Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG 01 e 02 de dezembro de 2016 ARTIGO - AEM – ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA E MARKETING MARKETING E LOGÍSTICA UMA INTEGRAÇÃO NECESSÁRIA PARA O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE EMPRESAS QUE ATUAM NO SEGUIMENTO DO VAREJO ALTAMIRO LACERDA DE ALMEIDA JUNIOR, NATANE LOPES ALVES, LARISSA APARECIDA CASTILHO DE BARROS, TAÍS CRISTINA DA SILVA, KAROL DA SILVA O devido estudo tem por objetivo mostrar a importante conexão entre os departamentos de marketing e de logística para o planejamento estratégico de empresas do ramo varejista. Apresenta também a importância da integração desses setores para a elaboração de estratégias organizacionais. O estudo se dá através de uma abordagem qualitativa e caracteriza-se com um estudo de caso, tendo por meios de investigação a pesquisa bibliográfica e o levantamento, que foi realizado através de entrevista semiestruturada. O objeto de estudo utilizado foi a rede de lojas da Casas do Biscoito, constituída por 122 lojas, em diversas cidades dos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro. O sujeito social entrevistado foi o proprietário da loja na cidade de Cataguases, MG, sendo essa a primeira loja da Rede. Percebe-se através da análise dos dados que embora seja importante a integração dos setores de logística e marketing a rede não efetiva essa integração e muitas vezes promove ações sem as devidas informações referente à cada setor. No entanto, é preciso salientar que mesmo sem agir com essa integração a Rede vem obtendo sucesso em suas ações. Palavras-chave: Marketing, Logística, Varejo. 1.Introdução Mesmo nos dias de hoje, é notória a miopia de alguns gestores quanto a necessidade estratégica de ações para unir informações de diversos setores da empresa. Diante das atuais conjunturas do mercado, é importante dissolver a ideia ultrapassada de que cada setor da empresa deve agir isoladamente ou que esses constituem partes de um processo. As organizações devem estabelecer mecanismos para incentivar a visão holística e a integração dos diferentes departamentos para se obter melhores resultados. - 1561 - Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG 01 e 02 de dezembro de 2016 Para exemplificar melhor a necessidade dessa integração buscou-se a partir desse estudo conhecer melhor o funcionamento de uma rede de varejo do seguimento de bomboniere, para compreender a relação existente entre os setores de marketing e logística. O estudo está caracterizado como um estudo de caso utilizou-se como instrumentos de investigação a pesquisa bibliográfica e o levantamento. A técnica de análise de dados utilizada foi à análise de conteúdo. O estudo foi realizado entre os meses de julho a setembro de 2016, com o gestor de uma das lojas da Rede Casa do Biscoito. Percebe-se após a conclusão desse estudo a real importância da integração das informações para o estabelecimento de estratégias que visem maximizar os resultados organizacionais, além disso é importante distinguir a importância estratégica dos setores de logística e marketing para as empresas do ramo de varejo. 2. Fundamentação Teórica: 2.1. Marketing Existe um consenso na literatura sobre marketing que esse se constitui de um processo. Segundo Kotler (1971) “Marketing é um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação, oferta e troca de produtos de valor com outros” (KOTLER, 1971). Para Las Casas (2010), o marketing surge em função das necessidades e desejos dos indivíduos, constituindo-se assim de um conjunto de ações que auxiliam as organizações na obtenção de seus resultados: O marketing começa com necessidades e desejos humanos. As pessoas necessitam de alimentos, ar, água, vestuário e abrigo para sobreviver. Além disso, têm forte desejo por recreação, educação e outros serviços. Têm preferências marcantes por versões e marcas específicas de bens e serviços básicos (LAS CASAS, 2010, p. 27). Sendo assim, é importante considerar que: Marketing é a área de conhecimento que engloba todas as atividades concernentes às relações de troca, orientadas para a satisfação dos desejos e necessidades dos consumidores, visando alcançar determinados objetivos de empresas ou indivíduos e considerando sempre o ambiente de atuação e o impacto que essas relações causam no bem-estar da sociedade (LAS CASAS, 2010, p. 10). - 1562 - Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG 01 e 02 de dezembro de 2016 Por tanto, as estratégias e atividades de marketing devem ir ao encontro do Consumidor para apresentá-lo subsídios para sua decisão de troca. Las Casas (2010) enfatiza: Acreditamos que os consumidores estimam qual oferta entregará o maior valor. São maximizadores de