Revista ISSN 1519-339X Ano 16 - Nº 79 - Outubro / Novembro / Dezembro – 2016 A Revista Enfermagem Atual In Derme é uma revista da Sociedade Brasileira de Enfermagem em Feridas e Estética (SOBENFeE), está indexada na base de dados do Cinahl - Information Systems USA, classificada como Qualis International B2 da Capes e no Grupo EBSCO Publicações. Editora Chefe: Alcione Matos de Abreu Vice- presidente da SOBENFeE | Doutoranda da Universidade Federal Fluminense UFF Editor Assistente: Raí Moreira Rocha Mestrado em Ciências do Cuidado em Saúde EEAAC/UFF Financeiro: Sobenfee Vendas: Sobenfee [email protected] Sac: [email protected] Envio de Artigos: [email protected] EDITORIAL Caros leitores, Na edição de nº 79, do ano de 2016, destaca-se: O artigo Avaliação da qualidade de vida de pessoas com úlceras venosas é um estudo transversal com abordagem quantitativa realizado com uma amostra de 29 pacientes com úlceras venosas. O principal objetivo do estudo foi analisar a qualidade de vida de pessoas com úlceras venosas. O artigo Crenças e mitos acerca do exame preventivo de câncer de colo uterino é um estudo transversal com abordagem quantitativa realizado em uma unidade de Estratégia de Saúde da Família (ESF) do litoral norte do Rio Grande do Sul, com mulheres de 35 a 64 anos. O principal objetivo do estudo foi conhecer as crenças e os mitos em relação ao exame preventivo do câncer de colo uterino em mulheres atendidas em uma unidade de atenção básica. ENFERMAGEM ATUAL é uma revista científica,é uma revista da Sociedade Brasileira de Enfermagem em Feridas e Estética (SOBENFeE),publicada trimestralmente, voltada para o publico de profissionais e acadêmicos e pós graduados da área de saúde. O artigo Percepção de acadêmicos de enfermagem acerca do papel do enfermeiro no cuidado pré-natal é estudo transversal com abordagem quantitativa realizado na Faculdade Cenecista de Osório/RS com 20 acadêmicos do curso de enfermagem. O principal objetivo do estudo foi conhecer o entendimento do acadêmico de enfermagem sobre a importância do cuidado pré-natal. CIRCULAÇÃO: Em todo Território Nacional. CORRESPONDÊNCIAS: Rua México, nº 164 sala 62, Centro - Rio de Janeiro - RJ (21) 2259-6232 - [email protected] Periodicidade: Trimestral Distribuição: Sobenfee Produção: Letra Certa Comunicação Diagramação: Cecilia Pachá O artigo Qualidade de vida em pacientes com sequelas de queimaduras é um estudo transversal com abordagem quantitativa, realizado de agosto a setembro de 2014, com 43 pacientes. O principal objetivo do estudo foi analisar a qualidade de vida (QV) de pacientes que se queimaram e desenvolveram sequelas. ENFERMAGEM ATUAL reserva todos os direitos, inclusive os de tradução, em todos os países signatários da Convenção Pan-Americana e da Convenção Internacional sobre Direitos Autorais. A Revista Enfermagem Atual é uma revista da Sociedade Brasileira de Enfermagem em Feridas e Estética (SOBENFeE), com publicação trimestral. Publica trabalhos originais das diferentes áreas da Enfermagem, Saúde e Áreas Afins, como resultados de pesquisas, artigos de reflexão, relato de experiência e discussão de temas atuais. Circulação: 4 números anuais: JAN/FEV/MAR – ABR/MAI/JUN – JUL/AGO/SET – OUT/NOV/DEZ A Revista Enfermagem Atual é uma publicação trimestral. Publica trabalhos originais das diferentes áreas da Enfermagem, Saúde e Áreas Afins, como resultados de pesquisas, artigos de reflexão, relato de experiência e discussão de temas atuais. ISSN 1519-339X O artigo Produção científica da enfermagem dos hospitais de ensino acerca da cultura de segurança do paciente é uma Revisão Sistemática da Literatura realizada nas bases de dados indexadas e on-line, no período entre 2004 e 2016, utilizando os descritores “Enfermagem”, “Hospital”, “Segurança do paciente com o operador booleano” e “AND”. O objetivo principal do estudo foi conhecer a produção científica da enfermagem dos hospitais de ensino sobre cultura de segurança do paciente. O artigo Evidências científicas de enfermagem sobre idosos estomizados é uma Revisão Sistemática da Literatura realizada nas bases de dados Lilacs, BDENF, Medline, IBECS e Scielo, por meio da associação do descritor “Idoso”, no período entre 2005 a 2015. O principal objetivo do estudo foi analisar a atenção a idosos estomizados. O artigo Alterações estéticas no contexto da doença renal crônica e complicações associadas à autoimagem é uma Revisão Sistemática da Literatura realizada nas bases de dados Lilacs, Medline, Biblioteca Digital de Teses e Dissertações e Google Acadêmico, utilizando a estratégia PVO-P (problema/população): Insuficiência Renal Crônica; Diálise Renal; Fístula Arteriovenosa; V (variáveis do problema): Estética; O (outcomes/resultados): Autoimagem; Imagem Corporal, no período de 2010 a 2015. O principal objetivo do estudo foi identificar na literatura as alterações estéticas decorrentes da doença renal crônica (DRC) e seu tratamento e as complicações associadas a mudanças na autoimagem. O artigo Dificuldades apresentadas pelas puérperas no processo de amamentação é uma Revisão Sistemática da Literatura realizada nas bases de dados Bireme e Lilacs, respeitando o recorte temporal de 2011 a 2015, utilizando os descritores: “amamentação”, “leite humano” e “desmame precoce”. O principal objetivo do estudo foi identificar as dificuldades apresentadas pelas puérperas no processo de amamentação. O artigo Instrumentos verificadores de estresse e da síndrome de burnout: revisão integrativa é uma Revisão Sistemática da Literatura realizada nas bases de dados eletrônicas: Scielo, CINAHL, Scopus e Lilacs, nas quais foram utilizados os descritores indexados no MeSH “stress” (1º); “burnout” (2º); “nursing” (3º) e acompanhados do conector “and”, com recorte temporal de 2009 a 2015. O principal objetivo do estudo foi identificar os principais instrumentos utilizados para verificar a síndrome de Burnout e o estresse em enfermeiros. O artigo Tecnologia e educação em saúde: avaliação de um website para o ensino de oftalmologia é um estudo de avaliação de material educacional digital, desenvolvido na universidade pública no Piauí, no período de maio a dezembro de 2014. O objetivo principal do estudo foi avaliar a tecnologia em saúde como estratégia de ensino em oftalmologia. Convido a todos vocês para o VI Congresso Brasileiro de Prevenção e Tratamento de Feridas, cujo tema central será “Feridas na Invisibilidade”. O congresso acontecerá em Salvador/BA, entre os dias 31 de outubro e 03 de novembro de 2017. “As feridas do corpo são curadas com tratamento local e sistêmico, de acordo com a evidencia científica. ‘As feridas da alma’ são curadas com atenção, carinho e paz.” Machado de Assis Boa leitura! Editora Científica Alcione Abreu CONSELHo EDITORIAL Ana Luiza Soares Rodrigues Mestre em Ciências do Cuidado em Saúde pela UFF Enfermeira do Hospital Federal da Lagoa / MS André Luiz de Souza Braga Professor Adjunto do Departamento de Fundamentos de Enfermagem e Administração da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense. Rio de Janeiro, RJ Andrea Pinto Leite Ribeiro Doutoranda do Programa Acadêmico de Ciências do Cuidado em Saúde (UFF) Enfermeira do Departamento de Neonatologia do IFF/FIOCRUZ Beatriz Guitton Renaud Baptista de Oliveira Phd, Professora Titular da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa-UFF | Universidade Federal Fluminense Rio de Janeiro Bruna Maiara Ferreira Barreto Doutoranda em Ciências do Cuidado em Saúde pela UFF. Professora auxiliar I do Departamento de Fundamentos de Enfermagem e Administração da UFF Carla Lube de Pinho Chibante Doutoranda do Programa Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde/UFF.Rio de Janeiro/RJ Cristina Lavoyer Escudeiro Doutora em Enfermagem. Professora Associado II do Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica da Universidade Federal Fluminense Rio de Janeiro, RJ Denise Assis Corrêa Sória Professora Associada III da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), RJ – Brasil Edmar Jorge Feijó Mestre em enfermagem pela UFF/RJ. Gestor e docente do curso de graduação em enfermagem da Universidade Salgado de Oliveira UNIVERSO/SG – Brasil Elenice Martins Doutoranda do programa de Nanociências pela UFSM /RS Docente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Franciscano/RS – Brasil Michelle Hyczy de Siqueira Tosin Mestre pelo Mestrado Profissional em Enfermagem Assistencial pela UFF/RJ – Brasil Gustavo Dias da Silva Doutorando em Enfermagem. Professor assistente da FENF/ UERJ, RJ – Brasil Karina Chamma Di Piero Mestrado Profissional em Saúde da criança e da mulher pelo Instituto Fernandes Figueira – Brasil. Especialista em Enfermagem Dermatológica (UGF) e Estomaterapia (UERJ) – Brasil Javier Soldevilla Agreda Universidade de La Rioja Logroño. La Rioja Logroño – Espanha José Carlos Martins Universidade de Coimbra. Coimbra – Portugal José Verdu Soriano Universidade de Alicante. Alicante – Espanha Maria Celeste Dalia Barros Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/UNIRIO. Rio de Janeiro, RJ – Brasil Maria Marcia Bachion Professor Titular da Universidade Federal de Goiás – Brasil Neida Luiza Kaspary Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Catarina – Brasil. Professora do Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo – Brasil Pedro Paulo Correa Santana Mestrado em Ciências do Cuidado em Saúde pela (UFF). Professor Assistente do curso de Enfermagem do Centro Universitário Anhanguera de Niterói. Niterói, RJ – Brasil Rafaela Oliveira Grillo Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-Rio. Psicóloga clínica e hospitalar Renata Miranda de Sousa Doutoranda do Programa Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde/UFF. Rio de Janeiro/RJ Vinicius Lino de Souza Neto. Mestre pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Wagner Oliveira Batista Doutorando da Universidade Federal Fluminense (UFF), RJ – Brasil. Professor de Educação Física SUMÁRIO Revista Enfermagem Atual EDITORIAL 2 6 Normas de Publicação Revista Enfermagem Atual ARTIGOS 9 Avaliação da qualidade de vida de pessoas com úlceras venosas Quality of life assessment of people with venous ulcers Willian Alburquerque de Almeida, Adriano Menis Ferreira, Maria Lucia Ivo, Marcelo Alessandro Rigotti, Adaiele Lucia Nogueira Vieira da Silva, Larissa da Silva Barcelos 17 Crenças e mitos acerca do exame preventivo de câncer de colo uterino Beliefs and myths about the preventive examination cervical cancer Débora Biffi, Karine Stumm, Dienefer Reis, Luana Daudt, Fabiano Carpes 20 Percepção de acadêmicos de enfermagem acerca do papel do enfermeiro no cuidado pré-natal Perception of academic nursing nurses about the paper in prenatal care Fabiano Carpes, Débora Biffi, Karine Eliel Stumm 23 Qualidade de vida em pacientes com sequelas de queimaduras Quality of life of patients with after effects from burns Jussara de Lucena Alves, Emanuela Batista Ferreira e Perreira, Priscilla Tereza Lopes de Souza, Bruna Gabrielle de Souza Costa, Chrystenise Valéria Ferreira Paes REVISÕES 32 Produção científica da enfermagem dos hospitais de ensino acerca da cultura de segurança do paciente Scientific production of the nursing of teaching hospitals about patient safety culture Tavane Menezes Costa, Zenith Rosa Silvino 41 Evidências científicas de enfermagem sobre idosos estomizados Scientific evidence from nursing on elderly ostomy Amanda Travassos da Costa, Pedro Paulo Corrêa Santana, Phelipe Austríaco Teixeira, Fátima Helena do Espírito Santo, Diana Mary Araújo de Melo Flach, Marilda Andrade 50 Alterações estéticas no contexto da doença renal crônica e complicações associadas à autoimagem Aesthetic changes in the context of chronic kidney disease and complications associated to self-image Dejanilton Melo da Silva, Rose Mary Costa Rosa Andrade Silva, Eliane Ramos Pereira 59 Dificuldades apresentadas pelas puérperas no processo de amamentação Difficulties presented by puerperal in the process of breastfeeding Karla Gracielle Ribeiro Lins de Oliveira, Tayssa Suelen Cordeiro Paulino, Fábio Claudiney da Costa Pereira, Bárbara Coeli Oliveira da Silva, Richardson Augusto Rosendo da Silva, Soraya Maria de Medeiros 64 Instrumentos verificadores de estresse e da síndrome de burnout: revisão integrativa Checkers instruments stress and burnout syndrome: an integrative review Clarissa Maria Bandeira Bezerra, Kezia Katiane Medeiros da Silva, Aline de Souza Falcão , Milva Maria Figueiredo de Martino ESTUDO DE 70 Tecnologia e educação em saúde: avaliação de um website para o ensino de oftalmologia AVALIAÇÃO DE Technology and education in health: evaluation of a website for the teaching of ophthalmol MATERIAL EDUC.Filipe Araújo Alves de Lima, Francisca Tereza de Galiza, Ana Roberta Vilarouca da Silva, Eveline Pinheiro Beserra, Jemima Rafaela Rodrigues de VIRTUAL Medeiros, Maria Alzete de Lima RESUMOS 76 NORMAS DE PUBLICAÇÃO REVISTA ENFERMAGEM ATUAL o conhecimento sobre o objeto da investigação. Deve limitar-se a 4000 palavras (excluindo resumo, referências, A Revista Enfermagem Atual é o órgão oficial de divulgação tabelas e figuras). As referências deverão ser atuais e em da Sociedade Brasileira de Feridas e Estética (SOBENFeE). número mínimo de 30. Impressa e on-line, tem como objetivo principal registrar a produção científica de autores nacionais e internacionais, ARTIGOS DE REFLEXÃO: que possam contribuir para o estudo, desenvolvimento, aperfeiçoamento e atualização da Enfermagem, da saúde Consideração teórica sobre aspectos conceituais no e de ciências afins, na prevenção e tratamento de feridas. contexto da enfermagem. Formulação discursiva O desenvolvimento do conhecimento de Enfermagem aprofundada, focalizando conceitos ou constructo teórico visto, principalmente, nas últimas quatro décadas, é o da Enfermagem ou de área afim; ou discussão sobre um resultado da somatória dos esforços dos cientistas, teóricos tema específico, estabelecendo analogias, apresentando e estudiosos em Enfermagem, a fim de que a prática seja e analisando diferentes pontos de vista, teóricos e/ou mais segura e eficiente. Desta maneira, cabe também práticos. Deve conter no máximo 2500 palavras (excluindo a esta sociedade trazer à comunidade as descobertas resumos e referências). científicas conseguidas pela enfermagem, também nas seguintes seções especiais: Saúde da Mulher, Saúde da RELATOS DE CASO: Criança e Adolescente, Saúde Mental, Saúde do Trabalhador Descrição de pacientes ou situações singulares. O texto é e Saúde do Adulto e Idoso. As instruções aqui descritas composto por uma introdução breve que situa o leitor em visam orientar os pesquisadores sobre as normas adotadas relação à importância do assunto e apresenta os objetivos para avaliar os manuscritos submetidos. Os manuscritos do relato do(s) caso(s) em questão; o relato resumido do devem destinar-se exclusivamente à Revista Enfermagem Atual, não sendo permitida sua submissão simultânea a caso e os comentários no qual são abordados os aspectos outro(s) periódico(s). Quando publicados, passam a ser relevantes. Seguidos de uma discussão a luz da literatura propriedade da Revista Enfermagem Atual, sendo vedada a nacional e internacional e conclusão. O número de palavras reprodução parcial ou total dos mesmos, em qualquer meio deve ser inferior a 2000 (excluindo resumo, referências e de divulgação, impresso ou eletrônico, sem a autorização tabelas). O número máximo de referência é 15. prévia do(a) Editor(a) Científico(a) da Revista. RELATO DE EXPERIÊNCIA: A publicação dos manuscritos dependerá da observância das normas da Revista Enfermagem Atual e da apreciação Descrição de experiências acadêmicas, assistenciais e de do Conselho Editorial, que dispõe de plena autoridade extensão na área da enfermagem dermatológica e áreas para decidir sobre sua aceitação, podendo, inclusive afins. Deve conter até 2500 palavras (excluindo resumos e apresentar sugestões (sem alterar o conteúdo científico) referências). ao(s) autor(es) para as alterações necessárias. Neste caso, o referido trabalho será reavaliado pelo Conselho Editorial, NOTA PRÉVIA: permanecendo em sigilo o nome do consultor, e omitindo também o(s) nome(s) do(s) autor(es) aos consultores. Resumos de trabalho de conclusão de curso, dissertações Manuscritos recusados para publicação serão notificados e ou teses. Deve ser escrito na forma de resumo expandido disponibilizados a sua devolução ao(s) autor(es) na sede da estruturado contendo Introdução, Objetivos, Métodos e Resultados Esperados.Deve limitar-se a 1000 palavras Revista. (excluindo referências). MODALIDADES DE ARTIGOS INSTRUÇÕES AOS AUTORES ARTIGOS ORIGINAIS: CARTAS AO EDITOR: Resultado de pesquisa. Deve limitar-se a 6000 palavras (excluindo resumo, referências, tabelas e figuras). São sempre altamente estimuladas. Em princípio, devem comentar discutir ou criticar artigos publicados na Revista, mas também podem versar sobre outros temas de interesse geral. Recomenda-se tamanho máximo 1000 palavras, incluindo referências bibliográficas, que não devem exceder a seis (6). Sempre que possível, uma resposta dos autores será publicada junto com a carta. ARTIGOS DE REVISÃO (SISTEMÁTICA OU INTEGRATIVA): Estudo que reúne de maneira crítica e ordenada resultados de pesquisas a respeito de um tema específico, aprofunda AVALIAÇÃO PELOS PARES (PEER REVIEW) Previamente à publicação, todos os artigos enviados à Revista Enfermagem Atual passam por processo de revisão e julgamento, a fim de garantir seu padrão de qualidade. Inicialmente, o artigo é avaliado pela secretaria para verificar se está de acordo com as normas de publicação e completo. Todos os trabalhos serão submetidos à avaliação pelos pares (peer review) por pelo menos dois revisores selecionados pelo Conselho Editorial. Os revisores fazem uma apreciação rigorosa de todos os itens que compõem o trabalho. Ao final, farão comentários gerais sobre o trabalho e opinarão se o mesmo deve ser publicado. O editor toma a decisão final. Em caso de discrepâncias entre os avaliadores, pode ser solicitada uma nova opinião para melhor julgamento. Quando são sugeridas modificações pelos revisores, as mesmas são encaminhadas ao autor correspondente. O sistema de avaliação é o duplo cego, garantindo o anonimato em todo processo de avaliação. A decisão sobre a aceitação do artigo para publicação ocorrerá, sempre que possível, no prazo de seis meses a partir da data de seu recebimento. As datas do recebimento e da aprovação do artigo para publicação são informadas no artigo publicado com o intuito de respeitar os interesses de prioridade dos autores. Office Word, com configuração obrigatória das páginas em papel A4 (210x297mm) e margens de 2 cm em todos os lados, fonte Times New Roman tamanho 12, espaçamento de 1,5 pt entre linhas. As páginas devem ser numeradas, consecutivamente, até as Referências. O uso de negrito deve se restringir ao título e subtítulos do manuscrito. O itálico será aplicado somente para destacar termos ou expressões relevantes para o objeto do estudo, ou trechos de depoimentos ou entrevistas. Nas citações de autores, ipsis litteris, com até três linhas, usar aspas e inseri-las na sequência normal do texto; naquelas com mais de três linhas, destacá-las em novo parágrafo, sem aspas, fonte Times New Roman tamanho 11, espaçamento simples entre linhas e recuo de 3 cm da margem esquerda. Não devem ser usadas abreviaturas no título e subtítulos do manuscrito. No texto, usar somente abreviações padronizadas. Na primeira citação, a abreviatura é apresentada entre parênteses, e os termos a que corresponde devem precedê-la. PRIMEIRA PÁGINA: Devem ser redigidos em português. Eles devem obedecer à ortografia vigente, empregando linguagem fácil e precisa e evitando-se a informalidade da linguagem coloquial. Quando pertinente, será solicitado aos autores uma revisão ortográfica. Identificação: É a primeira página do manuscrito e deverá conter, na ordem apresentada, os seguintes dados: título do artigo (máximo de 15 palavras) nos idiomas (português e inglês); nome do(s) autor(es), indicando, em nota de rodapé, título(s) universitário(s), cargo e função ocupados; Instituição a que pertence(m) e endereço eletrônico para troca de correspondência. Se o manuscrito estiver baseado em tese de doutorado, dissertação de mestrado ou monografia de especialização ou de conclusão de curso de graduação, indicar, em nota de rodapé, a autoria, título, categoria (tese de doutorado, etc.), cidade, instituição a que foi apresentada, e ano. Devem ser declarados conflitos de interesse e fontes de financiamento. As versões serão disponibilizadas na íntegra no endereço eletrônico (http://inderme.com.br). SEGUNDA PÁGINA: IDIOMA PESQUISA COM SERES HUMANOS E ANIMAIS Os autores devem, no item Método, declarar que a pesquisa foi aprovada pela Comissão de Ética em Pesquisa de sua Instituição (enviar declaração assinada que aprova a pesquisa), em consoante à Declaração de Helsinki revisada em 2000 [World Medical Association (www.wma.net/e/ policy/b3.htm)] e da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/ Reso466.pdf). Na experimentação com animais, os autores devem seguir o CIOMS (Council for International Organizationof Medical Sciences) Ethical Code for Animal Experimentation (WHO Chronicle 1985; 39(2):51-6) e os preceitos do Colégio Brasileiro de Experimentação Animal COBEA (www.cobea.org.br). PREPARO DOS MANUSCRITOS ENVIO DOS MANUSCRITOS: Os manuscritos de todas as categorias aceitas para submissão deverão ser digitados em arquivo do Microsoft Resumo e Abstract: O resumo inicia uma nova página. Independente da categoria do manuscrito - Normas de Publicação REVISTA ENFERMAGEM ATUAL 2014. O Resumo deverá conter, no máximo, 200 palavra e ser escrito com clareza e objetividade. No resumo deverão estar descritos o objetivo, a metodologia, os principais resultados e as conclusões. O Resumo em português deverá estar acompanhado da versão em inglês (Abstract). Logo abaixo de cada resumo, incluir, respectivamente, três (3) a cinco (5) descritores e key words. Recomenda-se que os descritores estejam incluídos entre os Descritores em Ciências da Saúde - DeCS (http://decs.bvs.br) que contem termos em português, inglês. TERCEIRA PAGINA: Corpo do texto: O corpo do texto inicia nova página, em que deve constar o título do manuscrito SEM o nome do(s) autor(es). O corpo do texto é contínuo. É recomendável que os artigos sigam a estrutura: Introdução, Método, Resultados, Discussão e Conclusões. Introdução: Deve conter o propósito do artigo. Reunir a lógica do estudo. Mostrar o que levou aos autores estudarem o assunto, esclarecendo falhas ou incongruências na literatura e/ou dificuldades na prática clínica que tornam o trabalho interessante aos leitores. Apresentar objetivo (s). Método: Descrever claramente os procedimentos de seleção dos elementos envolvidos no estudo (voluntários, animais de laboratório, prontuários de pacientes). Quando cabível devem incluir critérios de inclusão e exclusão. Esta seção deverá conter detalhes que permitam a replicação do método por outros pesquisadores. Explicitar o tratamento estatístico aplicado, assim como os programas de computação utilizados. Os autores devem declarar que o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Instituição onde o trabalho foi realizado. Resultados: Apresentar em sequência lógica no texto, tabelas e ilustrações. O uso de tabelas e gráficos deve ser privilegiado. Conclusões: Devem ser concisas e responder apenas aos objetivos propostos. Referências: O número de referências no manuscrito deve ser limitado a vinte (20), exceto nos artigos de Revisão. Referências: As referências, apresentadas no final do trabalho, devem ser numeradas, consecutivamente, de acordo com a ordem em que foram incluídas no texto; e elaboradas de acordo com o estilo Vancouver. Devem ser utilizados números arábicos, sobrescritos, sem espaço entre o número da citação e a palavra anterior, e antecedendo a pontuação da frase ou parágrafo [Exemplo: enfermagem1.]. Quando se tratar de citações sequenciais, os números serão separados por um traço [Exemplo: diabetes1-3;], quando intercaladas, separados por vírgula [Exemplo: feridas1,3,5.]. Apresentar as Referências de acordo com os exemplos: - Artigo de Periódico: Shikanai-Yasuda MA, Sartori AMC, Guastini CMF, Lopes MH. Novas características das endemias em centros urbanos. RevMed (São Paulo). 2000;79(1):2731.- Livros e outras monografias: Pastore AR, Cerri GG. Ultrasonografia: ginecologia, obstetrícia. São Paulo: Sarvier; 1997. - Capítulo de livros: Ribeiro RM, Haddad JM, Rossi P. Imagenologia em uroginecologia. In: Girão MBC, Lima GR, Baracat EC. Cirurgia vaginal em uroginecologia. 2a.ed. São Paulo: Artes Médicas; 2002. p. 41-7. - Dissertações e Teses: Del Sant R. Propedêutica das síndromes catatônicas agudas [dissertação]. São Paulo: Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 1989. - Eventos considerados no todo: 7th World Congress on Medical Informatics; 1992 Sep 6-10; Geneva, Switzerland. Amsterdam: North-Holland; 1992. p.1561-5. - Eventos considerados em parte: House AK, Levin E. Immune response in patients with carcinoma of the colo and rectum and stomach. In: Resumenes do 12º Congreso Internacional de Cancer; 1978; Buenos Aires; 1978. p.135. - Material eletrônico: Morse SS. Factors in the emergence of infections diseases. Emerg Infect Dis [serial online];1(1):[24 screens]. Available from: http://www.cdc.gov/oncidod/eID/ eid.htm. CDI, clinical dermatology illustrated [monograph on CD-ROM], Reeves JRT, Maibach H. CMeA Multimedia group, producers. 2nd ed. Version 2.0. Sand Diego: CMeA; 1995. Figuras e Tabelas: Todas as ilustrações, fotografias, desenhos, slides e gráficos devem ser numerados consecutivamente em algarismos arábicos na ordem em que forem citados no texto, identificados como figuras por número e título do trabalho. As legendas devem ser apresentadas em folha à parte, de forma breve e clara. Devem ser enviadas separadas do texto, formato jpeg, com 300 dpi de resolução. As tabelas devem ser apresentadas apenas quando necessárias para a efetiva compreensão do manuscrito. Assim como as figuras devem trazer suas respectivas legendas em folha à parte. A entidade responsável pelo levantamento de dados deve ser indicada no rodapé da tabela. COMO SUBMETER O MANUSCRITO Os manuscritos devem ser obrigatoriamente, submetidos eletronicamente via email: [email protected]. Os artigos deverão vir acompanhados por uma Carta de apresentação, sugerindo a seção em que o artigo deve ser publicado. Na carta o(s) autor(es) explicitarão que estão de acordo com as normas da revista e são os únicos responsáveis pelo conteúdo expresso no texto. Declarar se há ou não conflito de interesse e a inexistência de problema ético relacionado ao manuscrito. ARTIGOS REVISADOS Os artigos que precisarem ser revisados para aceite e publicação na Revista Enfermagem Atual serão reenviados por email aos autores com os comentários dos revisores e deverá ser reencaminhado ao editor no prazo máximo de 15 dias. Caso a revisão ultrapasse este prazo, o artigo será considerado como novo e passará novamente por todo processo de submissão. Na resposta aos comentários dos revisores, os autores deverão destacar no texto as alterações realizadas. ARTIGOS ACEITOS PRA PUBLICAÇÃO Uma vez aceito para publicação, uma prova do artigo editorado (formato PDF) será enviada ao autor correspondente para sua apreciação e aprovação final. TAXA DE PUBLICAÇÃO A partir de 1º de Novembro de 2015, todos os artigos aceitos para publicação deverão pagar uma taxa de R$ 200,00.n A RT I G O O R I G I N A L Avaliação da qualidade de vida de pessoas com úlceras venosas Quality of life assessment of people with venous ulcers Willian Alburquerque de Almeida1 • Adriano Menis Ferreira2 • Maria Lucia Ivo3 • Marcelo Alessandro Rigotti4 • Adaiele Lucia Nogueira Vieira da Silva5 • Larissa da Silva Barcelos6 RESUMO Objetivo: Analisar a qualidade de vida de pessoas com úlceras venosas. Método: Estudo transversal com abordagem quantitativa realizado em pacientes com úlceras venosas. A amostra totalizou 29 pacientes. Foram utilizados dois instrumentos para a coleta de dados, um com características sociodemográficas-clínicas e o segundo sobre avaliação da qualidade de vida o WHOQOL-Bref. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (Protocolo nº 545.595/2014). Para o tratamento dos dados realizou-se a análise inferencial e descritiva. Utilizaram-se os testes de Coeficiente de Correlação de Pearson e Análise de Variância quando p<0,05. Resultados: A idade do participante se correlacionou de forma significativa com a presença de dor (p=0,047) e área da lesão (p=0,050), a dor se correlacionou de forma significativa com o tempo da lesão (p=0,005) e número de lesões (p=0,010). Conclusão: A qualidade de vida não foi afetada pela presença das úlceras venosas, entretanto os resultados mostram que a idade pode influenciar a percepção à dor e área da lesão e a dor pode variar de acordo com o tempo e número de lesões. Palavras-chave: Qualidade de vida; Úlcera varicosa; Doença crônica; Fatores Socioeconômicos. ABSTRACT Objective: To analyze the quality of life of people with venous ulcers. Method: Cross-sectional study with a quantitative approach was carried out in patients with venous ulcers. The sample comprised 29 patients. Two instruments for data collection were used, one with sociodemographic, clinical characteristics and the second on evaluation of the quality of life WHOQOL-Bref. The study was approved by the Research Ethics Committee (Protocol nº 545,595 / 2014). For the processing of data held inferential and descriptive analysis. We used the Pearson correlation coefficient test and ANOVA p <0.05. Results: participant’s age correlated significantly with the presence of pain (p = 0.047) and lesion area (p = 0.050), pain correlated significantly with the time of injury (p = 0.005) and number lesions (p = 0.010). Conclusion: The quality of life was not affected by the presence of venous ulcers, however, the results show that age can influence the perception of pain and area of injury and the pain may vary with time and number of lesions. Keywords: Quality of life; Varicose ulcer; Chronic illness; Socioeconomic Factors. NOTA Enfermeiro. Mestre em Enfermagem, Enfermeiro de Educação Permanente e Comissão Intra-Hospitalar de Transplantes da Santa Casa de Andradina (SP). Brasil E-mail: [email protected] 1 2 Enfermeiro. Pós-Doutor em Enfermagem, Professor Associado do Curso de Enfermagem, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/UFMS – Campus de Três Lagoas (MS), Brasil. E-mail: [email protected] 3 Enfermeira. Doutora em Enfermagem, Professora Associada do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/UFMS – Campo Grande (MS). Brasil. E-mail: [email protected] 4 Enfermeiro. Professor Assistente do Curso de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Três Lagoas (MS). Doutorando em Ciências da Saúde, Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto. São José do Rio Preto (SP), Brasil. E-mail: [email protected] 5 Enfermeira, Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde e Desenvolvimento na Região Centro-Oeste, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) – Campo Grande (MS), Brasil. E-mail: [email protected] 6 Enfermeira. Doutora em Saúde e Desenvolvimento na Região Centro-Oeste, Professora Adjunta do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Três Lagoas (MS). E-mail: [email protected] Os autores declaram que não há quaisquer conflitos de interesse. *Extraído da Dissertação de Mestrado “Impacto das feridas na qualidade de vida de pessoas atendidas na rede primária de saúde” de autoria de Willian Alburquerque de Almeida, apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande (MS), 2015. Estudo realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), 2013-2015. Campo Grande (MS), Brasil Extraído da Dissertação de Mestrado “Impacto das feridas na qualidade de vida de pessoas atendidas na rede primária de saúde”, apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande (MS), 2015.Estudo realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), 2013-2015. Campo Grande (MS), Brasil. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 9 10 A l m e i d a W A , F e r r e i r a A M , I v o M L , R i g o t t i M A , S i l v a A L N V, B a r c e l o s L S INTRODUÇÃO As úlceras crônicas em membros inferiores vêm aumentando em sua incidência, afetando o estilo de vida dos pacientes acometidos, gerando sofrimento, aumentos nos custos do tratamento e piora na qualidade de vida1. A úlcera venosa (UV) constitui o maior problema terapêutico das lesões de membros inferiores, o que desencadeia alterações no cotidiano da vida das pessoas que as possuem2, estima-se que as UV afetam cerca de 1% a 2% da população mundial, sendo predominante em pessoas com 60 anos ou mais, impactando diretamente na qualidade de vida desta população3. As UV são lesões crônicas de membros inferiores, resultante da insuficiência venosa crônica (IVC), causada por dificuldade de retorno venoso nos casos de trombose venosa profunda (TVP) e de refluxo do sangue venoso. As UV provocam dores frequentes, consequentemente perda da mobilidade funcional, comprometendo a capacidade para o trabalho e afetando o cotidiano destas pessoas. Associados a esses fatores, os gastos exorbitantes com o tratamento repercutem de forma negativa na qualidade de vida destas pessoas e familiares, tornando a UV um problema de saúde pública4. As manifestações clínicas da Doença Venosa Crônica (DVC) são telangiectasias ou veias reticulares, veias varicosas, edema, alterações da pele e tecido subcutâneo, decorrentes da doença venosa, pigmentação ou eczema, lipodermatoesclerose ou atrofia branca, alterações de pele com úlcera cicatrizada e alterações de pele com úlcera ativa e diante destas manifestações recebem classificações de acordo com seu estágio5. No cuidado ao paciente com úlcera venosa o enfermeiro tem um papel imprescindível, sendo este profissional o gestor em saúde em várias vertentes dos processos assistenciais. O grande foco do enfermeiro referente ao cuidado dos pacientes com úlceras venosas vai além de questões relacionadas à prevenção e avaliação do diagnóstico de risco, fornece o apoio educativo e mental, levando-os a superar a sua situação clínica, projetando a recuperação e melhorando a qualidade de vida6. Diante do exposto, esta pesquisa tem por objetivo analisar a qualidade de vida de pessoas com úlceras venosas. MÉTODO Trata-se de um estudo descritivo, transversal com abordagem quantitativa. O estudo foi realizado 14 unidades de saúde sendo seis unidades básicas de saúde, sete estratégias de saúde da família, um centro especializado em tratamento de feridas e visita as residências de pacientes com úlceras venosas em um município do interior do estado de Mato Grosso do Sul. A amostra foi composta por todos os usuários com úlceras venosas que buscaram o serviço de saúde e que REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 foram identificados pela visita domiciliar, totalizando 29 pacientes. Foram selecionados para participar do estudo usuários que atenderam os seguintes critérios de inclusão: presença de lesão ativa, localizada na perna ou pé, com presença de, no mínimo, dois dos sinais e sintomas de insuficiência venosa: edema em tornozelo e/ou acima; hiperpigmentação; lipodermatoesclerose; varizes e/ou veias reticulares e/ou telangiectasias7; ou ainda diagnóstico médico registrado no prontuário, ou resultado de exame complementar de imagem indicativa de trombose venosa e/ou insuficiência venosa por obstrução e/ou refluxo dos sistemas venosos, com duração mínima de três meses ou mais, atendidas em salas de curativos de todas as unidades de saúde, ou em sua residência, com idade igual ou superior a 18 anos. Antes da inclusão no estudo, os pacientes receberam informações sobre os objetivos do estudo e os que aceitaram participar assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Foi utilizado um formulário de coleta de dados sociodemográfico e clínicos e um instrumento para avaliação da qualidade de vida o WHOQOL-Bref validado no Brasil por Fleck8. A abordagem inicial deu-se através de contato prévio com a unidade de saúde para verificar a presença destes usuários no serviço. Todos os participantes do estudo responderam os instrumentos por meio de entrevista realizada pelo pesquisador em ambiente tranquilo e privativo após a realização do curativo. Os dados sociodemográficos que compôs o formulário estão relacionados: a idade, gênero, estado civil, número de filhos, religião, atividade profissional atual, renda mensal familiar e etnia; e os dados relacionados à ferida: histórico de lesões anteriores, número de lesões, presença e intensidade da dor, área da lesão, tempo de lesão. Na avaliação da qualidade de vida, utilizou-se instrumento da Organização Mundial da Saúde: o WHOQOL-bref composto por 26 itens que se referem a quatro domínios: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente onde o indivíduo está inserido. Além destes quatro domínios, o WHOQOL-bref é composto também por um domínio que analisa a qualidade de vida global9. As respostas para todas as questões do instrumento foram obtidas por meio de uma escala de respostas tipo Likert, com uma escala de intensidade (nada – extremamente), capacidade (nada – completamente), frequência (nunca – sempre) e avaliação (muito insatisfeito – muito satisfeito; muito ruim – muito bom). Cada domínio é composto por questões cujas pontuações das respostas variam entre 1 e 5. Os escores finais de cada domínio são calculados por uma sintaxe, que considera as respostas de cada questão que compõe o domínio, resultando em escores finais numa escala de 4 a 20, comparáveis aos do WHOQOL-100, que podem ser transformados em escala de 0 a 100. O WHOQOL-bref foi traduzido em vários idiomas e validado em diversos países. No Brasil, este trabalho foi realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) por Fleck9. Q u a l i d a d eAdR e T v i Id G a O c o mOú R l c eI rG a Iv N e nA o sLa Os dados coletados foram transferidos para um banco de dados na planilha do aplicativo Microsoft Excel 2010, utilizando-se o processo de validação por dupla digitação. Uma vez validados, os dados foram exportados e analisados de forma descritiva nos programas EPI-INFO versão 7 e BioEstat versão 5.3. As variáveis numéricas foram exploradas pelas medidas descritivas de centralidade (média e mediana) e de dispersão (mínima, máxima e desvio padrão – DP.). A associação entre as características clínicas e sóciodemográficas foram avaliadas pelo Coeficiente de Correlação de Pearson considerando p<0,05 como significativo. A análise quantitativa referente à comparação dos escores dos domínios foi realizada por meio da aplicação do teste de Análise de Variância e teste post-hoc de Tukey quando p<0,05. O estudo atendeu os princípios éticos e apresenta-se de acordo com a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. Em seguida, foi submetido à Comissão de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, vinculado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, obtendo parecer favorável (Protocolo nº 545.595/2014). RESULTADOS Dos 29 participantes analisados foi observada a predominância do sexo feminino como população mais afetada pelas úlceras venosas com 62,07%. Com relação à faixa etária, a média de idade entre todos os participantes foi de 64,79 anos, com renda per capita igual ou menor a um salário mínimo por pessoa e escolaridade de até oito anos de estudo (ensino fundamental). Dos 29 pacientes, 28 (96,55%) encontram-se inativos profissionalmente do total de pacientes entrevistados (Tabela1). Em relação aos aspectos clínicos, percebeu-se que (58,62%) dos participantes apresentavam uma única lesão. Para avaliação da dor utilizou-se uma escala verbal numérica, dos 29 usuários participantes da pesquisa, 20 (68,97%) relataram presença de dor. Com relação à área total da ferida houve predomínio de 18 (62,07%) pacientes que apresentaram área menor ou igual que 50 cm2, tendo prevalecido 19 (65,52%) dos pacientes com úlceras com mais de cinco anos. Na tabela 3, a idade do participante se correlacionou de forma significativa com a presença de dor (p=0,047) e área da lesão (p=0,050) pressupondo que a idade pode afetar a percepção de dor da pessoa acometida pela úlcera venosa e influenciar também na área da lesão, a dor se correlacionou de forma significativa com o tempo da lesão (p=0,005) e número de lesões (p=0,010), indicando que a dor pode aumentar ou diminuir de acordo com o tempo de permanência da lesão e influenciar na sua percepção de acordo com o número de feridas. A tabela 4 mostra a avaliação do WHOQOL-bref entre pessoas com úlceras venosas crônicas, verificou-se que os domínios não apresentaram diferenças significativas (p=0,7245), ou seja, não apresentaram divergências significativas nos escores médios da qualidade de vida quando os domínios foram comparados. Em média, o domínio psicológico foi o que apresentou menor escore dentre aqueles avaliados, assim, as questões vinculadas a esse domínio são as mais problemáticas para os pacientes que apresentam úlceras venosas crônicas. Tabela 1. Caracterização sociodemográfica dos pacientes com úlceras venosas atendidas na rede primaria de saúde, Três Lagoas – MS – 2014 (n=29). Sexo Feminino (N=18) Caracterização Sociodemográfica Masculino (N=11) Total Nº % Nº % Nº % 3 3 9 3 16.67 16.67 50.00 16.67 2 6 3 18.18 54.55 27.27 3 5 15 6 10.34 17.24 51.72 20.69 14 2 2 - 77.78 11.11 11.11 - 7 3 1 63.64 27.27 9.09 21 5 2 1 72.41 17.24 6.90 3.45 4 10 4 22.22 55.56 22.22 1 8 2 9.09 72.73 18.18 5 18 6 17.24 62.07 20.69 18 - 100.00 - 10 1 90.91 9.09 28 1 96.55 3.45 Idade Até 50 De 51 a 60 De 61 a 70 Acima de 70 Renda Até 1,0 SM* De 1,1 a 2,0 SM De 2,1 a 3,0 SM Acima de 3,0 SM Tempo de estudo Sem estudo De 1 a 8 anos de estudo Mais de 8 anos de estudo Situação de trabalho Inativo Ativo *SM, salário mínimo vigente a época da pesquisa R$ 724,00. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 11 12 A l m e i d a W A , F e r r e i r a A M , I v o M L , R i g o t t i M A , S i l v a A L N V, B a r c e l o s L S Tabela 2. Caracterização das úlceras venosas segundo número de feridas, presença de dor, área total da maior lesão, tempo da lesão em um município do interior do estado do Estado do MS/Brasil, 2014. Gênero Feminino (N=18) Variáveis Masculino (N=11) Total Nº % Nº % Nº % Uma ferida 12 66.67 5 45.45 17 58.62 Duas feridas 4 22.22 4 36.36 8 27.59 Mais de duas 2 11.11 2 18.18 4 13.79 Sim 13 72.22 7 63.64 20 68.97 Não 5 27.78 4 36.36 9 31.03 Dor intensa 7 53.85 1 14.29 8 40.00 Dor forte 2 15.38 4 57.14 6 30.00 Dor leve ou moderada 4 30.77 2 28.57 6 30.00 Não Melhora 6 46.15 2 28.57 8 40.00 À noite 5 38.46 2 28.57 7 35.00 2 15.38 3 42.86 5 25.00 >50 6 33.33 5 45.45 11 37.93 ≤ 50 12 66.67 6 54.55 18 62.07 Menos de 1 ano 3 16.67 3 27.27 6 20.69 De 1 a 5 anos 3 16.67 1 9.09 4 13.79 Mais de 5 anos 12 66.67 7 63.64 19 65.52 Número de feridas Dor Intensidade da dor (N=20) Período que melhora a dor (N=20) Ao dia Área total da maior lesão (cm ) 2 Tempo da lesão Tabela 3. Coeficiente de Correlação de Pearson e associação (Valor de P) das características sociodemográficas e clínicas das úlceras venosas em um município do interior do estado do Estado do MS/ Brasil, 2014. Tempo de estudo Número Área da Tempo de lesão da lesão lesões Dor Idade -0,170 -0,371 0,365 -0,041 0,075 Valor de P 0,377 0,047* 0,050* 0,830 0,695 Tempo de estudo 0,242 -0,105 -0,241 0,017 Valor de P 0,205 0,586 0,207 0,927 Dor 0,079 -0,501 -0,467 Valor de P 0,680 0,005* 0,010* Área da lesão 0,150 -0,035 Valor de P 0,436 0,853 Tempo de lesão 0,135 Valor de P 0,484 * = P ≤ 0,05 valor significante. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 Tabela 4. Média±desvio padrão (Mediana) dos escores do WHOQOLbref entre pacientes com úlceras venosas crônicas em um município do interior do estado do Estado do MS/Brasil, 2014. Domínios (n=29) Média±DP Mediana (Mín;Máx) Geral 55,72±19,10 62,40 (18,10;100,00) Físico 59,49±18,51 60,70 (28,60;100,00) Psicológico 51,51±19,27 58,30 (16,70;100,00) Social 59,58±25,10 66,70 (0,00;100,00) Ambiente 57,00±20,71 62,50 (18,80;100,00) Valor p* 0,7245 * = Valor P referente ao teste de Análise de Variância (ANOVA) a P<0,05. Os resultados da Tabela 5 mostraram a qualidade de vida dos participantes em relação às variáveis sociodemográficas sexo, idade tempo de estudo e variáveis clínicas relacionados às úlceras venosas: número de lesões, presença de dor, área da lesão e tempo da lesão; demonstrando que a qualidade de vida não foi afetada de forma significativa (Tabela 5). Q u a l i d a d eAdR e T v i Id G a O c o mOú R l c eI rG a Iv N e nA o sLa Tabela 5. Média e desvio padrão dos escores dos domínios do instrumento de qualidade de vida, segundo escolaridade, renda, tempo da ferida, etiologia da lesão e área da lesão em um município do interior do estado do Estado do MS/Brasil, 2014. Variáveis QV Geral P* Média±DP Sexo Idade ΔT estudo† (Anos) N. Lesões Dor Área lesão (cm2) ΔT lesão‡ M (n=11) 58,12±12,87 F (n=18) 65,07±21,16 <60 (n=6) 63,77±19,83 ≥60 (n=23) 62,01±18,54 ≤8 (n=23) 61,33±19,66 >8 (n=6) 64,58±6,23 1 (n=17) 58,25±20,16 >1 (n=12) 61,69±18,16 Sim (n=20) 59,31±20,87 Não (n=9) 60,50±15,52 ≤ 50 (n=18) 59,91±20,86 > 50 (n=11) 59,30±16,77 < 1ano (n=6) 57,48±21,75 ≥ 1 ano (n=23) 60,25±18,84 0,608 0,286 0,503 0,646 0,874 0,932 Domínios de Qualidade de Vida do WHOQOL-Bref Relações Físico Psicológico Sociais P* P* Média±DP Média±DP Média±DP 56,43±15,29 54,40±21,74 44,05±16,81 58,70±18,98 61,33±19,66 66,68±13,85 62,20±20,19 62,78±16,71 63,58±20,38 59,91±14,25 64,08±20,76 59,74±14,63 0,662 0,826 0,545 0,933 0,635 0,556 57,75±22,40 0,537 63,66±17,74 70,44±10,77 53,24±29,17 50,01±24,06 62,87±25,16 54,89±20,58 56,23±14,62 52,44±19,99 59,03±18,35 53,96±20,20 57,86±17,84 54,39±22,06 56,44±14,47 0,784 0,076 0,877 0,622 0,627 0,782 59,03±21,14 0,502 54,16±19,13 63,36±13,26 60,08±24,46 53,58±16,56 63,79±21,61 57,96±27,80 66,66±7,46 58,82±25,08 61,10±26,19 58,75±27,23 62,02±20,87 60,18±27,19 59,08±22,51 P* 0,069 0,243 0,533 0,899 0,750 0,906 56,95±30,00 0,597 60,50±24,39 Meio Ambiente Média±DP 62,10±11,21 58,20±22,82 52,85±16,82 61,85±19,62 59,38±22,74 68,76±6,55 59,57±22,42 63,80±18,67 60,95±22,09 62,15±18,46 60,95±21,93 61,93±19,54 P* 0,689 0,262 0,666 0,603 0,883 0,899 56,28±21,18 0,761 62,64±20,86 0,519 *Valor P referente ao teste de Análise de Variância (ANOVA) à p<0,05; †Tempo de estudo em anos; ‡Tempo da lesão em anos. DISCUSSÃO No presente estudo, observou-se predomínio de participantes do gênero feminino, estando em consonância com outros autores10-11. Todavia em estudos realizados em outros contextos tem sido encontrado predomínio do sexo masculino12. A ocorrência de Úlceras Venosas (UV) no sexo feminino pode estar relacionada à questão hormonal, à gravidez, puerpério e à maior incidência de veias varicosas, o que pode favorecer o surgimento da insuficiência venosa crônica. Deve-se salientar, também, o aumento da longevidade feminina como fator contribuinte para que taxa de maior incidência seja em indivíduos do sexo feminino13. A maioria dos participantes possui de 61 a 70 anos. Os achados evidenciaram que os idosos constituem uma população comumente afetada com UV crônica. A literatura aponta que o desenvolvimento de UV torna-se cada vez mais comum com o envelhecimento da população, sendo que depois dos 65 a probabilidade de desenvolvimento deste tipo de lesão aumenta, sendo as idades médias incluídas em uma faixa de 62-79 anos14. Durante o envelhecimento, os processos metabólicos diminuem, a pele perde a sua elasticidade devido à redução de colágeno e há um decréscimo na vascularização, fazendo com que a cicatrização seja mais lenta15. Verificou-se que a maioria dos participantes tem renda mensal baixa, sendo a renda per capita igual ou menor a um salário mínimo por pessoa com média de 1,04 (DP±0,72) e mediana de 0,92. Com relação à escolaridade, a maior parte dos entrevistados possui até oito anos de estudo (ensino fundamental). Outros estudos também evidenciaram que a baixa escolaridade e renda precária, se faz presente em indivíduos com UV11-12. Estes fatores podem ocasionar interferências tanto na compreensão quanto na assimilação de cuidados à saúde, especialmente o cuidado com lesões. Uma baixa compreensão dos cuidados com UV pode resultar na não adesão ao tratamento indicado. Além disso, tais fatores também podem indicar um estilo de vida que favoreça o aparecimento de tais lesões ou ainda a falta de acesso aos serviços de saúde especializados10-12. Para pacientes com UV, a presença da lesão significa gastos financeiros adicionais, que serão constantes, deste modo, a baixa renda familiar, pode implicar não apenas na qualidade de vida destes pacientes, mas também no prolongamento do tratamento e cronicidade da lesão. A presença de alterações tegumentares e de dor corrobora para a baixa qualidade de vida destes indivíduos, que vivenciam um processo de desvalorização pessoal, gerando comprometimentos na vida social e emocional16. No que se refere à atual situação ocupacional, observouse que a maioria dos pacientes (96,44%) deste estudo se encontravam inativos, o mesmo se constatou em outros estudos11,13,17. Este achado demonstra que a presença da lesão e, principalmente, a sua cronicidade comprometem a capacidade do indivíduo para o trabalho, o que pode contribuir para aposentadorias precoces, desemprego e aumento de licenças médicas, gerando ônus significativo para o sistema de saúde e previdenciário. Este contexto além de afetar a qualidade de vida destes pacientes, também pode gerar dependência de familiares, levar ao isolamento social e trazer prejuízos para autoestima dos indivíduos11,13,17. Referente à caracterização da ferida, a maioria dos entrevistados não apresentava ferida anterior, tendo apenas REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 13 14 A l m e i d a W A , F e r r e i r a A M , I v o M L , R i g o t t i M A , S i l v a A L N V, B a r c e l o s L S uma ferida no momento da entrevista, o predomínio de lesões únicas, também é encontrado em outras pesquisas sobre a temática12. Com relação à dor, 20 (68,97%) pacientes relataram sentir dor na ferida, sendo que 08 destes relatam dor intensa, tendo o escore médio de dor de 7,55 (DP±2,70) e mediana de 8,00. Dos indivíduos que relataram presença de dor, 08 referiram não apresentar melhora da dor em nenhum período do dia. A dor vivenciada por estes usuários afeta tanto a mobilidade, para execução das atividades diárias da vida, quanto a capacidade para o trabalho, o que pode justificar os altos índices de inativos, seja por afastamentos das atividades laborais ou aposentadorias. Estudos demonstram que a dor causada pela UV interfere significativamente na vida diária desses pacientes independente do sexo ou cultura e está relacionada a distúrbios do sono, humor, isolamento social, diminuição das atividades da vida diária, além da perda de mobilidade18. É preciso que os profissionais de saúde não subestimem a dor do paciente, a dor vivenciada por estes indivíduos precisa ser avaliada, sendo que esta avaliação deve ser realizada durante todo um período com intervalos regulares18. Quanto ao tamanho da lesão, houve predomínio de 18 (62,07%) pacientes que apresentaram área menor ou igual que 50 cm2, com mínimo de 1 cm2, máximo de 936 cm2, tendo como a área em média de 125,07 cm2 (DP±207,00), e mediana de 33 cm2. Não há na literatura consenso sobre o que seria uma úlcera de pequeno porte, médio ou grande porte. Todavia, alguns estudos21 consideram uma lesão grande com área igual ou maior que 90cm2, considerando a área média das lesões apresentadas pelos indivíduos neste estudo, pode-se assinalar que a maioria dos pacientes apresentava uma lesão de grande porte. A extensão da área das lesões causa preocupação, pois feridas com áreas grandes necessitam de mais tempo para cicatrizarem, mesmo com o tratamento adequado20,22. Com relação ao tempo de duração da lesão, 19 (65,52%) pacientes apresentavam úlceras com mais de cinco anos, mínimo de 03 meses e máximo de 66 anos, com média de 16,32 anos (DP±16,34) e mediana de 10 anos. O tempo prolongado da lesão demonstrado neste estudo, também foi evidenciado em outros estudos11,19, vale ressaltar que o tratamento inadequado da UV também contribui para a não cicatrização da ferida. Outro fato importante, é que pacientes com UV de longa duração apresentam tendência para o isolamento social, seja devido ao sofrimento ou a perda laboral, refletindo negativamente em sua qualidade de vida. Acrescenta-se que o tempo de tratamento e de duração da lesão é tido como sinônimo de estresse, atrelado às experiências negativas causam interferências na vida cotidiana dos pacientes23. Sabe-se que quanto maior o tempo da progressão, menor será a qualidade de vida dos sujeitos. Pacientes com um tempo de progressão da lesão de 12 meses apresentaram uma qualidade de vida menor do que aqueles com tempo de progressão de menos de 03 REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 meses23. Devido à cronicidade das lesões, a presença de usuários com UV nos corredores e salas de curativos é uma constante nos serviços de saúde. Pode-se dizer que são anos e anos de trocas quotidianas de curativos, no entanto, sem resolutividade e com repercussão negativa na qualidade de vida dos pacientes11. No quesito dor, a idade e o número presente de lesões mostraram afetar a intensidade da dor. Tal achado é um dado importante, pois os profissionais que realizam a assistência direta a estas pessoas, nem sempre avaliam tal experiência durante os procedimentos, visto que grande parte dos estudos apontam a presença da população idosa acometida pelas úlceras venosas e o fato de apresentarem a idade avançada pode influenciar na cicatrização e favorecer o surgimento de novas lesões. Nem sempre o foco dos estudos está na caracterização da intensidade da dor e a relação com algumas variáveis sociodemográficas e clínicas, dificultando a comparação entre os achados de diferentes estudos. A presente pesquisa encontrou a correlação entre o tempo das feridas e a presença de dor, em que 68.97% dos pacientes entrevistados relataram dor, destes 40,00% referiram apresentar dor intensa e 30,00% dor forte e prevalência de úlceras com mais de 05 anos de duração (65,52%). Tal achado não foi identificado em outros estudos. A idade parece influenciar sobre a área da lesão, alguns estudos mostram que a cicatrização pode diminuir com o avanço da idade24-25, a influência que a idade traz sobre a cicatrização ainda não é bem compreendida, visto que estudos apontam uma má condição de cura em seres humanos25. CONCLUSÃO A presente pesquisa mostrou que a área da lesão e a percepção da dor são influenciadas pela idade, e a dor pode variar de acordo com o tempo e número de lesões. A qualidade de vida não foi afetada de forma significativa pela presença das lesões. Este estudo mostra a necessidade de maiores investigações acerca da variação de pessoas com úlceras venosas, implicando o planejamento da assistência prestada e a compreensão por parte dos profissionais sobre a percepção dos pacientes sobre a sua qualidade de vida. Os resultados indicam que a úlcera venosa é doença crônica da população idosa. O profissional de enfermagem tem um importante papel na assistência prestada a esta clientela, tendo total autonomia na prescrição de cuidados a estes pacientes, impactando de forma positiva na qualidade de vida dos usuários e nos custos com o tratamento, evitando ônus desnecessários aos cofres públicos. REFERÊNCIAS 1. E vangelista DG, Magalhães ERM, Moretão DIC, Stival MM, Lima LR. Impacto das feridas crônicas na qualidade de vida de Q u a l i d a d eAdR e T v i Id G a O c o mOú R l c eI rG a Iv N e nA o sLa usuários da estratégia de saúde da família. R Enferm Cent O Min [Internet]. 2012 [acesso em 23 de abr 2016];2(2):254-63. Disponível em: http://www.seer.ufsj.edu.br/index.php/recom/ article/view/15/308 2. S ilva MH, Jesus MCP, Merighi MAB, Oliveira DM, Biscotto, Silva GPS. O cotidiano do homem que convive com a úlcera venosa crônica: estudo fenomenológico. Rev Gaúcha Enferm [Internet]. 2013 [acesso em 23 de abr 2016];34(3):95-101. 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Método: Pesquisa do tipo descritiva, exploratória, com abordagem qualitativa, a ser desenvolvida em uma Estratégia de Saúde da Família (ESF) do litoral norte do Rio Grande do Sul, os sujeitos serão mulheres de 35 a 64 anos, que já tenham realizado o exame preventivo do câncer de colo uterino, serão 15 mulheres com idade entre 35 e 64 anos que tenham realizado o exame preventivo anteriormente e que se disponham a participar voluntariamente da entrevista. Os dados serão coletados através de entrevista semiestruturada. Resultados Esperados: Espera-se que ao identificar as principais crenças relacionadas ao exame preventivo do câncer de colo do útero, com desenvolvimento de ações de enfermagem que diminuam os sentimentos negativos relacionados a este exame. Palavras-chave: Saúde da Mulher, Neoplasia de Colo de Útero; Enfermagem. ABSTRACT Objective: To know the beliefs and myths regarding preventive examinations for cervical cancer of women attending a unit of primary care. Method: Research descriptive, exploratory and qualitative approach to be developed in a Family Health Strategy (ESF) of the northern coast of Rio Grande do Sul, the subjects will be women 35-64 years old who have already done preventive examinations for cervical cancer and are will be 15 women aged 35 to 64 who have completed the screening test before and who are willing to participate voluntarily in the interview. Data will be collected through semi-structured interview. Expected results: Expected to to identify the main beliefs related to preventive examinations for cervical cancer, with development of nursing actions to reduce the negative feelings related to this exam. Keywords: Women’s Health, Neoplasia Colo Uterus; Nursing. NOTA 1 Enfermeira, Graduada pela Universidade do Estado de Santa Catarina, Mestra em Enfermagem pela UNISINOS, professora da graduação em enfermagem da Faculdade Cenecista de Osório. Porto Alegre/RS, [email protected]. 2 Enfermeira da Secretaria Municipal de Saúde de Ośorio. Mestre em enfermagem pela Universidade Federal de Santa Maria/UFSM. Osório/RS, [email protected] 3 Graduanda em enfermagem pela Faculdade Cencesista de Osório/RS,São Antonio da Patrulha/RS [email protected]. 4 Graduanda em enfermagem pela Faculdade Cencesista de Osório/RS, Tramandaí/RS [email protected]. 5 Graduando em enfermagem pela Faculdade Cencesista de Osório/RS, Osório/RS, [email protected]. Projeto de pesquisa desenvolvido com fomento da Faculdade Cenecista de Osório- FACOS, não havendo conflitos de interesse que impeça esta publicação. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 17 18 Biffi D, Stumm K, Reis D, Daudt L, Carpes F INTRODUÇÃO O câncer e colo do útero têm sido nos últimos anos uma doença em ascensão no que diz respeito aos índices de doenças que acometem a saúde da mulher brasileira. O câncer de colo uterino é o segundo no ranking de mortalidade no país, perdendo apenas para o câncer de mama. No ano de 2010 foram 65.434 mil óbitos em virtude do câncer de colo uterino no Brasil, com destaque para maior mortalidade entre as faixas etárias em 40 e 60 anos. Em todo mundo, aproximadamente, 500 mil casos novos de câncer de colo uterino são diagnosticados por ano, sendo apontado como o segundo tipo de câncer mais comum entre as mulheres e responsável pelo óbito de, aproximadamente, 230 mil mulheres por ano1. No estado do Rio Grande do Sul, a estimativa de novos casos de câncer de colo do útero no ano de 2014 foi de 15.990, sendo 5,7% de casos novos no Brasil2. O exame preventivo do câncer de colo do útero é realizado pelo profissional médico ou enfermeiro, e tem como objetivo coletar células ectocervicais e endocervicais do colo uterino para análise citopatológica que permite visualizar células cancerígenas em estágio inicial3. Ainda, estima-se que 95% dos casos de câncer do colo uterino é causado pelo HPV (Papiloma Vírus Humano), uma doença sexualmente transmissível, sendo prevenível com o uso de preservativo4. Assim, tem-se como questão norteadora deste estudo: Quais as crenças e mitos em relação ao exame preventivo do câncer de colo uterino de mulheres atendidas numa unidade de atenção básica do litoral norte do Rio Grande do Sul? OBJETIVOS Este estudo possui como objetivo geral conhecer as crenças e mitos em relação ao exame preventivo do câncer de colo uterino de mulheres atendidas em uma unidade de atenção básica do litoral norte do Rio Grande do Sul. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa descritiva, exploratória, com abordagem qualitativa, que terá como cenário de estudo uma Estratégia de Saúde da Família (ESF) do litoral norte do Rio Grande do Sul. A opção pelo método qualitativo, além de permitir investigar processos sociais ainda pouco conhecidos referentes a grupos particulares, propicia a construção de novas abordagens, revisão e criação de novos conceitos e categorias durante a investigação5. Os sujeitos da pesquisa serão 15 mulheres de 25 a 64 anos atendidas na Estratégia da Saúde da Família Albatroz, que já tenham realizado o exame preventivo do câncer de colo uterino pelo menos uma vez na vida. A faixa etária justifica-se pelo público alvo pactuado pelo Ministério da Saúde para a realização deste exame, considerando que esta é a faixa etária com maior índice de câncer de colo uterino4. Pensa-se que o número de 15 sujeitos se justifica REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 pela metodologia deste estudo, no qual será observado o momento em que os dados apresentarem saturação6. O cenário da pesquisa será a Estratégia da Saúde da Família (ESF) Albatroz, localizada no bairro Albatroz, no município de Osório, RS. Os critérios de inclusão serão 15 mulheres com idade entre 25 e 64 anos que tenham realizado o exame preventivo anteriormente, em qualquer época, e que se disponham a participar voluntariamente da coleta de dados e não se encaixarem nos critérios de inclusão como: idade, que tiverem passado por histerctomia e não aceitarem assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Como instrumento de coleta de dados será utilizado à entrevista semiestruturada, composta por perguntas abertas que permitem ao entrevistado discorrer sobre o tema sem respostas prefixadas pelo entrevistador. A análise dos dados se dará através da utilização de analises temática5. Serão observadas as normas da Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde que regem pesquisas envolvendo seres humanos, assegurando condução ética durante a pesquisa. O presente projeto será implementado sob aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da FACOS, CAAE:50336015.2.0000.5591. RESULTADOS ESPERADOS Acredita-se que o exame preventivo do câncer de colo uterino provoca o enfrentamento de diversos sentimentos ligados as crenças e valores culturais que permeiam o mundo feminino. Entende-se que muitos desses sentimentos possuem raízes negativas devido ao valor cultural destinado a sexualidade e o corpo feminino, impossibilitando que a mulher possa cuidar melhor de si e de seu corpo com autonomia e desinibição, livre de pudor, visto que a vergonha é o fator que mais leva a não realização do exame. Ainda, espera-se que ao identificar as principais crenças relacionadas ao exame preventivo do câncer de colo do útero, possamos criar estratégias que possibilitem melhor atenção a este público-alvo, com desenvolvimento de ações de enfermagem que diminuam os sentimentos negativos relacionados a este exame, proporcionando diminuição dos índices de câncer de colo uterino, bem como melhor qualidade de assistência de enfermagem à saúde da mulher. REFERÊNCIAS 1. INCA. 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REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 19 A RT I G O O R I G I N A L 20 Percepção de acadêmicos de enfermagem acerca do papel do enfermeiro no cuidado pré-natal Perception of academic nursing nurses about the paper in prenatal care Fabiano Carpes1 • Débora Biffi2 • Karine Eliel Stumm3 RESUMO O pré-natal é um atendimento de extrema importância para as gestantes, pois é por meio dele que é possível identificar alterações durante a gestação e assim tratá- las a tempo, evitando problemas para a saúde da mãe e do bebê. Objetivo: Conhecer o entendimento do acadêmico de enfermagem sobre a importância do cuidado pré-natal. Método: Pesquisa qualitativa descritiva, a ser realizada na Faculdade Cenecista de Osório/RS, os sujeitos serão 20 acadêmicos do curso de enfermagem, o instrumento de pesquisa será uma entrevista semi- estruturada a qual deverá passar por uma análise temática. Resultados esperados: Espera-se identificar as principais fragilidades dos acadêmicos referente à assistência de enfermagem ao pré- natal. Palavras-chave: Saúde da Mulher; Enfermagem; Pré-Natal. ABSTRACT Prenatal care is very important for pregnant women because it is through it is possible to identify changes during pregnancy and so treated them in time, thus avoiding problems for the health of mother and baby. Objective: To know the understanding of Nursing students about the importance of prenatal care. Method: Descriptive qualitative research, to be held in the Faculty of Cenecista Osório/RS, the subjects are 20 students from the nursing program , the research instrument will be a semi- structured interview which must undergo a thematic analysis. Expected results: Expected to identify the main weaknesses of academics related to nursing care for prenatal. Keywords: Women’s Health; Nursing; Pre-Natal. NOTA 1 Graduando em enfermagem pela Faculdade Cencesista de Osório/RS, Osório/RS, [email protected] Enfermeira, Graduada pela Universidade do Estado de Santa Catarina, Mestra em Enfermagem pela UNISINOS, professora da graduação em enfermagem da Faculdade Cenecista de Osório. Porto Alegre/RS, [email protected]. 2 3 Enfermeira da Secretaria Municipal de Saúde de Ośorio. Mestre em enfermagem pela Universidade Federal de Santa Maria/UFSM. Osório/RS, [email protected]. Projeto de pesquisa desenvolvido com fomento da Faculdade Cenecista de Osório- FACOS, não havendo conflitos de interesse que impeça esta publicação. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 O e n f e rA m eRi rTo InGo O cuiO d aR d oI pGr éI -N n aAt aLl INTRODUÇÃO A Atenção pré-natal consiste no tratamento de problemas e na prevenção deles, durante o período da gestação, garantindo à gestante e a sua família um ambiente de atendimento sadio e de dialogo1. O prénatal é de extrema importância para as gestantes, pois é através dele que alterações são detectadas e tratadas a tempo, evitando-se, assim, problemas para a saúde da mãe e do bebê2. A consulta de Enfermagem é uma atividade independente, realizada privativamente pelo enfermeiro e tem como objetivo proporcionar condições para a promoção da saúde da gestante. O principal papel do enfermeiro nessas atividades é: orientar as mulheres e suas famílias sobre a importância do pré natal da amamentação e da alimentação; desenvolver atividades educativas, em grupos e individuais afim de unir o grupo de gestantes e trazê-las para perto do enfermeiro, bem como a família e a comunidade; identificar as gestantes com algum sinal de alerta como identificadas de alto risco e encaminhálas para consultas médicas o mais rápido possível; realizar consultas de pré-natal, solicitar exames conforme protocolo local de pré natal; realizar exames físicos como testes das mamas e coleta de citopatológico do colo do útero; e fazer com que a gestante crie um vínculo de confiança, para que o processo da assistência se dê numa transparência. O enfermeiro durante o pré-natal busca ajudar para a promoção da saúde do binômio mãe e bebê por meio de informações recebidas pela gestante, familiares e nos exames físicos e laboratoriais. O profissional enfermeiro pode acompanhar inteiramente o pré-natal de baixo risco na rede de saúde, de acordo com o Ministério de Saúde e conforme garantido pela Lei do exercício profissional de Enfermagem3. O profissional da área da saúde qualificado é aquele que foi capacitado, educado com proficiência nas habilidades necessárias para o cuidado e acompanhamento de nascimentos e períodos pré-natais e possui uma visão reflexiva sobre o assunto4. O enfermeiro tem embasamento teórico - prático para prestar o acompanhamento e o cuidado da gestante e do bebê. Desta forma, temos como questão norteadora: Qual a importância e função do enfermeiro no cuidado prénatal na percepção dos acadêmicos de enfermagem da Faculdade Cenecista de Osório - Facos? Os sujeitos da pesquisa serão acadêmicos de enfermagem da graduação da Faculdade Cenecista de Osório – FACOS no município de Osório/RS. Pensa-se que o número de 15 a 20 sujeitos se justifica pela metodologia deste estudo, e será observado o momento em que os dados apresentarem saturação. Os critérios de inclusão serão: acadêmicos, maiores de 18 anos, devidamente matriculados na instituição de ensino e que se disponham a participar voluntariamente da coleta de dados e que já tenham cursado as cadeiras de Saúde da Mulher I e Saúde da Mulher II ou em curso Saúde da Mulher II. Como instrumento de coleta de dados será utilizado a entrevista semiestruturada, composta por perguntas abertas que permitem ao entrevistado discorrer sobre o tema sem respostas prefixadas pelo entrevistador5. Os dados serão analisados conforme prevê para análise temática. Será realizada, inicialmente, uma leitura exaustiva dos dados e a categorização dos resultados. Os resultados serão, então, analisados e discutidos comparativa e continuamente com a literatura permitindo a compreensão de seus significados. Aprovada pelo CEP da já citada instituição com CAAE de número: 4395315.8.0000.5591. RESULTADOS ESPERADOS Acredita-se que o entendimento do acadêmico de enfermagem sobre os procedimentos e atuação do enfermeiro no pré-natal provoca um melhor acolhimento e tratamento da gestante, visualizando uma humanização no tratamento da mãe e o bebê, com isso os sentimentos de felicidade e confiança trazem uma maior aproximação não somente da gestante, mas também da família, que se faz presente. Entende-se que muitos desses conhecimentos devem ser permutados dentro da formação acadêmica. Ainda, espera-se que ao identificar as principais problemas relacionados à falta de conhecimento sobre o pré-natal, as ações dos enfermeiros se tornem mais efetivas e com um olhar mais reflexivo para a puerpéria e a assistência do pré-natal para que possa ser criado um trabalho que possibilite melhor atenção a este público-alvo. REFERÊNCIAS OBJETIVO Compreender a percepção dos acadêmicos enfermagem acerca do cuidado pré-natal. do Rio Grande do Sul. A pesquisa foi desenvolvida nos moldes da Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde e Ministério da Saúde que fala sobre pesquisa com seres humanos. de METODOLOGIA Optou-se, tendo em vista o objetivo desta pesquisa, o método de trabalho descritivo com abordagem qualitativa. O local escolhido foi a Faculdade Cenecista de Osório – FACOS, localizada no município de Osório, região litorânea 1. M inistério da Saúde. Brasil. Política Nacional de Atenção Básica 4.