Revista In derme_79_2016.indd

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Revista
ISSN 1519-339X
Ano 16 - Nº 79 - Outubro / Novembro / Dezembro – 2016
A Revista Enfermagem Atual In Derme é uma revista da Sociedade Brasileira de Enfermagem em
Feridas e Estética (SOBENFeE), está indexada na base de dados do Cinahl - Information Systems
USA, classificada como Qualis International B2 da Capes e no Grupo EBSCO Publicações.
Editora Chefe:
Alcione Matos de Abreu
Vice- presidente da SOBENFeE | Doutoranda da
Universidade Federal Fluminense UFF
Editor Assistente:
Raí Moreira Rocha
Mestrado em Ciências do Cuidado em Saúde EEAAC/UFF
Financeiro:
Sobenfee
Vendas:
Sobenfee
[email protected]
Sac:
[email protected]
Envio de Artigos:
[email protected]
EDITORIAL
Caros leitores,
Na edição de nº 79, do ano de 2016, destaca-se:
O artigo Avaliação da qualidade de vida de pessoas com úlceras venosas é um estudo
transversal com abordagem quantitativa realizado com uma amostra de 29 pacientes
com úlceras venosas. O principal objetivo do estudo foi analisar a qualidade de vida de
pessoas com úlceras venosas.
O artigo Crenças e mitos acerca do exame preventivo de câncer de colo uterino é um
estudo transversal com abordagem quantitativa realizado em uma unidade de Estratégia
de Saúde da Família (ESF) do litoral norte do Rio Grande do Sul, com mulheres de 35 a
64 anos. O principal objetivo do estudo foi conhecer as crenças e os mitos em relação
ao exame preventivo do câncer de colo uterino em mulheres atendidas em uma unidade
de atenção básica.
ENFERMAGEM ATUAL é uma revista científica,é
uma revista da Sociedade Brasileira de
Enfermagem em Feridas e Estética
(SOBENFeE),publicada trimestralmente, voltada
para o publico de profissionais e acadêmicos e
pós graduados da área de saúde.
O artigo Percepção de acadêmicos de enfermagem acerca do papel do enfermeiro
no cuidado pré-natal é estudo transversal com abordagem quantitativa realizado na
Faculdade Cenecista de Osório/RS com 20 acadêmicos do curso de enfermagem. O
principal objetivo do estudo foi conhecer o entendimento do acadêmico de enfermagem
sobre a importância do cuidado pré-natal.
CIRCULAÇÃO: Em todo Território Nacional.
CORRESPONDÊNCIAS: Rua México, nº 164 sala
62, Centro - Rio de Janeiro - RJ
(21) 2259-6232 - [email protected]
Periodicidade: Trimestral
Distribuição: Sobenfee
Produção: Letra Certa Comunicação
Diagramação: Cecilia Pachá
O artigo Qualidade de vida em pacientes com sequelas de queimaduras é um estudo
transversal com abordagem quantitativa, realizado de agosto a setembro de 2014, com
43 pacientes. O principal objetivo do estudo foi analisar a qualidade de vida (QV) de
pacientes que se queimaram e desenvolveram sequelas.
ENFERMAGEM ATUAL reserva todos os direitos,
inclusive os de tradução, em todos os países
signatários da Convenção Pan-Americana e
da Convenção Internacional sobre Direitos
Autorais.
A Revista Enfermagem Atual é uma revista
da Sociedade Brasileira de Enfermagem em
Feridas e Estética (SOBENFeE), com publicação
trimestral. Publica trabalhos originais das
diferentes áreas da Enfermagem, Saúde e Áreas
Afins, como resultados de pesquisas, artigos de
reflexão, relato de experiência e discussão de
temas atuais.
Circulação: 4 números anuais: JAN/FEV/MAR –
ABR/MAI/JUN – JUL/AGO/SET – OUT/NOV/DEZ
A Revista Enfermagem Atual é uma publicação
trimestral. Publica trabalhos originais das
diferentes áreas da Enfermagem, Saúde e Áreas
Afins, como resultados de pesquisas, artigos de
reflexão, relato de experiência e discussão de
temas atuais.
ISSN 1519-339X
O artigo Produção científica da enfermagem dos hospitais de ensino acerca da cultura
de segurança do paciente é uma Revisão Sistemática da Literatura realizada nas bases
de dados indexadas e on-line, no período entre 2004 e 2016, utilizando os descritores
“Enfermagem”, “Hospital”, “Segurança do paciente com o operador booleano” e “AND”.
O objetivo principal do estudo foi conhecer a produção científica da enfermagem dos
hospitais de ensino sobre cultura de segurança do paciente.
O artigo Evidências científicas de enfermagem sobre idosos estomizados é uma Revisão
Sistemática da Literatura realizada nas bases de dados Lilacs, BDENF, Medline, IBECS
e Scielo, por meio da associação do descritor “Idoso”, no período entre 2005 a 2015. O
principal objetivo do estudo foi analisar a atenção a idosos estomizados.
O artigo Alterações estéticas no contexto da doença renal crônica e complicações
associadas à autoimagem é uma Revisão Sistemática da Literatura realizada nas bases
de dados Lilacs, Medline, Biblioteca Digital de Teses e Dissertações e Google Acadêmico,
utilizando a estratégia PVO-P (problema/população): Insuficiência Renal Crônica; Diálise
Renal; Fístula Arteriovenosa; V (variáveis do problema): Estética; O (outcomes/resultados):
Autoimagem; Imagem Corporal, no período de 2010 a 2015. O principal objetivo do
estudo foi identificar na literatura as alterações estéticas decorrentes da doença renal
crônica (DRC) e seu tratamento e as complicações associadas a mudanças na autoimagem.
O artigo Dificuldades apresentadas pelas puérperas no processo de amamentação é
uma Revisão Sistemática da Literatura realizada nas bases de dados Bireme e Lilacs,
respeitando o recorte temporal de 2011 a 2015, utilizando os descritores: “amamentação”,
“leite humano” e “desmame precoce”. O principal objetivo do estudo foi identificar as
dificuldades apresentadas pelas puérperas no processo de amamentação.
O artigo Instrumentos verificadores de estresse e da síndrome de burnout: revisão integrativa é uma Revisão Sistemática da Literatura
realizada nas bases de dados eletrônicas: Scielo, CINAHL, Scopus e Lilacs, nas quais foram utilizados os descritores indexados no MeSH
“stress” (1º); “burnout” (2º); “nursing” (3º) e acompanhados do conector “and”, com recorte temporal de 2009 a 2015. O principal objetivo
do estudo foi identificar os principais instrumentos utilizados para verificar a síndrome de Burnout e o estresse em enfermeiros.
O artigo Tecnologia e educação em saúde: avaliação de um website para o ensino de oftalmologia é um estudo de avaliação de material
educacional digital, desenvolvido na universidade pública no Piauí, no período de maio a dezembro de 2014. O objetivo principal do
estudo foi avaliar a tecnologia em saúde como estratégia de ensino em oftalmologia.
Convido a todos vocês para o VI Congresso Brasileiro de Prevenção e Tratamento de Feridas, cujo tema central será “Feridas na Invisibilidade”.
O congresso acontecerá em Salvador/BA, entre os dias 31 de outubro e 03 de novembro de 2017.
“As feridas do corpo são curadas com tratamento local e sistêmico, de acordo com a evidencia científica. ‘As feridas da alma’ são
curadas com atenção, carinho e paz.”
Machado de Assis
Boa leitura!
Editora Científica
Alcione Abreu
CONSELHo EDITORIAL
Ana Luiza Soares Rodrigues
Mestre em Ciências do Cuidado em Saúde pela UFF Enfermeira
do Hospital Federal da Lagoa / MS André Luiz de Souza Braga
Professor Adjunto do Departamento de Fundamentos de
Enfermagem e Administração da Escola de Enfermagem Aurora
de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense. Rio de
Janeiro, RJ
Andrea Pinto Leite Ribeiro
Doutoranda do Programa Acadêmico de Ciências do Cuidado
em Saúde (UFF) Enfermeira do Departamento de Neonatologia
do IFF/FIOCRUZ
Beatriz Guitton Renaud Baptista de Oliveira
Phd, Professora Titular da Escola de Enfermagem Aurora de
Afonso Costa-UFF | Universidade Federal Fluminense Rio de
Janeiro Bruna Maiara Ferreira Barreto
Doutoranda em Ciências do Cuidado em Saúde pela UFF.
Professora auxiliar I do Departamento de Fundamentos de
Enfermagem e Administração da UFF
Carla Lube de Pinho Chibante
Doutoranda do Programa Acadêmico em Ciências do Cuidado
em Saúde/UFF.Rio de Janeiro/RJ
Cristina Lavoyer Escudeiro
Doutora em Enfermagem. Professora Associado II do
Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica da
Universidade Federal Fluminense Rio de Janeiro, RJ
Denise Assis Corrêa Sória
Professora Associada III da Universidade Federal do Estado do
Rio de Janeiro (UNIRIO), RJ – Brasil
Edmar Jorge Feijó
Mestre em enfermagem pela UFF/RJ. Gestor e docente do curso
de graduação em enfermagem da Universidade Salgado de
Oliveira UNIVERSO/SG – Brasil
Elenice Martins
Doutoranda do programa de Nanociências pela UFSM /RS
Docente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário
Franciscano/RS – Brasil
Michelle Hyczy de Siqueira Tosin
Mestre pelo Mestrado Profissional em Enfermagem Assistencial
pela UFF/RJ – Brasil
Gustavo Dias da Silva
Doutorando em Enfermagem. Professor assistente da FENF/
UERJ, RJ – Brasil
Karina Chamma Di Piero
Mestrado Profissional em Saúde da criança e da mulher pelo
Instituto Fernandes Figueira – Brasil. Especialista em Enfermagem
Dermatológica (UGF) e Estomaterapia (UERJ) – Brasil
Javier Soldevilla Agreda
Universidade de La Rioja Logroño. La Rioja Logroño – Espanha
José Carlos Martins
Universidade de Coimbra. Coimbra – Portugal
José Verdu Soriano
Universidade de Alicante. Alicante – Espanha
Maria Celeste Dalia Barros
Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Estado
do Rio de Janeiro/UNIRIO. Rio de Janeiro, RJ – Brasil
Maria Marcia Bachion
Professor Titular da Universidade Federal de Goiás – Brasil
Neida Luiza Kaspary
Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa
Catarina – Brasil. Professora do Hospital de Caridade Astrogildo
de Azevedo – Brasil
Pedro Paulo Correa Santana
Mestrado em Ciências do Cuidado em Saúde pela
(UFF). Professor Assistente do curso de Enfermagem do Centro
Universitário Anhanguera de Niterói. Niterói, RJ – Brasil
Rafaela Oliveira Grillo
Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-Rio. Psicóloga clínica e
hospitalar
Renata Miranda de Sousa
Doutoranda do Programa Acadêmico em Ciências do Cuidado
em Saúde/UFF. Rio de Janeiro/RJ
Vinicius Lino de Souza Neto.
Mestre pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Wagner Oliveira Batista
Doutorando da Universidade Federal Fluminense (UFF), RJ –
Brasil. Professor de Educação Física
SUMÁRIO
Revista Enfermagem Atual EDITORIAL 2
6 Normas de Publicação
Revista Enfermagem Atual
ARTIGOS
9 Avaliação da qualidade de vida de pessoas com úlceras venosas Quality of life assessment of people with venous ulcers
Willian Alburquerque de Almeida, Adriano Menis Ferreira, Maria Lucia Ivo, Marcelo Alessandro Rigotti, Adaiele Lucia Nogueira Vieira da Silva, Larissa da Silva Barcelos
17 Crenças e mitos acerca do exame preventivo de câncer de colo uterino Beliefs and myths about the preventive examination cervical cancer
Débora Biffi, Karine Stumm, Dienefer Reis, Luana Daudt, Fabiano Carpes
20 Percepção de acadêmicos de enfermagem acerca do papel do enfermeiro no cuidado pré-natal Perception of academic nursing nurses about the paper in prenatal care
Fabiano Carpes, Débora Biffi, Karine Eliel Stumm
23 Qualidade de vida em pacientes com sequelas de queimaduras Quality of life of patients with after effects from burns
Jussara de Lucena Alves, Emanuela Batista Ferreira e Perreira, Priscilla Tereza Lopes de Souza, Bruna Gabrielle de Souza Costa, Chrystenise Valéria Ferreira Paes
REVISÕES
32 Produção científica da enfermagem dos hospitais de ensino acerca da cultura de segurança do paciente Scientific production of the nursing of teaching hospitals about patient safety culture
Tavane Menezes Costa, Zenith Rosa Silvino
41 Evidências científicas de enfermagem sobre idosos estomizados Scientific evidence from nursing on elderly ostomy
Amanda Travassos da Costa, Pedro Paulo Corrêa Santana, Phelipe Austríaco Teixeira, Fátima Helena do Espírito Santo, Diana Mary Araújo de Melo Flach, Marilda Andrade
50 Alterações estéticas no contexto da doença renal crônica e complicações associadas à autoimagem Aesthetic changes in the context of chronic kidney disease and complications associated to self-image
Dejanilton Melo da Silva, Rose Mary Costa Rosa Andrade Silva, Eliane Ramos Pereira
59 Dificuldades apresentadas pelas puérperas no processo de amamentação Difficulties presented by puerperal in the process of breastfeeding
Karla Gracielle Ribeiro Lins de Oliveira, Tayssa Suelen Cordeiro Paulino, Fábio Claudiney da Costa Pereira, Bárbara Coeli Oliveira da Silva, Richardson Augusto Rosendo da Silva, Soraya Maria de Medeiros
64 Instrumentos verificadores de estresse e da síndrome de burnout: revisão integrativa Checkers instruments stress and burnout syndrome: an integrative review
Clarissa Maria Bandeira Bezerra, Kezia Katiane Medeiros da Silva, Aline de Souza Falcão , Milva Maria Figueiredo de Martino
ESTUDO DE 70 Tecnologia e educação em saúde: avaliação de um website para o ensino de oftalmologia AVALIAÇÃO DE
Technology and education in health: evaluation of a website for the teaching of ophthalmol
MATERIAL EDUC.Filipe Araújo Alves de Lima, Francisca Tereza de Galiza, Ana Roberta Vilarouca da Silva, Eveline Pinheiro Beserra, Jemima Rafaela Rodrigues de VIRTUAL Medeiros, Maria Alzete de Lima
RESUMOS
76
NORMAS DE PUBLICAÇÃO
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL o conhecimento sobre o objeto da investigação. Deve
limitar-se a 4000 palavras (excluindo resumo, referências,
A Revista Enfermagem Atual é o órgão oficial de divulgação tabelas e figuras). As referências deverão ser atuais e em
da Sociedade Brasileira de Feridas e Estética (SOBENFeE). número mínimo de 30.
Impressa e on-line, tem como objetivo principal registrar a
produção científica de autores nacionais e internacionais, ARTIGOS DE REFLEXÃO:
que possam contribuir para o estudo, desenvolvimento,
aperfeiçoamento e atualização da Enfermagem, da saúde Consideração teórica sobre aspectos conceituais no
e de ciências afins, na prevenção e tratamento de feridas. contexto da enfermagem. Formulação discursiva
O desenvolvimento do conhecimento de Enfermagem aprofundada, focalizando conceitos ou constructo teórico
visto, principalmente, nas últimas quatro décadas, é o da Enfermagem ou de área afim; ou discussão sobre um
resultado da somatória dos esforços dos cientistas, teóricos tema específico, estabelecendo analogias, apresentando
e estudiosos em Enfermagem, a fim de que a prática seja e analisando diferentes pontos de vista, teóricos e/ou
mais segura e eficiente. Desta maneira, cabe também práticos. Deve conter no máximo 2500 palavras (excluindo
a esta sociedade trazer à comunidade as descobertas resumos e referências).
científicas conseguidas pela enfermagem, também nas
seguintes seções especiais: Saúde da Mulher, Saúde da RELATOS DE CASO:
Criança e Adolescente, Saúde Mental, Saúde do Trabalhador
Descrição de pacientes ou situações singulares. O texto é
e Saúde do Adulto e Idoso. As instruções aqui descritas
composto por uma introdução breve que situa o leitor em
visam orientar os pesquisadores sobre as normas adotadas
relação à importância do assunto e apresenta os objetivos
para avaliar os manuscritos submetidos. Os manuscritos
do relato do(s) caso(s) em questão; o relato resumido do
devem destinar-se exclusivamente à Revista Enfermagem
Atual, não sendo permitida sua submissão simultânea a caso e os comentários no qual são abordados os aspectos
outro(s) periódico(s). Quando publicados, passam a ser relevantes. Seguidos de uma discussão a luz da literatura
propriedade da Revista Enfermagem Atual, sendo vedada a nacional e internacional e conclusão. O número de palavras
reprodução parcial ou total dos mesmos, em qualquer meio deve ser inferior a 2000 (excluindo resumo, referências e
de divulgação, impresso ou eletrônico, sem a autorização tabelas). O número máximo de referência é 15.
prévia do(a) Editor(a) Científico(a) da Revista.
RELATO DE EXPERIÊNCIA:
A publicação dos manuscritos dependerá da observância
das normas da Revista Enfermagem Atual e da apreciação Descrição de experiências acadêmicas, assistenciais e de
do Conselho Editorial, que dispõe de plena autoridade extensão na área da enfermagem dermatológica e áreas
para decidir sobre sua aceitação, podendo, inclusive afins. Deve conter até 2500 palavras (excluindo resumos e
apresentar sugestões (sem alterar o conteúdo científico) referências).
ao(s) autor(es) para as alterações necessárias. Neste caso,
o referido trabalho será reavaliado pelo Conselho Editorial, NOTA PRÉVIA:
permanecendo em sigilo o nome do consultor, e omitindo
também o(s) nome(s) do(s) autor(es) aos consultores. Resumos de trabalho de conclusão de curso, dissertações
Manuscritos recusados para publicação serão notificados e ou teses. Deve ser escrito na forma de resumo expandido
disponibilizados a sua devolução ao(s) autor(es) na sede da estruturado contendo Introdução, Objetivos, Métodos e
Resultados Esperados.Deve limitar-se a 1000 palavras
Revista.
(excluindo referências).
MODALIDADES DE ARTIGOS
INSTRUÇÕES AOS AUTORES
ARTIGOS ORIGINAIS:
CARTAS AO EDITOR:
Resultado de pesquisa. Deve limitar-se a 6000 palavras
(excluindo resumo, referências, tabelas e figuras).
São sempre altamente estimuladas. Em princípio, devem
comentar discutir ou criticar artigos publicados na Revista,
mas também podem versar sobre outros temas de interesse
geral. Recomenda-se tamanho máximo 1000 palavras,
incluindo referências bibliográficas, que não devem exceder
a seis (6). Sempre que possível, uma resposta dos autores
será publicada junto com a carta.
ARTIGOS DE REVISÃO (SISTEMÁTICA OU
INTEGRATIVA):
Estudo que reúne de maneira crítica e ordenada resultados
de pesquisas a respeito de um tema específico, aprofunda
AVALIAÇÃO PELOS PARES (PEER REVIEW)
Previamente à publicação, todos os artigos enviados à
Revista Enfermagem Atual passam por processo de revisão
e julgamento, a fim de garantir seu padrão de qualidade.
Inicialmente, o artigo é avaliado pela secretaria para
verificar se está de acordo com as normas de publicação e
completo. Todos os trabalhos serão submetidos à avaliação
pelos pares (peer review) por pelo menos dois revisores
selecionados pelo Conselho Editorial. Os revisores fazem
uma apreciação rigorosa de todos os itens que compõem
o trabalho. Ao final, farão comentários gerais sobre o
trabalho e opinarão se o mesmo deve ser publicado. O
editor toma a decisão final. Em caso de discrepâncias entre
os avaliadores, pode ser solicitada uma nova opinião para
melhor julgamento. Quando são sugeridas modificações
pelos revisores, as mesmas são encaminhadas ao autor
correspondente.
O sistema de avaliação é o duplo cego, garantindo o
anonimato em todo processo de avaliação. A decisão sobre
a aceitação do artigo para publicação ocorrerá, sempre que
possível, no prazo de seis meses a partir da data de seu
recebimento. As datas do recebimento e da aprovação do
artigo para publicação são informadas no artigo publicado
com o intuito de respeitar os interesses de prioridade dos
autores.
Office Word, com configuração obrigatória das páginas em
papel A4 (210x297mm) e margens de 2 cm em todos os
lados, fonte Times New Roman tamanho 12, espaçamento
de 1,5 pt entre linhas. As páginas devem ser numeradas,
consecutivamente, até as Referências. O uso de negrito
deve se restringir ao título e subtítulos do manuscrito.
O itálico será aplicado somente para destacar termos ou
expressões relevantes para o objeto do estudo, ou trechos
de depoimentos ou entrevistas. Nas citações de autores,
ipsis litteris, com até três linhas, usar aspas e inseri-las
na sequência normal do texto; naquelas com mais de três
linhas, destacá-las em novo parágrafo, sem aspas, fonte
Times New Roman tamanho 11, espaçamento simples entre
linhas e recuo de 3 cm da margem esquerda. Não devem ser
usadas abreviaturas no título e subtítulos do manuscrito. No
texto, usar somente abreviações padronizadas. Na primeira
citação, a abreviatura é apresentada entre parênteses, e os
termos a que corresponde devem precedê-la.
PRIMEIRA PÁGINA:
Devem ser redigidos em português. Eles devem obedecer à
ortografia vigente, empregando linguagem fácil e precisa
e evitando-se a informalidade da linguagem coloquial.
Quando pertinente, será solicitado aos autores uma revisão
ortográfica.
Identificação: É a primeira página do manuscrito e deverá
conter, na ordem apresentada, os seguintes dados: título
do artigo (máximo de 15 palavras) nos idiomas (português
e inglês); nome do(s) autor(es), indicando, em nota de
rodapé, título(s) universitário(s), cargo e função ocupados;
Instituição a que pertence(m) e endereço eletrônico
para troca de correspondência. Se o manuscrito estiver
baseado em tese de doutorado, dissertação de mestrado
ou monografia de especialização ou de conclusão de curso
de graduação, indicar, em nota de rodapé, a autoria, título,
categoria (tese de doutorado, etc.), cidade, instituição a que
foi apresentada, e ano. Devem ser declarados conflitos de
interesse e fontes de financiamento.
As versões serão disponibilizadas na íntegra no endereço
eletrônico (http://inderme.com.br).
SEGUNDA PÁGINA:
IDIOMA
PESQUISA COM SERES HUMANOS E ANIMAIS
Os autores devem, no item Método, declarar que a pesquisa
foi aprovada pela Comissão de Ética em Pesquisa de sua
Instituição (enviar declaração assinada que aprova a
pesquisa), em consoante à Declaração de Helsinki revisada
em 2000 [World Medical Association (www.wma.net/e/
policy/b3.htm)] e da Resolução 466/12 do Conselho Nacional
de Saúde (http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/
Reso466.pdf). Na experimentação com animais, os
autores devem seguir o CIOMS (Council for International
Organizationof Medical Sciences) Ethical Code for Animal
Experimentation (WHO Chronicle 1985; 39(2):51-6) e os
preceitos do Colégio Brasileiro de Experimentação Animal COBEA (www.cobea.org.br).
PREPARO DOS MANUSCRITOS
ENVIO DOS MANUSCRITOS:
Os manuscritos de todas as categorias aceitas para
submissão deverão ser digitados em arquivo do Microsoft
Resumo e Abstract: O resumo inicia uma nova página.
Independente da categoria do manuscrito - Normas de
Publicação REVISTA ENFERMAGEM ATUAL 2014. O Resumo
deverá conter, no máximo, 200 palavra e ser escrito com
clareza e objetividade. No resumo deverão estar descritos
o objetivo, a metodologia, os principais resultados e
as conclusões. O Resumo em português deverá estar
acompanhado da versão em inglês (Abstract). Logo abaixo
de cada resumo, incluir, respectivamente, três (3) a cinco (5)
descritores e key words. Recomenda-se que os descritores
estejam incluídos entre os Descritores em Ciências da
Saúde - DeCS (http://decs.bvs.br) que contem termos em
português, inglês.
TERCEIRA PAGINA:
Corpo do texto: O corpo do texto inicia nova página, em
que deve constar o título do manuscrito SEM o nome do(s)
autor(es). O corpo do texto é contínuo. É recomendável
que os artigos sigam a estrutura: Introdução, Método,
Resultados, Discussão e Conclusões.
Introdução: Deve conter o propósito do artigo. Reunir a
lógica do estudo. Mostrar o que levou aos autores estudarem
o assunto, esclarecendo falhas ou incongruências na
literatura e/ou dificuldades na prática clínica que tornam
o trabalho interessante aos leitores. Apresentar objetivo (s).
Método: Descrever claramente os procedimentos de
seleção dos elementos envolvidos no estudo (voluntários,
animais de laboratório, prontuários de pacientes). Quando
cabível devem incluir critérios de inclusão e exclusão. Esta
seção deverá conter detalhes que permitam a replicação
do método por outros pesquisadores. Explicitar o
tratamento estatístico aplicado, assim como os programas
de computação utilizados. Os autores devem declarar que
o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Instituição
onde o trabalho foi realizado.
Resultados: Apresentar em sequência lógica no texto,
tabelas e ilustrações. O uso de tabelas e gráficos deve ser
privilegiado.
Conclusões: Devem ser concisas e responder apenas aos
objetivos propostos. Referências: O número de referências
no manuscrito deve ser limitado a vinte (20), exceto nos
artigos de Revisão.
Referências: As referências, apresentadas no final do
trabalho, devem ser numeradas, consecutivamente, de
acordo com a ordem em que foram incluídas no texto; e
elaboradas de acordo com o estilo Vancouver. Devem ser
utilizados números arábicos, sobrescritos, sem espaço entre
o número da citação e a palavra anterior, e antecedendo a
pontuação da frase ou parágrafo [Exemplo: enfermagem1.].
Quando se tratar de citações sequenciais, os números serão
separados por um traço [Exemplo: diabetes1-3;], quando
intercaladas, separados por vírgula [Exemplo: feridas1,3,5.].
Apresentar as Referências de acordo com os exemplos:
- Artigo de Periódico: Shikanai-Yasuda MA, Sartori AMC,
Guastini CMF, Lopes MH. Novas características das endemias
em centros urbanos. RevMed (São Paulo). 2000;79(1):2731.- Livros e outras monografias: Pastore AR, Cerri GG. Ultrasonografia: ginecologia, obstetrícia. São Paulo: Sarvier; 1997.
- Capítulo de livros: Ribeiro RM, Haddad JM, Rossi P.
Imagenologia em uroginecologia. In: Girão MBC, Lima GR,
Baracat EC. Cirurgia vaginal em uroginecologia. 2a.ed. São
Paulo: Artes Médicas; 2002. p. 41-7.
- Dissertações e Teses: Del Sant R. Propedêutica das
síndromes catatônicas agudas [dissertação]. São Paulo:
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo;
1989.
- Eventos considerados no todo: 7th World Congress on
Medical Informatics; 1992 Sep 6-10; Geneva, Switzerland.
Amsterdam: North-Holland; 1992. p.1561-5.
- Eventos considerados em parte: House AK, Levin E.
Immune response in patients with carcinoma of the colo
and rectum and stomach. In: Resumenes do 12º Congreso
Internacional de Cancer; 1978; Buenos Aires; 1978. p.135.
- Material eletrônico: Morse SS. Factors in the emergence of
infections diseases. Emerg Infect Dis [serial online];1(1):[24
screens]. Available from: http://www.cdc.gov/oncidod/eID/
eid.htm. CDI, clinical dermatology illustrated [monograph
on CD-ROM], Reeves JRT, Maibach H. CMeA Multimedia
group, producers. 2nd ed. Version 2.0. Sand Diego: CMeA;
1995.
Figuras e Tabelas: Todas as ilustrações, fotografias, desenhos,
slides e gráficos devem ser numerados consecutivamente
em algarismos arábicos na ordem em que forem citados
no texto, identificados como figuras por número e título do
trabalho. As legendas devem ser apresentadas em folha à
parte, de forma breve e clara. Devem ser enviadas separadas
do texto, formato jpeg, com 300 dpi de resolução. As tabelas
devem ser apresentadas apenas quando necessárias para a
efetiva compreensão do manuscrito. Assim como as figuras
devem trazer suas respectivas legendas em folha à parte. A
entidade responsável pelo levantamento de dados deve ser
indicada no rodapé da tabela.
COMO SUBMETER O MANUSCRITO
Os manuscritos devem ser obrigatoriamente, submetidos
eletronicamente via email: [email protected]. Os
artigos deverão vir acompanhados por uma Carta de
apresentação, sugerindo a seção em que o artigo deve
ser publicado. Na carta o(s) autor(es) explicitarão que
estão de acordo com as normas da revista e são os únicos
responsáveis pelo conteúdo expresso no texto. Declarar se
há ou não conflito de interesse e a inexistência de problema
ético relacionado ao manuscrito.
ARTIGOS REVISADOS
Os artigos que precisarem ser revisados para aceite e
publicação na Revista Enfermagem Atual serão reenviados
por email aos autores com os comentários dos revisores
e deverá ser reencaminhado ao editor no prazo máximo
de 15 dias. Caso a revisão ultrapasse este prazo, o artigo
será considerado como novo e passará novamente por
todo processo de submissão. Na resposta aos comentários
dos revisores, os autores deverão destacar no texto as
alterações realizadas.
ARTIGOS ACEITOS PRA PUBLICAÇÃO
Uma vez aceito para publicação, uma prova do artigo
editorado (formato PDF) será enviada ao autor
correspondente para sua apreciação e aprovação final.
TAXA DE PUBLICAÇÃO
A partir de 1º de Novembro de 2015, todos os artigos aceitos
para publicação deverão pagar uma taxa de R$ 200,00.n
A RT I G O O R I G I N A L
Avaliação da qualidade de vida de pessoas com úlceras
venosas
Quality of life assessment of people with venous ulcers
Willian Alburquerque de Almeida1 • Adriano Menis Ferreira2 • Maria Lucia Ivo3 • Marcelo Alessandro Rigotti4 • Adaiele
Lucia Nogueira Vieira da Silva5 • Larissa da Silva Barcelos6
RESUMO
Objetivo: Analisar a qualidade de vida de pessoas com úlceras venosas. Método: Estudo transversal com abordagem
quantitativa realizado em pacientes com úlceras venosas. A amostra totalizou 29 pacientes. Foram utilizados
dois instrumentos para a coleta de dados, um com características sociodemográficas-clínicas e o segundo sobre
avaliação da qualidade de vida o WHOQOL-Bref. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (Protocolo nº
545.595/2014). Para o tratamento dos dados realizou-se a análise inferencial e descritiva. Utilizaram-se os testes de
Coeficiente de Correlação de Pearson e Análise de Variância quando p<0,05. Resultados: A idade do participante se
correlacionou de forma significativa com a presença de dor (p=0,047) e área da lesão (p=0,050), a dor se correlacionou
de forma significativa com o tempo da lesão (p=0,005) e número de lesões (p=0,010). Conclusão: A qualidade de vida
não foi afetada pela presença das úlceras venosas, entretanto os resultados mostram que a idade pode influenciar
a percepção à dor e área da lesão e a dor pode variar de acordo com o tempo e número de lesões.
Palavras-chave: Qualidade de vida; Úlcera varicosa; Doença crônica; Fatores Socioeconômicos.
ABSTRACT
Objective: To analyze the quality of life of people with venous ulcers. Method: Cross-sectional study with a
quantitative approach was carried out in patients with venous ulcers. The sample comprised 29 patients. Two
instruments for data collection were used, one with sociodemographic, clinical characteristics and the second
on evaluation of the quality of life WHOQOL-Bref. The study was approved by the Research Ethics Committee
(Protocol nº 545,595 / 2014). For the processing of data held inferential and descriptive analysis. We used the
Pearson correlation coefficient test and ANOVA p <0.05. Results: participant’s age correlated significantly with the
presence of pain (p = 0.047) and lesion area (p = 0.050), pain correlated significantly with the time of injury (p =
0.005) and number lesions (p = 0.010). Conclusion: The quality of life was not affected by the presence of venous
ulcers, however, the results show that age can influence the perception of pain and area of injury and the pain
may vary with time and number of lesions.
Keywords: Quality of life; Varicose ulcer; Chronic illness; Socioeconomic Factors.