valor, limitados pelos custos, conhecimento, mobilidade e renda. Formam uma expectativa de valor e agem sobre ela. Sua satisfação e probabilidade de recompra dependem dessa expectativa de valor ser ou não superada (LAS CASAS, 2010, p. 27). Pinto (1980), citado por Cobra (1997, p.72) diz que: “mercados são pessoas, pessoas são indivíduos, e os indivíduos são individuais nas suas preferências, nas suas necessidades, nos seus gostos, nas suas idiossincrasias”. Sendo assim, é importante pensar que as ações de marketing se constituem para mercados e esses são constituídos de indivíduos, por tanto, as estratégias de mercadológicas precisam ser estudadas para o mercado, constituídos de indivíduos que possuem necessidades e desejos semelhantes ou parecidos (COBRA, 1997). Dessa forma, segundo Las Casas (2011) os planos estratégicos das organizações devem estar em sintonia com o composto mercadológico. Vale ressaltar que essa sintonia precisa necessariamente ir ao encontro dos objetivos organizacionais. Cobra (2006) aponta: As ações de marketing devem ser formuladas com o objetivo de maximizar os recursos alocados de maneira a gerar lucro. Nenhuma ação estratégica deve estar desvinculada do objetivo de lucro. Investimentos em publicidade corporativa e quaisquer outras ações estratégicas devem ser executadas para consolidar os negócios da organização como um todo (COBRA, 2006, p. 47). Para executar uma estratégia dentro da empresa, deve-se primeiramente desenvolver um planejamento. Planejamento este que, Las Casas (2011) apud Churchill, define como aquele que: Persegue os objetivos de longo prazo, concentrando-se em atividades que resultem no desenvolvimento de uma missão organizacional clara, bem como de objetivos organizacionais e de estratégias que permitam à empresa alcançar tais objetivos (LAS CASAS, 2011, p. 85). Segundo Kotler (2003) Planejamento é aquele que: Encoraja a administração a pensar sistematicamente no que aconteceu no que está acontecendo e no que acontecerá. Ele força a empresa a - 1563 - Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG 01 e 02 de dezembro de 2016 definir melhor seus objetivos e políticas, leva a uma melhor coordenação de seus esforços e oferece padrões de desempenho mais claros para controle (KOTLER, 2003, p. 32). Kotler (2003) também defende que feito um bom planejamento, a empresa acaba antecipando certas mudanças e passa a ter capacidade de responder rapidamente a elas, preparando-as também para eventos inesperados. Deste modo, o planejamento é uma parte essencial para uma boa administração. Contextualizando sobre a importância do planejamento estratégico Las Casas (2010) apud Kotler (1971) diz que planejar estrategicamente significa estar em sintonia com o mercado, visando à adaptação da direção estratégica de uma empresa às mutantes oportunidades de mercado, considerando-se sempre os recursos disponíveis e os objetivos perseguidos. Para realizar uma boa estratégia de Marketing, Las Casas (2010) enfatiza que é importante que os estrategistas se preocupem principalmente em para quem vender, sendo que a determinação é essencial para um processo bem desenvolvido. Para isso é muito importante saber para quem, que tipo de pessoas, o produto ou serviço será desenvolvido, ou seja, qual o mercado alvo. Para isso, é recomendada e muito utilizada a prática de pesquisas de mercado. O planejamento de marketing, está diretamente relacionado ao composto de marketing 4 P’s, Cobra (2009) observa que o composto mercadológico deve abranger ações com que visem “uma importante interação que envolve, então, as ferramentas de marketing para a consecução dos objetivos de uma organização em consonância com a sua missão de negócio” (COBRA, 2009). Nesse sentindo Cobra (2009) diz que essa interação deve ter em sua essência a intenção de manter os clientes sempre satisfeitos, para isso o gestor de marketing deverá valer-se dos 4 P’s para manter essa interação, buscando produtos e ou serviços que atendam as necessidades e desejos dos consumidores, com promoções que comuniquem o real valor do produto, além de preço justo e disponibilidade do produto no tempo que o cliente necessitar. 