2 Índice 1.Carta de Apresentação................................................................................................. 3 2. Colonialismo................................................................................................................. 5 2.1. Portugal....................................................................................................................... 5 2.2. França.......................................................................................................................... 7 2.3. Grã-Bretanha............................................................................................................... 8 2.4. Holanda........................................................................................................................ 9 3. Revolução Industrial.................................................................................................... 9 4. Imperialismo............................................................................................................... 12 5. Pré Conferência.......................................................................................................... 14 5.1. Unificação da Alemanha............................................................................................ 15 5.2. Unificação Italiana..................................................................................................... 16 6. Relação Recente.......................................................................................................... 17 6.1. Região do Congo........................................................................................................ 17 6.2. Princípios da Partilha................................................................................................. 18 7. Posição dos Blocos e Países........................................................................................ 22 7.1. Portugal...................................................................................................................... 22 7.2. Bélgica....................................................................................................................... 23 7.3. Inglaterra.................................................................................................................... 23 7.4. Estados Unidos da América....................................................................................... 24 7.5. Espanha...................................................................................................................... 25 7.6. França......................................................................................................................... 25 7.7. Itália........................................................................................................................... 26 7.8. Suécia, Dinamarca e Holanda.................................................................................... 26 7.9. Império Turco Otomano............................................................................................ 26 7.10. Império Austro-Húngaro.......................................................................................... 27 7.11. Alemanha................................................................................................................. 27 8. Questões que uma Ata Geral deve responder.......................................................... 29 9.Bibliografia................................................................................................................... 31 3 1.Carta de Apresentação Caros senhores, É com grande satisfação e lisonja que o secretário da Conferência de Berlim aceita a importante e dispendiosa tarefa de mediar os debates que ocorrerão a partir de 18 de novembro próximo. De algum modo, há que se dizer, nos sentimos receosos e até mesmo inseguros diante de tamanha responsabilidade; com certeza, não será fácil de lidar com a grande diversidade de opiniões que se figurarão nos próximos meses. Quando se trata da opinião dos brilhantes chefes de Estados, por delegações tão competentes, por indivíduos tão retos de caratês, acima de tudo quando elas são personificadas por seres humanos que buscam o melhor para o seus povos. Não se pode questionar, a capacidade de cada representante de defender seus interesses nacionais, de garantir a segurança de sua população, de levar em conta a situação doméstica de cada país para assim, inseri-las na balança de suas políticas externas. E certo de que os senhores farão de tudo para que seus posicionamentos sejam os mais corretos e que não sejam diminuídos nem manipulados por opositores, como também é certo de que eles tentarão fazê-lo. Sabemos que administrar a posição de todos os países convidados à Conferência em contexto tão complexo e ainda marcados por acirramento de disputas e contenciosos territoriais será um grande desafio. Nunca antes tivemos um papel tão ativo na divisão territorial e no estabelecimento da civilização em continentes bárbaros e desordeiros. Nunca antes isso foi feito de maneira diplomática e multilateral entre os conquistadores. Nunca antes fomos tão prementes na luta pelo retorno da Europa próspera. Estabelecer um regime de convivência pacífica entre as grandes potências deve ser primordial na existência do Estado. É dessa forma que os grandes líderes devem guiar suas políticas, a paz deve sempre ser o objetivo, a justiça deve ser primordial. Assim sendo, nos calha ajudar aos senhores a chegar à melhor decisão possível sobre um futuro de milhões de pessoas em um continente. 4 Imaginamos que estejam todos preparados para alguns meses de discussões intensas sobre o futuro da África e conseqüentemente da Europa. A história ainda está para ser escrita, e os senhores serão parte dela. Atenciosamente, Secretariado da Conferência de Berlim 5 2.Colonialismo O colonialismo europeu tem como ponto de partida a expansão marítima européia. Com a descoberta de territórios além do norte da África e do Oriente, foram ampliados os contatos com outras civilizações e o relacionamento com elas foi um marco para a história européia. (MAGDOFF, H. ; NOWELL, C. ; WEBSTER, R.) O interesse principal dos países que se lançaram ao mar não era a conquista de territórios africanos, ou mesmo de descoberta de novos territórios. Tratava-se, sim, da dominação de territórios na Ásia, de onde vinham as especiarias, principal produto de comércio do século XV. Com o desenvolvimento de tecnologias náuticas, tanto de instrumento de navegação, como de navios, a possibilidade de expedições mais longas do que a travessia do mar mediterrâneo foram possíveis. (Ibid) A principal idéia por trás do colonialismo era a lógica mercantilista. Nela o importante era a acumulação de ouro e prata. Além disso, pregava que as colônias não tinham serventia outra que o enriquecimento da metrópole. Foi com essa ideologia em mente que os europeus se lançaram ao mar e disputaram o controle de territórios. (Ibid) 2.1. Portugal O primeiro país a se lançar nessa empreitada foi o reino de Portugal, que em 1415, já havia alcançado Ceuta, na África. Isso se deu por conta da estabilidade política do país, da centralidade do poder do monarca Dom João I e da posição geográfica estratégica do país, que abriram a possibilidade de se organizar uma frota para expedições fora do continente. (MAGDOFF, H. ; NOWELL, C. ; WEBSTER, R.) Foram feitas diversas expedições na costa africana e na Ásia, estas muitas