NOTA
Enfermeiro. Mestre em Enfermagem, Enfermeiro de Educação Permanente e Comissão Intra-Hospitalar de Transplantes da Santa Casa de Andradina (SP). Brasil E-mail:
[email protected]
1
2
Enfermeiro. Pós-Doutor em Enfermagem, Professor Associado do Curso de Enfermagem, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/UFMS – Campus de Três Lagoas (MS),
Brasil. E-mail: [email protected]
3
Enfermeira. Doutora em Enfermagem, Professora Associada do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/UFMS – Campo Grande (MS). Brasil.
E-mail: [email protected]
4
Enfermeiro. Professor Assistente do Curso de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Três Lagoas (MS). Doutorando em Ciências da Saúde, Faculdade de
Medicina de São José do Rio Preto. São José do Rio Preto (SP), Brasil. E-mail: [email protected]
5
Enfermeira, Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde e Desenvolvimento na Região Centro-Oeste, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) –
Campo Grande (MS), Brasil. E-mail: [email protected]
6
Enfermeira. Doutora em Saúde e Desenvolvimento na Região Centro-Oeste, Professora Adjunta do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul –
Três Lagoas (MS). E-mail: [email protected]
Os autores declaram que não há quaisquer conflitos de interesse.
*Extraído da Dissertação de Mestrado “Impacto das feridas na qualidade de vida de pessoas atendidas na rede primária de saúde” de autoria de Willian Alburquerque de
Almeida, apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande (MS), 2015.
Estudo realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), 2013-2015. Campo Grande (MS), Brasil
Extraído da Dissertação de Mestrado “Impacto das feridas na qualidade de vida de pessoas atendidas na rede primária de saúde”, apresentado ao Programa de Pós-Graduação
em Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande (MS), 2015.Estudo realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (Capes), 2013-2015. Campo Grande (MS), Brasil.
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INTRODUÇÃO
As úlceras crônicas em membros inferiores vêm
aumentando em sua incidência, afetando o estilo de vida
dos pacientes acometidos, gerando sofrimento, aumentos
nos custos do tratamento e piora na qualidade de vida1.
A úlcera venosa (UV) constitui o maior problema
terapêutico das lesões de membros inferiores, o que
desencadeia alterações no cotidiano da vida das pessoas
que as possuem2, estima-se que as UV afetam cerca de
1% a 2% da população mundial, sendo predominante em
pessoas com 60 anos ou mais, impactando diretamente na
qualidade de vida desta população3.
As UV são lesões crônicas de membros inferiores,
resultante da insuficiência venosa crônica (IVC), causada
por dificuldade de retorno venoso nos casos de trombose
venosa profunda (TVP) e de refluxo do sangue venoso. As
UV provocam dores frequentes, consequentemente perda
da mobilidade funcional, comprometendo a capacidade
para o trabalho e afetando o cotidiano destas pessoas.
Associados a esses fatores, os gastos exorbitantes com o
tratamento repercutem de forma negativa na qualidade
de vida destas pessoas e familiares, tornando a UV um
problema de saúde pública4.
As manifestações clínicas da Doença Venosa Crônica
(DVC) são telangiectasias ou veias reticulares, veias
varicosas, edema, alterações da pele e tecido subcutâneo,
decorrentes da doença venosa, pigmentação ou eczema,
lipodermatoesclerose ou atrofia branca, alterações de pele
com úlcera cicatrizada e alterações de pele com úlcera
ativa e diante destas manifestações recebem classificações
de acordo com seu estágio5.
No cuidado ao paciente com úlcera venosa o enfermeiro
tem um papel imprescindível, sendo este profissional
o gestor em saúde em várias vertentes dos processos
assistenciais. O grande foco do enfermeiro referente
ao cuidado dos pacientes com úlceras venosas vai além
de questões relacionadas à prevenção e avaliação do
diagnóstico de risco, fornece o apoio educativo e mental,
levando-os a superar a sua situação clínica, projetando a
recuperação e melhorando a qualidade de vida6.
Diante do exposto, esta pesquisa tem por objetivo
analisar a qualidade de vida de pessoas com úlceras
venosas.
MÉTODO
Trata-se de um estudo descritivo, transversal com
abordagem quantitativa. O estudo foi realizado 14 unidades
de saúde sendo seis unidades básicas de saúde, sete
estratégias de saúde da família, um centro especializado
em tratamento de feridas e visita as residências de
pacientes com úlceras venosas em um município do
interior do estado de Mato Grosso do Sul.
A amostra foi composta por todos os usuários com
úlceras venosas que buscaram o serviço de saúde e que
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foram identificados pela visita domiciliar, totalizando 29
pacientes.
Foram selecionados para participar do estudo usuários
que atenderam os seguintes critérios de inclusão: presença
de lesão ativa, localizada na perna ou pé, com presença
de, no mínimo, dois dos sinais e sintomas de insuficiência
venosa: edema em tornozelo e/ou acima; hiperpigmentação;
lipodermatoesclerose; varizes e/ou veias reticulares e/ou
telangiectasias7; ou ainda diagnóstico médico registrado no
prontuário, ou resultado de exame complementar de imagem
indicativa de trombose venosa e/ou insuficiência venosa por
obstrução e/ou refluxo dos sistemas venosos, com duração
mínima de três meses ou mais, atendidas em salas de curativos
de todas as unidades de saúde, ou em sua residência, com
idade igual ou superior a 18 anos. Antes da inclusão no estudo,
os pacientes receberam informações sobre os objetivos do
estudo e os que aceitaram participar assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Foi utilizado um formulário de coleta de dados
sociodemográfico e clínicos e um instrumento para
avaliação da qualidade de vida o WHOQOL-Bref validado
no Brasil por Fleck8. A abordagem inicial deu-se através
de contato prévio com a unidade de saúde para verificar a
presença destes usuários no serviço. Todos os participantes
do estudo responderam os instrumentos por meio de
entrevista realizada pelo pesquisador em ambiente
tranquilo e privativo após a realização do curativo.
Os dados sociodemográficos que compôs o formulário
estão relacionados: a idade, gênero, estado civil, número
de filhos, religião, atividade profissional atual, renda
mensal familiar e etnia; e os dados relacionados à ferida:
histórico de lesões anteriores, número de lesões, presença
e intensidade da dor, área da lesão, tempo de lesão. Na
avaliação da qualidade de vida, utilizou-se instrumento
da Organização Mundial da Saúde: o WHOQOL-bref
composto por 26 itens que se referem a quatro domínios:
físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente onde
o indivíduo está inserido. Além destes quatro domínios, o
WHOQOL-bref é composto também por um domínio que
analisa a qualidade de vida global9.
As respostas para todas as questões do instrumento
foram obtidas por meio de uma escala de respostas
tipo Likert, com uma escala de intensidade (nada –
extremamente), capacidade (nada – completamente),
frequência (nunca – sempre) e avaliação (muito insatisfeito
– muito satisfeito; muito ruim – muito bom). Cada domínio
é composto por questões cujas pontuações das respostas
variam entre 1 e 5. Os escores finais de cada domínio são
calculados por uma sintaxe, que considera as respostas
de cada questão que compõe o domínio, resultando em
escores finais numa escala de 4 a 20, comparáveis aos do
WHOQOL-100, que podem ser transformados em escala de
0 a 100. O WHOQOL-bref foi traduzido em vários idiomas
e validado em diversos países. No Brasil, este trabalho foi
realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS) por Fleck9.
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v i Id G
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Os dados coletados foram transferidos para um
banco de dados na planilha do aplicativo Microsoft Excel
2010, utilizando-se o processo de validação por dupla
digitação. Uma vez validados, os dados foram exportados
e analisados de forma descritiva nos programas EPI-INFO
versão 7 e BioEstat versão 5.3. As variáveis numéricas foram
exploradas pelas medidas descritivas de centralidade
(média e mediana) e de dispersão (mínima, máxima e
desvio padrão – DP.). A associação entre as características
clínicas e sóciodemográficas foram avaliadas pelo
Coeficiente de Correlação de Pearson considerando p<0,05
como significativo. A análise quantitativa referente à
comparação dos escores dos domínios foi realizada por
meio da aplicação do teste de Análise de Variância e teste
post-hoc de Tukey quando p<0,05.
O estudo atendeu os princípios éticos e apresenta-se de
acordo com a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional
de Saúde. Em seguida, foi submetido à Comissão de Ética
em Pesquisa com Seres Humanos, vinculado à Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul, obtendo parecer favorável
(Protocolo nº 545.595/2014).
RESULTADOS
Dos 29 participantes analisados foi observada a
predominância do sexo feminino como população mais
afetada pelas úlceras venosas com 62,07%. Com relação à
faixa etária, a média de idade entre todos os participantes
foi de 64,79 anos, com renda per capita igual ou menor a
um salário mínimo por pessoa e escolaridade de até oito
anos de estudo (ensino fundamental). Dos 29 pacientes, 28
(96,55%) encontram-se inativos profissionalmente do total
de pacientes entrevistados (Tabela1).
Em relação aos aspectos clínicos, percebeu-se que
(58,62%) dos participantes apresentavam uma única
lesão. Para avaliação da dor utilizou-se uma escala verbal
numérica, dos 29 usuários participantes da pesquisa, 20
(68,97%) relataram presença de dor.
Com relação à área total da ferida houve predomínio
de 18 (62,07%) pacientes que apresentaram área menor
ou igual que 50 cm2, tendo prevalecido 19 (65,52%) dos
pacientes com úlceras com mais de cinco anos.
Na tabela 3, a idade do participante se correlacionou
de forma significativa com a presença de dor (p=0,047)
e área da lesão (p=0,050) pressupondo que a idade pode
afetar a percepção de dor da pessoa acometida pela úlcera
venosa e influenciar também na área da lesão, a dor se
correlacionou de forma significativa com o tempo da lesão
(p=0,005) e número de lesões (p=0,010), indicando que a
dor pode aumentar ou diminuir de acordo com o tempo de
permanência da lesão e influenciar na sua percepção de
acordo com o número de feridas.
A tabela 4 mostra a avaliação do WHOQOL-bref entre
pessoas com úlceras venosas crônicas, verificou-se que
os domínios não apresentaram diferenças significativas
(p=0,7245), ou seja, não apresentaram divergências
significativas nos escores médios da qualidade de vida
quando os domínios foram comparados. Em média, o
domínio psicológico foi o que apresentou menor escore
dentre aqueles avaliados, assim, as questões vinculadas a
esse domínio são as mais problemáticas para os pacientes
que apresentam úlceras venosas crônicas.
Tabela 1. Caracterização sociodemográfica dos pacientes com úlceras venosas atendidas na rede primaria de saúde, Três Lagoas – MS – 2014
(n=29).
Sexo
Feminino
(N=18)
Caracterização Sociodemográfica
Masculino
(N=11)
Total
Nº
%
Nº
%
Nº
%
3
3
9
3
16.67
16.67
50.00
16.67
2
6
3
18.18
54.55
27.27
3
5
15
6
10.34
17.24
51.72
20.69
14
2
2
-
77.78
11.11
11.11
-
7
3
1
63.64
27.27
9.09
21
5
2
1
72.41
17.24
6.90
3.45
4
10
4
22.22
55.56
22.22
1
8
2
9.09
72.73
18.18
5
18
6
17.24
62.07
20.69
18
-
100.00
-
10
1
90.91
9.09
28
1
96.55
3.45
Idade
Até 50
De 51 a 60
De 61 a 70
Acima de 70
Renda
Até 1,0 SM*
De 1,1 a 2,0 SM
De 2,1 a 3,0 SM
Acima de 3,0 SM
Tempo de estudo
Sem estudo
De 1 a 8 anos de estudo
Mais de 8 anos de estudo
Situação de trabalho
Inativo
Ativo
*SM, salário mínimo vigente a época da pesquisa R$ 724,00.
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Tabela 2. Caracterização das úlceras venosas segundo número de feridas, presença de dor, área total da maior lesão, tempo da lesão em um
município do interior do estado do Estado do MS/Brasil, 2014.
Gênero
Feminino
(N=18)
Variáveis
Masculino
(N=11)
Total
Nº
%
Nº
%
Nº
%
Uma ferida
12
66.67
5
45.45
17
58.62
Duas feridas
4
22.22
4
36.36
8
27.59
Mais de duas
2
11.11
2
18.18
4
13.79
Sim
13
72.22
7
63.64
20
68.97
Não
5
27.78
4
36.36
9
31.03
Dor intensa
7
53.85
1
14.29
8
40.00
Dor forte
2
15.38
4
57.14
6
30.00
Dor leve ou moderada
4
30.77
2
28.57
6
30.00
Não Melhora
6
46.15
2
28.57
8
40.00
À noite
5
38.46
2
28.57
7
35.00
2
15.38
3
42.86
5
25.00
>50
6
33.33
5
45.45
11
37.93
≤ 50
12
66.67
6
54.55
18
62.07
Menos de 1 ano
3
16.67
3
27.27
6
20.69
De 1 a 5 anos
3
16.67
1
9.09
4
13.79
Mais de 5 anos
12
66.67
7
63.64
19
65.52
Número de feridas
Dor
Intensidade da dor (N=20)
Período que melhora a dor (N=20)
Ao dia
Área total da maior lesão (cm )
2
Tempo da lesão
Tabela 3. Coeficiente de Correlação de Pearson e associação (Valor
de P) das características sociodemográficas e clínicas das úlceras
venosas em um município do interior do estado do Estado do MS/
Brasil, 2014.
Tempo
de
estudo
Número
Área da Tempo
de
lesão da lesão
lesões
Dor
Idade
-0,170
-0,371
0,365
-0,041
0,075
Valor de P
0,377
0,047*
0,050*
0,830
0,695
Tempo de
estudo
0,242
-0,105
-0,241
0,017
Valor de P
0,205
0,586
0,207
0,927
Dor
0,079
-0,501
-0,467
Valor de P
0,680
0,005*
0,010*
Área da
lesão
0,150
-0,035
Valor de P
0,436
0,853
Tempo de
lesão
0,135
Valor de P
0,484
* = P ≤ 0,05 valor significante.
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Tabela 4. Média±desvio padrão (Mediana) dos escores do WHOQOLbref entre pacientes com úlceras venosas crônicas em um município
do interior do estado do Estado do MS/Brasil, 2014.
Domínios
(n=29)
Média±DP
Mediana
(Mín;Máx)
Geral
55,72±19,10
62,40
(18,10;100,00)
Físico
59,49±18,51
60,70
(28,60;100,00)
Psicológico
51,51±19,27
58,30
(16,70;100,00)
Social
59,58±25,10
66,70
(0,00;100,00)
Ambiente
57,00±20,71
62,50
(18,80;100,00)
Valor p*
0,7245
* = Valor P referente ao teste de Análise de Variância (ANOVA) a P<0,05.
Os resultados da Tabela 5 mostraram a qualidade
de vida dos participantes em relação às variáveis
sociodemográficas sexo, idade tempo de estudo e variáveis
clínicas relacionados às úlceras venosas: número de
lesões, presença de dor, área da lesão e tempo da lesão;
demonstrando que a qualidade de vida não foi afetada de
forma significativa (Tabela 5).
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Tabela 5. Média e desvio padrão dos escores dos domínios do instrumento de qualidade de vida, segundo escolaridade, renda, tempo da ferida,
etiologia da lesão e área da lesão em um município do interior do estado do Estado do MS/Brasil, 2014.
Variáveis
QV Geral
P*
Média±DP
Sexo
Idade
ΔT estudo†
(Anos)
N. Lesões
Dor
Área lesão
(cm2)
ΔT lesão‡
M (n=11)
58,12±12,87
F (n=18)
65,07±21,16
<60 (n=6)
63,77±19,83
≥60 (n=23)
62,01±18,54
≤8 (n=23)
61,33±19,66
>8 (n=6)
64,58±6,23
1 (n=17)
58,25±20,16
>1 (n=12)
61,69±18,16
Sim (n=20)
59,31±20,87
Não (n=9)
60,50±15,52
≤ 50 (n=18)
59,91±20,86
> 50 (n=11)
59,30±16,77
< 1ano (n=6)
57,48±21,75
≥ 1 ano
(n=23)
60,25±18,84
0,608
0,286
0,503
0,646
0,874
0,932
Domínios de Qualidade de Vida do WHOQOL-Bref
Relações
Físico
Psicológico
Sociais
P*
P*
Média±DP
Média±DP
Média±DP
56,43±15,29
54,40±21,74
44,05±16,81
58,70±18,98
61,33±19,66
66,68±13,85
62,20±20,19
62,78±16,71
63,58±20,38
59,91±14,25
64,08±20,76
59,74±14,63
0,662
0,826
0,545
0,933
0,635
0,556
57,75±22,40
0,537
63,66±17,74
70,44±10,77
53,24±29,17
50,01±24,06
62,87±25,16
54,89±20,58
56,23±14,62
52,44±19,99
59,03±18,35
53,96±20,20
57,86±17,84
54,39±22,06
56,44±14,47
0,784
0,076
0,877
0,622
0,627
0,782
59,03±21,14
0,502
54,16±19,13
63,36±13,26
60,08±24,46
53,58±16,56
63,79±21,61
57,96±27,80
66,66±7,46
58,82±25,08
61,10±26,19
58,75±27,23
62,02±20,87
60,18±27,19
59,08±22,51
P*
0,069
0,243
0,533
0,899
0,750
0,906
56,95±30,00
0,597
60,50±24,39
Meio
Ambiente
Média±DP
62,10±11,21
58,20±22,82
52,85±16,82
61,85±19,62
59,38±22,74
68,76±6,55
59,57±22,42
63,80±18,67
60,95±22,09
62,15±18,46
60,95±21,93
61,93±19,54
P*
0,689
0,262
0,666
0,603
0,883
0,899
56,28±21,18
0,761
62,64±20,86
0,519
*Valor P referente ao teste de Análise de Variância (ANOVA) à p<0,05; †Tempo de estudo em anos; ‡Tempo da lesão em anos.
DISCUSSÃO
No presente estudo, observou-se predomínio de
participantes do gênero feminino, estando em consonância
com outros autores10-11. Todavia em estudos realizados
em outros contextos tem sido encontrado predomínio
do sexo masculino12. A ocorrência de Úlceras Venosas
(UV) no sexo feminino pode estar relacionada à questão
hormonal, à gravidez, puerpério e à maior incidência de
veias varicosas, o que pode favorecer o surgimento da
insuficiência venosa crônica. Deve-se salientar, também, o
aumento da longevidade feminina como fator contribuinte
para que taxa de maior incidência seja em indivíduos do
sexo feminino13.
A maioria dos participantes possui de 61 a 70 anos.
Os achados evidenciaram que os idosos constituem uma
população comumente afetada com UV crônica. A literatura
aponta que o desenvolvimento de UV torna-se cada vez
mais comum com o envelhecimento da população, sendo
que depois dos 65 a probabilidade de desenvolvimento
deste tipo de lesão aumenta, sendo as idades médias
incluídas em uma faixa de 62-79 anos14. Durante o
envelhecimento, os processos metabólicos diminuem, a
pele perde a sua elasticidade devido à redução de colágeno
e há um decréscimo na vascularização, fazendo com que a
cicatrização seja mais lenta15.
Verificou-se que a maioria dos participantes tem renda
mensal baixa, sendo a renda per capita igual ou menor
a um salário mínimo por pessoa com média de 1,04
(DP±0,72) e mediana de 0,92. Com relação à escolaridade,
a maior parte dos entrevistados possui até oito anos de
estudo (ensino fundamental). Outros estudos também
evidenciaram que a baixa escolaridade e renda precária, se
faz presente em indivíduos com UV11-12. Estes fatores podem
ocasionar interferências tanto na compreensão quanto na
assimilação de cuidados à saúde, especialmente o cuidado
com lesões. Uma baixa compreensão dos cuidados com UV
pode resultar na não adesão ao tratamento indicado. Além
disso, tais fatores também podem indicar um estilo de vida
que favoreça o aparecimento de tais lesões ou ainda a falta
de acesso aos serviços de saúde especializados10-12.
Para pacientes com UV, a presença da lesão significa
gastos financeiros adicionais, que serão constantes, deste
modo, a baixa renda familiar, pode implicar não apenas
na qualidade de vida destes pacientes, mas também no
prolongamento do tratamento e cronicidade da lesão. A
presença de alterações tegumentares e de dor corrobora
para a baixa qualidade de vida destes indivíduos, que
vivenciam um processo de desvalorização pessoal, gerando
comprometimentos na vida social e emocional16.
No que se refere à atual situação ocupacional, observouse que a maioria dos pacientes (96,44%) deste estudo se
encontravam inativos, o mesmo se constatou em outros
estudos11,13,17. Este achado demonstra que a presença da
lesão e, principalmente, a sua cronicidade comprometem
a capacidade do indivíduo para o trabalho, o que pode
contribuir para aposentadorias precoces, desemprego e
aumento de licenças médicas, gerando ônus significativo
para o sistema de saúde e previdenciário. Este contexto
além de afetar a qualidade de vida destes pacientes,
também pode gerar dependência de familiares, levar ao
isolamento social e trazer prejuízos para autoestima dos
indivíduos11,13,17.
Referente à caracterização da ferida, a maioria dos
entrevistados não apresentava ferida anterior, tendo apenas
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uma ferida no momento da entrevista, o predomínio de
lesões únicas, também é encontrado em outras pesquisas
sobre a temática12. Com relação à dor, 20 (68,97%) pacientes
relataram sentir dor na ferida, sendo que 08 destes relatam
dor intensa, tendo o escore médio de dor de 7,55 (DP±2,70)
e mediana de 8,00. Dos indivíduos que relataram presença
de dor, 08 referiram não apresentar melhora da dor em
nenhum período do dia.
A dor vivenciada por estes usuários afeta tanto a
mobilidade, para execução das atividades diárias da vida,
quanto a capacidade para o trabalho, o que pode justificar
os altos índices de inativos, seja por afastamentos das
atividades laborais ou aposentadorias. Estudos demonstram
que a dor causada pela UV interfere significativamente
na vida diária desses pacientes independente do sexo ou
cultura e está relacionada a distúrbios do sono, humor,
isolamento social, diminuição das atividades da vida
diária, além da perda de mobilidade18. É preciso que os
profissionais de saúde não subestimem a dor do paciente,
a dor vivenciada por estes indivíduos precisa ser avaliada,
sendo que esta avaliação deve ser realizada durante todo
um período com intervalos regulares18.
Quanto ao tamanho da lesão, houve predomínio de 18
(62,07%) pacientes que apresentaram área menor ou igual
que 50 cm2, com mínimo de 1 cm2, máximo de 936 cm2,
tendo como a área em média de 125,07 cm2 (DP±207,00), e
mediana de 33 cm2. Não há na literatura consenso sobre o
que seria uma úlcera de pequeno porte, médio ou grande
porte. Todavia, alguns estudos21 consideram uma lesão
grande com área igual ou maior que 90cm2, considerando a
área média das lesões apresentadas pelos indivíduos neste
estudo, pode-se assinalar que a maioria dos pacientes
apresentava uma lesão de grande porte. A extensão da
área das lesões causa preocupação, pois feridas com áreas
grandes necessitam de mais tempo para cicatrizarem,
mesmo com o tratamento adequado20,22.
Com relação ao tempo de duração da lesão, 19 (65,52%)
pacientes apresentavam úlceras com mais de cinco anos,
mínimo de 03 meses e máximo de 66 anos, com média
de 16,32 anos (DP±16,34) e mediana de 10 anos. O tempo
prolongado da lesão demonstrado neste estudo, também
foi evidenciado em outros estudos11,19, vale ressaltar que
o tratamento inadequado da UV também contribui para
a não cicatrização da ferida. Outro fato importante, é que
pacientes com UV de longa duração apresentam tendência
para o isolamento social, seja devido ao sofrimento ou a
perda laboral, refletindo negativamente em sua qualidade
de vida. Acrescenta-se que o tempo de tratamento e de
duração da lesão é tido como sinônimo de estresse,
atrelado às experiências negativas causam interferências
na vida cotidiana dos pacientes23.
Sabe-se que quanto maior o tempo da progressão,
menor será a qualidade de vida dos sujeitos. Pacientes
com um tempo de progressão da lesão de 12 meses
apresentaram uma qualidade de vida menor do que
aqueles com tempo de progressão de menos de 03
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79
meses23. Devido à cronicidade das lesões, a presença de
usuários com UV nos corredores e salas de curativos é
uma constante nos serviços de saúde. Pode-se dizer que
são anos e anos de trocas quotidianas de curativos, no
entanto, sem resolutividade e com repercussão negativa
na qualidade de vida dos pacientes11.
No quesito dor, a idade e o número presente de lesões
mostraram afetar a intensidade da dor. Tal achado é um
dado importante, pois os profissionais que realizam a
assistência direta a estas pessoas, nem sempre avaliam tal
experiência durante os procedimentos, visto que grande
parte dos estudos apontam a presença da população idosa
acometida pelas úlceras venosas e o fato de apresentarem
a idade avançada pode influenciar na cicatrização e
favorecer o surgimento de novas lesões. Nem sempre o
foco dos estudos está na caracterização da intensidade da
dor e a relação com algumas variáveis sociodemográficas
e clínicas, dificultando a comparação entre os achados de
diferentes estudos.
A presente pesquisa encontrou a correlação entre o
tempo das feridas e a presença de dor, em que 68.97%
dos pacientes entrevistados relataram dor, destes 40,00%
referiram apresentar dor intensa e 30,00% dor forte e
prevalência de úlceras com mais de 05 anos de duração
(65,52%). Tal achado não foi identificado em outros estudos.
A idade parece influenciar sobre a área da lesão, alguns
estudos mostram que a cicatrização pode diminuir com o
avanço da idade24-25, a influência que a idade traz sobre
a cicatrização ainda não é bem compreendida, visto que
estudos apontam uma má condição de cura em seres
humanos25.
CONCLUSÃO
A presente pesquisa mostrou que a área da lesão e a
percepção da dor são influenciadas pela idade, e a dor
pode variar de acordo com o tempo e número de lesões.
A qualidade de vida não foi afetada de forma significativa
pela presença das lesões.
Este estudo mostra a necessidade de maiores
investigações acerca da variação de pessoas com úlceras
venosas, implicando o planejamento da assistência
prestada e a compreensão por parte dos profissionais sobre
a percepção dos pacientes sobre a sua qualidade de vida.
Os resultados indicam que a úlcera venosa é doença
crônica da população idosa. O profissional de enfermagem
tem um importante papel na assistência prestada a esta
clientela, tendo total autonomia na prescrição de cuidados a
estes pacientes, impactando de forma positiva na qualidade
de vida dos usuários e nos custos com o tratamento, evitando
ônus desnecessários aos cofres públicos.
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A RT I G O O R I G I N A L
Crenças e mitos acerca do exame preventivo de câncer de
colo uterino
Beliefs and myths about the preventive examination cervical
cancer
Débora Biffi1 • Karine Stumm2 • Dienefer Reis3 • Luana Daudt4 • Fabiano Carpes5
RESUMO
Objetivo: Conhecer as crenças e mitos em relação ao exame preventivo do câncer de colo uterino de mulheres
atendidas em uma unidade de atenção básica. Método: Pesquisa do tipo descritiva, exploratória, com abordagem
qualitativa, a ser desenvolvida em uma Estratégia de Saúde da Família (ESF) do litoral norte do Rio Grande do
Sul, os sujeitos serão mulheres de 35 a 64 anos, que já tenham realizado o exame preventivo do câncer de colo
uterino, serão 15 mulheres com idade entre 35 e 64 anos que tenham realizado o exame preventivo anteriormente
e que se disponham a participar voluntariamente da entrevista. Os dados serão coletados através de entrevista
semiestruturada. Resultados Esperados: Espera-se que ao identificar as principais crenças relacionadas ao exame
preventivo do câncer de colo do útero, com desenvolvimento de ações de enfermagem que diminuam os sentimentos
negativos relacionados a este exame.
Palavras-chave: Saúde da Mulher, Neoplasia de Colo de Útero; Enfermagem.
ABSTRACT
Objective: To know the beliefs and myths regarding preventive examinations for cervical cancer of women attending
a unit of primary care. Method: Research descriptive, exploratory and qualitative approach to be developed in a
Family Health Strategy (ESF) of the northern coast of Rio Grande do Sul, the subjects will be women 35-64 years
old who have already done preventive examinations for cervical cancer and are will be 15 women aged 35 to
64 who have completed the screening test before and who are willing to participate voluntarily in the interview.
Data will be collected through semi-structured interview. Expected results: Expected to to identify the main
beliefs related to preventive examinations for cervical cancer, with development of nursing actions to reduce the
negative feelings related to this exam.
Keywords: Women’s Health, Neoplasia Colo Uterus; Nursing.
NOTA
1
Enfermeira, Graduada pela Universidade do Estado de Santa Catarina, Mestra em Enfermagem pela UNISINOS, professora da graduação em enfermagem da Faculdade
Cenecista de Osório. Porto Alegre/RS, [email protected].
2
Enfermeira da Secretaria Municipal de Saúde de Ośorio. Mestre em enfermagem pela Universidade Federal de Santa Maria/UFSM. Osório/RS, [email protected]
3
Graduanda em enfermagem pela Faculdade Cencesista de Osório/RS,São Antonio da Patrulha/RS [email protected].
4
Graduanda em enfermagem pela Faculdade Cencesista de Osório/RS, Tramandaí/RS [email protected].
5
Graduando em enfermagem pela Faculdade Cencesista de Osório/RS, Osório/RS, [email protected].
Projeto de pesquisa desenvolvido com fomento da Faculdade Cenecista de Osório- FACOS, não havendo conflitos de interesse que impeça esta publicação.
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Biffi D, Stumm K, Reis D, Daudt L, Carpes F
INTRODUÇÃO
O câncer e colo do útero têm sido nos últimos anos
uma doença em ascensão no que diz respeito aos índices
de doenças que acometem a saúde da mulher brasileira.
O câncer de colo uterino é o segundo no ranking de
mortalidade no país, perdendo apenas para o câncer
de mama. No ano de 2010 foram 65.434 mil óbitos em
virtude do câncer de colo uterino no Brasil, com destaque
para maior mortalidade entre as faixas etárias em 40 e
60 anos. Em todo mundo, aproximadamente, 500 mil casos
novos de câncer de colo uterino são diagnosticados por
ano, sendo apontado como o segundo tipo de câncer mais
comum entre as mulheres e responsável pelo óbito de,
aproximadamente, 230 mil mulheres por ano1.
No estado do Rio Grande do Sul, a estimativa de novos
casos de câncer de colo do útero no ano de 2014 foi de
15.990, sendo 5,7% de casos novos no Brasil2. O exame
preventivo do câncer de colo do útero é realizado pelo
profissional médico ou enfermeiro, e tem como objetivo
coletar células ectocervicais e endocervicais do colo uterino
para análise citopatológica que permite visualizar células
cancerígenas em estágio inicial3. Ainda, estima-se que
95% dos casos de câncer do colo uterino é causado pelo
HPV (Papiloma Vírus Humano), uma doença sexualmente
transmissível, sendo prevenível com o uso de preservativo4.
Assim, tem-se como questão norteadora deste estudo:
Quais as crenças e mitos em relação ao exame preventivo
do câncer de colo uterino de mulheres atendidas numa
unidade de atenção básica do litoral norte do Rio Grande
do Sul?
OBJETIVOS
Este estudo possui como objetivo geral conhecer as
crenças e mitos em relação ao exame preventivo do câncer
de colo uterino de mulheres atendidas em uma unidade de
atenção básica do litoral norte do Rio Grande do Sul.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa descritiva, exploratória, com
abordagem qualitativa, que terá como cenário de estudo
uma Estratégia de Saúde da Família (ESF) do litoral norte
do Rio Grande do Sul. A opção pelo método qualitativo,
além de permitir investigar processos sociais ainda pouco
conhecidos referentes a grupos particulares, propicia a
construção de novas abordagens, revisão e criação de
novos conceitos e categorias durante a investigação5.
Os sujeitos da pesquisa serão 15 mulheres de 25 a 64
anos atendidas na Estratégia da Saúde da Família Albatroz,
que já tenham realizado o exame preventivo do câncer de
colo uterino pelo menos uma vez na vida. A faixa etária
justifica-se pelo público alvo pactuado pelo Ministério da
Saúde para a realização deste exame, considerando que
esta é a faixa etária com maior índice de câncer de colo
uterino4. Pensa-se que o número de 15 sujeitos se justifica
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79
pela metodologia deste estudo, no qual será observado o
momento em que os dados apresentarem saturação6.