2.2. Canais de distribuição e logística integrados ao marketing O planejamento estratégico mercadológico, além de contemplar as ações relativas ao P’s de produto, preço e promoção deve necessariamente contemplar o P de praça. Para fins desse estudo buscou-se aprofundar o P de praça. - 1564 - Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG 01 e 02 de dezembro de 2016 O P de praça também pode ser definido como distribuição. Ele envolve ações que interligam e disponibilizam os produtos e serviços aos clientes. Entre as principais ações relativas à esse composto mercadológico estão as decisões sobre os canais de marketing mais adequados ao tipo de negócio que a organização desenvolve, pois é a partir desse que se estabelecerão as ações de distribuição. Coughlan (2012) define Canais de Marketing da seguinte forma: “Canal de marketing não é apenas uma empresa fazendo seu melhor mercado – seja ela um fabricante, atacadista ou varejista. Na realidade, há muitas entidades envolvidas no negócio do marketing de canais. Cada membro do canal depende dos outros para fazer seu trabalho” (COUGHLAN, 2012, p. 2). Pode-se dizer também, com base nas observações de Coughlan (2012) que administrar um canal de marketing não é um fato isolado e sim um processo. Isso acontece, pois este é um canal contínuo, o processo de distribuição é demorado e, mesmo quando é finalizada uma venda, o relacionamento com o usuário final ainda não pode acabar. Isso acontece principalmente pelo principal objeto desse processo ser a satisfação dos usuários finais, sendo eles consumidores individuais ou empresas. Para Kotler (2006): “Um canal de marketing transfere as mercadorias dos fabricantes para os consumidores. Ele preenche as lacunas de tempo, local e possa que separam as mercadorias e os serviços daqueles que deles precisam ou desejam. Os membros do canal, de marketing realizam várias funçõeschave” (KOTLER, 2006, p. 469). Kotler (2006) também diz que funções como, movimentação de produtos físicos, transferência de propriedade e promoção fazem parte de uma atividade a frente da empresa para o cliente. Já as funções de informações, negociação, finanças e o ato de assumir riscos acontecem em todas as direções. A grande questão do canal de marketing, segundo Kotler (2006) é quem a realizará. O mesmo que ainda explica: “À medida que o fabricante transfere algumas funções para os intermediários, seus custos e preços são reduzidos, porém os intermediários acrescentam uma margem para compensar se trabalho. - 1565 - Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG 01 e 02 de dezembro de 2016 Se os intermediários forem mais eficientes que o fabricante, os preços ao consumidor serão mais baixos. Se os consumidores realizarem eles mesmos algumas funções, terão direito a preços mais baixo” (KOTLER, 2006, p. 470). Ainda com relação aos canais de marketing, Campos (2013) define canal de distribuição como as possíveis formas utilizadas pela empresa para enviar seus produtos para as outras empresas e/ou seus clientes finais. Sendo esses por meio de atacadistas, varejistas, distribuidores, representantes, etc. Segundo o autor, a empresa além de manter o foco na produção e desenvolvimento de produtos, deverá certifica-se da maneira pela qual os produtos são escoados até o cliente final. Campos (2013) apresenta duas formas básicas de distribuição, sendo elas direta e indireta. Segundo o mesmo, a distribuição direta se dá quando a empresa oferta o produto e/ou serviço diretamente para os clientes finais, esses fornecedores são classificados como pertencentes ao canal direto ou canal 1. Sobre a distribuição indireta, Campos (2013) exlica que a mesma se diferencia pela presença de um intermediário no processo, podendo ser divido em 3 situações diferentes: “Situação A: ocorre quando entre os clientes finais e a indústria produtora, existe somente a participação do comércio varejista. Acontece comumente com produtos de massa de baixo valor monetário e de venda por unidade, exemplo, frutas e verduras. Situação B: acontece quando entre a indústria produtora dos artigos finais e o comércio varejista existe o distribuidor, responsável que age como elo de ligação entre essas partes. Essa situação costuma ser encontrada em produtos de massa, como eletrodomésticos. Situação C: ocorre quando há a presença do representante da indústria produtora de artigos finais com o comércio varejista, o qual, por sua vez, é o encarregado de colocar os produtos à disposição dos consumidores finais. Essa situação encontramos comumente em importações e exportações, pois facilita a penetração no mercado exterior e melhora a comunicação entre os participantes” (CAMPOS, 2013, p. 21). Kotler (2006) apresenta conceitos próximos aos apresentados por Campos (2013), entretanto o autor faz uso de nomeclaturas que facilitam a compreensão dos canais. A situação A, refere-se ao canal indireto curto ou canal 2, sendo composto de produtor, varejista e clientes. A situação B, representa o canal indireto longo, ou canal 3, estabelicido pela: - 1566 - Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG 01 e 02 de dezembro de 2016 industria, distribuidor ou atacadista, varejista e consumidor final. A situação C é muito semelhante a B, é considerada o canal indireto ultra longo, ou canal 4, sua diferença para a situação B está na existência de um representante da industria que atua como mais um elo para o canal. 