vezes financiadas pela própria monarquia portuguesa que tinha interesse na expansão do território português. A desembocadura do rio Congo foi descoberta pelo português Diogo Cão em 1482, o que levou o país a clamar a jurisdição do rio. (NOWELL, C. 1947) As colônias portuguesas na África não eram ocupações de fato, mas sim alguns postos e fortificações na encosta. Até o séc. 18, expedições com a intenção de atravessar a África, se poucas, não foram documentadas propriamente, levando a um 6 desconhecimento dessas áreas. Grande parte da relação dos portugueses com os nativos se dava pelo tráfico de escravos, que era uma transação aceita pelos dois lados. Os portugueses mantinham relações com tribos e monarcas da encosta africana para garantir esse comércio. (MAGDOFF, H. ; NOWELL, C. ; WEBSTER, R.) Nas Américas, a coroa portuguesa tinha uma colônia, o Brasil. Antes dividido com um governo descentralizado, passou a ter um controle mais central na própria colônia subordinada diretamente à coroa. Diferentemente dos vice reinados espanhóis, no Brasil se buscava uma maior unidade. A colônia era usada principalmente para a plantação de cana de açúcar e café, principais produtos de interesse da Europa. Com as invasões francesa e holandesa, foi feito um maior esforço da coroa em povoar o território. (Ibid) As duas principais colônias portuguesas na África eram Angola e Moçambique, baseado no discurso português da necessidade de ter um território que atravessasse a África de costa a costa. Angola era o principal porto de comercialização de escravos do império português. Por conta da sua proximidade com o Brasil, era de lá que saiam os navios negreiros em direção a colônia. (NOWELL, C.. 1947) O domínio português no Oceano Índico, porém, não foi duradouro, dada a incapacidade da marinha portuguesa de defender os territórios conquistados das investidas das marinhas de outras potências. Com as incursões das companhias inglesa e holandesa, que com esquadras maiores e mais potentes sobrepujavam as dominações portuguesas. (MAGDOFF, H. ; NOWELL, C. ; WEBSTER, R.) Espanha O Reino da Espanha se lança nas expedições marítimas após a unificação do seu território. Enquanto Portugal já gozava de um governo central, o que hoje é a Espanha ainda era dividida em diversos reinos que se antagonizavam. Somente com o casamento de Fernando de Aragão com Isabel de Castilha, os dois maiores reinos, foi possível alcançar estabilidade interna para a organização de uma marinha para a exploração de mares distantes.(Ibid) O principal enfoque da dominação espanhola foram os territórios a oeste do continente europeu. A descoberta por Cristóvão Colombo de terras no continente americano em 1492 foi uma verdadeira revolução para a geografia da época, uma vez que 7 se acreditava que não existia nada naquela direção. A expedição de Colombo foi financiada pelos reis da Espanha, interessados na expansão do seu território. (Ibid) A descoberta de Colombo gerou uma tensão entre Portugal e Espanha, uma vez que, diferentemente da África e da Ásia, não era conhecido pelos europeus. Para regular essas primeiras descobertas foi celebrado o Tratado de Tordesilhas (1494) entre o dois países, mediado pelo Papa Leão X. O tratado dividia o novo mundo em uma linha imaginária a 350 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde. Desse modo, os territórios a leste seriam posses portuguesas e a oeste, espanhola. (Ibid) O encontro dos espanhóis com os povos da América foi uma surpresa bastante grata. Encontraram sociedades fortemente organizadas, diferentemente das sociedades africanas. Além disso, a quantidade de ouro e prata foi encontrada. Para dominar esses territórios e ter uma base forte nas colônias, as emigrações para o Novo Mundo foram incentivadas pela coroa espanhola. 2.2.França O império colonial francês começou com indiferença tanto da coroa, como da própria população. A questão colonial foi, inicialmente, negligenciada por conta da preocupação com a segurança do próprio Estado. Por conta da sua geografia, a França se encontra em maior vulnerabilidade em relação as suas fronteiras. Desse modo, era preciso primeiro estabilidade interna (ameaçada pelas guerras religiosas dentro do país) e segurança contra possíveis invasores. (KENNEDY, 1989) Por conta disso, as primeiras tentativas de colonização francesa, com a tomada do Rio de Janeiro, em São Luis e na Flórida não foram bem sucedidas. Tanto a força das potências que ocupavam esses territórios, como a falta de forte interesse pelas colônias levou ao fracasso dessas investidas. (BALCH, 1909) O sucesso da colonização francesa começa em 1602, com a tomada de territórios no norte da América do Norte, em terras onde hoje é o Canadá. O relacionamento com índios e maior interesse da Coroa e de comerciantes para com essa colônia levaram a o desenvolvimento e ao crescimento dela. (Ibid) 8 Além da América do Norte, o Reino da França também conseguiu dominar territórios na América do Sul (Guiana Francesa), no litoral africano e algumas ilhas no oceano índico. 2.3. Grã - Bretanha O Reino Unido, recém-saído da Reforma Protestante e ligado à Espanha por laços matrimoniais, não tinha interesses em contestar a predominância espanhola. Quando, posteriormente, se lançou ao mar, obteve colônias na América do Norte e na Índia. (MAGDOFF, H. ; NOWELL, C. ; WEBSTER, R.) As primeiras colônias a serem descobertas e exploradas foram as da América do Norte e Central. As primeiras foram ocupadas principalmente por protestantes fugidos de perseguições na metrópole que ajudaram a povoar o território. As segundas se caracterizavam mais pela produção de matérias primas, como algodão, café e outros bens primários. (Ibid) As dominações inglesas no oriente se concentraram no subcontinente indiano. Mesmo com a criação da Companhia da Índias Orientais, era sabido que ela não teria como competir com a Companhia holandesa em termos de comércio. Assim, se concentrando na Índia e no comércio de temperos, e mais tarde de tecidos de algodão, a Companhia conseguiu controle sobre a área e prestígio posterior. (Ibid) É importante notar que as colônias inglesas eram em si um produto da iniciativa privada, com esparsas ações da coroa para a efetiva regulação do comércio. Isso levava a diferentes modos de organização das colônias como unidades de comércio. Um exemplo disso é a já citada Companhia das Índias Orientais que regia boa parte das colônias ingleses no subcontinente indiano. (Ibid) A política de colonização desse período incluía a ocupação efetiva desses territórios, fosse pela implementação de plantações, tanto pela imigração de cidadão da metrópole. As colônias, muitas vezes não tinham total independência de legislação ou de comércio. É preciso notar, porém que as colônias inglesas tinham um caráter mais independente do que as outras, podendo formar algum tipo de autogoverno, mas ainda submetido à Coroa britânica. 