Alterações em genes - A.C.Camargo Cancer Center

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17/09/08 – 14h41 – Atualizado em 17/09/08 – 14h41 – Globo.com: O Portal de Notícias da Globo.
Alterações em genes ajudam a ‘prever’ evolução do
câncer de mama
Pesquisadoras brasileiras tentam entender tumores invasivos.
Principal dificuldade é a semelhança entre variantes da doença.
Reinaldo José Lopes, do G1, em Salvador.
Diferenças bioquímicas muito sutis, quase indetectáveis, parecem
fazer a diferença entre um tumor de mama facilmente curável e outro
com probabilidade elevada de se espalhar pelo resto do corpo. Esse
quadro um tanto assustador emerge dos trabalhos de duas
pesquisadoras brasileiras, apresentados nesta quarta (17) durante
uma reunião científica em Salvador. Os dados, se forem confirmados
por mais estudos, poderão ajudar médicos a tratar de forma
diferenciada as pacientes cujo organismo está mais suscetível aos
piores efeitos da doença.
Pequenos detalhes genéticos sugerem destino do
câncer de mama (Foto: Reprodução)
Uma das pesquisas, coordenada por Dirce Carraro, do Hospital do
Câncer de São Paulo, e apresentada durante o 54° Congresso
Brasileiro de Genética na capital baiana, envolve a tentativa de entender como alterações na expressão (ativação ou
desativação) de certos genes geram as formas mais agressivas de carcinoma ductal, um dos tipos mais comuns de
câncer de mama, assim conhecido por afetar os dutos do tecido mamário. Muitos desses tumores são “in situ”, ou seja,
nunca se espalham além de sua região original, o que facilita muito o tratamento e a cura – a paciente nem precisa de
quimioterapia.
O problema é que uma pequena fração deles pode se tornar invasivo, espalhando-se por toda a mama e chegando a
outros tecidos e órgãos do corpo, fenômeno conhecido como metástase. “As alterações moleculares [no DNA das
células] que levam à invasão não estão bem estabelecidas ainda”, explica Carraro. O que a pesquisadora e seus
colegas fizeram foi analisar de forma comparativa as formas invasivas e não invasivas da doença, examinando as
diferenças na ativação do DNA entre as células capazes de se apoderar de outros tecidos e as células tumorais vizinhas
que eram não-invasivas e portanto mais “mansas”.
No começo, parecia que a tarefa tinha naufragado: “Nós não achamos nenhuma diferença significativa no padrão de
expressão. Provavelmente, era algo pequeno demais para ser detectado”, conta Carraro. O jeito foi começar de novo e
tentar comparar genes já sabidamente envolvidos com capacidade invasiva graças a estudos feitos com outros tumores.
Usando esse artifício e técnicas mais refinadas, a equipe descobriu que, embora tenham aparência “boazinha” e nãoinvasiva, as células tumorais que estão nas vizinhanças das invasivas já possuem alterações em seu DNA que as
deixam preparadas para a invasão. Têm, portanto, “cara” de não-invasivas, mas perfil genético de invasivas. A idéia é
que esses dados sejam usados, no futuro, para prever quais pacientes vão precisar de um tratamento mais agressivo
para enfrentar a doença.
Cópias a mais ou a menos
Implicações parecidas tem o trabalho de Luciane Regina Cavalli, que hoje trabalha na Universidade Georgetown (EUA) e
colabora com pesquisadores da Universidade Federal do Paraná. Hoje, uma das principais maneiras de estimar a
chance de uma paciente com câncer de mama ser portadora de formas agressivas da doença é avaliar o chamado
linfonodo sentinela, região das axilas onde é comum aparecer a metástase (espalhamento) da moléstia.
“O problema é que as alterações morfológicas no linfonodo sentinela nem sempre indicam a chance de metástase, e a
paciente pode não ter essas alterações e mesmo assim desenvolver o câncer mais agressivo. Seria interessante
aumentar a precisão desse tipo de análise”, conta ela.
A chave, segundo o trabalho de Cavalli, pode estar na presença de cópias extras ou faltantes de pedaços de DNA das
pacientes. Comparando o material genético de mulheres com linfonodos normais e alterados, a presença dessas
alterações de grande escala no genoma mostrou uma correlação com a gravidade dos tumores de mama. Com isso,
deverá ser possível melhorar a previsão sobre o avanço da doença em cada mulher no futuro.
FONTE: http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL763399-5603,00ALTERACOES+EM+GENES+AJUDAM+A+PREVER+EVOLUCAO+DO+CANCER+DE+MAMA.html
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