Instrumentos de pesca descartados no oceano sZo 10%do lixo marinho Rastreamento de petrechos abandonados, que ameaqam fauna marinha, 6 feito por sonares e submarinos de controle remoto Escondido pel0 fundo azul escuro do oceano, repousa um p e d a ~ ode rede de pesca, que pode ter sido arrastado na iiltima tempestade ou esquecido por um pescador. Enroscados nas linhas do material, est5o diversos peixes, muitos deles mortos. A cena 6 comum na rotina dos pesquisadores de SZo Paulo que fazem uma esp6cie de "faxina" no fundo do mar. A equipe atua em areas protegidas por lei no litoral de S5o Paulo -onde, diz aregra, a pesca i! proibida. Para executar o trabalho, o grupo, comandado por Luiz Miguel Casarini, do Instituto da Pesca, sobe a bordo de um barco de pesquisa, zarpa em dire@o ao alto mar e mergulha no oceano em busca de materiais de pesca perdidos ou abandonados no mar. 0 alvo sso redes, anz6is, cabos de aqo e linhas de pesca deixados por pescadores. 0 trabalho de procura por lixo marinho esquecido por pescadores envolve material tecnol6gico de ponta. Em alguns casos, antes do mergulho em si, o fundo marinho 6 rastreado por meio de sonares ou por um veiculo submarino operado de forma remota, de dentro do barco. Nos iiltimos cinco anos, foram coletadas mais de duas toneladas de redes, anz6is e materiais de pesca no fundo mar. Eles matam peixes, mamiferos e tartarugas. Segundo Casarini, os instrumentos de pesca perdidos ou descartados no mar representam 10%do lixo marinho. "NZo existem culpados nessa questso. 0 que precisamos 6 implantar um sistema eficiente de rastreamento dos petrechos [instrumentos da pesca] e logistica rever- sa [processo que deve recolher o material usado pel0 consumidor e devolv6-lo ao inicio da cadeia de produq5oI9',diz o pesquisador. Ele cita o caso de um tip0 de fibra textil sintetica importada da Asia e usada principalmente em pesca de emalhe (quando uma grande rede e jogada no mar e retem o produto da pesca). "0 Brasil importou nos u1timos anos milhares de toneladas desse tip0 de material. Como n5o existe logistica reversa para isso, o destino dessas redes podera comprometer o ambiente." Um dos caminhos que esta sendo trilhado pela industria no exterior 6 usar as redes para fazer carpetes. No Brasil, existem grupos que fazem artesanato com o material coletado do mar. SALVA-VIDAS 0 trabalho da equipe de Casarini muitas vezes tambem funciona como salva vidas. Tartarugas e peixes costumam ser encontrados ainda vivos, depois de terem sido fisgados por anz6is ou pelas redes fantasmas, que ficam vagando no mar. (EDUARD O GERAQUE)