Fibromialgia - Definição, Sintomas e Porque Acontece

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Fibromialgia - Definição, Sintomas e Porque Acontece
Adaptado do documento emitido pela Comissão de Dor, Fibromialgia
e Outras Síndromes Dolorosas de Partes Moles
Site: www.reumatologia.com.br
Definição
A síndrome da fibromialgia (FM) é uma síndrome clínica que se
manifesta com dor no corpo todo, principalmente na musculatura.
Junto com a dor, a fibromialgia cursa com sintomas de fadiga
(cansaço), sono não reparador (a pessoa acorda cansada) e outros
sintomas como alterações de memória e atenção, ansiedade,
depressão e alterações intestinais. Uma característica da pessoa com
FM é a grande sensibilidade ao toque e à compressão da
musculatura, aplicados tanto pela própria pessoa como pelo médico.
A fibromialgia é um problema bastante comum, visto em pelo menos
em 5% dos pacientes que vão a um consultório de Clínica Médica e
em 10 a 15% dos pacientes que vão a um consultório de
Reumatologia.
De cada 10 pacientes com fibromialgia, sete a nove são mulheres.
Não se sabe a razão porque isto acontece. Não parece haver uma
relação com hormônios, pois a fibromialgia afeta as mulheres tanto
antes quanto depois da menopausa. Talvez os critérios utilizados hoje
no diagnóstico da FM tendam a incluir mais mulheres. A idade de
aparecimento da fibromialgia é geralmente entre os 30 e 60 anos.
Porém, existem casos em idosos, e também em crianças e
adolescentes.
O diagnóstico da fibromialgia é clínico, isto é, não se necessitam de
exames para comprovar que ela está presente. Se o médico fizer uma
boa entrevista clínica, pode fazer o diagnóstico de fibromialgia na
primeira consulta e nela já descartar outros problemas reumáticos.
Na reumatologia, são comumente usados critérios diagnósticos para
se definir se o paciente tem uma doença reumática ou outra. Isto é
importante especialmente quando se faz uma pesquisa, para se
garantir que todos os pacientes apresentem o mesmo diagnóstico.
Os critérios de diagnóstico da fibromialgia são a associação de dois
achados:
a) dor por mais de três meses em todo o corpo +
b) presença de pontos dolorosos na musculatura (pelo menos 11
pontos, dentre 18 pontos que estão pré-estabelecidos pela
reumatologia).
Deve-se salientar que muitas vezes, mesmo que os pacientes não
apresentem todos os pontos, o diagnóstico de FM é feito e o
tratamento iniciado.
Estes critérios são alvo de inúmeras críticas – como dissemos
anteriormente, quanto mais pontos se exigem, mais mulheres e
menos homens recebem o diagnóstico. Além disso, esses critérios
não avaliam sintomas importantes na FM, como a alteração do sono e
fadiga.
Provavelmente o médico pedirá alguns exames de sangue, não para
comprovar a fibromialgia, mas para afastar outros problemas que
possam simular esta síndrome.
IMPORTANTE: O DIAGNÓSTICO DE FIBROMIALGIA É FEITO
PELA HISTÓRIA RELATADA PELO PACIENTE E PELO EXAME
CLÍNICO DURANTE A CONSULTA, NÃO HAVENDO EXAMES
COMPLEMENTARES,
NEM
LABORATORIAIS,
NEM
POR
IMAGENS, QUE COMPROVEM SE O PACIENTE TEM A
FIBROMIALGIA.
Sintomas
O sintoma mais importante da fibromialgia é a dor difusa pelo corpo.
Habitualmente, o paciente tem dificuldade de definir quando começou
a dor, se ela começou de maneira localizada que depois se
generalizou ou que já começou no corpo todo. O paciente sente mais
dor no final do dia, mas pode haver também pela manhã. A dor é
sentida “nos ossos” ou “na carne” ou ao redor das articulações.
Existe uma maior sensibilidade ao toque, sendo que muitos pacientes
não toleram ser “agarrados” ou mesmo abraçados. Não há inchaço
das articulações na FM, pois não há inflamação nas articulações.
A alteração do sono na fibromialgia é frequente, afetando quase 95%
dos pacientes. Estudos em laboratórios do sono descobriram que os
pacientes com fibromialgia apresentam um defeito típico no sono –
uma dificuldade de manter um sono profundo.
Com o sono profundo interrompido, a qualidade de sono cai muito e a
pessoa acorda cansada, mesmo que tenha dormido por um longo
tempo – “acordo mais cansada do que eu deitei” e “parece que um
caminhão passou sobre mim” são frases frequentemente usadas.