ª edição Série E. Legislação de Saúde Série Pactos pela Saúde 2006, v. 4. Brasília: (BF): 2007. 2. H oeper D, Lonzetti J.O, Schmidt S.N, Torres M.Q.D, Secretaria Municipal de Saúde. Diretrizes de Assistência ao Pré Natal de Baixo Risco. Porto Alegre: RS. 2012. 3. W orld Health Organization (WHO). Making pregnancy safer: the critical role of the skilled attendant a joint statement by WHO. ICM and FIGO. 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A QV foi avaliada pela escala Burn Specific Health Scale-Revised (PSHS-R). Sua distribuição entre os domínios foi feita através do teste de Kruskal-Wallis e Mann-Whitney, com significância de 5%. A QV dos pacientes analisados estava prejudicada, em mais da metade. O domínio que apresentou pior resultado foi a “sensibilidade da pele” seguida do “trabalho”. A QV desses pacientes é afetada pelas mudanças relacionadas ao tratamento e a reabilitação, tornando necessário a atuação de uma equipe multidisciplinar. Palavras-chave: Qualidade de vida; Queimaduras; Sequelas. ABSTRACT To analyze the quality of life (QOL) of pactients who developed sequelae and burns. Cross-sectional and quantitative study conducted in August and September 2014, with 43 patients. QOL was evaluated by the scale Burn Specitic Health Scale Revised (PSHS-R). Their distribution between the domains was performed using the Kruskal-Wallis and Mann-Whitney test, 5% significance. The QOL of the patients studied was impaired in more than half. The domain that presented the worst result was a “sensitive skin” followed by “word”. Patients QOL is affected by changes related to treatment and rehabilitation, making necessary the work of a multidisciplinary team. Keywords: Quality of life; Burns; Sequelae. NOTA 1 Enfermeira. Especialista em Emergência Geral em caráter de residência no Hospital da Restauração, Recife-PE. Especialista em Saúde Pública pela Universidade de Pernambuco. Enfermeira assistencial do Hospital Universitário Profº Alberto Antunes, Maceió-AL. [email protected] 2 Doutoranda em Cirurgia pela Universidade de Federal de Pernambuco. Enfermeira assistencial da Secretaria de Saúde de Pernambuco- Hospital da Restauração.emanuela. [email protected] 3 Enfermeira. Universidade Federal de Campina Grande. Residente em Terapia Intensiva no Hospital da Restauração. [email protected] Enfermeira. Mestranda em Enfermagem pela Universidade Federal de Alagoas. Especialista em Cuidados Paliativos e Oncologia. Enfermeira assistencial do Hospital Universitário Profº Alberto Antunes, Maceió[email protected] 4 5 Enfermeira. Especialista em Saúde Pública e Gestão em Saúde. Atua no Hospital Universitário Profº Alberto Antunes, Maceió[email protected] *Artigo extraído do Trabalho de Conclusão da Residência, intitulado: Qualidade de vida em pacientes com sequelas de queimaduras. Universidade de Pernambuco UPE, 2014. Autor Correspondente: Jussara Alves de Lucena. Universidade de Pernambuco. Endereço: Rua Pe Manoel da Nóbrega, 195, Bairro São Francisco. Caruaru-PE. E-mail: [email protected] REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 23 24 Alves JL, Perreira EBF, Souza PTL, Costa BGS, Paes CVF INTRODUÇÃO Queimaduras são injurias teciduais provocadas por diferentes agentes podendo resultar em lesões superficiais ou profundas; e a gravidade depende de fatores como extensão, profundidade e localização das lesões1. Estima-se que ocorrem 40.000 internações e 4.300 óbitos por ano decorrentes de queimaduras nos Estados Unidos2. A Sociedade Brasileira de Queimaduras3 lista como os principais agentes causadores de queimaduras, os líquidos superaquecidos, combustível, chama direta, eletricidade, agentes químicos, fogos de artifício, entre outros. Esses agentes podem atuar nos tecidos de revestimento do corpo causando destruição parcial ou total da pele e seus anexos. No Brasil, as queimaduras têm alta relevância na morbidade da população, um estudo mostrou que em apenas um ano ocorreram cerca de 80.607 internações por lesões decorrentes de queimaduras no sistema público de saúde, o que representou, aproximadamente, 9% do total de atendimentos por causas externas. Esse agravo ainda permanece negligenciado, principalmente, em países de média e baixa renda4. As queimaduras podem ser acuradas pela gravidade e prognóstico das lesões, sendo definidas pela avaliação do agente causal, profundidade, extensão da superfície corporal queimada (SCQ) e localização. É por intermédio desses fatores que se define a necessidade de internação hospitalar e se determina se as sequelas são transitórias ou permanentes5. Define-se sequela de queimadura como qualquer alteração da pessoa vítima desta a nível estético, funcional e psicológico, como exemplo, o absenteísmo na escola e dificuldades de relacionamento social e no trabalho, em alguns casos, esta forma de trauma pode resultar em drásticas desfigurações físicas e estéticas6. O processo de cicatrização das queimaduras varia, podendo durar meses ou anos, dependendo da profundidade e dos demais fatores relacionados, predispondo a formação de cicatrizes hipertróficas e contraturas. Por isso, exigem um tratamento global de reabilitação, esse processo visa minimizar sequelas como cicatrizes, contraturas e outros que possam limitar a função física7. As limitações após o trauma resultam em prejuízo à QV dos pacientes, isso decorrente das desvantagens em suas atividades diárias, interrupção do trabalho, tempo gasto com o tratamento, aspectos psicossociais, além da aceitação e adaptação à nova realidade8. A QV é a maneira como o indivíduo consegue lidar com suas necessidades pessoais, e depende de vários fatores que devem estar em equilíbrio, são eles: classe social, infraestrutura de moradia, conforto e estado de saúde9. Evidencia-se que no Brasil as queimaduras representam um significativo agravo à saúde pública, principalmente as lesões que resultaram em sequelas, pois afetam não só o setor saúde, mas também a qualidade de vida da pessoa REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 acometida, e apesar dos avanços científico-tecnológicos, a eficácia dos tratamentos continua insatisfatória, mostrando que mais pesquisas são necessárias para minimizar as sequelas8. Assim, objetivou-se analisar a qualidade de vida dos pacientes adultos que sofreram queimaduras e desenvolveram sequelas, através da escala Burn Specific Health Scale-Revised (versão brasileira), em um hospital de referência em emergência no Nordeste brasileiro. Devido à ausência de estudos mais recentes acerca da QV de pacientes com sequelas de queimaduras, é importante compreender o impacto que elas representam no estado de saúde desses indivíduos. MÉTODO Trata-se de estudo descritivo transversal, com abordagem quantitativa. A amostra do estudo foi composta por 43 indivíduos que estavam em tratamento no ambulatório de fisioterapia para queimados em um Hospital de Emergência referência para o Norte/Nordeste, no período de agosto e setembro de 2014. Realizou-se a pesquisa com todos os pacientes que corresponderam aos critérios pré-estabelecidos, definidos por: ambos os sexos; maiores de 18 anos; que apresentavam sequela decorrente de queimadura de 2º e 3º graus; que aceitaram participar da pesquisa mediante assinatura do TCLE. Foram excluídos da pesquisa 05 pacientes com distúrbio psiquiátrico diagnosticado previamente. Para coleta dos dados foi aplicada a escala Burn Specific Health Scale-Revised (PSHS-R): versão brasileira, validado por Ferreira (2006)7, que consiste em 31 itens, divididos em 6 domínios: (1) Afeto e Imagem corporal (oito itens); (2) Sensibilidade da pele (cinco itens); (3) Habilidades para funções simples (quatro itens); (4) Tratamento (cinco itens); (5) Trabalho (quatro itens) e (6) Relações interpessoais (cinco itens). Para cálculo dos escores, deve-se somar, individualmente, os itens de cada domínio e dividir este total pelo número de itens do respectivo domínio. Altos valores indicam piores estados de saúde. Para mensuração das variáveis sociodemográficas e clínicas foi aplicado um questionário construído segundo o estudo de Ferreira7. Para análise dos dados foi construído um banco na planilha eletrônica Microsoft Excel, a qual foi exportada para o software SPSS, versão 18, onde foi realizada a análise estatística. Para avaliar o perfil pessoal dos pacientes foram calculadas as frequências percentuais e construídas as respectivas distribuições de frequência. Na avaliação da qualidade vida foi aplicado o questionário PSHS-R e construídos os escores para os domínios avaliados a partir das somas dos itens de cada domínio. A análise dos itens e dos domínios foi feita através das estatísticas: intervalo de variação, mediana, média e desvio padrão. Foram calculados os intervalos com 95% de confiança para as médias estimadas. A distribuição da QV entre os domínios avaliados foi feita através do teste de Kruskal- Q u a l i d aA d eRdTe IvG i dO a eO m R q uIeG i mIaN d uAr aLs Wallis. Quando verificada diferença significativa, aplicou-se a comparação da qualidade entre os domínios, dois a dois, através do teste de Mann-Whitney. Todas as conclusões foram tiradas considerando um nível de significância de 5%. Por se tratar de uma pesquisa realizada com seres humanos, foram respeitados os princípios éticos, estabelecidos pela resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) que regulamenta normas para as pesquisas com seres humanos e segue os princípios básicos da bioética. A anuência da pesquisa foi dispensada pelo gestor da Instituição e, em seguida, o projeto submetido à Plataforma Brasil e enviado ao Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital da Restauração, sendo aprovado pelo parecer CAAE 32874514.3.0000.5198. RESULTADOS A amostra é caracterizada em sua maioria por mulheres (65%), as idades variaram entre 22 e 83 anos com média de 44 anos. No que se refere ao estado civil, casados e solteiros obtiveram o mesmo percentual (44%). Sobre a escolaridade, a maioria tinha 2º grau incompleto (23%), seguido por 1º grau incompleto. Referente aos dados clínicos, Tabela 1, a maioria dos pacientes apresentavam entre 1-10% da SCQ predominantemente de 3º grau. O principal motivo da queimadura foi acidental e verificamos alguns casos de tentativa de autoextermínio e tentativa de homicídio. Quanto ao tempo de queimadura, pouco mais da metade dos pacientes fazia tratamento a menos de um ano. A maioria dos queimados necessitaram de internamento por mais de um mês no hospital, mas pode-se chamar atenção ainda ao quantitativo de pacientes que ficaram internados de 2-4 meses. O principal agente etiológico foi o álcool seguido de escaldadura e choques elétricos. Em relação às sequelas, verificamos que a grande maioria das queimaduras geraram ambas sequelas (funcionais e estéticas). Além disso, 67% dos casos houve necessidade de fazer cirurgia para enxertia. A áreas corporais mais acometidas foram os membros superiores seguidos por tronco anterior e abdome. Na Tabela 2, observa-se a análise do escore de QV segundo os itens e os domínios avaliados. Através dela verifica-se que o domínio no qual os pacientes apresentam melhor qualidade de vida é o de Funções simples, seguido de Relações interpessoais. Ainda, observa-se que o domínio em que os pacientes apresentam pior qualidade de vida é o de Sensibilidade da pele seguido do Trabalho. Tabela 1. Distribuição de frequências segundo superfície corporal queimada, profundidade, motivo da queimadura, tempo da queimadura, tempo de internamento, necessidade de enxerto, agente etiológico, sequelas e áreas mais acometidas. Recife, 2014. Variáveis Superfície corporal queimada 1% -10% 11% - 20% 21% - 30% Profundidade 2º grau profundo 3º grau 2º e 3º graus Motivo da queimadura Acidental Tentativa de suicídio Tentativa de homicídio Tempo da queimadura (anos) < 1 ano > 1 ano > 2 anos Tempo de internamento (meses) < 1 mês > 1 mês > 2 meses > 3 meses > 4 meses Não foram internados Necessidade de enxerto Sim Não N° % 25 13 5 58,1 30,2 11,6 12 25 6 27,9 58,1 14,0 35 5 3 81,4 11,6 7,0 22 11 10 51,2 25,6 23,3 12 19 5 2 2 3 27,9 44,2 11,6 4,7 4,7 7,0 29 14 67,4 32,6 Variáveis Agente etiológico Álcool Escaldadura Eletricidade Chamas Explosão de gás Superfície quente Outros* Sequelas Funcionais Estéticas Ambas Áreas mais acometidas Face Pescoço Tronco anterior Tronco posterior Braço (s) Axila Mão Abdome Nádega Coxa Perna Pé Nº % 12 10 7 4 2 4 4 27,9 23,3 16,3 9,3 4,7 9,3 9,3 2 6 35 4,7 14,0 81,4 9 7 19 4 29 5 11 13 1 2 9 3 20,9 16,3 44,2 9,3 67,4 11,6 25,6 30,2 2,3 4,7 20,9 7,0 Fonte: Própria pesquisa. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 25 26 Alves JL, Perreira EBF, Souza PTL, Costa BGS, Paes CVF Ao aplicar o teste de comparação da distribuição da QV entre os domínios avaliados, o resultado apresentou-se significativo (p < 0,001). Na análise entre os domínios (dois a dois) observou-se que o Afeto/Imagem corporal e Tratamento são estatisticamente iguais. Além disso, dos domínios Função simples e Relações interpessoais também apresentouse idêntica. Entretanto, a Sensibilidade da pele e o Trabalho não foram estatisticamente iguais a nenhum dos outros domínios avaliados, sendo os domínios que mais afetaram negativamente a qualidade de vida dos pacientes. No geral, a média do escore de QV dos pacientes avaliados foi igual a 2,9, o que correspondeu a 58% do escore PSHS-R. Concluímos que os pacientes do estudo têm deficiência em mais da metade da sua QV com a presença das sequelas das queimaduras. O domínio de afeto e imagem corporal é representado por expressões como “Eu sinto que minha queimadura incomoda outras pessoas”, “Às vezes, eu penso que tenho um problema emocional”, “Eu fico chateado com o sentimento de solidão”, “A aparência das minhas cicatrizes me incomoda”, entre outros. Nesse domínio o predomínio de resposta ficou nos dois extremos, no item “não me descreve” que refletiu entre 23-56% e no item “descreveme muito bem” com frequências entre 21-42%. Tabela 2. Análise descritiva dos escores da qualidade de vida dos pacientes avaliados por item e domínio. Recife, 2014. BSHS-R Total dos 31 itens Média dos 31 itens Afeto e imagem corporal 7 8 10 12 17 19 26 27 Sensibilidade da pele 6 16 18 25 29 Funções simples 1 2 4 5 Trabalho 3 9 13 15 Tratamento 11 20 21 23 31 Relações interpessoais 14 22 23 28 30 Fonte: Própria pesquisa. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 Intervalo obtido Mediana Média 47 – 145 1,5 – 4,7 1–5 1–5 1–5 1–5 1–5 1–5 1–5 1–5 1–5 1–5 1–5 1–5 1–5 1–5 1–5 1–4 1–5 1–5 1–5 1–5 1–5 1–5 1–5 1–5 1–5 1–5 1–5 1–5 1–5 1–5 1–5 1–5 1–5 1–5 1–5 1–5 1–5 83,0 2,7 2,9 4,0 3,0 1,0 4,0 4,0 1,0 2,0 2,0 4,8 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 1,8 2,0 1,0 1,0 1,0 3,8 5,0 4,0 4,0 4,0 2,4 2,0 2,0 1,0 3,0 3,0 1,6 1,0 1,0 3,0 1,0 1,0 88,6 2,9 2,8¹ 3,2 3,1 2,4 3,4 3,3 2,4 2,5 2,5 4,2 4,4 4,4 4,2 4,2 3,9 1,8² 2,3 1,7 1,6 1,8 3,7 4,1 3,6 3,6 3,4 2,6¹ 2,5 2,6 2,1 2,8 3,0 2,1² 2,0 2,1 2,8 2,1 1,7 Desvio padrão 27,0 0,9 1,3 1,7 1,6 1,7 1,7 1,8 1,8 1,7 1,7 1,1 1,1 1,2 1,3 1,4 1,6 0,8 1,3 1,2 1,1 1,1 1,2 1,2 1,4 1,5 1,4 1,2 1,5 1,7 1,6 1,6 1,7 1,3 1,7 1,7 1,6 1,7 1,4 IC (95%) 80,3 – 96,9 2,6 – 3,1 2,4 – 3,2 2,6 – 3,7 2,6 – 3,6 1,9 – 2,9 2,8 – 3,9 2,8 – 3,9 1,8 – 2,9 2,0 – 3,0 2,0 – 3,0 3,9 – 4,6 4,1 – 4,7 4,0 – 4,8 3,8 – 4,6 3,8 – 4,6 3,4 – 4,4 1,6 – 2,1 1,9 – 2,7 1,3 – 2,1 1,3 – 1,9 1,4 – 2,1 3,3 – 4,1 3,7 – 4,5 3,2 – 4,1 3,2 – 4,1 2,9 – 3,8 2,2 – 2,9 2,0 – 2,9 2,1 – 3,2 1,7 – 2,6 2,3 – 3,3 2,4 – 3,5 1,7 – 2,5 1,5 – 2,5 1,6 – 2,6 2,3 – 3,3 1,6 – 2,6 1,2 – 2,1 Q u a l i d aA d eRdTe IvG i dO a eO m R q uIeG i mIaN d uAr aLs No que tange à sensibilidade da pele, os itens são os seguintes: “Minha pele está mais sensível agora do que antes”, “Ficar no sol me incomoda”, “Eu não posso sair para fazer atividades quando está calor”, “O calor me incomoda”, “Fico incomodado por não poder ficar exposto ao sol”. Referente a esse domínio as respostas encontram-se predominantes no item “Descreve-me muito bem” com respostas entre 60-74% (Tabela 3). Sobre o domínio habilidades para funções simples os questionamentos são descritos como: “Amarrar sapatos, fazer laços, etc”, “Sentar-se e levantar-se de cadeiras”, “Tomar banho sem ajuda”, “Vestir-se sem ajuda”. Referente aos itens citados, a maior frequência foi o “Nenhuma dificuldade” (Tabela 4). Tabela 3. Distribuição das frequências de respostas aos itens do domínio afeto/ imagem corporal e sensibilidade da pele da BSHS-R para amostra estudada (n=43). Recife, 2014. Itens Descreve-me um Descreve-me mais Não me Descreve Descreve-me bem (Afeto e Imagem corporal) pouco ou menos 7. Eu sinto que minha queimadura 13 (30,2%) 5 (11,6%) 3 (7%) 4 (9,3%) incomoda outras pessoas 8. Às vezes, eu penso que tenho um problema emocional (tristeza, 10 (23,3%) 5 (11,6%) 8 (18,6%) 5 (11,6%) depressão, etc) 10. Eu fico chateado com o 22 (51,2%) 4 (9,3%) 4 (9,3%) 4 (9,3%) sentimento de solidão 12. Às vezes, eu gostaria de esquecer que minha aparência 12 (27,9%) 1 (2,3%) 5 (11,6%) 6 (14%) mudou 17. A aparência das minhas 14 (32,6%) 3 (7%) 2 (4,7%) 3 (7%) cicatrizes me incomoda 19. Minha aparência me incomoda 24 (55,8%) 3 (7%) 4 (9,3%) 0,0 muito 26. Eu me sinto triste e deprimido 21 (48,8%) 4 (9,3%) 5 (11,6%) 4 (9,3%) com frequência 27. Eu me sinto preso, sem saída 20 (46,5%) 4 (9,3%) 6 (14%) 4 (9,3%) Descreve-me muito bem 18 (41,9%) 15 (43,9%) 9 (20,9%) 19 (44,2%) 21 (48,8%) 12 (27,9) 9 (20,9%) 9 (20,9%) Itens (sensibilidade da pele) 6. Minha pele está mais sensível agora do que antes 16. Ficar no sol me incomoda 18. Eu não posso sair para fazer atividades quando está calor 25. O calor me incomoda 29. Fico incomodado por não poder ficar exposto ao sol 3 (7%) 2 (4,7%) 1 (2,3%) 10 (23,3%) 27 (62,8%) 3 (7%) 2 (4,7%) 2 (4,7%) 4 (9,3%) 32 (74,4%) 3 (7%) 3 (7%) 3 (7%) 6 (14%) 28 (65,1%) 3 (7%) 4 (9,3%) 1 (2,3%) 4 (9,3%) 31 (72,1%) 8 (18,6%) 2 (4,7%) 1 (2,3%) 6 (14%) 26 (60,5%) Fonte: Própria pesquisa. Tabela 4. Distribuição das frequências de respostas aos itens dos domínios habilidades para funções simples e trabalho da BSHS-R para amostra estudada (n=43). Recife, 2014. Itens (funções simples) 1. Amarrar sapatos, fazer laços, etc 2. Sentar-se e levantar-se de cadeiras 4. Tomar banho sem ajuda 5. Vestir-se sem ajuda Itens (Trabalho) 3. Voltar ao trabalho, fazendo suas tarefas como antes* 9. Minha queimadura tem causado problemas para eu fazer minhas tarefas no meu trabalho e em casa 13. A queimadura afetou minha capacidade para trabalhar 15. Minha queimadura interfere nas minhas tarefas do trabalho e em casa Nenhuma dificuldade 17 (39,5%) 30 (69,8%) 31 (72,1%) 26 (60,5%) Não me Descreve 9(20,9%) 3 (7%) 2 (4,7%) 4 (9,3%) Descreve-me um pouco Mais ou menos dificuldade 9 (20,9) 4 (9,3%) 7 (16,3%) 11 (25,6%) Descreve-me mais ou menos 3 (7%) 0,0 10 (23,3%) 6 (14%) 24 (55,8) 6 (14%) 3 (7%) 8 (18,6%) 8 (18,6%) 18 (41,9%) 9 (20,9%) 1 (2,3%) 6 (14%) 8(18,6%) 19 (44,2%) 7 (16,3) 4 (9,3%) 10 (23,3%) 11 (25,6%) 11 (25,6%) Pouca dificuldade Muita dificuldade 4 (9,3%) 4 (9,3%) 2 (4,7%) 1 (2,3%) Descreve-me Dificuldade exagerada 4 (9,3%) 2 (4,7%) 1 (2,3%) 1 (2,3%) Descreve-me Muito Bem Fonte: Própria pesquisa. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 27 28 Alves JL, Perreira EBF, Souza PTL, Costa BGS, Paes CVF No domínio relacionado ao Trabalho, tabela 4, foram usados os itens “Voltar ao trabalho, fazendo suas tarefas como antes”, “Minha queimadura tem causado problemas para eu fazer minhas tarefas no meu trabalho e em casa”, “A queimadura afetou minha capacidade para trabalhar”, “Minha queimadura interfere nas minhas tarefas do trabalho e em casa”. A resposta mais frequente foi “Descreve-me muito bem”. DISCUSSÃO No presente estudo, as mulheres foram maioria, o que discorda de outra pesquisa a qual tive como maior prevalência os homens10. Isso pode estar relacionado aos afazeres domésticos da mulher ou mesmo as atividades no trabalho no caso de cozinheira. As idades encontradas variaram entre 22 e 83 anos, com uma média de 44 anos, semelhante ao estudo que caracterizou os pacientes internados por queimaduras, que a idade variou entre 18 e 76 anos, e teve uma média de 41 anos. Os indivíduos que se enquadram nesta faixa etária são pessoas economicamente ativas, o que causa problemas nos aspectos econômicos e sociais11. Vale salientar que esses problemas afetam não só o indivíduo, mas também sua família e/ou dependentes. As relações interpessoais também foi um dos domínios estudados, no qual alguns de seus itens são: “Eu não tenho vontade de estar junto dos meus amigos”, ”Eu prefiro ficar sozinho do que com a minha família”, “Eu não tenho ninguém para conversar sobre os meus problemas”. A maioria das respostas se concentrou no item “Não me descreve” (Tabela 5). Dos itens relacionados ao domínio “Tratamento” na Tabela 5, podemos citar: “Eu tenho dificuldade de cuidar da minha queimadura como foi orientado”, “Cuidar da minha queimadura dificulta fazer outras coisas que são importantes para mim”, “Eu gostaria de não ter que fazer tantas coisas para cuidar da minha queimadura”. Relacionados a estes itens as maiores frequências foram as ditas “Não me descreve” (32,6 - 58,1%). O nível de escolaridade dos entrevistados era baixo, apresentando a maioria 2º grau incompleto. Outro estudo também obteve o nível de escolaridade baixo, 47,6% possuíam o primeiro grau incompleto ou eram analfabetos11. Pode-se concluir que a pouca escolaridade pode ser um dos fatores de risco para queimaduras. Tabela 5. Distribuição das frequências de respostas aos itens dos domínios relações interpessoais e tratamento da BSHS-R para amostra estudada (n=43). Recife, 2014. Não me Descreve Descreve-me um pouco 14. Eu não tenho vontade de estar junto dos meus amigos 30 (69,8%) 1 (2,3%) 2 (4,7%) 1 (2,3%) 9 (20,9%) 22. Eu prefiro ficar sozinho do que minha família 30 (69,8%) 0 2 (4,7%) 1 (2,3%) 10 (23,3%) 24. Eu não gosto de maneira como a minha família age quando estou por perto 31(72,1%) 2 (4,7%) 1 (2,3%) 5 (11,6%) 4 (9,3%) 28. Eu não sinto vontade de visitar outras pessoas 28 (65,%) 3 (7%) 1 (2,3%) 3 (7%) 8 (18,6%) 30. Eu não tenho ninguém para conversar sobre os meus problemas 34(79,1%) 1 (2,3%) 2 (4,7%) 0 6 (14%) 11. Eu tenho dificuldade de cuidar da minha queimadura como foi orientado 20 (46,5%) 3 (7%) 4 (9,3%) 11 (25,6%) 5 (11,6%) 20. É um incomodo cuidar da minha queimadura 18 (41,9%) 4 (9,3%) 4 (9,3%) 6 (14%) 11 (25,6%) 21. Existem coisas que me disseram para fazer em minhas queimaduras que eu não gosto 25 (58,1%) 6 (14%) 3 (7%) 1 (2,3%) 8 (18,6%) 23. Cuidar da minha queimadura dificulta fazer outras coisas que são importantes para mim 17 (39,5%) 4 (9,3%) 4 (9,3%) 9 (20,9%) 9 (20,9%) 31. Eu gostaria de não ter que fazer tantas coisas para cuidar da minha queimadura 14 (32,6%) 6 (14%) 4 (9,3%) 6 (14%) 13 (30,2%) Itens (Relações interpessoais) Descreve-me Descreve-me Bem mais ou menos Descreve-me Muito Bem Itens (tratamento) Fonte: Própria pesquisa. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 Q u a l i d aA d eRdTe IvG i dO a eO m R q uIeG i mIaN d uAr aLs Sobre os dados clínicos das queimaduras constatou-se que mais da metade da amostra tiveram entre 1-10% da SCQ, o que pode parecer pouco, porém as queimaduras de 3ª grau também prevaleceram, potencializando a gravidade dos casos. Outras pesquisas realizadas12 evidenciaram maior número de pacientes com queimaduras de 2º grau, essa divergência pode ser devido ao fato de o hospital da presente pesquisa receber pacientes de alta complexidade, sendo referência para toda região Nordeste. Corroborando com este estudo, uma pesquisa que caracterizou pacientes de uma Unidade de Terapia Intensiva de queimados também teve como maioria (70%) as queimaduras de 3º grau11. A principal causa de queimadura foi, predominantemente, acidental. Constatou-se, portanto, o elevado índice de acidentes que resultam em queimaduras. É importante reforçar a prevenção de queimaduras,pois educar a população sobre as formas de prevenção é uma responsabilidade dos profissionais de saúde e educação, bem como instituições como escolas e empresas, que podem desenvolver trabalhos para conscientizar os adultos e educar as crianças sobre formas de prevenção e primeiros socorros13. É salutar apontar para as tentativas de autoextermínio, no qual todos os casos ocorreram em mulheres, concordando com dados do estudo sobre tentativas de autoextermínio por queimaduras, o qual descreve que diferentes fatores podem influenciar na incidência, como idade, época do ano, sexo, condição social, e podem estar ligadas também a alterações emocionais e hormonais, além disso, existe um desconhecimento sobre as consequências e sequelas de queimaduras14. O percentual elevado de tempo de internamento maior que um mês mostra que as queimaduras são um importante problema de saúde pública. No estudo da evolução financeira do setor de queimados mostra que,de 2002 a 2010,o Nordeste dispensou 20.924 Autorizações de Internação Hospitalar (AIH) e recebeu do governo federal, para tratamento de queimados nos hospitais, cerca de R$ 50.914.120 nos nove anos da pesquisa. Desta forma, evidencia-se o alto grau de complexidade neste segmento, possuindo altos custos e necessidades financeiras crescentes15. Quanto ao tempo de tratamento dos pacientes, incluindo o tempo de reabilitação após a alta hospitalar, quase metade dos pacientes faziam tratamento há mais de um ano. A volta das atividades cotidianas acontece gradualmente na vida dos indivíduos, logo, quanto mais recente é o fato mais doloroso para a pessoa, principalmente porque precisa se adaptar às sequelas, como as limitações motoras e cicatrizes16. Referente ao agente causador da queimadura, o álcool foi o principal seguido das lesões por escaldadura, esses dados corroboram com a literatura que evidencia mesma ordem de resultados10. As sequelas eram funcionais ou estéticas, e a grande maioria dos estudados apresentavam os dois tipos. As sequelas físicas (cicatrizes ou limitações) afetam o indivíduo negativamente, influenciando na capacidade para suas atividades laborais, para o retorno ao trabalho e para o relacionamento interpessoal16. Mais da metade dos pacientes necessitaram de cirurgias para enxerto. Esse procedimento está indicado para todas as queimaduras de 2º e 3º grau de forma precoce para evitar retrações e minimizar sequelas, o que é disposto no estudo realizado em Fortaleza, no qual 60% dos pacientes realizaram enxerto17. No que se refere à escala de qualidade de vida, a média dos 31 itens avaliados foi 2,9, que correspondeu a 58% de pior QV. Quando divididos os domínios, é possível avaliar separadamente o nível de qualidade de cada um deles. Neste estudo, os piores níveis estão nos domínios “sensibilidade da pele” e “trabalho”. Em outra pesquisa, apesar de utilizar uma forma estatística diferente (valor de alfa de Crobach), traz dados semelhantes em relação ao domínio “trabalho”, que ficou em primeiro lugar como pior QV e, em seguida, estava o “afeto e imagem corporal”, diferentemente desta pesquisa que este domínio não teve uma média tão alta em relação aos demais7. A melhor QV se enquadrou no domínio “Funções simples” concordando com a pesquisa que também o descreve como o de melhor estado de saúde7. Porém, a partir da comparação de Mann-Whitney realizada no presente trabalho, as “Funções simples” não tiveram diferença significativa comparada às “Relações interpessoais”, mostrando que esses dois domínios não sofrem grande impacto. O item 6 (Minha pele está mais sensível agora do que antes) e o 16 (Ficar no sol me incomoda) foram os que obtiveram maior média, ou seja, piores resultados. Corroborando com Nicolozi (2012) que utilizou a mesma escala para avaliar a QV de adolescentes, que também obteve sua maior média (2,4) no item 6. Os itens 3,18, 25 e 29 também obtiveram médias elevadas, todos relacionados à sensibilidade da pele, reforçando que neste domínio a QV foi mais afetada. Sobre o domínio Afeto e Imagem corporal, a frequência de respostas foi no descritor “não me descreve”, se concentrando nos itens “Eu fico chateado com sentimento de solidão” e “Minha aparência me incomoda”. Concordando com outra pesquisa10, na qual as maiores frequências de respostas nesse domínio também foi “Não me descreve”. É importante salientar a frequência elevada de respostas “Descreve-me muito bem” que concentrou das respostas no item “A aparência das minhas cicatrizes me incomoda” e em “As vezes eu penso que tenho um problema emocional”. O impacto emocional após as queimaduras pode contribuir negativamente no processo de reabilitação, afetando o bem-estar, a qualidade de vida e a adaptação psicossocial18. Na sensibilidade da pele as respostas se concentraram no descritor “Descreve-me muito bem”, este último percentual corresponde ao item “Ficar no sol me incomoda”. Isso mostra que as queimaduras trazem muitos incômodos mesmo após a alta hospitalar. As sequelas resultam em limitações funcionais que afetam a capacidade do indivíduo, uma delas é a sensibilidade da pele, tornando-se um fator que dificulta mais ainda a volta às atividades cotidianas16. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 29 30 Alves JL, Perreira EBF, Souza PTL, Costa BGS, Paes CVF Para desenvolver tarefas simples, o maior percentual de pessoas respondeu que os itens não os descreviam, ou seja, não tinham dificuldade em desenvolver atividades como, por exemplo, tomar banho sem ajuda. Esse resultado é semelhante a uma pesquisa que avaliou pacientes queimados após alta hospitalar8. A volta ao trabalho é um dos fatores que mais tem impacto na vida do indivíduo. No domínio relacionado ao trabalho, as respostas se concentraram no descritor “descreve-me muito bem”, tendo como respostas a maior dificuldade para “voltar ao trabalho e fazer suas tarefas como antes”. Nesse aspecto, pode-se verificar diferentes prejuízos relacionados também ao gênero, no caso do homem afeta não só a capacidade de trabalho, mas também a hierarquia familiar, deixando de ser provedor da casa; já para as mulheres, além da dificuldade de voltar ao trabalho, afeta na realização de tarefas domésticas, socialmente mais associadas as elas10. Um estudo sobre fatores psicossociais que interferem na reabilitação dos queimados discorre que quanto maior a SCQ maiores serão as dificuldades para retorno ao trabalho, além disso, as limitações sociais e ocupacionais aumentam o risco para desenvolver depressão18. As relações com familiares e amigos não foram afetadas após a queimadura, visto que a resposta “não me descreve” foi a mais prevalente entre os itens do domínio “Relações interpessoais”, concordando com um estudo que avaliou a QV após a alta hospitalar, que mostrou que após o trauma não houve percepção de problemas nesse aspecto8. No domínio “Tratamento” foi evidenciado que cuidar da queimadura não se mostrou um incomodo. Um trabalho sobre o significado das ocupações após acidentes por queimaduras constatou que o tratamento passou a ser a principal ocupação dos pacientes, visando a recuperação da sua saúde, e que as atividades como fazer curativos, realizar consultas e fazer fisioterapia já faziam parte do seu cotidiano19. Contudo, alguns pacientes relataram ter muitas dificuldades com o quesito Tratamento. Isso pode ser explicado pelos diversos fatores envolvidos no processo de Tratamento/Reabilitação, como: procedimentos dolorosos, engajamento no autocuidado, disciplina e expectativas irreais na reabilitação18. CONCLUSÃO É consenso que as queimaduras são um problema de relevância pública, e as sequelas geradas por elas trazem consequências nos aspectos físicos, psíquicos e sociais. A QV das pessoas que desenvolveram sequelas de queimaduras é afetada diretamente pelas mudanças relacionadas ao tratamento e a reabilitação. Para melhorar a QV do paciente com sequelas de queimadura é necessária a atuação de uma equipe multidisciplinar para interagir nos diferentes aspectos REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 afetados, o que não é uma tarefa fácil. A saída do hospital é mais difícil para aquele paciente que desenvolveu sequelas, por isso deve ser acompanhado também fora dele. Além disso, os profissionais devem visar a prevenção, cura, proteção ao paciente e principalmente a promoção da saúde, para tanto é importante que haja orientações corretas sobre o processo de reabilitação e prevenção de outras sequelas. Além do tratamento e reabilitação, que são decisivos para um bom resultado após a lesão, é essencial dar ênfase na prevenção das queimaduras. Os profissionais de saúde devem realizar educação permanente para conscientizar sobre os perigos e consequências de uma queimadura. REFERÊNCIAS 1. BORGES R. T. Tentativa de autoextermínio por fogo: traumas, sofrimento social e Promoção da pessoa humana / Rafaele Teixeira Borges. - 2013.66 f. Dissertação (mestrado) – Universidade de Fortaleza, 2013. 2. SOCIEDADE AMERICANA DE QUEIMADURAS. Disponível em: <www.ameriburn.org/resources_ factsheet.php> . Acesso em: 13 jul. 2013. 3. SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUEIMADURAS. Conceito e causas. Classificação de queimaduras. Disponível em: http:// sbqueimaduras.org.br/queimaduras-conceito-e-causas/ classificacoes-de-queimaduras/#sthash.9w60mfUt.dpuf. Acesso em 10 nov. 2014. 4. GAWRYSZEWSKI V. P.; et al. Atendimentos decorrentes de queimaduras em serviços públicos de emergência no Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 28(4):629-640, abr, 2012. 5. LEÃO C. E. G.; et al. Epidemiologia das queimaduras no estado de Minas Gerais. Revista Bras. Cir. Plást. 26(4): 573-7, 2011. 6. LAPORTE G. A.; LEONARD D. F. Transtorno de estresse póstraumático em pacientes com sequelas de queimaduras Revista Bras Queimaduras 9(3):105-14. 2010. 7. FERREIRA E. Adaptação cultural de “Burn Specific Health Scale-Revised” (BSHS-R): versão para brasileiros que sofreram queimaduras. Dissertação de mestrado apresentado a Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto- SP, 2006. 8. P. JUNIOR G. F.; VIEIRA A. C. P.; ALVES G. M. G. Avaliação da qualidade de vida de indivíduos queimados pós alta hospitalar. Revista Bras Queimaduras, 9(4):140-5, 2010. 9. FRANCISCHETTI C. E.; CAMARGO L. S. G.; SANTOS N. C. Qualidade de vida, sustentabilidade e educação financeira. Revista de Finanças e Contabilidade da Unimep – REFICONT – v. 1, n. 1, Jul/Dez – 2014. 10. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada. Cartilha para tratamento de emergência das queimaduras/ Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Especializada. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2012. 20 p. : il. – (Série F. Comunicação e Educação em Saúde). 11.COSTA M. C. S.; ROSSI L. A.; DANTAS R. A. S.; TRIGUEIROS L. F. Imagem corporal e satisfação no trabalho entre adultos em reabilitação de queimaduras. Cogitare Enferm. Abr/Jun; 15(2):209-16, 2010. Q u a l i d aA d eRdTe IvG i dO a eO m R q uIeG i mIaN d uAr aLs 12.CAMUCI M. B. Caracterização epidemiológica de pacientes adultos internados em uma unidade de terapia intensiva de queimados. Cogitare enferm. Jan/mar; 19(1):78-83, 2012. 13.SANTANA C. M. L.; BRITO C. F. B.; COSTA A. C. S. M. Importância da fisioterapia na reabilitação do paciente queimado. Revista Bras Queimaduras, 11(4):240-5, 2012. 14.CARVALHO I.D DE, FREITAS M.C.V, MACIEIRA L. Tentativa de autoextermínio com queimaduras – CTQ-HFA-RJ. Revista Bras Queimaduras, 13(2):95-8, 2014. 15.PESCUMA JUNIOR A.; MENDES A.; ALMEIDA P. C. C. A evolução financeira do setor de queimados, sua legitimidade, seu financiamento e sua complexidade durante o período de 2002 a 2010. PESQUISA & DEBATE, SP, volume 24, número 1(43) pp. 121-136, jan-jun. 2013. 16.SCHIAVON V. C.; et al. Reabilitação e retorno ao trabalho após queimaduras ocupacionais. Revista Enferm. Cent. O. Min. jan/ abr, 4(1):929-939, 929, 2014. 