Alterações Climáticas

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Land Care In Desertification Affected Areas From Science Towards Application Alterações Climáticas Clare Goodess Alterações Climáticas A imagem principal ao longo dos últimos 40‐50 anos é a da temperatura a aumentar, incluindo valores mais Um clima em mudança é um dos muitos factores que extremos em relação às temperaturas máximas e valores podem contribuir para a desertificação em regiões tais menos extremos de temperaturas mínimas, por todas as como o Mediterrâneo. Assim, é importante incluir o regiões do Mediterrâneo, à excepção algumas partes do clima em qualquer conjunto de indicadores de Mediterrâneo oriental. desertificação, e considerar a possível influência da variabilidade climática passada e actual, bem como a de A tendência geral é para a diminuição da precipitação no alterações futuras. Em 2007, o Quarto Relatório de Mediterrâneo em todas as estações do ano ao longo da Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Alterações última metade do século, reflectida tanto, nos totais Climáticas (PIAC‐IPCC) concluiu que “…a maioria do anuais de precipitação baixos, como em períodos secos aumento nas temperaturas médias globais desde mais longos. As alterações observadas nem sempre são meados do séc. XX é muito provavelmente devido ao estatisticamente importantes – o que pode, em parte, aumento observado em concentrações de gás de estufa ser um reflexo da grande variabilidade interanual das resultantes das actividades antropogénicas”. Por isso é precipitações nesta região. essencial considerar os efeitos antropogénicos, bem como os naturais na génese das alterações climáticas, e como elas podem afectar os padrões do clima à escala local ao longo do Mediterrâneo, incluindo a ocorrência de acontecimentos extremos tais como, secas e ondas de calor. Compreender como e porque é que o clima variou em décadas recentes é importante, por um número de razões incluindo: detecção e atribuição das alterações Figura 1 – Portugal – Sul interior do Alentejo – Colina de climáticas; fornecer uma base para futuras projecções de Mértola – seca – 2005 (Por Maria José Roxo) alterações climáticas; e, para explorar a vulnerabilidade da sociedade à variabilidade climática actual e alterações Enquanto que o PIAC‐IPCC é capaz de fazer declarações futuras. confiantes sobre as causas humanas do aquecimento global observado (ver Introdução), é muito mais difícil Série do Folheto: B
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atribuir alterações mais localizadas à actividade humana. resolução espacial típica em latitude (mid‐latitudes) na consequentemente na concentração atmosférica de Não é possível julgar, por exemplo, se a tendência geração actual de modelos de cerca de 300 km. Os dióxido de carbono e outros gases de estufa. No positiva da NAO e a associada descida na precipitação no processos que operam à escala de sub‐caixa de grade passado, suposições bastante simples – e cenários de Mediterrâneo (Figura 2) está relacionada com o (sub‐grid box) tais como esquemas de nuvem, convecção emissões – foram usados, por exemplo, foi muito aquecimento global. O que é certo é que períodos e precipitação são parametrizados. utilizado um aumento de 1% por ano há 5‐10 anos atrás. recentes de seca tiveram um impacto enorme nos Ao longo dos últimos anos praticamente todas as sistemas naturais e actividades humanas em todo o Para muitas avaliações dos impactos das alterações avaliações usaram os cenários do Relatório Especial Mediterrâneo – e fazem surgir a preocupação de que a climáticas a nível regional, a resolução espacial dos sobre Cenários de Emissão – RECE do IPCC. Estes desertificação se irá tornar mais intensa e extensa com a resultados dos GCMs são demasiado grosseiros. É assim incorporam um número de suposições, que se alteração do clima. necessária uma forma de descer de escala (“projectando relacionam com alterações futuras na população, sensitivamente a informação em grande escala na escala desenvolvimento tecnológico e económico, etc. A pesquisa recente fornece também algumas respostas a regional”). São usadas duas abordagens principais. A duas questões chave em relação ao futuro: (i) qual o grau primeira é um descer de escala dinâmica, na qual é Segundo o cenário de emissões do A1B, o aquecimento de gravidade das alterações climáticas provocadas pelas acolhido um modelo climático