O cenário da pesquisa será a Estratégia da Saúde da
Família (ESF) Albatroz, localizada no bairro Albatroz, no
município de Osório, RS. Os critérios de inclusão serão
15 mulheres com idade entre 25 e 64 anos que tenham
realizado o exame preventivo anteriormente, em qualquer
época, e que se disponham a participar voluntariamente
da coleta de dados e não se encaixarem nos critérios de
inclusão como: idade, que tiverem passado por histerctomia
e não aceitarem assinar o Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido. Como instrumento de coleta de dados será
utilizado à entrevista semiestruturada, composta por
perguntas abertas que permitem ao entrevistado discorrer
sobre o tema sem respostas prefixadas pelo entrevistador.
A análise dos dados se dará através da utilização de
analises temática5.
Serão observadas as normas da Resolução nº 466/2012
do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde que
regem pesquisas envolvendo seres humanos, assegurando
condução ética durante a pesquisa. O presente projeto
será implementado sob aprovação do Comitê de Ética em
Pesquisa da FACOS, CAAE:50336015.2.0000.5591.
RESULTADOS ESPERADOS
Acredita-se que o exame preventivo do câncer de
colo uterino provoca o enfrentamento de diversos
sentimentos ligados as crenças e valores culturais que
permeiam o mundo feminino. Entende-se que muitos
desses sentimentos possuem raízes negativas devido ao
valor cultural destinado a sexualidade e o corpo feminino,
impossibilitando que a mulher possa cuidar melhor de
si e de seu corpo com autonomia e desinibição, livre de
pudor, visto que a vergonha é o fator que mais leva a não
realização do exame.
Ainda, espera-se que ao identificar as principais crenças
relacionadas ao exame preventivo do câncer de colo do
útero, possamos criar estratégias que possibilitem melhor
atenção a este público-alvo, com desenvolvimento de
ações de enfermagem que diminuam os sentimentos
negativos relacionados a este exame, proporcionando
diminuição dos índices de câncer de colo uterino, bem
como melhor qualidade de assistência de enfermagem à
saúde da mulher.
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REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79
19
A RT I G O O R I G I N A L
20
Percepção de acadêmicos de enfermagem acerca do
papel do enfermeiro no cuidado pré-natal
Perception of academic nursing nurses about the paper in
prenatal care
Fabiano Carpes1 • Débora Biffi2 • Karine Eliel Stumm3
RESUMO
O pré-natal é um atendimento de extrema importância para as gestantes, pois é por meio dele que é possível
identificar alterações durante a gestação e assim tratá- las a tempo, evitando problemas para a saúde da mãe e do
bebê. Objetivo: Conhecer o entendimento do acadêmico de enfermagem sobre a importância do cuidado pré-natal.
Método: Pesquisa qualitativa descritiva, a ser realizada na Faculdade Cenecista de Osório/RS, os sujeitos serão
20 acadêmicos do curso de enfermagem, o instrumento de pesquisa será uma entrevista semi- estruturada a qual
deverá passar por uma análise temática. Resultados esperados: Espera-se identificar as principais fragilidades dos
acadêmicos referente à assistência de enfermagem ao pré- natal.
Palavras-chave: Saúde da Mulher; Enfermagem; Pré-Natal.
ABSTRACT
Prenatal care is very important for pregnant women because it is through it is possible to identify changes during
pregnancy and so treated them in time, thus avoiding problems for the health of mother and baby. Objective:
To know the understanding of Nursing students about the importance of prenatal care. Method: Descriptive
qualitative research, to be held in the Faculty of Cenecista Osório/RS, the subjects are 20 students from the
nursing program , the research instrument will be a semi- structured interview which must undergo a thematic
analysis. Expected results: Expected to identify the main weaknesses of academics related to nursing care for
prenatal.
Keywords: Women’s Health; Nursing; Pre-Natal.
NOTA
1
Graduando em enfermagem pela Faculdade Cencesista de Osório/RS, Osório/RS, [email protected]
Enfermeira, Graduada pela Universidade do Estado de Santa Catarina, Mestra em Enfermagem pela UNISINOS, professora da graduação em enfermagem da Faculdade
Cenecista de Osório. Porto Alegre/RS, [email protected].
2
3
Enfermeira da Secretaria Municipal de Saúde de Ośorio. Mestre em enfermagem pela Universidade Federal de Santa Maria/UFSM. Osório/RS, [email protected].
Projeto de pesquisa desenvolvido com fomento da Faculdade Cenecista de Osório- FACOS, não havendo conflitos de interesse que impeça esta publicação.
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79
O e n f e rA
m eRi rTo InGo O
cuiO
d aR
d oI pGr éI -N
n aAt aLl
INTRODUÇÃO
A Atenção pré-natal consiste no tratamento de
problemas e na prevenção deles, durante o período
da gestação, garantindo à gestante e a sua família um
ambiente de atendimento sadio e de dialogo1. O prénatal é de extrema importância para as gestantes, pois
é através dele que alterações são detectadas e tratadas
a tempo, evitando-se, assim, problemas para a saúde da
mãe e do bebê2.
A consulta de Enfermagem é uma atividade
independente, realizada privativamente pelo enfermeiro
e tem como objetivo proporcionar condições para a
promoção da saúde da gestante. O principal papel do
enfermeiro nessas atividades é: orientar as mulheres e suas
famílias sobre a importância do pré natal da amamentação
e da alimentação; desenvolver atividades educativas, em
grupos e individuais afim de unir o grupo de gestantes e
trazê-las para perto do enfermeiro, bem como a família e
a comunidade; identificar as gestantes com algum sinal
de alerta como identificadas de alto risco e encaminhálas para consultas médicas o mais rápido possível; realizar
consultas de pré-natal, solicitar exames conforme protocolo
local de pré natal; realizar exames físicos como testes das
mamas e coleta de citopatológico do colo do útero; e fazer
com que a gestante crie um vínculo de confiança, para que
o processo da assistência se dê numa transparência.
O enfermeiro durante o pré-natal busca ajudar para
a promoção da saúde do binômio mãe e bebê por meio
de informações recebidas pela gestante, familiares e nos
exames físicos e laboratoriais. O profissional enfermeiro
pode acompanhar inteiramente o pré-natal de baixo risco
na rede de saúde, de acordo com o Ministério de Saúde e
conforme garantido pela Lei do exercício profissional de
Enfermagem3. O profissional da área da saúde qualificado
é aquele que foi capacitado, educado com proficiência nas
habilidades necessárias para o cuidado e acompanhamento
de nascimentos e períodos pré-natais e possui uma visão
reflexiva sobre o assunto4. O enfermeiro tem embasamento
teórico - prático para prestar o acompanhamento e o
cuidado da gestante e do bebê.
Desta forma, temos como questão norteadora: Qual
a importância e função do enfermeiro no cuidado prénatal na percepção dos acadêmicos de enfermagem da
Faculdade Cenecista de Osório - Facos?
Os sujeitos da pesquisa serão acadêmicos de
enfermagem da graduação da Faculdade Cenecista de
Osório – FACOS no município de Osório/RS. Pensa-se que
o número de 15 a 20 sujeitos se justifica pela metodologia
deste estudo, e será observado o momento em que os
dados apresentarem saturação. Os critérios de inclusão
serão: acadêmicos, maiores de 18 anos, devidamente
matriculados na instituição de ensino e que se disponham
a participar voluntariamente da coleta de dados e que já
tenham cursado as cadeiras de Saúde da Mulher I e Saúde
da Mulher II ou em curso Saúde da Mulher II.
Como instrumento de coleta de dados será utilizado a
entrevista semiestruturada, composta por perguntas abertas
que permitem ao entrevistado discorrer sobre o tema sem
respostas prefixadas pelo entrevistador5. Os dados serão
analisados conforme prevê para análise temática. Será
realizada, inicialmente, uma leitura exaustiva dos dados e
a categorização dos resultados. Os resultados serão, então,
analisados e discutidos comparativa e continuamente com
a literatura permitindo a compreensão de seus significados.
Aprovada pelo CEP da já citada instituição com CAAE de
número: 4395315.8.0000.5591.
RESULTADOS ESPERADOS
Acredita-se que o entendimento do acadêmico de
enfermagem sobre os procedimentos e atuação do
enfermeiro no pré-natal provoca um melhor acolhimento e
tratamento da gestante, visualizando uma humanização no
tratamento da mãe e o bebê, com isso os sentimentos de
felicidade e confiança trazem uma maior aproximação não
somente da gestante, mas também da família, que se faz
presente. Entende-se que muitos desses conhecimentos
devem ser permutados dentro da formação acadêmica.
Ainda, espera-se que ao identificar as principais problemas
relacionados à falta de conhecimento sobre o pré-natal,
as ações dos enfermeiros se tornem mais efetivas e com
um olhar mais reflexivo para a puerpéria e a assistência
do pré-natal para que possa ser criado um trabalho que
possibilite melhor atenção a este público-alvo.
REFERÊNCIAS
OBJETIVO
Compreender a percepção dos acadêmicos
enfermagem acerca do cuidado pré-natal.
do Rio Grande do Sul. A pesquisa foi desenvolvida nos
moldes da Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de
Saúde e Ministério da Saúde que fala sobre pesquisa com
seres humanos.
de
METODOLOGIA
Optou-se, tendo em vista o objetivo desta pesquisa, o
método de trabalho descritivo com abordagem qualitativa.
O local escolhido foi a Faculdade Cenecista de Osório –
FACOS, localizada no município de Osório, região litorânea
1. M
inistério da Saúde. Brasil. Política Nacional de Atenção
Básica 4.ª edição Série E. Legislação de Saúde Série Pactos
pela Saúde 2006, v. 4. Brasília: (BF): 2007.
2. H
oeper D, Lonzetti J.O, Schmidt S.N, Torres M.Q.D, Secretaria
Municipal de Saúde. Diretrizes de Assistência ao Pré Natal de
Baixo Risco. Porto Alegre: RS. 2012.
3. W
orld Health Organization (WHO). Making pregnancy safer:
the critical role of the skilled attendant a joint statement by
WHO. ICM and FIGO. Geneva:2004.
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79
21
22
Carpes F, Biffi D, Stumm KE
4. M
inistério da Educação Brasil. Conselho Nacional de
Educação. Câmera de Educação Superior. Resolução nº 3.
De 07 de novembro de 2001. Institui Diretrizes Curriculares
Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem. Diário
Oficial da União 2001 Nov; 1:37.
5. M
inayo M. O desafio do conhecimento Pesquisa Qualitativa
em Saúde. 13 edª. São Paulo: HUCITEC 2013.
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79
A RT I G O O R I G I N A L
Qualidade de vida em pacientes com sequelas de
queimaduras*
Quality of life of patients with after effects from burns
Jussara de Lucena Alves1 • Emanuela Batista Ferreira e Perreira2 • Priscilla Tereza Lopes de Souza3 •
Bruna Gabrielle de Souza Costa4 • Chrystenise Valéria Ferreira Paes5
RESUMO
Analisar a qualidade de vida (QV) de pacientes que se queimaram e desenvolveram sequelas. Estudo transversal,
quantitativo, realizado em agosto e setembro de 2014, com 43 pacientes. A QV foi avaliada pela escala Burn Specific
Health Scale-Revised (PSHS-R). Sua distribuição entre os domínios foi feita através do teste de Kruskal-Wallis e
Mann-Whitney, com significância de 5%. A QV dos pacientes analisados estava prejudicada, em mais da metade. O
domínio que apresentou pior resultado foi a “sensibilidade da pele” seguida do “trabalho”. A QV desses pacientes é
afetada pelas mudanças relacionadas ao tratamento e a reabilitação, tornando necessário a atuação de uma equipe
multidisciplinar.
Palavras-chave: Qualidade de vida; Queimaduras; Sequelas.
ABSTRACT
To analyze the quality of life (QOL) of pactients who developed sequelae and burns. Cross-sectional and
quantitative study conducted in August and September 2014, with 43 patients. QOL was evaluated by the scale
Burn Specitic Health Scale Revised (PSHS-R). Their distribution between the domains was performed using the
Kruskal-Wallis and Mann-Whitney test, 5% significance. The QOL of the patients studied was impaired in more
than half. The domain that presented the worst result was a “sensitive skin” followed by “word”. Patients QOL is
affected by changes related to treatment and rehabilitation, making necessary the work of a multidisciplinary
team.
Keywords: Quality of life; Burns; Sequelae.
NOTA
1
Enfermeira. Especialista em Emergência Geral em caráter de residência no Hospital da Restauração, Recife-PE. Especialista em Saúde Pública pela Universidade de
Pernambuco. Enfermeira assistencial do Hospital Universitário Profº Alberto Antunes, Maceió-AL. [email protected]
2
Doutoranda em Cirurgia pela Universidade de Federal de Pernambuco. Enfermeira assistencial da Secretaria de Saúde de Pernambuco- Hospital da Restauração.emanuela.
[email protected]
3
Enfermeira. Universidade Federal de Campina Grande. Residente em Terapia Intensiva no Hospital da Restauração. [email protected]
Enfermeira. Mestranda em Enfermagem pela Universidade Federal de Alagoas. Especialista em Cuidados Paliativos e Oncologia. Enfermeira assistencial do Hospital
Universitário Profº Alberto Antunes, Maceió[email protected]
4
5
Enfermeira. Especialista em Saúde Pública e Gestão em Saúde. Atua no Hospital Universitário Profº Alberto Antunes, Maceió[email protected]
*Artigo extraído do Trabalho de Conclusão da Residência, intitulado: Qualidade de vida em pacientes com sequelas de queimaduras. Universidade de Pernambuco UPE, 2014.
Autor Correspondente: Jussara Alves de Lucena. Universidade de Pernambuco. Endereço: Rua Pe Manoel da Nóbrega, 195, Bairro São Francisco. Caruaru-PE.
E-mail: [email protected]
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23
24
Alves JL, Perreira EBF, Souza PTL, Costa BGS, Paes CVF
INTRODUÇÃO
Queimaduras são injurias teciduais provocadas por
diferentes agentes podendo resultar em lesões superficiais
ou profundas; e a gravidade depende de fatores como
extensão, profundidade e localização das lesões1.
Estima-se que ocorrem 40.000 internações e 4.300
óbitos por ano decorrentes de queimaduras nos Estados
Unidos2. A Sociedade Brasileira de Queimaduras3 lista
como os principais agentes causadores de queimaduras,
os líquidos superaquecidos, combustível, chama direta,
eletricidade, agentes químicos, fogos de artifício, entre
outros. Esses agentes podem atuar nos tecidos de
revestimento do corpo causando destruição parcial ou
total da pele e seus anexos.
No Brasil, as queimaduras têm alta relevância na
morbidade da população, um estudo mostrou que em
apenas um ano ocorreram cerca de 80.607 internações por
lesões decorrentes de queimaduras no sistema público de
saúde, o que representou, aproximadamente, 9% do total
de atendimentos por causas externas. Esse agravo ainda
permanece negligenciado, principalmente, em países de
média e baixa renda4.
As queimaduras podem ser acuradas pela gravidade
e prognóstico das lesões, sendo definidas pela avaliação
do agente causal, profundidade, extensão da superfície
corporal queimada (SCQ) e localização. É por intermédio
desses fatores que se define a necessidade de internação
hospitalar e se determina se as sequelas são transitórias
ou permanentes5.
Define-se sequela de queimadura como qualquer
alteração da pessoa vítima desta a nível estético, funcional
e psicológico, como exemplo, o absenteísmo na escola e
dificuldades de relacionamento social e no trabalho, em
alguns casos, esta forma de trauma pode resultar em
drásticas desfigurações físicas e estéticas6. O processo
de cicatrização das queimaduras varia, podendo durar
meses ou anos, dependendo da profundidade e dos demais
fatores relacionados, predispondo a formação de cicatrizes
hipertróficas e contraturas. Por isso, exigem um tratamento
global de reabilitação, esse processo visa minimizar
sequelas como cicatrizes, contraturas e outros que possam
limitar a função física7.
As limitações após o trauma resultam em prejuízo à
QV dos pacientes, isso decorrente das desvantagens em
suas atividades diárias, interrupção do trabalho, tempo
gasto com o tratamento, aspectos psicossociais, além da
aceitação e adaptação à nova realidade8. A QV é a maneira
como o indivíduo consegue lidar com suas necessidades
pessoais, e depende de vários fatores que devem estar em
equilíbrio, são eles: classe social, infraestrutura de moradia,
conforto e estado de saúde9.
Evidencia-se que no Brasil as queimaduras representam
um significativo agravo à saúde pública, principalmente as
lesões que resultaram em sequelas, pois afetam não só o
setor saúde, mas também a qualidade de vida da pessoa
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79
acometida, e apesar dos avanços científico-tecnológicos, a
eficácia dos tratamentos continua insatisfatória, mostrando
que mais pesquisas são necessárias para minimizar as
sequelas8.
Assim, objetivou-se analisar a qualidade de vida
dos pacientes adultos que sofreram queimaduras e
desenvolveram sequelas, através da escala Burn Specific
Health Scale-Revised (versão brasileira), em um hospital de
referência em emergência no Nordeste brasileiro.
Devido à ausência de estudos mais recentes acerca
da QV de pacientes com sequelas de queimaduras, é
importante compreender o impacto que elas representam
no estado de saúde desses indivíduos.
MÉTODO
Trata-se de estudo descritivo transversal, com
abordagem quantitativa. A amostra do estudo foi
composta por 43 indivíduos que estavam em tratamento
no ambulatório de fisioterapia para queimados em um
Hospital de Emergência referência para o Norte/Nordeste,
no período de agosto e setembro de 2014.
Realizou-se a pesquisa com todos os pacientes que
corresponderam aos critérios pré-estabelecidos, definidos
por: ambos os sexos; maiores de 18 anos; que apresentavam
sequela decorrente de queimadura de 2º e 3º graus; que
aceitaram participar da pesquisa mediante assinatura do
TCLE. Foram excluídos da pesquisa 05 pacientes com distúrbio
psiquiátrico diagnosticado previamente.
Para coleta dos dados foi aplicada a escala Burn Specific
Health Scale-Revised (PSHS-R): versão brasileira, validado
por Ferreira (2006)7, que consiste em 31 itens, divididos
em 6 domínios: (1) Afeto e Imagem corporal (oito itens);
(2) Sensibilidade da pele (cinco itens); (3) Habilidades para
funções simples (quatro itens); (4) Tratamento (cinco itens);
(5) Trabalho (quatro itens) e (6) Relações interpessoais
(cinco itens). Para cálculo dos escores, deve-se somar,
individualmente, os itens de cada domínio e dividir este
total pelo número de itens do respectivo domínio. Altos
valores indicam piores estados de saúde. Para mensuração
das variáveis sociodemográficas e clínicas foi aplicado um
questionário construído segundo o estudo de Ferreira7.
Para análise dos dados foi construído um banco na
planilha eletrônica Microsoft Excel, a qual foi exportada
para o software SPSS, versão 18, onde foi realizada a análise
estatística. Para avaliar o perfil pessoal dos pacientes
foram calculadas as frequências percentuais e construídas
as respectivas distribuições de frequência. Na avaliação
da qualidade vida foi aplicado o questionário PSHS-R e
construídos os escores para os domínios avaliados a partir
das somas dos itens de cada domínio.
A análise dos itens e dos domínios foi feita através das
estatísticas: intervalo de variação, mediana, média e desvio
padrão. Foram calculados os intervalos com 95% de confiança
para as médias estimadas. A distribuição da QV entre os
domínios avaliados foi feita através do teste de Kruskal-
Q u a l i d aA
d eRdTe IvG
i dO
a eO
m R
q uIeG
i mIaN
d uAr aLs
Wallis. Quando verificada diferença significativa, aplicou-se
a comparação da qualidade entre os domínios, dois a dois,
através do teste de Mann-Whitney. Todas as conclusões foram
tiradas considerando um nível de significância de 5%.
Por se tratar de uma pesquisa realizada com seres
humanos, foram respeitados os princípios éticos,
estabelecidos pela resolução 466/12 do Conselho Nacional
de Saúde (CNS) que regulamenta normas para as pesquisas
com seres humanos e segue os princípios básicos da
bioética. A anuência da pesquisa foi dispensada pelo
gestor da Instituição e, em seguida, o projeto submetido à
Plataforma Brasil e enviado ao Comitê de Ética e Pesquisa
do Hospital da Restauração, sendo aprovado pelo parecer
CAAE 32874514.3.0000.5198.
RESULTADOS
A amostra é caracterizada em sua maioria por mulheres
(65%), as idades variaram entre 22 e 83 anos com média
de 44 anos. No que se refere ao estado civil, casados e
solteiros obtiveram o mesmo percentual (44%). Sobre a
escolaridade, a maioria tinha 2º grau incompleto (23%),
seguido por 1º grau incompleto.
Referente aos dados clínicos, Tabela 1, a maioria
dos pacientes apresentavam entre 1-10% da SCQ
predominantemente de 3º grau. O principal motivo da
queimadura foi acidental e verificamos alguns casos de
tentativa de autoextermínio e tentativa de homicídio.
Quanto ao tempo de queimadura, pouco mais da metade
dos pacientes fazia tratamento a menos de um ano. A
maioria dos queimados necessitaram de internamento por
mais de um mês no hospital, mas pode-se chamar atenção
ainda ao quantitativo de pacientes que ficaram internados
de 2-4 meses.
O principal agente etiológico foi o álcool seguido de
escaldadura e choques elétricos. Em relação às sequelas,
verificamos que a grande maioria das queimaduras
geraram ambas sequelas (funcionais e estéticas). Além
disso, 67% dos casos houve necessidade de fazer cirurgia
para enxertia. A áreas corporais mais acometidas foram
os membros superiores seguidos por tronco anterior e
abdome.
Na Tabela 2, observa-se a análise do escore de QV
segundo os itens e os domínios avaliados. Através dela
verifica-se que o domínio no qual os pacientes apresentam
melhor qualidade de vida é o de Funções simples, seguido
de Relações interpessoais. Ainda, observa-se que o domínio
em que os pacientes apresentam pior qualidade de vida é
o de Sensibilidade da pele seguido do Trabalho.
Tabela 1. Distribuição de frequências segundo superfície corporal queimada, profundidade, motivo da queimadura, tempo da queimadura,
tempo de internamento, necessidade de enxerto, agente etiológico, sequelas e áreas mais acometidas. Recife, 2014.
Variáveis
Superfície corporal queimada
1% -10%
11% - 20%
21% - 30%
Profundidade
2º grau profundo
3º grau
2º e 3º graus
Motivo da queimadura
Acidental
Tentativa de suicídio
Tentativa de homicídio
Tempo da queimadura (anos)
< 1 ano
> 1 ano
> 2 anos
Tempo de internamento (meses)
< 1 mês
> 1 mês
> 2 meses
> 3 meses
> 4 meses
Não foram internados
Necessidade de enxerto
Sim
Não
N°
%
25
13
5
58,1
30,2
11,6
12
25
6
27,9
58,1
14,0
35
5
3
81,4
11,6
7,0
22
11
10
51,2
25,6
23,3
12
19
5
2
2
3
27,9
44,2
11,6
4,7
4,7
7,0
29
14
67,4
32,6
Variáveis
Agente etiológico
Álcool
Escaldadura
Eletricidade
Chamas
Explosão de gás
Superfície quente
Outros*
Sequelas
Funcionais
Estéticas
Ambas
Áreas mais acometidas
Face
Pescoço
Tronco anterior
Tronco posterior
Braço (s)
Axila
Mão
Abdome
Nádega
Coxa
Perna
Pé
Nº
%
12
10
7
4
2
4
4
27,9
23,3
16,3
9,3
4,7
9,3
9,3
2
6
35
4,7
14,0
81,4
9
7
19
4
29
5
11
13
1
2
9
3
20,9
16,3
44,2
9,3
67,4
11,6
25,6
30,2
2,3
4,7
20,9
7,0
Fonte: Própria pesquisa.
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79
25
26
Alves JL, Perreira EBF, Souza PTL, Costa BGS, Paes CVF
Ao aplicar o teste de comparação da distribuição da QV
entre os domínios avaliados, o resultado apresentou-se
significativo (p < 0,001). Na análise entre os domínios (dois a
dois) observou-se que o Afeto/Imagem corporal e Tratamento
são estatisticamente iguais. Além disso, dos domínios
Função simples e Relações interpessoais também apresentouse idêntica. Entretanto, a Sensibilidade da pele e o Trabalho
não foram estatisticamente iguais a nenhum dos outros
domínios avaliados, sendo os domínios que mais afetaram
negativamente a qualidade de vida dos pacientes.
No geral, a média do escore de QV dos pacientes
avaliados foi igual a 2,9, o que correspondeu a 58% do
escore PSHS-R. Concluímos que os pacientes do estudo
têm deficiência em mais da metade da sua QV com a
presença das sequelas das queimaduras.
O domínio de afeto e imagem corporal é representado
por expressões como “Eu sinto que minha queimadura
incomoda outras pessoas”, “Às vezes, eu penso que
tenho um problema emocional”, “Eu fico chateado com o
sentimento de solidão”, “A aparência das minhas cicatrizes
me incomoda”, entre outros. Nesse domínio o predomínio
de resposta ficou nos dois extremos, no item “não me
descreve” que refletiu entre 23-56% e no item “descreveme muito bem” com frequências entre 21-42%.
Tabela 2. Análise descritiva dos escores da qualidade de vida dos pacientes avaliados por item e domínio. Recife, 2014.
BSHS-R
Total dos 31 itens
Média dos 31 itens
Afeto e imagem corporal
7
8
10
12
17
19
26
27
Sensibilidade da pele
6
16
18
25
29
Funções simples
1
2
4
5
Trabalho
3
9
13
15
Tratamento
11
20
21
23
31
Relações interpessoais
14
22
23
28
30
Fonte: Própria pesquisa.
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Intervalo obtido
Mediana
Média
47 – 145
1,5 – 4,7
1–5
1–5
1–5
1–5
1–5
1–5
1–5
1–5
1–5
1–5
1–5
1–5
1–5
1–5
1–5
1–4
1–5
1–5
1–5
1–5
1–5
1–5
1–5
1–5
1–5
1–5
1–5
1–5
1–5
1–5
1–5
1–5
1–5
1–5
1–5
1–5
1–5
83,0
2,7
2,9
4,0
3,0
1,0
4,0
4,0
1,0
2,0
2,0
4,8
5,0
5,0
5,0
5,0
5,0
1,8
2,0
1,0
1,0
1,0
3,8
5,0
4,0
4,0
4,0
2,4
2,0
2,0
1,0
3,0
3,0
1,6
1,0
1,0
3,0
1,0
1,0
88,6
2,9
2,8¹
3,2
3,1
2,4
3,4
3,3
2,4
2,5
2,5
4,2
4,4
4,4
4,2
4,2
3,9
1,8²
2,3
1,7
1,6
1,8
3,7
4,1
3,6
3,6
3,4
2,6¹
2,5
2,6
2,1
2,8
3,0
2,1²
2,0
2,1
2,8
2,1
1,7
Desvio
padrão
27,0
0,9
1,3
1,7
1,6
1,7
1,7
1,8
1,8
1,7
1,7
1,1
1,1
1,2
1,3
1,4
1,6
0,8
1,3
1,2
1,1
1,1
1,2
1,2
1,4
1,5
1,4
1,2
1,5
1,7
1,6
1,6
1,7
1,3
1,7
1,7
1,6
1,7
1,4
IC (95%)
80,3 – 96,9
2,6 – 3,1
2,4 – 3,2
2,6 – 3,7
2,6 – 3,6
1,9 – 2,9
2,8 – 3,9
2,8 – 3,9
1,8 – 2,9
2,0 – 3,0
2,0 – 3,0
3,9 – 4,6
4,1 – 4,7
4,0 – 4,8
3,8 – 4,6
3,8 – 4,6
3,4 – 4,4
1,6 – 2,1
1,9 – 2,7
1,3 – 2,1
1,3 – 1,9
1,4 – 2,1
3,3 – 4,1
3,7 – 4,5
3,2 – 4,1
3,2 – 4,1
2,9 – 3,8
2,2 – 2,9
2,0 – 2,9
2,1 – 3,2
1,7 – 2,6
2,3 – 3,3
2,4 – 3,5
1,7 – 2,5
1,5 – 2,5
1,6 – 2,6
2,3 – 3,3
1,6 – 2,6
1,2 – 2,1
Q u a l i d aA
d eRdTe IvG
i dO
a eO
m R
q uIeG
i mIaN
d uAr aLs
No que tange à sensibilidade da pele, os itens são os seguintes:
“Minha pele está mais sensível agora do que antes”, “Ficar no sol
me incomoda”, “Eu não posso sair para fazer atividades quando
está calor”, “O calor me incomoda”, “Fico incomodado por não
poder ficar exposto ao sol”. Referente a esse domínio as respostas
encontram-se predominantes no item “Descreve-me muito bem”
com respostas entre 60-74% (Tabela 3).
Sobre o domínio habilidades para funções simples os
questionamentos são descritos como: “Amarrar sapatos,
fazer laços, etc”, “Sentar-se e levantar-se de cadeiras”,
“Tomar banho sem ajuda”, “Vestir-se sem ajuda”. Referente
aos itens citados, a maior frequência foi o “Nenhuma
dificuldade” (Tabela 4).
Tabela 3. Distribuição das frequências de respostas aos itens do domínio afeto/ imagem corporal e sensibilidade da pele da BSHS-R para
amostra estudada (n=43). Recife, 2014.
Itens
Descreve-me um Descreve-me mais
Não me Descreve
Descreve-me bem
(Afeto e Imagem corporal)
pouco
ou menos
7. Eu sinto que minha queimadura
13 (30,2%)
5 (11,6%)
3 (7%)
4 (9,3%)
incomoda outras pessoas
8. Às vezes, eu penso que tenho
um problema emocional (tristeza,
10 (23,3%)
5 (11,6%)
8 (18,6%)
5 (11,6%)
depressão, etc)
10. Eu fico chateado com o
22 (51,2%)
4 (9,3%)
4 (9,3%)
4 (9,3%)
sentimento de solidão
12. Às vezes, eu gostaria de
esquecer que minha aparência
12 (27,9%)
1 (2,3%)
5 (11,6%)
6 (14%)
mudou
17. A aparência das minhas
14 (32,6%)
3 (7%)
2 (4,7%)
3 (7%)
cicatrizes me incomoda
19. Minha aparência me incomoda
24 (55,8%)
3 (7%)
4 (9,3%)
0,0
muito
26. Eu me sinto triste e deprimido
21 (48,8%)
4 (9,3%)
5 (11,6%)
4 (9,3%)
com frequência
27. Eu me sinto preso, sem saída
20 (46,5%)
4 (9,3%)
6 (14%)
4 (9,3%)
Descreve-me
muito bem
18 (41,9%)
15 (43,9%)
9 (20,9%)
19 (44,2%)
21 (48,8%)
12 (27,9)
9 (20,9%)
9 (20,9%)
Itens (sensibilidade da pele)
6. Minha pele está mais sensível
agora do que antes
16. Ficar no sol me incomoda
18. Eu não posso sair para fazer
atividades quando está calor
25. O calor me incomoda
29. Fico incomodado por não
poder ficar exposto ao sol
3 (7%)
2 (4,7%)
1 (2,3%)
10 (23,3%)
27 (62,8%)
3 (7%)
2 (4,7%)
2 (4,7%)
4 (9,3%)
32 (74,4%)
3 (7%)
3 (7%)
3 (7%)
6 (14%)
28 (65,1%)
3 (7%)
4 (9,3%)
1 (2,3%)
4 (9,3%)
31 (72,1%)
8 (18,6%)
2 (4,7%)
1 (2,3%)
6 (14%)
26 (60,5%)
Fonte: Própria pesquisa.
Tabela 4. Distribuição das frequências de respostas aos itens dos domínios habilidades para funções simples e trabalho da BSHS-R para
amostra estudada (n=43). Recife, 2014.
Itens (funções simples)
1. Amarrar sapatos, fazer laços, etc
2. Sentar-se e levantar-se de cadeiras
4. Tomar banho sem ajuda
5. Vestir-se sem ajuda
Itens (Trabalho)
3. Voltar ao trabalho, fazendo suas
tarefas como antes*
9. Minha queimadura tem causado
problemas para eu fazer minhas
tarefas no meu trabalho e em casa
13. A queimadura afetou minha
capacidade para trabalhar
15. Minha queimadura interfere nas
minhas tarefas do trabalho e em casa
Nenhuma
dificuldade
17 (39,5%)
30 (69,8%)
31 (72,1%)
26 (60,5%)
Não me
Descreve
9(20,9%)
3 (7%)
2 (4,7%)
4 (9,3%)
Descreve-me um
pouco
Mais ou menos
dificuldade
9 (20,9)
4 (9,3%)
7 (16,3%)
11 (25,6%)
Descreve-me
mais ou menos
3 (7%)
0,0
10 (23,3%)
6 (14%)
24 (55,8)
6 (14%)
3 (7%)
8 (18,6%)
8 (18,6%)
18 (41,9%)
9 (20,9%)
1 (2,3%)
6 (14%)
8(18,6%)
19 (44,2%)
7 (16,3)
4 (9,3%)
10 (23,3%)
11 (25,6%)
11 (25,6%)
Pouca dificuldade
Muita
dificuldade
4 (9,3%)
4 (9,3%)
2 (4,7%)
1 (2,3%)
Descreve-me
Dificuldade
exagerada
4 (9,3%)
2 (4,7%)
1 (2,3%)
1 (2,3%)
Descreve-me
Muito Bem
Fonte: Própria pesquisa.