9 2.4.Holanda Os Países Baixos demoram a se lançar nas expedições marítimas principalmente por conta da dominação espanhola, que durou até o final do séc. XVI. Ela se torna responsável pela vanguarda das operações comerciais do país. Por conta das suas habilidades em navegação e comércio, o país consegue grande prestígio até o final do séc. XVII, quando é superado pela marinha inglesa. (MAGDOFF, H. ; NOWELL, C. ; WEBSTER, R.) No início do séc. XVII, o governo holandês toma o território do Pernambuco, antiga colônia portuguesa, onde atualmente se encontra o Brasil. A dominação durou de 1624 até 1654. Além disso, também tomou parte do território da Angola Portuguesa. A Coroa Portuguesa consegue retomar os territórios, mas o Reino dos Países Baixos consegue, ao final, dois territórios no norte do continente sul americano, concretizando seus interesses. (Ibid) Sendo um país com forte atividade mercantil, cria a Companhia Unida da Índia do Oeste. A Companhia cria, então, uma base em Jacarta, de modo a contrapor e superar as bases comerciais das outras potências. Além disso, é preciso notar que boa parte das atividades holandesas no oriente não se tratavam de colonização, uma vez que aqueles que iam para o oriente eram em sua maioria marinheiros, expedicionários e padres. A relação se pautava mais em exclusividade de comércio do que dominação e produção. (Ibid) 3. Revolução Industrial A sociedade européia do século XVIII passou por profundas transformações que não apenas modificaram os modos de produção, mas também a sociedade local e global. Significa que a cerca da altura da década de 1780, e pela primeira vez em toda a história do mundo, foram retiradas todas as correntes do modelo produtivo das sociedades, que daí em diante tornaram-se capazes da rápida multiplicação de homens e materiais. 10 Nenhuma sociedade anterior tinha sido capaz de transpor o teto que uma estrutura social pré-industrial, uma tecnologia e uma ciência deficientes, e conseqüentemente o colapso, a fome e a morte periódicos, impunham a produção. A “partida” não foi logicamente um desses fenômenos que, como os terremotos e os cometas assaltam o mundo não técnico de surpresa. (HOBSBAWM, 2005) No começo da Revolução Industrial, o capital foi denominado liberal ou industrial. O intervencionismo estatal ainda não se fazia presente, ou seja, a burguesia tinha uma grande liberdade de ação para comprar, vender e investir capital sem nenhum tipo de controle por parte do Estado. A industrialização, nesse momento, foi um processo que atingiu os principais países europeus, estendendo-se desde Portugal até a Rússia, mais tarde atingindo aos países escandinavos e também os EUA e o Japão. Qualquer que tenha sido a razão pelo avanço britânico, ele não se desenvolveu pela superioridade tecnológica e científica. Nas ciências ditas naturais, os franceses estavam seguramente a frente dos ingleses. Até mesmo nas ciências sociais os ingleses encontravam-se atrasados em relação a outros países do continente europeu. Felizmente poucos refinamentos intelectuais foram necessários para a revolução. (Ibid) O pioneirismo inglês é devido ao processo de acumulação de diversas condições básicas que permitiram que a industrialização fosse concretizada. Primeiro porque havia a acumulação de capitais por um pequeno grupo de investidores, beneficiados pelo Banco da Inglaterra, onde o capital podia ser depositado com garantias e ainda havia disponibilidade para créditos. Além disso, os “Enclosure Acts”1, deram uma forte impulsão ao êxodo rural, fazendo com que a mão-de-obra urbana disponível para o trabalho nas manufaturas aumentasse. Essa conjuntura acabou impulsionando os mercados a se ampliarem não apenas no âmbito interno, mas também no externo, já que era necessário atender as novas demandas das cidades e concretizar o poder crescente Império Colonial inglês.(Ibid) Na questão das matérias primas, a Inglaterra possuía - e ainda possui - uma produção de algodão e carvão e de ferro abundantes. Isso facilitou demasiadamente o desenvolvimento das industrias daquele país, uma vez que essas matérias eram essenciais 1 Em português, “cercamentos”. Antigos senhores feudais ou camponeses prósperos, apoiados pelo governo, cercavam suas terras e expulsavam os que antes cultivavam. Tal forçou os antigos camponeses a migrar para as cidades, uma vez que não dispunha de sua antiga fonte de renda e sobrevivência, a terra, que agora se encontrava sobre posse da nova elite agrária. Isso contribuiu para a formação de um contingente cada vez maior de mão de obra disponível nas cidades, permitindo a explosão da revolução industrial. 11 para a produção industrial, principalmente no setor têxtil e metalúrgico. O absolutismo foi extinto por completo na Revolução Inglesa de 1640-88, dando lugar ao parlamentarismo, que cumpria o papel de representante dos interesses políticos da burguesia industrial em geral. Essas condições permitiram que a Inglaterra lançasse a frente do resto da Europa que também estava na disputa pela hegemonia do continente.(Ibid) As grandes inovações primeiramente se deram na industrial têxtil. O algodão, portanto, foi a primeira industria a se desenvolver. Em 1733 surge a lançadeira volante2 e mais tarde chamada de rodas de fiar automáticas3. Outra inovação foi a possibilidade de colorir tecidos estampados, devido a um sistema de cartões perfurados com os quais se produzia os tecidos. No setor da metalurgia, houve uma mudança do uso do carvão vegetal para o coque4, principalmente a partir de 1760. O ferro se tornou um produto corrente, fabricado em grande número nas novas fundições. A máquina a vapor, que substituiu as antigas rodas hidráulicas, foi uma contribuição importante no setor técnico da industria, fazendo com que o trabalho se acelerasse vertiginosamente.(Ibid) Para que a produção acelerada fosse escoada rapidamente, foram encontrados meios como os navios e as locomotivas a vapor.(Ibid) Antes da Revolução Industrial, a principal atividade exercida no setor econômico era a agricultura. Responsável por grande parte da geração de poder e riqueza na sociedade, o que configurava a organização social a girar em torno da terra. Tal aspecto tornava a economia suscetível a problemas como crises climáticas e queimadas, que somados a dificuldade de circulação de produtos e a baixa produtividade, resultaram em um processo cada vez mais grave de estagnação da economia e sobreacumulação do capital.(Ibid) Nessa conjuntura, alguns proprietários de terras nobres e agrônomos passaram a investir em novas técnicas agrícolas para incrementar e acelerar a produção, o que permitiu que a demanda alimentícia da população urbana que aumentava 2 Uma invenção de John Kay que permite produzir peças de roupa maiores em um tempo menor, através de seu processo mecânico. 3 A primeira, surgida em 1765 é a spinning-jenny, uma roda na qual o fiandeiro aciona oito fusos ao mesmo tempo, produzindo assim 120 vezes mais tecido. A segunda chamada de water-frame de 1768, era formada por cilindros, movidos por uma força hidráulica ou por uma máquina a vapor, que esticavam o do antes de o enrolar nos fusos tornando-os mais numeroso e de maior qualidade. 4 O coque é um tipo de combustível derivado do carvão obtido através do aquecimento deste num recipiente fechado. 12 progressivamente fosse acompanhada pelo desenvolvimento da oferta de interesses. A crescente rapidez do processo de cultivo gerou, ainda, excedentes dessa oferta, os quais puderam ser exportados, possibilitando a acumulação de capitais e os conseqüentes investimentos em outras atividades econômicas por parte desses empreendedores agrícolas5. Essas inovações também permitiram um incremento na alimentação da população, aumentando a expectativa de vida e o contingente demográfico disponível para o trabalho, contribuindo para a futura disponibilidade de mão de obra nos centros urbanos.