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Memorial
1. Conceituação Teórica
O desenfreado crescimento da popularidade do futebol enquanto
entretenimento de massa desencadeou uma série de alterações nos edifícios
que abrigavam tais competições. Estes, e os complexos esportivos, que em um
primeiro momento tinham a função de atender a um programa específico,
transformaram-se em novos que abrigam diferentes serviços e comércios,
quando a atividade esportiva deixou de ser a função exclusiva destas
edificações. O processo de transformação que determinou os recentes
programas de necessidades para aeroportos, museus, estações de trens e
monumentos históricos restaurados, dando-os características comuns aos
shopping centers, a partir das últimas décadas do século XX, passa também a
nortear a concepção dos edifícios esportivos contemporâneos.
O esporte, que já havia deixado de ser uma prática amadora desde o
principio do século, transformou-se em um empreendimento profissional durante
os anos 1960 e, a partir da década de 1990, passou a ser explorado em seu
imenso potencial midiático. Os estádios de futebol absorveram estas mudanças
em seu programa a partir de varias inovações tecnológicas tais como:
arquibancadas mais verticalizadas, coberturas retráteis, telas de cristal líquido,
câmeras
e
cabos
ópticos
que
transmitem
imagens
para
bilhões
de
telespectadores dentre outras mais.
No espaço da cidade, estes edifícios inovadores, que permitiram a
formação de uma nova tipologia arquitetônica, transformaram-se em verdadeiros
marcos, que incorporaram a lógica da competição das cidades que aspiram ao
título de metrópoles mundiais. Para além desta condição, estes estadios
libertaram-se também dos vínculos e campeonatos regionais, de forma
semelhante a outras estruturas genéricas pertencentes à lógica da cidade
global. Mas, por outro lado, a legitimidade do esporte colocou estes edifícios a
parte das ironias dos ícones arquitetônicos do século XXI, tal como os “galpões
decorados” descritos por Robert Venture. O estádio de futebol contemporâneo,
por se tratar primordialmente de um edifício esportivo, ameniza este tipo de
critica e ou ironia.
Com todas estas características, o estádio de futebol transformou-se
também num equipamento capaz de atrair diferentes modalidades de
investimentos privados, que contribuem para o processo de reconversão do
tecido urbano, transformando áreas degradadas em regiões de intensa atividade
econômica. Portanto, este edifício esportivo contemporâneo, pode ser entendido
como uma arquitetura representativa do processo de globalização, uma vez que
ela corresponde a união entre uma lógica de comportamento baseada no
consumo e a pratica do futebol.
2. Justificativa do Projeto
Na busca por visibilidade e a captação de investimentos para as cidades,
a construção destes edifícios esportivos tornou-se um meio bastante utilizado
em diversos lugares do mundo, por permitirem a elas, além de seus
desenvolvimentos econômicos, estarem aptas para sediar grandes eventos tais
como uma Copa do Mundo e ou Jogos Olímpicos.
Segundo o exposto, e com iminência da própria copa do mundo ser no
Brasil, considera-se assim a importância de se pensar as adequações dos
antigos estádios nacionais as novas tendências e usos das atuais modalidades
esportivas, tais como o futebol. Sendo assim, não seria demais pensar na
implantação de um destes edifícios em Goiânia, por ele se tratar de uma das
maiores metrópoles do centro-oeste, ou mais precisamente de um suporte
administrativo de uma região que se encontra em franco desenvolvimento
econômico, que a direciona ao circuito dos investimentos transacionais.
3. Conceito do projeto proposto
De acordo com esta nova tendência de edifícios esportivos a idéia de uma
proposta desta natureza para Goiânia visou contemplar não só os conceitos
implícitos a este tipo de arquitetura como também adotar uma linguagem que se
identificasse como uma das soluções de uma corrente contemporânea, que se
caracteriza pelo uso da arquitetura como um suporte de imagens, pela utilização
de avançados recursos construtivos e tecnológicos e pela maximização das
potencialidades econômicas dos locais onde os edifícios são implantados.