17. ALBUQUERQUE M.L.L.; et al. Análise dos pacientes queimados com sequelas motoras em um hospital de referência na cidade de Fortaleza-CE. Revista Bras Queimaduras, 9(3):89-94, 2010. 18.GONÇALVES N.; et al. Fatores biopsicossociais que interferem na reabilitação de vítimas de queimaduras: revisão integrativa da literatura. Revista Latino-Am. Enfermagem. 19(3): [09 telas] maio-jun, 2012. 19.MONTEIRO L. S. Sobre o significado das ocupações após o acidente por queimaduras. SSN 0104-4931. Cad. Ter. Ocup. UFSCar, São Carlos, v. 22, n. 2, p. 305-315, 2014. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 31 32 R E V I S Ã O I N T E G R AT I VA Produção científica da enfermagem dos hospitais de ensino acerca da cultura de segurança do paciente Scientific production of the nursing of teaching hospitals about patient safety culture Tavane Menezes Costa1 • Zenith Rosa Silvino2 RESUMO A Cultura de Segurança da Instituição deve preconizar a substituição da culpa e da punição pela oportunidade de aprender com as falhas e melhorar a atenção à saúde. Objetivo: Conhecer a produção científica da enfermagem dos hospitais de ensino sobre Cultura de Segurança do paciente. Metodologia: Revisão Integrativa tendo como questão de pesquisa do estudo Qual a produção científica da enfermagem dos hospitais de ensino referente à Cultura de Segurança do paciente? A coleta de dados ocorreu de jan a mar/16, em bases de dados indexadas e online no período entre 2004 e 2016. Foram encontrados 769 artigos, e após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados 13. Resultados: Os artigos foram classificados em duas categorias: Avaliação da Cultura de Segurança do paciente por meio da realização de pesquisas sobre a temática e A pesquisa científica e sua contribuição na avaliação da Cultura de Segurança do paciente. Conclusão: Observou-se um aumento progressivo nas pesquisas de enfermagem nessa temática utilizando a produção científica como importante estratégia para mudanças de paradigmas institucionais e dentro da própria equipe de enfermagem. As lacunas apontadas nesse estudo poderão alavancar mais pesquisas nessa temática. Palavras-chave: Enfermagem; Segurança do paciente; Hospital. ABSTRACT The safety culture of the institution must recommend the replacement of the guilt and punishment for the opportunity to learn from the failures and improve health care. Objective: to know the scientific production of the nursing of teaching hospitals on patient safety Culture. Methodology: Integrative Review with the question of research study Which the scientific production of the nursing of teaching hospitals concerning patient safety Culture? Data collection took place from jan to mar/16, indexed databases and on line at the time period between the 2004 2016.0. Found 769 articles and after application of the criteria of inclusion and exclusion, 13 selected articles. Results: The articles have been classified into 2 categories: Evaluation of patient safety Culture by conducting research on the thematic and Scientific research and its contribution in assessing the culture of patient safety. Conclusion: There is progressive increase in nursing research in this theme using the scientific literature as an important strategy for institutional paradigms and changes within the nursing staff. The gaps identified in this study can leverage more research in this theme. Keywords: Nursing; Patient safety; Hospital. NOTA 1 Enfermeira pediatra, Mestranda do Programa Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde na linha de pesquisa O cuidado no seu contexto sociocultural da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense. Coordenadora da Educação Permanente de Enfermagem do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro e Enfermeira do Programa de Hipertensão e Diabetes da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. E-mail: [email protected]. 2 Enfermeira, Orientadora, Profª Drª Titular do Departamento de Administração em Enfermagem da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense, atuando na graduação, especialização, Mestrado Profissional e Acadêmico e no Doutorado. Graduação em Direito (1988). Avaliadora Institucional e de Cursos do INEP. Membro Titular da Academia Brasileira de Administração Hospitalar. Integra o Corpo Editorial da Revista Science Rise, Revista de Enfermagem UFPE On Line e Revista Brasileira de Docência, Ensino e Pesquisa em Enfermagem, é consultora ad hoc de renomadas revistas. E-mail: [email protected]. Artigo baseado na Dissertação de Mestrado intitulada “Cultura de Segurança do paciente pediátrico na perspectiva da equipe de enfermagem” de autoria da Mestranda Tavane Menezes Costa do Programa acadêmico em Ciência do Cuidado em saúde da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense, em Niterói, Rio de Janeiro, RJ, 2016. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 P r o d u ç ã o c i e n t í f i c aA eRmTsIe G g uO r a nO ç a Rd Io Gp aI cN i eA n tLe INTRODUÇÃO A preocupação constante com a qualidade do cuidado e com a segurança do paciente nas instituições de saúde se propagou mundialmente. O movimento voltado para a segurança do paciente teve seu início na última década do século XX, após a publicação do relatório do Institute of Medicine (IOM) dos EUA que publicou resultados de vários estudos os quais evidenciaram a grave situação da assistência à saúde daquele país. Dados revelaram que de 33,6 milhões de internações 44.000 a 98.000 pacientes, aproximadamente, morreram em consequência de eventos adversos. A partir desse alerta do IOM, a Organização Mundial de Saúde (OMS), preocupando-se com a segurança do paciente, elegeu esse tema como de alta prioridade entre os países membros no ano de 2000. Em 2004, lançou a Aliança Mundial para a Segurança do Paciente com foco central na criação dos Desafios Globais para a Segurança do paciente e para liderar internacionalmente os programas de segurança do paciente1, além de fomentar pesquisas nessa temática nos países em desenvolvimento, entre outros. Em 2009, a OMS cria então a Agência Nacional para a Segurança do Paciente e desenvolve a Classificação Internacional de Segurança do Paciente – Taxinomia, que define, entre outros, Eventos Adversos (EAs) os incidentes resultantes de um dano desnecessário à saúde1. As pesquisas apontam que os EAs ocorrem pelas fragilidades nos processos, no sistema organizacional, na ausência de liderança e nos fatores relacionados ao comportamento humano. O erro é não intencional, multifatorial e produto de sistemas mal estruturados e mal desenhados2. No Brasil, um estudo de 2009 revelou que a incidência de eventos adversos foi de 7,6% (84 de 1.103)4, e a proporção de eventos adversos evitáveis foi de 66,7% (56 de 84 pacientes). Tal estudo evidencia que os EAs nos três hospitais de ensino no Rio de Janeiro ocorreram de forma semelhante a dos estudos internacionais. No entanto, a proporção de eventos adversos evitáveis foi muito maior nos hospitais brasileiros. O mesmo estudo mostrou que tais EAs têm expressivo impacto desnecessário nos gastos hospitalares e razões para supor que os dados estejam subestimados, ou seja, podem ser maiores ainda5. Sabemos que erros acontecem, por isso precisamos tornar o ambiente de prestação de assistência mais seguro ao assumir que é de alto risco. A Cultura de Segurança tem a prevenção de erros como prioridade para todos no processo de trabalho e pode ser definida como: Conjunto de valores, atitudes, competências e comportamentos que determinam o comprometimento com a gestão da saúde e da segurança, substituindo a culpa e a punição pela oportunidade de aprender com as falhas e melhorar a atenção à saúde3. Ou seja, aprender com os erros, não punindo culpados e sim remodelando o sistema para reduzi-los levará a uma Cultura de Segurança que permitirá continuamente o gerenciamento de riscos6. Nesse contexto, a enfermagem, além de ser uma profissão voltada para o cuidar, é uma das maiores forças de trabalho em saúde no Brasil e no mundo, portanto precisa se empoderar dessa posição vantajosa e modificar a realidade da segurança do paciente7 Sabe-se que o fazer da Enfermagem não é apenas técnico, não engloba somente rotinas executadas em série, utiliza-se também de aspectos comportamentais (de adaptações e independências, por exemplo) e das relações humanas (interações enfermeiro/ paciente, orientações, diálogos, famílias etc)8. Soma-se a posição vantajosa da enfermagem em relação à segurança do paciente, uma vez que se encontra em um leito9. Considerando que os Hospitais de ensino têm por missão produzir, sistematizar e socializar o conhecimento e o saber gerados na área da sáude10, a enfermagem atuante nesses hospitais pode contribuir de forma ímpar na prestação do cuidado seguro e livre de dano aos pacientes, utilizando a pesquisa cientifica como principal estratégia para identificação, interpretação, implementação e avaliação do cuidado prestado. Diante do exposto, o objetivo desse estudo é conhecer a produção científica de enfermagem dos hospitais de ensino acerca da cultura de segurança do paciente, utilizando como método de pesquisa a Revisão Integrativa. MÉTODO Para atender o objetivo proposto, esta pesquisa usou como método a Revisão Integrativa, delimitando-se as seguintes etapas percorridas: identificação do problema ou questão de pesquisa; estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos/amostragem ou busca na literatura; definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados; avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa; interpretação dos resultados; apresentação da revisão/síntese do conhecimento11. A Revisão Integrativa é um método de análise de pesquisas utilizado para promover a síntese do conhecimento em um determinado assunto e incluir estudos com diferentes abordagens metodológicas, além de mostrar lacunas do conhecimento que necessitam ser preenchidas com a realização de novos estudos. Por meio desse método é possível melhorar a prática dos enfermeiros, pois o conhecimento é construído com base em evidências, assim, melhora-se a qualidade da assistência da enfermagem e se facilitam as tomadas de decisões12. Dessa forma, a questão de pesquisa desse estudo é a seguinte: Qual a produção científica da enfermagem dos hospitais de ensino referente à Cultura de Segurança do paciente? A coleta de dados ocorreu entre janeiro a março de 2016. Foram acessados artigos publicados no período de 2004 (ano da criação da Aliança Mundial para a Segurança do Paciente) a 2016, indexados na base de dados por meio REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 33 34 Costa TM, Silvino ZR da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), a qual abrange: LILACS, BDENF, IBECS, MEDLINE e CUMED. A SciELO também foi escolhida por se tratar de uma biblioteca eletrônica em ciências da saúde, que disponibiliza vasta coleção de periódicos brasileiros com textos completos e on-line. Na sequência, foi utilizada a terminologia em saúde consultada nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): Enfermagem, Hospital, Segurança do paciente com o operador booleano “AND”. Os critérios de inclusão foram: artigos publicados em língua portuguesa, inglesa ou espanhola, em bases de dados nacionais e internacionais que abordassem a temática sobre Cultura de Segurança do Paciente ou Clima de segurança, manuscritos que tivessem Enfermeiros entre os autores e hospitais universitários como cenários, disponíveis na íntegra, no período compreendido entre 2004 e 2016. Os artigos encontrados de forma duplicada foram considerados apenas uma vez. Como critérios de exclusão, artigos da categoria cartas ao editor, relatos de experiência, dissertações, teses, revisões integrativas e sistemáticas, bem como estudos que não abordassem a temática relevante ao objetivo desse estudo. A análise e síntese dos dados retirados dos artigos foram realizadas de forma descritiva, possibilitando observar, contar, descrever e catalogar os dados, com o intuito de unir o conhecimento produzido sobre o tema explorado na revisão13. A seguir observa-se o fluxograma explicativo da seleção amostral. publicados nos seguintes periódicos conforme tabela 1 abaixo. Tabela 1. Distribuição dos artigos por Periódicos e ano de publicação. Rio de Janeiro, RJ, 2016. Ano de publicação Quantidade 2010 1 2012 1 2013 1 2013 1 2014 1 2015 1 Revista Mineira de Enfermagem 2015 1 Revista da Esc. Enf. Anna Nery 2015 1 Revista da Esc. Enf. da USP 2015 1 Revista Brasileira de Enfermagem 2015 1 2015 1 Periódico Revista Acta Paulista Revista Ciencia y Enfermeria Revista Gaúcha de Enfermagem Revista Latino Americana Revista Texto e Contexto 1 2015 1 Quanto aos objetivos propostos pelas publicações, permearam o interesse em Conhecer e Avaliar a percepção dos trabalhadores de enfermagem acerca do Clima de Segurança do paciente e Cultura de segurança; Investigar e analisar aspectos relevantes em relação à Identificação do Paciente, à Lavagem das Mãos e ao Checklist de Cirurgias Seguras e, por último, Identificar e Analisar condutas adotadas pelos profissionais frente à ocorrência de erros de medicação. Em relação ao ano de publicação, constatou-se que a maioria dos artigos foi publicada nos últimos cinco anos, com aumento significativo de publicações em 2015, com 8 (oito) dos 13 (treze) artigos elencados. Os treze artigos selecionados foram lidos detalhadamente e analisados, conforme apresentados nas tabelas 1 e 2. Figura 1: Fluxograma das etapas para seleção dos Artigos. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2016. RESULTADOS E DISCUSSÃO Em conformidade com os critérios de inclusão e exclusão, a amostra final elencou treze artigos para análise. De acordo com análise das variáveis mencionadas e em conformidade com o objetivo desse estudo, observou-se que cinco artigos foram encontrados na SciElo biblioteca eletrônica e oito na base de dados eletrônica Lilacs, todos publicados em português e inglês. Os manuscritos foram REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 Para interpretação, análise e discussão, os resultados foram divididos em dois eixos temáticos: 1- Avaliação da Cultura de Segurança do paciente por meio da contribuição da pesquisa sobre a temática; 2- A pesquisa científica e sua contribuição na avaliação da Cultura de Segurança do paciente. 1 - Avaliação da Cultura de Segurança do paciente por meio da realização de pesquisas sobre a temática Nessa categoria destacam-se os artigos que discutem as várias ferramentas usadas para Conhecer e Avaliar a Cultura de Segurança do paciente nos Hospitais de Ensino. O Quadro 1 apresenta os sete artigos que a compõem, dispostos pelas Variáveis: Título, Ano, Autores, Idioma, Objetivos e Desfecho. P r o d u ç ã o c i e n t í f i c aA eRmTsIe G g uO r a nO ç a Rd Io Gp aI cN i eA n tLe A discussão referente à Avaliação da Cultura de Segurança do Paciente em diferentes Hospitais de Ensino em vários estados do país demonstra o interesse progressivo com pesquisas nessa temática por parte dos profissionais de saúde, em especial pelos Enfermeiros. No artigo 114, os autores utilizaram os dois questionários mais empregados em todo mundo para mensuração da Cultura de segurança, que são o “Hospital Survey on Patient Safety Culture (HSOPSC)15 e (SAQ) Safety Attitudes Questionnaire16. Eles avaliaram a percepção dos profissionais de saúde das UTIs (Unidades de Tratamentos Intensivos) Adulto, pediátrica e neonatal de um Hospital de ensino no interior de São Paulo e a relação entre os dois Instrumentos. Entre as UTIs, a UTI Adulto apresentou menores pontuações para a maioria dos domínios do SAQ e do HSOPSC. Foi demonstrado pelo estudo diferenças de percepções quanto à segurança do paciente entre as UTIs, sugerindo a existência de micro-culturas locais, além de o estudo não demonstrar que o SAQ e o HSOPSC sejam equivalentes. Quadro 1. Avaliação da Cultura de Segurança do paciente através da realização de pesquisas sobre a temática. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2016 Identificação do Artigo Título do artigo/ Autores Idioma/Ano Cultura e Clima Santiago THR organizacional para Tussini RNT/ segurança do paciente em Unidades de terapia intensiva14 Português e inglês 2015 Objetivos Desfecho Avaliar a percepção dos profissionais de saúde sobre o clima e cultura de segurança do paciente em unidades de terapia intensiva (UTI) e a relação entre os instrumentos Hospital Survey on Patient Safety Culture (HSOPSC)15 e Safety Attitudes Questionnaire (SAQ)16 As escalas apresentaram boa confiabilidade. Maiores fragilidades para a segurança do paciente foram observadas nos domínios “condições de trabalho” e “percepções da gerência” do SAQ e “resposta não punitiva aos erros” do HSOPSC. As fortalezas no SAQ foram o “clima de trabalho em equipe” e a “satisfação no trabalho” e para o HSOPSC “expectativas e ações de promoção de segurança supervisores/gerentes” e “aprendizado organizacional e melhoria mútua”. Na UTI Neonatal houve maior satisfação no trabalho do que nas demais UTI. A UTI Adulto apresentou menores pontuações para a maioria dos domínios do SAQ e HSOPSC. A correlação entre as escalas foi de força moderada (r=0,66). Entre as dimensões analisadas, somente a “satisfação no trabalho” alcançou a média de escore acima de 75, avaliada como positiva para a cultura de segurança do paciente. 1 2 Cultura de segurança do paciente em unidade de transplante de medula óssea.17 Português e inglês 2015 Fermo VC, Radünz V, Rosa LM de, Marinho MM/ Fatores associados ao Clima de segurança do paciente em um hospital de ensino.18 Português e inglês 2015 Luiz RB, Simões AL de A, Barrichello E Barbosa MH / 3 4 Cultura de Segurança Batalha EMSS, Melleiro MM em um hospital de ensino: diferenças de percepção existentes nos diferentes cenários dessa instituição19 Português e inglês 2015 Avaliar a cultura de segurança do paciente sob a ótica dos profissionais da área de saúde da unidade de Transplante de Medula Óssea do Centro de Pesquisas Oncológicas, hospital de referência no tratamento do câncer SC, Brasil Verificar a associação entre os escores do clima de segurança do paciente e as variáveis sócio-demográficas e profissionais. A maioria dos participantes era do sexo feminino, da equipe de enfermagem, atuavam na assistência direta com pacientes adultos, em áreas críticas, não possuíam pósgraduação e nem apresentavam outro vínculo empregatício. A média e a mediana do escore geral do instrumento foram de 61,8 (DP=13,7) e 63,3, respectivamente. Encontrou-se como fator associado ao clima de segurança a variável atuação profissional para o domínio percepção da gerência da unidade e do hospital (p=0,01) Avaliar a percepção dos Constatou-se que havia diferenças profissionais de enfermagem a significativas entre as unidades, cerca da cultura de segurança do destacando-se as unidades paciente e identificar diferentes pediátricas que tiveram melhores de percepções nas unidades do percepções de segurança (média: hospital 3,43 e mediana: 3,44). REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 35 36 Costa TM, Silvino ZR Quadro 1. Continuação Identificação do Artigo 5 6 7 Título do artigo/ Idioma/Ano Clima de segurança do paciente: percepção dos profissionais de enfermagem.20 Português e inglês 2012 Autores Objetivos Desfecho Rigobello MCG, Carvalho REFL, Cassiane SHde B, Galon T, Capucho HC, Deus NN de/ Avaliar a percepção do clima de segurança dos profissionais de enfermagem atuantes nas Clínicas médicas e cirúrgicas em um hospital de ensino. Comunicação e segurança do paciente: Percepção dos profissionais de enfermagem de um hospital de ensino.21 Português e inglês 2015 Massoco ECP, Melleiro MM A percepção do clima de segurança dos profissionais variou conforme o gênero, a clínica, a categoria profissional e o tempo de atuação. A satisfação no trabalho foi demonstrada por todos os profissionais, com escores acima de 75, enquanto o domínio Percepção da Gerência apresentou valores mais baixos. Principais resultados do estudo, identificou-se que os profissionais conversam livremente sobre algo que está errado. Condutas adotadas por Técnicos de Enfermagem após a ocorrência de Erros de medicação.22 Português e inglês Santos JO, Silva AEBC, Munari DB, Miasso AI Conhecer a percepção de trabalhadores de enfermagem atuantes no hospital de ensino acerca da dimensão da abertura para as comunicações e respostas não punitivas aos erros e evidenciar a comunicação como fator relevante na Cultura de segurança do paciente Identificar e analisar s condutas Os resultados evidenciaram duas por Tecs. de Enfermagem categorias: tomando condutas após a ocorrência de erros de relacionadas à comunicação do erro medicação. (ao médico, à enfermeira, registrando no prontuário e não comunicando o erro) e adotando condutas direcionadas ao paciente (observação do paciente, monitorização e minimização das consequências) Os autores do artigo 217 utilizaram o SAQ para avaliar Cultura de segurança do paciente em uma unidade de TMO (Transplante de Medula Óssea) do Hospital do Câncer em Santa Catarina e apenas a dimensão “satisfação no trabalho” alcançou média de escore 75 avaliada como positiva para a Cultura de Segurança. Pelo estudo as demais dimensões presentes no inquérito necessitam ser valorizadas por profissionais e gestores para a efetivação de um cuidado seguro. Já no artigo 318, os pesquisadores verificaram a associação entre os escores do clima de segurança do paciente e as variáveis sócio demográficas, também utilizando o SAQ como instrumento. O estudo demonstrou que a identificação dos fatores associada ao clima de segurança facilita a elaboração de estratégias para práticas seguras nos hospitais. Observa-se no estudo 419 a aplicação do instrumento HSOPSC para avaliar a percepção dos profissionais acerca da Cultura de segurança e identificar as diferenças de percepção entre todas as unidades estudadas do hospital. Os autores constataram que havia diferenças significativas entre as unidades, e destas, as unidades pediátricas apresentaram melhores resultados para a percepção de segurança. Por outro lado, a pesquisa 520 avaliou a percepção do clima de segurança dos profissionais de enfermagem das clínicas médicas e cirúrgicas de um hospital de ensino, utilizando o SAQ. O estudo aponta que conhecer a percepção dos profissionais de enfermagem a respeito REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 do Clima de segurança agrega melhorias ao cuidado em saúde e redução de riscos ao paciente. Os pesquisadores do artigo 621 estudaram a percepção da enfermagem acerca da dimensão da abertura para as comunicações e respostas não punitivas aos erros e a relevância da comunicação na Cultura de segurança do paciente. Para isso, foi utilizado o instrumento SHOPSC. O estudo demonstrou que os profissionais conversam sobre algo que está errado, porém, há receio de punição e da evidência do profissional, e esses são fatores limitantes na comunicação dos erros e da notificação dos eventos adversos. Objetivando identificar e analisar condutas adotadas por Técnicos de enfermagem após a ocorrência de erros de medicação de um hospital de ensino em GoiâniaGO, os autores do artigo 722 se utilizaram de entrevista semiestruturada e evidenciaram duas categorias. A primeira, refere-se às condutas em relação à comunicação do erro e a outra, às condutas direcionadas ao paciente. Percebeu-se que há necessidade das instituições de saúde adotarem uma cultura de transparência (padronização das notificações) em relação aos erros de medicação, direcionando as condutas dos profissionais e os auxiliando nas tomadas de decisões. 2 - A pesquisa científica e sua contribuição na avaliação da Cultura de Segurança do paciente. Nessa segunda categoria destacam-se os artigos que retratam o cenário atual da Cultura de segurança do P r o d u ç ã o c i e n t í f i c aA eRmTsIe G g uO r a nO ç a Rd Io Gp aI cN i eA n tLe paciente nos hospitais de ensino pesquisados, abordando iniciativas, experiências exitosas, estratégias adotadas, dificuldades e barreiras encontradas. O Quadro 2 apresenta os 6 artigos que a compõem, dispostos pelas mesmas variáveis do Quadro 1: Título, Periódico, Ano, Autores, Idioma e Objetivos. Quadro 2. A pesquisa científica e sua contribuição na avaliação da Cultura de Segurança do paciente. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2016. Identificação do Artigo 8 9 10 11 12 13 Título do artigo/ Idioma/Ano Autores Objetivos Desfecho A identificação do paciente por meio de pulseira é uma prática recomendada internacionalmente, porém há lacunas no que tange à instituição de protocolos, à execução efetiva e à avaliação do processo para subsidiar ações gerenciais e assistências Constatou-se a baixa adesão à prática de higienização das mãos e estrutura inadequada, segundo as diretrizes estabelecidas pela OMS e ANVISA Identificação do paciente nas organizações de saúde: uma reflexão emergente.23 Português e inglês. 2013 Tase TH, Lourenção DCA, Bianchini SM, Tronchin oMR Destacar os elementos constituintes do processo de identificação do paciente por meio de pulseiras e refletir acerca da implementação desse processo nas instituições. Higienização das mãos e a segurança do paciente pediátrico.24 Português, inglês e espanhol. 2013 Os profissionais da saúde e a higienização das mãos: uma questão de segurança do paciente pediátrico.28 Português e inglês 2014 Silva FM, Porto TP, Rocha PK, Lessmann JC, Cabral PFA Schneider KLK Botene DZA, Pedro ENR Avaliar se a higienização das mãos realizada antes do preparo e da administração de medicamentos e fluidoterapia seguem as diretrizes da OMS25 e da ANVISA26 Analisar como a formação acadêmica sobre a higienização das mãos contribui para a segurança do paciente pediátrico. Os resultados permitiram elencar duas categorias temáticas: “A HM e a formação acadêmica do profissional de saúde”; e “A HM e a vida profissional”. Neste manuscrito será apresentada a primeira. Constatou-se que a formação acadêmica contribui de forma pouco efetiva para a criação de uma cultura de segurança do paciente. Amaya MR, Analisar e relacionar o registro 99,8% dos itens do checklist foram Análise do registro e de informações dos checklists verificados e o teor dos registros conteúdo de checklists Maziero ECS, com os objetivos do Programa evidenciam não garantia, por meio da para cirurgia segura29 Grittem L, Português e inglês. Cruz EDA cirurgias seguras salvam vidas checagem documental, de elementos 2015 de segurança relativos ao local cirúrgico certo (objetivo 1), perdas sanguíneas (objetivo 4), reação alérgica (objetivo 5), retenção de instrumentais/compressas (objetivo 7), identificação de espécimes cirúrgicos (objetivo 8) e comunicação (objetivo 9) Analisar o impacto de ações A análise e o acompanhamento Estratégias educativas Hemesath MP, educativas nos resultados do indicador de adesão ao uso da para melhorar a adesão Santos HB, Torelly EMS, do indicador de adesão à pulseira de identifi cação do paciente à identificação do Barbosa AdaA, verificação da pulseira de demonstraram uma tendência de paciente.30 Português e inglês Magalhães AMM identificação do paciente, antes aumento do percentual, atingindo, 2015 da realização de cuidados de ao longo do período estudado, de maior risco. 42,9% a 57,8%, entre janeiro e abril de 2013, e de 81,38% a 94,37%, entre setembro e dezembro de 2014 Hoffmeister LV, Avaliar o uso da pulseira de 83,9% dos pacientes encontravamUso de pulseiras Moura GMSS de identificação em pacientes se com a pulseira corretamente de identificação de hospitalizados em unidades identificada, 11,9% possuíam a pacientes internados de internação de um hospital pulseira de identificação com erros em um hospital universitário. e 4,2% dos pacientes estavam universitário.31 Português e inglês sem a pulseira. As principais inconformidades encontradas nas pulseiras de identificação foram nomes incompletos, números de registros diferentes, ilegibilidade dos dados e problemas na integridade. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 37 38 Costa TM, Silvino ZR No artigo 823, os pesquisadores destacaram elementos constituintes do processo de identificação do paciente por meio de pulseiras e implementação dessas nas instituições hospitalares. É uma prática recomendada internacionalmente, além de ser um dos protocolos de segurança do paciente27, porém existem lacunas na implantação do protocolo tanto por parte dos profissionais de saúde, gestores, entidades de classe e do próprio usuário que interferem na estruturação da Cultura de segurança do paciente. Em contrapartida, temos o estudo 1331, que também avalia o uso da pulseira de identificação em unidades de internação, e que evidenciou o compromisso dos profissionais no processo de identificação dos pacientes, por meio da alta taxa de conformidades das pulseiras. Os autores do artigo 1230 analisaram o impacto de ações educativas nos resultados do indicador de adesão à verificação da pulseira de identificação de pacientes, antes da realização de cuidados de maior risco. Os achados evidenciaram que as estratégias educativas alavancaram a adesão dos profissionais à verificação da identificação do paciente, com repercussão favorável na Cultura de segurança do paciente. Os estudos 924 e 1028 pesquisaram a questão da higienização das mãos na segurança do paciente pediátrico. O estudo 1028 constatou que a formação acadêmica do profissional é pouco efetiva para a construção de uma Cultura de lavagem das mãos e o estudo 924 aponta para baixa adesão à prática de higienização das mãos associada à estrutura inadequada nas instituições, conforme preconizado nas diretrizes estabelecidas pela OMS (Organização Mundial de Saúde)25 e ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)26. Temos no estudo 1129 uma abordagem que analisa e relaciona o registro de informações dos checklists com os objetivos do Programa cirurgias Seguras salvam vidas27. Evidenciou-se elevada frequência dos itens respondidos, porém, a não completude dos registros pela equipe cirúrgica, permitiu identificar potenciais riscos cirúrgicos provenientes de ações de segurança não confirmadas, necessitando de melhorias nas ações em busca da qualificação da assistência para a promoção da Cultura de segurança. CONCLUSÕES O objetivo desse estudo foi alcançado a partir do momento que permitiu identificar a produção científica da enfermagem dos hospitais de ensino brasileiros em relação à Cultura de segurança do paciente, evidenciando ainda um crescimento expressivo dessa nos últimos três anos, período que coincide com a criação do Programa Nacional de Segurança do Paciente. Da análise e discussão dos resultados surgiram dois eixos temáticos: 1- Avaliação da Cultura de Segurança REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 do paciente por meio da realização de pesquisas sobre a temática: os pesquisadores utilizaram preditores (o SAQ e o HSOPSC) sobre escores de segurança do paciente como importante ferramenta para diagnosticar, planejar, intervir e executar atividades para melhorar os domínios que precisam ser aprimorados, além de evidenciar fatores intrínsecos e extrínsecos dos profissionais que precisam de atenção. 2 - A pesquisa científica e sua contribuição na avaliação da Cultura de Segurança do paciente: Os pesquisadores procuraram divulgar através da pesquisa questões ligadas às iniciativas, experiências exitosas, estratégias adotadas, dificuldades e barreiras encontradas em relação à Cultura de segurança do paciente nos hospitais de ensino. Como limitação do estudo, pode-se apontar a restrição dos cenários aos hospitais de ensino brasileiros, sugerindo que novas pesquisas que utilizem o método de Revisão Integrativa ou Sistemática sejam realizadas incluindo hospitais de ensino em outros países para, dessa forma, preencher as lacunas existentes neste estudo. Além disso, novos estudos podem mensurar o clima de segurança, explicar a presença de microculturas nas instituições de saúde e propor novas estratégias de discussão sobre o tema, buscando cada vez mais um cuidado de saúde seguro e livre de danos. A Cultura de Segurança tem a prevenção de erros como prioridade para todo: alta liderança, gestores, profissionais, pacientes e familiares. E para que isso ocorra, é necessário que as instituições de saúde criem barreiras que melhorem o processo de trabalho dos profissionais, por meio do emprego de sistemas que impossibilitem a ocorrência do mesmo, além de tornar mais difícil para os profissionais fazerem o errado e mais fácil fazerem o certo. É necessário que as Instituições de Saúde adotem uma Cultura de Aprendizado (aprender com os erros) e não uma Cultura de Punição, a qual busca instituir culpados por falhas eminentemente resultantes de sistemas mal estruturados e mal desenhados. REFERÊNCAS 1. Ministério da Saúde, Fundação Oswaldo Cruz, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Documento de referência para o programa nacional de segurança do paciente. Brasília: Ministério da Saúde; 2014 [acesso em 08 mar 2016]: 7. Disponível em: http://proqualis.net/sites/proqualis.net/files/ documento_referencia_programa_nacional_seguranca.pdf 2. Kohn LT, Corrignan JM, Donaldson MS, editors. 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Tendo como objetivo geral levantar publicações científicas de enfermagem sobre pessoas idosas estomizadas no recorte temporal de 2005 a 2015 e como objetivos específicos analisar as principais dificuldades vivenciadas por esses indivíduos, descrevendo as estratégias de enfermagem frente a tais dificuldades. Trata-se de um estudo exploratório, descritivo, realizado por meio de revisão integrativa da literatura. As buscas foram realizadas nas bases de dados LILACS, BDENF, MEDLINE, IBECS e SciELO por meio da associação dos descritores idoso, enfermagem, colostomia. Como resultados tem-se as dificuldades enfrentadas pelos idosos, destacando-se desconhecimento, ansiedade e medo, dentre as estratégias de enfermagem destacouse a educação em saúde. Concluiu-se que as pessoas idosas estomizadas demandam um cuidado que ultrapasse as orientações realizadas em um plano de alta, pois o cuidado a estes necessita ser integral, propiciando abordagens diferenciadas aos diversos contextos nos quais estão inseridos, inclusive no seu âmbito familiar. Palavras-chave: Idoso; Enfermagem; Colostomia; Enfermagem; Gerontologia. ABSTRACT In the aging process, the human being goes through several changes as among the consequences of certain chronic disease with the aging process, it is colostomy. Hence, the study is guided by the question: what is the scientific evidence of Nursing about colostomy elderly from 2005 to 2015? With the overall goal to raise scientific publications on Nursing colostomy in elderly in the time frame 2005-2015 and the specific objectives, to analyze the main difficulties experienced by these individuals, describing the Nursing strategies to the difficulties. It is an exploratory and descriptive study, conducted through an integrative literature review. The searches were conducted in the databases LILACS, BDENF, MEDLINE, SciELO and IBECS; and through the association of descriptors elderly, nursing and colostomy. The results showed the difficulties faced by older people, especially ignorance, anxiety, fear, and, among the nursing strategies stood out health education. It was concluded that the colostomy elderly require care that exceed the guidelines made in a high level, because the care they need to be full, providing different approaches to the various contexts in which they are inserted, including the family environment. Keywords: Elderly; Colostomy; Nursing; Gerontology; Nursing. NOTA 1 Enfermeira e discente do curso de especialização em enfermagem gerontológica pela Universidade Federal Fluminense. [email protected] Enfermeiro Gerontólogo e Mestre em Ciências do Cuidado em Saúde pela Escola de Enfermagem Aurora Afonso Costa (EEAAC), Universidade Federal Fluminense (UFF). [email protected] 2 3 Enfermeiro. Especialista em Controle de Infecção pela EEAAC/UFF. Mestre em Medicina Tropical pela FIOCRUZ. [email protected] Enfermeira. Doutora em enfermagem. Professora Associada da EEAAC/UFF. Coordenadora do curso de Especialização em Enfermagem Gerontológica na EEAAC/UFF. [email protected] 4 5 Enfermeira. Mestre e doutoranda em Ciências do Cuidado em Saúde pela EEAAC/UFF. [email protected] 6 Enfermeira. Doutora em enfermagem. Vice-Diretora e Professora Associada da EEAAC/UFF. [email protected] Os autores declaram que não houve conflitos de interesse na concepção deste trabalho. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 41 42 C o s t a A T , S a n t a n a P P C , Te i x e i r a P A , S a n t o F H E , F l a c h D M A M , A n d r a d e M Dentre as transformações ocorridas no decorrer do século XX destaca-se a mudança no perfil de morbidade e mortalidade da população, que resultou em um crescimento total no número de pessoas idosas de 55,3% em um intervalo de 25 anos − 1980 a 20051. Destaca-se nesses números, a faixa de idade com mais de 80 anos, que apresentou um crescimento de 246% segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)2, alterando a composição interna do próprio grupo de pessoas idosas e revelando uma heterogeneidade de características deste segmento populacional, o que vem refletir a ocorrência do que denominamos como transição demográfica acelerada. As estimativas do IBGE indicam que, no ano de 2025, o Brasil deverá ter um contingente de 34 milhões de idosos, representando 15% da população total, podendo ocupar o lugar de sexta população idosa do mundo nesta mesma época3. Uma das modificações frequentes durante o processo de envelhecimento é o surgimento das Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT’s), que são doenças multifatoriais de longa duração, desenvolvidas no decorrer da vida, também consideradas um sério problema de saúde pública e atualmente são responsáveis por aproximadamente 63% das mortes no mundo4. Caracterizadas por possuírem fatores de risco em comum e por necessitarem de tratamento contínuo, estão entre elas o câncer, diabetes, doenças do aparelho circulatório e respiratório. Dentre algumas das consequências de certas DCNT’s junto ao processo de envelhecimento, está o processo de confecção de uma colostomia definido pela Associação Brasileira de Ostomizados (ABRASO) como a cirurgia da vida. Sua necessidade advém de processos inflamatórios agudos, crônicos e hereditários, incontinência anal, traumas abdominais e perineais, doenças congênitas e oncológicas, concluindo que as causas em sua maioria são as doenças crônicas5. Uma ostomia consiste na exteriorização de certa porção de uma víscera oca do corpo com destino a uma bolsa coletora externa6. Por essa abertura ocorre a eliminação das fezes, urina e/ou outros fluidos corpóreos4. É um processo que salva vidas, porém pode se mostrar traumático por exigir uma mudança cotidiana para o indivíduo e aqueles que convivem com ele, pois o ostoma, por suas características, não poderá ser controlado voluntariamente. Considerandose os tipos de ostomia, a colostomia é a mais frequente e caracteriza-se pela exteriorização do cólon através da parede abdominal com o objetivo da eliminação fecal7. O Idoso e a estomia De acordo com a etiologia da doença, o cirurgião indica a realização de um estoma temporário ou definitivo. Os temporários são aqueles que posteriormente permitirão o restabelecimento da continuidade do trato intestinal, desde que se tenha resolvido o problema que levou ao procedimento. Os definitivos ou permanentes REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 são realizados quando não existe a possibilidade de restabelecer o trânsito intestinal, uma vez que o segmento distal do intestino foi extirpado8. Além das mudanças de caráter fisiológico, descrevese que mudanças na vida destas pessoas podem gerar consequências psicológicas e sociais (...) Conviver com outro “membro” em seu corpo poderá causar medos, constrangimentos e dúvidas a estas pessoas9. Ainda no que se trata de modificação da estrutura corpórea e cotidiana, afirma-se que, nesta vivência, atividades que parecem simples como vestir-se, tomar banho, cozinhar, ou andar de ônibus são extremamente valorizadas10. Isto requer do enfermeiro atenção aos aspectos sociais desta mudança. Diante do processo de envelhecimento, o ser humano trilha diversas mudanças que necessitam de um novo olhar na ótica da complexidade, ou seja, em que haja uma reabilitação gradativa com vistas à sua adaptação à nova condição – idoso com estomia. Os idosos estomizados, objetos deste estudo, são sujeitos com potencialidades, porém apresentam maior fragilidade, incertezas e medos não exteriorizados, devido às mudanças que ocorrem em seu corpo e frente às novas responsabilidades que devem assumir com a manutenção de um novo dispositivo11,12. A prática de enfermagem baseada em evidências permite a implementação de intervenções efetivas na assistência à saúde do idoso estomizado. Nesse sentido, o presente estudo procurou responder a seguinte questão: quais as evidências científicas de enfermagem acerca das pessoas idosas estomizadas? O objetivo geral deste estudo foi analisar a atenção a idosos estomizados e como objetivos específicos pretendeuse analisar as principais dificuldades vivenciadas por esses sujeitos e descrever as estratégias de enfermagem frente às dificuldades vivenciadas por eles. Justifica-se pelo crescimento do número de pessoas idosas, que de fato resultará em um maior número absoluto de idosos em condições de vulnerabilidade, apesar de haver redução no número de adoecimento desta faixa etária devido às ações de prevenção de doenças e melhoria nas práticas assistenciais13. Esse quadro resulta no aumento da demanda para o cuidado e na enfermagem gerontogeriátrica, na qual a principal meta no cuidado é a manutenção da autonomia e da capacidade funcional do idoso. O cuidado ao idoso estomizado pode ser visto como um desafio devido às experiências vivenciadas por ele que são diversas e modificam-se no decorrer do tempo, mais do que se comparadas aos mais jovens. METODOLOGIA Trata-se de um estudo exploratório e descritivo, realizado por meio de revisão integrativa da literatura. Este método de investigação viabiliza a busca, avaliação E v i d ê n c i aA s R s oT b rIeGi dOo s oOs R e sIt G o mIi N z aA d oLs crítica e a síntese das evidências disponíveis sobre o tema. Para que seja realizada a revisão integrativa de literatura é necessário que o pesquisador siga as seis etapas inerentes a esse método14. Na primeira etapa foi realizada a escolha da temática de pesquisa e a delimitação da questão que norteou a revisão integrativa. Em seguida, houve o estabelecimento dos critérios de inclusão e de exclusão dos estudos e a busca na literatura14. Foram considerados os seguintes critérios de inclusão: artigos que abordassem pessoas acima de 60 anos de idade; artigos publicados em português, inglês ou espanhol, que fossem localizáveis com os descritores “Colostomia”, “Idoso” e “enfermagem”; artigos em que pelo menos um dos autores possuíssem graduação em enfermagem, recorte temporal de dez anos (2005-2015), considerando a aprovação das portarias que garantem direitos aos portadores de Estomias. Como critério de exclusão, optouse pela eliminação dos artigos que não estivessem em conformidade com os objetivos do estudo e aqueles de acesso indisponível. Os dados sobre o tema foram levantados nas bases de dados: Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Base de Dados de enfermagem (BDENF), MEDLINE (Literatura Internacional em Ciências da Saúde), IBECS (Instituto Brasileiro De Ensino Em Ciências Da Saúde) e a Biblioteca da SciELO (CientificElectronic Library Online). A busca dos artigos publicados deu-se por meio da associação em duplas e um trio dos descritores Colostomia, Idoso, Enfermagem, conforme sugerido pelo portal de Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), com o uso do operador booleano AND. Também foram utilizados os respectivos correspondentes dos descritores supra nos idiomas inglês e espanhol. Na terceira etapa ocorreu a categorização dos estudos com objetivo de agrupá-los de maneira clara para facilitar a compreensão dos tópicos abordados14. Para organizar os estudos foi confeccionada uma tabela no software Microsoft Office Excel 2010 com as seguintes variáveis: ano de publicação, base de dados, periódico, título do artigo e principais resultados (síntese). Na quarta etapa foi realizada a avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa. Os estudos foram analisados criticamente para que fosse possível explicitar resultados semelhantes ou conflitantes entre eles. A interpretação dos resultados, quinta etapa deste estudo, foi composta pela discussão dos resultados da pesquisa, o que exigiu a comparação dos estudos realizados com o conhecimento teórico. Na sexta e última etapa foi apresentada a revisão/ síntese do conhecimento. Essa etapa consiste na elaboração do documento que deve conter as etapas percorridas pelo revisor para o alcance dos resultados. Cabe ressaltar que a quinta e sexta etapas foram cumpridas ao longo do corpo textual. A coleta de dados foi realizada no mês de dezembro de 2015 e janeiro de 2016. Entre as produções encontradas foram selecionadas apenas aquelas que passaram pelo crivo dos critérios de inclusão e exclusão deste estudo. RESULTADOS Feitas as associações dos descritores nas bases de dados, foram encontrados (E) 100 artigos e selecionados (S) 18, sendo na LILACS 20 (E) e 11 (S), MEDLINE 66 (E) e 01 (S), BDENF 11 (E) e 04 (S), IBECS 02 (E) e 1(S) e, SciELO 01(E) e 1(S), conforme quadro 1. Quadro 1. Quantitativo (n) dos artigos encontrados (E) e selecionados (S) após revisão integrativa por base de dados. Niterói - RJ, 2016. BASE DE DADOS LILACS BDENF MEDLINE IBECS SCIELO SOMATÓRIO POR TERMO DESCRITORES “IDOSO” and “COLOSTOMIA” and “ENFERMAGEM” E S 20 11 11 04 66 01 02 01 01 01 100 18 No quadro 2 encontra-se a síntese dos artigos selecionados para a composição da discussão. Observa-se que existe uma predominância de artigos publicados em revistas de enfermagem, não especializadas no assunto. Quanto ao ano de publicação, ao longo desses dez anos, não houve um aumento na produção acerca do assunto abordado. Não foram encontradas publicações sobre a temática nos anos de 2006 a 2007; em 2005, 01 (5,56%) artigo; em 2008 e 2009, 2(11,11%) e 02 (11,11%) artigos, seguido por 2010 e 2011 com 01(5,56% e 5,56%) artigo cada um. O maior quantitativo de artigos publicados foi registrado nos anos de 2012 e 2014 – 05 (27,78%) artigos e 03 (16,67%) artigos –, respectivamente; em 2013 foram produzidos 02 (11,11%) artigos e em 2015, 01 (5,56%) artigo somente foi encontrado. Na região Sudeste do país a pesquisa com idosos ostomizados se apresenta em maior número, sendo 08 (44,44%) artigos encontrados; seguida pela região Sul com 06 (27,78%) artigos concentrados na mesma área, inclusive. Na região Nordeste foram produzidos 02 (11,11%) artigos e na região Centro-oeste apenas 01. Foram encontrados 02 (11,11%) artigos internacionais, sendo 01 (5,56%) da Espanha e 01 (5,56%) EUA. Identificaram-se os locais da pesquisa com a seguinte distribuição: Rio Grande 05 (27,78%) e Florianópolis 01(5,56%) artigos. São Paulo, 04 (22,22%); Rio de Janeiro, 02(11,11%) e Minas Gerais 02 (11,11%) artigos. No Piauí, 01 (5,56%); 01 (5,56%) no Ceará; 01 (5,56%) em Brasília e 02 (11,11%) fora do Brasil. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 43 44 C o s t a A T , S a n t a n a P P C , Te i x e i r a P A , S a n t o F H E , F l a c h D M A M , A n d r a d e M Quadro 2. Quadro-síntese dos principais resultados por ano, base de dados, revista, título do artigo e resultados. Ano Base de dados Revista 2015 IBECS Metas enferm 2014 BDENF REAS (Internet) 2014 MEDLINE Supportcarecancer 2014 LILACS Rev.BrasEnferm 2013 LILACS REME 2013 BDENF RENE 2012 LILACS Cad. Saúde Colet. 2012 SciELO Texto Cont. Enferm 2012 LILACS Rev Bras Enferm 2012 LILACS Rev Gaúcha Enferm. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 Título do artigo Resultados e nível de evidência A fim de melhorar a aumentar a qualidade de vida dos pacientes Calidad de vida en los pacientes ostomizados, profissionais e práticas ostomizados un año despues de especialistas são necessários, de lacirugía este acompanhamento irá prevenir o desenvolvimento de complicações do estoma.2C O enfermeiro pode exercer influência Aspectos clínicos e sobre a adaptação à nova condição de epidemiológicos de vida e sua reinserção social por meio do estomizados intestinais de um cuidado oferecido a esse paciente e da município de Minas Gerais educação em saúde. 2C Caregivers as Healthcare Os profissionais de saúde envolvidos no Managers: Health Management ensino de cuidadores geralmente têm Activities, Needs and Caregiving como foco as necessidades físicas de Relationships for Colorectal sobrevivência.2C Cancer Survivors with Ostomies Entende-se por ações ecossistêmicas, a construção de um ambiente Ações ecossistêmicas e terapêutico, garantia de acesso físico gerontotecnológicas no cuidado e adaptações ambientais. Por ações de enfermagem complexo ao gerontotecnológicas, o processo idoso estomizado. educativo com cartilhas ou manuais acerca das orientações para cuidados com estomias. 2C O enfermeiro, devido à proximidade gerada pelo maior contato com o A estomia mudando a vida: paciente, pode auxiliá-lo a descobrir as enfrentar para viver estratégias disponíveis para o melhor enfrentamento da condição de ser estomizado. 2C A complexidade da assistência de enfermagem prestada ao estomizado Prática de autocuidado de remete à imprescindível compreensão estomizados: contribuições da das modificações que ocorrem em teoria de orem sua vida e como ele vivencia todo processo.2C A base de dados informatizada O perfil dos pacientes caracteriza-se como uma preciosa estomizados com diagnóstico ferramenta gerencial, pois oferece primário de câncer de reto agilidade no acesso aos dados em acompanhamento em fundamentais ao planejamento dos programa de reabilitação. rumos da assistência no programa em foco.2C A pedagogia freireana revelou-se Plano de cuidados como um instrumento facilitador compartilhado junto a clientes naaprendizagem de clientes estomizados: a pedagogia estomizados no âmbito Freireana e suas contribuições de uma proposta educativa do à prática educativa da cuidado de enfermagemno contexto enfermagem. ambulatorial.2C Os ambientes de cuidado refletem o contexto de fragilidade e necessidade Ser humano idoso estomizado de cuidado do idoso com estomia, em e ambientes de cuidado: meio a um processo circular e recursivo. Reflexão sob a ótica da E necessário, assim, um conhecimento complexidade técnico-cientifico adequado e humanizado/ampliado do enfermeiro.2C A gerontotecnologia é vista como um Gerontotecnologia educativa instrumento que serve como tecnologia voltada ao idoso estomizado à contributiva para o cuidado à saúde do luz da complexidade. idoso estomizado.2C E v i d ê n c i aA s R s oT b rIeGi dOo s oOs R e sIt G o mIi N z aA d oLs Quadro 2. Continuação Ano Base de dados Revista Título do artigo 2012 BDENF Rev. Latino-Am. Enfermagem Associação dos fatores sociodemográficos e clínicos à qualidade de vida dos estomizados. 2011 LILACS Revista Brasileira de Enfermagem Autoimagem de clientes com colostomia em relação à bolsa coletora. 2010 LILACS Rev. enferm. UERJ A percepção de si como ser-estomizado: um estudo Fenomenológico 2009 BDENF 2009 LILACS 2008 LILACS 2008 LILACS 2005 LILACS Resultados e nível de evidência O estoma e o câncer, para os sujeitos pesquisados, não representam impacto negativo em suas vidas, desde que sejam assistidos de maneira humanizada e sistematizada pelos enfermeiros.2C A proposta de estímulo ao autocuidado tem sido descrita como uma alternativa terapêutica que possibilita que o paciente participe ativamente do seu tratamento, estimulando a responsabilidade na continuidade do cuidado pós alta hospitalar.2C O ser estomizado é compreendido na sua singularidade como expressividade corporal que revela a sua vivência existencial e experiência na perspectiva de seu processo de adoecimento.2C Os sentidos de ser homem A enfermagem tem papel crucial no com estoma intestinal por reconhecimento das subjetividades Rev. Latino-Am. câncer colorretal: Uma masculinas dos homens com colostomia, Enfermagem abordagem na antropologia das construídas no convívio sociocultural.2C masculinidades O cuidado afetivo revela-se como um suporte no sentido de auxiliar o O cuidado à pessoa portadora portador de estomia a melhorar sua Rev. Enferm. UERJ de estomia: o papel do Familiar autoestima e autoimagem; cada família cuidador é única e passa por esse processo de maneira própria. 2C Espera-se a reflexão e a utilização dos conhecimentos pelos profissionais Estratégias de enfrentamento Rev. Latino-Am. assistenciais e de ensino, que (coping) de pessoas Enfermagem possam identificar as estratégias de ostomizadas. enfrentamento à luz do referencial de coping, utilizadas pelos ostomizados; 2C Os cuidados de enfermagem carecem O cuidado de enfermagem à Revista da Rede de de reformulação e reconstrução do pessoa idosa estomizada na Enfermagem do Nordeste entendimento acerca da estomia como perspectiva da complexidade parte de uma nova imagem corporal. C4 A articulação das ações de saúde A trajetória do grupo de apoio à em parcerias interinstitucionais, pessoa ostomizada: projetando interdisciplinares e interpessoais Texto Contexto Enferm Ações em saúde e fomenta a aprendizagem, a produção e compartilhando vivências e socialização do conhecimento de todos saberes os envolvidos.2C Sobre o tipo e objetivos, dos dezoito estudos, 13 (72,22%) foram de abordagem qualitativa, 01 (5,56%) multicêntrico e 03 (16,67%) quantitativos. Foram encontrados 14 (77,78%) artigos descritivos, 02 (11,11%) etnográficos, 01 (5,56%) observacional e 01 (5,56%) convergente assistencial. Nos 18 artigos selecionados, quanto à formação das autoras, verificou-se que em todos eles participaram enfermeiras (100%) e em 15 (83,3%) artigos foram encontradas exclusivamente enfermeiras como autoras. Participaram 03 (16,67%) médicos, 03 (16,67%) acadêmicos de enfermagem, 01 (5,56%) terapeuta ocupacional, 01 (5,56%) psicóloga e 01 (5,56%) administradora. Foi observada a diferença de termos utilizada entre os artigos ao se tratar da ostomia. Em 12 (66,67%) dos estudos os autores referem o tema como estomia/estomização e em 06 (33,3%), ostomia/ostomização. No presente estudo, optou-se em utilizar os termos “estoma/confecção de um estoma” (de maneira genérica) ou “colostomia/confecção de uma colostomia” (de maneira específica), conforme o preconizado pela Associação Brasileira de Estomaterapia (SOBEST). Nota-se, portanto, em relação ao nível de evidência, que a maioria dos artigos possui classificação intermediária (2C) pelos seus resultados apresentarem relativo ou baixo REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 45 46 C o s t a A T , S a n t a n a P P C , Te i x e i r a P A , S a n t o F H E , F l a c h D M A M , A n d r a d e M potencial de refletir na prática clínica, logo, a necessidade de que mais estudos que venham contribuir nesta perspectiva. Tabela 1. Número de artigos publicados acerca da colostomia em idosos, com base nas produções científicas nacionais e internacionais, por periódico – 2005 a 2015. Número de artigos publicados Periódico Metas de Enfermería 01 Revista de Enfermagem e Atenção à Saúde 01 Latino Americana de Enfermagem 03 Cadernos de Saúde Coletiva 01 Texto & Contexto Enfermagem 02 Revista Brasileira de Enfermagem 02 Revista Gaúcha de Enfermagem 01 Revista Mineira de Enfermagem 01 Revista de Enfermagem UERJ 02 Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste 02 Revista Brasileira de Enfermagem de Brasília 01 SupportCareCâncer 01 Total 18 DISCUSSÃO Após análise dos referidos artigos foram criadas duas categorias: dificuldades enfrentadas pela pessoa idosa colostomizada e Estratégias de enfermagem no enfrentamento das dificuldades vivenciadas pelos idosos colostomizados. pela pessoa idosa O idoso colostomizado demanda ações de cuidados peculiares ao seu novo estado de saúde, tendo como uma das principais dificuldades a aceitação de sua nova condição, que a princípio é vista como debilitante para o convívio social e pode resultar em dependência para o cuidado consigo mesmo15,16. A colostomia pode incidir como um marcador temporal na vida dos idosos, apresentando o limiar entre o antes e o após de uma vida com novas demandas de cuidado e assistência, sendo importante a promoção do autocuidado que poderá ser praticado na medida em que o idoso aprende a conviver com a bolsa de colostomia15, 17. A pessoa idosa poderá experienciar uma situação de envelhecimento somada a confecção de um estoma, que pode resultar em sentimentos negativos e depreciação da própria imagem, além de alterações no humor. Esta situação poderá agravar ainda mais o estado do indivíduo, REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 O processo de aceitação pode ser longo e duradouro quando o idoso desconhece aquele novo mundo no qual passa estar inserido. O idoso começa a viver um estado de ansiedade, pois desconhece a colostomia, e somente após entender essa nova realidade será capaz de criar novos meios para se readaptar ao seu cotidiano social21,22,16,9. O dano corporal provocado pela confecção do estoma, como a violação do corpo para higienização e a perda da função regulatória nas eliminações intestinal/urinária, irá diminuir a qualidade de vida do idoso. Esse indivíduo necessitará rever hábitos diários, como a nutrição e manipulação do estoma15, 18-19, 23-25, 9. A realização dos exames de colonoscopia e toque retal estão entre os exemplos do rompimento da integridade física e psicossocial do idoso que detém diagnóstico favorável à condição de se tornar colostomizado. Esses danos são relatados no sexo masculino como um rompimento da sua condição de intocável, resistente e forte, que pode ser agravada pelo medo destes sujeitos na manutenção da atividade sexual18,20. Fonte: Elaboração própria Dificuldades enfrentadas colostomizada que poderá negar o tratamento e perder o gosto pela vontade de continuar lutando pela vida15,18,19,20. Salienta-se que as modificações advindas com a colostomia têm impacto significativo na manutenção das atividades sexuais dos pacientes. Em muitos casos, os indivíduos não conseguem manter a performance anterior ao procedimento, entrando em diversos conflitos psicossociais esse problema pode incidir em destruição do espaço familiar e agravar as dificuldades da pessoa idosa colostomizada19,26. Uma das formas que os idosos mencionam para fugir do estigma e melhorar sua relação social é ocultar a bolsa de colostomia com o uso de roupas que não permitam a visualização do seu estado de saúde e, dessa forma, possibilite tentar viver como as demais pessoas, sentindo-se “normal”23. Nesse cenário sombrio de queda da autoestima a família poderá funcionar como fonte de apoio frente essa nova condição. Nesse laço familiar, ações positivas, irão implicar na diminuição do medo e redução do sofrimento e dor, que possivelmente permearão o idoso colostomizado. O núcleo familiar é fundamental para que o idoso não venha a isolar-se socialmente27,22,24. Em muitos casos a própria organização do sistema de atendimento nos serviços de saúde se mostra como fator que dificulta a vida dos idosos com essa demanda de cuidado. Muitos pacientes caminham um longo percurso permeado por burocracia e dificuldades de recursos no atendimento, tais como inúmeros encaminhamentos entre diferentes instituições, longos agendamentos, realização de exames, afastamento das atividades laborais, recursos econômicos18. A organização do sistema é relevante, mesmo após a conquista do atendimento e a realização da estomia pois devido à condição financeira dos idosos há o receio de não conseguirem gratuitamente a bolsa de colostomia E v i d ê n c i aA s R s oT b rIeGi dOo s oOs R e sIt G o mIi N z aA d oLs conforme necessidade posterior. Assim, há uma insegurança no atendimento oferecido pelo sistema público de saúde24. Estratégias de enfermagem no enfrentamento das dificuldades vivenciadas pelos idosos colostomizados A educação em saúde é uma das ferramentas mais determinantes no enfrentamento das dificuldades encontradas pelos idosos colostomizados, uma vez que através do diálogo se permite o compartilhar de saberes e práticas acerca dessa nova condição de vida no idoso, além de promover o autocuidado, possibilitando a melhora da qualidade de vida e inserção nos diferentes grupos sociais 29, 17, 11, 27, 23, 16, 9, 25, 19-20 . O idoso que vivencia a condição de ser estomizado necessita de uma abordagem integrale de acordo com os princípios universais de cuidado a saúde, uma vez que é um sujeito com opiniões próprias, contexto sociocultural único e vivências singulares, portanto com uma autenticidade única17,30-31,22,16. A notícia da confecção de uma colostomia ao idoso dever ser uma das principais abordagens na qual o profissional de saúde deve estar preparado. O enfermeiro poderá ajudar ao idoso informando estratégias de cuidado a sua nova condição e oferecendo suporte para esse paciente, possibilitando que este sinta-se seguro e tenham vontade de superar a condição debilitante na qual se encontra17,26,9. O enfermeiro pode ajudar o idoso com suas demandas de cuidado, uma vez que além de dar suporte poderá ser um profissional com escuta atenta, que permitirá que esse idoso se sinta seguro e motivado a continuar lutando pela vida e não caia numa condição de isolamento ou segregação social por causa da condição de saúde17. A família também se apresenta como um grande elemento de enfrentamento do problema e pode facilitar o processo de adaptação do estoma, além de estimular o idoso para melhorar sua qualidade de vida e gerar dados aos enfermeiros para diferentes estratégias de enfrentamento e superação. Uma vez que ninguém conhece mais esse idoso do que seu próprio familiar17-18,11,23-24,28,25. A força advinda dos familiares e amigos dos idosos pode ajudar o paciente a vencer os sentimentos negativos e falta de esperança. O enfermeiro deverá nesse momento praticar um cuidado que oportunize esse processo e, portanto, que permitia a reabilitação psicossocial do idoso mesmo antes do pré-operatório até sua posterior reinserção social19,26,28,9,20. A abordagem intersetorial e multidisciplinar permite a propagação de conhecimentos e atitudes positivas para enfrentar as diversas dificuldades na colostomia, além de permitir aos idosos dividir suas experiências com outros sujeitos em situação semelhante e, dessa forma, sentirem mais seguros com a condição na qual se encontram19,22,28-29. Na literatura, sugere-se a importância do grupo de estomizados, onde idosos com características e demandas de saúde semelhantes são capazes juntos, de reconstruir seus significados acerca das suas condições e demandas de saúde, a fim de aperfeiçoar as estratégias de enfrentamento e conseguirem rapidamente sanar dúvidas acerca da estomia. Assim, o enfermeiro poderia ser um profissional facilitador dessa estratégia e permitir no rol dos pacientes atendidos uma nova abordagem do cuidar e fazer saúde17,22,9,19-20. CONCLUSÃO As evidências da pesquisa explicitam que estão entre as dificuldades enfrentadas pela pessoa idosa estomizada, o desconhecimento, a ansiedade, o medo, as alterações nutricionais e de lazer, as alterações da imagem corporal, o rompimento da integridade física e psicossocial, a manutenção da atividade sexual e recursos financeiros. Desta forma, estas pessoas demandam um cuidado voltado às peculiaridades inerentes ao processo de envelhecimento. Os cuidados com a colostomia exigem que seu portador possua conhecimento a fim de evitar problemas de cicatrização, infecções e até mesmo odores provenientes da bolsa, um dos problemas que mais afetam as pessoas idosas estomizadas responsáveis pelo constrangimento. Desta forma, é necessário que a pessoa idosa portadora de ostomia tenha as informações que colaborem para o processo de compreensão de sua nova condição, visto que se trata de um procedimento invasivo, doloroso físico e emocionalmente. A educação em saúde da pessoa idosa colostomizada se mostrou como estratégia mais eficaz no processo adaptativo deste procedimento e não apenas para o seu portador, mas também para a família, que em sua maioria, tem um membro como cuidador. O cuidado de enfermagem tem como objetivo promover o autocuidado e a autonomia da pessoa idosa e dedica-se à escuta atenta e à motivação para que esta clientela não venha a isolar-se socialmente. Visando evitar o isolamento, os grupos de ostomizados são sugeridos por reunir pessoas em condições semelhantes e que buscam aperfeiçoamento de suas estratégias de enfrentamento, pois é um espaço de troca de conhecimentos, onde o enfermeiro torna-se mediador, um profissional facilitador dessa estratégia, e permite a inserção de uma nova abordagem do cuidar, oriunda de equipes multidisciplinares para um suporte biológico, psicológico e social. Tendo em vista as dificuldades e estratégias de enfrentamento, conclui-se que o enfermeiro gerontológo possui conhecimentos que possibilitam que a qualidade de vida se perpetue nesse segmento populacional, minimizando os danos à medida que conhece a condição e limites da pessoa idosa e percebe a importância do autocuidado e manutenção da sua qualidade de vida. Considerando que a atenção às pessoas ostomizadas exige estrutura especializada e profissionais capacitados, conforme a Portaria Nº 400, de 16 de novembro de 2009, conclui-se que existe a necessidade de capacitação dos REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 47 48 C o s t a A T , S a n t a n a P P C , Te i x e i r a P A , S a n t o F H E , F l a c h D M A M , A n d r a d e M profissionais envolvidos na gestão dos serviços de saúde, visto que nesta busca não foram encontrados artigos que relatassem conhecimento acerca desta portaria. Além disso, o estudo permitiu, por meio da busca na literatura, uma avaliação crítica e síntese das evidências atuais disponíveis sobre idosos estomizados, com a implementação de intervenções efetivas na assistência à saúde dessa clientela e identificação de lacunas para direcionar o desenvolvimento de futuras pesquisas. O estudo traz como importante consideração a necessidade da participação ativa do profissional de enfermagem atrelada à especialidade em gerontologia como complemento ao cuidado da pessoa idosa estomizada. Por fim, destaca-se a necessidade de realização de pesquisas com metodologias de maior nível de evidência sobre a atenção aos idosos estomizados, por enfermeiros, fortalecendo o conhecimento quanto a esta temática baseada em evidências científicas que conduzam práticas mais especializadas. REFERÊNCIAS 1. Oliveira, LPBA, Menezes RMP. Representações de fragilidade para idosos no contexto da estratégia da saúde da família. Texto & Contexto Enfermagem [internet]. 2011 [acesso em 02 abr 2016]; 20(2): 301-9. Disponível em: http://www. scielo.br/pdf/tce/v20n2/a12v20n2. 2. Brasileiro de Geografia e Estatística [Internet]. Projeção da População do Brasil por sexo e idade: 1980–2050 - Revisão 2008 [acesso em 02 abril 2016]. 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Método: Revisão integrativa realizada em janeiro de 2016, na Lilacs, Medline, Biblioteca Digital de Teses e Dissertações e Google Acadêmico, utilizando a estratégia PVO - P (problema/população): Insuficiência Renal Crônica; Diálise Renal; Fístula Arteriovenosa; V (variáveis do problema): Estética; O (outcomes/resultados): Autoimagem; Imagem Corporal. Incluíram-se as publicações disponíveis em português, inglês e espanhol, publicados no período de 2010 a 2015 e que tratavam da temática. As publicações foram lidas, analisadas, sumarizadas e discutidas. Resultados: A amostra final de 28 publicações apontou que o aspecto estético decorrente das fístulas e da presença de cateteres são as principais causas da autoimagem negativae implicam em complicações psicossociais, como sofrimento e sentimento de inferioridade. Outras alterações estéticas identificadas foram a baixa estatura, ganho e perda de peso e palidez. Conclusão: São necessários conhecimentos que desvelem a percepção do sujeito sobre seu corpo e que guarde valoração subjetiva de vivência diante da doença e sua estética. Palavras-chave: Insuficiência renal crônica; Estética; Autoimagem. ABSTRACT Objective: To identify in literature aesthetics changes resulting from chronic kidney disease (CKD) and its treatment and complications associated with changes in self-image. Method: Review study conducted in January 2016 in Lilacs, Medline, Digital Library of Theses and Dissertations and Google Scholar, using PVO strategy: PVO - P (problem/population): Renal Insufficiency, Chronic; Renal Dialysis; Arteriovenous Fistula; V (problem variables): Esthetics; O (outcomes): Self Concept; Body Image. Were included the publications about the theme, available in Portuguese, English and Spanish, published between 2010-2015. The publications were read, analyzed, summarized and discussed. Results: The final sample of 28 publications pointed out that the aesthetic appearance resulting from fistulas and the presence of catheters are the main causes of the negative self-image and involve psychosocial complications such as pain and feeling of inferiority. Conclusion: Knowledge that reveal the perception of the subject on his body and saving subjective experience of valuation on the disease and its aesthetics are required. Other aesthetics changes identified were short stature, gain and weight loss and pallor. Keywords: Renal Insufficiency Chronic; Esthetics; Self Concept. NOTA Enfermeiro, Doutorando em Enfermagem na Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense. E-mail: [email protected] Enfermeira, Doutora em Enfermagem, Professora Associada da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense. E-mail: roserosauff@ gmail.com 3 Enfermeira, Doutora em Enfermagem, Professora Associada da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense. E-mail: elianeramos. [email protected] Os autores declaram ausência de conflitos de interesses. O trabalho foi realizado com recursos próprios dos investigadores. 