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79
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No domínio relacionado ao Trabalho, tabela 4, foram
usados os itens “Voltar ao trabalho, fazendo suas tarefas
como antes”, “Minha queimadura tem causado problemas
para eu fazer minhas tarefas no meu trabalho e em casa”, “A
queimadura afetou minha capacidade para trabalhar”, “Minha
queimadura interfere nas minhas tarefas do trabalho e em
casa”. A resposta mais frequente foi “Descreve-me muito bem”.
DISCUSSÃO
No presente estudo, as mulheres foram maioria, o
que discorda de outra pesquisa a qual tive como maior
prevalência os homens10. Isso pode estar relacionado aos
afazeres domésticos da mulher ou mesmo as atividades
no trabalho no caso de cozinheira. As idades encontradas
variaram entre 22 e 83 anos, com uma média de 44 anos,
semelhante ao estudo que caracterizou os pacientes
internados por queimaduras, que a idade variou entre 18
e 76 anos, e teve uma média de 41 anos. Os indivíduos
que se enquadram nesta faixa etária são pessoas
economicamente ativas, o que causa problemas nos
aspectos econômicos e sociais11. Vale salientar que esses
problemas afetam não só o indivíduo, mas também sua
família e/ou dependentes.
As relações interpessoais também foi um dos domínios
estudados, no qual alguns de seus itens são: “Eu não
tenho vontade de estar junto dos meus amigos”, ”Eu
prefiro ficar sozinho do que com a minha família”, “Eu não
tenho ninguém para conversar sobre os meus problemas”.
A maioria das respostas se concentrou no item “Não me
descreve” (Tabela 5).
Dos itens relacionados ao domínio “Tratamento” na
Tabela 5, podemos citar: “Eu tenho dificuldade de cuidar
da minha queimadura como foi orientado”, “Cuidar da
minha queimadura dificulta fazer outras coisas que
são importantes para mim”, “Eu gostaria de não ter que
fazer tantas coisas para cuidar da minha queimadura”.
Relacionados a estes itens as maiores frequências foram
as ditas “Não me descreve” (32,6 - 58,1%).
O nível de escolaridade dos entrevistados era baixo,
apresentando a maioria 2º grau incompleto. Outro
estudo também obteve o nível de escolaridade baixo,
47,6% possuíam o primeiro grau incompleto ou eram
analfabetos11. Pode-se concluir que a pouca escolaridade
pode ser um dos fatores de risco para queimaduras.
Tabela 5. Distribuição das frequências de respostas aos itens dos domínios relações interpessoais e tratamento da BSHS-R para amostra
estudada (n=43). Recife, 2014.
Não me Descreve
Descreve-me um
pouco
14. Eu não tenho vontade de estar
junto dos meus amigos
30 (69,8%)
1 (2,3%)
2 (4,7%)
1 (2,3%)
9 (20,9%)
22. Eu prefiro ficar sozinho do que
minha família
30 (69,8%)
0
2 (4,7%)
1 (2,3%)
10 (23,3%)
24. Eu não gosto de maneira
como a minha família age quando
estou por perto
31(72,1%)
2 (4,7%)
1 (2,3%)
5 (11,6%)
4 (9,3%)
28. Eu não sinto vontade de
visitar outras pessoas
28 (65,%)
3 (7%)
1 (2,3%)
3 (7%)
8 (18,6%)
30. Eu não tenho ninguém
para conversar sobre os meus
problemas
34(79,1%)
1 (2,3%)
2 (4,7%)
0
6 (14%)
11. Eu tenho dificuldade de cuidar
da minha queimadura como foi
orientado
20 (46,5%)
3 (7%)
4 (9,3%)
11 (25,6%)
5 (11,6%)
20. É um incomodo cuidar da
minha queimadura
18 (41,9%)
4 (9,3%)
4 (9,3%)
6 (14%)
11 (25,6%)
21. Existem coisas que me
disseram para fazer em minhas
queimaduras que eu não gosto
25 (58,1%)
6 (14%)
3 (7%)
1 (2,3%)
8 (18,6%)
23. Cuidar da minha queimadura
dificulta fazer outras coisas que
são importantes para mim
17 (39,5%)
4 (9,3%)
4 (9,3%)
9 (20,9%)
9 (20,9%)
31. Eu gostaria de não ter que
fazer tantas coisas para cuidar da
minha queimadura
14 (32,6%)
6 (14%)
4 (9,3%)
6 (14%)
13 (30,2%)
Itens (Relações interpessoais)
Descreve-me
Descreve-me Bem
mais ou menos
Descreve-me
Muito Bem
Itens (tratamento)
Fonte: Própria pesquisa.
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d eRdTe IvG
i dO
a eO
m R
q uIeG
i mIaN
d uAr aLs
Sobre os dados clínicos das queimaduras constatou-se
que mais da metade da amostra tiveram entre 1-10% da
SCQ, o que pode parecer pouco, porém as queimaduras de
3ª grau também prevaleceram, potencializando a gravidade
dos casos. Outras pesquisas realizadas12 evidenciaram
maior número de pacientes com queimaduras de 2º grau,
essa divergência pode ser devido ao fato de o hospital da
presente pesquisa receber pacientes de alta complexidade,
sendo referência para toda região Nordeste. Corroborando
com este estudo, uma pesquisa que caracterizou pacientes
de uma Unidade de Terapia Intensiva de queimados também
teve como maioria (70%) as queimaduras de 3º grau11.
A principal causa de queimadura foi, predominantemente,
acidental. Constatou-se, portanto, o elevado índice de
acidentes que resultam em queimaduras. É importante
reforçar a prevenção de queimaduras,pois educar a população
sobre as formas de prevenção é uma responsabilidade dos
profissionais de saúde e educação, bem como instituições
como escolas e empresas, que podem desenvolver trabalhos
para conscientizar os adultos e educar as crianças sobre
formas de prevenção e primeiros socorros13.
É salutar apontar para as tentativas de autoextermínio,
no qual todos os casos ocorreram em mulheres, concordando
com dados do estudo sobre tentativas de autoextermínio por
queimaduras, o qual descreve que diferentes fatores podem
influenciar na incidência, como idade, época do ano, sexo,
condição social, e podem estar ligadas também a alterações
emocionais e hormonais, além disso, existe um desconhecimento
sobre as consequências e sequelas de queimaduras14.
O percentual elevado de tempo de internamento maior
que um mês mostra que as queimaduras são um importante
problema de saúde pública. No estudo da evolução financeira
do setor de queimados mostra que,de 2002 a 2010,o Nordeste
dispensou 20.924 Autorizações de Internação Hospitalar
(AIH) e recebeu do governo federal, para tratamento de
queimados nos hospitais, cerca de R$ 50.914.120 nos nove
anos da pesquisa. Desta forma, evidencia-se o alto grau de
complexidade neste segmento, possuindo altos custos e
necessidades financeiras crescentes15.
Quanto ao tempo de tratamento dos pacientes,
incluindo o tempo de reabilitação após a alta hospitalar,
quase metade dos pacientes faziam tratamento há mais
de um ano. A volta das atividades cotidianas acontece
gradualmente na vida dos indivíduos, logo, quanto mais
recente é o fato mais doloroso para a pessoa, principalmente
porque precisa se adaptar às sequelas, como as limitações
motoras e cicatrizes16.
Referente ao agente causador da queimadura, o álcool
foi o principal seguido das lesões por escaldadura, esses
dados corroboram com a literatura que evidencia mesma
ordem de resultados10.
As sequelas eram funcionais ou estéticas, e a grande
maioria dos estudados apresentavam os dois tipos.
As sequelas físicas (cicatrizes ou limitações) afetam o
indivíduo negativamente, influenciando na capacidade
para suas atividades laborais, para o retorno ao trabalho e
para o relacionamento interpessoal16.
Mais da metade dos pacientes necessitaram de cirurgias
para enxerto. Esse procedimento está indicado para todas
as queimaduras de 2º e 3º grau de forma precoce para
evitar retrações e minimizar sequelas, o que é disposto no
estudo realizado em Fortaleza, no qual 60% dos pacientes
realizaram enxerto17.
No que se refere à escala de qualidade de vida, a média
dos 31 itens avaliados foi 2,9, que correspondeu a 58%
de pior QV. Quando divididos os domínios, é possível
avaliar separadamente o nível de qualidade de cada um
deles. Neste estudo, os piores níveis estão nos domínios
“sensibilidade da pele” e “trabalho”. Em outra pesquisa,
apesar de utilizar uma forma estatística diferente (valor
de alfa de Crobach), traz dados semelhantes em relação
ao domínio “trabalho”, que ficou em primeiro lugar como
pior QV e, em seguida, estava o “afeto e imagem corporal”,
diferentemente desta pesquisa que este domínio não teve
uma média tão alta em relação aos demais7.
A melhor QV se enquadrou no domínio “Funções simples”
concordando com a pesquisa que também o descreve como
o de melhor estado de saúde7. Porém, a partir da comparação
de Mann-Whitney realizada no presente trabalho, as “Funções
simples” não tiveram diferença significativa comparada às
“Relações interpessoais”, mostrando que esses dois domínios
não sofrem grande impacto.
O item 6 (Minha pele está mais sensível agora do que antes)
e o 16 (Ficar no sol me incomoda) foram os que obtiveram
maior média, ou seja, piores resultados. Corroborando com
Nicolozi (2012) que utilizou a mesma escala para avaliar a
QV de adolescentes, que também obteve sua maior média
(2,4) no item 6. Os itens 3,18, 25 e 29 também obtiveram
médias elevadas, todos relacionados à sensibilidade da
pele, reforçando que neste domínio a QV foi mais afetada.
Sobre o domínio Afeto e Imagem corporal, a frequência
de respostas foi no descritor “não me descreve”, se
concentrando nos itens “Eu fico chateado com sentimento
de solidão” e “Minha aparência me incomoda”. Concordando
com outra pesquisa10, na qual as maiores frequências de
respostas nesse domínio também foi “Não me descreve”.
É importante salientar a frequência elevada de respostas
“Descreve-me muito bem” que concentrou das respostas
no item “A aparência das minhas cicatrizes me incomoda” e
em “As vezes eu penso que tenho um problema emocional”.
O impacto emocional após as queimaduras pode contribuir
negativamente no processo de reabilitação, afetando o
bem-estar, a qualidade de vida e a adaptação psicossocial18.
Na sensibilidade da pele as respostas se concentraram no
descritor “Descreve-me muito bem”, este último percentual
corresponde ao item “Ficar no sol me incomoda”. Isso mostra
que as queimaduras trazem muitos incômodos mesmo
após a alta hospitalar. As sequelas resultam em limitações
funcionais que afetam a capacidade do indivíduo, uma delas
é a sensibilidade da pele, tornando-se um fator que dificulta
mais ainda a volta às atividades cotidianas16.
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79
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30
Alves JL, Perreira EBF, Souza PTL, Costa BGS, Paes CVF
Para desenvolver tarefas simples, o maior percentual
de pessoas respondeu que os itens não os descreviam, ou
seja, não tinham dificuldade em desenvolver atividades
como, por exemplo, tomar banho sem ajuda. Esse resultado
é semelhante a uma pesquisa que avaliou pacientes
queimados após alta hospitalar8.
A volta ao trabalho é um dos fatores que mais
tem impacto na vida do indivíduo. No domínio relacionado
ao trabalho, as respostas se concentraram no descritor
“descreve-me muito bem”, tendo como respostas a maior
dificuldade para “voltar ao trabalho e fazer suas tarefas
como antes”. Nesse aspecto, pode-se verificar diferentes
prejuízos relacionados também ao gênero, no caso do
homem afeta não só a capacidade de trabalho, mas
também a hierarquia familiar, deixando de ser provedor da
casa; já para as mulheres, além da dificuldade de voltar
ao trabalho, afeta na realização de tarefas domésticas,
socialmente mais associadas as elas10.
Um estudo sobre fatores psicossociais que interferem
na reabilitação dos queimados discorre que quanto maior
a SCQ maiores serão as dificuldades para retorno ao
trabalho, além disso, as limitações sociais e ocupacionais
aumentam o risco para desenvolver depressão18.
As relações com familiares e amigos não foram afetadas
após a queimadura, visto que a resposta “não me descreve”
foi a mais prevalente entre os itens do domínio “Relações
interpessoais”, concordando com um estudo que avaliou a
QV após a alta hospitalar, que mostrou que após o trauma
não houve percepção de problemas nesse aspecto8.
No domínio “Tratamento” foi evidenciado que cuidar da
queimadura não se mostrou um incomodo. Um trabalho
sobre o significado das ocupações após acidentes por
queimaduras constatou que o tratamento passou a ser a
principal ocupação dos pacientes, visando a recuperação
da sua saúde, e que as atividades como fazer curativos,
realizar consultas e fazer fisioterapia já faziam parte do
seu cotidiano19.
Contudo, alguns pacientes relataram ter muitas
dificuldades com o quesito Tratamento. Isso pode ser
explicado pelos diversos fatores envolvidos no processo de
Tratamento/Reabilitação, como: procedimentos dolorosos,
engajamento no autocuidado, disciplina e expectativas
irreais na reabilitação18.
CONCLUSÃO
É consenso que as queimaduras são um problema de
relevância pública, e as sequelas geradas por elas trazem
consequências nos aspectos físicos, psíquicos e sociais. A QV
das pessoas que desenvolveram sequelas de queimaduras
é afetada diretamente pelas mudanças relacionadas ao
tratamento e a reabilitação.
Para melhorar a QV do paciente com sequelas de
queimadura é necessária a atuação de uma equipe
multidisciplinar para interagir nos diferentes aspectos
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79
afetados, o que não é uma tarefa fácil. A saída do hospital
é mais difícil para aquele paciente que desenvolveu
sequelas, por isso deve ser acompanhado também fora
dele. Além disso, os profissionais devem visar a prevenção,
cura, proteção ao paciente e principalmente a promoção
da saúde, para tanto é importante que haja orientações
corretas sobre o processo de reabilitação e prevenção de
outras sequelas.
Além do tratamento e reabilitação, que são decisivos
para um bom resultado após a lesão, é essencial dar ênfase
na prevenção das queimaduras. Os profissionais de saúde
devem realizar educação permanente para conscientizar
sobre os perigos e consequências de uma queimadura.
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REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79
31
32
R E V I S Ã O I N T E G R AT I VA
Produção científica da enfermagem dos hospitais de
ensino acerca da cultura de segurança do paciente
Scientific production of the nursing of teaching hospitals about
patient safety culture
Tavane Menezes Costa1 • Zenith Rosa Silvino2
RESUMO
A Cultura de Segurança da Instituição deve preconizar a substituição da culpa e da punição pela oportunidade de
aprender com as falhas e melhorar a atenção à saúde. Objetivo: Conhecer a produção científica da enfermagem
dos hospitais de ensino sobre Cultura de Segurança do paciente. Metodologia: Revisão Integrativa tendo como
questão de pesquisa do estudo Qual a produção científica da enfermagem dos hospitais de ensino referente à
Cultura de Segurança do paciente? A coleta de dados ocorreu de jan a mar/16, em bases de dados indexadas e
online no período entre 2004 e 2016. Foram encontrados 769 artigos, e após aplicação dos critérios de inclusão
e exclusão, foram selecionados 13. Resultados: Os artigos foram classificados em duas categorias: Avaliação da
Cultura de Segurança do paciente por meio da realização de pesquisas sobre a temática e A pesquisa científica e sua
contribuição na avaliação da Cultura de Segurança do paciente. Conclusão: Observou-se um aumento progressivo
nas pesquisas de enfermagem nessa temática utilizando a produção científica como importante estratégia para
mudanças de paradigmas institucionais e dentro da própria equipe de enfermagem. As lacunas apontadas nesse
estudo poderão alavancar mais pesquisas nessa temática.
Palavras-chave: Enfermagem; Segurança do paciente; Hospital.
ABSTRACT
The safety culture of the institution must recommend the replacement of the guilt and punishment for the
opportunity to learn from the failures and improve health care. Objective: to know the scientific production of
the nursing of teaching hospitals on patient safety Culture. Methodology: Integrative Review with the question
of research study Which the scientific production of the nursing of teaching hospitals concerning patient safety
Culture? Data collection took place from jan to mar/16, indexed databases and on line at the time period between
the 2004 2016.0. Found 769 articles and after application of the criteria of inclusion and exclusion, 13 selected
articles. Results: The articles have been classified into 2 categories: Evaluation of patient safety Culture by
conducting research on the thematic and Scientific research and its contribution in assessing the culture of
patient safety. Conclusion: There is progressive increase in nursing research in this theme using the scientific
literature as an important strategy for institutional paradigms and changes within the nursing staff. The gaps
identified in this study can leverage more research in this theme.
Keywords: Nursing; Patient safety; Hospital.
NOTA
1
Enfermeira pediatra, Mestranda do Programa Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde na linha de pesquisa O cuidado no seu contexto sociocultural da Escola de
Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense. Coordenadora da Educação Permanente de Enfermagem do Instituto de Puericultura e Pediatria
Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro e Enfermeira do Programa de Hipertensão e Diabetes da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro.
E-mail: [email protected].
2
Enfermeira, Orientadora, Profª Drª Titular do Departamento de Administração em Enfermagem da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal
Fluminense, atuando na graduação, especialização, Mestrado Profissional e Acadêmico e no Doutorado. Graduação em Direito (1988). Avaliadora Institucional e de Cursos do
INEP. Membro Titular da Academia Brasileira de Administração Hospitalar. Integra o Corpo Editorial da Revista Science Rise, Revista de Enfermagem UFPE On Line e Revista
Brasileira de Docência, Ensino e Pesquisa em Enfermagem, é consultora ad hoc de renomadas revistas. E-mail: [email protected].
Artigo baseado na Dissertação de Mestrado intitulada “Cultura de Segurança do paciente pediátrico na perspectiva da equipe de enfermagem” de autoria da Mestranda
Tavane Menezes Costa do Programa acadêmico em Ciência do Cuidado em saúde da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense, em
Niterói, Rio de Janeiro, RJ, 2016.
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INTRODUÇÃO
A preocupação constante com a qualidade do cuidado
e com a segurança do paciente nas instituições de saúde
se propagou mundialmente. O movimento voltado para a
segurança do paciente teve seu início na última década
do século XX, após a publicação do relatório do Institute of
Medicine (IOM) dos EUA que publicou resultados de vários
estudos os quais evidenciaram a grave situação da assistência
à saúde daquele país. Dados revelaram que de 33,6 milhões
de internações 44.000 a 98.000 pacientes, aproximadamente,
morreram em consequência de eventos adversos.
A partir desse alerta do IOM, a Organização Mundial
de Saúde (OMS), preocupando-se com a segurança do
paciente, elegeu esse tema como de alta prioridade
entre os países membros no ano de 2000. Em 2004,
lançou a Aliança Mundial para a Segurança do Paciente
com foco central na criação dos Desafios Globais para a
Segurança do paciente e para liderar internacionalmente
os programas de segurança do paciente1, além de fomentar
pesquisas nessa temática nos países em desenvolvimento,
entre outros.
Em 2009, a OMS cria então a Agência Nacional para
a Segurança do Paciente e desenvolve a Classificação
Internacional de Segurança do Paciente – Taxinomia, que
define, entre outros, Eventos Adversos (EAs) os incidentes
resultantes de um dano desnecessário à saúde1. As
pesquisas apontam que os EAs ocorrem pelas fragilidades
nos processos, no sistema organizacional, na ausência de
liderança e nos fatores relacionados ao comportamento
humano. O erro é não intencional, multifatorial e produto
de sistemas mal estruturados e mal desenhados2.
No Brasil, um estudo de 2009 revelou que a incidência
de eventos adversos foi de 7,6% (84 de 1.103)4, e a
proporção de eventos adversos evitáveis foi de 66,7% (56
de 84 pacientes). Tal estudo evidencia que os EAs nos três
hospitais de ensino no Rio de Janeiro ocorreram de forma
semelhante a dos estudos internacionais. No entanto, a
proporção de eventos adversos evitáveis ​​foi muito maior
nos hospitais brasileiros. O mesmo estudo mostrou que
tais EAs têm expressivo impacto desnecessário nos gastos
hospitalares e razões para supor que os dados estejam
subestimados, ou seja, podem ser maiores ainda5.
Sabemos que erros acontecem, por isso precisamos
tornar o ambiente de prestação de assistência mais seguro
ao assumir que é de alto risco. A Cultura de Segurança
tem a prevenção de erros como prioridade para todos no
processo de trabalho e pode ser definida como:
Conjunto de valores, atitudes, competências e
comportamentos que determinam o comprometimento
com a gestão da saúde e da segurança, substituindo a
culpa e a punição pela oportunidade de aprender com as
falhas e melhorar a atenção à saúde3.
Ou seja, aprender com os erros, não punindo culpados
e sim remodelando o sistema para reduzi-los levará a
uma Cultura de Segurança que permitirá continuamente o
gerenciamento de riscos6.
Nesse contexto, a enfermagem, além de ser uma
profissão voltada para o cuidar, é uma das maiores forças
de trabalho em saúde no Brasil e no mundo, portanto
precisa se empoderar dessa posição vantajosa e modificar
a realidade da segurança do paciente7 Sabe-se que o fazer
da Enfermagem não é apenas técnico, não engloba somente
rotinas executadas em série, utiliza-se também de aspectos
comportamentais (de adaptações e independências, por
exemplo) e das relações humanas (interações enfermeiro/
paciente, orientações, diálogos, famílias etc)8. Soma-se a
posição vantajosa da enfermagem em relação à segurança
do paciente, uma vez que se encontra em um leito9.
Considerando que os Hospitais de ensino têm por
missão produzir, sistematizar e socializar o conhecimento e
o saber gerados na área da sáude10, a enfermagem atuante
nesses hospitais pode contribuir de forma ímpar na
prestação do cuidado seguro e livre de dano aos pacientes,
utilizando a pesquisa cientifica como principal estratégia
para identificação, interpretação, implementação e
avaliação do cuidado prestado.
Diante do exposto, o objetivo desse estudo é conhecer
a produção científica de enfermagem dos hospitais
de ensino acerca da cultura de segurança do paciente,
utilizando como método de pesquisa a Revisão Integrativa.
MÉTODO
Para atender o objetivo proposto, esta pesquisa usou
como método a Revisão Integrativa, delimitando-se as
seguintes etapas percorridas: identificação do problema
ou questão de pesquisa; estabelecimento de critérios para
inclusão e exclusão de estudos/amostragem ou busca na
literatura; definição das informações a serem extraídas
dos estudos selecionados; avaliação dos estudos incluídos
na revisão integrativa; interpretação dos resultados;
apresentação da revisão/síntese do conhecimento11.
A Revisão Integrativa é um método de análise
de pesquisas utilizado para promover a síntese do
conhecimento em um determinado assunto e incluir estudos
com diferentes abordagens metodológicas, além de mostrar
lacunas do conhecimento que necessitam ser preenchidas
com a realização de novos estudos. Por meio desse método
é possível melhorar a prática dos enfermeiros, pois o
conhecimento é construído com base em evidências, assim,
melhora-se a qualidade da assistência da enfermagem e se
facilitam as tomadas de decisões12.
Dessa forma, a questão de pesquisa desse estudo é a
seguinte: Qual a produção científica da enfermagem dos
hospitais de ensino referente à Cultura de Segurança do
paciente?
A coleta de dados ocorreu entre janeiro a março de
2016. Foram acessados artigos publicados no período de
2004 (ano da criação da Aliança Mundial para a Segurança
do Paciente) a 2016, indexados na base de dados por meio
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33
34
Costa TM, Silvino ZR
da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), a qual abrange:
LILACS, BDENF, IBECS, MEDLINE e CUMED. A SciELO
também foi escolhida por se tratar de uma biblioteca
eletrônica em ciências da saúde, que disponibiliza vasta
coleção de periódicos brasileiros com textos completos
e on-line. Na sequência, foi utilizada a terminologia em
saúde consultada nos Descritores em Ciências da Saúde
(DeCS): Enfermagem, Hospital, Segurança do paciente com
o operador booleano “AND”.
Os critérios de inclusão foram: artigos publicados
em língua portuguesa, inglesa ou espanhola, em bases
de dados nacionais e internacionais que abordassem a
temática sobre Cultura de Segurança do Paciente ou Clima
de segurança, manuscritos que tivessem Enfermeiros
entre os autores e hospitais universitários como cenários,
disponíveis na íntegra, no período compreendido entre
2004 e 2016. Os artigos encontrados de forma duplicada
foram considerados apenas uma vez.
Como critérios de exclusão, artigos da categoria cartas
ao editor, relatos de experiência, dissertações, teses,
revisões integrativas e sistemáticas, bem como estudos
que não abordassem a temática relevante ao objetivo
desse estudo.
A análise e síntese dos dados retirados dos artigos
foram realizadas de forma descritiva, possibilitando
observar, contar, descrever e catalogar os dados, com o
intuito de unir o conhecimento produzido sobre o tema
explorado na revisão13.
A seguir observa-se o fluxograma explicativo da seleção
amostral.
publicados nos seguintes periódicos conforme tabela 1
abaixo.
Tabela 1. Distribuição dos artigos por Periódicos e ano de publicação.
Rio de Janeiro, RJ, 2016.
Ano de
publicação
Quantidade
2010
1
2012
1
2013
1
2013
1
2014
1
2015
1
Revista Mineira de Enfermagem
2015
1
Revista da Esc. Enf. Anna Nery
2015
1
Revista da Esc. Enf. da USP
2015
1
Revista Brasileira de Enfermagem
2015
1
2015
1
Periódico
Revista Acta Paulista
Revista Ciencia y Enfermeria
Revista Gaúcha de Enfermagem
Revista Latino Americana
Revista Texto e Contexto
1
2015
1
Quanto aos objetivos propostos pelas publicações,
permearam o interesse em Conhecer e Avaliar a percepção
dos trabalhadores de enfermagem acerca do Clima de
Segurança do paciente e Cultura de segurança; Investigar e
analisar aspectos relevantes em relação à Identificação do
Paciente, à Lavagem das Mãos e ao Checklist de Cirurgias
Seguras e, por último, Identificar e Analisar condutas
adotadas pelos profissionais frente à ocorrência de erros
de medicação.
Em relação ao ano de publicação, constatou-se que a
maioria dos artigos foi publicada nos últimos cinco anos,
com aumento significativo de publicações em 2015, com 8
(oito) dos 13 (treze) artigos elencados.
Os treze artigos selecionados foram lidos
detalhadamente e analisados, conforme apresentados nas
tabelas 1 e 2.
Figura 1: Fluxograma das etapas para seleção dos Artigos. Rio de
Janeiro, RJ, Brasil, 2016.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em conformidade com os critérios de inclusão e
exclusão, a amostra final elencou treze artigos para análise.
De acordo com análise das variáveis mencionadas e em
conformidade com o objetivo desse estudo, observou-se
que cinco artigos foram encontrados na SciElo biblioteca
eletrônica e oito na base de dados eletrônica Lilacs, todos
publicados em português e inglês. Os manuscritos foram
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Para interpretação, análise e discussão, os resultados
foram divididos em dois eixos temáticos: 1- Avaliação da
Cultura de Segurança do paciente por meio da contribuição
da pesquisa sobre a temática; 2- A pesquisa científica e
sua contribuição na avaliação da Cultura de Segurança do
paciente.
1 - Avaliação da Cultura de Segurança do paciente por
meio da realização de pesquisas sobre a temática
Nessa categoria destacam-se os artigos que discutem
as várias ferramentas usadas para Conhecer e Avaliar a
Cultura de Segurança do paciente nos Hospitais de Ensino.
O Quadro 1 apresenta os sete artigos que a compõem,
dispostos pelas Variáveis: Título, Ano, Autores, Idioma,
Objetivos e Desfecho.
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A discussão referente à Avaliação da Cultura de
Segurança do Paciente em diferentes Hospitais de
Ensino em vários estados do país demonstra o interesse
progressivo com pesquisas nessa temática por parte dos
profissionais de saúde, em especial pelos Enfermeiros.
No artigo 114, os autores utilizaram os dois
questionários mais empregados em todo mundo para
mensuração da Cultura de segurança, que são o “Hospital
Survey on Patient Safety Culture (HSOPSC)15 e (SAQ) Safety
Attitudes Questionnaire16. Eles avaliaram a percepção dos
profissionais de saúde das UTIs (Unidades de Tratamentos
Intensivos) Adulto, pediátrica e neonatal de um Hospital
de ensino no interior de São Paulo e a relação entre os
dois Instrumentos. Entre as UTIs, a UTI Adulto apresentou
menores pontuações para a maioria dos domínios do SAQ
e do HSOPSC. Foi demonstrado pelo estudo diferenças de
percepções quanto à segurança do paciente entre as UTIs,
sugerindo a existência de micro-culturas locais, além de
o estudo não demonstrar que o SAQ e o HSOPSC sejam
equivalentes.
Quadro 1. Avaliação da Cultura de Segurança do paciente através da realização de pesquisas sobre a temática. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2016
Identificação
do Artigo
Título do artigo/
Autores
Idioma/Ano
Cultura e Clima
Santiago THR
organizacional para
Tussini RNT/
segurança do paciente
em Unidades de terapia
intensiva14
Português e inglês
2015
Objetivos
Desfecho
Avaliar a percepção dos
profissionais de saúde sobre o
clima e cultura de segurança do
paciente em unidades de terapia
intensiva (UTI) e a relação
entre os instrumentos Hospital
Survey on Patient Safety Culture
(HSOPSC)15 e Safety Attitudes
Questionnaire (SAQ)16
As escalas apresentaram boa
confiabilidade. Maiores fragilidades
para a segurança do paciente foram
observadas nos domínios “condições
de trabalho” e “percepções da
gerência” do SAQ e “resposta não
punitiva aos erros” do HSOPSC. As
fortalezas no SAQ foram o “clima de
trabalho em equipe” e a “satisfação
no trabalho” e para o HSOPSC
“expectativas e ações de promoção
de segurança supervisores/gerentes”
e “aprendizado organizacional e
melhoria mútua”. Na UTI Neonatal
houve maior satisfação no trabalho
do que nas demais UTI. A UTI Adulto
apresentou menores pontuações para
a maioria dos domínios do SAQ e
HSOPSC. A correlação entre as escalas
foi de força moderada (r=0,66).
Entre as dimensões analisadas,
somente a “satisfação no trabalho”
alcançou a média de escore acima
de 75, avaliada como positiva para a
cultura de segurança do paciente.
1
2
Cultura de segurança
do paciente em
unidade de transplante
de medula óssea.17
Português e inglês
2015
Fermo VC,
Radünz V,
Rosa LM de,
Marinho MM/
Fatores associados ao
Clima de segurança
do paciente em um
hospital de ensino.18
Português e inglês
2015
Luiz RB, Simões
AL de A,
Barrichello E
Barbosa MH /
3
4
Cultura de Segurança Batalha EMSS,
Melleiro MM
em um hospital de
ensino: diferenças de
percepção existentes
nos diferentes cenários
dessa instituição19
Português e inglês
2015
Avaliar a cultura de segurança
do paciente sob a ótica dos
profissionais da área de saúde
da unidade de Transplante de
Medula Óssea do Centro de
Pesquisas Oncológicas, hospital
de referência no tratamento do
câncer SC, Brasil
Verificar a associação entre os
escores do clima de segurança
do paciente e as variáveis sócio-demográficas e profissionais.
A maioria dos participantes era
do sexo feminino, da equipe de
enfermagem, atuavam na assistência
direta com pacientes adultos, em
áreas críticas, não possuíam pósgraduação e nem apresentavam
outro vínculo empregatício. A
média e a mediana do escore geral
do instrumento foram de 61,8
(DP=13,7) e 63,3, respectivamente.
