CONSTRUINDO UMA INFRA-ESTRUTURA PARA O E-BUSINESS – ASPECTOS TECNOLÓGICOS E ADMINISTRATIVOS Engenheiro Mário Eugênio Longato Centro Universitário IMES - São Caetano do Sul SP Rui de Almeida Martins Centro Universitário IMES - São Caetano do Sul SP Abstract The objective of this article is to describe the technological and administrative aspects that make possible a company to combine it the world of the electronic commerce. Currently very if it says in Web service, that is a technological platform that makes possible the electronic commerce. About 20 years behind was initiated it electronic exchange of data through a tool of name EDI - Electronic Data Interchange. At this time the Inter-enterprise nets of communication were scarce, expensive and very complex to operate. Thanks to the INTERNET, today we have a new reality in terms of net of communication of data, making possible new applications of electronic commerce. Key-words: E-Business, B2B, EDI, SOAP, XML, Web services, ERP, XRP, e-Commerce Área Temática: Gestão da Tecnologia 1. Introdução O objetivo deste artigo é descrever os aspectos tecnológicos e administrativos que viabilizam uma empresa a integrar-se ao mundo do comércio eletrônico. Atualmente muito se fala em Web service, que é uma plataforma tecnológica que viabiliza o comércio eletrônico. A cerca de 20 anos atrás iniciou-se a troca eletrônica de dados através de uma ferramenta de nome EDI – Electronic Data Interchange. Nesta época as redes de comunicação inter-empresariais eram escassas, caras e muito complexas de operar. Graças à Internet, hoje temos uma nova realidade em termos de rede de comunicação de dados, viabilizando novas aplicações de comércio eletrônico. 2. A evolução do MRP Ao longo dos últimos 20 anos, a evolução dos sistemas informatizados nas empresas cresceram acompanhando a evolução tecnológica do hardware e do software. Nos dias atuais encontramos sistemas de armazenamento de dados na ordem de dezenas de Giga Bytes a preços baixíssimos. A capacidade de processamento e a memória física dos equipamentos também evoluíram de forma rápida, e os preços ficaram cada vez mais atrativos. Quanto aos softwares de suporte (Sistema Operacional e Sistema Gerenciador de Banco de Dados), houve também uma melhora no desempenho e na segurança dos mesmos. Em meados dos anos 70 as empresas utilizavam o MRP – Material Resource Planning. Este sistema atuava estritamente no controle da produção (PCP - Planejamento e Controle de Produção), controlando carga de máquina e fluxo de materiais pela produção. Nos anos 80 e início dos ano 90, imperou o MRP-II, onde foram incluídas no sistema informatizado outras funções da empresa, dentre elas a Logística e Compras. Nos anos 90 foi a vez do ERP – Enterprise Resource Planning, onde prega-se o envolvimento de todas as áreas da empresa. A evolução é demonstrada no quadro 2.1. PRODUÇÃO Anos 70 MRP PRODUÇÃO LOGÍSTICA COMPRAS Anos 80 MRP-II PRODUÇÃO LOGÍSTICA COMPRAS FINANCEIRO ADMINISTRATIVO VENDAS Anos 90 ERP Quadro 2.1 – Evolução dos Sistemas Corporativos 3. A evolução dos serviços através da WEB No princípio a Internet estava sendo utilizada para a publicação de páginas estáticas, onde as empresas colocavam sua missão, lista de produtos e serviços. O serviço de email foi o segundo na utilização pela Internet, onde as empresas disponibilizaram para seus funcionários um endereço eletrônico, porém, devido à fase inicial do serviço, as mensagens trocadas pelos funcionários não tratavam exclusivamente de negócios, e sim, tinham cunho pessoal. Com a disseminação da Web nas empresas, a mensagem eletrônica passou a ser utilizada para fins comerciais, onde eram solicitadas, de forma não estruturada, cotações e as respostas também eram enviadas sem formatação, e sem integração com qualquer sistema da empresa. Também em 1998, entraram em operação os primeiros portais de comércio eletrônico, onde as empresas disponibilizavam produtos para a prática do B2C – Business to Consumer (Venda direto para o Consumidor), ou seja, os portais de supermercados, lojas virtuais, livrarias. Neste