4. A escolha do lugar
O terreno proposto para a implantação deste estádio se deu a partir da
consideração de quatro fatores fundamentais: por ser uma região passível de
ser regenerada, por ter potencialidade sócio-econômica, pela existência de
equipamentos públicos referenciais de Goiânia, por ser próxima ao centro cívico.
5. Acesso de veículos ao edifício
Estes acessos são basicamente feitos pela Marginal e a Independência,
através de viadutos que se ligam diretamente aos blocos de estacionamento.
Para adotar esta solução foi necessário ampliar a caixa desta via, visando a
absorção do intenso tráfego gerado pelo equipamento e o remanejamento das
vias adjacentes a área, como, por exemplo, a duplicação da rua 44 e a criação
de alças, possibilitando a reconversão do fluxo do trânsito.
6. O partido
6.1.
Decisões gerais quanto à implantação:
Um dos condicionantes para as definições iniciais do partido arquitetônico
deste edifício, foi a posição das grandes avenidas Independência e Marginal que
induziu a implantação do estacionamento próxima a elas.
Posteriormente, a partir de um pré-dimensionamento inicial obteve-se
dados relativos a ocupação do estádio propriamente dito e com isto a definição
total de uma área de 186.396.21 m², necessária para abrigar todo o complexo.
Definidos os estacionamentos em função das vias, escolheu-se o local de
implantação do estádio, correspondente a cotas mais altas do terreno (730), nas
proximidades da Av. Independência, onde se pode incorporar também ao
complexo a Praça do Trabalhador, permitindo assim, uma regeneração de toda
a região.
6.2.
O Edifício
De acordo com as supracitadas explicações teóricas, o edifício proposto
tem por objetivo ser um marco representativo da cidade, para tanto o elemento
arquitetônico que assinala esta condição é a cobertura, que se apóia em
complexo sistema estrutural treliçado, se destacando em torno do conjunto. Para
o pleno realce desta cobertura, o corpo do edifício se caracteriza por uma forma
simples e elementar.
Internamente, as arquibancadas se desenvolvem em três anéis, variando
de 19 a 43 degraus, que não se comunicam entre si, por razoes de segurança e
acessibilidade. O primeiro foi localizado abaixo da cota 730, para possibilitar
uma redução da altura do edifício, como ainda facilitar o acesso dos deficientes
que ficam exatamente no mesmo nível do primeiro anel da arquibancada.
Em cada um destes três anéis existem, em suas faces posteriores,
grandes lajes engastadas a eles, aonde se localizarão as diferentes atividades
complementares às esportivas, tais como lojas.
6.3.
O estacionamento
O estacionamento previsto esta distribuído em quatro grandes blocos,
formados cada um deles por sete lajes. Todos eles permitindo uma ligação
direta ao interior do edifício.
7.As soluções tecnológicas e construtivas
- O sistema estrutural da cobertura é constituído por arcos tubulares que
fazem parte das treliças principais. São estas que sustentam a cobertura de fibra
tencionada para proporcionar maior leveza ao conjunto.
- Estas treliças são interligadas para suportar os esforços de vento no
sentido de sucção e se apóiam em blocos sobre a estrutura da laje.
- Em cada uma destas treliças o arco mais baixo contém ainda uma
tubulação em PVC para captar e escoar as águas pluviais.
- Todo o conjunto estrutural foi estudado e disposto de forma a promover
a exaustão natural do ar, quando aquecido, por diferenças de densidade ar frio/
ar quente.
- O sistema de drenagem dos gramados é inicialmente coletado por
gravidade e, com o aumento da precipitação pluviométrica, por exaustão
forçada, controlada eletronicamente para garantir as condições de uso em
qualquer clima.
- Os brises horizontais são fixados numa estrutura auxiliar vertical que
tem ainda como função sustentar as placas coletoras de energia solar que irá
gerar energia para alimentar a iluminação de emergência, os leds e aquecer a
água para uso nos vestiários.
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