2.3. Varejo e Franquia Para melhor compreensão do caso em estudo, verificou-se a necessidade de apresentar as principais diferenças conceituais sobre varejo e franquia. Coughlan (2012) conceitua sistema de vendas por varejo da seguinte forma: “Varejo são as atividades envolvidas na venda de produtos e serviços a consumidores finais para consumo pessoal.” (COUGHLAN, 2012). Para Cobra (2006) Varejo: “É o representante de vendas de uma ampla linha de produtos, de um ou mais fabricantes. Assume estoques, expõe e vende produtos de diversas marcas, quase sempre dentro de uma linha de comércio: alimentos, roupas, eletroeletrônicos, automóveis, sapatos, perfumes e cosméticos etc. Exerce uma grande variedade de funções, faz propaganda de uma ou mais marcas, oferece garantia adicional aos prazos de garantia do fabricante presta informações de mercado para o fabricante, entre outras atividades” (COBRA, 2006, p. 252). O varejo é quando o comprador é o consumidor final. Coughlan (2012) ressalva que, a causa da compra em varejo, ao contrario da compra em atacado, é a satisfação pessoal e familiar do consumidor causada pela compra direta do produto. É considerado varejo, segundo Cobra (2006) quando o produto ou serviço é destinado diretamente ao consumidor final, sendo esse para uso pessoal, não comercial. Sendo assim, qualquer organização que venda diretamente para consumidores finais, seja essa fabricante ou ate mesmo atacadista, também está fazendo varejo. Além disso, não importa o meio por onde esse produto é vendido, seja ela pessoalmente, por internet, por telefone, ou qualquer outro meio. O autor enfatiza que “o papel do varejo é levar emoções aos seus clientes sob a forma de bens e serviços” (COBRA, 2006). Coughlan (2012) conceitua Franquia como: “Uma estrutura de canal de marketing destinada a convencer usuários finais de que estão comprando de um fabricante integrado verticalmente quando, na verdade, eles podem estar comprando de - 1567 - Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG 01 e 02 de dezembro de 2016 uma empresa da propriedade individual. São uma categoria dentro da estrutura clássica de canal de marketing de duas empresas, uma fornecendo, e a outra realizando fluxos de canal de marketing” (COUGHLAN, 2012, p. 396). Coughlan (2012) também defende que a franquia é um canal contraditório, mesmo funcionando em muitas ocasiões. Para fazer parte de uma franquia, os fraqueados devem ceder um grau de poder ao franqueador e pagam ao mesmo uma quantia por usar o nome da marca. “Em termos técnicos, são dois negócios independentes unindo forças para realizar fluxos de marketing para seu benefício mútuo” (COUGHLAN, 2012). Já para Cobra (2006) o franqueado é um representante varejista de uma determinada marca de fábrica. O mesmo comercializa mediante a um contrato, agindo como se a loja fosse do fabricante e tem obrigação de divugar a marca. 2.4. Logística Sobre o conceito de Logística Empresarial, Ballou (2011) defende que: “Logística empresarial não tem o mesmo significado para todas as pessoas, inclusive para aquelas que estão ativamente engajadas no assunto” (BALLOU, 2011). Ballou (2011) também relata a área da Logística é muito almpla, sendo responsável por transportes, distribuição, distribuição física, suprimentos, administração de materiais e operações. Dessa forma, a logística torna-se fundamental para as estratégias de marketing. O conceito de logística apresentado por Coughlan (2012) é bem condizente com o apresentado por Ballou (2011), para o autor logística “envolve o processamento e rastremento de produtos manufaturados durante armazenagem, controle de estoque, transporte, documentação anfandegária e entrega aos clientes” (COUGHLAN, 2012). Ballou (2011) aprofunda as discussões sobre o tema inferindo que a logística transcende os movimentos de bens físicos, para o autor: “logística empresarial associa estudo e administração dos fluxos de bens e serviços e da informação associada que os põe em movimento” (BALLOU, 2011). Com relação ao papel estratégico das operações logísticas, que afetam diretamente no bom desenvolvimento empresarial, Dornier (2010) diz que: “A alta direção enxerga operações e logística como tática por natureza e projeta a estratégia sem suas considerações e renega-lhes um papel de minimização de custo. Existem diversas razões para essa atitude gerencial ultrapassada, entre elas: A dominância funcional de certas - 1568 - Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG 01 e 02 de dezembro de 2016 áreas na formulação da estratégia corporativa. Uma visão de curto prazo para contribuições de operação/logística. Uma crença de que operações e logística são especialidades técnicas e não funções estratégias do negócio” (DORNIER, 2010, p. 83). Segundo Morais (2015) apud Dornier (2000) a estratégia visa alcançar uma posição que ocasione a consolidação da posição competitiva da empresa e atenda às expectativas dos consumidores em um horizonte de longo prazo. Assim os objetivos de longo prazo da logística podem ser agrupados em três categorias: redução de custos, redução de capital e melhoria de serviços. 