B•4 •EDUCAÇÃO E SAÚDE Macapá (AP), Quarta-feira, 13 de Abril de 2016 DESCOBERTA Um macaco com coração de porco? Polêmico teste abre espaço para transplante com humanos BBC Um babuíno sobreviveu por dois anos e meio após ter um coração de porco transplantado em seu abdômen. Em pesquisas anteriores, primatas sobreviviam no máximo 500 dias. O recorde foi divulgado na última terçafeira (5) na revista Nature Communications e abre espaço para transplantes entre suínos e humanos no futuro. O método utilizou uma combinação de modificação genética e drogas imunossupressoras em cinco babuínos. Os corações dos porcos não substituíam os dos primatas -- que continuaram com a função de bombear o sangue, mas estavam ligados ao sistema circulatório por meio de dois grandes vasos sanguíneos no abdômen. Muitas vezes, o sistema imunológico do receptor rejeita o coração do doador por reconhecêlo como estranho e, portanto, uma ameaça. Na pesquisa com babuínos, os corações dos porcos foram geneticamente modificados para ter alta tolerância à DA REPORTAGEM LOCAL resposta imune. Os cientistas norte-americanos e alemães também adicionaram uma assinatura genética humana para ajudar a prevenir a coagulação do sangue. Apenas um dos babuínos atingiu a marca de 945 dias vivo. A média entre os cinco foi de 298 dias. A equipe pensa em estender a pesquisa para a substituição dos órgãos. Transplantes em humanos Os cientistas têm feito experiências com transplante de rins, coração e fígados de primatas em seres humanos desde a década de 1960. Nenhum sobreviveu por mais de alguns meses. Por conta da proximidade genética, os primatas eram os melhores candidatos a doadores. Mas não há uma grande quantidade de macacos criados em cativeiro. Os corações dos porcos são anatomicamente semelhantes aos corações humanos. Os suínos também crescem rápido e são amplamente domesticados. Esqueça a expressão “espírito de porco”. A tendência agora é que nós, seres humanos, tenhamos corações suínos Anvisa dará aval temporário a pesquisas com aedes transgênico FOLHA DA REPORTAGEM LOCAL Após quase dois anos de análise, a diretoria da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) decidiu conceder uma espécie de aval temporário a pesquisas com mosquitos transgênicos. A medida, que ocorre em meio a críticas pela demora na avaliação do tema, é a primeira iniciativa da agência para regular o uso desse tipo de tecnologia no país. Até então, a Anvisa alegava ter dúvidas sobre se poderia interferir nessa questão. O pedido de análise foi feito em 2014 pela empresa britânica Oxitec, que possui uma filial em Campinas (SP) e detém uma linhagem de mosquitosAedes aegypti geneticamente modificados. Na época, a empresa havia obtido aprovação inicial pela CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) para uso da tecnologia em larga escala, e consultou a Anvisa na tentativa de obter aval para a comercialização. Liberados no ambiente, esses mosquitos têm como função reduzir a população dos mosquitos silvestres —e assim, reduzir também a transmissão de doenças por eles transmitidas, como a dengue. Dois anos depois, a agência definiu que os mosquitos geneticamente modificados "são objeto de regulação sanitária, no que diz respeito à segurança sanitária de seu uso e em relação à sua eficácia". Mas ainda não se posicionou sobre uma eventual comercialização dessa tecnologia. Segundo a Anvisa, até que seja concluída a elaboração de uma norma sobre o tema, a empresa Oxitec ganhará um "registro especial temporário", que permite que ela realize mais pesquisas com a tecnologia para comprovar sua eficácia. A medida deve abrir espaço para novas parcerias com prefeituras que desejam utilizar a ferramenta no combate ao mosquito Aedes aegypti, que transmite os vírus da dengue, zika e chikungunya. Essa utilização, porém, ainda deve ocorrer em caráter de testes. Em nota, a Anvisa diz que, além da análise da CTNBio, "caberá aos órgãos específicos dos Ministérios o registro e a fiscalização comercial dos organismos geneticamente modificados". "No caso dos mosquitos transgênicos para uso em controle de vetores, a Anvisa analisará e concederá o registro desses produtos após avaliação de sua segurança e eficácia", informa, em um sinal de que a liberação para uso comercial deve ocorrer apenas após a ampliação dos estudos. MENOS MOSQUITOS O uso de uma linhagem transgênica do mosquito Aedes aegypti ganhou repercussão após resultados positivos em testes-piloto no país. Na prática, funciona assim: como só as fêmeas do Aedes aegypti picam —e assim podem contrair e transmitir vírus como a dengue, por exemplo— os pesquisadores liberam apenas os machos transgênicos no ambiente. Soltos, os mosquitos "recém-chegados" encontram as fêmeas silvestres e as fecundam. Fertilizadas, elas ficam indisponíveis para receber outros machos. Os ovos desse encontro ganham um gene "mortal", e produzem larvas que morrem antes de ultrapassar a fase da pupa e chegar à vida adulta. Assim ocorre a redução na população de mosquitos. Os projetos-piloto foram conduzidos em dois municípios da Bahia, Juazeiro e Jacobina, e em Piracicaba, no interior paulista. Em Piracicaba, resultados mostraram redução de 82% nas larvas selvagens em áreas onde o mosquito foi liberado, segundo dados da Oxitec. Em março, a OMS (Organização Mundial de Saúde) também recomendou que os países ampliem as pesquisas sobre a utilização de mosquitos transgênicos. O objetivo, assim, é testar a eficácia dessa ferramenta no combate ao mosquito Aedes aegypti e ao avanço dos vírus da dengue, zika e chikungunya. Energia nuclear ajudará Brasil a frear mudança do clima, diz embaixador Os acordos globais para reduzir as emissões de carbono e frear as mudanças climáticas devem impulsionar a construção de usinas nucleares mundo afora e inclusive no Brasil, diz o embaixador brasileiro na Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), Laércio Antônio Vinhas. Apesar do risco de acidentes como o ocorrido na usina japonesa de Fukushima em 2011 -, a energia nuclear não emite gases causadores do efeito estufa (resíduos tóxicos da atividade costumam ser armazenados indefinidamente). No ano passado, o governo brasileiro se comprometeu a reduzir em 43% as emissões desses gases até 2030 em comparação com níveis de 2005. Segundo o embaixador, além de investir nas fontes solar e eólica, o Brasil precisará recorrer a reatores nucleares para substituir usinas térmicas a carvão. Hoje a fonte nuclear responde por 2,4% da geração de energia do país. Vinhas foi um dos principais negociadores brasileiros da Cúpula de Segurança Nuclear, que se encerra nesta sexta-feira em Washington e reuniu líderes de 53 países. A presidente Dilma Rousseff representaria a delegação brasileira, mas cancelou a presença após o agravamento da crise política no país. Físico nuclear, Vinhas trabalhou na Comissão Nacional de Energia Nuclear por 47 anos e se tornou figura frequente em reuniões internacionais sobre o tema. A experiência no setor lhe rendeu em 2011 um convite do governo para assumir a missão brasileira na Aiea, em Viena, mesmo não sendo um diplomata de carreira. Em setembro, foi eleito presidente da junta de governadores da agência por um ano. Vinhas foi um dos principais negociadores brasileiros da Cúpula de Segurança Nuclear, que se encerra nesta sexta-feira em Washington