Encontrou-se como fator associado
ao clima de segurança a variável
atuação profissional para o domínio
percepção da gerência da unidade e
do hospital (p=0,01)
Avaliar a percepção dos
Constatou-se que havia diferenças
profissionais de enfermagem a significativas entre as unidades,
cerca da cultura de segurança do destacando-se as unidades
paciente e identificar diferentes pediátricas que tiveram melhores
de percepções nas unidades do percepções de segurança (média:
hospital
3,43 e mediana: 3,44).
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35
36
Costa TM, Silvino ZR
Quadro 1. Continuação
Identificação
do Artigo
5
6
7
Título do artigo/
Idioma/Ano
Clima de segurança do
paciente: percepção
dos profissionais de
enfermagem.20
Português e inglês
2012
Autores
Objetivos
Desfecho
Rigobello MCG,
Carvalho REFL,
Cassiane SHde B,
Galon T,
Capucho HC,
Deus NN de/
Avaliar a percepção do clima
de segurança dos profissionais
de enfermagem atuantes nas
Clínicas médicas e cirúrgicas em
um hospital de ensino.
Comunicação e
segurança do
paciente: Percepção
dos profissionais de
enfermagem de um
hospital de ensino.21
Português e inglês
2015
Massoco ECP,
Melleiro MM
A percepção do clima de segurança
dos profissionais variou conforme
o gênero, a clínica, a categoria
profissional e o tempo de
atuação. A satisfação no trabalho
foi demonstrada por todos os
profissionais, com escores acima de
75, enquanto o domínio Percepção
da Gerência apresentou valores mais
baixos.
Principais resultados do estudo,
identificou-se que os profissionais
conversam livremente sobre algo que
está errado.
Condutas adotadas
por Técnicos de
Enfermagem após a
ocorrência de Erros de
medicação.22
Português e inglês
Santos JO,
Silva AEBC,
Munari DB,
Miasso AI
Conhecer a percepção de
trabalhadores de enfermagem
atuantes no hospital de
ensino acerca da dimensão da
abertura para as comunicações
e respostas não punitivas aos
erros e evidenciar a comunicação
como fator relevante na Cultura
de segurança do paciente
Identificar e analisar s condutas Os resultados evidenciaram duas
por Tecs. de Enfermagem
categorias: tomando condutas
após a ocorrência de erros de
relacionadas à comunicação do erro
medicação.
(ao médico, à enfermeira, registrando
no prontuário e não comunicando
o erro) e adotando condutas
direcionadas ao paciente (observação
do paciente, monitorização e
minimização das consequências)
Os autores do artigo 217 utilizaram o SAQ para avaliar
Cultura de segurança do paciente em uma unidade de
TMO (Transplante de Medula Óssea) do Hospital do
Câncer em Santa Catarina e apenas a dimensão “satisfação
no trabalho” alcançou média de escore 75 avaliada como
positiva para a Cultura de Segurança. Pelo estudo as
demais dimensões presentes no inquérito necessitam ser
valorizadas por profissionais e gestores para a efetivação
de um cuidado seguro.
Já no artigo 318, os pesquisadores verificaram a
associação entre os escores do clima de segurança do
paciente e as variáveis sócio demográficas, também
utilizando o SAQ como instrumento. O estudo demonstrou
que a identificação dos fatores associada ao clima de
segurança facilita a elaboração de estratégias para práticas
seguras nos hospitais.
Observa-se no estudo 419 a aplicação do instrumento
HSOPSC para avaliar a percepção dos profissionais acerca da
Cultura de segurança e identificar as diferenças de percepção
entre todas as unidades estudadas do hospital. Os autores
constataram que havia diferenças significativas entre as
unidades, e destas, as unidades pediátricas apresentaram
melhores resultados para a percepção de segurança.
Por outro lado, a pesquisa 520 avaliou a percepção do
clima de segurança dos profissionais de enfermagem
das clínicas médicas e cirúrgicas de um hospital de
ensino, utilizando o SAQ. O estudo aponta que conhecer
a percepção dos profissionais de enfermagem a respeito
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do Clima de segurança agrega melhorias ao cuidado em
saúde e redução de riscos ao paciente.
Os pesquisadores do artigo 621 estudaram a percepção
da enfermagem acerca da dimensão da abertura para
as comunicações e respostas não punitivas aos erros e a
relevância da comunicação na Cultura de segurança do
paciente. Para isso, foi utilizado o instrumento SHOPSC. O
estudo demonstrou que os profissionais conversam sobre
algo que está errado, porém, há receio de punição e da
evidência do profissional, e esses são fatores limitantes na
comunicação dos erros e da notificação dos eventos adversos.
Objetivando identificar e analisar condutas adotadas
por Técnicos de enfermagem após a ocorrência de erros
de medicação de um hospital de ensino em GoiâniaGO, os autores do artigo 722 se utilizaram de entrevista
semiestruturada e evidenciaram duas categorias. A
primeira, refere-se às condutas em relação à comunicação
do erro e a outra, às condutas direcionadas ao paciente.
Percebeu-se que há necessidade das instituições de saúde
adotarem uma cultura de transparência (padronização
das notificações) em relação aos erros de medicação,
direcionando as condutas dos profissionais e os auxiliando
nas tomadas de decisões.
2 - A pesquisa científica e sua contribuição na
avaliação da Cultura de Segurança do paciente.
Nessa segunda categoria destacam-se os artigos que
retratam o cenário atual da Cultura de segurança do
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paciente nos hospitais de ensino pesquisados, abordando
iniciativas, experiências exitosas, estratégias adotadas,
dificuldades e barreiras encontradas.
O Quadro 2 apresenta os 6 artigos que a compõem,
dispostos pelas mesmas variáveis do Quadro 1: Título,
Periódico, Ano, Autores, Idioma e Objetivos.
Quadro 2. A pesquisa científica e sua contribuição na avaliação da Cultura de Segurança do paciente. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2016.
Identificação
do Artigo
8
9
10
11
12
13
Título do artigo/
Idioma/Ano
Autores
Objetivos
Desfecho
A identificação do paciente por
meio de pulseira é uma prática
recomendada internacionalmente,
porém há lacunas no que tange à
instituição de protocolos, à execução
efetiva e à avaliação do processo
para subsidiar ações gerenciais e
assistências
Constatou-se a baixa adesão à prática
de higienização das mãos e estrutura
inadequada, segundo as diretrizes
estabelecidas pela OMS e ANVISA
Identificação
do paciente nas
organizações de
saúde: uma reflexão
emergente.23
Português e inglês.
2013
Tase TH,
Lourenção DCA,
Bianchini SM,
Tronchin oMR
Destacar os elementos
constituintes do processo de
identificação do paciente por
meio de pulseiras e refletir
acerca da implementação desse
processo nas instituições.
Higienização das mãos
e a segurança do
paciente pediátrico.24
Português, inglês e
espanhol.
2013
Os profissionais da
saúde e a higienização
das mãos: uma questão
de segurança do
paciente pediátrico.28
Português e inglês
2014
Silva FM,
Porto TP,
Rocha PK,
Lessmann JC,
Cabral PFA
Schneider KLK
Botene DZA,
Pedro ENR
Avaliar se a higienização
das mãos realizada antes do
preparo e da administração de
medicamentos e fluidoterapia
seguem as diretrizes da OMS25 e
da ANVISA26
Analisar como a formação
acadêmica sobre a higienização
das mãos contribui para
a segurança do paciente
pediátrico.
Os resultados permitiram elencar
duas categorias temáticas: “A HM e a
formação acadêmica do profissional
de saúde”; e “A HM e a vida
profissional”. Neste manuscrito será
apresentada a primeira. Constatou-se
que a formação acadêmica contribui
de forma pouco efetiva para a criação
de uma cultura de segurança do
paciente.
Amaya MR,
Analisar e relacionar o registro 99,8% dos itens do checklist foram
Análise do registro e
de informações dos checklists
verificados e o teor dos registros
conteúdo de checklists Maziero ECS,
com os objetivos do Programa
evidenciam não garantia, por meio da
para cirurgia segura29 Grittem L,
Português e inglês.
Cruz EDA
cirurgias seguras salvam vidas
checagem documental, de elementos
2015
de segurança relativos ao local
cirúrgico certo (objetivo 1), perdas
sanguíneas (objetivo 4), reação
alérgica (objetivo 5), retenção de
instrumentais/compressas (objetivo
7), identificação de espécimes
cirúrgicos (objetivo 8) e comunicação
(objetivo 9)
Analisar o impacto de ações
A análise e o acompanhamento
Estratégias educativas Hemesath MP,
educativas nos resultados
do indicador de adesão ao uso da
para melhorar a adesão Santos HB,
Torelly EMS,
do indicador de adesão à
pulseira de identifi cação do paciente
à identificação do
Barbosa AdaA,
verificação da pulseira de
demonstraram uma tendência de
paciente.30
Português e inglês
Magalhães AMM identificação do paciente, antes aumento do percentual, atingindo,
2015
da realização de cuidados de
ao longo do período estudado, de
maior risco.
42,9% a 57,8%, entre janeiro e abril
de 2013, e de 81,38% a 94,37%, entre
setembro e dezembro de 2014
Hoffmeister LV,
Avaliar o uso da pulseira de
83,9% dos pacientes encontravamUso de pulseiras
Moura GMSS de identificação em pacientes
se com a pulseira corretamente
de identificação de
hospitalizados em unidades
identificada, 11,9% possuíam a
pacientes internados
de internação de um hospital
pulseira de identificação com erros
em um hospital
universitário.
e 4,2% dos pacientes estavam
universitário.31
Português e inglês
sem a pulseira. As principais
inconformidades encontradas nas
pulseiras de identificação foram
nomes incompletos, números de
registros diferentes, ilegibilidade dos
dados e problemas na integridade.
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37
38
Costa TM, Silvino ZR
No artigo 823, os pesquisadores destacaram elementos
constituintes do processo de identificação do paciente por
meio de pulseiras e implementação dessas nas instituições
hospitalares.
É uma prática recomendada internacionalmente, além
de ser um dos protocolos de segurança do paciente27,
porém existem lacunas na implantação do protocolo tanto
por parte dos profissionais de saúde, gestores, entidades de
classe e do próprio usuário que interferem na estruturação
da Cultura de segurança do paciente.
Em contrapartida, temos o estudo 1331, que também
avalia o uso da pulseira de identificação em unidades
de internação, e que evidenciou o compromisso dos
profissionais no processo de identificação dos pacientes,
por meio da alta taxa de conformidades das pulseiras.
Os autores do artigo 1230 analisaram o impacto de
ações educativas nos resultados do indicador de adesão
à verificação da pulseira de identificação de pacientes,
antes da realização de cuidados de maior risco. Os achados
evidenciaram que as estratégias educativas alavancaram
a adesão dos profissionais à verificação da identificação
do paciente, com repercussão favorável na Cultura de
segurança do paciente.
Os estudos 924 e 1028 pesquisaram a questão da
higienização das mãos na segurança do paciente pediátrico.
O estudo 1028 constatou que a formação acadêmica do
profissional é pouco efetiva para a construção de uma
Cultura de lavagem das mãos e o estudo 924 aponta
para baixa adesão à prática de higienização das mãos
associada à estrutura inadequada nas instituições,
conforme preconizado nas diretrizes estabelecidas pela
OMS (Organização Mundial de Saúde)25 e ANVISA (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária)26.
Temos no estudo 1129 uma abordagem que analisa e
relaciona o registro de informações dos checklists com os
objetivos do Programa cirurgias Seguras salvam vidas27.
Evidenciou-se elevada frequência dos itens respondidos,
porém, a não completude dos registros pela equipe
cirúrgica, permitiu identificar potenciais riscos cirúrgicos
provenientes de ações de segurança não confirmadas,
necessitando de melhorias nas ações em busca da
qualificação da assistência para a promoção da Cultura de
segurança.
CONCLUSÕES
O objetivo desse estudo foi alcançado a partir do
momento que permitiu identificar a produção científica
da enfermagem dos hospitais de ensino brasileiros em
relação à Cultura de segurança do paciente, evidenciando
ainda um crescimento expressivo dessa nos últimos três
anos, período que coincide com a criação do Programa
Nacional de Segurança do Paciente.
Da análise e discussão dos resultados surgiram dois
eixos temáticos: 1- Avaliação da Cultura de Segurança
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do paciente por meio da realização de pesquisas sobre a
temática: os pesquisadores utilizaram preditores (o SAQ
e o HSOPSC) sobre escores de segurança do paciente
como importante ferramenta para diagnosticar, planejar,
intervir e executar atividades para melhorar os domínios
que precisam ser aprimorados, além de evidenciar fatores
intrínsecos e extrínsecos dos profissionais que precisam
de atenção. 2 - A pesquisa científica e sua contribuição
na avaliação da Cultura de Segurança do paciente: Os
pesquisadores procuraram divulgar através da pesquisa
questões ligadas às iniciativas, experiências exitosas,
estratégias adotadas, dificuldades e barreiras encontradas
em relação à Cultura de segurança do paciente nos
hospitais de ensino.
Como limitação do estudo, pode-se apontar a restrição
dos cenários aos hospitais de ensino brasileiros, sugerindo
que novas pesquisas que utilizem o método de Revisão
Integrativa ou Sistemática sejam realizadas incluindo
hospitais de ensino em outros países para, dessa forma,
preencher as lacunas existentes neste estudo.
Além disso, novos estudos podem mensurar o clima
de segurança, explicar a presença de microculturas
nas instituições de saúde e propor novas estratégias
de discussão sobre o tema, buscando cada vez mais um
cuidado de saúde seguro e livre de danos.
A Cultura de Segurança tem a prevenção de erros como
prioridade para todo: alta liderança, gestores, profissionais,
pacientes e familiares. E para que isso ocorra, é necessário
que as instituições de saúde criem barreiras que melhorem
o processo de trabalho dos profissionais, por meio do
emprego de sistemas que impossibilitem a ocorrência do
mesmo, além de tornar mais difícil para os profissionais
fazerem o errado e mais fácil fazerem o certo.
É necessário que as Instituições de Saúde adotem uma
Cultura de Aprendizado (aprender com os erros) e não
uma Cultura de Punição, a qual busca instituir culpados
por falhas eminentemente resultantes de sistemas mal
estruturados e mal desenhados.
REFERÊNCAS
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R E V I S Ã O I N T E G R AT I VA
Evidências científicas de enfermagem sobre idosos
estomizados
Scientific evidence from nursing on elderly ostomy
Amanda Travassos da Costa1 • Pedro Paulo Corrêa Santana2 • Phelipe Austríaco Teixeira3 •
Fátima Helena do Espírito Santo4 • Diana Mary Araújo de Melo Flach5 • Marilda Andrade6
RESUMO
No processo de envelhecimento, o ser humano passa por diversas mudanças, e dentre as consequências de certas
doenças crônicas não transmissíveis junto ao processo de envelhecimento, está a confecção de um estoma. Desta
forma, o estudo é norteado pela questão: quais as evidências científicas de enfermagem acerca das pessoas
idosas com colostomia, no período de 2005 a 2015? Tendo como objetivo geral levantar publicações científicas de
enfermagem sobre pessoas idosas estomizadas no recorte temporal de 2005 a 2015 e como objetivos específicos
analisar as principais dificuldades vivenciadas por esses indivíduos, descrevendo as estratégias de enfermagem
frente a tais dificuldades. Trata-se de um estudo exploratório, descritivo, realizado por meio de revisão integrativa
da literatura. As buscas foram realizadas nas bases de dados LILACS, BDENF, MEDLINE, IBECS e SciELO por meio
da associação dos descritores idoso, enfermagem, colostomia. Como resultados tem-se as dificuldades enfrentadas
pelos idosos, destacando-se desconhecimento, ansiedade e medo, dentre as estratégias de enfermagem destacouse a educação em saúde. Concluiu-se que as pessoas idosas estomizadas demandam um cuidado que ultrapasse as
orientações realizadas em um plano de alta, pois o cuidado a estes necessita ser integral, propiciando abordagens
diferenciadas aos diversos contextos nos quais estão inseridos, inclusive no seu âmbito familiar.
Palavras-chave: Idoso; Enfermagem; Colostomia; Enfermagem; Gerontologia.
ABSTRACT
In the aging process, the human being goes through several changes as among the consequences of certain
chronic disease with the aging process, it is colostomy. Hence, the study is guided by the question: what is the
scientific evidence of Nursing about colostomy elderly from 2005 to 2015? With the overall goal to raise scientific
publications on Nursing colostomy in elderly in the time frame 2005-2015 and the specific objectives, to analyze
the main difficulties experienced by these individuals, describing the Nursing strategies to the difficulties. It is an
exploratory and descriptive study, conducted through an integrative literature review. The searches were conducted
in the databases LILACS, BDENF, MEDLINE, SciELO and IBECS; and through the association of descriptors elderly,
nursing and colostomy. The results showed the difficulties faced by older people, especially ignorance, anxiety,
fear, and, among the nursing strategies stood out health education. It was concluded that the colostomy elderly
require care that exceed the guidelines made in a high level, because the care they need to be full, providing
different approaches to the various contexts in which they are inserted, including the family environment.
Keywords: Elderly; Colostomy; Nursing; Gerontology; Nursing.
NOTA
1
Enfermeira e discente do curso de especialização em enfermagem gerontológica pela Universidade Federal Fluminense. [email protected]
Enfermeiro Gerontólogo e Mestre em Ciências do Cuidado em Saúde pela Escola de Enfermagem Aurora Afonso Costa (EEAAC), Universidade Federal Fluminense (UFF).
[email protected]
2
3
Enfermeiro. Especialista em Controle de Infecção pela EEAAC/UFF. Mestre em Medicina Tropical pela FIOCRUZ. [email protected]
Enfermeira. Doutora em enfermagem. Professora Associada da EEAAC/UFF. Coordenadora do curso de Especialização em Enfermagem Gerontológica na EEAAC/UFF.
[email protected]
4
5
Enfermeira. Mestre e doutoranda em Ciências do Cuidado em Saúde pela EEAAC/UFF. [email protected]
6
Enfermeira. Doutora em enfermagem. Vice-Diretora e Professora Associada da EEAAC/UFF. [email protected]
Os autores declaram que não houve conflitos de interesse na concepção deste trabalho.
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41
42
C o s t a A T , S a n t a n a P P C , Te i x e i r a P A , S a n t o F H E , F l a c h D M A M , A n d r a d e M
Dentre as transformações ocorridas no decorrer do
século XX destaca-se a mudança no perfil de morbidade
e mortalidade da população, que resultou em um
crescimento total no número de pessoas idosas de 55,3%
em um intervalo de 25 anos − 1980 a 20051.
Destaca-se nesses números, a faixa de idade com mais de
80 anos, que apresentou um crescimento de 246% segundo
dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE)2, alterando a composição interna do próprio grupo
de pessoas idosas e revelando uma heterogeneidade de
características deste segmento populacional, o que vem
refletir a ocorrência do que denominamos como transição
demográfica acelerada.
As estimativas do IBGE indicam que, no ano de 2025, o
Brasil deverá ter um contingente de 34 milhões de idosos,
representando 15% da população total, podendo ocupar
o lugar de sexta população idosa do mundo nesta mesma
época3.
Uma das modificações frequentes durante o processo de
envelhecimento é o surgimento das Doenças Crônicas não
Transmissíveis (DCNT’s), que são doenças multifatoriais de
longa duração, desenvolvidas no decorrer da vida, também
consideradas um sério problema de saúde pública e
atualmente são responsáveis por aproximadamente 63% das
mortes no mundo4. Caracterizadas por possuírem fatores de
risco em comum e por necessitarem de tratamento contínuo,
estão entre elas o câncer, diabetes, doenças do aparelho
circulatório e respiratório. Dentre algumas das consequências
de certas DCNT’s junto ao processo de envelhecimento,
está o processo de confecção de uma colostomia definido
pela Associação Brasileira de Ostomizados (ABRASO) como
a cirurgia da vida. Sua necessidade advém de processos
inflamatórios agudos, crônicos e hereditários, incontinência
anal, traumas abdominais e perineais, doenças congênitas e
oncológicas, concluindo que as causas em sua maioria são
as doenças crônicas5.
Uma ostomia consiste na exteriorização de certa porção
de uma víscera oca do corpo com destino a uma bolsa
coletora externa6. Por essa abertura ocorre a eliminação das
fezes, urina e/ou outros fluidos corpóreos4. É um processo
que salva vidas, porém pode se mostrar traumático por exigir
uma mudança cotidiana para o indivíduo e aqueles que
convivem com ele, pois o ostoma, por suas características,
não poderá ser controlado voluntariamente. Considerandose os tipos de ostomia, a colostomia é a mais frequente
e caracteriza-se pela exteriorização do cólon através da
parede abdominal com o objetivo da eliminação fecal7.
O Idoso e a estomia
De acordo com a etiologia da doença, o cirurgião
indica a realização de um estoma temporário ou
definitivo. Os temporários são aqueles que posteriormente
permitirão o restabelecimento da continuidade do trato
intestinal, desde que se tenha resolvido o problema que
levou ao procedimento. Os definitivos ou permanentes
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são realizados quando não existe a possibilidade de
restabelecer o trânsito intestinal, uma vez que o segmento
distal do intestino foi extirpado8.
Além das mudanças de caráter fisiológico, descrevese que mudanças na vida destas pessoas podem gerar
consequências psicológicas e sociais (...) Conviver com
outro “membro” em seu corpo poderá causar medos,
constrangimentos e dúvidas a estas pessoas9.
Ainda no que se trata de modificação da estrutura
corpórea e cotidiana, afirma-se que, nesta vivência,
atividades que parecem simples como vestir-se, tomar
banho, cozinhar, ou andar de ônibus são extremamente
valorizadas10. Isto requer do enfermeiro atenção aos
aspectos sociais desta mudança.
Diante do processo de envelhecimento, o ser humano
trilha diversas mudanças que necessitam de um novo
olhar na ótica da complexidade, ou seja, em que haja uma
reabilitação gradativa com vistas à sua adaptação à nova
condição – idoso com estomia. Os idosos estomizados,
objetos deste estudo, são sujeitos com potencialidades,
porém apresentam maior fragilidade, incertezas e medos
não exteriorizados, devido às mudanças que ocorrem em
seu corpo e frente às novas responsabilidades que devem
assumir com a manutenção de um novo dispositivo11,12.
A prática de enfermagem baseada em evidências
permite a implementação de intervenções efetivas na
assistência à saúde do idoso estomizado. Nesse sentido, o
presente estudo procurou responder a seguinte questão:
quais as evidências científicas de enfermagem acerca das
pessoas idosas estomizadas?
O objetivo geral deste estudo foi analisar a atenção a
idosos estomizados e como objetivos específicos pretendeuse analisar as principais dificuldades vivenciadas por esses
sujeitos e descrever as estratégias de enfermagem frente
às dificuldades vivenciadas por eles.
Justifica-se pelo crescimento do número de pessoas
idosas, que de fato resultará em um maior número
absoluto de idosos em condições de vulnerabilidade,
apesar de haver redução no número de adoecimento desta
faixa etária devido às ações de prevenção de doenças e
melhoria nas práticas assistenciais13. Esse quadro resulta
no aumento da demanda para o cuidado e na enfermagem
gerontogeriátrica, na qual a principal meta no cuidado é a
manutenção da autonomia e da capacidade funcional do
idoso.
O cuidado ao idoso estomizado pode ser visto como um
desafio devido às experiências vivenciadas por ele que são
diversas e modificam-se no decorrer do tempo, mais do
que se comparadas aos mais jovens.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo exploratório e descritivo,
realizado por meio de revisão integrativa da literatura.
Este método de investigação viabiliza a busca, avaliação
E v i d ê n c i aA
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b rIeGi dOo s oOs R
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z aA
d oLs
crítica e a síntese das evidências disponíveis sobre o tema.
Para que seja realizada a revisão integrativa de literatura é
necessário que o pesquisador siga as seis etapas inerentes
a esse método14.
Na primeira etapa foi realizada a escolha da temática
de pesquisa e a delimitação da questão que norteou a
revisão integrativa. Em seguida, houve o estabelecimento
dos critérios de inclusão e de exclusão dos estudos e a
busca na literatura14.
Foram considerados os seguintes critérios de inclusão:
artigos que abordassem pessoas acima de 60 anos de idade;
artigos publicados em português, inglês ou espanhol,
que fossem localizáveis com os descritores “Colostomia”,
“Idoso” e “enfermagem”; artigos em que pelo menos um
dos autores possuíssem graduação em enfermagem,
recorte temporal de dez anos (2005-2015), considerando
a aprovação das portarias que garantem direitos aos
portadores de Estomias. Como critério de exclusão, optouse pela eliminação dos artigos que não estivessem em
conformidade com os objetivos do estudo e aqueles de
acesso indisponível.
Os dados sobre o tema foram levantados nas bases de
dados: Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências
da Saúde (LILACS), Base de Dados de enfermagem (BDENF),
MEDLINE (Literatura Internacional em Ciências da Saúde),
IBECS (Instituto Brasileiro De Ensino Em Ciências Da
Saúde) e a Biblioteca da SciELO (CientificElectronic Library
Online).
A busca dos artigos publicados deu-se por meio da
associação em duplas e um trio dos descritores Colostomia,
Idoso, Enfermagem, conforme sugerido pelo portal de
Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), com o uso do
operador booleano AND. Também foram utilizados os
respectivos correspondentes dos descritores supra nos
idiomas inglês e espanhol.
Na terceira etapa ocorreu a categorização dos estudos
com objetivo de agrupá-los de maneira clara para facilitar
a compreensão dos tópicos abordados14. Para organizar
os estudos foi confeccionada uma tabela no software
Microsoft Office Excel 2010 com as seguintes variáveis: ano
de publicação, base de dados, periódico, título do artigo e
principais resultados (síntese).
Na quarta etapa foi realizada a avaliação dos estudos
incluídos na revisão integrativa. Os estudos foram
analisados criticamente para que fosse possível explicitar
resultados semelhantes ou conflitantes entre eles. A
interpretação dos resultados, quinta etapa deste estudo,
foi composta pela discussão dos resultados da pesquisa,
o que exigiu a comparação dos estudos realizados com o
conhecimento teórico.
Na sexta e última etapa foi apresentada a revisão/
síntese do conhecimento. Essa etapa consiste na elaboração
do documento que deve conter as etapas percorridas pelo
revisor para o alcance dos resultados. Cabe ressaltar que
a quinta e sexta etapas foram cumpridas ao longo do
corpo textual. A coleta de dados foi realizada no mês de
dezembro de 2015 e janeiro de 2016.
Entre as produções encontradas foram selecionadas
apenas aquelas que passaram pelo crivo dos critérios de
inclusão e exclusão deste estudo.
RESULTADOS
Feitas as associações dos descritores nas bases de
dados, foram encontrados (E) 100 artigos e selecionados
(S) 18, sendo na LILACS 20 (E) e 11 (S), MEDLINE 66 (E) e
01 (S), BDENF 11 (E) e 04 (S), IBECS 02 (E) e 1(S) e, SciELO
01(E) e 1(S), conforme quadro 1.
Quadro 1. Quantitativo (n) dos artigos encontrados (E) e selecionados
(S) após revisão integrativa por base de dados. Niterói - RJ, 2016.
BASE DE DADOS
LILACS
BDENF
MEDLINE
IBECS
SCIELO
SOMATÓRIO POR
TERMO
DESCRITORES
“IDOSO” and “COLOSTOMIA” and
“ENFERMAGEM”
E
S
20
11
11
04
66
01
02
01
01
01
100
18
No quadro 2 encontra-se a síntese dos artigos
selecionados para a composição da discussão. Observa-se
que existe uma predominância de artigos publicados em
revistas de enfermagem, não especializadas no assunto.
Quanto ao ano de publicação, ao longo desses dez anos,
não houve um aumento na produção acerca do assunto
abordado. Não foram encontradas publicações sobre a
temática nos anos de 2006 a 2007; em 2005, 01 (5,56%)
artigo; em 2008 e 2009, 2(11,11%) e 02 (11,11%) artigos,
seguido por 2010 e 2011 com 01(5,56% e 5,56%) artigo
cada um. O maior quantitativo de artigos publicados foi
registrado nos anos de 2012 e 2014 – 05 (27,78%) artigos
e 03 (16,67%) artigos –, respectivamente; em 2013 foram
produzidos 02 (11,11%) artigos e em 2015, 01 (5,56%)
artigo somente foi encontrado.
Na região Sudeste do país a pesquisa com idosos
ostomizados se apresenta em maior número, sendo 08
(44,44%) artigos encontrados; seguida pela região Sul com
06 (27,78%) artigos concentrados na mesma área, inclusive.
Na região Nordeste foram produzidos 02 (11,11%) artigos
e na região Centro-oeste apenas 01. Foram encontrados
02 (11,11%) artigos internacionais, sendo 01 (5,56%) da
Espanha e 01 (5,56%) EUA.
Identificaram-se os locais da pesquisa com a seguinte
distribuição: Rio Grande 05 (27,78%) e Florianópolis
01(5,56%) artigos. São Paulo, 04 (22,22%); Rio de Janeiro,
02(11,11%) e Minas Gerais 02 (11,11%) artigos. No Piauí,
01 (5,56%); 01 (5,56%) no Ceará; 01 (5,56%) em Brasília e
02 (11,11%) fora do Brasil.
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79
43
44
C o s t a A T , S a n t a n a P P C , Te i x e i r a P A , S a n t o F H E , F l a c h D M A M , A n d r a d e M
Quadro 2. Quadro-síntese dos principais resultados por ano, base de dados, revista, título do artigo e resultados.
Ano
Base de dados
Revista
2015 IBECS
Metas enferm
2014 BDENF
REAS (Internet)
2014 MEDLINE
Supportcarecancer
2014 LILACS
Rev.BrasEnferm
2013 LILACS
REME
2013 BDENF
RENE
2012 LILACS
Cad. Saúde Colet.
2012 SciELO
Texto Cont. Enferm
2012 LILACS
Rev Bras Enferm
2012 LILACS
Rev Gaúcha Enferm.
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79
Título do artigo
Resultados e nível de evidência
A fim de melhorar a aumentar a
qualidade de vida dos pacientes
Calidad de vida en los pacientes ostomizados, profissionais e práticas
ostomizados un año despues
de especialistas são necessários,
de lacirugía
este acompanhamento irá prevenir o
desenvolvimento de complicações do
estoma.2C
O enfermeiro pode exercer influência
Aspectos clínicos e
sobre a adaptação à nova condição de
epidemiológicos de
vida e sua reinserção social por meio do
estomizados intestinais de um
cuidado oferecido a esse paciente e da
município de Minas Gerais
educação em saúde. 2C
Caregivers as Healthcare
Os profissionais de saúde envolvidos no
Managers: Health Management
ensino de cuidadores geralmente têm
Activities, Needs and Caregiving
como foco as necessidades físicas de
Relationships for Colorectal
sobrevivência.2C
Cancer Survivors with Ostomies
Entende-se por ações ecossistêmicas,
a construção de um ambiente
Ações ecossistêmicas e
terapêutico, garantia de acesso físico
gerontotecnológicas no cuidado e adaptações ambientais. Por ações
de enfermagem complexo ao
gerontotecnológicas, o processo
idoso estomizado.
educativo com cartilhas ou manuais
acerca das orientações para cuidados
com estomias. 2C
O enfermeiro, devido à proximidade
gerada pelo maior contato com o
A estomia mudando a vida:
paciente, pode auxiliá-lo a descobrir as
enfrentar para viver
estratégias disponíveis para o melhor
enfrentamento da condição de ser
estomizado. 2C
A complexidade da assistência de
enfermagem prestada ao estomizado
Prática de autocuidado de
remete à imprescindível compreensão
estomizados: contribuições da
das modificações que ocorrem em
teoria de orem
sua vida e como ele vivencia todo
processo.2C
A base de dados informatizada
O perfil dos pacientes
caracteriza-se como uma preciosa
estomizados com diagnóstico ferramenta gerencial, pois oferece
primário de câncer de reto
agilidade no acesso aos dados
em acompanhamento em
fundamentais ao planejamento dos
programa de reabilitação.
rumos da assistência no programa em
foco.2C
A pedagogia freireana revelou-se
Plano de cuidados
como um instrumento facilitador
compartilhado junto a clientes
naaprendizagem de clientes
estomizados: a pedagogia
estomizados no âmbito
Freireana e suas contribuições
de uma proposta educativa do
à prática educativa da
cuidado de enfermagemno contexto
enfermagem.
ambulatorial.2C
Os ambientes de cuidado refletem o
contexto de fragilidade e necessidade
Ser humano idoso estomizado
de cuidado do idoso com estomia, em
e ambientes de cuidado:
meio a um processo circular e recursivo.
