Ecologia de Comunidades e Ecossistemas • Habitat e nicho

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Ecologia de Comunidades e Ecossistemas
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Habitat e nicho ecológico
Para entendermos o funcionamento da vida dos seres vivos em comunidade (dentro de
um ecossistema) se faz necessário abordarmos dois conceitos básicos e fundamentais da
ecologia: habitat e nicho ecológico.
O habitat de um organismo corresponde ao local onde ele vive, em outras palavras é o
ambiente no qual habita determinada espécie. Por exemplo: a onça e o bicho-preguiça vivem
na floresta tropical e não no deserto; o dromedário e o lagarto-de-chifres vivem no deserto e
não no manguezal; o pirarucu vive no rio e não no mar; o tubarão-baleia vive no mar e não no
rio. Desse modo, os seres vivos estão adaptados ao seu habitat, ou seja, estabelecem relações e
atividades próprias da espécie no local, incluindo tipos de alimentação, as condições de
reprodução, de moradia, os inimigos naturais (predadores, competidores, parasitas) e
estratégias de sobrevivência. Esse conjunto de relações e atividades constitui o nicho
ecológico.
Assim, tendo em vista facilitar a compreensão dos termos, o ecologista Eugene Odum
utilizou a seguinte analogia: se o habitat é o “endereço” de um ser vivo, o nicho ecológico
corresponde a sua “profissão”, ou seja, a função que ele desempenha no ecossistema. A
Figura 1 mostra alguns exemplos.
Figura 1. Habitats e nichos ecológicos diversos.
Fonte: UAN, 2014.
Para conhecer o nicho ecológico de determinada espécie,
precisamos saber do que ela se alimenta, onde se abriga,
como se reproduz, quais os seus inimigos naturais etc. Por
exemplo: a cutia e a onça-pintada podem ser encontradas
na floresta Amazônica; possuem, então, o mesmo habitat.
No entanto, os nichos ecológicos desses animais são
diferentes. A cutia é herbívora (Figura 2), alimenta-se de
Figura 2. Exemplar de cutia ingerindo
sementes.
frutos, sementes e folhas; abriga-se em tocas ou em
trocos de árvores e serve de alimento para animais
diversos, como a própria onça. Já a onça-pintada é carnívora (Figura 3), alimenta-se de
animais como a capivara, aves e peixes, e não vive em
tocas.
Como se vê, cutias e onças têm modos de vida
diferentes, isto é, desempenham atividades distintas dentro
de um mesmo ecossistema. Logo, o nicho ecológico da
cutia é diferente do nicho ecológico da onça. Assim, um
mesmo habitat pode proporcionar muitos nichos distintos,
dependendo da espécie.
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Figura 3. Exemplar de onça-pintada
caçando.
Fluxo de matéria, energia e níveis tróficos
Os últimos níveis de organização biológica (organismo – população – comunidade –
ecossistema - biosfera), vistos em aulas anteriores, definem uma hierarquia de sistemas
ecológicos. Esses níveis, para existirem, necessitam que ocorra um fluxo contínuo de matéria
e energia entre os seres vivos e entre eles e o ambiente, de acordo com o nível trófico
(hierarquia alimentar) que ocupam, ou seja, com base nas principais fontes de nutrição dos
organismos.
A matéria e energia são os componentes do universo. O Sol é a principal fonte
fornecedora de energia para a Terra. O aproveitamento de toda a radiação solar ocorre através
da captação feita pelas plantas e algas, as quais transformam energia luminosa em energia
química através da fotossíntese. A energia química nutre os tecidos vegetais que, por sua vez,
servirão de fonte de alimento para outros organismos.
O nível trófico que sustenta definitivamente todos os outros é desempenhado pelos
seres autótrofos, também chamados de produtores primários do ecossistema. Os autótrofos
são organismos fotossintetizantes que utilizam a energia luminosa para sintetizarem açúcares
e outros compostos orgânicos, que eles utilizam como combustível (energia) para a respiração
celular e como matéria-prima para o crescimento. Plantas, algas e procariontes
fotossintetizantes são os principais seres autótrofos da biosfera, embora existam procariontes
quimiossintetizantes, que são os produtores primários em alguns ecossistemas, a exemplo do
fundo dos oceanos e em algumas piscinas naturais em cavernas.