1 2 REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 E s t é t iAc aRnTa IdGo eOn ç aOr R e nIaG l cI rN ô nAi cLa INTRODUÇÃO Na fenomenologia da percepção, o corpo vem para o primeiro plano da reflexão, revelando-se como o modo através do qual o homem percebe o mundo assim como a si mesmo1. Portanto, ela assimila as formas de relação do corpo com o mundo, impostas pelos estilos de vida e papéis assumidos ao longo da sua existência. Essa experiência, externa e interna, impressa no corpo determina as formas de sentir, perceber, aparecer, mostrar, ver e tocar os seus semelhantes, o que dificulta ou não as relações do indivíduo com o mundo2. Sob este aspecto, o corpo interage com o mundo e produz sentido, inserindo o ser humano em um espaço social e cultural. Ao mesmo tempo em que, com seu corpo, o indivíduo produz sentido e também integra a rede de sentidos do grupo social do qual faz parte. A relação que a pessoa estabelece com o próprio corpo é um elemento constitutivo e essencial da individualidade. E a ruptura desse elemento pela doença tem um significado especial quando nos referimos, por exemplo, à doença renal crônica (DRC)2. A doença renal se desenvolve após injúria renal e se caracteriza por perda lenta, progressiva e irreversível das funções renais. Em sua fase crônica terminal, exige-se a depuração artificial do sangue, por meio de diálise ou transplante renal, os quais acabam provocando sintomas e alterações físicas, como: vômito, perda de peso e cefaleia, que geram complicações associadas, que intereferem no cotidiano do portador3. O corpo biológico somente pode ser percebido por meio de seus representantes os quais o compõem e que são denominados corpo psicológico. Dessa maneira, sobre o substrato constituído pelo corpo anatômico, constrói-se a imagem corporal, que é comumente associada quando uma pessoa fala sobre o seu corpo. Assim, o corpo orgânico é o alicerce onde se apoia a imagem corporal, quando ocorrem modificações biológicas relevantes, como no caso das alterações provocadas pela DRC, que acarretarão, por conseguinte, modificações na imagem corporal2. Na ocorrência de uma doença orgânica a imagem que o indivíduo tem do seu corpo é mudada imediatamente e tais alterações ativam suas emoções, reestruturando sua imagem corporal3. Do exposto, este estudo tem por objetivo identificar na literatura as alterações estéticas decorrentes da DRC e/ou seu tratamento e as complicações associadas às mudanças na autoimagem. MÉTODO A revisão integrativa da literatura científica é um método que permite compreender determinado problema por meio da análise e síntese de estudos sobre o tema. Operacionaliza-se por meio de seis etapas básicas adotadas neste artigo: (1) formulação de questão de pesquisa; (2) estabelecimento de critérios de elegibilidade; (3) coleta de dados; (4) avaliação e análise crítica dos estudos; (5) análise e interpretação dos resultados; e (6) discussão4. Esta revisão objetivou responder à seguinte questão: “Qual o estado da arte sobre as alterações estéticas decorrentes da DRC e seu tratamento, e as complicações associadas a mudanças na autoimagem?”. Os critérios de inclusão delimitados para este estudo foram: publicações que abordassem o tema, independente do desenho e abordagem metodológicos utilizados; publicados na língua portuguesa, inglesa ou espanhola, no período de 2010 a 2015. Foram excluídos editoriais, cartas ao editor, erratas, artigos de opinião, documentos e resumos não encontrados na íntegra ou cuja aquisição fosse mediante pagamento e as publicações repetidas. Entre os dias 15 e 18 de janeiro de 2016 foi realizada varredura nas bases de dados LILACS, MEDLINE, Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) e Google Acadêmico. Para definição do método de busca e identificação de descritores, adotou-se a estratégia PVO: P (problema/população) - Insuficiência Renal Crônica; Diálise Renal; Fístula Arteriovenosa; V (variáveis do problema) – Estética; O (outcomes/resultados): Autoimagem; Imagem Corporal. A estratégia de busca foi determinada pela articulação dos descritores mediante os operadores booleanos OR e AND. As referências retornadas nas bases LILACS e MEDLINE foram exportadas para o programa de gerenciamento de referências Endnote versão 17.0.1, que permitiu a exclusão das publicações em duplicidade e novas filtragens orientadas para o objetivo do estudo. Em se tratando da BDTD e do Google Acadêmico, a pré-seleção de estudos deu-se manualmente. A pré-seleção das publicações retornadas ocorreu em três etapas distintas: (i) pré-eleição das publicações mediante leitura dos títulos, rejeitando-se todos aqueles que não tivessem aproximação com o objeto de estudo; (ii) leitura dos resumos; (iii) leitura dos objetivos e resultados das publicações selecionadas, permitindo uma seleção mais acurada. Uma vez constituída a amostra final, as publicações foram lidas integralmente, analisadas, sumarizadas e discutidas. Para tanto, um instrumento de análise foi elaborado, contendo as seguintes variáveis: título, periódico, ano e tipo de publicação, autoria, objetivos, desenho do estudo, sujeitos e resultados (alterações estéticas e complicações associadas a autoimagem). RESULTADOS A partir dos termos de busca utilizados sem os refinamentos ou descartes, o Google Acadêmico e a Medline foram aquelas que mais retornaram publicações: 539 (80,2%) e 125 (16,6%) do total, respectivamente. A Figura 1 traz uma sinopse do processo de refinamento das publicações por meio de um fluxograma explicativo das etapas. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 51 52 Silva DM, Silva RMCRA, Pereira ER amostral, de 1 a 201 participantes, variou especialmente em decorrência do desenho e abordagem do estudo: os exploratórios e descritivos qualitativos exigem menor número de participantes, em geral. Os quantitativos, por sua vez, que nesse estudo estão representados pelos observacionais, demandam uma amostra mais robusta. As alterações estéticas identificadas nas publicações foram os aneurismas, edema, e hematomas, especialmente relacionados a fístulas arteriovenosas (FAV); cicatrizes decorrentes de cirurgias; ganho de peso por acúmulo de líquido; perda de peso; palidez provocada por anemia; baixa estatura relacionada ao atraso no desenvolvimento de crianças e adolescentes. As complicações associadas a mudanças na autoimagem, entre os estudos, restringem-se basicamente às repercussões sociopsicológicas, como a baixa autoestima, sensação de inferioridade, angústia, tristeza, afastamento do convívio social, depressão e vergonha. A redução da libido também foi apontada. DISCUSSÃO Figura 1. Fluxograma de resultados parciais de estudos elegíveis contidos nas bases de literatura científica. Rio de Janeiro, 2016. Fonte: Dados da pesquisa, 2016. Nota-se que foi encontrado um somatório de 672 publicações nas diferentes bases de dados pesquisadas, das quais se descartaram 644 (95,8%). A maior frequência de exclusão decorreu do fato de que as publicações abordavam outros temas: 615 (95,5%). Assim, após refinamento, 28 publicações foram selecionadas, as quais estão expostas no Quadro 1. O maior número de estudos foi publicado nos anos de 2013 (n=8; 28,6%) e 2014 (n=6; 21,4%). No que tange ao idioma de publicação, apenas oito (28,6%) artigos em inglês foram selecionados. As demais publicações se encontram na língua portuguesa (n=20; 71,4%). A maior parte dos estudos selecionados refere-se a artigos científicos (n=22; 78,6%), publicados em 19 periódicos distintos, os quais, em sua maioria, são da área da Enfermagem (n=9; 32,1%). Em se tratando dos desenhos metodológicos, os estudos descritivos foram a maioria (n=6; 21,4%); e a abordagem mais utilizada foi a qualitativa (n=21; 75%). Os objetivos dos estudos de cunho qualitativo, em geral, se relacionam com a perspectiva sociopsicológica dos pacientes que vivenciam a DRC, seu tratamento e complicações. Os quantitativos, por sua vez, são variados, mas encontram semelhança ao focar aspectos da qualidade de vida (QV). Para tanto, a população estudada conformou-se por pessoas com DRC, distintas apenas pelas especificidades relativas à faixa etária e tipo de tratamento dialítico. O número REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 A DRC se apresenta como um grande problema de saúde pública, não apenas por suas altas taxas de morbidade e mortalidade, mas também pelos impactos negativos na QV decorrentes da doença31. O termo qualidade de vida compreende um conjunto de conceitos que afetam a satisfação global com a vida; quando relacionada à saúde, leva em conta os aspectos físicos, sociais e emocionais causadas por uma doença ou tratamento específico32. Assim, a QV se traduz pela percepção que a pessoa tem de sua saúde, por meio de uma avaliação subjetiva de seus sintomas, satisfação e adesão ao tratamento e das manifestações físicas e psicológicas da doença31. Nessa perspectiva, o estado emocional do indivíduo tem grande impacto na sua QV. O aparecimento de doenças crônicas graves, como a DRC, promove mudanças físicas e comportamentais que podem desencadear sentimentos negativos, os quais, por sua vez, podem provocar dificuldades em aceitação da doença e seus processos terapêuticos3,31. A DRC provoca desorganização no senso de identidade do sujeito e na imagem corporal pelas alterações orgânicas decorrentes da doença. A percepção dos primeiros sinais e sintomas da patologia juntamente com o início das alterações corpóreas são os primeiros contatos com a realidade manifesta da doença. Assim, a imagem que o indivíduo tem do seu corpo é alterada, reestruturando a imagem corporal3. A autoimagem traduz, então, a percepção que a pessoa tem de si, podendo ser compreendida como um conjunto de pensamentos, sentimentos e ações relativos ao relacionamento do indivíduo consigo e com outras pessoas32. Entre os estudos selecionados, a mudança da imagem corporal foi relacionada principalmente ao tratamento hemodialítico, em razão da necessidade de confecção E s t é t iAc aRnTa IdGo eOn ç aOr R e nIaG l cI rN ô nAi cLa Quadro 1- Variáveis de indexação das publicações selecionadas. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2016 Autor principal Ano Oliveira SG3 2011 Pennafort VPS5 2012 Santos I6 2011 Cabral LC7 2013 Ribeiro CDS8 2013 Nozabieli AJL9 2010 Silva AL10 2014 Costa FC11 2014 Silva FS12 2015 Carvalho LSS13 2015 Silva DM14 2015 Albano DPD15 2014 Sousa MLXF16 2012 Santos TC17 2013 Bastos RAA18 2013 Sampaio C19 2012 Costa FG20 2014 Weissheimer TKS21 2013 Título da publicação Periódico/ fonte Objetivos Sentimentos do paciente Rev Enferm Identificar os sentimentos do paciente com DRCem portador de Doença Renal UNISA hemodiálise sobre a autoimagem Crônica sobre a autoimagem Crianças e adolescentes renais Compreender como crianças e adolescentes com DRC crônicos em espaço educativo- Rev Esc Enferm vivenciam o adoecimento e a terapêutica e descrever o terapêutico: subsídios para o USP cuidado educativo-terapêutico cuidado cultural de enfermagem Qualidade de vida de clientes Identificar a QV de pessoas com DRC em hemodiálise, em hemodiálise e necessidades Esc Anna Nery relacionando-a às necessidades de orientação de de orientação de enfermagem enfermagem para o autocuidado para o autocuidado A percepção dos pacientes Escrever e analisar a percepção de pacientes hemodialíticos frente à fístula R. Interd. hemodialíticos frente à fístula arteriovenosa Percepção do portador de Descrever e analisar a percepção do portador de DRC doença renal crônica sobre o R. Interd. sobre a hemodiálise tratamento hemodialítico Edema do membro superior Verificar se a inserção em programa de fisioterapia e sinais de depressão: a Rev. Ciênc. Ext pode estar relacionada à presença de edema em fisioterapia pode ajudar os membro com fístula e quadro de depressão pacientes em hemodiálise? Perdas Físicas e Emocionais de Revista Brasileira Analisar as perdas físicas e emocionais de pacientes Pacientes Renais Crônicos Durante de Saúde adultos durante hemodiálise e identificar os o Tratamento Hemodialítico Funcional sentimentos vivenciados em razão da DRC Analisar os diferentes campos semânticos associados Hemodiálise e depressão: aos estímulos indutores de DRC, tratamento, representação social dos Psicol estud. hemodiálise e depressão, elaborados por pacientes com pacientes DRC em hemodiálise com e sem sintomas de depressão Qualidade de vida de doentes Sintetizar a contribuição de pesquisas realizadas sobre Universidade de renais crônicos sob programa de a QV das pessoas em tratamento hemodialítico quanto Brasília hemodiálise: revisão integrativa aos principais aspectos que a influenciam A experiência de vida da criança Realizar uma revisão da literatura sobre a experiência Universidade de com insuficiência renal crônica: da criança com DRC, a fim de compreender o impacto Brasília uma revisão integrativa desta condição em seu ciclo de vida Investigar os benefícios da técnica de botoeira Patient satisfaction with the Cogitare Enferm para canulação de fístula, durante hemodiálise, na buttonhole technique percepção de pacientes submetidos a ela Subjetividade em pacientes Centro Compreender as diferentes configurações subjetivas crônicos renais: uma perspectiva Universitário de que emergem na experiência de viver com uma histórico-cultural Brasília doença crônica Investigar os requisitos de autocuidado nos desvios de Déficits de autocuidado em Texto & contexto saúde associados às DRC em crianças e adolescentes; crianças e adolescentes com enferm identificar diagnósticos de enfermagem nos déficits de doença renal crônica autocuidado e desenvolver intervenções de enfermagem Análise dos aspectos clínicos Faculdade e emocionais de jovens com Católica Desvelar os aspectos físicos e emocionais que insuficiência renal crônica Salesiana do envolvem jovens em hemodiálise submetidos à hemodiálise Espírito Santo Processo adaptativo de idosos em Universidade Analisar à luz do Modelo de Roy, o processo adaptativo tratamento hemodiálitico: uma Federal da de idosos frente à hemodiálise análise à luz do modelo de Roy Paraíba Processo de enfermagem como Investigar a contribuição dos cuidados clínicos estratégia no desenvolvimento e educativos de enfermagem em um contexto Acta Paul Enferm. de competência para o hospitalar, no desenvolvimento de competência para o autocuidado autocuidado em pessoa com DRC Rastreamento da depressão no Rastrear a depressão em pacientes com DRC contexto da insuficiência renal Temas psicol. em hemodiálise e relacionar as variáveis crônica sociodemográficas com a depressão Significados atribuídos a corpo, Universidade Apresentar e discutir os resultados de uma pesquisa saúde e doença pelos portadores Federal de Santa que buscou os significados que DRC, saúde/doença e de insuficiência renal crônica Maria corpo possuem para os pacientes REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 53 54 Silva DM, Silva RMCRA, Pereira ER Quadro 1- Continuação Autor principal Ano Jansen DL22 2010 Tong A23 2013 Neul SK24 2013 Richard CJ25 2010 Abreu IS26 2014 Campos CGP27 2015 Shahgholian N28 2012 Chan R29 2011 Tong A30 2013 Bibiano RS31 2014 Título da publicação Periódico/ fonte Objetivos Pre-dialysis patients’ perceived autonomy, self-esteem and Examinar como os pacientes em estágio terminal de labor participation: associations BMC Nephrology DRC em hemodiálise negociam viver com uma fístula with illness perceptions and treatment perceptions Examinar a autonomia, a autoestima e participação no Experiences and perspectives of trabalho dos pacientes na fase pré-diálise;a percepção adolescents and young adults Am J Kidney Dis. dos pacientes em pré-diálise com relação à doença e with advanced CKD ao tratamento; e a associação dessas percepções com autonomia, autoestima e participação laboral Health-related quality of life functioning over a 2-year period Identificar experiências e perspectivas de jovens à Pediatr Nephrol. in children with end-stage renal espera de um transplante de rim disease Descrever e associar aspectos globais relativos à Negotiating living whit an QV com base nas falas do paciente e familiar em arteriovenous fistula for Nephrol Nurs J. uma coorte de crianças dependentes de diálise com hemodialysis doença renal terminal Crianças e adolescentes Identificar atributos impactantes da QV relacionada Rev Esc Enferm em hemodiálise: atributos à saúde de crianças e adolescentes com DRC em USP associados à qualidade de vida hemodiálise Representações sociais sobre o Descrever as representações sociais de pessoas Rev Gaúcha adoecimento de pessoas com com DCR em hemodiálise sobre seu processo de Enferm. doença renal crônica adoecimento Reviewing and comparing selfconcept in patients undergoing Iran J Nurs Revisar e comparar o autoconceito de pacientes em hemodialysis and peritoneal Midwifery Res. hemodiálise e diálise peritoneal dialysis Studying psychosocial adaptation to end-stage renal Validar empiricamente o modelo proximal-distal na disease: The proximal-distal J Psychosom Res população em diálise e examinar o impacto de fatores model of health-related psicossociais no modelo outcomes as a base model The perspectives of adults living Sintetizar estudos qualitativos publicados sobre with peritoneal dialysis: thematic Am J Kidney Dis. experiências de pacientes, crenças e atitudes sobre synthesis of qualitative studies diálise peritoneal A percepção da autoimagem do Identificar a percepção dos clientes com DRC em Revista Prócliente renal crônico com cateter hemodiálise e analisar a importância do cateter para a univerSUS temporário de duplo lúmen autoimagem do cliente Fonte: Dados da pesquisa, 2016 de fístula arteriovenosa (FAV) ou da inserção de cateteres5-11,13-17,20,23,26-28,31. processo pelo qual terá de ser submetido mais de uma vez por semana7. E, nesse contexto, os pacientes mostram-se conformados com a FAV pois, apesar da dificuldade em aceitar a doença e de se perceber como um sujeito doente, sabem que é ela que, de certa forma, os mantêm vivos7,35. A DRC, em sua fase mais avançada, exige tratamento invasivo, como a hemodiálise (HD), pela qual é submetida 90% dos pacientes com esse quadro34, ou diálise peritoneal (DP), cujo objetivo é extrair as substâncias tóxicas e o excesso de água do sangue. Para tratamento por HD, se faz necessário acesso vascular em FAV criada para esse fim14. No caso da DP, coloca-se o cateter de Tenckhoff (flexível) no abdome do paciente, por meio de um pequeno procedimento cirúrgico5. A fístula é entendida como a melhor via de acesso para a HD, no entanto, isso não a exime de apresentar complicações como tromboses, aneurismas, edema, hematomas e frêmitos que, uma vez manifestados e perceptíveis, implicam na deformação da estrutura tida como normal do membro no qual se encontra a fístula35,36. A FAV mostra-se como a primeira marca física de que a DRC se estabeleceu no corpo e o sujeito passa a se ver como um paciente que faz parte de um grupo com semelhantes entre si, porém diferente daqueles que não possuem a doença. Ademais, a fístula significa dizer que, a partir de então, o indivíduo torna-se dependente de um Além das alterações físicas decorrentes da FAV, outras citadas pelos estudos selecionados foram: cicatrizes deixadas pela cirurgia, ganho de peso em razão do edema generalizado (já que com a perda e diminuição da função renal há um acúmulo de líquidos) ou perda de peso (após início do tratamento), descoloração da pele (geralmente REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 E s t é t iAc aRnTa IdGo eOn ç aOr R e nIaG l cI rN ô nAi cLa atribuída à anemia crônica que causa palidez) e baixa estatura, as quais contribuem para a perda da identidade dessa população11,17,26. A baixa estatura foi relatada em dois estudos desenvolvidos com crianças, adolescentes e adultos jovens23,26. No estudo brasileiro, a alteração da imagem corporal foi abordada principalmente pelos adolescentes, cujas alterações relacionadas ao crescimento e desenvolvimento implicam em estatura não condizente com a idade cronológica26. No estudo australiano, por sua vez, o incômodo com relação à baixa estatura foi prevalente entre adolescentes do sexo masculino, especialmente entre aqueles cujas parceiras são mais altas23. Estas alterações podem ter implicação na percepção da autoimagem. Uma percepção negativa pode provocar um desequilíbrio emocional e consequentemente influenciar na continuidade do tratamento17, isto porque a formação da imagem corporal é o cerne a partir do qual o indivíduo realiza suas escolhas35. As principais complicações decorrentes da autoimagem alterada relacionam-se aos aspectos psicossociais, entre eles baixa autoestima e sensação de inferioridade. Esses sentimentos fragilizam a percepção do próprio sentido de viver e da capacidade de tomar decisões, já que a identidade enquanto ser social está prejudicada10,13. Estudo desenvolvido com crianças e adolescentes pontuou que elas ressignificaram o corpo transformado pela presença de cicatrizes aprofundadas por inúmeros procedimentos invasivos já realizados em decorrência da DRC. Constatou-se que demonstram uma percepção de autoimagem bastante negativa e um sentimento de inferioridade com relação a outros jovens13. Resultados similares foram encontrados em outros estudos37,38. Aautoimagem negativa pode gerar sentimentos de angústia, muitas vezes não expressas de modo verbal43, maximizando o sofrimento do sujeito. Esse sofrimento tem impacto em outros campos da vida, especialmente nas relações interpessoais com a família, amigos, trabalho e companheiros10. Como consequência do afastamento do convívio social, o sofrimento se intensifica ainda mais, e sentimentos ligados à imagem corporal, como tristeza, amargura e até dependência emocional, manifestam-se mais intensamente22,39. Nessa conjuntura, estudo realizado com 48 pacientes com DRC identificou relação entre a presença de sintomatologia depressiva e alterações na autoimagem20. Outro estudo10 chamou atenção para o impacto na sexualidade dos portadores de DRC com percepção de autoimagem negativa decorrente das modificações na aparência. Argumenta-se que a sexualidade está ligada a sensações, sentimentos e emoções, isto é, envolve sobremaneira a dimensão psicológica. A imagem corporal, que está relacionada ao homem como ser no mundo, quando abalada, colabora para diminuição da autoestima e, por consequência, produz um efeito na sua sexualidade10,40. Esses efeitos são majorados por outros aspectos da doença e tratamento, como a redução da circulação sanguínea e alterações nos níveis hormonais que podem desencadear redução da libido10. Associado a esse contexto, tem-se a percepção de se sentir pouco atraente para o outro e crer que o outro terá a mesma percepção ante às deformidades físicas e à presença de dispositivos médicos, como cateteres41. Isto porque o significado do corpo está intimamente relacionado à construção de subjetividade, influenciada pelo contexto sócio-histórico do sujeito. Assim, a maneira com que ele responderá afetivamente às alterações no seu corpo são dependentes das representações que fazem delas27. As representações do corpo alterado os fazem se sentirem esquisitos, diferente dos ditos “normais”. Nessa toada, portadores de DRC afirmam que as marcas derivadas do processo de adoecimento e tratamento são causas de curiosidade e de discriminação. De tal modo, a sensação de vergonha, de angústia e mal-estar, isto é, o sofrimento, intensifica-se5,9,36. Essa percepção de ser diferente dos não doentes é reforçada pelo preconceito destas em relação à presença de cateteres, FAV e curativos visíveis, conforme pesquisas identificadas nesta revisão15,35 e outras que corroboram essa informação42,43. Ante a esses problemas correlatos à DRC e seu impacto na vida dos pacientes, impõe-se medidas profissionais que objetivem a redução do sofrimento e permitam a continuidade do tratamento. As alterações estéticas de pacientes com DRC podem ser prevenidas e minimizadas se cuidados adequados forem empregados. Nos casos relativos à FAV e aos cateteres, a prevenção delas se inicia ainda no momento do ato cirúrgico/inserção do dispositivo, aplicando-se os cuidados de assepsia exigidos, bem como executando todo o procedimento como previsto por evidências científicas. Cabe esclarecer, entretanto, que a responsabilidade das ações envolvidas neste processo é da equipe de saúde, mas também do paciente. Exige-se, dessa maneira, orientação quanto ao autocuidado desde o período de confecção do acesso vascular33. A escolha do tipo de tratamento também pode ter impacto sobre aspectos relativos não apenas à autoimagem, como verificou estudo que comparou o nível de distúrbio da imagem corporal entre participantes em tratamento por diálise e pessoas saudáveis. Os resultados apontaram que entre os primeiros o grau de distúrbio foi significativamente superior44. A ideia que cada pessoa tem sobre a sua própria imagem física é chamada de imagem mental do corpo, e qualquer nela perturba seriamente o equilíbrio do indivíduo45. Ainda nessa seara, outra pesquisa constatou que 56% dos indivíduos submetidos à HD tinham uma imagem mental completamente negativa de sua própria aparência46. O maior ou menor grau de percepção negativa da autoimagem pode variar a depender do tratamento escolhido47. Estudo indicou que os pacientes em tratamento por DP mostraram maior satisfação com a imagem corporal REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 55 56 Silva DM, Silva RMCRA, Pereira ER com relação àqueles em HD. Diferentemente desse resultado, outro estudo48 constatou o oposto: os pacientes submetidos à DP tiveram maiores taxas de desordem em aspectos peculiares à imagem corporal em razão da existência de um cateter permanente e diálise na cavidade peritoneal. Com relação aos procedimentos específicos da terapêutica, encontrou-se um estudo desenvolvido em uma clínica de HD, o qual relacionou à punção da FAV por meio da técnica de botoeira à preservação da estética e imagem corporal e à sensação de bem-estar dos pacientes submetidos a ela14. Mesmo após a confecção da FAV e inserção do cateter de modo adequado, complicações circulatórias podem ocorrer, como edema e hematomas, caso as adaptações necessárias não sejam efetivadas precocemente e de acordo com a necessidade de cada caso9. Em se tratando especificamente do edema, encontrouse que pacientes submetidos a tratamento fisioterápico apresentaram uma frequência menor da presença de edemas se comparados aos que não participavam das sessões de fisioterapia9. As repercussões psíquicas e a percepção negativa da autoimagem podem ser minimizadas por meio do acolhimento e da escuta ativa. Nessa conjuntura, a enfermagem tem papel central, devendo estar preparada para oferecer apoio e suporte, permitindo a livre expressão dos sentimentos e sensações dos pacientes33. Numa perspectiva multiprofissional e interdisciplinar, os profissionais precisam atentar-se para os significados dos discursos, procurando compreender o sentido das narrações e promover, assim, a discussão e reflexão profissional em equipe, para a melhor tomada de decisão no sentido de facilitar a adaptação dos pacientes às mudanças ocasionadas pelas alterações estéticas33,49. CONCLUSÃO Mediante a revisão foi possível identificar as alterações físicas que afetam os doentes renais crônicos e confluem para uma autoimagem negativa. O aspecto estético decorrente das fístulas e da presença de cateteres foram as alterações mais prevalentes entre os estudos selecionados, as quais foram as principais causas da percepção da autoimagem negativa. Estas alterações implicam complicações psicossociais, em especial a baixa autoestima e a sensação de inferioridade, que foram indicadas como fatores importantes para o isolamento social e o sofrimento. Nessa perspectiva, a escuta e o acolhimento por parte dos profissionais de saúde se constituem instrumentos terapêuticos importantes no lidar com o paciente crônico renal. Apesar das limitações deste estudo, como a exclusão de publicações de outras línguas que não o português, inglês e espanhol e uma possível exclusão – ainda na primeira etapa quando se liam apenas os títulos – de artigos que REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 pudessem contribuir para a discussão, os resultados apresentados podem subsidiar a prática de enfermagem no tocante à assistência integral que, de fato, releve outros aspectos dos pacientes que não apenas o biológico. A dimensão estética do cuidado que é oferecido ao sujeito portador de DRC precisa estar além do procedimento realizado. Dito isso, conclui-se que são necessários conhecimentos que desvelem a percepção do sujeito sobre seu corpo e que guarde valoração subjetiva de vivência diante da doença crônica e sua estética corporal. REFERÊNCIAS 1. 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Disabil Rehabil.[Internet]. 2011 [acesso em 28 out 2016];33(6):504-10. Disponível em:https://www.ncbi. nlm.nih.gov/pubmed/20597809 45. Carson VB. Mental Health Nursing: the nursepatientjourney. 2 ed. New York: Lightning SourceInc; 2006. 46. Rezai R, Hejazi SH, Shahnazarian J, Mahmoudi M, Seidiandi SJ. Comparing the bodyimagein patientsundergoing hemodialysis with kidney transplant. Payesh. 2009;8(3):279-87. 47. Juergensen E, Wuerth D, Finkelstein SH, Juergensen PH, Bekui A, Finkelstein FO. Hemodialysis andperitoneal dialysis: patients’ assessment of their satisfaction with therapy and the impact of the therapy ontheir lives. Clin J Am Soc Nephrol. [Internet]. 2006 [acesso em 28 out 2016];1(6):1191-6. Disponível em:https://www.ncbi.nlm.nih. gov/pubmed/17699347 48. Wu AW, Fink NE, MarshManziJV, Meyer KB, Finkelstein FO, Chapman MM, et al. Changes inquality of life during hemodialysis and peritoneal dialysis treatment: generic and disease specific measures. JAm Soc Nephrol. 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Resultados: As dificuldades apresentadas pelas puérperas no processo de amamentação, como os problemas mamários, precisam ser identificadas precocemente e tratadas para que não se tornem causas de desmame precoce. Conclusões: É preciso desenvolver estratégias que diminuam essas dificuldades e promovam o AM, pois sabe-se da importância e dos benefícios que esse aleitamento traz ao RN e à puérpera. Palavras-chave: Amamentação; Leite Humano; Desmame Precoce. ABSTRACT Objective: To identify the difficulties faced by mothers in breastfeeding. Methodology: This is an integrative review of literature. Ten articles were included in the survey, with search developed with the BIREME and LILACS databases, respecting the time frame from 2011 to 2015. Results: The difficulties faced by mothers in the breastfeeding process, such as breast problems need to be identified early and treated to not become causes of early weaning. Conclusions: We need to develop strategies to reduce these difficulties and promote the AM because we know the importance and the benefits that breastfeeding brings the newborn and postpartum women. Keywords: Breastfeeding; Human Breast Milk; Early Weaning. NOTA 1 Acadêmica do 10º período do Curso de Graduação em Enfermagem do Centro Universitário FACEX –UNIFACEX. Natal/RN, Brasil. E-mail: [email protected]. Enfermeira. Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFRN. Docente do Curso de Graduação em Enfermagem do Centro Universitário FACEX – UNIFACEX. Membro do Grupo de Pesquisa Caleidoscópio da Educação em Enfermagem da UFRN. Natal/RN, Brasil. E-mail: [email protected]. 2 3 Enfermeiro. Especialista em Formação Docente para o Ensino Superior. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Docente do Curso de Graduação em Enfermagem do Centro Universitário FACEX – UNIFACEX. Membro do Grupo de Pesquisa Ações Promocionais e de Atenção a Grupos Humanos em Saúde Mental e Saúde Coletiva da UFRN. Natal/RN, Brasil. E-mail: [email protected]. 4 Enfermeira. Especialista em Enfermagem em Cardiologia e Hemodinâmica. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Professora Substituta do Curso de Graduação em Enfermagem da UFRN. Membro do Grupo de Pesquisa Práticas Assistenciais e Epidemiológicas em Saúde e Enfermagem – PAESE/UFRN. Natal/RN, Brasil. E-mail: [email protected]. 5 Enfermeiro. Doutor em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Professor do Curso de Graduação e do Programa de Pós-Graduação (Mestrado Acadêmico e Doutorado) em Enfermagem da UFRN. Natal/RN, Brasil. Vice-líder do Grupo de Pesquisa Práticas Assistenciais e Epidemiológicas em Saúde e Enfermagem – PAESE/UFRN. E-mail: [email protected]. 6 Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela Universidade de São Paulo - USP. Professora do Curso de Graduação e do Programa de Pós-Graduação (Mestrado Acadêmico e Doutorado) em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Líder do Grupo de Pesquisa Caleidoscópio da Educação em Enfermagem da UFRN. Natal/RN, Brasil. E-mail: [email protected]. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 59 60 Oliveira KGRL, Paulino TSC, Pereira FCC, Silva BCO, Silva RAR, Medeiros SM INTRODUÇÃO O leite materno é a alimentação mais saudável e adequada para a criança nos primeiros seis meses de vida, pois ele, isoladamente, é capaz de nutrir todas as suas necessidades1. Porém, o ato de amamentar requer aprendizado, paciência e compreensão, pois não é um ato biológico natural e espontâneo2. Esse leite é rico em todos os nutrientes de que o bebê precisa. É composto por calorias, lipídios, anticorpos, água, sais minerais, vitaminas, proteínas e lactose. Possui menos proteína do que o leite de vaca, e a principal proteína composta nele é a lactoalbumina. O leite materno secretado nos primeiros dias após o parto é chamado colostro, ele tem mais proteína e menos gordura do que o leite maduro, que é secretado de 26 a 29 dias pós-parto. Sua composição é semelhante para todas as mulheres, porém as com desnutrição grave podem ter em menor qualidade e quantidade3. Embora o desejo de amamentar seja despertado durante o período gestacional, a motivação é a chave para desencadear esse processo de decisão materna. A mãe leva em consideração todo seu contexto social e experiência de vida para optar pela amamentação4. Daí a importância do profissional de saúde nesse processo, pois ele exerce papel fundamental como esclarecedor, conscientizador e motivador do Aleitamento Materno (AM)5. Vários estudos comprovam que o bebê alimentado exclusivamente com leite materno até os seis meses de idade apresenta menor índice de morbidade. Além disso, são maiores os benefícios à sua saúde, como a redução de infecções, morte súbita, hospitalização, alergias, obesidade, risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes; e, tem um efeito positivo no desenvolvimento intelectual e um melhor desenvolvimento da cavidade bucal1. O leite sugado pela criança durante a mamada é produzido através de alguns estímulos: sucção, visão, cheiro, choro da criança, e fatores de ordem emocional. Porém, existem fatores que podem interferir negativamente no processo de amamentação, como o estresse, a ansiedade, a dor, o desconforto, o medo, a insegurança e a falta de autoconfiança. Entretanto, a “descida do leite” pode ocorrer até o quarto dia após o parto e isso acontece mesmo que a criança não sugue o peito, tendo em vista que a produção desse leite é controlada por hormônios, como a prolactina. Nos primeiros dias a produção é pequena e vai aumentando gradativamente de acordo com a demanda do recém-nascido (RN), contudo, as mamadas devem ser em livre demanda3. Além dos vários benefícios que o leite materno traz para a saúde da criança, ele também proporciona qualidade de vida e proteção à saúde da mãe. Entre os benefícios que o leite materno traz para a nutriz está a proteção contra o câncer de mama, diabetes tipo 2, obesidade, hipertensão, doença metabólica, osteoporose, depressão pós-parto, e o mais importante de todos, a promoção do vínculo afetivo entre mãe e filho3. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 Todavia, podem surgir dificuldades relacionadas ao AM. As mulheres, muitas vezes, não estão prontas para viverem esse processo, porque desconhecem o contexto da amamentação, o que as deixa suscetíveis a apresentarem dificuldades e dúvidas4. Diante do exposto, a motivação para realizar esse estudo surgiu da descrição da autora em vivenciar algumas dificuldades no processo de amamentação, entre elas a mastite, dor nos mamilos, fissuras, bebê que não sugava corretamente, mamilos planos e ingurgitamento mamário. Motivos estes que fizeram parte de um processo doloroso que acabou por desmotivá-la a dar continuidade ao AM com êxito. Assim, o presente estudo parte da seguinte questão de pesquisa: quais são as reais dificuldades apresentadas pelas puérperas no processo de amamentação? Portanto, a importância deste estudo está em citar essas dificuldades enfrentadas pelas puérperas, para que a enfermagem possa prestar uma melhor assistência a essas mulheres. O processo de amamentar é doloroso, e, por ser doloroso, faz com que elas acabem desistindo. Ressalta-se, ainda, que essa temática foi escolhida por ser de grande importância para a saúde do RN e para o bem-estar da puérpera, pois a enfermagem precisa ter ferramentas e conhecimentos para ajudar essas mulheres nesse processo, pois o que se almeja é tornar o ato de amamentar o mais agradável possível para o binômio mãefilho. Assim, este estudo objetiva identificar, na literatura científica, as dificuldades apresentadas pelas puérperas no processo de amamentação. METODOLOGIA Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, que é uma ferramenta prática baseada em evidências que possibilita reunir e sintetizar resultados de pesquisa a respeito de um determinado tema, de forma ordenada e sistematizada, constituindo-se em um instrumento de pesquisa com rigor metodológico6,7. Para a elaboração da presente revisão integrativa, as seguintes etapas foram percorridas: formulação do problema, coleta de dados, avaliação dos dados, análise e interpretação dos dados, apresentação dos dados8. A busca pelas publicações foi realizada no período de outubro a maio de 2016 nas bases de dados Centro LatinoAmericano e do Caribe de Informações em Ciências da Saúde (BIREME) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Foram adotados os seguintes critérios para seleção dos artigos: publicações em português; disponíveis gratuitamente em texto completo nas bases de dados supracitadas; publicadas no período 2011 a 2015, e artigos que abordassem relações entre adesão ao tratamento e qualidade de vida. Foram excluídos artigos publicados em outros idiomas, estudos em formato de editorial, carta ao editor e artigos que não abordassem o tema proposto. Foram utilizados como descritores de assunto, segundo os Descritores em Ciências da Saúde (Decs): “amamentação”, “leite humano” e “desmame precoce”. D i f i c u l d a d e s n oA pRr T o c Ie G s sO o d eOaR m Ia m GeInNt a Aç ãLo RESULTADOS Foram localizados 93 artigos, dos quais 10 foram incluídos na pesquisa, pois estavam relacionados à temática e contemplavam os critérios de inclusão. Tais artigos foram analisados, primeiramente, através da leitura do seu título e resumo e, posteriormente, com a análise de seus resultados, discussões e conclusões. Todos os estudos foram localizados na base de dados LILACS. 2014 foi o ano com mais estudos publicados, quatro (4) artigos. O tipo de pesquisa predominante foi o descritivo Quadro 1- Síntese das principais informações dos artigos, quanto à base de dados, ano de publicação, título e abordagem de estudo e principais conclusões. Natal, 2016. Base de dados Ano de publicação Título Tipo/abordagem do estudo Principais Conclusões Variáveis associadas ao início do desmame precoce: idade materna, local de realização do pré-natal, tempo decorrido para a primeira mamada e trabalho materno nos primeiros seis meses após o parto. O percentual do aleitamento materno exclusivo (AME) está aquém do preconizado pela OMS AME até os 6 meses de vida é de extrema importância para a criança, embora os empecilhos Aspectos envolvidos na Pesquisa interrupção do aleitamento transversal encontrados nem sempre são facilmente vencidos; materno exclusivo descritiva por questões culturais, comodismo e falta de orientação O início do desmame precoce: Influência cultural e familiar, trabalho materno, problemas de saúde da mãe e do bebê, alegações motivos das mães assistidas Estudo transversal por serviços de puericultura maternas acerca do seu leite e sobre cólicas descritivo do bebê foram determinantes para o início do de Florianópolis/SC para esta desmame precoce prática Fatores intervenientes do AME: contexto Fatores que intervêm na Revisão integrativa/ socioeconômico, interações sociais, experiências amamentação exclusiva: revisão Abordagem prévias de AM, problemas mamários e o trabalho integrativa qualitativa materno Os fatores que contribuíram para o desmame Hospital amigo da criança: precoce foram o trabalho fora de casa, não receber prevalência de aleitamento Estudo de coorte orientações de pega e posição, primiparidade, materno exclusivo aos seis prospectivo mães sem experiência prévia de amamentação, meses e fatores intervenientes intercorrência mamária O processo de amamentação para mães com RN Aleitamento materno de internados é uma experiência difícil, que exige Pesquisa recém-nascidos internados: esforço e persistência para superar além das exploratóriodificuldades de mães com dificuldades de ordem técnica, os sentimentos descritiva/ filhos em unidade de cuidados de medo e a ansiedade que são gerados pela abordagem intensivos e intermediários situação vivenciada. As mães que ainda não estão qualitativa neonatais amamentando seu filho ao seio julgam o ato de ordenha como processo exaustivo, porém gratificante. A implantação de modelos que possam promover Dificuldades no aleitamento e apoiar o AM na atenção primária deve ser materno e influência do Estudo de coorte estimulada para que ocorra a continuação da desmame precoce assistência e se obtenham melhores resultados no processo de amamentação Identificação das dúvidas e As gestantes têm mais dúvidas e dificuldades em Estudo transversal, dificuldades de gestantes relação ao AM do que as puérperas, pois essas descritivo e e puérperas em relação ao apresentam maior conhecimento a respeito do comparativo aleitamento materno assunto. A Percepção da nutriz frente aos Pesquisa descritiva, As nutrizes têm pouco conhecimento a respeito do fatores que levam ao desmame exploratória e de AME até os 6 meses de idade do bebê e justificam precoce em uma unidade de campo/abordagem como abandono ao aleitamento o “leite fraco”, “leite saúde básica de Divinópolis/MG qualitativa secou”, e “pouco leite”. Não basta a mulher querer amamentar, conhecer suas vantagens e duração recomendada, pois, para Fatores associados ao desmame Pesquisa que essa prática seja efetivamente estabelecida precoce do aleitamento bibliográfica e mantida, ela precisa de apoio e de ser materno compreendida na particularidade de sua realidade sociocultural. Fatores associados ao desmame Estudo transversal precoce em mães assistidas de característica por serviços de puericultura de descritiva e Florianópolis/SC analítica 2011 2012 2013 LILACS 2014 REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 61 62 Oliveira KGRL, Paulino TSC, Pereira FCC, Silva BCO, Silva RAR, Medeiros SM de abordagem qualitativa, e as principais conclusões foram que o AME é preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) até os 6 meses de vida da criança; a influência cultural e familiar, e o trabalho materno foram determinantes para o inicio do desmame precoce. As primíparas apresentam maior dificuldade e insegurança em amamentar e pouco conhecimento a respeito do AME. DISCUSSÃO Em um estudo de monitoramento do tempo de manutenção do aleitamento materno exclusivo (AME) realizado em um Hospital Municipal da zona leste de São Paulo, em 2010, com 206 puérperas, foi possível identificar algumas dificuldades apresentadas durante o decorrer de 6 meses. Dentre os principais problemas relatados, 70,5% das puérperas destacaram a pega como maior dificuldade no processo de aleitar; 39,2% relataram trauma mamilar; e 39,2% leite fraco ou pouco leite9. Segundo o Ministério da Saúde3, dentre as principais dificuldades apresentadas pelas mulheres no processo de amamentação destacam-se: bebê que não suga ou tem sucção fraca; demora na “descida do leite”; mamilos planos ou invertidos; ingurgitamento mamário; dor nos mamilos ou lesão mamilar; Candidose; fenômeno de Raynaud; bloqueio de ductos lactíferos; mastite; abscesso mamário; galactocele; leite fraco; e reflexo anormal de ejeção do leite. O choro da criança também é citado como uma das dificuldades que levam ao desmame. As mães entendem o choro como fome ou cólicas, e, nem sempre, esse é o motivo. Muitas vezes, o bebê só quer aconchego, pois a adaptação à vida extrauterina e a tensão no ambiente podem causar esse choro. Isso precisa ser explicado às puérperas, porque a tensão, frustação e ansiedade delas podem fazer com que o bebê chore ainda mais3. Outros autores também citam o choro como uma das dificuldades, pois as puérperas ficam inseguras e acabam associando o choro do bebê à fome, principalmente quando ocorre após as mamadas10,11. Dentre as principais dificuldades relacionadas ao AM, observadas na literatura pesquisada, pode-se citar: “trauma mamilar”, “fissuras”, “mastite”, “pega e posição incorreta”, “dor ao amamentar”, “ingurgitamento mamário”, “impressão de leite fraco ou pouco leite”, “insegurança” e “não ter orientação profissional”. Outros fatores também foram evidenciados como causas de desmame precoce, como o trabalho fora de casa, conhecimentos inadequados sobre o AM, influência cultural e familiar, o uso de chupetas e bicos artificiais e mães cada vez mais jovens. Acredita-se que inserir a família no processo de amamentação e a preservação dos direitos trabalhistas das mães que trabalham, como a licença-maternidade e melhores condições de trabalho, favorecem a manutenção da lactação. Durante o pré-natal é relevante que os profissionais de saúde orientem sobre o aleitamento e REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 que continuem realizando a promoção, proteção e apoio a amamentação durante a puericultura12,10,4. Para tanto, também cabe a esse profissional promover o contato precoce mãe-bebê na primeira hora após o nascimento, pois esse contato facilita a sucção e pega correta ao seio, reduzindo assim o aparecimento de traumas mamilares13. As dificuldades apresentadas pelas nutrizes durante o AM precisam ser identificadas precocemente e tratadas para não se tornarem causas de desmame precoce. Nesse contexto, o profissional da saúde tem um papel importante como educador e orientador para intervir e prevenir as dificuldades apresentadas por essas nutrizes, pois ele deve ser o elo para que essa mulher viva o processo da amamentação de um modo mais saudável e prazeroso3,4. CONCLUSÕES Em virtude do que foi mencionado, pode-se concluir que as dificuldades apresentadas pelas puérperas no processo de amamentação, como os problemas mamários, levam ao desmame precoce. Assim como a insegurança, a falta de orientação profissional, o trabalho fora de casa, entre outros, são fatores intervenientes do AM. Portanto, é preciso desenvolver estratégias que diminuam essas dificuldades e promovam o AM, pois sabe-se da importância e dos benefícios que esse aleitamento traz ao RN e a puérpera. Mediante aos resultados, é de extrema importância que os profissionais de saúde estejam atualizados para prestem uma assistência adequada a estas mulheres, pois eles exercem papel importante como promotores de saúde. Com a capacitação desses profissionais, há grandes chances de diminuição dos índices de desmame precoce, e isso seria uma grande conquista para a saúde pública. REFERÊNCIAS 1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à saúde. Departamento de atenção básica. Saúde da criança: crescimento e desenvolvimento. Brasília: Ministério da saúde, 2012. 272 p. 2. Rodrigues AP, Padoin SMM, Guido LA, Lopes LFD. Fatores do pré-natal e do puerpério que interferem na autoeficácia em amamentação. Esc Anna Nery. 2014; 18(2):257-61. 3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à saúde. Departamento de atenção básica. Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação complementar. 2 ed. Brasília: Ministério da saúde, 2015. 184 p. 4. Castelli CTR, Maahs MAP, Almeida ST. 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REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 63 R E V I S Ã O I N T E G R AT I VA 64 Instrumentos verificadores de estresse e da síndrome de burnout: revisão integrativa Checkers instruments stress and burnout syndrome: an integrative review Clarissa Maria Bandeira Bezerra1 • Kezia Katiane Medeiros da Silva2 • Aline de Souza Falcão Aquino3 • Milva Maria Figueiredo de Martino4 RESUMO Objetivo: Buscou-se identificar os principais instrumentos utilizados para verificar a síndrome de Burnout e estresse em enfermeiros. Método: Tratou-se de uma revisão integrativa nas bases de dados eletrônicas SCIELO, CINAHL, SCOPUS e LILACS, nas quais foram utilizados os descritores indexados no MeSH “stress” (1º); “burnout” (2º); “nursing” (3º) e acompanhados do conector “and” em busca de artigos dos anos de 2009 a 2015, baseado na questão de pesquisa: Quais são os principais instrumentos utilizados para verificação de síndrome de Burnout e estresse em enfermeiros? Resultados: Foram analisados 15 artigos, foi notório que o Maslach Burnout Inventory encontra-se presente na maioria das pesquisas desenvolvidas. Mas também são citados, embora em menor quantidade: Job Stress Scale, Oldenburg Burnout Inventory, Questionnaire Stress of Conscience e a escala de Bianchi. Conclusões: Os instrumentos descritos nesse trabalho auxiliam no enfrentamento da Síndrome de Burnout e no estresse dos trabalhadores, pois após verificação desse(s) o enfermeiro pode buscar tratamento para a(s) patologia(s), o local de trabalho pode definir estratégias para enfrentamento para os funcionários, identificar estressores e não permitir que o estresse interfira na assistência ao paciente. Palavras-chave: Esgotamento profissional; Inquéritos e Questionários; Enfermagem. ABSTRACT Objective: We sought to identify the main instruments used to check the syndrome of burnout and stress among nurses. Method: This was an integrative review in electronic databases SCIELO, CINAHL, Scopus and LILACS, in which the indexed descriptors were used in MeSH “stress” (1); “Burnout” (2); “Nursing” (3) and accompanied by the connector “and” looking for articles the years 2009-2015, based on the research question: What are the main instruments used to check syndrome Burnout and stress in nurses? Results: 15 articles were analyzed, it was clear that the Maslach Burnout Inventory is present in most developed research. But they are also cited in smaller quantities; Job Stress Scale, Oldenburg Burnout Inventory, Stress Questionnaire of Conscience and Bianchi scale. Conclusions: The instruments described in this work help in coping with the burnout syndrome and stress of workers, because after verification that (s) nurses can seek treatment for (s) condition (s), the workplace can define strategies to coping for employees, identify stressors and not allow stress to interfere with patient care. Keywords: Burnout, Professional; Surveys and Questionnaires; Nursing. NOTA 1 2 Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. E-mail: [email protected]. Enfermeira. Mestre em Enfermagem pelo Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. E-mail: [email protected] 3 Enfermeira. Especialista em Enfermagem do Trabalho. Professora do curso Técnico em Segurança do Trabalho do Ensino à Distância do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte. E-mail: [email protected] 4 Enfermeira. Doutora. Professora visitante do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. E-mail: [email protected] REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 E s t r eAs R s e Te I sGí nO d r oO m eR dI eGbIuN r nA o uLt INTRODUÇÃO Nos anos 90, vivenciamos uma mudança no perfil do trabalhador, isso ocorreu devido à reestruturação no processo produtivo, o qual sofreu modificações advindas das inovações na tecnologia. Os trabalhadores precisaram, então, passar por adaptações a nova realidade no seu ambiente de trabalho. Esse se tornou mais competitivo e complexo, o que contribuiu para aumento do desemprego e do trabalho informal, como também mudanças no perfil do novo trabalhador e nos determinantes do processo de saúde-doença1. Essas modificações do trabalho, fizeram com que o trabalhador, para garantir seu emprego, passasse a ter um comportamento de risco, como carga horária diferenciada, polivalência no trabalho e pouco tempo para o descanso e outras atividades de lazer1. Tal comportamento o tem levado a elevados níveis de cobrança, o que pode gerar um dos problemas mais comuns que enfrentamos, o estresse. Caracterizado por um estado de tensão, que causa um desequilíbrio intenso no organismo e que pode ser desencadeador de diversas doenças1. Na área da saúde não tem sido diferente. A competição para garantir sua colocação no mercado de trabalho, salários não muito atrativos, carga de trabalho, plantão, e o processo de lidar com a doença e morte constantemente pode estar levando ao adoecimento dos profissionais2. Enfermeiros estão submetidos continuamente a elementos geradores do estresse ocupacional, como a escassez de pessoal, que supõe acúmulo de tarefas e sobrecarga laboral, o trabalho por turno e/ou noturno, o trato com usuários problemáticos, o conflito e ambiguidade de papéis, a baixa participação nas decisões, a inexistência de plano de cargos e salários, o sentimento de injustiça nas relações de trabalho e os conflitos com colegas e/ou instituição2. Alguns autores consideram o estresse como uma síndrome evolutiva com três fases distintas: (a) alarme, considerada uma fase positiva, pois o indivíduo apresentase mais produtivo, atento e motivado; (b) resistência, período de adaptação do corpo à nova situação; fase de alerta prolongado, oscilando entre equilíbrio e desequilíbrio emocional, apresentando predisposição a desenvolver doenças físicas, como gastrite, hipertensão arterial, diabetes melittus, dentre outras; e (c) exaustão, término da resistência; fase patológica que pode gerar comprometimento do sistema imunológico. Pesquisa recente, acrescentou mais uma fase denominada de quase exaustão3. Esta fase situa-se entre as fases de resistência e de exaustão, pois neste momento há um enfraquecimento do organismo, tornando-o vulnerável ao surgimento de doenças, já que esse não conseguiu adaptar-se ou resistir ao estressor4. A síndrome de Burnout é ocasionada pelo estresse ocupacional crônico, que está associado a fatores como desilusão, exaustão e isolamento, afetando principalmente os trabalhadores em contato direto com outras pessoas3. Três dimensões independentes, mas relacionadas entre si, compõem esta síndrome: exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional5. A exaustão emocional é caracterizada por desgaste emocional e resulta em falta de energia e de entusiasmo em relação ao trabalho. A despersonalização tem como característica a insensibilidade emocional, podendo resultar em um tratamento desumano e/ou hostil de clientes e de colegas. A baixa realização profissional no trabalho faz com que o trabalhador se autoavalie negativamente, causando baixa produtividade laboral e sentimentos de frustração, ineficácia e incompetência profissional6. Conhecida também por esgotamento profissional, a síndrome de Burnout é um acontecimento psicossocial caracterizada como uma resposta aos estressores crônicos presentes no ambiente do trabalho e que apresenta consequências negativas em outras áreas como o âmbito individual, familiar, profissional e social7. Estudiosos afirmam que a síndrome de Burnout apresenta sinais: ceticismo, insensibilidade, despreocupação, desconforto e ansiedade. Apresentam ainda sintomas como: insônia, fadiga, irritabilidade, tristeza, desinteresse, apatia, angústia, tremores e inquietação; caracterizando uma síndrome depressiva ou de ansiedade8. Para diagnóstico e posterior tratamento da síndrome é necessário o uso de um instrumento, que consiste em questões a serem respondidas pelo trabalhador com suspeita da afecção9. Os instrumentos desenvolvidos fazem parte das tecnologias em saúde. Tecnologias essas que têm conceitos amplos, métodos distintos e aspectos que se concluem em um artigo, um bem, uma teoria, uma novo modo de realizar algo10. Tecnologias na área da saúde são classificadas em leves que são baseadas em proximidades e trocas entre pessoas como as relações desenvolvidas por profissionais e pacientes. A leve-dura, que é a junção das relações com os saberes e a tecnologia quanto máquinas e dura com equipamentos e mecanismos11. A tecnologia leve-dura é caracterizada pelos dois tipos de tecnologia: leve, por existir um saber adquirido e que está inscrito na forma de pensar das pessoas, na forma de pensar as situações de saúde e na forma de organizar uma atuação sobre elas; e dura, caracterizada por um saber fazer bem-estruturado, bem-normalizado e bem-protocolado12. Assim, o instrumento classifica-se como uma tecnologia leve-dura, por ser organizado com sequências, normas que guiam a efetuação do cuidado. Advém de um trabalho vivo, estruturado, que busca obter dados para avaliação da presença de doenças, conhecimentos, adesão a tratamentos entre outros10-11. Este estudo tem como objetivo identificar os principais instrumentos utilizados para verificar a síndrome de Burnout e estresse em enfermeiros. Estes recursos REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 65 66 Bezerra CMB, Silva KKM, Aquino ASF, Martino MMF averiguam a presença das afecções psíquicas, que uma vez detectadas afetam a saúde do trabalhador e interferem na assistência prestada, no cuidado ao paciente, na gestão, entre outros. Baseado nos pressupostos, há necessidade em refletir sobre o que a produção científica na área da saúde tem desenvolvido nos últimos anos sobre os principais instrumentos utilizados para verificar a síndrome de Burnout e estresse em enfermeiros? Dessa forma, esse estudo contribui para a pesquisa e incremento da produção nas temáticas estresse e Síndrome de Burnout. MÉTODO Utilizou-se como método de pesquisa a revisão integrativa da literatura, seguindo seis etapas para o seu desenvolvimento: 1) elaboração da questão norteadora, 2) busca ou amostragem na literatura, 3) categorização, 4) análise crítica dos estudos incluídos, 5) discussão dos resultados, e a 6) síntese da revisão integrativa. Neste contexto, foi elaborado previamente um protocolo de revisão, para orientar o desenvolvimento da pesquisa e a realização de todas as seis etapas sugeridas13. Inicialmente, definiu-se a questão norteadora do estudo, que consistiu em: Quais são os principais instrumentos utilizados para verificação de síndrome de Burnout e estresse em enfermeiros? Para a seleção da amostra do estudo, foi realizado um levantamento nas bases de dados eletrônicas SCIELO, CINAHL, SCOPUS e LILACS em Junho de 2015, nos quais foram utilizados os descritores indexados no MeSH “stress” (1º); “burnout” (2º); “nursing” (3º). Esses descritores possibilitaram a realização de dois cruzamentos (#) diferentes, que foram inseridos respectivamente em todas as bases de dados selecionadas. São eles: #1) “stress” AND “nursing”; #2) “burnout” AND “nursing. Foram incluídos somente artigos científicos disponíveis gratuitamente e na íntegra nas bases de dados selecionadas, nos idiomas português, inglês e espanhol, publicados nos anos de 2009 a 2015. Os manuscritos foram selecionados quanto à temática no momento da leitura para os critérios de elegibilidade. Foram excluídos artigos que não abordavam de forma relevante a temática para responder a questão norteadora, publicações como dissertações, teses, editoriais e notas ao editor, bem como os artigos duplicados que só foram contabilizados uma vez. RESULTADOS Foram identificados 62 estudos no total, nas bases de dados LILACS, PUBMED, SCOPUS, SCIELO E CINAHL, 04 encontravam-se repetidos, 10 não se apresentavam como trabalho completo, apenas na forma de resumo e notas a editor e os outros 33 foram excluídos por não abordarem a temática dos instrumentos verificadores, apenas do estresse e Burnout, após a leitura do trabalho na íntegra. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 Os 15 artigos selecionados para compor o estudo foram publicados em bases de pesquisa em anos distintos conforme ilustrado no Quadro 1. No ano de 2009, na base de dados LILACS, observouse que foram publicados 02 artigos que abordavam a temática e tinham como instrumentos verificadores do Burnout e do estresse, respectivamente, o Maslach Burnout Inventor (MBI) e a Escala de Bianchi. No ano de 2010, percebeu-se que na base LILACS e CINAHL foram verificados dois estudos, um em cada, ambos utilizaram o MBI para tratar da busca da síndrome e o Questionnaire Stress of Conscience, para o estresse. Em 2011 foi publicado na CINAHL um estudo que utilizou o MBI. Para o período de 2012, as três pesquisas selecionadas foram da base de dados CINAHL e dois discutiram sobre o Burnout com uso do MBI e um com o OldenburgBurnout Inventory. Em 2013, os três artigos encontrados também foram divulgados na CINAHL, um utilizou o MBI, um também e a Nursing Job Stressor Scalepara verificar o estresse e um a Job Stressor Scale. Para 2014, notou-se dois artigos, um na PUBMED e um na LILACS relataram o uso do MBI em seus estudos. No ano de 2015, a base de dados SCOPUS reproduziu duas pesquisas, uma que destacou o uso do MBI na verificação da síndrome e uma fez uso do Versão chinesa do Inventário Copenhagen Burnout. DISCUSSÃO Os resultados mostram que nos artigos encontrados ao longo do período estudado o questionário mais utilizado foi o Maslach Burnout Inventary (MBI), presente em 13 dos 15 artigos pesquisados sendo o instrumento mais difundido para a pesquisa da síndrome de Burnout. Foi desenvolvido por Christina Maslach e Susan Jackson em 1978 e passou a analisar nos pesquisados a exaustão emocional e a despersonalização. O terceiro item que é abordado no MBI é a realização profissional, inserido após pesquisas com vários profissionais de diversas áreas14. Os três itens citados avaliam como o profissional está lidando com seu trabalho. Esse instrumento é de uso exclusivo para análise da síndrome de Burnout, deve se atentar para a avaliação dos resultados, que deve ser feita de forma tridimensional, ou seja, os três itens medidos de forma conjunta e não separadamente. O inventário é auto aplicado e com 22 itens, variando nos escores de frequência de zero a seis, em que zero é nunca e seis, diariamente6,15-19. No presente estudo observou-se o instrumento Maslach Burnout Inventary sendo citado em dois artigos como: versão chinesa do Inventário Copenhagen Burnout e Oldenburg Burnout Inventory ambas são versões da original e que de acordo com estudos se adequam aos países que serão utilizados e caracteriza as realidades deles20. O Oldenburg Burnout Inventory (OLBI) foi reformulado, validado e aplicase para qualquer público de trabalhadores. O Copenhagen Burnout Inventory (CBI) foi revalidado e cabe a vários tipos de trabalhadores21. E s t r eAs R s e Te I sGí nO d r oO m eR dI eGbIuN r nA o uLt Quadro 1- Síntese das principais informações dos artigos, quanto à base de dados, ano de publicação, título e abordagem de estudo e principais conclusões. Natal, 2016. Bases de dados Ano de publicação Lilacs 2009 Lilacs 2009 Lilacs 2010 Cinahl 2010 Cinahl 2011 Scopus 2012 Scopus 2012 Scopus 2012 Scopus 2013 Scopus 2013 Scopus 2013 Pubmed 2014 Lilacs 2014 Scopus 2015 Scopus 2015 Autores Título Variáveis de burnout em Benetti, ERR; Stumm, EMF; Izolan, profissionais de uma unidade F; Ramos, LP; Kirchner, RM. de emergência hospitalar Stress dos enfermeiros de Menzani, G; Bianchi, ERF. pronto socorro dos hospitais brasileiros. Síndrome de Burnout e satisfação no trabalho em Ruviaro, MFS; Bardagi, MP. profissionais da área de enfermagem do interior do RS. Perceptions of conscience, Juthberg, C; Eriksson, S; Norberg, stress and burnout among A; Sundin, K. nursing staff in residential elder careBurnout, Social Support, and Job Satisfaction among Hamaideh, SH. Jordanian Mental Health Nurses- Burnout Burnout during nursing education predicts lower Rudman, A; Gustavsson, JP. occupational preparedness and future clinical performance: A longitudinal study- Burnout Preditores da Síndrome de França, SPS; Martino, MMF; Burnout em enfermeiros de Aniceto, EVS; Silva, LL. serviços de urgência préhospitalar Síndrome de Bunrnout entre Galindo, RH; Feliciano, KVO; enfermeiros de um hospital Lima, RAS; Souza, AI. geral da cidade do Recife Exploration of the Burnout Karanikola, MN; Syndrome Occurrence Among Papathanassoglou, EE. Mental Health Nurses in CyprusFactors that may influence Mollart, L; Skinner, VM; Newing, midwives work-related stress C; Foureur, M. and burnout. Estresse ocupacional e Theme Filha, MM; Costa, MAS; autoavaliação de saúde entre Guilam, MCR. profissionais de enfermagem Ribeiro, VF; Ferreira Filho, C; Valenti, VE; Ferreira, M; Abreu, Prevalence of burnout LC; Carvalho, TD; Xavier, V; Japy syndrome in clinical nurses at a Oliveira Filho, J;Gregory, P; Leão, hospital of excellence ER; Francisco, NG; Ferreira, C. Síndrome de Burnout: Impacto da Satisfação no Trabalho Neves, VF; Oliveira, AF; Alves, PC. e da Percepção de Suporte Organizacional Optimism and proactive coping Chang Y; Chan HJ. in relation to burnout among NurseShort sleep duration is doseChin W; Guo YL; Hung YJ; Yang dependently related to job CY; Shiao JS. strain and burnout in nurses: A cross sectional survery- Instrumentos utilizados “Inventário de Burnout de Maslach” validado por Lautert. Escala Bianchi de Stress Maslach Burnout Inventory Questionnaire, Stress of Conscience. E Maslach Burnout Inventory. Maslach Burnout Inventory Oldenburg Burnout Inventory Maslach Burnout Inventory Maslach Burnout Inventory. Maslach Burnout Inventory Maslach Burnout Inventory; Nursing Job Stressor Scale Job Stress Scale Maslach Burnout Inventory Maslach Burnout Inventory. Maslach Burnout Inventory. Burnout: Versão chinesa do Inventário Copenhagen Burnout Fonte: própria pesquisadora A escala de Bianchi é utilizada para mensurar o nível de estresse do enfermeiro hospitalar ao exercer sua profissão, não verifica síndrome de Burnout, e ao contrário do instrumento dela, o MBI e suas versões não se aplica a vários tipos de profissões. Foi criado por Bianchi em 2008 após algumas pesquisas. Quanto a sua caracterização, auto REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 67 68 Bezerra CMB, Silva KKM, Aquino ASF, Martino MMF aplicável, tem seis domínios, as respostas variam de um a sete, esses analisam a assistência prestada, o cuidado, a gestão, entre outros(22-23). REFERÊNCIAS Dois artigos citam a Job stress scale que avalia o estresse no trabalho, proposta por Karasek na década de 70, tem duas dimensões com dois aspectos de demandas e controle no trabalho e o risco de adoecimento, com 49 questões. Theorell em 1988 reformulou o instrumento proposto por Karasek e elaborou 17 questionamentos24-25. Um estudo brasileiro desenvolvido para a validação da Job stress scale afirma que esta não abrange todos os aspectos do trabalho e deve ser, a pesquisa, complementada com outros instrumentos, escalas26. 2. Galindo RH, Feliciano HVO, Lima, RAS, Souza AI. Síndrome de Burnout entre enfermeiros de um hospital geral da cidade do Recife. Rev. esc. enferm. USP [Internet]. 2012 [acesso em 20 out 2015]; 46(2):420-427.Disponível em: http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342012000200021 A The Life Events Checklist (LEC) citada por um dos artigos pesquisados avalia eventos estressantes e com trabalhadores da enfermagem é autoaplicável e em escala tipo Likert variando de um a cinco. Esse artigo também avalia a presença da síndrome de Burnout através do instrumento27.O Compassion Fatigue Self Test (EGSC)verifica que Burnout é composta pelos sentimentos de cansaço, frustração, raiva e depressão referentes ao trabalho. É um questionário autoaplicável e os itens de avaliação são de zero a cinco, onde zero é nunca e cinco frequentemente28. Um artigo utilizou conjuntamente o MBI para a presença da síndrome de Burnout e o Stress of Conscience Questionnaire para verificar as medidas de estresse no trabalho em saúde. São nove itens para serem respondidos com a escala que corresponde à frequência e varia de zero, nunca, ao cinco, se todos os dias29-30. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nota-se que são vários os instrumentos que analisaram a exaustão emocional, a despersonalização e a realização profissional e que podem ser utilizados em diversas profissões, porém o mais utilizado para síndrome de Burnout foi o Maslach Burnout Inventary (MBI), Entretanto, para estresse, utiliza-se escala de Bianchi, com a qual se mensura o nível de estresse do enfermeiro hospitalar no exercício de sua profissão. Os instrumentos descritos no presente trabalho auxiliam no enfrentamento da Síndrome de Burnout e no estresse dos trabalhadores, pois após verificação desse(s) o enfermeiro pode buscar ajuda para tratar a(s) patologia(s), o local de trabalho e definir estratégias para enfrentamento para os funcionários, identificar estressores e não permitir que o estresse interfira na assistência ao paciente. Espera-se com esse levantamento contribuir para a realização de novas pesquisas e que com a junção destes sejam efetivadas políticas de prevenção, tratamento, a minimização de vulnerabilidades. Além da constante renovação do conhecimento sobre essas doenças e a saúde do trabalhador que ainda faz muitas vítimas. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 1. Lipp MEN. Pesquisas sobre stress no Brasil: saúde, ocupações e grupos de risco. Campinas: Papirus; 2001. 3. Lipp MEN, Rocha JC. Pressão alta e stress: o que fazer agora? Um guia de vida para o hipertenso. 1a ed. Campinas: Papirus, 2007. 95p 4. Santos AF, Santos MA. Estresse e Burnout no Trabalho em Oncologia Pediátrica: Revisão Integrativa da Literatura. Psicol. cienc. prof [Internet]. 2015 [acesso em 18 abr 2016]; 35(2):437456.Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S141498932015000200437&lng=pt&nrm=iso. 5. Santos AA, Nascimento Sobrinho CL. 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Resultado: Foi possível identificar falhas na estruturação das páginas e os comandos tiveram de ser recolocados, unificados e dispostos em local de fácil visualização. O Website possuiu uma taxa de retorno ao site de 47,2%; de acesso em dez países diferentes por jovens entre 20 e 24 anos, 66,7%; de facilitação ao aprendizado, 56,1%; de ser considerada uma forma interessante de promover saúde, 60,4%. Quanto aos elementos estruturais, 70,4% afirma ser de fácil compreensão, 51,9% conseguiram identificar as estruturas oculares com facilidade, e 51,9% conseguiram realizar o autoexame. Conclusão: A tecnologia facilitou a identificação de alterações visuais, mostrando-se eficaz no método de aprendizagem de prevenção em saúde ocular. Palavras Chave: Saúde ocular; Enfermagem; Tecnologia biomédica. ABSTRACT Evaluating health technology as a strategy for teaching in ophthalmology. Method: Evaluation study of digital educational material developed in Piauí State University from May to December 2014. In the first phase was prepared digital material to promote eye health, followed by the submission of material to the trial of 592 students. The study obtained approval from the Ethics Committee of the institution with the number 508,069 opinion. Result: It was possible to identify flaws in the structure of the pages and the commands had to be reseated, unified and barranged in easy-to-see location. Website owned return rate to 47.2%, accessed in ten different countries, between 20 to 24 years young, 66.7%, the site facilitated learning, 56.1%, and was considered an interesting way to promote health, 60.4%. As for the structural elements, 70.4%claims to be easy to understand, 51.9 percent were able to identify the ocular structures with ease, and 51.9% were able to perform self-examination. Conclusion: The technology facilitated the identification of Visual changes, showing effective learning method of prevention in eye health. Key words: Eye health; Nursing; Biomedical technology. NOTA * Projeto financiado pelo CNPQ processo 443832/20145. 