ponto podemos ressaltar alguns empreendimentos de sucesso, como o portal da Amazon (em âmbito mundial) e o portal do grupo Pão de Açúcar no Brasil. Os novos serviços que iniciaram junto com o novo milênio, e que responderá pelo crescimento vertiginoso das transações comerciais através da Internet, é o B2B – Business to Business (Vendas entre empresas), onde os Sistemas Corporativos das Empresas trocarão sincronizadamente as solicitações de compra e faturamento. http (1994) Publicação de páginas estáticas Smtp (1995) Utilização de correio eletrônico (fins pessoais) Smtp (1998) Utilização de correio eletrônico (fins de negócios) Xml, https (1998) Utilização de comércio eletrônico (b2b e b2c) Soap Utilização de troca de documentos entre empresas (Webservice) (2001) Quadro 3.1 – Evolução dos serviços na Internet (Brasil) A partir de 2001 uma nova gama de serviços passaram a fazer parte do dia-a-dia das empresas. Os serviços são: e-Procurement - Compras corporativas pela internet. É o processo de compras corporativas via web, a partir de um portal próprio para fornecedores credenciados. eMarketplace – Mercado Virtual São os mercados virtuais onde compradores e vendedores se encontram para fazer negócios. Gestão Integrada da Cadeia de Valor – Troca de informações de produtos/serviços Dado um produto final, sua composição dependerá da gestão integrada entre os diversos fornecedores de materiais e serviços que são necessários para a produção do mesmo. Como exemplo podemos citar a produção de um veículo, particularmente a carroçaria do mesmo. O quadro 3.2 mostra o fluxo racionalizado. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. Mineração do ferro Mineração do carvão mineral Produção do carvão coque Produção do ferro gusa Produção do aço Laminação do aço Estampo da lamina de aço Tratamento químico Montagem no chassi do veículo Pintura Produto acabado (Veículo pronto para uso) Quadro 3.2 Etapas envolvidos até a produção final do veículo Estas 11 etapas demonstram apenas uma parte da construção de um veículo que é a carroçaria. Nestas etapas empresas fabricantes de aço (COSIPA, USIMINAS, AÇOMINAS) e fabricantes de automóveis (VOLSWAGEN, FORD, GMB, FIAT, RENAULT) são visíveis. O mesmo não deixa tão evidente o fluxo completo na cadeia, pois, no item 8, temos outra cadeia de fornecimento, onde são utilizados produtos químicos no tratamento da superfície da chapa antes da aplicação da tinta. Esta cadeia toma um ramo totalmente diferente do exposto, uma vez que aqui temos as indústrias químicas como BASF, DUPONT, dentre outras. 4. O conceito de Web service Web service representa uma nova arquitetura para criar aplicações que podem ser acessadas de diferentes computadores e sistemas operacionais. É uma aplicação de software que pode ser acessada remotamente utilizando diferentes linguagens baseadas em XML Uma comparação que podemos fazer entre um acesso à páginas web e a um Web service está descrita abaixo: ACESSO A UM PORTAL WEB (SEM MECANISMOS PAA WEB SERVICE) O usuário digita a URL – Uniform Resource Locator através da seleção de um hyperlink. Neste momento é criada uma solicitação e o servidor de páginas resgata aquela solicitação e disponibiliza o conteúdo para o solicitante. A figura 4.1 mostra a topologia deste tipo de acesso. lnternet Ex. Internet Explore Solicitação de uma página Ex. APACHE Server Recuperação da Página e envio Figura 4.1 – Acesso a um portal para consulta a páginas ACESSO A UM PORTAL WEB SERVICE Uma aplicação ou até mesmo um usuário acessa um endereço URL, e o conteúdo enviado na requisição é um documento XML formatado de acordo com as regras de especificação SOAP. A arquitetura de um Web service está demonstrada na figura 4.2 lnternet Gerador de mensagem SOAP Analisador de mensagem Servidor Mecanismo Web Figura 4.2 – Interação com um Web service 4.1 As siglas utilizadas em Web services ebXML / Electronic Business XML- é um variante do XML. É um conjunto de especificações para padronizar o XML, facilitando assim a troca de informações entre as empresas. OASIS / Organization for the Advancement of Structured