4. Filosofia como escultura, pintura e música

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o ritmo de tempo e espaço nas correspondências de massa
e energia, o espirito das realizações liberte o pensamento,
tirando obstruções, opondo posições e compondo oposições. E por isso que o filósofo consegue manter-se tranqüilamente sóbrio, mesmo quando está ou até por estar
superlativãmente embriagado de realidade. Sem uma integração harmônica de tranqüilidade e embriaguez nos mo- "
vimentos de refirár, opor "e compor realizações, nao rfltr
nem -me^m0~TH>t3erá~7aivér,. Fücssòfia, cómo^l&ranuru, ylu- tiira e música da realidade.
4. Filosofia como escultura, pintura e música
A FILOSOFIA COMO ESCULTURA
O escultor é um prp.«;t.iriigitArinr rlt> tn-rmae Tirando
J V I M S do que uma ciência dos objetos, a Filosofia é a
escultura das objetivações. Antes que uma teoria das
idéias, a Filosofia é a pintura das idealizações. Ao invés
de um conhecimento do real, a Filosofia é a música das
realizações. — Mas, o que este ser mais e menos nos
quer dizer da Filosofia, estendendo o horizonte de sua
envergadura, desde a plenitude cheia do ser através do
vazio pleno do vir a ser, até o vazio esvaziado do nada
e do não ser? — Antes de tudo, quer nos fazer pensar
duas coisas: de um lado, que na Filnsnfia pata sempre
j-m. Jogo, .uni, oompariativa nnr,o1rig1r,a,..de.sex e n a o ser, de
outro, que uma pergunte,..cujo horizonte não se estique
entre os" extremos" "do ser e_do nada, .pode ser um problema clõ conhecimento, nunca seira uma questão do pensa
monto! — Mas, o que tem isto a ver com escultura, pintura e música? — Resposta: tem tudo e não tem nada
a ver, justamente por ser, para ser e deixar de ser uma
, questão filosófica, caso naturalmente consigamos chegar
\até lá onde já estamos mas nunca somos, onde sempre
não temos mas Já somos.
A filosofia nasce de um transe e vive de uma transiência: o transe da sobre-vivência, a transiênda da realidade. Uma embriaguez instala a Filosofia, a embriaguez
provocada pelo espírito das realizações. Enquanto o espírito do vinho desequilibra o pensamento, interrompendo
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coisa da mesma coisa, faz aparecer outra coisa. O peso
denso e opaco do real obstrui, não, de certo, a passagem,
mas, sem dúvida, o mistério de passagem da realidade
pelos limites das realizações. Pois retirando o excesso de
mármore do mármore, temos uma outra realização, temos
Apoio. E o que faz Folicleto, extrai da pedra Apoio e deixa
brilhar para a história do mundo a luz do deus no mármore diáfano da escultura. Ora, é isto também o que acontece na Filosofia, com o real das realizações, toda vez
que pensa um filósofo. As formas, que nas mãos do escultor acordam do sono da pedra, da madeira ou do barro,
transformam-se nas mãos do pensamento em categorias
e estruturas, em processos e impulsos de realizações históricas. Se, tirando o excesso de real, o escultor ex-trai
configurações, o filósofo abstrai padrões mutáveis djtjeiacióriamento/para deixar aparecer o rrüstérifi. da realidade
instalando-se em "novas'~ épocas" de evolução. Ö OBSõBi
traten*- A ~n~ pffMJftfljfTiTmtn--^^
dò eSTUltorcomo da abs-tração do filósofo. Pois filosofar também é
saber tocar com as mãos mágicas na membrana real das
coisas para deixar re-saltar as matrizes, para fazer soltar
os perfis das realizações. E destarte se abrem passagens
extraordinárias para outros desempenhos, para adventos
inesperados do mistério inesgotável mas finite da realidade. A Filosofia se faz, então, a escultura das objetivações.