(Ibid) 4. Imperialismo O sistema internacional que se desenvolveu seguinte à queda de Napoleão teve uma série de excepcionais características, algumas temporárias, porém outras que tornaram-se permanentes. O crescimento vertiginoso de uma economia global, integrada, que incorporou um número cada vez crescente de regiões do mundo num comércio e em uma rede financeira que superava as barreiras dos Estados nacionais e cruzavam oceanos. O centro do mundo, a Grã-Bretanha passou a comandar o mercado financeiro e comercial do mundo ocidental e principalmente do oriente. Essas décadas de hegemonia britânica foram acompanhados de melhorias no setor de transportes e comunicação.(Kennedy,1989) Um imenso surto na produção manufaturada, que estimulou a abertura de novas fontes de matérias primas e terras para agricultura. A erosão das barreiras tarifárias e outros recursos mercantis, somada a propagação do livre comercio e a harmonia internacional, sugeriam que uma nova ordem internacional havia sido estabelecida, muito diferente da do século anterior. A Grande Guerra6 foi custosa para as poderosas nações européias, o que levou a conservadores e liberais a buscar, ao máximo possível, a paz e a estabilidade. (Ibid) 5 A afirmação de Adam Smith de que os rendimentos excedentes da propriedade de terra deviam ser transferidos pra os setores novos da economia, sob pena de serem esterilmente acumulados pela renda fundiária, corrobora com essa ultima conseqüência. (Smith, 2003) 6 Conhecida no século XIX como as guerras entre 1793 - 1815 13 Naturalmente, essas condições de estabilidade proporcionaram o estimulo ao investimento comercial e industrial em longo prazo, com isso, o crescimento da economia global.(Ibid) Uma característica desse período foi o fato de não haver um longo período com ausência de algum conflito entre as grandes potências. As guerras de conquista dos europeus e norte-americanos contra povos menos desenvolvidos intensificaram-se, e foram o viés para o desenvolvimento industrial. A indústria de guerra passou a gerar lucros cada vez mais exorbitantes na segunda metade do século XIX, foi o concomitante militar que possibilitou a penetração econômica do mundo além-mar. Os conflitos regionais e individuais entre as potências européias, motivadas principalmente pela questão da nacionalidade e de fronteiras territoriais. Lutas declaradas como a Guerra Franco Autríaca de 1859, e até mesmo a guerra de Unificação Alemã, foram curtos tanto em sua duração como em sua área, nem mesmo a Guerra da Criméia pode ser considerada como um grande conflito. (Ibid) A tecnologia produzida pela Revolução Industrial passou a ter um impacto cada vez maior sobre a guerra militar e naval. As modificações, por mais que tenham sido mais lentas do que no setor manufatureiro, por exemplo, na segunda metade do século como canhões de tiro rápido, ferrovias, navios de guerra couraçados impulsionados a vapor, houve uma lentidão dos comandantes militares das grandes potências, para reformularem suas idéias sobre a maneira de travar guerra. Não obstante, essas mudanças no desenvolvimento e na transformação técnica industrial refletiram na força relativa das potências. (Ibid) O acumulo de fatores, que podem ser considerados positivos - desenvolvimento industrial, relativa estabilidade da Europa e a modernização da tecnologia militar e naval e o crescimento econômico global - acabou favorecendo naturalmente umas potências mais do que as outras, como foi o caso da Inglaterra. Na verdade, os ingleses aproveitaram-se tanto dos favorecimentos geopolíticos e econômicos que eles se tornaram uma potência diferente das outras no pós Congresso de Viena. (Ibid) Apesar de todo o crescimento econômico e industrial europeu na primeira metade do século XIX, a partir de 1870, o continente passou um por uma grave crise econômica resultante da concentração de empresas e da dominação de mercados. Essa crise, acabou por motivar a expansão territorial dos estados, uma vez que a produção de capital 14 monopolista7 fez com que os países tivessem que buscar outros mercados para o escoamento de sua produção.(HOBSBAWM, 2005) O aumento da produção era vertiginoso, no entanto, o lucro diminuía, devido a falta de mercado consumidos suficiente, dando espaço, assim, para uma crise inflacionária de superprodução e sobreacumulação de capital. A expansão dos paises europeus é explicada pela busca de mercados consumidores para solucionar seus problemas de capital. (BETTS,1968) Uma das principais causas que impulsionaram essa nova colonização, tal como a necessidade de controlar regiões que produzem matérias primas essenciais para as industrias e de dirigir excedentes populacionais para outras áreas não européias, a busca por dominação de regiões antes não européias. Essa “missão” dos povos brancos para com os negros africanos e amarelos asiáticos serviu, em inúmeras ocasiões, para justificar ante a população a dominação brutal de outros povos. Foram direcionados para esse de uma quantidade enorme de recursos humanos e financeiros por parte das potências; a produção de um “saber” que legitimasse a atitude de exploração era essencial para a autenticação da inferioridade dos povos sob tutela e, portanto, a necessidade dos mesmos em relação ao auxilio altruísta concedido pelos países desenvolvidos e civilizados. (VITÓRIA, 2002) 5. Pré - Conferência 7 Uma mudança que, junto com outros fatores, acabou impulsionando o imperialismo foi o advento do capitalismo monopolista, proveniente da segunda Revolução Industrial. As novas fontes de energia proporcionaram a criação de máquinas com um maior potencial, o que permitiu que a produção industrial aumentasse em grande escala e que houvesse uma conseqüente queda nos preços. Isso acirrou a concorrência e deu origem a uma nova tendência à concentração de empresas para assegurar lucros e evitar a ferrenha competição no mercado. Essa concentração se dava de duas maneiras: através de trustes e holdings. O primeiro é a fusão de duas ou mais empresas em uma única, de forma a controlar todas as etapas de produção (truste vertical) ou determinando segmento do mercado (truste horizontal). A segunda é parecida, salvo que não há fusão de empresas e elas, apesar de aparentarem independência, são na verdade subsidiárias de um conglomerado central. Há ainda uma terceira forma denominada cartel, na qual empresas do mesmo ramo se reúnem para tabelar preços e dividir mercados de forma a evitar a concorrência. (Rioux,1978) 15 5.1. Unificação da Alemanha Com o fim das guerras napoleônicas e a realização do Congresso de Viena para a reestruturação da Europa, foi acordado pelas partes pela dissolução do Sacro Império Romano e a criação da Confederação Germânica, composta por 39 reinos, ducados e cidades livres que eram ligados por uma língua em comum, o alemão, e raízes históricas similares. (BRITANNICA) A Áustria tinha forte domínio sobre a confederação, que era aceita em grande parte pelos outros atores. Esse domínio é contestado em 1848, com as ondas nacionalistas que tentam lutar pela integração da confederação, mas foram reprimidos tanto pela Áustria, como pela Prússia. (TONGE, 2008) A posição de Prússia em relação à unificação da Confederação com a subida de Otto Von Bismarck ao cargo de chanceler em 1862. No cargo, ele passou a empreender campanhas para a unificação da Confederação, além de aumentar o orçamento militar do país. (STREICH, 2009) Em 1866, as tensões entre a Áustria e a Prússia desencadearam na Guerra de Sete Semanas entre os dois países. A derrota da primeira fez com que ela se retirasse da Confederação, dando mais poder de influência para a Prússia. Os termos de paz foram bastante moderados, uma tentativa do chanceler de evitar futuros conflitos com a Áustria. Os