Reflexão sob a ótica da
E necessário, assim, um conhecimento
complexidade
técnico-cientifico adequado e
humanizado/ampliado do enfermeiro.2C
A gerontotecnologia é vista como um
Gerontotecnologia educativa
instrumento que serve como tecnologia
voltada ao idoso estomizado à
contributiva para o cuidado à saúde do
luz da complexidade.
idoso estomizado.2C
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Quadro 2. Continuação
Ano
Base de dados
Revista
Título do artigo
2012 BDENF
Rev. Latino-Am.
Enfermagem
Associação dos fatores
sociodemográficos e clínicos
à qualidade de vida dos
estomizados.
2011 LILACS
Revista Brasileira de
Enfermagem
Autoimagem de clientes com
colostomia em relação à bolsa
coletora.
2010 LILACS
Rev. enferm. UERJ
A percepção de si como
ser-estomizado: um estudo
Fenomenológico
2009 BDENF
2009 LILACS
2008 LILACS
2008 LILACS
2005 LILACS
Resultados e nível de evidência
O estoma e o câncer, para os sujeitos
pesquisados, não representam
impacto negativo em suas vidas, desde
que sejam assistidos de maneira
humanizada e sistematizada pelos
enfermeiros.2C
A proposta de estímulo ao autocuidado
tem sido descrita como uma alternativa
terapêutica que possibilita que o
paciente participe ativamente do
seu tratamento, estimulando a
responsabilidade na continuidade do
cuidado pós alta hospitalar.2C
O ser estomizado é compreendido na
sua singularidade como expressividade
corporal que revela a sua vivência
existencial e experiência na perspectiva
de seu processo de adoecimento.2C
Os sentidos de ser homem
A enfermagem tem papel crucial no
com estoma intestinal por
reconhecimento das subjetividades
Rev. Latino-Am.
câncer colorretal: Uma
masculinas dos homens com colostomia,
Enfermagem
abordagem na antropologia das
construídas no convívio sociocultural.2C
masculinidades
O cuidado afetivo revela-se como
um suporte no sentido de auxiliar o
O cuidado à pessoa portadora
portador de estomia a melhorar sua
Rev. Enferm. UERJ
de estomia: o papel do Familiar
autoestima e autoimagem; cada família
cuidador
é única e passa por esse processo de
maneira própria. 2C
Espera-se a reflexão e a utilização dos
conhecimentos pelos profissionais
Estratégias de enfrentamento
Rev. Latino-Am.
assistenciais e de ensino, que
(coping) de pessoas
Enfermagem
possam identificar as estratégias de
ostomizadas.
enfrentamento à luz do referencial de
coping, utilizadas pelos ostomizados; 2C
Os cuidados de enfermagem carecem
O cuidado de enfermagem à
Revista da Rede de
de reformulação e reconstrução do
pessoa idosa estomizada na
Enfermagem do Nordeste
entendimento acerca da estomia como
perspectiva da complexidade
parte de uma nova imagem corporal. C4
A articulação das ações de saúde
A trajetória do grupo de apoio à
em parcerias interinstitucionais,
pessoa ostomizada: projetando
interdisciplinares e interpessoais
Texto Contexto Enferm
Ações em saúde e
fomenta a aprendizagem, a produção e
compartilhando vivências e
socialização do conhecimento de todos
saberes
os envolvidos.2C
Sobre o tipo e objetivos, dos dezoito estudos, 13 (72,22%)
foram de abordagem qualitativa, 01 (5,56%) multicêntrico e
03 (16,67%) quantitativos. Foram encontrados 14 (77,78%)
artigos descritivos, 02 (11,11%) etnográficos, 01 (5,56%)
observacional e 01 (5,56%) convergente assistencial.
Nos 18 artigos selecionados, quanto à formação das
autoras, verificou-se que em todos eles participaram
enfermeiras (100%) e em 15 (83,3%) artigos foram
encontradas exclusivamente enfermeiras como autoras.
Participaram 03 (16,67%) médicos, 03 (16,67%) acadêmicos
de enfermagem, 01 (5,56%) terapeuta ocupacional, 01
(5,56%) psicóloga e 01 (5,56%) administradora.
Foi observada a diferença de termos utilizada entre os
artigos ao se tratar da ostomia. Em 12 (66,67%) dos estudos
os autores referem o tema como estomia/estomização e
em 06 (33,3%), ostomia/ostomização. No presente estudo,
optou-se em utilizar os termos “estoma/confecção de um
estoma” (de maneira genérica) ou “colostomia/confecção
de uma colostomia” (de maneira específica), conforme o
preconizado pela Associação Brasileira de Estomaterapia
(SOBEST).
Nota-se, portanto, em relação ao nível de evidência, que
a maioria dos artigos possui classificação intermediária
(2C) pelos seus resultados apresentarem relativo ou baixo
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potencial de refletir na prática clínica, logo, a necessidade
de que mais estudos que venham contribuir nesta
perspectiva.
Tabela 1. Número de artigos publicados acerca da colostomia em
idosos, com base nas produções científicas nacionais e internacionais,
por periódico – 2005 a 2015.
Número de artigos
publicados
Periódico
Metas de Enfermería
01
Revista de Enfermagem e Atenção à Saúde
01
Latino Americana de Enfermagem
03
Cadernos de Saúde Coletiva
01
Texto & Contexto Enfermagem
02
Revista Brasileira de Enfermagem
02
Revista Gaúcha de Enfermagem
01
Revista Mineira de Enfermagem
01
Revista de Enfermagem UERJ
02
Revista da Rede de Enfermagem do
Nordeste
02
Revista Brasileira de Enfermagem de
Brasília
01
SupportCareCâncer
01
Total
18
DISCUSSÃO
Após análise dos referidos artigos foram criadas
duas categorias: dificuldades enfrentadas pela pessoa
idosa colostomizada e Estratégias de enfermagem no
enfrentamento das dificuldades vivenciadas pelos idosos
colostomizados.
pela
pessoa
idosa
O idoso colostomizado demanda ações de cuidados
peculiares ao seu novo estado de saúde, tendo como
uma das principais dificuldades a aceitação de sua nova
condição, que a princípio é vista como debilitante para o
convívio social e pode resultar em dependência para o
cuidado consigo mesmo15,16.
A colostomia pode incidir como um marcador temporal
na vida dos idosos, apresentando o limiar entre o antes e
o após de uma vida com novas demandas de cuidado e
assistência, sendo importante a promoção do autocuidado
que poderá ser praticado na medida em que o idoso
aprende a conviver com a bolsa de colostomia15, 17.
A pessoa idosa poderá experienciar uma situação de
envelhecimento somada a confecção de um estoma, que
pode resultar em sentimentos negativos e depreciação
da própria imagem, além de alterações no humor. Esta
situação poderá agravar ainda mais o estado do indivíduo,
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O processo de aceitação pode ser longo e duradouro
quando o idoso desconhece aquele novo mundo no qual
passa estar inserido. O idoso começa a viver um estado de
ansiedade, pois desconhece a colostomia, e somente após
entender essa nova realidade será capaz de criar novos
meios para se readaptar ao seu cotidiano social21,22,16,9.
O dano corporal provocado pela confecção do estoma,
como a violação do corpo para higienização e a perda da
função regulatória nas eliminações intestinal/urinária,
irá diminuir a qualidade de vida do idoso. Esse indivíduo
necessitará rever hábitos diários, como a nutrição e
manipulação do estoma15, 18-19, 23-25, 9.
A realização dos exames de colonoscopia e toque retal
estão entre os exemplos do rompimento da integridade
física e psicossocial do idoso que detém diagnóstico
favorável à condição de se tornar colostomizado. Esses
danos são relatados no sexo masculino como um
rompimento da sua condição de intocável, resistente e
forte, que pode ser agravada pelo medo destes sujeitos na
manutenção da atividade sexual18,20.
Fonte: Elaboração própria
Dificuldades enfrentadas
colostomizada
que poderá negar o tratamento e perder o gosto pela
vontade de continuar lutando pela vida15,18,19,20.
Salienta-se que as modificações advindas com a
colostomia têm impacto significativo na manutenção
das atividades sexuais dos pacientes. Em muitos casos,
os indivíduos não conseguem manter a performance
anterior ao procedimento, entrando em diversos conflitos
psicossociais esse problema pode incidir em destruição do
espaço familiar e agravar as dificuldades da pessoa idosa
colostomizada19,26.
Uma das formas que os idosos mencionam para
fugir do estigma e melhorar sua relação social é ocultar
a bolsa de colostomia com o uso de roupas que não
permitam a visualização do seu estado de saúde e, dessa
forma, possibilite tentar viver como as demais pessoas,
sentindo-se “normal”23. Nesse cenário sombrio de queda
da autoestima a família poderá funcionar como fonte de
apoio frente essa nova condição. Nesse laço familiar, ações
positivas, irão implicar na diminuição do medo e redução
do sofrimento e dor, que possivelmente permearão o idoso
colostomizado. O núcleo familiar é fundamental para que
o idoso não venha a isolar-se socialmente27,22,24.
Em muitos casos a própria organização do sistema de
atendimento nos serviços de saúde se mostra como fator
que dificulta a vida dos idosos com essa demanda de
cuidado. Muitos pacientes caminham um longo percurso
permeado por burocracia e dificuldades de recursos no
atendimento, tais como inúmeros encaminhamentos entre
diferentes instituições, longos agendamentos, realização
de exames, afastamento das atividades laborais, recursos
econômicos18.
A organização do sistema é relevante, mesmo após a
conquista do atendimento e a realização da estomia pois
devido à condição financeira dos idosos há o receio de
não conseguirem gratuitamente a bolsa de colostomia
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conforme necessidade posterior. Assim, há uma insegurança
no atendimento oferecido pelo sistema público de saúde24.
Estratégias de enfermagem no enfrentamento das
dificuldades vivenciadas pelos idosos colostomizados
A educação em saúde é uma das ferramentas mais
determinantes no enfrentamento das dificuldades
encontradas pelos idosos colostomizados, uma vez que
através do diálogo se permite o compartilhar de saberes e
práticas acerca dessa nova condição de vida no idoso, além
de promover o autocuidado, possibilitando a melhora da
qualidade de vida e inserção nos diferentes grupos sociais
29, 17, 11, 27, 23, 16, 9, 25, 19-20
.
O idoso que vivencia a condição de ser estomizado
necessita de uma abordagem integrale de acordo com os
princípios universais de cuidado a saúde, uma vez que é um
sujeito com opiniões próprias, contexto sociocultural único
e vivências singulares, portanto com uma autenticidade
única17,30-31,22,16.
A notícia da confecção de uma colostomia ao idoso dever
ser uma das principais abordagens na qual o profissional
de saúde deve estar preparado. O enfermeiro poderá
ajudar ao idoso informando estratégias de cuidado a sua
nova condição e oferecendo suporte para esse paciente,
possibilitando que este sinta-se seguro e tenham vontade
de superar a condição debilitante na qual se encontra17,26,9.
O enfermeiro pode ajudar o idoso com suas demandas
de cuidado, uma vez que além de dar suporte poderá ser
um profissional com escuta atenta, que permitirá que esse
idoso se sinta seguro e motivado a continuar lutando
pela vida e não caia numa condição de isolamento ou
segregação social por causa da condição de saúde17.
A família também se apresenta como um grande
elemento de enfrentamento do problema e pode facilitar
o processo de adaptação do estoma, além de estimular o
idoso para melhorar sua qualidade de vida e gerar dados aos
enfermeiros para diferentes estratégias de enfrentamento
e superação. Uma vez que ninguém conhece mais esse
idoso do que seu próprio familiar17-18,11,23-24,28,25.
A força advinda dos familiares e amigos dos idosos
pode ajudar o paciente a vencer os sentimentos negativos
e falta de esperança. O enfermeiro deverá nesse momento
praticar um cuidado que oportunize esse processo e,
portanto, que permitia a reabilitação psicossocial do
idoso mesmo antes do pré-operatório até sua posterior
reinserção social19,26,28,9,20.
A abordagem intersetorial e multidisciplinar permite
a propagação de conhecimentos e atitudes positivas para
enfrentar as diversas dificuldades na colostomia, além de
permitir aos idosos dividir suas experiências com outros
sujeitos em situação semelhante e, dessa forma, sentirem
mais seguros com a condição na qual se encontram19,22,28-29.
Na literatura, sugere-se a importância do grupo
de estomizados, onde idosos com características e
demandas de saúde semelhantes são capazes juntos, de
reconstruir seus significados acerca das suas condições e
demandas de saúde, a fim de aperfeiçoar as estratégias de
enfrentamento e conseguirem rapidamente sanar dúvidas
acerca da estomia. Assim, o enfermeiro poderia ser um
profissional facilitador dessa estratégia e permitir no rol
dos pacientes atendidos uma nova abordagem do cuidar e
fazer saúde17,22,9,19-20.
CONCLUSÃO
As evidências da pesquisa explicitam que estão entre
as dificuldades enfrentadas pela pessoa idosa estomizada,
o desconhecimento, a ansiedade, o medo, as alterações
nutricionais e de lazer, as alterações da imagem corporal,
o rompimento da integridade física e psicossocial, a
manutenção da atividade sexual e recursos financeiros.
Desta forma, estas pessoas demandam um cuidado voltado
às peculiaridades inerentes ao processo de envelhecimento.
Os cuidados com a colostomia exigem que seu portador
possua conhecimento a fim de evitar problemas de
cicatrização, infecções e até mesmo odores provenientes
da bolsa, um dos problemas que mais afetam as pessoas
idosas estomizadas responsáveis pelo constrangimento.
Desta forma, é necessário que a pessoa idosa portadora
de ostomia tenha as informações que colaborem para o
processo de compreensão de sua nova condição, visto que
se trata de um procedimento invasivo, doloroso físico e
emocionalmente.
A educação em saúde da pessoa idosa colostomizada
se mostrou como estratégia mais eficaz no processo
adaptativo deste procedimento e não apenas para o seu
portador, mas também para a família, que em sua maioria,
tem um membro como cuidador. O cuidado de enfermagem
tem como objetivo promover o autocuidado e a autonomia
da pessoa idosa e dedica-se à escuta atenta e à motivação
para que esta clientela não venha a isolar-se socialmente.
Visando evitar o isolamento, os grupos de ostomizados
são sugeridos por reunir pessoas em condições
semelhantes e que buscam aperfeiçoamento de suas
estratégias de enfrentamento, pois é um espaço de troca
de conhecimentos, onde o enfermeiro torna-se mediador,
um profissional facilitador dessa estratégia, e permite a
inserção de uma nova abordagem do cuidar, oriunda de
equipes multidisciplinares para um suporte biológico,
psicológico e social.
Tendo em vista as dificuldades e estratégias de
enfrentamento, conclui-se que o enfermeiro gerontológo
possui conhecimentos que possibilitam que a qualidade
de vida se perpetue nesse segmento populacional,
minimizando os danos à medida que conhece a condição
e limites da pessoa idosa e percebe a importância do
autocuidado e manutenção da sua qualidade de vida.
Considerando que a atenção às pessoas ostomizadas
exige estrutura especializada e profissionais capacitados,
conforme a Portaria Nº 400, de 16 de novembro de 2009,
conclui-se que existe a necessidade de capacitação dos
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profissionais envolvidos na gestão dos serviços de saúde,
visto que nesta busca não foram encontrados artigos
que relatassem conhecimento acerca desta portaria.
Além disso, o estudo permitiu, por meio da busca na
literatura, uma avaliação crítica e síntese das evidências
atuais disponíveis sobre idosos estomizados, com a
implementação de intervenções efetivas na assistência
à saúde dessa clientela e identificação de lacunas para
direcionar o desenvolvimento de futuras pesquisas.
O estudo traz como importante consideração a
necessidade da participação ativa do profissional de
enfermagem atrelada à especialidade em gerontologia
como complemento ao cuidado da pessoa idosa estomizada.
Por fim, destaca-se a necessidade de realização de
pesquisas com metodologias de maior nível de evidência
sobre a atenção aos idosos estomizados, por enfermeiros,
fortalecendo o conhecimento quanto a esta temática
baseada em evidências científicas que conduzam práticas
mais especializadas.
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php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072005000400017.
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79
49
R E V I S Ã O I N T E G R AT I VA
50
Alterações estéticas no contexto da doença renal crônica
e complicações associadas à autoimagem
Aesthetic changes in the context of chronic kidney disease and
complications associated to self-image
Dejanilton Melo da Silva1 • Rose Mary Costa Rosa Andrade Silva2 • Eliane Ramos Pereira3
RESUMO
Objetivo: Identificar na literatura as alterações estéticas decorrentes da doença renal crônica (DRC) e seu
tratamento e as complicações associadas a mudanças na autoimagem. Método: Revisão integrativa realizada em
janeiro de 2016, na Lilacs, Medline, Biblioteca Digital de Teses e Dissertações e Google Acadêmico, utilizando
a estratégia PVO - P (problema/população): Insuficiência Renal Crônica; Diálise Renal; Fístula Arteriovenosa;
V (variáveis do problema): Estética; O (outcomes/resultados): Autoimagem; Imagem Corporal. Incluíram-se as
publicações disponíveis em português, inglês e espanhol, publicados no período de 2010 a 2015 e que tratavam
da temática. As publicações foram lidas, analisadas, sumarizadas e discutidas. Resultados: A amostra final de 28
publicações apontou que o aspecto estético decorrente das fístulas e da presença de cateteres são as principais
causas da autoimagem negativae implicam em complicações psicossociais, como sofrimento e sentimento de
inferioridade. Outras alterações estéticas identificadas foram a baixa estatura, ganho e perda de peso e palidez.
Conclusão: São necessários conhecimentos que desvelem a percepção do sujeito sobre seu corpo e que guarde
valoração subjetiva de vivência diante da doença e sua estética.
Palavras-chave: Insuficiência renal crônica; Estética; Autoimagem.
ABSTRACT
Objective: To identify in literature aesthetics changes resulting from chronic kidney disease (CKD) and its
treatment and complications associated with changes in self-image. Method: Review study conducted in January
2016 in Lilacs, Medline, Digital Library of Theses and Dissertations and Google Scholar, using PVO strategy:
PVO - P (problem/population): Renal Insufficiency, Chronic; Renal Dialysis; Arteriovenous Fistula; V (problem
variables): Esthetics; O (outcomes): Self Concept; Body Image. Were included the publications about the theme,
available in Portuguese, English and Spanish, published between 2010-2015. The publications were read,
analyzed, summarized and discussed. Results: The final sample of 28 publications pointed out that the aesthetic
appearance resulting from fistulas and the presence of catheters are the main causes of the negative self-image
and involve psychosocial complications such as pain and feeling of inferiority. Conclusion: Knowledge that reveal
the perception of the subject on his body and saving subjective experience of valuation on the disease and its
aesthetics are required. Other aesthetics changes identified were short stature, gain and weight loss and pallor.
Keywords: Renal Insufficiency Chronic; Esthetics; Self Concept.
NOTA
Enfermeiro, Doutorando em Enfermagem na Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense. E-mail: [email protected]
Enfermeira, Doutora em Enfermagem, Professora Associada da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense. E-mail: roserosauff@
gmail.com
3
Enfermeira, Doutora em Enfermagem, Professora Associada da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense. E-mail: elianeramos.
[email protected]
Os autores declaram ausência de conflitos de interesses.
O trabalho foi realizado com recursos próprios dos investigadores.
1
2
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79
E s t é t iAc aRnTa IdGo eOn ç aOr R
e nIaG
l cI rN
ô nAi cLa
INTRODUÇÃO
Na fenomenologia da percepção, o corpo vem para o
primeiro plano da reflexão, revelando-se como o modo
através do qual o homem percebe o mundo assim como a
si mesmo1. Portanto, ela assimila as formas de relação do
corpo com o mundo, impostas pelos estilos de vida e papéis
assumidos ao longo da sua existência. Essa experiência,
externa e interna, impressa no corpo determina as formas
de sentir, perceber, aparecer, mostrar, ver e tocar os
seus semelhantes, o que dificulta ou não as relações do
indivíduo com o mundo2.
Sob este aspecto, o corpo interage com o mundo e
produz sentido, inserindo o ser humano em um espaço
social e cultural. Ao mesmo tempo em que, com seu corpo,
o indivíduo produz sentido e também integra a rede de
sentidos do grupo social do qual faz parte. A relação que
a pessoa estabelece com o próprio corpo é um elemento
constitutivo e essencial da individualidade. E a ruptura
desse elemento pela doença tem um significado especial
quando nos referimos, por exemplo, à doença renal
crônica (DRC)2.
A doença renal se desenvolve após injúria renal e se
caracteriza por perda lenta, progressiva e irreversível das
funções renais. Em sua fase crônica terminal, exige-se a
depuração artificial do sangue, por meio de diálise ou
transplante renal, os quais acabam provocando sintomas e
alterações físicas, como: vômito, perda de peso e cefaleia,
que geram complicações associadas, que intereferem no
cotidiano do portador3.
O corpo biológico somente pode ser percebido por
meio de seus representantes os quais o compõem e que
são denominados corpo psicológico. Dessa maneira, sobre
o substrato constituído pelo corpo anatômico, constrói-se
a imagem corporal, que é comumente associada quando
uma pessoa fala sobre o seu corpo. Assim, o corpo orgânico
é o alicerce onde se apoia a imagem corporal, quando
ocorrem modificações biológicas relevantes, como no
caso das alterações provocadas pela DRC, que acarretarão,
por conseguinte, modificações na imagem corporal2.
Na ocorrência de uma doença orgânica a imagem que o
indivíduo tem do seu corpo é mudada imediatamente e
tais alterações ativam suas emoções, reestruturando sua
imagem corporal3.
Do exposto, este estudo tem por objetivo identificar na
literatura as alterações estéticas decorrentes da DRC e/ou
seu tratamento e as complicações associadas às mudanças
na autoimagem.
MÉTODO
A revisão integrativa da literatura científica é um
método que permite compreender determinado problema
por meio da análise e síntese de estudos sobre o tema.
Operacionaliza-se por meio de seis etapas básicas adotadas
neste artigo: (1) formulação de questão de pesquisa; (2)
estabelecimento de critérios de elegibilidade; (3) coleta
de dados; (4) avaliação e análise crítica dos estudos; (5)
análise e interpretação dos resultados; e (6) discussão4.
Esta revisão objetivou responder à seguinte questão:
“Qual o estado da arte sobre as alterações estéticas
decorrentes da DRC e seu tratamento, e as complicações
associadas a mudanças na autoimagem?”. Os critérios de
inclusão delimitados para este estudo foram: publicações
que abordassem o tema, independente do desenho e
abordagem metodológicos utilizados; publicados na
língua portuguesa, inglesa ou espanhola, no período de
2010 a 2015. Foram excluídos editoriais, cartas ao editor,
erratas, artigos de opinião, documentos e resumos não
encontrados na íntegra ou cuja aquisição fosse mediante
pagamento e as publicações repetidas.
Entre os dias 15 e 18 de janeiro de 2016 foi realizada
varredura nas bases de dados LILACS, MEDLINE,
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) e
Google Acadêmico. Para definição do método de busca
e identificação de descritores, adotou-se a estratégia
PVO: P (problema/população) - Insuficiência Renal
Crônica; Diálise Renal; Fístula Arteriovenosa; V (variáveis
do problema) – Estética; O (outcomes/resultados):
Autoimagem; Imagem Corporal. A estratégia de busca foi
determinada pela articulação dos descritores mediante
os operadores booleanos OR e AND.
As referências retornadas nas bases LILACS e MEDLINE
foram exportadas para o programa de gerenciamento de
referências Endnote versão 17.0.1, que permitiu a exclusão
das publicações em duplicidade e novas filtragens
orientadas para o objetivo do estudo. Em se tratando da
BDTD e do Google Acadêmico, a pré-seleção de estudos
deu-se manualmente. A pré-seleção das publicações
retornadas ocorreu em três etapas distintas: (i) pré-eleição
das publicações mediante leitura dos títulos, rejeitando-se
todos aqueles que não tivessem aproximação com o objeto
de estudo; (ii) leitura dos resumos; (iii) leitura dos objetivos
e resultados das publicações selecionadas, permitindo uma
seleção mais acurada.
Uma vez constituída a amostra final, as publicações foram
lidas integralmente, analisadas, sumarizadas e discutidas.
Para tanto, um instrumento de análise foi elaborado,
contendo as seguintes variáveis: título, periódico, ano e
tipo de publicação, autoria, objetivos, desenho do estudo,
sujeitos e resultados (alterações estéticas e complicações
associadas a autoimagem).
RESULTADOS
A partir dos termos de busca utilizados sem os
refinamentos ou descartes, o Google Acadêmico e a
Medline foram aquelas que mais retornaram publicações:
539 (80,2%) e 125 (16,6%) do total, respectivamente. A
Figura 1 traz uma sinopse do processo de refinamento das
publicações por meio de um fluxograma explicativo das
etapas.
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51
52
Silva DM, Silva RMCRA, Pereira ER
amostral, de 1 a 201 participantes, variou especialmente
em decorrência do desenho e abordagem do estudo: os
exploratórios e descritivos qualitativos exigem menor
número de participantes, em geral. Os quantitativos, por
sua vez, que nesse estudo estão representados pelos
observacionais, demandam uma amostra mais robusta.
As alterações estéticas identificadas nas publicações
foram os aneurismas, edema, e hematomas, especialmente
relacionados a fístulas arteriovenosas (FAV); cicatrizes
decorrentes de cirurgias; ganho de peso por acúmulo de
líquido; perda de peso; palidez provocada por anemia;
baixa estatura relacionada ao atraso no desenvolvimento
de crianças e adolescentes.
As complicações associadas a mudanças na
autoimagem, entre os estudos, restringem-se basicamente
às repercussões sociopsicológicas, como a baixa
autoestima, sensação de inferioridade, angústia, tristeza,
afastamento do convívio social, depressão e vergonha. A
redução da libido também foi apontada.
DISCUSSÃO
Figura 1. Fluxograma de resultados parciais de estudos elegíveis
contidos nas bases de literatura científica. Rio de Janeiro, 2016.
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
Nota-se que foi encontrado um somatório de 672
publicações nas diferentes bases de dados pesquisadas,
das quais se descartaram 644 (95,8%). A maior frequência
de exclusão decorreu do fato de que as publicações
abordavam outros temas: 615 (95,5%). Assim, após
refinamento, 28 publicações foram selecionadas, as quais
estão expostas no Quadro 1.
O maior número de estudos foi publicado nos anos de
2013 (n=8; 28,6%) e 2014 (n=6; 21,4%). No que tange ao
idioma de publicação, apenas oito (28,6%) artigos em inglês
foram selecionados. As demais publicações se encontram
na língua portuguesa (n=20; 71,4%). A maior parte dos
estudos selecionados refere-se a artigos científicos (n=22;
78,6%), publicados em 19 periódicos distintos, os quais, em
sua maioria, são da área da Enfermagem (n=9; 32,1%).
Em se tratando dos desenhos metodológicos, os estudos
descritivos foram a maioria (n=6; 21,4%); e a abordagem
mais utilizada foi a qualitativa (n=21; 75%). Os objetivos
dos estudos de cunho qualitativo, em geral, se relacionam
com a perspectiva sociopsicológica dos pacientes que
vivenciam a DRC, seu tratamento e complicações. Os
quantitativos, por sua vez, são variados, mas encontram
semelhança ao focar aspectos da qualidade de vida (QV).
Para tanto, a população estudada conformou-se por pessoas
com DRC, distintas apenas pelas especificidades relativas
à faixa etária e tipo de tratamento dialítico. O número
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79
A DRC se apresenta como um grande problema de saúde
pública, não apenas por suas altas taxas de morbidade e
mortalidade, mas também pelos impactos negativos na
QV decorrentes da doença31. O termo qualidade de vida
compreende um conjunto de conceitos que afetam a
satisfação global com a vida; quando relacionada à saúde,
leva em conta os aspectos físicos, sociais e emocionais
causadas por uma doença ou tratamento específico32.
Assim, a QV se traduz pela percepção que a pessoa tem
de sua saúde, por meio de uma avaliação subjetiva de
seus sintomas, satisfação e adesão ao tratamento e das
manifestações físicas e psicológicas da doença31.
Nessa perspectiva, o estado emocional do indivíduo
tem grande impacto na sua QV. O aparecimento de doenças
crônicas graves, como a DRC, promove mudanças físicas
e comportamentais que podem desencadear sentimentos
negativos, os quais, por sua vez, podem provocar
dificuldades em aceitação da doença e seus processos
terapêuticos3,31.
A DRC provoca desorganização no senso de identidade
do sujeito e na imagem corporal pelas alterações orgânicas
decorrentes da doença. A percepção dos primeiros sinais
e sintomas da patologia juntamente com o início das
alterações corpóreas são os primeiros contatos com a
realidade manifesta da doença. Assim, a imagem que o
indivíduo tem do seu corpo é alterada, reestruturando a
imagem corporal3. A autoimagem traduz, então, a percepção
que a pessoa tem de si, podendo ser compreendida como
um conjunto de pensamentos, sentimentos e ações
relativos ao relacionamento do indivíduo consigo e com
outras pessoas32.
Entre os estudos selecionados, a mudança da imagem
corporal foi relacionada principalmente ao tratamento
hemodialítico, em razão da necessidade de confecção
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e nIaG
l cI rN
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Quadro 1- Variáveis de indexação das publicações selecionadas. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2016
Autor
principal
Ano
Oliveira SG3
2011
Pennafort
VPS5
2012
Santos I6
2011
Cabral LC7
2013
Ribeiro CDS8
2013
Nozabieli AJL9
2010
Silva AL10
2014
Costa FC11
2014
Silva FS12
2015
Carvalho LSS13
2015
Silva DM14
2015
Albano DPD15
2014
Sousa MLXF16
2012
Santos TC17
2013
Bastos RAA18
2013
Sampaio C19
2012
Costa FG20
2014
Weissheimer
TKS21
2013
Título da publicação
Periódico/
fonte
Objetivos
Sentimentos do paciente
Rev Enferm
Identificar os sentimentos do paciente com DRCem
portador de Doença Renal
UNISA
hemodiálise sobre a autoimagem
Crônica sobre a autoimagem
Crianças e adolescentes renais
Compreender como crianças e adolescentes com DRC
crônicos em espaço educativo- Rev Esc Enferm
vivenciam o adoecimento e a terapêutica e descrever o
terapêutico: subsídios para o
USP
cuidado educativo-terapêutico
cuidado cultural de enfermagem
Qualidade de vida de clientes
Identificar a QV de pessoas com DRC em hemodiálise,
em hemodiálise e necessidades
Esc Anna Nery relacionando-a às necessidades de orientação de
de orientação de enfermagem
enfermagem para o autocuidado
para o autocuidado
A percepção dos pacientes
Escrever e analisar a percepção de pacientes
hemodialíticos frente à fístula
R. Interd.
hemodialíticos frente à fístula
arteriovenosa
Percepção do portador de
Descrever e analisar a percepção do portador de DRC
doença renal crônica sobre o
R. Interd.
sobre a hemodiálise
tratamento hemodialítico
Edema do membro superior
Verificar se a inserção em programa de fisioterapia
e sinais de depressão: a
Rev. Ciênc. Ext pode estar relacionada à presença de edema em
fisioterapia pode ajudar os
membro com fístula e quadro de depressão
pacientes em hemodiálise?