Information (www.oasis-open.org) – É uma entidade que discute os padrões para as aplicações de e-business e Web services. SAML / Security Assertion Markup Language – É a linguagem para troca de informações seguras no ambiente de Web services, e também é baseada em XML. Envolve mecanismos de autenticação e autorização. SOA / Service-Oriented Architecture – É uma arquitetura padronziada, onde se encaixam o CORBA (Common Object Requests Broker Architecture) e o DCOM (Distributed Component Object Model). SOAP / Simple Object Access Protocol – é o componente fundamental dos Web services. É um padrão aberto e baseado no XML. O mesmo foi projetado para padronizar a troca de informações entre aplicações diferentes em um ambiente descentralizado. XML / Extensible Markup Language – Linguagem baseada em marcas (tags). Uddi / Universal Description, Discovery and Integration (www.uddi.org) – Seu funcionamento é similar a um catálogo para Web services, onde as empresas expõem seus serviços e suas interfaces. Este serviço foi uma iniciativa de empresas como: IBM e MICROSOFT. WS-I / Web services Interoperability Organization – É uma entidade envolvida na padronização sobre interoperabilidade entre sistemas, e é formada por empresas como: BEA Systems, INTEL, MICROSOFT e IBM. WSDL / Web Services Description Language – a função básica do WSDL é a definição das regras baseadas em XML para descrever os serviços web. Estea tecnologia foi criada em conjunto pela IBM e pela MICROSOFT. 4.2 SOAP e Web services O SOAP é um protocolo elaborado para facilitar a chamada remota de funções via Internet, permitindo que dois programas se comuniquem de uma maneira tecnicamente muito semelhante à invocação de páginas web. O protocolo SOAP tem diversas vantagens sobre outras maneiras de chamar funções remotamente como DCOM, CORBA ou diretamente no TCP/IP: É simples de implementar, testar e usar. É um padrão da indústria, criado por um consórcio da qual a Microsoft é parte, e foi adotado pela W3C (http://www.w3.org/TR/SOAP/) e outras empresas. Usa os mesmos padrões da Web para quase tudo: a comunicação é feita via HTTP com pacotes virtualmente idênticos; os protocolos de autenticação e encriptação são os mesmos; a manutenção de estado é feita da mesma forma; é normalmente implementado pelo próprio servidor web. Atravessa “firewalls” e roteadores, que “pensam” que é uma comunicação HTTP. Tanto os dados como as funções são descritas em XML, o que torna o protocolo não apenas fácil de usar como também muito robusto. É independente do sistema operacional e CPU. Pode ser usado tanto de forma anônima como com autenticação (nome/senha). Os pedidos SOAP podem ser feitos em três padrões: GET, POST e SOAP. Os padrões GET e POST são idênticos aos pedidos feitos por navegadores Internet. O SOAP é um padrão semelhante ao POST, mas os pedidos são feitos em XML e permitem recursos mais sofisticados como passar estruturas e arrays. Independente de como seja feito o pedido, as respostas são sempre em XML. O XML descreve perfeitamente os dados em tempo de execução e evita problemas causados por inadvertidas mudanças nas funções, já que os objetos chamados têm a possibilidade de sempre validar os argumentos das funções, tornando o protocolo muito robusto. O SOAP define também um padrão chamado WSDL, que descreve perfeitamente os objetos e métodos disponíveis, através de páginas XML acessíveis através da Web. A idéia é a seguinte: quem publicar um serviço, cria também estas páginas. Quem quiser chamar o serviço, pode usar estas páginas como “documentação” de chamada e também usadas antes de chamar as funções para verificar se alguma coisa mudou. O SOAP pode ser facilmente implementado em virtualmente qualquer ambiente de programação. Existem atualmente diversos “kits” de desenvolvimento SOAP para vários sistemas operacionais e linguagens de alto nível. 