Estados da Confederação que haviam apoiado o país derrotado foram incorporados pela Prússia. (Ibid) No ano seguinte, a Confederação foi dividida em dois por Bismarck. Divididas pelo rio Main, a Confederação dos Estados da Alemanha do Norte era dominadA pela Prússia e seguia suas políticas militaristas, a do Sul, por sua vez, era mais dirigida por ideias liberais e temia contrária a unificação. (Ibid) A vacância do trono espanhol em 1868 levou a uma forte tensão entre a França e a Prússia, uma vez que tanto um Bourbon (francês) quanto um Hohenzollern (prusso) eram candidatos ao trono. Napoleão III, o então imperador da França pede a Guilherme I, como chefe da família Hohenzollern renunciasse permanentemente ao trono da Espanha. Com a recusa do kaiser e a publicação das discussões entre os monarcas, que havia sido editado por Bismarck de modo a parecer que o embaixador francês tivesse sido ofendido, a França declara guerra à Prússia em 1870. (Ibid) 16 A Prússia recebe o apoio da Confederação do Sul no conflito e termina a guerra em 1871 com a vitória prussiana e a coroação do kaiser com imperador alemão no Palácio de Versalhes. Como reparação de guerra, a França perde a região da AlsáciaLorena e é obrigada a pagar 5 bilhões de francos para a recém formada Alemanha. (Ibid) 5.2. Unificação Italiana. Na segunda metade do século XIX, os estados europeus preservaram a paz no continente mantendo-se fiéis a ordem multipolar consagrada em Viena, que visou estabelecer a ordem vigente existente anteriormente - status quo ante bellum8 -, retomando os preceitos do antigo regime e buscando conter a expansão do nacionalismo e o liberalismo conseqüentes da Revolução Francesa. (Hobsbawn, 2005) Apesar das medidas tomadas em Viena, a estruturação do pensamento europeu não retrocedeu aos padrões do Antigo Regime, a maior demonstração desse fato se deu nos levantes liberais de 1820, 1830 e 1848 - também conhecidos como Primavera dos Povos. (Ibid) Por volta de 1849, o Nacionalismo deu origem à primeira tentativa de constituição do Estado italiano: o reino de Pimonte-Sardenha se opôs ao domínio austríaco no norte do país que havia sido estabelecido pelo Congresso de Viena. Conde de Cavour, chefe de gabinete de Vitor Emanuel II, rei de Piemonte-Sardenha, e o próprio soberano lideraram juntos o Risorgimento, movimento que tinha intenção de instaurar uma monarquia liberal e era apoiado pela alta burguesia e nobreza fundiária. Em contra posição, o movimento Jovem Itália, defendido pela pequena e média burguesia liderado por Giuseppe Mazzini, pretendia fundar um regime republicano. E ainda existia o movimento dos Neoguelfos, que pretendia delegar o governo ao poder do Papa. (Ibid) A vertente monárquica italiana angariou apoio moral da Inglaterra - que não queria violar o equilíbrio pós Viena, e era a favor da unificação - e o apoio empírico da França - e seu Imperador Napoleão III, que tinha intenções de restaurar o Império do tio, Napoleão Bonaparte. A Áustria invade a região em 1859, porém, Victor Emanuel II sai 8 Estado das coisas antes da guerra; no caso, as Guerras Napoleônicas. 17 vitorioso do conflito e anexa territórios importantes para a unificação, apesar da França ter desonrado o acordo estipulado pela associação franco-italiana.9 (KENNEDY, 1989) O líder dos “Camisas Vermelhas”, Giuseppe Garibaldi, sedição republicana sulista entrega os territórios sob sua influencia para o reino de Piemonte-Sardenha, em 1860, valorizando a unidade em detrimento ao regime político: em 1861, finalmente, consolida-se o reino da Itália. Contudo, Roma só foi anexada em 1870, devido a guerra Franco-Prussiana, que minou o apoio francês ao Estado Papal. (HOBSBAWM, 2005; KENNEDY, 1989) 6. Relação recente. O relacionamento dos países europeus com outros fora do continente começam, principalmente durante a época das cruzadas. Elas abriram cominho para o comércio e as relações entre os europeus e os países muçulmanos do Oriente próximo e do norte da África. (MAGDOFF, H. ; NOWELL, C. ; WEBSTER, R.) A atividade comercial já existia na África antes da chegada dos europeus e era feito com outras sociedades orientais. Após as cruzadas, houve um forte aumento do relacionamento com comerciantes europeus, especialmente aqueles do mediterrâneo. Desse modo, as sociedades muçulmanas do norte do continente já eram conhecidas pelos europeus. (Ibid) A divisão do continente pelo deserto do Saara fez com que o contato dos europeus com as sociedades africanas do sul fosse mais raro, uma vez que antes da expansão marítima as relações entre o norte e o sul do continente eram dificultadas pela necessidade da travessia do deserto. (OLIVER & ATMORE, 1972) 6.1. A região do Congo Antes da chegada dos europeus, diversos tipos de sociedade se instalaram na região do Congo. Uma das mais importantes e notórias foi o Reino do Congo que se 9 Armistício de Villafranca (1859): Celebrado entre a Áustria e a França, ele se deu devido a oposição popular francesa em relação a investida de Napoleão III contra os Estados da Igreja na futura Itália e também pela ameaça da entrada da Prússia em defesa da Áustria. 18 estabeleceu entre o século XV e o final do XVI. Mesmo com um governo centralizado, o reino sucumbe às disputas civis pelo comércio de escravos e pressões feitas pelos reinos vizinhos. (CORDELL et al.) A geografia da região, de floresta fechada, dificultou em muito um governo central que controlasse toda a região. Na verdade, as organizações sociais se deram de modo mais fragmentado, com o surgimento de diversos pequenos grupos na região. A chegada dos europeus e início das relações com as sociedades locais levou a uma disputa ainda mais acirrada pelo controle da região, notadamente o reino da Bélgica, de Portugal e a França, por conta da importância do rio e da sua desembocadura para o escoamento das matérias primas para o Atlântico. (Ibid) 6.2. Os princípios da partilha O frágil equilíbrio pentagonal, da ordem multipolar consagrado em Viena, foi abalado pela Guerra Franco-Prussiana de 1870. A unificação da Alemanha, conseqüente desse conflito, levaria um subseqüente “revanchismo” por parte da França por perder territórios importantes e influência dentro do continente europeu. Buscando compensar essa perda de poder dentro da Europa, começou a dar vazão a ambições imperiais em outros continentes. (WESSELING, 1998) As primeiras incursões a África deram na parte mais ao norte do continente, principalmente as regiões banhadas pelo Mediterrâneo. As partes centrais e austrais foram, inicialmente, deixadas de lado pelas principais potências europeias. (Ibid) Entretanto, a postura da França e da Inglaterra era de evitar, a principio, a ocupação territorial que de alguma forma pudessem implicar em gastos adicionais e impopulares aumentos de impostos. Um personagem central nas implicações futuras da colonização africana era o Rei Leopoldo II (1835-1909), da Bélgica, que por ambições pessoais buscou fundar uma colônia particular para extrair todas as riquezas possíveis. Esse empreendimento que seguiu tenazmente com sucesso transformou o soberano do pequeno país num protagonista importante da colonização da África. (WESSELING ,1998; BRUNSCHWIG ,1974) 19 O rei Belga, em 1876, aproveitando-se da popularidade das sociedades de geografia e da força do discurso humanitário e civilizador decidiu realizar uma Conferência Internacional de Geografia, em Bruxelas, com o intuito de “abrir à civilização a única parte do globo que ela ainda não havia penetrado”. Com o patrocínio