Os organismos que ocupam os níveis tróficos acima dos produtores primários são
denominados heterótrofos, que dependem direta ou indiretamente dos produtores, pois não
são capazes de sintetizarem seu próprio alimento. Assim, os herbívoros (animais quem
comem vegetais) são consumidores primários. Os animais carnívoros que comem os
herbívoros são consumidores secundários e os animais carnívoros que comem outros
carnívoros são consumidores terciários e assim sucessivamente. Esta sequência de níveis de
obtenção de energia que ocorre sempre de forma unidirecional entre os seres vivos compõe a
cadeia alimentar, na Figura 4 observe o exemplo de uma cadeia alimentar terrestre e uma
marinha:
Figura 4. Cadeia alimentar terrestre e marinha.
Fonte: Benjamin Cummings, 2012.
Outros organismos de fundamental importância
para o equilíbrio dos ecossistemas são os detritívoros
ou decompositores (Figura 5), estes são consumidores
que obtém sua energia a partir de detritos, materiais
orgânicos não vivos, como restos de organismos
mortos, fezes, folhas caídas e madeira. Os dois grupos
importantes de decompositores são os procariotos
(bactérias) e fungos.
Figura 5. Fungo decompondo árvore
morta.
O principal papel dos decompositores é a reciclagem de elementos químicos os
trazendo de volta aos produtores primários. Assim, os decompositores convertem matéria
orgânica, a partir de todos os níveis tróficos, as transformando em compostos inorgânicos
utilizáveis pelos seres autótrofos (produtores), completando o ciclo de nutrientes de um
ecossistema. Se os decompositores cessassem a sua atividade, toda a vida na Terra morreria à
medida que os dejetos fossem se acumulando e os estoques de nutrientes para a síntese de
nova matéria orgânica fosse se exaurindo.
A sequência unidirecional de níveis tróficos (cadeia alimentar) pode ser interligada
sob a forma de teia alimentar, caracterizando um conjunto de cadeias alimentares ligadas
entre si e geralmente representadas como um diagrama das relações tróficas entre as diversas
espécies de um ecossistema (Figura 6).
Figura 6. Teia alimentar
As teias alimentares, em comparação com as cadeias, apresentam situações mais perto
da realidade, onde cada espécie se alimenta em vários níveis hierárquicos diferentes,
originando uma complexa teia de interações alimentares. Todas as cadeias alimentares
começam com um único organismo produtor, mas uma teia alimentar pode ter vários
produtores. As teias permitem uma noção mais realista do que acontece nos diversos
ecossistemas, já que a relação entre dois organismos (o alimento e seu consumidor) não é
sempre a mesma.
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Pirâmides ecológicas
As relações ecológicas entre seres vivos podem ser representadas graficamente por
meio da construção das chamadas pirâmides ecológicas. Essas pirâmides representam as
variações de número, biomassa e energia dentro de um ecossistema.
- Pirâmide de números - representa a quantidade de indivíduos em cada nível trófico da
cadeia alimentar, proporcionalmente à quantidade necessária para a dieta de cada um deles
(Figura 7).
Figura 7. Pirâmide de números.
Em alguns casos, quando o produtor é uma planta de grande porte, o gráfico de
números passa a ter uma conformação diferente da usual, sendo denominada “pirâmide
invertida” (Figura 8). Outro exemplo de pirâmide invertida é dada quando a pirâmide envolve
parasitas, sendo assim os níveis tróficos superiores são mais numerosos.
Figura 8. Pirâmide de números invertida.
- Pirâmide de biomassa – corresponde à massa corpórea (biomassa). O resultado será similar
ao encontrado na pirâmide de números. Os produtores terão a maior biomassa e constituem a
base da pirâmide, decrescendo a biomassa nos níveis superiores (Figura 9).
Figura 9. Pirâmide de biomassa.
- Pirâmide de energia - retrata, para cada nível trófico, a quantidade de energia acumulada,
em uma determinada área ou volume, em um intervalo de tempo. Assim, representa a
produtividade energética do ambiente em questão, a qual pode ser observada na Figura 10, a
seguir:
Figura 10. Pirâmide de energia.
Observação: estima-se que cada nível trófico transfira apenas 10% da capacidade energética
para o nível trófico seguinte, por isso, uma pirâmide dificilmente apresentará mais que cinco
níveis tróficos.
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