regional (MCR) dentro do médio anual simulado desde 1980‐1999 até 2080‐2099, actividades humanas? e (ii) e que impacto terá nas GCM mais grosseiro. O RCM é corrido sob um domínio na região Sudeste Europeia e Mediterrânea varia de pessoas? mais pequeno, por exemplo, a Europa, a uma resolução 2.2ºC até 5.1ºC, através de um processamento de 21 Estas questões podem ser abordadas por meio de mais elevada na caixa de grade. GCMs. Outros pontos relevantes do resumo da avaliação cenários de alteração climática. Um cenário de alteração As condições de fronteira são tiradas do GCM, exemplo o do PIAC – IPCC são: do clima não é uma previsão ou um prognóstico no modelo regional é forçado com a circulação em grande sentido em que se associa com previsões do tempo ao escala, temperatura da superfície do mar e outras •
longo dos próximos dias, mas sim pode ser pensado variáveis do modelo global grosseiro. A segunda como internamente abordagem é descer de escala estatisticamente, na qual consistente e plausível de um possível estado futuro do as relações entre as variáveis climáticas em grande •
mundo”. Tais cenários são construídos usando modelos escala (por exemplo, padrões de pressão do nível do globais de clima (MsGC ‐ GCMs). mar) e variáveis climáticas de superfície locais (por exemplo, temperatura diária e precipitação observada •
Estes são representações matemáticas do sistema em postos de observação), são derivados de dados climático, baseado em leis físicas tais como a observados, e aplicados depois aos resultados do GCM. conservação de massa, energia e velocidade. Têm uma Os cenários de alterações climáticas são apoiados por •
estrutura de caixa de grade (grid‐box), com uma suposições, sobre alterações futuras nas emissões e “uma descrição coerente, O maior aquecimento na área do Mediterrâneo é provável que aconteça no Verão. A precipitação anual é muito provável que diminua na maioria da área Mediterrânea. O número anual de dias de chuva é muito provável que diminua na área Mediterrânea. Risco de seca no Verão é provável que aumente na área Mediterrânea •
Variabilidade interna do modelo que aconteceu durante os projectos MEDALUS, e o •
Variabilidade natural do clima projecto DeSurvey, por exemplo. •
Escolha do método de descer de escala A disponibilidade crescente de informação sobre (downscaling). cenários climáticos permitiu o desenvolvimento de avaliações mais rigorosas dos impactos das alterações Foram desenvolvidos vários guias de boas práticas pelo climáticas. O Quarto Relatório de Avaliação destaca PIAC – IPCC e outras instituições, para assegurar que os alguns dos impactos, maioritariamente negativos, utilizadores façam frente a estas incertezas de maneira projectados para o Mediterrâneo, incluindo: apropriada. A mensagem principal é que devia ser usado • Uma maior temporada de fogos e aumento Figura 2: Mudanças de temperatura no Sudeste da um número de diferentes cenários de emissões e Europa e Mediterrâneo (relativo a 1901‐1950) como observado (linha preta) e simulado (cor vermelha) para Uma das principais motivações, para construir cenários 1906‐2005, e projectado para 2001‐2100 para o cenário de alterações climáticas é apoiar avaliações quantitativas • Maior pressão sobre o recurso de água de emissões do A1B (cor laranja) segundo um conjunto dos impactos destas em diferentes actividades humanas • Redução no potencial de energia hídrica (em modelo múltiplo. © PIAC WGI, Figura 11.4, 2007 e sistemas naturais. O tipo de informação climática que é necessária será muito dependente do tipo de avaliação A intensidade das alterações projectadas, e a sua dos impactos a serem tratados. Modelos hidrológicos, aquáticos temporários e redução de muitos robustez por todos os modelos, sugere que o por exemplo, necessitam de informação espacialmente e dos permanentes Mediterrâneo pode estar especialmente vulnerável a temporalmente consistente de toda a bacia hidrográfica alterações climáticas. e a precipitação é a variável chave. Eventos extremos Inverno não notado pelo aumento da Ao trabalhar com cenários de alteração climática ou precipitação são passíveis de serem importantes – tanto procura de refrigeração no Verão (menos projecções é importante estar consciente das diferentes de uma perspectiva de baixo fluxo (seca) e fluxos de pico duas a três semanas a precisar de fontes de incerteza, associadas aos cenários. Estes são às (inundação). aquecimento, mas umas adicionais cinco vezes referidos como a cascada de incerteza e estão semanas a precisar de refrigeração em 2050) relacionados com: Dada a potencial complexidade das necessidades do utilizador e os resultados dos modelos climáticos, pode de risco de incêndios GCMs/RCMs. •