A FILOSOFIA COMO PINTURA
Já o pintor é o mago das tintas. Sua mágica não tira
nada de nada. Sua mágica dá. Pois a pintura põe dentro
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das tintes uma tal forca de marcação e termo, uma, tal
dg-finican.de limitfis_fi_iíecisao dé~flns, que " ^ t i n t a s se
transformam em cores, quê ò espaço de" coordenadas se
•^is-fj^ura_em_territorios de lu^säsTgÜB õ 'dèsTo^ÊnTo
j S t pi^siç^fíS~IrãHs-peniie para movimentos de acolhida e
rejeição. Surgem, então, do interior das cores a moldura
è o quadro, assim como, no teatro, o cenário emerge da
ação simbólica da comunidade e demarca o palco das representações. O modus vonens im-põe. portanto, a interioridade das cdfésàs tintas, ao espaço, frs forma« *• linhac
d e t o d a s as conjunções e disjunções, de todas as harmr>
filas"e contrastes. — Se õ pintor é o mago das tintas, o
filósofo sabe a magia das definições e o poder das representações. As de-finições têm a força de realçar os atos
e palavras,'as situaçoes_e posturas qHé desaparecem no
ambiente das iélaçoes, sel^riclãm no contexto das reffr
rèuuias e se perdem no tecído^jasjreaUzações. As definições operam como o fundo escuro^quê BS désprender-se
a circunferência do anel de ouro, ou de mostrador de
relógio, ou da forma de uma moeda. Este desprendimento
permite representar uma estrutura independente e universal e com isso acena com uma dinâmica de idealidade a
que nenhum limite poderá resistir. É então que a Filosofia se torna a pintura das idealizações.
A FILOSOFIA COMO MUSICA
Na música, fonir,
RF Te tira
excesso como se põem li-
mitesr U . j ã r f v ^ i ™ ^ " dalriiíSlca nan *n jwlT^cHHngV.
apenas nem ao modus tollens, nem ao modus ponens-trm
tgrrriTê-iiktv^r arm^r-us liuiürw nam tar^iro ,,,'„. iM
v i ade é
^ ^
o primeiro, no modus com-ponens, numa çomZPTOíJBO. U quu l!,lu tígnlfJterr- e-*omem e" um ser descontente por natureza. Não se contenta nem com o que
ele é, nem com o que ele não é. Um apelo incontestável
de dever ser atravessa-lhe todo o ser. Desde tempos imemoriais os homens são levados a transformar para dentro
e para fora tudo que receberam ao nascer. O Fogo de
Prometeu ê o poder dado ao homem de substituir o ser
pelo agir e assim de sentir-se de uma maneira diferente
da que lhe foi concedida. Trabalhados pela angústia desta
inquietação ontológica, os homens forjaram padrões de
comportamento e práticas de operação destinadas a conter
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as inconstância^ de seus descontentamentos de ser e não
ser. Estar fora de si no êxtase e no transe, projetar-se
para um outro mundo em viagens e migrações, tornarise
estranho para si mesmo nas possessões e incorporações
são outras tantas tentativas históricas do homem de romper com seu ser e permitir a irrupção do não ser nas
peripécias de um dever ser mterminável.
A música é a mágica_flue toca profundamente as vibrações do vir a ser jfle nossos descpntehlainehitos"e, mais
do que qualquer outra coisa, mergulha nossos projetos
de ser nas ondas do não ser e do vir a ser. Nas profundezas das vibrações se torna presente a compertinanela
de todas.as.diferenças. Os gregos foram quem deram ao
Ocidente esta vigência ontológica da música. Na música
eles não viam apenas uma expressão imediata da alma;
nas vibrações do som e nas oscilações do ritmo sentiam
desfazer-se os limites e as barreiras das realizações e viam
brilhar um relâmpago sobre o abismo noturno da realidade onde brotam a vida e a morte, o mundo e o imundo,
a ordem e o caos. É este o sentido profundo da filosofia
pitagórica sobre a harmonia das esferas: es vibrações da
realidade em que nasce o universo constituem a música
originária de todas as realizações. Para a Filosofia, a música não é uma arte entre outras artes. Não há uma musa
da música. A música é que é a musa de todas as musas.
Por isso as artes são todas musicais e são arte na medida de sua musicalidade. Pois na música se dá o mais
alto grau de realização de qualquer real. Questionando
em tudo a realidade de todos os empenhos e desempenhos, a Filosofia se torna assim a música das realizações.
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