3. Metodologia Utilizou-se a abordagem qualitativa para estruturação desse estudo. Para atingir os objetivos caracterizou-se essa pesquisa como um estudo de caso, pois de acordo com Yin (2005), esse tipo de estudo tem por objetivo ressaltar a caracterização e a investigação empírica de um caso, fenômeno, dentro de seu contexto. O estudo também se caracteriza como descritivo, pois revela o entendimento dos pesquisadores sobre o caso estudado. De acordo com Gil (2002) os estudos descritivos revelam o entendimento dos pesquisadores. Essa compreensão do fenômeno se dá a partir da relações entre as variáveis de determinado caso, que são aferidas em entrevistas, análises de documentos e estudos de campo (GODOY, 1995) Os objetos de investigação utilizados foram: pesquisa bibliográfica e levantamento, com entrevista semiestruturada. De acordo com Gil (2002) a pesquisa bibliográfica permite ao pesquisador estruturar e sistematizar o conhecimento publicado, de forma a subsidiar a melhor compreensão dos fatos investigados. O levantamento (Ibidem) constitui uma técnica de interrogação para a compreensão dos dados primários. A Rede Casa do Biscoito constituise como o objeto de estudo e o sujeito social é o proprietário de uma das lojas da rede situada em Cataguases-MG. Utilizou-se a técnica de análise de conteúdo, para interpretar os dados. Bardim (1977) aponta que essa análise de dados é composta de procedimentos sistemáticos e objetivos que visam retratar o que realmente está sendo dito pelo sujeito. 4. Análise de Resultados O presente estudo de caso foi realizado na rede de bomboniere Casa do Biscoito, composta de 122 lojas. A entrevista foi realizada no mês de agosto de 2016, com o proprietário de uma das lojas situada na cidade Cataguases-MG. A loja possui relevância para - 1569 - Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG 01 e 02 de dezembro de 2016 o grupo, pois foi alvo de estudo do segmento uma vez que essa foi primeira loja a ser aberta. O entrevistado salientou que após a abertura de 30 lojas da rede, os associados registraram e patentearam a marca. Para o entrevistado a Casa do Biscoito possui um modelo de negócio parecido com as franquias, porém com formato de rede de negócios. As lojas do grupo possuem layout padrão, com fachada e interior idênticos, com exceção das lojas estabelecidas em cidades históricas. A empresa atua no segmento do varejo e acredita que entre os principais pontos fortes está o grande número de consumidores que podem atender. As empresas contam com um setor de marketing responsável por fazer o calendário de promoções e atuar nos meios de divulgação. As ações de marketing que atendem à todo o grupo de lojas, são as realizadas em campos de futebol, sacolas, fachadas, uma vez que as campanhas de TV, rádio e tabloides, atendem poucas lojas devido à diferença no preço praticado. O entrevistado contou-nos que existem particularidades como diferenças de impostos e diferenças em frete que interferem nos preços praticados nas lojas do Grande Rio e as lojas do interior e do estado de Minas Gerais. A empresa faz um calendário anual, que é apresentado em reuniões para os gerentes de lojas. Para apresentar alguma promoção as ideias são discutidas com os gerentes e após aprovadas são informadas à equipe de compras da rede que atuará para atender os objetivos. As compras para as lojas, segundo o entrevistado, são feitas individualmente, entretanto, as negociações de produtos que são ofertados em tabloides são feitas em conjunto. Além disso, os fornecedores buscam manter um preço competitivo e igual para todas as lojas, visto que esses consideram as lojas como um todo. A empresa possui um planejamento estratégico para vendas e na opinião do entrevistado, a arte de ser comerciante reside nesse ponto. Para ele, todo o trabalho deve ser feito para atrair o cliente, desde a arrumação da loja, com frentes para atrair o cliente ao preço “agressivo, barato”. A empresa se preocupa com os concorrentes, visto que constituem “uma pedra no sapato”, quando a concorrência regional promove melhores preços do que a Casa do Biscoito esses são informados à central para eles se manterem informados. Os principais concorrentes são: Lojas Americanas e supermercados. O entrevistado relatou