Perdas Físicas e Emocionais de Revista Brasileira Analisar as perdas físicas e emocionais de pacientes
Pacientes Renais Crônicos Durante
de Saúde
adultos durante hemodiálise e identificar os
o Tratamento Hemodialítico
Funcional
sentimentos vivenciados em razão da DRC
Analisar os diferentes campos semânticos associados
Hemodiálise e depressão:
aos estímulos indutores de DRC, tratamento,
representação social dos
Psicol estud.
hemodiálise e depressão, elaborados por pacientes com
pacientes
DRC em hemodiálise com e sem sintomas de depressão
Qualidade de vida de doentes
Sintetizar a contribuição de pesquisas realizadas sobre
Universidade de
renais crônicos sob programa de
a QV das pessoas em tratamento hemodialítico quanto
Brasília
hemodiálise: revisão integrativa
aos principais aspectos que a influenciam
A experiência de vida da criança
Realizar uma revisão da literatura sobre a experiência
Universidade de
com insuficiência renal crônica:
da criança com DRC, a fim de compreender o impacto
Brasília
uma revisão integrativa
desta condição em seu ciclo de vida
Investigar os benefícios da técnica de botoeira
Patient satisfaction with the
Cogitare Enferm para canulação de fístula, durante hemodiálise, na
buttonhole technique
percepção de pacientes submetidos a ela
Subjetividade em pacientes
Centro
Compreender as diferentes configurações subjetivas
crônicos renais: uma perspectiva Universitário de que emergem na experiência de viver com uma
histórico-cultural
Brasília
doença crônica
Investigar os requisitos de autocuidado nos desvios de
Déficits de autocuidado em
Texto & contexto saúde associados às DRC em crianças e adolescentes;
crianças e adolescentes com
enferm
identificar diagnósticos de enfermagem nos déficits de
doença renal crônica
autocuidado e desenvolver intervenções de enfermagem
Análise dos aspectos clínicos
Faculdade
e emocionais de jovens com
Católica
Desvelar os aspectos físicos e emocionais que
insuficiência renal crônica
Salesiana do envolvem jovens em hemodiálise
submetidos à hemodiálise
Espírito Santo
Processo adaptativo de idosos em Universidade
Analisar à luz do Modelo de Roy, o processo adaptativo
tratamento hemodiálitico: uma
Federal da
de idosos frente à hemodiálise
análise à luz do modelo de Roy
Paraíba
Processo de enfermagem como
Investigar a contribuição dos cuidados clínicos
estratégia no desenvolvimento
e educativos de enfermagem em um contexto
Acta Paul Enferm.
de competência para o
hospitalar, no desenvolvimento de competência para o
autocuidado
autocuidado em pessoa com DRC
Rastreamento da depressão no
Rastrear a depressão em pacientes com DRC
contexto da insuficiência renal
Temas psicol. em hemodiálise e relacionar as variáveis
crônica
sociodemográficas com a depressão
Significados atribuídos a corpo,
Universidade Apresentar e discutir os resultados de uma pesquisa
saúde e doença pelos portadores Federal de Santa que buscou os significados que DRC, saúde/doença e
de insuficiência renal crônica
Maria
corpo possuem para os pacientes
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79
53
54
Silva DM, Silva RMCRA, Pereira ER
Quadro 1- Continuação
Autor
principal
Ano
Jansen DL22
2010
Tong A23
2013
Neul SK24
2013
Richard CJ25
2010
Abreu IS26
2014
Campos CGP27
2015
Shahgholian
N28
2012
Chan R29
2011
Tong A30
2013
Bibiano RS31
2014
Título da publicação
Periódico/
fonte
Objetivos
Pre-dialysis patients’ perceived
autonomy, self-esteem and
Examinar como os pacientes em estágio terminal de
labor participation: associations BMC Nephrology
DRC em hemodiálise negociam viver com uma fístula
with illness perceptions and
treatment perceptions
Examinar a autonomia, a autoestima e participação no
Experiences and perspectives of
trabalho dos pacientes na fase pré-diálise;a percepção
adolescents and young adults Am J Kidney Dis. dos pacientes em pré-diálise com relação à doença e
with advanced CKD
ao tratamento; e a associação dessas percepções com
autonomia, autoestima e participação laboral
Health-related quality of life
functioning over a 2-year period
Identificar experiências e perspectivas de jovens à
Pediatr Nephrol.
in children with end-stage renal
espera de um transplante de rim
disease
Descrever e associar aspectos globais relativos à
Negotiating living whit an
QV com base nas falas do paciente e familiar em
arteriovenous fistula for
Nephrol Nurs J.
uma coorte de crianças dependentes de diálise com
hemodialysis
doença renal terminal
Crianças e adolescentes
Identificar atributos impactantes da QV relacionada
Rev Esc Enferm
em hemodiálise: atributos
à saúde de crianças e adolescentes com DRC em
USP
associados à qualidade de vida
hemodiálise
Representações sociais sobre o
Descrever as representações sociais de pessoas
Rev Gaúcha
adoecimento de pessoas com
com DCR em hemodiálise sobre seu processo de
Enferm.
doença renal crônica
adoecimento
Reviewing and comparing selfconcept in patients undergoing
Iran J Nurs
Revisar e comparar o autoconceito de pacientes em
hemodialysis and peritoneal
Midwifery Res. hemodiálise e diálise peritoneal
dialysis
Studying psychosocial
adaptation to end-stage renal
Validar empiricamente o modelo proximal-distal na
disease: The proximal-distal
J Psychosom Res população em diálise e examinar o impacto de fatores
model of health-related
psicossociais no modelo
outcomes as a base model
The perspectives of adults living
Sintetizar estudos qualitativos publicados sobre
with peritoneal dialysis: thematic Am J Kidney Dis. experiências de pacientes, crenças e atitudes sobre
synthesis of qualitative studies
diálise peritoneal
A percepção da autoimagem do
Identificar a percepção dos clientes com DRC em
Revista Prócliente renal crônico com cateter
hemodiálise e analisar a importância do cateter para a
univerSUS
temporário de duplo lúmen
autoimagem do cliente
Fonte: Dados da pesquisa, 2016
de fístula arteriovenosa (FAV) ou da inserção de
cateteres5-11,13-17,20,23,26-28,31.
processo pelo qual terá de ser submetido mais de uma vez
por semana7. E, nesse contexto, os pacientes mostram-se
conformados com a FAV pois, apesar da dificuldade em
aceitar a doença e de se perceber como um sujeito doente,
sabem que é ela que, de certa forma, os mantêm vivos7,35.
A DRC, em sua fase mais avançada, exige tratamento
invasivo, como a hemodiálise (HD), pela qual é submetida
90% dos pacientes com esse quadro34, ou diálise peritoneal
(DP), cujo objetivo é extrair as substâncias tóxicas e o
excesso de água do sangue. Para tratamento por HD, se
faz necessário acesso vascular em FAV criada para esse
fim14. No caso da DP, coloca-se o cateter de Tenckhoff
(flexível) no abdome do paciente, por meio de um pequeno
procedimento cirúrgico5.
A fístula é entendida como a melhor via de acesso
para a HD, no entanto, isso não a exime de apresentar
complicações como tromboses, aneurismas, edema,
hematomas e frêmitos que, uma vez manifestados e
perceptíveis, implicam na deformação da estrutura tida
como normal do membro no qual se encontra a fístula35,36.
A FAV mostra-se como a primeira marca física de que
a DRC se estabeleceu no corpo e o sujeito passa a se
ver como um paciente que faz parte de um grupo com
semelhantes entre si, porém diferente daqueles que não
possuem a doença. Ademais, a fístula significa dizer que,
a partir de então, o indivíduo torna-se dependente de um
Além das alterações físicas decorrentes da FAV, outras
citadas pelos estudos selecionados foram: cicatrizes
deixadas pela cirurgia, ganho de peso em razão do edema
generalizado (já que com a perda e diminuição da função
renal há um acúmulo de líquidos) ou perda de peso (após
início do tratamento), descoloração da pele (geralmente
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atribuída à anemia crônica que causa palidez) e baixa
estatura, as quais contribuem para a perda da identidade
dessa população11,17,26.
A baixa estatura foi relatada em dois estudos
desenvolvidos com crianças, adolescentes e adultos
jovens23,26. No estudo brasileiro, a alteração da imagem
corporal foi abordada principalmente pelos adolescentes,
cujas alterações relacionadas ao crescimento e
desenvolvimento implicam em estatura não condizente
com a idade cronológica26. No estudo australiano, por sua
vez, o incômodo com relação à baixa estatura foi prevalente
entre adolescentes do sexo masculino, especialmente
entre aqueles cujas parceiras são mais altas23.
Estas alterações podem ter implicação na percepção da
autoimagem. Uma percepção negativa pode provocar um
desequilíbrio emocional e consequentemente influenciar
na continuidade do tratamento17, isto porque a formação
da imagem corporal é o cerne a partir do qual o indivíduo
realiza suas escolhas35.
As principais complicações decorrentes da autoimagem
alterada relacionam-se aos aspectos psicossociais, entre
eles baixa autoestima e sensação de inferioridade. Esses
sentimentos fragilizam a percepção do próprio sentido
de viver e da capacidade de tomar decisões, já que a
identidade enquanto ser social está prejudicada10,13.
Estudo desenvolvido com crianças e adolescentes
pontuou que elas ressignificaram o corpo transformado
pela presença de cicatrizes aprofundadas por inúmeros
procedimentos invasivos já realizados em decorrência
da DRC. Constatou-se que demonstram uma percepção
de autoimagem bastante negativa e um sentimento de
inferioridade com relação a outros jovens13. Resultados
similares foram encontrados em outros estudos37,38.
Aautoimagem negativa pode gerar sentimentos de
angústia, muitas vezes não expressas de modo verbal43,
maximizando o sofrimento do sujeito. Esse sofrimento
tem impacto em outros campos da vida, especialmente
nas relações interpessoais com a família, amigos, trabalho
e companheiros10. Como consequência do afastamento do
convívio social, o sofrimento se intensifica ainda mais, e
sentimentos ligados à imagem corporal, como tristeza,
amargura e até dependência emocional, manifestam-se
mais intensamente22,39.
Nessa conjuntura, estudo realizado com 48 pacientes
com DRC identificou relação entre a presença de
sintomatologia depressiva e alterações na autoimagem20.
Outro estudo10 chamou atenção para o impacto na
sexualidade dos portadores de DRC com percepção de
autoimagem negativa decorrente das modificações na
aparência. Argumenta-se que a sexualidade está ligada
a sensações, sentimentos e emoções, isto é, envolve
sobremaneira a dimensão psicológica. A imagem corporal,
que está relacionada ao homem como ser no mundo,
quando abalada, colabora para diminuição da autoestima e,
por consequência, produz um efeito na sua sexualidade10,40.
Esses efeitos são majorados por outros aspectos
da doença e tratamento, como a redução da circulação
sanguínea e alterações nos níveis hormonais que podem
desencadear redução da libido10. Associado a esse
contexto, tem-se a percepção de se sentir pouco atraente
para o outro e crer que o outro terá a mesma percepção
ante às deformidades físicas e à presença de dispositivos
médicos, como cateteres41. Isto porque o significado do
corpo está intimamente relacionado à construção de
subjetividade, influenciada pelo contexto sócio-histórico
do sujeito. Assim, a maneira com que ele responderá
afetivamente às alterações no seu corpo são dependentes
das representações que fazem delas27.
As representações do corpo alterado os fazem se
sentirem esquisitos, diferente dos ditos “normais”. Nessa
toada, portadores de DRC afirmam que as marcas derivadas
do processo de adoecimento e tratamento são causas de
curiosidade e de discriminação. De tal modo, a sensação
de vergonha, de angústia e mal-estar, isto é, o sofrimento,
intensifica-se5,9,36. Essa percepção de ser diferente dos não
doentes é reforçada pelo preconceito destas em relação à
presença de cateteres, FAV e curativos visíveis, conforme
pesquisas identificadas nesta revisão15,35 e outras que
corroboram essa informação42,43.
Ante a esses problemas correlatos à DRC e seu impacto
na vida dos pacientes, impõe-se medidas profissionais
que objetivem a redução do sofrimento e permitam a
continuidade do tratamento. As alterações estéticas de
pacientes com DRC podem ser prevenidas e minimizadas
se cuidados adequados forem empregados. Nos casos
relativos à FAV e aos cateteres, a prevenção delas se
inicia ainda no momento do ato cirúrgico/inserção do
dispositivo, aplicando-se os cuidados de assepsia exigidos,
bem como executando todo o procedimento como previsto
por evidências científicas. Cabe esclarecer, entretanto, que
a responsabilidade das ações envolvidas neste processo é
da equipe de saúde, mas também do paciente. Exige-se,
dessa maneira, orientação quanto ao autocuidado desde o
período de confecção do acesso vascular33.
A escolha do tipo de tratamento também pode
ter impacto sobre aspectos relativos não apenas à
autoimagem, como verificou estudo que comparou o nível
de distúrbio da imagem corporal entre participantes em
tratamento por diálise e pessoas saudáveis. Os resultados
apontaram que entre os primeiros o grau de distúrbio foi
significativamente superior44. A ideia que cada pessoa tem
sobre a sua própria imagem física é chamada de imagem
mental do corpo, e qualquer nela perturba seriamente o
equilíbrio do indivíduo45.
Ainda nessa seara, outra pesquisa constatou que
56% dos indivíduos submetidos à HD tinham uma
imagem mental completamente negativa de sua própria
aparência46. O maior ou menor grau de percepção negativa
da autoimagem pode variar a depender do tratamento
escolhido47. Estudo indicou que os pacientes em tratamento
por DP mostraram maior satisfação com a imagem corporal
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55
56
Silva DM, Silva RMCRA, Pereira ER
com relação àqueles em HD. Diferentemente desse
resultado, outro estudo48 constatou o oposto: os pacientes
submetidos à DP tiveram maiores taxas de desordem
em aspectos peculiares à imagem corporal em razão da
existência de um cateter permanente e diálise na cavidade
peritoneal. Com relação aos procedimentos específicos
da terapêutica, encontrou-se um estudo desenvolvido em
uma clínica de HD, o qual relacionou à punção da FAV por
meio da técnica de botoeira à preservação da estética e
imagem corporal e à sensação de bem-estar dos pacientes
submetidos a ela14.
Mesmo após a confecção da FAV e inserção do cateter
de modo adequado, complicações circulatórias podem
ocorrer, como edema e hematomas, caso as adaptações
necessárias não sejam efetivadas precocemente e de
acordo com a necessidade de cada caso9.
Em se tratando especificamente do edema, encontrouse que pacientes submetidos a tratamento fisioterápico
apresentaram uma frequência menor da presença de
edemas se comparados aos que não participavam das
sessões de fisioterapia9.
As repercussões psíquicas e a percepção negativa
da autoimagem podem ser minimizadas por meio do
acolhimento e da escuta ativa. Nessa conjuntura, a
enfermagem tem papel central, devendo estar preparada
para oferecer apoio e suporte, permitindo a livre
expressão dos sentimentos e sensações dos pacientes33.
Numa perspectiva multiprofissional e interdisciplinar,
os profissionais precisam atentar-se para os significados
dos discursos, procurando compreender o sentido das
narrações e promover, assim, a discussão e reflexão
profissional em equipe, para a melhor tomada de decisão
no sentido de facilitar a adaptação dos pacientes às
mudanças ocasionadas pelas alterações estéticas33,49.
CONCLUSÃO
Mediante a revisão foi possível identificar as alterações
físicas que afetam os doentes renais crônicos e confluem
para uma autoimagem negativa. O aspecto estético
decorrente das fístulas e da presença de cateteres foram as
alterações mais prevalentes entre os estudos selecionados,
as quais foram as principais causas da percepção da
autoimagem negativa.
Estas alterações implicam complicações psicossociais,
em especial a baixa autoestima e a sensação de
inferioridade, que foram indicadas como fatores
importantes para o isolamento social e o sofrimento.
Nessa perspectiva, a escuta e o acolhimento por parte
dos profissionais de saúde se constituem instrumentos
terapêuticos importantes no lidar com o paciente
crônico renal.
Apesar das limitações deste estudo, como a exclusão de
publicações de outras línguas que não o português, inglês
e espanhol e uma possível exclusão – ainda na primeira
etapa quando se liam apenas os títulos – de artigos que
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pudessem contribuir para a discussão, os resultados
apresentados podem subsidiar a prática de enfermagem
no tocante à assistência integral que, de fato, releve outros
aspectos dos pacientes que não apenas o biológico.
A dimensão estética do cuidado que é oferecido ao
sujeito portador de DRC precisa estar além do procedimento
realizado. Dito isso, conclui-se que são necessários
conhecimentos que desvelem a percepção do sujeito sobre
seu corpo e que guarde valoração subjetiva de vivência
diante da doença crônica e sua estética corporal.
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Dificuldades apresentadas pelas puérperas no processo
de amamentação
Difficulties presented by puerperal in the process of
breastfeeding
Karla Gracielle Ribeiro Lins de Oliveira1 • Tayssa Suelen Cordeiro Paulino2 • Fábio Claudiney da Costa Pereira3 •
Bárbara Coeli Oliveira da Silva4 • Richardson Augusto Rosendo da Silva5 • Soraya Maria de Medeiros6
RESUMO
Objetivo: Identificar as dificuldades apresentadas pelas puérperas no processo de amamentação. Metodologia:
Trata-se uma revisão integrativa da literatura. Dez artigos foram incluídos na pesquisa, com busca desenvolvida
junto às bases de dados BIREME e LILACS, respeitando o recorte temporal de 2011 a 2015. Resultados: As
dificuldades apresentadas pelas puérperas no processo de amamentação, como os problemas mamários, precisam
ser identificadas precocemente e tratadas para que não se tornem causas de desmame precoce. Conclusões: É
preciso desenvolver estratégias que diminuam essas dificuldades e promovam o AM, pois sabe-se da importância e
dos benefícios que esse aleitamento traz ao RN e à puérpera.
Palavras-chave: Amamentação; Leite Humano; Desmame Precoce.
ABSTRACT
Objective: To identify the difficulties faced by mothers in breastfeeding. Methodology: This is an integrative
review of literature. Ten articles were included in the survey, with search developed with the BIREME and LILACS
databases, respecting the time frame from 2011 to 2015. Results: The difficulties faced by mothers in the
breastfeeding process, such as breast problems need to be identified early and treated to not become causes
of early weaning. Conclusions: We need to develop strategies to reduce these difficulties and promote the AM
because we know the importance and the benefits that breastfeeding brings the newborn and postpartum women.
Keywords: Breastfeeding; Human Breast Milk; Early Weaning.
NOTA
1
Acadêmica do 10º período do Curso de Graduação em Enfermagem do Centro Universitário FACEX –UNIFACEX. Natal/RN, Brasil. E-mail: [email protected].
Enfermeira. Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFRN.
Docente do Curso de Graduação em Enfermagem do Centro Universitário FACEX – UNIFACEX. Membro do Grupo de Pesquisa Caleidoscópio da Educação em Enfermagem da
UFRN. Natal/RN, Brasil. E-mail: [email protected].
2
3
Enfermeiro. Especialista em Formação Docente para o Ensino Superior. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte – UFRN. Docente do Curso de Graduação em Enfermagem do Centro Universitário FACEX – UNIFACEX. Membro do Grupo de Pesquisa Ações Promocionais e de
Atenção a Grupos Humanos em Saúde Mental e Saúde Coletiva da UFRN. Natal/RN, Brasil. E-mail: [email protected].
4
Enfermeira. Especialista em Enfermagem em Cardiologia e Hemodinâmica. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte – UFRN. Professora Substituta do Curso de Graduação em Enfermagem da UFRN. Membro do Grupo de Pesquisa Práticas Assistenciais e Epidemiológicas em
Saúde e Enfermagem – PAESE/UFRN. Natal/RN, Brasil. E-mail: [email protected].
5
Enfermeiro. Doutor em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Professor do Curso de Graduação e do Programa de Pós-Graduação
(Mestrado Acadêmico e Doutorado) em Enfermagem da UFRN. Natal/RN, Brasil. Vice-líder do Grupo de Pesquisa Práticas Assistenciais e Epidemiológicas em Saúde e
Enfermagem – PAESE/UFRN. E-mail: [email protected].
6
Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela Universidade de São Paulo - USP. Professora do Curso de Graduação e do Programa de Pós-Graduação (Mestrado Acadêmico e
Doutorado) em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Líder do Grupo de Pesquisa Caleidoscópio da Educação em Enfermagem da UFRN.
Natal/RN, Brasil. E-mail: [email protected].
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59
60
Oliveira KGRL, Paulino TSC, Pereira FCC, Silva BCO, Silva RAR, Medeiros SM
INTRODUÇÃO
O leite materno é a alimentação mais saudável e
adequada para a criança nos primeiros seis meses de
vida, pois ele, isoladamente, é capaz de nutrir todas as
suas necessidades1. Porém, o ato de amamentar requer
aprendizado, paciência e compreensão, pois não é um ato
biológico natural e espontâneo2.
Esse leite é rico em todos os nutrientes de que o bebê
precisa. É composto por calorias, lipídios, anticorpos,
água, sais minerais, vitaminas, proteínas e lactose. Possui
menos proteína do que o leite de vaca, e a principal
proteína composta nele é a lactoalbumina. O leite materno
secretado nos primeiros dias após o parto é chamado
colostro, ele tem mais proteína e menos gordura do que
o leite maduro, que é secretado de 26 a 29 dias pós-parto.
Sua composição é semelhante para todas as mulheres,
porém as com desnutrição grave podem ter em menor
qualidade e quantidade3.
Embora o desejo de amamentar seja despertado
durante o período gestacional, a motivação é a chave para
desencadear esse processo de decisão materna. A mãe leva
em consideração todo seu contexto social e experiência
de vida para optar pela amamentação4. Daí a importância
do profissional de saúde nesse processo, pois ele exerce
papel fundamental como esclarecedor, conscientizador e
motivador do Aleitamento Materno (AM)5.
Vários estudos comprovam que o bebê alimentado
exclusivamente com leite materno até os seis meses de
idade apresenta menor índice de morbidade. Além disso,
são maiores os benefícios à sua saúde, como a redução de
infecções, morte súbita, hospitalização, alergias, obesidade,
risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes; e, tem
um efeito positivo no desenvolvimento intelectual e um
melhor desenvolvimento da cavidade bucal1.
O leite sugado pela criança durante a mamada é
produzido através de alguns estímulos: sucção, visão, cheiro,
choro da criança, e fatores de ordem emocional. Porém,
existem fatores que podem interferir negativamente no
processo de amamentação, como o estresse, a ansiedade,
a dor, o desconforto, o medo, a insegurança e a falta de
autoconfiança. Entretanto, a “descida do leite” pode ocorrer
até o quarto dia após o parto e isso acontece mesmo que a
criança não sugue o peito, tendo em vista que a produção
desse leite é controlada por hormônios, como a prolactina.
Nos primeiros dias a produção é pequena e vai aumentando
gradativamente de acordo com a demanda do recém-nascido
(RN), contudo, as mamadas devem ser em livre demanda3.
Além dos vários benefícios que o leite materno traz para
a saúde da criança, ele também proporciona qualidade de
vida e proteção à saúde da mãe. Entre os benefícios que o
leite materno traz para a nutriz está a proteção contra o
câncer de mama, diabetes tipo 2, obesidade, hipertensão,
doença metabólica, osteoporose, depressão pós-parto, e o
mais importante de todos, a promoção do vínculo afetivo
entre mãe e filho3.
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79
Todavia, podem surgir dificuldades relacionadas ao
AM. As mulheres, muitas vezes, não estão prontas para
viverem esse processo, porque desconhecem o contexto da
amamentação, o que as deixa suscetíveis a apresentarem
dificuldades e dúvidas4.
Diante do exposto, a motivação para realizar esse
estudo surgiu da descrição da autora em vivenciar algumas
dificuldades no processo de amamentação, entre elas a
mastite, dor nos mamilos, fissuras, bebê que não sugava
corretamente, mamilos planos e ingurgitamento mamário.
Motivos estes que fizeram parte de um processo doloroso
que acabou por desmotivá-la a dar continuidade ao AM com
êxito. Assim, o presente estudo parte da seguinte questão
de pesquisa: quais são as reais dificuldades apresentadas
pelas puérperas no processo de amamentação?
Portanto, a importância deste estudo está em citar
essas dificuldades enfrentadas pelas puérperas, para que a
enfermagem possa prestar uma melhor assistência a essas
mulheres. O processo de amamentar é doloroso, e, por ser
doloroso, faz com que elas acabem desistindo.
Ressalta-se, ainda, que essa temática foi escolhida por
ser de grande importância para a saúde do RN e para o
bem-estar da puérpera, pois a enfermagem precisa ter
ferramentas e conhecimentos para ajudar essas mulheres
nesse processo, pois o que se almeja é tornar o ato de
amamentar o mais agradável possível para o binômio mãefilho. Assim, este estudo objetiva identificar, na literatura
científica, as dificuldades apresentadas pelas puérperas no
processo de amamentação.
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, que
é uma ferramenta prática baseada em evidências que
possibilita reunir e sintetizar resultados de pesquisa a
respeito de um determinado tema, de forma ordenada e
sistematizada, constituindo-se em um instrumento de
pesquisa com rigor metodológico6,7.
Para a elaboração da presente revisão integrativa,
as seguintes etapas foram percorridas: formulação do
problema, coleta de dados, avaliação dos dados, análise e
interpretação dos dados, apresentação dos dados8.
A busca pelas publicações foi realizada no período de
outubro a maio de 2016 nas bases de dados Centro LatinoAmericano e do Caribe de Informações em Ciências da
Saúde (BIREME) e Literatura Latino-Americana e do Caribe
em Ciências da Saúde (LILACS).
Foram adotados os seguintes critérios para seleção
dos artigos: publicações em português; disponíveis
gratuitamente em texto completo nas bases de dados
supracitadas; publicadas no período 2011 a 2015, e artigos
que abordassem relações entre adesão ao tratamento
e qualidade de vida. Foram excluídos artigos publicados
em outros idiomas, estudos em formato de editorial, carta
ao editor e artigos que não abordassem o tema proposto.
Foram utilizados como descritores de assunto, segundo os
Descritores em Ciências da Saúde (Decs): “amamentação”,
“leite humano” e “desmame precoce”.
D i f i c u l d a d e s n oA pRr T
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GeInNt a Aç ãLo
RESULTADOS
Foram localizados 93 artigos, dos quais 10 foram
incluídos na pesquisa, pois estavam relacionados à
temática e contemplavam os critérios de inclusão. Tais
artigos foram analisados, primeiramente, através da leitura
do seu título e resumo e, posteriormente, com a análise de
seus resultados, discussões e conclusões.
Todos os estudos foram localizados na base de dados
LILACS. 2014 foi o ano com mais estudos publicados, quatro
(4) artigos. O tipo de pesquisa predominante foi o descritivo
Quadro 1- Síntese das principais informações dos artigos, quanto à base de dados, ano de publicação, título e abordagem de estudo e
principais conclusões. Natal, 2016.
Base de
dados
Ano de
publicação
Título
Tipo/abordagem do
estudo
Principais Conclusões
Variáveis associadas ao início do desmame precoce:
idade materna, local de realização do pré-natal,
tempo decorrido para a primeira mamada e trabalho
materno nos primeiros seis meses após o parto. O
percentual do aleitamento materno exclusivo (AME)
está aquém do preconizado pela OMS
AME até os 6 meses de vida é de extrema
importância para a criança, embora os empecilhos
Aspectos envolvidos na
Pesquisa
interrupção do aleitamento
transversal
encontrados nem sempre são facilmente vencidos;
materno exclusivo
descritiva
por questões culturais, comodismo e falta de
orientação
O início do desmame precoce:
Influência cultural e familiar, trabalho materno,
problemas de saúde da mãe e do bebê, alegações
motivos das mães assistidas
Estudo transversal
por serviços de puericultura
maternas acerca do seu leite e sobre cólicas
descritivo
do bebê foram determinantes para o início do
de Florianópolis/SC para esta
desmame precoce
prática
Fatores intervenientes do AME: contexto
Fatores que intervêm na
Revisão integrativa/
socioeconômico, interações sociais, experiências
amamentação exclusiva: revisão
Abordagem
prévias de AM, problemas mamários e o trabalho
integrativa
qualitativa
materno
Os fatores que contribuíram para o desmame
Hospital amigo da criança:
precoce foram o trabalho fora de casa, não receber
prevalência de aleitamento
Estudo de coorte
orientações de pega e posição, primiparidade,
materno exclusivo aos seis
prospectivo
mães sem experiência prévia de amamentação,
meses e fatores intervenientes
intercorrência mamária
O processo de amamentação para mães com RN
Aleitamento materno de
internados é uma experiência difícil, que exige
Pesquisa
recém-nascidos internados:
esforço e persistência para superar além das
exploratóriodificuldades de mães com
dificuldades de ordem técnica, os sentimentos
descritiva/
filhos em unidade de cuidados
de medo e a ansiedade que são gerados pela
abordagem
intensivos e intermediários
situação vivenciada. As mães que ainda não estão
qualitativa
neonatais
amamentando seu filho ao seio julgam o ato de
ordenha como processo exaustivo, porém gratificante.
A implantação de modelos que possam promover
Dificuldades no aleitamento
e apoiar o AM na atenção primária deve ser
materno e influência do
Estudo de coorte estimulada para que ocorra a continuação da
desmame precoce
assistência e se obtenham melhores resultados no
processo de amamentação
Identificação das dúvidas e
As gestantes têm mais dúvidas e dificuldades em
Estudo transversal,
dificuldades de gestantes
relação ao AM do que as puérperas, pois essas
descritivo e
e puérperas em relação ao
apresentam maior conhecimento a respeito do
comparativo
aleitamento materno
assunto.
A Percepção da nutriz frente aos Pesquisa descritiva, As nutrizes têm pouco conhecimento a respeito do
fatores que levam ao desmame exploratória e de AME até os 6 meses de idade do bebê e justificam
precoce em uma unidade de campo/abordagem como abandono ao aleitamento o “leite fraco”, “leite
saúde básica de Divinópolis/MG
qualitativa
secou”, e “pouco leite”.
Não basta a mulher querer amamentar, conhecer
suas vantagens e duração recomendada, pois, para
Fatores associados ao desmame
Pesquisa
que essa prática seja efetivamente estabelecida
precoce do aleitamento
bibliográfica
e mantida, ela precisa de apoio e de ser
materno
compreendida na particularidade de sua realidade
sociocultural.
Fatores associados ao desmame Estudo transversal
precoce em mães assistidas
de característica
por serviços de puericultura de
descritiva e
Florianópolis/SC
analítica
2011
2012
2013
LILACS
2014
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Oliveira KGRL, Paulino TSC, Pereira FCC, Silva BCO, Silva RAR, Medeiros SM
de abordagem qualitativa, e as principais conclusões
foram que o AME é preconizado pela Organização Mundial
de Saúde (OMS) até os 6 meses de vida da criança; a
influência cultural e familiar, e o trabalho materno foram
determinantes para o inicio do desmame precoce. As
primíparas apresentam maior dificuldade e insegurança
em amamentar e pouco conhecimento a respeito do AME.
DISCUSSÃO
Em um estudo de monitoramento do tempo de
manutenção do aleitamento materno exclusivo (AME)
realizado em um Hospital Municipal da zona leste de São
Paulo, em 2010, com 206 puérperas, foi possível identificar
algumas dificuldades apresentadas durante o decorrer de
6 meses. Dentre os principais problemas relatados, 70,5%
das puérperas destacaram a pega como maior dificuldade
no processo de aleitar; 39,2% relataram trauma mamilar; e
39,2% leite fraco ou pouco leite9.
Segundo o Ministério da Saúde3, dentre as principais
dificuldades apresentadas pelas mulheres no processo de
amamentação destacam-se: bebê que não suga ou tem
sucção fraca; demora na “descida do leite”; mamilos planos
ou invertidos; ingurgitamento mamário; dor nos mamilos
ou lesão mamilar; Candidose; fenômeno de Raynaud;
bloqueio de ductos lactíferos; mastite; abscesso mamário;
galactocele; leite fraco; e reflexo anormal de ejeção do
leite.
O choro da criança também é citado como uma das
dificuldades que levam ao desmame. As mães entendem o
choro como fome ou cólicas, e, nem sempre, esse é o motivo.
Muitas vezes, o bebê só quer aconchego, pois a adaptação
à vida extrauterina e a tensão no ambiente podem causar
esse choro. Isso precisa ser explicado às puérperas, porque
a tensão, frustação e ansiedade delas podem fazer com que
o bebê chore ainda mais3.
Outros autores também citam o choro como uma das
dificuldades, pois as puérperas ficam inseguras e acabam
associando o choro do bebê à fome, principalmente quando
ocorre após as mamadas10,11.
Dentre as principais dificuldades relacionadas ao AM,
observadas na literatura pesquisada, pode-se citar: “trauma
mamilar”, “fissuras”, “mastite”, “pega e posição incorreta”,
“dor ao amamentar”, “ingurgitamento mamário”, “impressão
de leite fraco ou pouco leite”, “insegurança” e “não ter
orientação profissional”. Outros fatores também foram
evidenciados como causas de desmame precoce, como o
trabalho fora de casa, conhecimentos inadequados sobre o
AM, influência cultural e familiar, o uso de chupetas e bicos
artificiais e mães cada vez mais jovens.
Acredita-se que inserir a família no processo de
amamentação e a preservação dos direitos trabalhistas
das mães que trabalham, como a licença-maternidade e
melhores condições de trabalho, favorecem a manutenção
da lactação. Durante o pré-natal é relevante que os
profissionais de saúde orientem sobre o aleitamento e
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79
que continuem realizando a promoção, proteção e apoio a
amamentação durante a puericultura12,10,4.