Cenário de emissões incerto ser muito benéfico para os promotores de cenários •
Diferentes respostas dos modelos climáticos e utilizadores trabalharem juntos. Isto foi o • Diminuição na produtividade das culturas (se todos os outros factores forem constantes) 20%‐50% em 2070) • Desaparecimento de muitos ecossistemas • A diminuição da procura de aquecimento de • Diminuição provável no turismo de Verão e aumento do turismo na Primavera e Outono É evidente que nem as alterações projectadas sobre o às alterações climáticas, na qual já se está empenhado, precipitação em áreas, que já lidam com escassez de clima, nem os impactos sectoriais a elas associados, são independentemente dos esforços de mitigação que já água. prováveis de serem benéficas dentro do contexto da estão a ser implementados. Tal reflecte‐se na recente desertificação. Tudo indica que os impactos das mudança na ênfase de estudos simples sobre os Assim, assiste‐se a uma cada vez maior a construção de alterações climáticas no Mediterrâneo são passíveis de impactos das alterações climáticas, para avaliações mais projecções das alterações climáticas, elaboradas serem severos – tanto para os sistemas naturais como complexas de adaptação e vulnerabilidade. segundo as necessidades dos decisores e políticos. Estas para as pessoas. projecções são essencialmente ferramentas, para apoiar A adaptação é geralmente vista, como um processo, que a tomada de decisões, mas devia reconhecer‐se que acontece em escalas mais locais do que a mitigação e, frequentemente as alterações climáticas são apenas um 50
assim, tende a requerer uma informação sobre o clima dos muitos factores, que têm que ser considerados e 40
mais detalhada incluindo informação sobre mudanças pode até ser necessariamente dos mais importantes. No nos eventos climáticos extremos. entanto estas ferramentas são essenciais, para apoiar o A mitigação é uma intervenção antropogénica para processo UNFCCC e a politica de alterações climáticas da reduzir a acção humana no sistema climático; inclui União Europeia, tanto na mitigação como na adaptação. estratégias para reduzir as fontes e emissões de gás É esperado, que sejam usados mais extensivamente no estufa e realçar os sumidouros de gás de estufa apoio à Convenção da Nações Unidas sobre Desertificação e as outras iniciativas centradas neste A necessidade de adaptação às alterações climáticas tem fenómeno. sido reconhecida pela Comissão Europeia que adoptou o O trabalho até à data procurou igualmente, concentrar‐
Figura 3: A mudança de percentagem na produção de seu primeiro documento político de adaptação em Junho se na temperatura e precipitação, enquanto que os culturas de Verão ao longo da região do Mediterrâneo de 2007. No Livro Verde argumenta‐se que tem que se estudos de desertificação necessitam de informação como resultado das alterações climáticas. As diferenças enfrentar um desafio duplo: depois de fortes cortes nas sobre variáveis adicionais tais como vento, evaporação e são entre os períodos (1961‐1990) e no futuro (2070‐
emissões de gás de estufa, é necessário adaptação às humidade do solo. Estudos recentes do RCM indicam a 2099) para os cenários (a) A2 e (b) B2. As cores verdes mudanças das condições climáticas. O Livro Verde potencial importância da humidade do solo como indicam, que as produções estão previstas para sumaria os impactos das alterações climáticas na Europa reacção às temperaturas extremas. Estas reacções e aumentar, as cores laranja que estão previstas para e apresenta a necessidade de acção e políticas de aquelas que envolvem alterações do uso do solo, são diminuir. ©Marco Bindi – produzido para o MICE, 2005 resposta. O Sul da Europa e toda a bacia do passíveis de serem criticas para a desertificação e Mediterrâneo são identificados, como uma das áreas demonstram a necessidade para melhorias progressivas Uma das mensagens mais fortes que emergiu do último mais vulneráveis, devido ao efeito combinado de na modelação climática de alta resolução. relatório do PIAC‐IPCC é a da necessidade de adaptação aumentos de alta temperatura e da redução de 45
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