que quando a empresa apresenta uma proposta de promoção, eles não verificam os estoques, ou não dependem de estoques para apresentar um promoção. Contudo, eles procuram investigar se os fabricantes entregarão os produtos no prazo necessário para ter o produto para o tabloide promocional e ofertas na TV. Para o entrevistado o mais importante é ter os produtos da oferta em estoque no dia da oferta. - 1570 - Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG 01 e 02 de dezembro de 2016 Os fabricantes parceiros levam no mínimo duas semanas entre o pedido e a entrega em todas as lojas. O entrevistado ressaltou que independente do tamanho da loja parceira as questões relacionadas ao marketing e logística são importantes, pois esses setores estão intimamente relacionados a rotatividade dos produtos e consequentemente os resultados da empresa. Quando questionados sobre a utilização de algum tipo de ferramenta de logística como método PEPS, Custo Médio e outros, o entrevistado disse não atuar com nenhuma ferramenta específica para área. A empresa não possui um centro de distribuição, as compras são realizadas loja a loja e consequentemente as entregas também. O transporte das mercadorias do fabricante para as lojas é feito por conta do fornecedor, raramente as lojas precisam fretar algum tipo de transporte para mercadoria. O entrevistado relatou que os estoques da loja de Cataguases ficam no próprio estabelecimento e que algumas lojas associadas possuem deposito fora do estabelecimento 5. Conclusão O arcabouço teórico utilizado para embasar esse estudo, nos remete há reflexões a cerca da importância das estratégias de marketing, fundamentadas principalmente nas ações do canal de distribuição eleito pela organização para sua atuação. Percebe-se através do estudo de caso na Casa do Biscoito que a empresa valoriza significativamente as ações de composto de comunicação, buscando utilizar diversas ferramentas mercadológicas para melhorar os resultados de cada unidade da rede de lojas. Verificou-se que existem ações específicas para cada região, fato atribuído às diferenças principalmente relacionadas à impostos e frete. Contudo, percebe-se que as lojas da rede, possuem um padrão de layout que contribui positivamente para aumentar a identidade da rede, além de oferecer uma certa garantia para o cliente que encontrará os mesmos produtos e serviços disponíveis em todas as lojas. Verificou-se que a rede Casas do Biscoito, possui características de lojas de varejo, sendo considerada uma empresa de distribuição indireta, pois não é fabricante de nenhum produto ofertado diretamente ao consumidor. A rede de lojas algumas vezes possui o papel de intermediária entre a indústria e o consumidor e outras vezes pode ser mais um elo entre o fabricante e o consumidor, pois a empresa compra alguns produtos direto da indústria e outros de distribuidores e atacados. Dessa forma a empresa pode ser considerada uma empresa que atua em múltiplos canais apresentados por Campos (2013) e Kotler (2006). Percebe-se também através do estudo, que a rede não utiliza nenhum tipo de ferramenta logística para subsidiar suas ações de marketing, esse fato corrobora o que Dornier (2010) diz sobre a crença que as operações logísticas não constituem funções estratégicas e - 1571 - Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG 01 e 02 de dezembro de 2016 sim funções táticas. Verificou-se ainda que o transporte dos produtos para as lojas são feitas muitas vezes pelos fornecedores, que geralmente devem cumprir prazos estabelecidos pelo setor de compras. Acredita-se que por estar no ramo de produtos alimentícios a empresa deva atuar com o método PEPS, entretanto essa ferramenta não foi mencionada na entrevista. Nota-se também que o setor de compras da rede está muito mais alinhado às ações de marketing do que propriamente de logística. Entretanto, sabe-se que os objetivos estratégicos da logística propiciam melhores resultados na redução de custos, redução de capital investido e melhoria nos serviços (DORNIER et al, 2000). Identificou-se também que o planejamento estratégico é realmente indispensável para a empresa traçar suas metas e objetivos, corroborando a afirmação de Kotler (2003). Por fim, verifica-se a importância de fundamentar o planejamento estratégico de uma organização contemplando ações integradas entre o marketing e a logística, uma vez que os resultados de ambos dependem de ações integradas. Recomenda-se que outros estudos sejam realizados a fim de aprofundar e corroborar com essas análises. 6. Referências BALLOU, R. H. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física. Tradução Hugo T. Y. Yoshizaki. 1. ed. – 24. reimp. 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