4.3 SOAP com .NET da Microsoft O SOAP é uma parte importante da arquitetura .NET da Microsoft e tem um extenso suporte no Visual Studio.NET. Um WebService é um conjunto de métodos WebMethods logicamente associados e chamados através de SOAP. Os WebMethods são funções chamadas remotamente através de SOAP. Cada WebService tem dois arquivos associados: um com extensão “asmx” e outro com extensão “cs” se você estiver usando a linguagem C#. Na arquitetura .NET os WebServices são implementados sempre em uma classe derivada de “System.Web.Services.WebService”. Nesta classe adicionamos as funções (métodos) que serão chamados via SOAP. A diferença entre um WebMethod e um método comum é a presença de um “atributo WebMethod”, uma espécie de diretiva de compilação. A página SDL é gerada automaticamente pelas ferramentas de programação. 5. O Comércio Eletrônico e sua classificação por tipo de negócios O comércio eletrônico pode ser classificado em alguns tipos, os quais estão identificados a seguir: NEGÓCIO – NEGÓCIO É principio do EDI (Electronic Data Interchange / Intercâmbio Eletrônico de Dados), onde as empresas trocam informações sobre pedidos e cotações em suas operações. NEGÓCIO – CONSUMIDOR São os portais de venda virtual, como já explicado anteriormente podemos citar a venda de Livros, CD’s, Flores e bebidas. CONSUMIDOR – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA No Brasil esta categoria está muito forte, pois o governo está investido pesadamente nos portais dos órgãos públicos. Como exemplo podemos citar os serviços dos DETRANs, Correios e Ministérios como o da Fazenda e o da Previdência. 6. Conclusão Os Web services prometem o que todo pessoal de TI – Tecnologia da Informação deseja - a interoperabilidade. Como exposto nos capítulos anteriores, a arquitetura dos Web services baseia-se no envio de mensagens em XML – Extensible Markup Language em um formato SOAP. Um fator decisivo para a consolidação deste novo conceito como um segmento da indústria de tecnologia foi a formação de um consórcio chamado por WS-I / Web Services Interoperability Organization , objetivando o desenvolvimento de padrões. Este grupo reúne grandes empresas, líderes do mercado de tecnologia, tais como IBM, Microsoft, SAP, Oracle, BEA System, Fujitsu dentre outras. Além destas empresas o apoio vem de outras empresas de consultoria como o Gartner Group e a Forrester Research. A reunião destes grandes competidores foi marcada, espantosamente, pelo interesse genuíno e autêntico de se estabelecer padrões satisfatórios para todos os envolvidos. Adiciona-se a isto o fato de que este consórcio, mais nitidamente através da Microsoft, vem trabalhando junto ao W3C (www.w3.org), entidade responsável pela padronização de diversas linguagens e protocolos de Internet, em uma proposta visando a padronização do SOAP e de outros padrões que dão suporte ao uso de Web Services. Conforme citado anteriormente, um Web Service é um componente ou unidade de software que fornece uma funcionalidade específica, como uma rotina para validação do número de cartão de crédito. A mesma poderá ser acessada por diferentes sistemas, através do uso de padrões da Internet, como XML (Extensible Markup Language) e HTTP (Hyper Text Transfer Protocol). A utilização de tais padrões se faz importante para o desenvolvimento de aplicações distribuídas com Web Services. Portanto, um Web Service poderá ser utilizado internamente, por uma única aplicação ou por várias aplicações da mesma empresa, podendo ser exposto através da Internet, a fim de ser utilizado por qualquer aplicação, bastando para isso que a aplicação seja capaz de entender SOAP e XML. Acrescente-se ao uso do XML, HTTP e SOAP a necessidade de uma linguagem que esclareça sobre sintaxe, parâmetros, métodos ou funções, a WSDL (Web Services Description Language) e um diretório geral, UDDI, que é a páginas amarelas da Internet descrevendo os serviços disponíveis. Tais nomenclaturas compõem o conjunto de tecnologias aceitas pelos padrões acordados entre os fornecedores, acima citados, e propostos ao W3C no que concerne o assunto Web Services, a saber: HTTP, XML, SOAP, WSDL e UDDI. 7. Bibliografia [CARILLO02] CARILLO JR, Edson ...[et al]; Atualidades na cadeira de abastecimento; São Paulo: IMAM, 2003. 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