1 Enfermeiro, graduação, Universidade Federal do Piauí, Picos, PI, Brasil. E-mail: [email protected]. 2 Enfermeira, mestre, Professora Universidade Federal do Piauí, Picos, PI, Brasil. E-mail: [email protected]. 3 Enfermeira, doutora, Professora da Universidade Federal do Piauí, Picos, PI, Brasil. E-mail: [email protected]. 4 Enfermeira, doutora, Professor Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil. E-mail: [email protected]. Enfermeira 5 Acadêmica do Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil. E-mail: [email protected]. 6 Enfermeira, doutora, Professora Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil. E-mail: [email protected]. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 A v a l i a ç ã o d e w e s i t e pA a rR a Te nI sGi nO o dO e oRf tIaG l mI oN l oA g iLa INTRODUÇÃO METODOLOGIA Nos últimos anos, a educação no mundo vem sofrendo novas intervenções tecnológicas por proporcionar ferramentas e mídias digitais que ofertam ao processo pedagógico espaços e instrumentos capazes de renovar as situações de interação e comunicação, tornando-o diferente do modelo tradicional de ensino. Estudo de avaliação de material educacional virtual6, desenvolvido em uma universidade pública no interior do Brasil, de maio a dezembro de 2014. As etapas do estudo consistiram de: definição dos objetivos de aprendizagem, elaboração de um website sobre saúde ocular, intitulado Enfermagem Oftalmológica, avaliação e usabilidade do material. Quanto à elaboração do material instrucional, realizou-se um planejamento e definições acerca das mídias utilizadas, vídeos, imagem e hipertexto, da estruturação das ferramentas a serem disponibilizadas e das formas de feedback ao usuário. Um estudo realizado sobre a prevalência de utilização dos serviços de saúde ocular nos últimos cinco anos apontou que do total de pessoas entrevistadas, 34% não realizaram consulta oftalmológica. Entre os motivos, destacaram-se baixas condições financeiras e indisponibilidade de tempo1-2. Logo, capacitar as pessoas ao autoexame favorece o autocuidado, pois muitas alterações oculares podem ser identificadas quando há o conhecimento prévio sobre saúde ocular. Assim, a educação da população continua a ser uma ferramenta vital na prevenção e gestão adequada de uma injúria ocular3. Na promoção da saúde ocular, há programas para avaliação da acuidade visual que buscam identificar indivíduos com significativos erros de refração, executando ações essenciais para o controle da deficiência visual. Entretanto, as ações de promoção que antecipam a identificação precoce de mudanças nas características oculares e visuais são muitas vezes negligenciadas4. Verifica-se, portanto, que as ações educativas constroem a base para a promoção da saúde ocular, constituindose como condição necessária e antecedente às ações do indivíduo para preservar a visão, aumentando a capacidade de tomar decisões relativas a comportamentos que influenciarão seu nível de saúde5. Corrobora-se com a afirmação de que ao se oportunizar o acesso a materiais educativos, com apoio nas tecnologias disponíveis, estimula-se o aprendiz à mudança de comportamento na medida em que o torna sujeito do processo de aprendizagem6. Essa afirmação toma dimensões ampliadas quando se combinam ações de educação, autocuidado e de prevenção em saúde. Portanto, a busca por alternativas que capacitem as pessoas a realizarem avaliação ocular periódica torna-se um método auxiliar no processo de promoção da saúde ocular. Os meios de comunicação têm potencial de atingir amplo número de pessoas, a um custo menor do que o método de intervenção individual. Isso foi recentemente comprovado por uma pesquisa que utilizou a escala de Snellen e instruções sobre sua utilização em quatro jornais diários. Por meio da pesquisa telefônica com 603 pessoas, assinantes destes jornais, descobriu-se que 125 utilizaram a escala para testar a sua visão7. Na perspectiva de associar medidas de prevenção em saúde voltada à estratégias de educação em saúde e aproveitando-se das novas possibilidades na área da tecnologia da informação e comunicação, buscou-se avaliar tecnologia em saúde como estratégia de ensino em oftalmologia. Após a elaboração do material, este foi enviado para o endereço de e-mail de 240 estudantes universitários do curso de Enfermagem. Considerando o objeto do estudo, foi determinado como critério de inclusão estudantes do quinto semestre, por já terem cursado semiologia adotado para evitar viés de coleta e com experiência no ambiente da Internet. Recrutados por meio de envio de e-mail pelo Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas, apenas 27 responderam com assinatura do Termo de Consentimento, no qual se declaravam possuir elegíveis a participar do estudo e acessaram o Website, onde, por meio de um link, puderam conhecer o material educativo digital. Depois da leitura do material, o usuário tinha acesso a um questionário online que versava sobre o resultado do exame ocular e questões sobre características do uso e organização do site. Era solicitado preenchimento do instrumento, encorajando-se o envio de sugestões. Os questionários tratavam do propósito de utilização do objeto educacional, organização, adequação da tecnologia aos sujeitos, sua aparência e usabilidade. De posse dos instrumentos preenchidos e com as sugestões dos participantes, seguiu-se as reformulações do objeto educacional. Todas estas etapas seguiram recomendações de estudos recentes, nos quais se destaca que a fase de construção de material educacional digital deve ser implementada de forma cíclica, ou seja, perfazendo o caminho de construção, teste e avaliação6,8. O acesso ao site http://autoocularsiteufpi.wixsite. com/autoocularsiteufpi foi computado por ferramenta do Google Analytics que tem capacidade de possibilitar em números absolutos todos os tipos de acesso do site, e os instrumentos reenviados foram digitados semanalmente pelo pesquisador em programa Excel. Para o relato das sugestões aceitas, seguiu-se codificação A1, A2... A27 para identificar falas dos acadêmicos. O site versa sobre autocuidado visual e informações sobre a anatomia, fisiologia e semiologia da visão, além de assegurar a realização do autoexame ocular, há um link de acesso a informação de como realizar esse autoexame, que consiste em um conhecimento básico das partes internas e externas dos olhos, seu funcionamento e avaliação da acuidade visual longe/perto, das estruturas oculares, movimento ocular, visão periférica e central. A avaliação da acuidade visual é medida com o auxílio de escala de Snellen, amplamente utilizada em avaliações oftalmológicas. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 71 72 L i m a F A A , G a l i z a F T , S i l v a A R V , B e s e r r a E P, M e d e i r o s J R R , L i m a M A O site foi estruturado de forma simples e rápida, seguindo uma ordem a partir da anatomia para se conhecer primeiramente as estruturas oculares e suas respectivas funções e o conjunto sensorial constituído pelo olho, via óptica, centros visuais e um conjunto não sensorial representado pelos vasos e nervos. O estudo foi realizado conforme a Resolução 466/12 da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, obtendo aprovação pelo comitê de ética da Universidade Federal do Piauí sob nº 508.069. RESULTADOS Buscou-se desenvolver material educativo em website para promoção, prevenção e autocuidado ocular em mídia digital para uso em ambiente virtual. A intenção é permitir à população conhecer informações sobre a visão e orientar sobre o autoexame ocular, para assim, ampliar a efetiva promoção da saúde ocular. Segundo a Figura 1, o website possuiu 597 sessões, com total de 592 usuários, 647 visualizações de páginas. Figura 2: Frequência de acesso, segundo país de origem, Piauí, Brasil, 2014. Fonte: Dados da pesquisa. Tabela 1. Frequência de respostas segundo dados sobre usabilidade do website, conhecimento sobre saúde ocular e local de acesso. Piauí, Brasil, 2014. Variável* Figura 1: Informações de frequência de aceso do web site, Piauí, Brasil, 2014. Fonte: Dados da pesquisa. A etapa de teste sobre o uso do material educacional foi importante para se diagnosticar falhas na elaboração. Alguns itens foram reformulados, como tornar os comandos mais visíveis ao usuário, facilidade de troca de páginas para guiar melhor o seguimento de navegação, e troca de ilustrações de modo a tornar sua compreensão mais clara. Com isso, cumpriram-se importantes itens avaliativos do material educacional para acesso à distância. O site apresentou um percentual de 47,2% de novos visitantes e um retorno de 52,8%, o qual comprova que o site oferece informações pertinentes para proporcionar o desejo de voltar a acessar o conteúdo. Quanto ao país de origem, a maioria dos acessos foi no Brasil, 519(32,3%), isso se justifica pela realização do estudo no país. E reitera-se, ainda que não se tenha realizado a tradução do site, registrou-se 165(27,6%) acessos nos Estados Unidos, 37(6,2%) na China e 32(5,3%) Japão. Em diferentes proporções obteve-se acesso de dez diferentes países. Entretanto, de acordo com os critérios elegibilidade dos participantes do estudo, selecionou-se dentre os usuários os dados referentes aos estudantes que estavam cursando semiologia do curso de enfermagem. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 Faixa etária Menos de 20 anos 20 a 24 anos 25 a 30 anos Acima de 30 anos Conhecimento sobre saúde ocular Desconhece Aponta alguma doença ocular Declara saber avaliar saúde ocular Sente-se seguro para realizar autoexame ocular Interesse na web site Facilidade de entendimento Acesso à informação digital é mais atrativo que os livros Potencializa a aprendizagem Vídeo Figura Hiperlink de acesso a pagina Fórum Outros O que potencializa aprendizagem no web site Por ser uma forma interessante de promoção da saúde A cartilha sobre autoexame ocular Apresenta efeito gráfico chamativo Outros n % 1 3,7 18 66,7 4 14,8 4 14,8 7 12 7 8 20,6 35,3 20,6 23,5 23 56,1 18 43,9 25 45 11 19,5 7 12,4 12 21,3 1 1,8 26 60,4 11 25,6 5 11,7 1 2,3 Fonte: Dados da pesquisa. * com exceção da idade, considerou-se mais de uma alternativa como resposta. A v a l i a ç ã o d e w e s i t e pA a rR a Te nI sGi nO o dO e oRf tIaG l mI oN l oA g iLa Os participantes do estudo eram jovens com idade entre 20 e 24 anos, 18 (66,7%). Sobre o conhecimento em oftalmologia, chama atenção o fato de que 7 (20,6%) desconheciam o tema, ainda assim, 12 (35,3%) conseguiram apontar algum tipo de doença ocular e 8 (23,5%) conseguiam realizar com segurança e corretamente o autoexame ocular. que após visitar o site e acessar as informações sentiamse seguros em realizar exame e identificar as estruturas oculares, enquanto que 10(37%) concordavam ter dificuldade no exame. Quanto aos recursos disponíveis, 23(56,1%) afirmaram que o site facilita o entendimento sobre a realização correta do exame ocular, 18(43,9%) declararam que o acesso a informação virtual é mais atrativa que os livros convencionais. Em relação a melhor forma de aprendizado, os internautas elegeram os vídeos, 25(45%), como a forma de aprendizagem mais fácil e 12(21,3%) escolheram o fórum. Grande parte dos participantes considerou o website como ferramenta importante de promoção da saúde, 26(60,4%). Entre os componentes do site de maior importância 11(25,6%) elegeram a cartilha sobre o autoexame ocular, e 5(11,7%) referiram à disposição gráfica do site. Figura 3: Frequências de respostas obtidas segundo existência de termos técnicos que dificultam a aprendizagem, Piauí, Brasil, 2014. Fonte: Dados da pesquisa. A respeito da compreensão textual, 19 (70,4%) discordam com a afirmação de haver dificuldade de entendimento da linguagem em decorrência de termos técnicos e 02 (7,4%) não souberam responder se havia dificuldade em identificar as estruturas oculares, como se observa na figura 4. Figura 5: Frequências de respostas obtidas segundo capacidade de realizar do autoexame ocular, Piauí, Brasil, 2014. Fonte: Dados da pesquisa. Sobre sua realização, figura 6, 14(51,9%) afirmaram ser possível concluir o autoexame, já 11(40,7%) dizem conseguir realizar parcialmente e dois dos usuários relataram não conseguir realizar o exame ocular sozinho, o que corrobora a necessidade de se abordar esse assunto no site. Nas avaliações emergiram sugestões e opiniões sobre o material, destacando-se a adequação da linguagem ao público alvo e a estratégia de reduzir os textos. Na concepção dos alunos e professores envolvidos, o material se encontra adequado para o público alvo e caracterizase como um instrumento a ser utilizado na educação do público leigo. Sugiro que durante as instruções tenham figuras autoexplicativas [...] A1 Adequar o vocabulário. Não que ele esteja muito técnico, mas o ideal é que ele seja mais detalhado [...]A2 Senti falta das fontes de onde as informações e imagens foram retiradas, bem como as devidas referências. Sugiro uma revisão ortográfica para melhorar a redação A3 Após a análise das avaliações sugeridas pelos acadêmicos, considerando ter-se questionado sobre os termos técnicos, foi implementada apreciação especialista na área de letras, para melhor adequar a linguagem e avaliar aspectos relacionados à clareza e redução do texto. DISCUSSÃO Figura 4: Frequências de respostas obtidas segundo capacidade de identificar as estruturas oculares, Piauí, Brasil, 2014. Fonte: Dados da pesquisa. Quanto à observância de aprendizado e identificação das estruturas oculares, 14(51,9%) usuários afirmaram É inegável a complexidade de uma assistência integral relativa aos problemas oculares, porém, é preciso considerar que se pode trabalhar com um público interessado em saúde ocular utilizando instrumentos capazes de atingir amplo número de pessoas, de modo a sensibilizá-las a incorporarem a prática do autoexame no seu cotidiano. Justificando-se tal esforço, ao considerar que alguns estudos apontam desconhecimento do público alvo sobre as medidas de prevenção sobre saúde ocular9. REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 73 74 L i m a F A A , G a l i z a F T , S i l v a A R V , B e s e r r a E P, M e d e i r o s J R R , L i m a M A Pesquisadores corroboram com a ideia de que a aprendizagem on-line requer mudança qualitativa na natureza da comunicação e interação10-11. O desafio atualmente centra-se na busca por materiais que auxiliem no processo educacional do público de forma geral, na aquisição de conhecimento e tomada de decisão dos usuários dos serviços de saúde. positivos16. Assim como no processo de autocuidado17, o controle de sintomas por meio do telemonitoramento domiciliar18 aumenta a qualidade de vida e a doença crônica19 reduz as taxas de readmissão tempo de internações, custos em saúde, promove segurança do paciente, melhora a independência na realização de atividades de vida diária e adesão à terapêutica20. Notadamente, grupos de pesquisadores vêm investigando as melhores práticas na educação on-line na Enfermagem, considerando-se o uso da tecnologia, as práticas educacionais, o suporte ao educando e os resultados12. Comprova-se que há uma correlação entre a prática educativa on-line e a satisfação do usuário, no sentido de tornar o processo mais autônomo. O feedback recebido deste estudo motivou a melhorar o material e buscar estratégias de maior divulgação e distribuição, cuja intenção é realizar um estudo com amplo número de usuários, e a importância da realização de cada etapa pode proporcionar maior eficácia na construção de um material educativo digital. A respeito da adequação do material educativo digital às características do usuário, os menus possibilitam que se navegue livremente em uma estrutura linear e flexível. Acredita-se que a possibilidade do usuário ir para o exame que deseja realizar aumenta seu interesse e estimula o aprendizado13. Pode-se observar que o público jovem prevaleceu entre os usuários, a maioria conseguiu realizar o autoexame ocular com segurança, assim se observou que o material educativo auxiliou na promoção do autocuidado ocular. Destaca-se que o material educacional digital caracteriza-se por conteúdos didáticos com emprego de multimídia e interatividade associado a recursos das tecnologias da informática e da comunicação. Esses recursos digitais são elaborados seguindo um planejamento integrado ao processo de aprendizagem, delineados dentro de uma perspectiva pedagógica11. Entretanto, se busca atingir padrões de layout de forma a reduzir a carga cognitiva funcional, porque cada componente necessitará ser percebido e interpretado pelo aprendiz. Uma tela que use convenções padrão no texto, gráficos, navegação e layout simples terá os seus componentes mais facilmente interpretados e consequentemente terá uma carga cognitiva mais baixa14. Comprovadamente os novos paradigmas pedagógicos, mediados pelo surgimento das novas tecnologias, propõem desafios aos profissionais envolvidos no processo educacional. Corrobora-se com a ideia de que o uso desses novos recursos extrapolam a visão tradicional e os métodos meramente discursivos no processo de ensino aprendizagem14. Comprovadamente o site se mostrou eficiente para auxiliar no autoexame, pois 23,5% dos visitantes afirmam conseguir realizar avaliação ocular. Estudos recentes mostram que um material bem elaborado e uma informação de fácil entendimento melhoram o conhecimento e a satisfação do paciente, desenvolvem ações que influenciam o padrão de saúde e favorecem a tomada de decisão, além de contribuir na redução do uso dos serviços e dos custos com a saúde15. Sua incorporação no processo de cuidado em saúde reverte-se comprovadamente em resultados clínicos REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 Por isso que os objetos de aprendizagem se configuram tanto como ferramentas para apoiar a educação à distância, como ferramentas complementares na construção e fixação de novos conceitos. Destaca-se que esta tecnologia virtual tem o caráter de oferecer informação de forma sistemática, ou seja, possui as características de acessibilidade e reutilização, como observado que o número de retorno de visitantes, supera o número de novos visitantes. Portanto, espera-se que o acesso de forma ilimitada proporcione cada vez mais a vontade e o desejo de conhecimento da saúde. CONCLUSÃO Verificou-se que materiais educativos na área de enfermagem instigam a vontade de aprender, e esse tipo de aprendizagem cumpre com as necessidades dos usuários no uso das novas tecnologias, inseridas atualmente no cotidiano das pessoas. Para melhor orientar o usuário, a página inicial da web site foi reestruturada direcionando os usuários aos links de autoexame ocular, fórum de discussão e ao aprendizado das funções e alterações visuais. A habilidade que o profissional enfermeiro possui em desenvolver tecnologias e trabalhar com novas ferramentas em prol da promoção da saúde, entendendo que o computador e a Internet fazem parte do cotidiano de uma grande parcela da população. Portanto, é fundamental o uso de novas tecnologias do cuidado com enfoque nas ações educativas, entretanto, é necessário uma avaliação de suas limitações, benefícios e uma adequação às necessidades dos usuários; já que a avaliação é um processo contínuo de aperfeiçoamentos e ajustes mais adequados; e assim propor um caminho inovador que gere atitudes conscientes e intencionais, além da valorização e reconhecimento do exercício de cidadania. O website pode ser utilizado como estratégia complementar no processo de aprendizagem, já que facilita a identificação de alterações visuais precoces, e também proporcione incentivo na busca de uma assistência oftalmológica. A v a l i a ç ã o d e w e s i t e pA a rR a Te nI sGi nO o dO e oRf tIaG l mI oN l oA g iLa 1. Sousa RP, Miota FMCSC, Carvalho ABG. Tecnologias digitais na educação. Campina Grande: EDUEPB, 2011. 276p. 19. Brennan PF, Casper GR, Burke LJ, Johnson KA, Brown R, Valdez RS, et al. Technology-enhanced practice for patients with chronic cardiac disease: home implementation and evaluation. Heart & Lung. 2010;39(6):S34–S46. 2. Castagno VD, Fassa AG, Silva MC, Carret MLV. Carência de atenção à saúde ocular no setor público: um estudo de base populacional. Cad Saúde Pública. 2009;25(10):2260-72. 20. Gardner LA, Sparnon EM. Work-Arounds Slow Electronic Health Record Use. American Journal of Nursing. 2014;114(4):64–67. REFERÊNCIAS 3. Okpala NE, Umeh RE, Onwasigwe EN. Eye Injuries Among Primary School Children in Enugu, Nigeria: Rural vs Urban. Ophthalmology and Eye Diseases. 2015;7:13-19. 4. Lazard A, Mackert M. User evaluations of design complexity: The impact of visual perceptions for effective online health communication. International Journal of Medical Informatics, 2014; 83(10):726-735. 5. Temporini ER, Kara-José N. Níveis de prevenção de problemas oftalmológicos. Arq Bras Oftalmol. 1995;58(3):189-92. 6. Falkembach GAM. Concepção e desenvolvimento de material educativo digital. Novas Tecnologias na Educação. 2005;3(1):1-15. 7. Murray E, Burns J, See TS, Lai R, Nazareth I. Interactive health communication applications for people with chronic disease. Cochrane Database Syst Rev. 2005;19(4):CD004274. 8. Behar PA, Passerino L, Bernardi M. Modelo pedagógico para a educação a distância: pressupostos teóricos para a construção de objetos de aprendizagem. Novas Tecnologias. 2007;5(2). 9. Grady JL. The Virtual Clinical Practicum: an innovative telehealth model for clinical nursing education. Nurs Educ Perspect. 2011;32(3):189-94. 10. Tarouco LMR, Grando ARCS, Konrath ML. 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A construção da Escala de Braden por Braden e Bregstrom foi baseada na fisiopatogenia das úlceras por pressão, através de dois determinantes considerados críticos: a intensidade e a duração da pressão, e a tolerância da pele e das estruturas de suporte para cada força. A intensidade a duração da pressão que o paciente sofre estão relacionadas a mobilidade, atividade percepção sensorial. Por outro lado, a tolerância da pele e das estruturas de suporte estão relacionadas a fatores intrínsecos como nutrição e idade, e a fatores extrínsecos como umidade, fricção e cisalhamento. Com a intenção de colaborar na prevenção de úlceras por pressão, dando subsídios para que os enfermeiros pudessem mais objetivamente indicar quais os pacientes que correm risco para desenvolvê-las, pesquisadores elaboraram escalas, para predizer o risco para sua formação. Este estudo teve como objetivo de identificar a importância da implementação da Escala de Braden na prevenção de úlcera por pressão em pacientes adultos hospitalizados. A metodologia utilizada foi uma revisão clássica da literatura. Portanto, conclui-se que a Escala de Braden consiste em identificar, minimizar, avaliar e reavaliar a pele e sua integridade constantemente pelo enfermeiro. Sua eficiência ratifica a relevância, a confiabilidade e a importância da sua utilização, pois é um poderoso instrumento de avaliação preventiva na úlcera por pressão devendo ser usada pelo enfermeiro. Palavras-chave: Úlcera por pressão; Escala de Braden; Enfermagem. NOTA 1 Mestrando em Enfermagem pela Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein - FICSAE São Paulo (2016), Pós-Graduado em Saúde Pública pela Faculdade Barão do Rio Branco (FAB) (2008), Pós-Graduado em Didática e Docência do Ensino Superior pela Faculdade Barão do Rio Branco (FAB) (2015), graduado em Enfermagem pelo Instituto de Ensino Superior de Manaus (2005). 2 Graduado em Enfermagem pela Faculdade FAMETA (2016). 3 Enfermeira Graduada em Enfermagem e professora do curso de enfermagem da Faculdade FAMETA (2016). REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 I SA i mR p óTs iIoGAO c r eO a nR o Id G e FI eNr i A d aLs Reação adversa à penicilina cristalina: Síndrome de Lyell Maria do Carmo Duarte da Costa1 • Christielle da Silva Montenegro2 Introdução: A necrólise epidérmica tóxica (NET), também denominada síndrome de Lyell, consiste em uma rara patologia dermatológica, na qual a camada superficial da pele se desprende em lâminas, podendo levar à morte. Além da esfoliação mucocutânea, esta doença também se caracteriza pela presença de febre alta e sinais de toxicidade sistêmica. É desencadeada pelo uso de certos fármacos, como penicilina, sulfamidas, barbitúricos, anticonvulsivantes, antiinflamatórios não esteróides ou alopurinol. Da mesma forma que ocorre nos casos de queimaduras graves, a NET pode levar à morte, pois pode haver grande perda de líquido e sais por meio das áreas danificadas, além de deixar o paciente mais susceptível às infecções. Objetivo: Demonstrar evolução clínica de um paciente acometido por NET, no uso prolongado de penicilina cristalina 5.000.000, com diagnóstico diferencial e recuperação favorável. Metodologia: Consiste em um estudo de caso de paciente hospitalizado em uma unidade hospitalar em isolamento de contato após sofrer NET. Resultados: O mesmo encontrava-se séptico, desnutrido, anêmico, catabolico, referindo insônia e apresentando depressão. O tratamento tópico foi iniciado com utilização de hidrogel, espuma de poliuretano de prata iônica e espuma de ibuprofeno, com objetivo de realizar desbridamento autolítico, absorção de exsudato e controle de dor. Após oito semanas utilizou-se pomada fitoscar com objetivando-se a cicatrização. A conduta nutricional consistiu em dieta hiperproteica e hipercalórica e uso de imunomoduladores, atingindo-se assim o VET ideal do paciente, de forma que a resposta imunológica fosse melhorada e se estabelecesse um estado anabólico. Conclusão: Ficou evidenciada a necessidade de conhecimento teórico dos profissionais da unidade de internação sobre a NET e o sentido de valor que esta prática pode dar aos profissionais na condução da assistência individualizada aos pacientes sobre seus cuidados, neste estudo, especificamente, os portadores de NET. Palavras-chave: Hipersensibilidade a Drogas; Manifestações Cutâneas; Dermatopatias. NOTA 1 Nutricionista, Especialista em Nutrição Clínica e Ambulatorial. [email protected] Enf. Especialista em UTI neo e Pediátrica; Graduanda do curso de Esp. Gestão do trabalho e Educação na Saúde e Graduanda o curso de Esp. Enfermagem em Home Care. [email protected] 2 REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 77 78 I Simpósio Acreano de Feridas A atuação da fisioterapia juntamente com a equipe multiprofissional na cicatrização de lesão por atropelamento, um estudo de caso Itáira Pereira Menezes Aquino1 • Maria Marluce da Silva Oliveira2 • Christielle da Silva Montenegro3 • Maria do Carmo Duarte da Costa4 Introdução: O trauma por acidente de trabalho é um acontecimento súbito que ocorre no exercício da atividade laboral ao serviço da empresa e que provoque ao trabalhador lesão ou danos corporais de que resulte na incapacidade parcial ou total temporária ou permanente para o trabalho. Objetivo: Apresentar os resultados de uma equipe multiprofissional na cicatrização e reabilitação física funcional de uma lesão por atropelamento. Metodologia: Consiste em um estudo de caso de uma paciente acompanhada por equipe multiprofissional, que sofreu um trauma por uma empilhadeira no quadríceps da perna direita. Resultados: Paciente admitida no dia 02/11/15, vítima de acidente de trabalho onde foi acometida por uma empilhadeira agredindo quadríceps direito com perca de 90% da massa muscular. Segundo avaliação da enfermagem, a ferida apresentava 80% de tecido necrótico e 20% de tecido de granulação, com nível alto de exsudação, aspecto seroso, presença de odor detectado na remoção da cobertura. Tratamento foi iniciado com antisséptico com clorexine 2%, soro fisiológico morno, cobertura de carvão ativado e hidrogel. Posteriormente foi usado alginato de prata e Biatain Ibu. No âmbito nutricional foi realizada avaliação física, onde se constatou que a paciente estava anêmica, com alto catabolismo e inapetente. A conduta consistiu em oferta de fórmula anti-anêmica composta de quelatos, suplemento de arginina, glutamina, mix de colágeno composto de micronutrientes, além de dieta hipercalórica e hiperproteica. Foi ressaltada a importância da hidratação adequada e da manutenção dos hábitos alimentares. Após avaliação da fisioterapeuta pode ser observado engurgitamento de linfa, edema grau III, atrofia por desuso, perda da sensibilidade, hiporreflexia, mialgia, rigidez articular, diminuição da amplitude de movimento e circulação comprometida na extremidade do membro afetado. O primeiro procedimento realizado foi à massagem miofacial com ativação da linfa e drenagem linfática, seguido pelo desenvolvimento de exercícios para amplitude de movimento como: alongamento e mobilizações. Paciente seguiu evoluindo, desenvolvendo o tratamento através de exercícios passivos, ativo-assistido, ativo, descarga de peso, treino da marcha e resistência. Atualmente, vem sendo realizada um tratamento dermato-funcional que visa à melhora das características da lesão através da fricção. Como resultado do tratamento multiprofissional, incluindo da fisioterapia, paciente encontra-se deambulando sem necessidade de apoio e sem prejuízo nos movimentos, foi recuperada a sensibilidade, a circulação periférica, também houve melhora do tônus muscular, a ferida apresenta 80% já cicatrizado e 20% de epitelização. Nutricionalmente, paciente apresenta-se sem nenhum déficit nutricional além do apetite que foi recuperado. Conclusão: Com a ação multiprofissional no tratamento da lesão, observou-se a recuperação total da função sensitiva e motora do membro inferior direito, bem como do tecido celular subcutâneo, epiderme e derme, sendo portanto, desnecessário o implante de pele no local. Palavras-chave: Reabilitação funcional; Coberturas especiais; Arginina; Nutrição imunomoduladora. NOTA 1 Fisioterapeuta, Especialista em Ortopedia, traumatologia e desportiva e Instrutora de Pilates. Avançado. [email protected] 2 Médico Clínico Geral, Pós-Graduada em doenças da pele. [email protected] Enf. Especialista em UTI neo e Pediátrica; Graduanda do curso de Esp. Gestão do trabalho e Educação na Saúde e Graduanda o curso de Esp. Enfermagem em Home Care. [email protected] 3 4 Nutricionista, Especialista em Nutrição Clínica e Ambulatorial. [email protected] REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 I SA i mR p óTs iIoGAO c r eO a nR o Id G e FI eNr i A d aLs Construção do fluxo dos usuários do programa assistencia à pacientes portadores de feridas e sua utilidade no planejamento da emad (equipe multiprofissional de atendimento domiciliar) Deyvidy Albuquerque de Oliveira1 • Christielle da Silva Montenegro2 • Alcineia Pereira Lira Camurça3 • Raisa de Paula Oliveira4 Objetivo: Montar o fluxograma por onde os usuários do Programa de Pacientes Portadores de Feridas percorrem para uso no Planejamento da EMAD e das Unidades de Saúde. Método: Construção em conjunto com a Coordenadora da EMAD (Equipe Multiprofissional de Atendimento Domiciliar), Christielle Montenegro, do Fluxo. Resultados: Foram identificadas as portas de entrada do usuário no programa e atores, instituições e profissionais, envolvidos, abrindo caminho para uso no Planejamento da EMAD. Conclusão: A importância de se conhecer os processos envolvidos no percurso por onde o usuário percorre influencia em tomadas de decisões de todos os atores envolvidos no serviço prestado. Conhecer o Fluxo por onde o usuário portador de feridas percorre no serviço é uma ferramenta para a utilização do PES (Planejamento Estratégico Situacional) bem como conhecer os vértices do Triângulo de Governo em cada etapa por onde o usuário percorre e trabalhar em cima de resultados que se pretende alcançar, prever problemas que possam vim a surgir e resolver problemas já existentes. NOTA 1 Estudante do curso de Bacharel em Saúde Coletiva. [email protected] Enf. Especialista em UTI neo e Pediatria; Graduanda do curso de Esp. Gestão do Trabalho e Educação na Saúde e Graduanda do curso de Esp. Enfermagem Home Care. [email protected] 2 3 Estudante do curso de Bacharel em Saúde Coletiva. [email protected] 4 Estudante do curso de Bacharel em Saúde Coletiva. [email protected] REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79 79 80 I Simpósio Acreano de Feridas Liga acadêmica de assistência a pacientes portadores de lesões Yara de Moura Magalhães1 • Suellen Cristina Enes Valentim da Silva2 • Thaisa Castello Branco Danzicourt3 • Eline Messias4 • Barbara Teles Cameli5 Introdução: Diferentemente de boa parte das alterações de pele, as lesões tem sido alvo de grande preocupação para os serviços de saúde, pois sua ocorrência causa impacto tanto para os pacientes e seus familiares, quanto para o próprio sistema de saúde, com o prolongamento de internações, riscos de infecções e outros agravos evitáveis. O tratamento de lesões é um processo complexo e desafiador, envolvendo uma equipe multiprofissional, como clínicos, nutricionistas, fisioterapeutas, enfermeiras especializadas, entre outros, tornando-se essencial para o adequado tratamento dos pacientes. Objetivo: Oferecer aos portadores de feridas (residentes na cidade de Rio Branco, Acre), ações educativas, preventivas e curativas nas áreas de enfermagem e nutrição. Metodologia: As atividades desenvolvidas ocorrerão através do vinculo da Equipe Multiprofissional de Atenção Domiciliar com a Universidade Federal do Acre que realizará uma seleção de acadêmicos para compor a equipe da Liga Acadêmica, juntamente com os docentes. Resultados: Como liga acadêmica, serão desenvolvidas atividades de cunho prático e teórico. As atividades teóricas consistem na realização de reunião para estudo de casos, discussão de artigos, planejamento de atividades, exposição de aulas sobre os temas e outros, já as atividades práticas serão realizadas com o acompanhamento dos acadêmicos a equipe do EMAD. Nesse primeiro momento, serão selecionados acadêmicos do curso de nutrição, que iniciarão a vivência, aprendendo na prática sobre lesões, terapia nutricional, cuidados domiciliares, etc. Todas as atividades seguindo o protocolo de atendimento já existente no EMAD, que consiste na primeira avaliação, seguida pela realização do curativo em domicílio e a oferta da terapia nutricional na atenção domiciliar. Os acadêmicos irão acrescentar a equipe com cuidados teóricos como a orientação familiar quanto à higiene, entrega de plano alimentar individualizado, cálculo da estimativa de necessidade energética, entre outros. Estando estabelecida essa primeira fase, a liga se expandirá para os demais cursos, como enfermagem, psicologia, medicina, entre outros. Conclusão: Almeja-se promover através do ensino, pesquisa e extensão a aproximação da academia ao ambiente familiar desses pacientes, atingindo também a comunidade. Intervindo com ações de conscientização, prevenção e recuperação da saúde, contribuindo para a qualidade de vida e capacidade funcional do paciente. Com as visitas domiciliares, esperamos realizar um levantamento de dados epidemiológicos para que possamos em longo prazo estabelecer um perfil da incidência e prevalência de pacientes acometidos com lesões na cidade de Rio Branco. Palavras-chave: Liga Acadêmica; Portadores de Feridas; Equipe Multiprofissional. NOTA 1 Universidade Federal do Acre. [email protected] 2 Universidade Federal do Acre. [email protected] 3 Universidade Federal do Acre. [email protected] 4 Prof. Esp. Centro de Ciências da Saúde e do Desporto da Universidade Federal do Acre. [email protected] 5 Prof. Esp. Centro de Ciências da Saúde e do Desporto da Universidade Federal do Acre. [email protected] REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79