estão morrendo. Acredita-se que seja pela intensa poluição da área e conseqüentemente o empobrecimento do solo. Observaram que também a cadeia alimentar local, onde os vegetais encontrados no campo de pesquisa, considerados produtores, estavam desaparecendo, conseqüentemente faltará alimento para os consumidores primários, a fauna herbívora do manguezal, e logo poderá observar-se também, a falta de alimento na mesa do “catador vivencial”, que nesta cadeia seria o consumidor secundário. Perceberam que a erosão está tomando conta da cidade, e que infelizmente nem a A. schaueriana com suas raízes profundas resistiu, isso levou a refletir o quanto a ação do homem é brutal que nem mesmo as árvores mais fortes conseguem resistir a tanta violência contra o ecossistema, ratificando a necessidade de um trabalho de sensibilização ambiental mais profundo, do contrário resultará em um grande desequilíbrio ecológico e sócio-econômico. Estas observações feitas em paralelo, teoria e prática, bem como, os comentários dos alunos ao final da pesquisa, leva ao entendimento que a proposta de conscientização ecológica, nas regiões em risco de degradação ambiental é possível. Ainda mais, quando esse processo é percebido pelos agentes sociais-pesquisadores, neste caso os alunos, em sua própria região vivencial. O que leva a possibilidade de formação de agentes catalizadores de discussões sobre novas formas de desenvolvimento sustentável. Como enducadores de novas dinâmicas de fiscalização de práticas como a pesca predatória, a pseudo-pesca esportiva, esta muito comum na região em questão. Evitando assim a sobre-pesca, a pesca de pós - larva e, de fêmeas ovadas. Pois estas práticas são desenvolvidas no município, sem que exista qualquer trabalho que iniba tais comportamentos danosos. Com os objetivos alcançados pode-se observar que os alunos absorveram consideravelmente sobre esse ecossistema diversificado, buscando a sensibilização para um desenvolvimento que possa conservar o manguezal. A partir de práticas de manejo, algumas já em uso na região como o cultivo de ostras, desenvolvido na vila de Pererú de Fátima, uma comunidade do município de São Caetano de Odivelas, ou outras como o cultivo de plantas ornamentais (orquídeas e bromélias), a possibilidade de criação de abelhas para a produção de mel, o turismo ecológico e parcerias entre a Educação Básica e IES para pesquisas em áreas de estuário. Revista Ciência e Tecnologia 29 CONHECIMENTO E CONSERVAÇÃO DA FLORA DE UM ECOSSISTEMA ODIVELENSE: Avicennia schaueriana Stap. & Leech. ex Mold. e Rhyzophora mangle L. . Notas 1 Mestra em Gestão dos Recursos Naturais e Desenvolvimento da Amazônia - NUMA∕UFPA, Licenciada Plena em Biologia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA ∕ Instituto de Desenvolvimento Educacional do Pará - IDEPA ([email protected]) 2 Neste ponto vale a observação que “catadores de subsistência ou catadores com orientação para a subsistência”, como fala (ALMEIDA, 2006). Nesse trabalho, ouso em criar a categoria de “catadores vivenciais”. Em razão desses, utilizarem-se da “catação” do crustáceo, como sobrevivência mais imediata de suas vidas sem, no entanto, perderem a esperança das sobras transformarem-se em capital econômico. REFERÊNCIAS ABDON, M.M. Processamento de dados digitais de satélite para estudo de manguezais. In: WORKSHOP ECOLAB, 2., 1995. Belém (PA), Livro de Resumos... Belém, 1995. 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