de Leopoldo II, os participantes fundaram a Associação Internacional Africada (AIA), com sede em Bruxelas, tendo acionistas ingleses e holandeses e um banqueiro que era testa de ferro de Leopoldo II. A AIA formou comitês para angariar fundos para o estabelecimento de postos entre a costa de Zanzibar e a embocadura do Congo. (HOCHSCHILD, 1999) Os desejos de Leopoldo II se concretizaram na pessoa de Henry Stanley, o chamado herói do Congo, que havia retornado à Grã-Bretanha, onde foi acolhido com fervor pela opinião pública, mas com frieza pelo governo, que não tinha interesse em explorações coloniais. Foi então que o rei belga, valendo-se de seu prestígio e sua riqueza, passou a bajular Stanley para tentar trazê-lo para seu lado. Associados, fundaram o Comitê de Estudos do Alto Congo (CEAC), em 1878, cuja finalidade, alem de filantrópica, era também econômica e comercial. (Ibid) Para assegurar o domínio efetivo sobre aquela região sem que fossem gerados contenciosos, Leopoldo II precisava que o poder da CEAC fosse reconhecido pelas grandes potências europeias. Stanley retornou ao Congo em 1879 com o objetivo de criar 3 estados politicamente independentes ou formar pequenos estados sob a suserania da CEAC, para que posteriormente fosse criado o Estado-Livre do Congo. O objetivo de Leopoldo II era de não suscitar contenciosos territoriais nas colônias com os outros estados da Europa e legalizaria seu controle sobre a região, porque, aparentemente, o CEAC seria o responsável pela nomeação administrativa e da criação de leis. Nos planos do rei, não havia nenhuma ligação entre o Comitê e a Bélgica, os empreendimentos eram estritamente particulares, e todos os rendimentos caberiam a ele, Leopoldo. (HOCHSCHILD, 1999; WESSELING, 1998) Porém, as reais intenções do monarca foram compreendidas pelo explorador francês, o tenente da Marinha francesa, Pierre de Brazza-Savorgan (1853-1905), responsável pela exploração do rio Ogué, no Gabão. Brazza voltou à África com o financiamento da parte francesa da Associação Internacional Africana para fundar Franceville (1880) e buscar uma posição boa para a França na nova fronteira colonial do 20 Congo que estava sendo formada. O tenente ainda assinou diversos acordos unilaterais com os líderes tribais congoleses, os quais eles entregavam a soberania de suas terras para a França. Era o regime de protetorados10. Bastava somente saber se o governo francês iria reconhecer esses acordos e tratados. Mediante ao interesse cada vez maior de outras nações na região, em 1882, o Ministério das Relações Exteriores francês reconhece todos os tratados assinados pelo tenente Brazza.(Ibid) Leopoldo II decidiu tomar as mesmas medidas que o governo francês, e enviou a Stanley o objetivo de assinar termos de cessão de soberania em favor da Associação Internacional do Congo (AIC)11. Foi nessa conjuntura, que as movimentações de Stanley e Brazzan passaram a ameaçar o controle sobre a foz do Congo, que Portugal passou a reivindicar, argumentando sobre seus “direitos históricos” na região. A grande acusação contra Portugal era a falta de comprometimento no combate ao tráfico e a escravidão nas terras em que diziam estar sob seus domínios. O que indicava no mínimo, falta de controle efetivo na região. (Ibid) Buscando o apoio da Inglaterra para deter as pretensões francesas, Portugal assinou um tratado com os britânicos, em 1884, sobre as fronteiras entre Moçambique e as terras ocupadas por bôeres e britânicos, com grandes cessões e vantagens para estes. Em troca, os portugueses conquistaram o reconhecimento sobre seus direitos soberanos nas terras ao norte e ao sul dos rios do estuário do Congo. A França contestou Portugal e denunciou o acordo, seguidos por Leopoldo II, a quem não interessava ter uma colônia no centro da África sem saída para o mar. (BRUNSCHWIG, 1974) O rei Belga buscou garantir a todos que o futuro Estado Livre do Congo seria uma zona livre de taxas alfandegárias, o que despertou o interesse inglês. Porém pelos acordos com Portugal, a Inglaterra possuía uma postura que não garantia o apoio total que Leopoldo II necessitava, o que o fez buscar o apoio francês para seu Estado Livre, o que conseguiu, após a assinatura de um acordo que dizia que em caso de falência da AIC, a França teria o “direito de preferência” para a ocupação do Congo. (HOCHSCHILD,1999) 11 A terceira e última criação de Leopoldo II. Ao contrário das duas anteriores, a AIA e CEAC, que haviam sido entidades internacionais autênticas, embora principalmente em teoria, a sigla, internacional era fictícia. A Associação Internacional do Congo não passava do próprio Leopoldo, sob um novo nome. O nome fora escolhido numa tentativa deliberada de confundi-lo com as outras associações. Em conseqüência disso a AIC conseguiu usurpar a auréola de altruísmo filantrópico e pesquisa ostentada pelas duas precursoras.(Wesseling,1998). 21 O governo português achou ideal sugerir a realização de uma conferência internacional para a discussão a situação do Congo, recebendo o apoio decisivo de Birsmarck. O chanceler alemão, que acompanhava as disputas na África de olho no equilíbrio europeu, viu uma chance de consolidar a nova liderança diplomática alemã. Além de tentar buscar uma maior aproximação com a França. (Ibid) A França ocupava um papel importante no processo de colonização, em decorrência dos fracassos de políticas imperiais na Europa nos governos de Napoleão I (1769-1821) e Napoleão III (1808-1873). Contidos pela Santa Aliança e, posteriormente, a Alemanha, os franceses voltaram-se para aventuras externas. Em Julho de 1830, a França conquistou a Argélia, que, a partir de 1881, passa a ser governada como extensão do território metropolitano parisiense. (WESSELING,1998) Em 1878, na Conferência realizada em Berlim para tratar de efeitos da Guerra Russo-Otomana recém-encerrada, Bismarck achou conveniente que a França assegurasse algum ganho territorial, já que os acertos diretos do conflito não a favoreceram. A região escolhida foi a Tunísia, até então, parte do Império Otomano, e para os franceses era para assegurar a defesa das fronteiras da Argélia. Em 1883, foi estabelecido o regime de protetorado. (Ibid) Mas ao mesmo tempo em que a Fraca conquistava esse território, sofreu uma indigesta derrota em contrapartida. Em 1882, os franceses perderam seu espaço de influência tradicional para os ingleses no Egito. A decadência do Império Otomano pôs em risco os interesses econômicos e comerciais sobre a navegação dos mares Mediterrâneo e Vermelho da Grã-Bretanha. (Ibid) A valorização da região levou à construção do Canal de Suez a partir de 1866, quando o consórcio francês foi aceito pelo sultão turco. O estado egípcio, que custeou a maior parte do projeto monumental e principal acionista da Companhia do Canal, por seu alto valor de custo, foi obrigado a vender as ações no início da década de 1870, quando a França, inda abalada pela derrota da Guerra Franco-Prussiana e pelo pagamento da indenização à Alemanha, deixa o caminho livre para empresários ingleses. (WESSELING,1998 ; BRUNSCHWIG, 1974) Em 1876, o estado egípcio declarou bancarrota e britânicos e franceses passaram a dividir o poder na região, que durou até 1882. Nos anos subseqüentes surgiu um movimento islâmico que contestava o poder ocidental na região. Em 1881, explodiu uma 22 revolta antiocidental, que tinha fortes raízes no Exército, onde ficou claro que havia um grande vácuo de poder no país, onde o poder do sultão era fictício e o Exército não tinha