Esta má qualidade do sono aumenta a fadiga, a contração muscular e
a dor. Outros problemas no sono afetam os pacientes com
fibromialgia. Alguns referem um desconforto grande nas pernas ao
deitar na cama, com necessidade de esticá-las, mexê-las ou sair
andando para aliviar este desconforto. Este problema é chamado
Síndrome das Pernas Inquietas e possui tratamento específico.
Outros apresentam a Síndrome da Apneia do Sono, e param de
respirar durante a noite. Isto também causa uma queda na qualidade
do
sono
e
sonolência
excessiva
durante
o
dia.
A fadiga (cansaço) é outro sintoma comum na FM, e parece ir além
ao causado somente pelo sono não reparador. Os pacientes
apresentam baixa tolerância ao exercício, o que é um grande
problema, já que a atividade física é um dos grandes tratamentos da
FM.
A depressão está presente em 50% dos pacientes com fibromialgia.
Isto quer dizer duas coisas: 1) a depressão é comum nestes
pacientes e 2) nem todo paciente com fibromialgia tem depressão.
Por muito tempo pensou-se que a fibromialgia era uma “depressão
mascarada”. Hoje, sabemos que a dor da fibromialgia é real, e não se
deve pensar que o paciente está “somatizando”, isto é, manifestando
um problema emocional ou trauma psicológico através da dor.
Por outro lado, não se pode deixar a depressão de lado ao avaliar um
paciente com fibromialgia. A depressão, por si só, piora o sono,
aumenta a fadiga, diminui a disposição para o exercício e aumenta a
sensibilidade do corpo. Ela deve ser detectada e devidamente tratada
se estiver presente, e em alguns casos o acompanhamento das
depressões mais severas ou que não estão respondendo ao
tratamento vai exigir uma avaliação e acompanhamento por um
psiquiatra.
Pacientes com FM queixam-se muito de alterações de memória e de
atenção, e isso se deve mais ao fato da dor ser crônica do que a
alguma lesão cerebral grave. Para o corpo, a dor é sempre um
sintoma importante e o cérebro dedica energia lidando com esta dor
e outras tarefas, como memória e atenção, ficam prejudicadas.
Como veremos a seguir, imagina-se que a principal causa dor difusa
em pacientes com FM seja uma maior sensibilidade do paciente à dor,
por uma ativação do sistema nervoso central. Não é de espantar,
portanto, que outros estímulos também sejam amplificados e causem
desconforto aos pacientes.
A síndrome do intestino irritável, por exemplo, acontece em quase
60% dos pacientes com FM e caracteriza-se por dor abdominal e
alteração do ritmo intestinal para mais ou para menos. Além disso,
pacientes apresentam a bexiga mais sensível, sensações de
amortecimentos em mãos e pés, dores de cabeça frequentes e maior
sensibilidade a estímulos ambientais, como cheiros e barulhos fortes.
E a medicina já descobriu quais poderiam ser as causas da
Fibromialgia?
Não existe ainda uma causa única conhecida para a fibromialgia, mas
já temos algumas pistas porque as pessoas têm esta síndrome. Os
estudos mais recentes mostram que os pacientes com fibromialgia
apresentam uma sensibilidade maior à dor do que pessoas sem
fibromialgia.
Na verdade, seria como se o cérebro das pessoas com fibromialgia
estivesse com um “termostato” ou um “botão de volume”
desregulado, que ativasse todo o sistema nervoso para fazer a
pessoa sentir mais dor. Desta maneira, nervos, medula e cérebro
fazem que qualquer estímulo doloroso seja aumentado de
intensidade.
A fibromialgia pode aparecer depois de eventos graves na vida de
uma pessoa, como um trauma físico, psicológico ou mesmo uma
infecção grave. O mais comum é que o quadro comece com uma dor
localizada crônica, que progride para envolver todo o corpo.
Permanece desconhecido o motivo pelo qual algumas pessoas
apresentam fibromialgia e outras da mesma família não.
O que não mais se discute é se a dor do paciente é real ou não. Hoje,
com técnicas de pesquisa que permitem ver o cérebro em
funcionamento em tempo real, descobriu-se que pacientes com FM
realmente estão sentindo a dor que referem. Mas é uma dor
diferente, onde não há lesão na periferia do corpo, e mesmo assim a
pessoa sente dor.
Esse melhor entendimento da FM indica que muitos sintomas como a
alteração do sono e do humor, que eram considerados causadores da
dor, na verdade são decorrentes da dor crônica e da ativação de um
sistema de stress crônico. Entretanto, mesmo sem serem causadores,
estes problemas aumentam a dor dos pacientes com FM, e devem
também ser levados em consideração na hora do tratamento.
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