nenhum projeto concreto de controle. Foi então que a Inglaterra propôs uma intervenção militar conjunta com a França, que recusou a oferta. Então a partir de 1882, o Egito tornou-se protetorado britânico. (WESSELING, 1998) Com a unificação alemã em 1871, a Alemanha passa a se desenvolver no setor industrial e da mesma forma que as outras potências, passou a buscar colônias ultramarinas. Isso passou a causar um forte incômodo na Inglaterra, que via, cada vez mais, a criação de uma nação que poderia competir por seus mercados fora do continente europeu e ser um equivalente militar. (Ibid) A unificação tardia acabou excluindo a Alemanha da disputa por territórios ultramarinos. A “Weltpolitik” de Bismarck serviu para tentar reverter essa situação. A expansão alemã só foi iniciada na década de 1880. Inicialmente havia uma forte pressão interna para a expansão sobre as Filipinas, Timor e Formosa. Em 1881, um advogado alemão chamado Wilhelm Hübbe Schleiden, publicou “Deutsche Kolonisation" onde dizia que “o fomento de uma consciência nacional demandava uma política exterior independente”. O movimento Pangermanista foi assim ligado aos movimentos de expansão territorial alemão. 7. Posição dos Blocos e paises. 7.1. Portugal Para os Lusos, a região do Congo pertencia a eles pelo que chamavam de “direito histórico”. Sua pretensão era estabelecer uma interligação entre os oceanos Índico e Atlântico, através da unificação em nome do rei, dos territórios de Angola e Moçambique. Agora a posse não mais se daria pela presença de um pequeno contingente militar, seria necessário ter condições efetivas de manter a ocupação militarmente ou populacionalmente, o que não era o caso do Estado Luso. Outrora poderoso Portugal agora não passava de um país fraco, como mostra o fato de que, apesar de ser um dos maiores interessados nos debates sobre o território 23 negro, principalmente na região onde se situa o rio Congo, foi ele o último a ser convidado para a Conferência de Bruxelas (1876). Os lusitanos não tinham mais força política e condições de fato para manterem seus privilégios em terras africanas. Os portugueses chegam a Berlim com o objetivo de manter o seu status quo como nação ultramarina, e deseja manter seus domínios na África continental. 7.2. Bélgica. Os interesses pessoais de Leopoldo II levaram ao pequeno reino europeu à uma posição privilegiada na colonização africana. O oportunista rei belga usou de sua forte influência e poder econômico para consolidar uma colônia belga na África. O território congolês é uma das maiores regiões em disputa, conseqüentemente, é de suma importância que seja consolidado uma região pacifica para melhor administração. A consolidação da dominação belga do Congo é o principal desejo de Leopoldo II, o desejo de explorar a região depende de que forma será feita a articulação belga com as outras potências européias, por mais que a posse pessoal seja de Leopoldo II como figura jurídica e como representante dos interesses da Bélgica. Porém, os representantes belgas estão diretamente ligados aos interesses pessoais do seu monarca. Há ainda as controvérsias com a França e Portugal em relação a dominação do Congo. Os belgas necessitam pacificamente solucionar esses contenciosos para consolidar seus interesses de construir uma colônia africana. 7.3. Inglaterra. Os ingleses chegam a Berlim com alguns objetivos estratégicos. A mais poderosa nação ultramarina e o maior império da atualidade, a Inglaterra controla uma série de regiões na África, e como nação em expansão, deseja aumentar seu controle e sua influência na região. Existe uma grande pressão interna para que as ricas regiões do Egito, África do Sul e também os domínios ingleses no Oriente sejam defendidas dos novos concorrentes europeus. 24 Por mais que a África tropical não fosse uma região de grande investimento, ela tinha um altíssimo valor estratégico. Proteger a ligação marítima entre o Leste e Oeste pelo Canal de Suez é uma prioridade dos britânicos no continente africano. Há ainda que levar em conta, o alto valor estratégico da consolidação da região congolesa sob controle europeu e pacífico para que haja, principalmente, a penetração dos interesses e objetivos econômicos. A consolidação de um regime de livre navegação somente no rio Congo vem guiando os interesses britânicos ligados ao livre comércio. Devido ao grande valor estratégico, ao atender essa necessidade, há a possibilidade dos ingleses pesarem seu apoio à causa belga, que por sua vez causaria maiores controvérsias com Portugal. Além do que, ainda há a questão da escravidão, que vem guiando as políticas britânicas na África e vem forçando os outros estados a abolirem esse ato. 7.4. Estados Unidos da América. O século XIX, para os norte-americanos, foi um século de expansão territorial e isolacionismo. Os americanos chegam a Berlim como a nova grande potência em acensão fora do continente europeu e como principal aliado britânico. A preocupação dos Estados Unidos nesse momento é, principalmente, com a América Latina e suas doutrinas de controle sob o continente americano. A principal ligação dos EUA com o continente africano era com a Libéria, que foi controlada pelos americanos até 1847, quanto tornou-se independente. Os americanos pela Doutrina Monroe mantem-se afastados e neutros frente a qualquer conflito europeu. Porém foram convidados à conferência devido aos seus interesses abolicionistas, conquistados depois da guerra de secessão. 7.5. Espanha Os espanhóis chegam a Berlim, assim como Portugal, extremamente enfraquecidos. Um dos principais pioneiros nas conquistas ultramarinas, a Espanha vem 25 sofrendo com os subseqüentes movimentos de independências das suas lucrativas colônias americanas. Ainda, há uma ameaça em relação às possessões africanas no norte por causa da expansão francesa e inglesa. A Espanha busca manter seu status de grande potência européia, almeja reconstruir seu antigo império, porém não possuiu a força pra isso, então resta ao reino ibérico a sobrevivência entre as tantas outras potências do continente europeu. É importante ressaltar que seu objetivo é meramente manter suas colônias já que não possuiu um poder coercivo nem político para mudar esse status. 7.6. França. Os franceses são uma das maiores potências européias, depois dos ingleses são os mais poderosos no continente. Seu poder de conquista chegou até o norte e oeste da África onde existe uma grande concentração de colônias francesas. A França luta por uma maior projeção internacional. A derrota nas guerras de unificação da Alemanha abalaram a moral do país, que procura manter seu status quo de grande potência européia e na sua capacidade de exercer sua soberania. Pierre de Brazza fez o papel de grande explorador do Congo em nome da França. O que leva o país a uma disputa direta com a Bélgica sobre o poder na região. Seu interesse econômico e comercial converge para a abertura do rio Congo e Níger para a livre navegação. Após perder a influência sobre o Canal de Suez, e conseqüentemente do Egito, os franceses querem firmar sua posição no continente. Uma outra grande preocupação é com a Alemanha, que segue se desenvolvendo e criando um incomodo aos franceses na África no que tange as disputas coloniais. Essa disputa direta entre as duas potências européias pode ter repercussões desastrosas como as da guerra Franco-Prussiana. 7.7. Itália A Itália, assim como a Alemanha, unificou-se tardiamente. Conseqüentemente, também ficou de fora do processo inicial de conquista de colônias, o que leva os italianos 26 a quere afirmar sua posição principalmente no norte do continente onde entram em conflito direto com os interesses franceses. Sendo uma das novas potências européias, a Itália busca uma maior força no cenário internacional e deseja consolidar sua unificação. Apesar de não haverem colônias sobre dominação dos italianos, há um ensaio de colonização na Eritréia. O rei italiano vinha buscando desde sua consolidação uma aliança com a Alemanha, quando são incluídos no tratado de Tríplice Aliança. Porém esse acordo pouco beneficiou os italianos. 7.8. Suécia, Dinamarca e Holanda. Esses três países, apesar de estarem fora da corrida imperial são importantes potências do continente europeu. A Alemanha, que busca estabelecer um equilíbrio na Europa, considera esses países fundamentais para alianças futuras e para a consolidação dos seus interesses dentro e fora da Europa. Mesmo fora da colonização da África e Ásia, a Suécia e a Dinamarca tem uma posição geográfica importante, o controle da entrada e saída do mar Báltico. Já a Holanda, uma grande potência em decadência. Uma vez centro das transações comerciais, o país já não tinha a mesma capacidade econômica nem militar e atua na Europa como coadjuvante. O três vem a Berlim por ainda possuírem algum poder político dentro da Europa e ser de interesse alemão. 7.9. Império Turco Otomano. O Império Turco Otomano, uma vez um poderoso império que dominava no norte da África e Eurásia cada vez mais vem perdendo espaço para os poderosos europeus, principalmente nas suas possessões no norte da África. O antigo império não possui mais poder econômico nem militar para conter a expansão européia. Os otomanos passaram a forjar alianças e acordos com os europeus para garantir a sobrevivência do Império. Em Berlim, seus objetivos são meramente de manter seus territórios atuais e garantir com os europeus um pouco de seu poder político. 27 7.10 Império Austro – Húngaro. O principal aliado da Alemanha desde sua unificação, o Império Austro-Húngaro é ainda, uma potência militar no centro da Europa. Seus interesses convergem com os alemães, e sem dúvida serão os grandes apoiadores da política imperial alemã, já que seus interesses são voltados para a região dos Bálcãs e suas disputas territoriais com os Otomanos. Buscam restabelecer a ordem européia do Antigo Regime e firmar sua posição como aliado alemão e potência da Europa. 7.11 Alemanha A Alemanha é a grande nova potência européia. Bismarck é o grande idealizador da Conferência exatamente porque o país não possui colônias por causa de sua unificação tardia, ficou fora da corrida imperialista. O império alemão surge como uma grande potência industrial e militar na Europa central, sua expansão tem sido baseada em princípios geopolíticos e geoestratégicos. A busca por firmar uma posição entre os privilegiados na colonização africana tem sido tópico de discussão interna no país, dessa forma, o objetivo da Conferência para os alemães é estabelecer colônias no continente africano e firmar também seus interesses econômicos na região. A busca pelo equilíbrio europeu é um dos principais tópicos da agenda alemã, ter uma posição de potência líder dentro do sistema internacional irá auxiliar na conquista de territórios importantes para o desenvolvimento do país. Assim como as principais potências, o Congo e a divisão dos territórios colonizados entre os europeus é o principal objetivo, conquistar colônias por meios diplomáticos é o desejo de Bismarck. A questão da escravidão vem em segundo plano, mas com a força do discurso humanista não é deixado fora da sua agenda. A imposição do regime de livre navegação no rio Congo e no Níger é extremamente interessante para o desenvolvimento comercial da Alemanha dentro da África. 28 8. Questões que uma Ata Geral deve responder. Tendo em vista o atual contexto no qual se encontra as disputas territoriais no continente africano, principalmente na região do Congo e Níger, com todos os acordos e propostas inovadoras e tradicionalistas, com toda a polêmica e a incerteza sobre inúmeras questões. É necessário estabelecer um espírito de compreensão mútua entre os países da Europa para criar condições mais favoráveis pra o desenvolvimento do comércio e das civilizações em algumas partes da África. Nela, é premente que ajam, ao menos algumas respostas mais imediatas que exigem soluções rápidas e conclusivas. Entre elas, (1) uma declaração concernente ao tráfico de escravos, às operações por terra ou mar, que forneçam escravos; (2) a liberdade religiosa e (3) e um parecer sobre a questão da escravidão. Além de pormenores, há ainda a principal questão que não poderia estar mais em aberto: os acordos sobre a livre navegação dos rios do Congo de do Níger. A disputa cada vez maior dos interesses dos estados vem dificultando uma divisão justa dos territórios africanos. Como por exemplo, o estabelecimento do Estado Livre do Congo, junto com ele, a questão da soberania para reconhecer as posses de terras. São itens a serem debatidos; (1) a criação de uma ata de livre navegação para os rios do Congo, (2) a criação de uma ata de livre navegação, também para os rios do Níger, (3) e a solução dos contenciosos territoriais e fronteiriços no centro continental e no litoral africano, (4) a divisão dos territórios coloniais de forma justa para os Estados europeus. Um cuidado processo de demarcação e ocupação é necessário para que se evite qualquer conflito futuro entre as nações européias. É necessária ainda, uma discussão sobre a validade dos tratados e acordos estabelecidos antes da Conferência, concernentes à região do Congo, pré-estabelecidos pela Bélgica e França com os habitantes locais sobre a passagem de soberania da região. Todos esses assuntos são de extrema importância para a conclusão de todos os contenciosos interestatais na África, buscar estabelecer os preceitos do concerto europeu e a paz européia deve estar dentre as soluções encontradas pelos conferencistas. Por fim, o tempo é algo escasso para os conferencistas e ele se torna um problema maior quando se tratam de debates que levam horas para serem consumados. A situação 29 do Congo, nesse ponto, é delicada, porque, pelos interesses e lobbys pessoais, pela aclamação dos acordos prévios a conferência e pelos rumos futuros da região. É majoritariamente com essas complexas questões que os chefes de estados terão que lidar a partir de 19 de novembro próximo. A Europa confia na competência desses líderes para a solução de contenciosos e a criação de uma maior harmonia entre os estados europeus. 30 9. Bibliografia BETTS, Raymond F. Europe Overseas : Phases of Imperialism. New York/London: Basic Book, Inc., Publishment, 1968. BRITANNICA, Encyclopedia. German Confederation. Disponível <http://www.britannica.com/EBchecked/topic/230682/German-Confederation> em Acesso em 7 out 2011 BRUNSCHWIG, Henri. A Partilha da África Negra. São Paulo. Ed. Perspectiva, 1974. HOBSBAWN, Eric. A Era das Revoluções : Europa 1789 – 1848. 19ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2005. HOBSBAWN, Eric. A Era dos Impérios: 1875 -1914. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005. HOCHSCHILD, Adam. O fantasma do Rei Leopoldo. São Paulo, Ed. Companhia da Letras, 1999. KENNEDY, Paul. Ascensão e Queda das Grandes Potências. Rio de Janeiro, Ed. Campus, 1989 MAGDOFF, H. ; NOWELL, C. ; WEBSTER, R. Colonization, In :____________,Encyclopedia Britannica On-line. 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