Para tanto, também cabe a esse profissional promover
o contato precoce mãe-bebê na primeira hora após o
nascimento, pois esse contato facilita a sucção e pega
correta ao seio, reduzindo assim o aparecimento de
traumas mamilares13.
As dificuldades apresentadas pelas nutrizes durante
o AM precisam ser identificadas precocemente e tratadas
para não se tornarem causas de desmame precoce. Nesse
contexto, o profissional da saúde tem um papel importante
como educador e orientador para intervir e prevenir as
dificuldades apresentadas por essas nutrizes, pois ele
deve ser o elo para que essa mulher viva o processo da
amamentação de um modo mais saudável e prazeroso3,4.
CONCLUSÕES
Em virtude do que foi mencionado, pode-se concluir que
as dificuldades apresentadas pelas puérperas no processo
de amamentação, como os problemas mamários, levam
ao desmame precoce. Assim como a insegurança, a falta
de orientação profissional, o trabalho fora de casa, entre
outros, são fatores intervenientes do AM. Portanto, é preciso
desenvolver estratégias que diminuam essas dificuldades
e promovam o AM, pois sabe-se da importância e dos
benefícios que esse aleitamento traz ao RN e a puérpera.
Mediante aos resultados, é de extrema importância
que os profissionais de saúde estejam atualizados para
prestem uma assistência adequada a estas mulheres,
pois eles exercem papel importante como promotores de
saúde. Com a capacitação desses profissionais, há grandes
chances de diminuição dos índices de desmame precoce, e
isso seria uma grande conquista para a saúde pública.
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REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79
63
R E V I S Ã O I N T E G R AT I VA
64
Instrumentos verificadores de estresse e da síndrome de
burnout: revisão integrativa
Checkers instruments stress and burnout syndrome: an
integrative review
Clarissa Maria Bandeira Bezerra1 • Kezia Katiane Medeiros da Silva2 • Aline de Souza Falcão Aquino3 •
Milva Maria Figueiredo de Martino4
RESUMO
Objetivo: Buscou-se identificar os principais instrumentos utilizados para verificar a síndrome de Burnout e estresse
em enfermeiros. Método: Tratou-se de uma revisão integrativa nas bases de dados eletrônicas SCIELO, CINAHL,
SCOPUS e LILACS, nas quais foram utilizados os descritores indexados no MeSH “stress” (1º); “burnout” (2º); “nursing”
(3º) e acompanhados do conector “and” em busca de artigos dos anos de 2009 a 2015, baseado na questão de
pesquisa: Quais são os principais instrumentos utilizados para verificação de síndrome de Burnout e estresse em
enfermeiros? Resultados: Foram analisados 15 artigos, foi notório que o Maslach Burnout Inventory encontra-se
presente na maioria das pesquisas desenvolvidas. Mas também são citados, embora em menor quantidade: Job
Stress Scale, Oldenburg Burnout Inventory, Questionnaire Stress of Conscience e a escala de Bianchi. Conclusões: Os
instrumentos descritos nesse trabalho auxiliam no enfrentamento da Síndrome de Burnout e no estresse dos
trabalhadores, pois após verificação desse(s) o enfermeiro pode buscar tratamento para a(s) patologia(s), o local de
trabalho pode definir estratégias para enfrentamento para os funcionários, identificar estressores e não permitir que
o estresse interfira na assistência ao paciente.
Palavras-chave: Esgotamento profissional; Inquéritos e Questionários; Enfermagem.
ABSTRACT
Objective: We sought to identify the main instruments used to check the syndrome of burnout and stress among
nurses. Method: This was an integrative review in electronic databases SCIELO, CINAHL, Scopus and LILACS, in which
the indexed descriptors were used in MeSH “stress” (1); “Burnout” (2); “Nursing” (3) and accompanied by the connector
“and” looking for articles the years 2009-2015, based on the research question: What are the main instruments
used to check syndrome Burnout and stress in nurses? Results: 15 articles were analyzed, it was clear that the
Maslach Burnout Inventory is present in most developed research. But they are also cited in smaller quantities; Job
Stress Scale, Oldenburg Burnout Inventory, Stress Questionnaire of Conscience and Bianchi scale. Conclusions: The
instruments described in this work help in coping with the burnout syndrome and stress of workers, because after
verification that (s) nurses can seek treatment for (s) condition (s), the workplace can define strategies to coping for
employees, identify stressors and not allow stress to interfere with patient care.
Keywords: Burnout, Professional; Surveys and Questionnaires; Nursing.
NOTA
1
2
Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. E-mail: [email protected].
Enfermeira. Mestre em Enfermagem pelo Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. E-mail: [email protected]
3
Enfermeira. Especialista em Enfermagem do Trabalho. Professora do curso Técnico em Segurança do Trabalho do Ensino à Distância do Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia do Rio Grande do Norte. E-mail: [email protected]
4
Enfermeira. Doutora. Professora visitante do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. E-mail: [email protected]
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79
E s t r eAs R
s e Te I sGí nO
d r oO
m eR dI eGbIuN
r nA
o uLt
INTRODUÇÃO
Nos anos 90, vivenciamos uma mudança no perfil
do trabalhador, isso ocorreu devido à reestruturação no
processo produtivo, o qual sofreu modificações advindas
das inovações na tecnologia. Os trabalhadores precisaram,
então, passar por adaptações a nova realidade no seu
ambiente de trabalho. Esse se tornou mais competitivo e
complexo, o que contribuiu para aumento do desemprego
e do trabalho informal, como também mudanças no perfil
do novo trabalhador e nos determinantes do processo de
saúde-doença1.
Essas modificações do trabalho, fizeram com que o
trabalhador, para garantir seu emprego, passasse a ter um
comportamento de risco, como carga horária diferenciada,
polivalência no trabalho e pouco tempo para o descanso e
outras atividades de lazer1.
Tal comportamento o tem levado a elevados níveis de
cobrança, o que pode gerar um dos problemas mais comuns
que enfrentamos, o estresse. Caracterizado por um estado
de tensão, que causa um desequilíbrio intenso no organismo
e que pode ser desencadeador de diversas doenças1.
Na área da saúde não tem sido diferente. A competição
para garantir sua colocação no mercado de trabalho,
salários não muito atrativos, carga de trabalho, plantão, e
o processo de lidar com a doença e morte constantemente
pode estar levando ao adoecimento dos profissionais2.
Enfermeiros estão submetidos continuamente a
elementos geradores do estresse ocupacional, como a
escassez de pessoal, que supõe acúmulo de tarefas e
sobrecarga laboral, o trabalho por turno e/ou noturno, o
trato com usuários problemáticos, o conflito e ambiguidade
de papéis, a baixa participação nas decisões, a inexistência
de plano de cargos e salários, o sentimento de injustiça
nas relações de trabalho e os conflitos com colegas e/ou
instituição2.
Alguns autores consideram o estresse como uma
síndrome evolutiva com três fases distintas: (a) alarme,
considerada uma fase positiva, pois o indivíduo apresentase mais produtivo, atento e motivado; (b) resistência,
período de adaptação do corpo à nova situação; fase
de alerta prolongado, oscilando entre equilíbrio e
desequilíbrio emocional, apresentando predisposição a
desenvolver doenças físicas, como gastrite, hipertensão
arterial, diabetes melittus, dentre outras; e (c) exaustão,
término da resistência; fase patológica que pode gerar
comprometimento do sistema imunológico.
Pesquisa recente, acrescentou mais uma fase
denominada de quase exaustão3. Esta fase situa-se entre as
fases de resistência e de exaustão, pois neste momento há
um enfraquecimento do organismo, tornando-o vulnerável
ao surgimento de doenças, já que esse não conseguiu
adaptar-se ou resistir ao estressor4.
A síndrome de Burnout é ocasionada pelo estresse
ocupacional crônico, que está associado a fatores como
desilusão, exaustão e isolamento, afetando principalmente
os trabalhadores em contato direto com outras pessoas3.
Três dimensões independentes, mas relacionadas
entre si, compõem esta síndrome: exaustão emocional,
despersonalização e baixa realização profissional5. A
exaustão emocional é caracterizada por desgaste emocional
e resulta em falta de energia e de entusiasmo em relação
ao trabalho. A despersonalização tem como característica
a insensibilidade emocional, podendo resultar em um
tratamento desumano e/ou hostil de clientes e de colegas.
A baixa realização profissional no trabalho faz com que
o trabalhador se autoavalie negativamente, causando
baixa produtividade laboral e sentimentos de frustração,
ineficácia e incompetência profissional6.
Conhecida também por esgotamento profissional, a
síndrome de Burnout é um acontecimento psicossocial
caracterizada como uma resposta aos estressores crônicos
presentes no ambiente do trabalho e que apresenta
consequências negativas em outras áreas como o âmbito
individual, familiar, profissional e social7.
Estudiosos afirmam que a síndrome de Burnout apresenta
sinais: ceticismo, insensibilidade, despreocupação,
desconforto e ansiedade. Apresentam ainda sintomas
como: insônia, fadiga, irritabilidade, tristeza, desinteresse,
apatia, angústia, tremores e inquietação; caracterizando
uma síndrome depressiva ou de ansiedade8.
Para diagnóstico e posterior tratamento da síndrome
é necessário o uso de um instrumento, que consiste em
questões a serem respondidas pelo trabalhador com
suspeita da afecção9. Os instrumentos desenvolvidos
fazem parte das tecnologias em saúde. Tecnologias essas
que têm conceitos amplos, métodos distintos e aspectos
que se concluem em um artigo, um bem, uma teoria, uma
novo modo de realizar algo10.
Tecnologias na área da saúde são classificadas em
leves que são baseadas em proximidades e trocas entre
pessoas como as relações desenvolvidas por profissionais
e pacientes. A leve-dura, que é a junção das relações com
os saberes e a tecnologia quanto máquinas e dura com
equipamentos e mecanismos11.
A tecnologia leve-dura é caracterizada pelos dois tipos
de tecnologia: leve, por existir um saber adquirido e que
está inscrito na forma de pensar das pessoas, na forma de
pensar as situações de saúde e na forma de organizar uma
atuação sobre elas; e dura, caracterizada por um saber fazer
bem-estruturado, bem-normalizado e bem-protocolado12.
Assim, o instrumento classifica-se como uma tecnologia
leve-dura, por ser organizado com sequências, normas
que guiam a efetuação do cuidado. Advém de um trabalho
vivo, estruturado, que busca obter dados para avaliação da
presença de doenças, conhecimentos, adesão a tratamentos
entre outros10-11.
Este estudo tem como objetivo identificar os principais
instrumentos utilizados para verificar a síndrome de
Burnout e estresse em enfermeiros. Estes recursos
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79
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66
Bezerra CMB, Silva KKM, Aquino ASF, Martino MMF
averiguam a presença das afecções psíquicas, que uma vez
detectadas afetam a saúde do trabalhador e interferem na
assistência prestada, no cuidado ao paciente, na gestão,
entre outros. Baseado nos pressupostos, há necessidade
em refletir sobre o que a produção científica na área
da saúde tem desenvolvido nos últimos anos sobre os
principais instrumentos utilizados para verificar a síndrome
de Burnout e estresse em enfermeiros? Dessa forma, esse
estudo contribui para a pesquisa e incremento da produção
nas temáticas estresse e Síndrome de Burnout.
MÉTODO
Utilizou-se como método de pesquisa a revisão
integrativa da literatura, seguindo seis etapas para o seu
desenvolvimento: 1) elaboração da questão norteadora,
2) busca ou amostragem na literatura, 3) categorização,
4) análise crítica dos estudos incluídos, 5) discussão dos
resultados, e a 6) síntese da revisão integrativa. Neste
contexto, foi elaborado previamente um protocolo de
revisão, para orientar o desenvolvimento da pesquisa e a
realização de todas as seis etapas sugeridas13.
Inicialmente, definiu-se a questão norteadora do estudo,
que consistiu em: Quais são os principais instrumentos
utilizados para verificação de síndrome de Burnout e
estresse em enfermeiros? Para a seleção da amostra do
estudo, foi realizado um levantamento nas bases de dados
eletrônicas SCIELO, CINAHL, SCOPUS e LILACS em Junho de
2015, nos quais foram utilizados os descritores indexados
no MeSH “stress” (1º); “burnout” (2º); “nursing” (3º).
Esses descritores possibilitaram a realização de
dois cruzamentos (#) diferentes, que foram inseridos
respectivamente em todas as bases de dados selecionadas.
São eles: #1) “stress” AND “nursing”; #2) “burnout” AND
“nursing.
Foram incluídos somente artigos científicos disponíveis
gratuitamente e na íntegra nas bases de dados selecionadas,
nos idiomas português, inglês e espanhol, publicados nos
anos de 2009 a 2015. Os manuscritos foram selecionados
quanto à temática no momento da leitura para os critérios
de elegibilidade.
Foram excluídos artigos que não abordavam de forma
relevante a temática para responder a questão norteadora,
publicações como dissertações, teses, editoriais e notas
ao editor, bem como os artigos duplicados que só foram
contabilizados uma vez.
RESULTADOS
Foram identificados 62 estudos no total, nas bases de
dados LILACS, PUBMED, SCOPUS, SCIELO E CINAHL, 04
encontravam-se repetidos, 10 não se apresentavam como
trabalho completo, apenas na forma de resumo e notas a
editor e os outros 33 foram excluídos por não abordarem
a temática dos instrumentos verificadores, apenas do
estresse e Burnout, após a leitura do trabalho na íntegra.
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79
Os 15 artigos selecionados para compor o estudo foram
publicados em bases de pesquisa em anos distintos
conforme ilustrado no Quadro 1.
No ano de 2009, na base de dados LILACS, observouse que foram publicados 02 artigos que abordavam
a temática e tinham como instrumentos verificadores
do Burnout e do estresse, respectivamente, o Maslach
Burnout Inventor (MBI) e a Escala de Bianchi. No ano de
2010, percebeu-se que na base LILACS e CINAHL foram
verificados dois estudos, um em cada, ambos utilizaram o
MBI para tratar da busca da síndrome e o Questionnaire
Stress of Conscience, para o estresse. Em 2011 foi publicado
na CINAHL um estudo que utilizou o MBI. Para o período
de 2012, as três pesquisas selecionadas foram da base de
dados CINAHL e dois discutiram sobre o Burnout com uso
do MBI e um com o OldenburgBurnout Inventory. Em 2013,
os três artigos encontrados também foram divulgados na
CINAHL, um utilizou o MBI, um também e a Nursing Job
Stressor Scalepara verificar o estresse e um a Job Stressor
Scale. Para 2014, notou-se dois artigos, um na PUBMED e
um na LILACS relataram o uso do MBI em seus estudos.
No ano de 2015, a base de dados SCOPUS reproduziu duas
pesquisas, uma que destacou o uso do MBI na verificação
da síndrome e uma fez uso do Versão chinesa do Inventário
Copenhagen Burnout.
DISCUSSÃO
Os resultados mostram que nos artigos encontrados ao
longo do período estudado o questionário mais utilizado foi
o Maslach Burnout Inventary (MBI), presente em 13 dos 15
artigos pesquisados sendo o instrumento mais difundido
para a pesquisa da síndrome de Burnout. Foi desenvolvido
por Christina Maslach e Susan Jackson em 1978 e passou
a analisar nos pesquisados a exaustão emocional e a
despersonalização. O terceiro item que é abordado no MBI
é a realização profissional, inserido após pesquisas com
vários profissionais de diversas áreas14.
Os três itens citados avaliam como o profissional está
lidando com seu trabalho. Esse instrumento é de uso
exclusivo para análise da síndrome de Burnout, deve se
atentar para a avaliação dos resultados, que deve ser feita
de forma tridimensional, ou seja, os três itens medidos de
forma conjunta e não separadamente. O inventário é auto
aplicado e com 22 itens, variando nos escores de frequência
de zero a seis, em que zero é nunca e seis, diariamente6,15-19.
No presente estudo observou-se o instrumento Maslach
Burnout Inventary sendo citado em dois artigos como: versão
chinesa do Inventário Copenhagen Burnout e Oldenburg
Burnout Inventory ambas são versões da original e que
de acordo com estudos se adequam aos países que serão
utilizados e caracteriza as realidades deles20. O Oldenburg
Burnout Inventory (OLBI) foi reformulado, validado e aplicase para qualquer público de trabalhadores. O Copenhagen
Burnout Inventory (CBI) foi revalidado e cabe a vários tipos
de trabalhadores21.
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Quadro 1- Síntese das principais informações dos artigos, quanto à base de dados, ano de publicação, título e abordagem de estudo e
principais conclusões. Natal, 2016.
Bases de
dados
Ano de
publicação
Lilacs
2009
Lilacs
2009
Lilacs
2010
Cinahl
2010
Cinahl
2011
Scopus
2012
Scopus
2012
Scopus
2012
Scopus
2013
Scopus
2013
Scopus
2013
Pubmed
2014
Lilacs
2014
Scopus
2015
Scopus
2015
Autores
Título
Variáveis de burnout em
Benetti, ERR; Stumm, EMF; Izolan,
profissionais de uma unidade
F; Ramos, LP; Kirchner, RM.
de emergência hospitalar
Stress dos enfermeiros de
Menzani, G; Bianchi, ERF.
pronto socorro dos hospitais
brasileiros.
Síndrome de Burnout e
satisfação no trabalho em
Ruviaro, MFS; Bardagi, MP.
profissionais da área de
enfermagem do interior do RS.
Perceptions of conscience,
Juthberg, C; Eriksson, S; Norberg, stress and burnout among
A; Sundin, K.
nursing staff in residential
elder careBurnout, Social Support,
and Job Satisfaction among
Hamaideh, SH.
Jordanian Mental Health
Nurses- Burnout
Burnout during nursing
education predicts lower
Rudman, A; Gustavsson, JP.
occupational preparedness and
future clinical performance: A
longitudinal study- Burnout
Preditores da Síndrome de
França, SPS; Martino, MMF;
Burnout em enfermeiros de
Aniceto, EVS; Silva, LL.
serviços de urgência préhospitalar
Síndrome de Bunrnout entre
Galindo, RH; Feliciano, KVO;
enfermeiros de um hospital
Lima, RAS; Souza, AI.
geral da cidade do Recife
Exploration of the Burnout
Karanikola, MN;
Syndrome Occurrence Among
Papathanassoglou, EE.
Mental Health Nurses in CyprusFactors that may influence
Mollart, L; Skinner, VM; Newing,
midwives work-related stress
C; Foureur, M.
and burnout.
Estresse ocupacional e
Theme Filha, MM; Costa, MAS;
autoavaliação de saúde entre
Guilam, MCR.
profissionais de enfermagem
Ribeiro, VF; Ferreira Filho, C;
Valenti, VE; Ferreira, M; Abreu,
Prevalence of burnout
LC; Carvalho, TD; Xavier, V; Japy syndrome in clinical nurses at a
Oliveira Filho, J;Gregory, P; Leão, hospital of excellence
ER; Francisco, NG; Ferreira, C.
Síndrome de Burnout: Impacto
da Satisfação no Trabalho
Neves, VF; Oliveira, AF; Alves, PC.
e da Percepção de Suporte
Organizacional
Optimism and proactive coping
Chang Y; Chan HJ.
in relation to burnout among
NurseShort sleep duration is doseChin W; Guo YL; Hung YJ; Yang
dependently related to job
CY; Shiao JS.
strain and burnout in nurses: A
cross sectional survery-
Instrumentos utilizados
“Inventário de Burnout de Maslach”
validado por Lautert.
Escala Bianchi de Stress
Maslach Burnout Inventory
Questionnaire, Stress of
Conscience. E Maslach Burnout
Inventory.
Maslach Burnout Inventory
Oldenburg Burnout Inventory
Maslach Burnout Inventory
Maslach Burnout Inventory.
Maslach Burnout Inventory
Maslach Burnout Inventory;
Nursing Job Stressor Scale
Job Stress Scale
Maslach Burnout Inventory
Maslach Burnout Inventory.
Maslach Burnout Inventory.
Burnout: Versão chinesa do
Inventário Copenhagen Burnout
Fonte: própria pesquisadora
A escala de Bianchi é utilizada para mensurar o nível
de estresse do enfermeiro hospitalar ao exercer sua
profissão, não verifica síndrome de Burnout, e ao contrário
do instrumento dela, o MBI e suas versões não se aplica a
vários tipos de profissões. Foi criado por Bianchi em 2008
após algumas pesquisas. Quanto a sua caracterização, auto
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68
Bezerra CMB, Silva KKM, Aquino ASF, Martino MMF
aplicável, tem seis domínios, as respostas variam de um a
sete, esses analisam a assistência prestada, o cuidado, a
gestão, entre outros(22-23).
REFERÊNCIAS
Dois artigos citam a Job stress scale que avalia o
estresse no trabalho, proposta por Karasek na década de
70, tem duas dimensões com dois aspectos de demandas
e controle no trabalho e o risco de adoecimento, com 49
questões. Theorell em 1988 reformulou o instrumento
proposto por Karasek e elaborou 17 questionamentos24-25.
Um estudo brasileiro desenvolvido para a validação da Job
stress scale afirma que esta não abrange todos os aspectos
do trabalho e deve ser, a pesquisa, complementada com
outros instrumentos, escalas26.
2. Galindo RH, Feliciano HVO, Lima, RAS, Souza AI. Síndrome de
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A The Life Events Checklist (LEC) citada por um dos
artigos pesquisados avalia eventos estressantes e com
trabalhadores da enfermagem é autoaplicável e em
escala tipo Likert variando de um a cinco. Esse artigo
também avalia a presença da síndrome de Burnout
através do instrumento27.O Compassion Fatigue Self Test
(EGSC)verifica que Burnout é composta pelos sentimentos
de cansaço, frustração, raiva e depressão referentes ao
trabalho. É um questionário autoaplicável e os itens de
avaliação são de zero a cinco, onde zero é nunca e cinco
frequentemente28.
Um artigo utilizou conjuntamente o MBI para a
presença da síndrome de Burnout e o Stress of Conscience
Questionnaire para verificar as medidas de estresse no
trabalho em saúde. São nove itens para serem respondidos
com a escala que corresponde à frequência e varia de zero,
nunca, ao cinco, se todos os dias29-30.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nota-se que são vários os instrumentos que analisaram
a exaustão emocional, a despersonalização e a realização
profissional e que podem ser utilizados em diversas
profissões, porém o mais utilizado para síndrome de
Burnout foi o Maslach Burnout Inventary (MBI), Entretanto,
para estresse, utiliza-se escala de Bianchi, com a qual se
mensura o nível de estresse do enfermeiro hospitalar no
exercício de sua profissão.
Os instrumentos descritos no presente trabalho
auxiliam no enfrentamento da Síndrome de Burnout e no
estresse dos trabalhadores, pois após verificação desse(s) o
enfermeiro pode buscar ajuda para tratar a(s) patologia(s), o
local de trabalho e definir estratégias para enfrentamento
para os funcionários, identificar estressores e não permitir
que o estresse interfira na assistência ao paciente.
Espera-se com esse levantamento contribuir para a
realização de novas pesquisas e que com a junção destes
sejam efetivadas políticas de prevenção, tratamento, a
minimização de vulnerabilidades. Além da constante
renovação do conhecimento sobre essas doenças e a saúde
do trabalhador que ainda faz muitas vítimas.
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69
E S T U D O D E AVA L I A ÇÃ O D E M AT E R I A L E D U CA C I O N A L V I RT U A L
70
Tecnologia e educação em saúde: avaliação de um
website para o ensino de oftalmologia
Technology and education in health: evaluation of a website
for the teaching of ophthalmology
Filipe Araújo Alves de Lima1 • Francisca Tereza de Galiza2 • Ana Roberta Vilarouca da Silva3 •
Eveline Pinheiro Beserra4 • Jemima Rafaela Rodrigues de Medeiros5 • Maria Alzete de Lima6
RESUMO
Objetivo: Avaliar a tecnologia em saúde como estratégia de ensino em oftalmologia. Método: Estudo de avaliação
de material educacional digital, desenvolvido na universidade pública no Piauí, de maio a dezembro de 2014. Na
primeira fase, foi elaborado um material digital para promoção da saúde ocular, seguido da submissão do material
ao julgamento de 592 estudantes universitários. O estudo obteve aprovação do comitê de ética da instituição com
número do parecer 508.069. Resultado: Foi possível identificar falhas na estruturação das páginas e os comandos
tiveram de ser recolocados, unificados e dispostos em local de fácil visualização. O Website possuiu uma taxa de
retorno ao site de 47,2%; de acesso em dez países diferentes por jovens entre 20 e 24 anos, 66,7%; de facilitação ao
aprendizado, 56,1%; de ser considerada uma forma interessante de promover saúde, 60,4%. Quanto aos elementos
estruturais, 70,4% afirma ser de fácil compreensão, 51,9% conseguiram identificar as estruturas oculares com
facilidade, e 51,9% conseguiram realizar o autoexame. Conclusão: A tecnologia facilitou a identificação de alterações
visuais, mostrando-se eficaz no método de aprendizagem de prevenção em saúde ocular.
Palavras Chave: Saúde ocular; Enfermagem; Tecnologia biomédica.
ABSTRACT
Evaluating health technology as a strategy for teaching in ophthalmology. Method: Evaluation study of digital
educational material developed in Piauí State University from May to December 2014. In the first phase was
prepared digital material to promote eye health, followed by the submission of material to the trial of 592 students.
The study obtained approval from the Ethics Committee of the institution with the number 508,069 opinion.
Result: It was possible to identify flaws in the structure of the pages and the commands had to be reseated, unified
and barranged in easy-to-see location. Website owned return rate to 47.2%, accessed in ten different countries,
between 20 to 24 years young, 66.7%, the site facilitated learning, 56.1%, and was considered an interesting way
to promote health, 60.4%. As for the structural elements, 70.4%claims to be easy to understand, 51.9 percent were
able to identify the ocular structures with ease, and 51.9% were able to perform self-examination. Conclusion:
The technology facilitated the identification of Visual changes, showing effective learning method of prevention
in eye health.
Key words: Eye health; Nursing; Biomedical technology.
NOTA
* Projeto financiado pelo CNPQ processo 443832/20145.
1
Enfermeiro, graduação, Universidade Federal do Piauí, Picos, PI, Brasil. E-mail: [email protected].
2
Enfermeira, mestre, Professora Universidade Federal do Piauí, Picos, PI, Brasil. E-mail: [email protected].
3
Enfermeira, doutora, Professora da Universidade Federal do Piauí, Picos, PI, Brasil. E-mail: [email protected].
4
Enfermeira, doutora, Professor Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil. E-mail: [email protected].
Enfermeira
5
Acadêmica do Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil. E-mail: [email protected].
6
Enfermeira, doutora, Professora Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil. E-mail: [email protected].
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A v a l i a ç ã o d e w e s i t e pA
a rR
a Te nI sGi nO
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e oRf tIaG
l mI oN
l oA
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INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
Nos últimos anos, a educação no mundo vem sofrendo
novas intervenções tecnológicas por proporcionar
ferramentas e mídias digitais que ofertam ao processo
pedagógico espaços e instrumentos capazes de renovar
as situações de interação e comunicação, tornando-o
diferente do modelo tradicional de ensino.
Estudo de avaliação de material educacional virtual6,
desenvolvido em uma universidade pública no interior do Brasil,
de maio a dezembro de 2014. As etapas do estudo consistiram
de: definição dos objetivos de aprendizagem, elaboração
de um website sobre saúde ocular, intitulado Enfermagem
Oftalmológica, avaliação e usabilidade do material. Quanto
à elaboração do material instrucional, realizou-se um
planejamento e definições acerca das mídias utilizadas, vídeos,
imagem e hipertexto, da estruturação das ferramentas a serem
disponibilizadas e das formas de feedback ao usuário.
Um estudo realizado sobre a prevalência de utilização
dos serviços de saúde ocular nos últimos cinco anos apontou
que do total de pessoas entrevistadas, 34% não realizaram
consulta oftalmológica. Entre os motivos, destacaram-se
baixas condições financeiras e indisponibilidade de tempo1-2.
Logo, capacitar as pessoas ao autoexame favorece o
autocuidado, pois muitas alterações oculares podem ser
identificadas quando há o conhecimento prévio sobre
saúde ocular. Assim, a educação da população continua a
ser uma ferramenta vital na prevenção e gestão adequada
de uma injúria ocular3.
Na promoção da saúde ocular, há programas para
avaliação da acuidade visual que buscam identificar
indivíduos com significativos erros de refração, executando
ações essenciais para o controle da deficiência visual.
Entretanto, as ações de promoção que antecipam a
identificação precoce de mudanças nas características
oculares e visuais são muitas vezes negligenciadas4.
Verifica-se, portanto, que as ações educativas constroem
a base para a promoção da saúde ocular, constituindose como condição necessária e antecedente às ações do
indivíduo para preservar a visão, aumentando a capacidade
de tomar decisões relativas a comportamentos que
influenciarão seu nível de saúde5.
Corrobora-se com a afirmação de que ao se
oportunizar o acesso a materiais educativos, com apoio
nas tecnologias disponíveis, estimula-se o aprendiz à
mudança de comportamento na medida em que o torna
sujeito do processo de aprendizagem6. Essa afirmação
toma dimensões ampliadas quando se combinam ações de
educação, autocuidado e de prevenção em saúde.
Portanto, a busca por alternativas que capacitem as
pessoas a realizarem avaliação ocular periódica torna-se
um método auxiliar no processo de promoção da saúde
ocular. Os meios de comunicação têm potencial de atingir
amplo número de pessoas, a um custo menor do que o
método de intervenção individual. Isso foi recentemente
comprovado por uma pesquisa que utilizou a escala de
Snellen e instruções sobre sua utilização em quatro jornais
diários. Por meio da pesquisa telefônica com 603 pessoas,
assinantes destes jornais, descobriu-se que 125 utilizaram
a escala para testar a sua visão7.
Na perspectiva de associar medidas de prevenção
em saúde voltada à estratégias de educação em saúde
e aproveitando-se das novas possibilidades na área da
tecnologia da informação e comunicação, buscou-se
avaliar tecnologia em saúde como estratégia de ensino em
oftalmologia.
Após a elaboração do material, este foi enviado para o
endereço de e-mail de 240 estudantes universitários do
curso de Enfermagem. Considerando o objeto do estudo,
foi determinado como critério de inclusão estudantes do
quinto semestre, por já terem cursado semiologia adotado
para evitar viés de coleta e com experiência no ambiente
da Internet. Recrutados por meio de envio de e-mail pelo
Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas,
apenas 27 responderam com assinatura do Termo de
Consentimento, no qual se declaravam possuir elegíveis a
participar do estudo e acessaram o Website, onde, por meio
de um link, puderam conhecer o material educativo digital.
Depois da leitura do material, o usuário tinha acesso a
um questionário online que versava sobre o resultado
do exame ocular e questões sobre características do uso
e organização do site. Era solicitado preenchimento do
instrumento, encorajando-se o envio de sugestões.
Os questionários tratavam do propósito de utilização do
objeto educacional, organização, adequação da tecnologia aos
sujeitos, sua aparência e usabilidade. De posse dos instrumentos
preenchidos e com as sugestões dos participantes, seguiu-se as
reformulações do objeto educacional.
Todas estas etapas seguiram recomendações de estudos
recentes, nos quais se destaca que a fase de construção
de material educacional digital deve ser implementada de
forma cíclica, ou seja, perfazendo o caminho de construção,
teste e avaliação6,8.
O acesso ao site http://autoocularsiteufpi.wixsite.
com/autoocularsiteufpi foi computado por ferramenta do
Google Analytics que tem capacidade de possibilitar em
números absolutos todos os tipos de acesso do site, e os
instrumentos reenviados foram digitados semanalmente
pelo pesquisador em programa Excel. Para o relato das
sugestões aceitas, seguiu-se codificação A1, A2... A27 para
identificar falas dos acadêmicos.
O site versa sobre autocuidado visual e informações
sobre a anatomia, fisiologia e semiologia da visão, além de
assegurar a realização do autoexame ocular, há um link de
acesso a informação de como realizar esse autoexame, que
consiste em um conhecimento básico das partes internas
e externas dos olhos, seu funcionamento e avaliação da
acuidade visual longe/perto, das estruturas oculares,
movimento ocular, visão periférica e central. A avaliação da
acuidade visual é medida com o auxílio de escala de Snellen,
amplamente utilizada em avaliações oftalmológicas.
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O site foi estruturado de forma simples e rápida,
seguindo uma ordem a partir da anatomia para se conhecer
primeiramente as estruturas oculares e suas respectivas
funções e o conjunto sensorial constituído pelo olho,
via óptica, centros visuais e um conjunto não sensorial
representado pelos vasos e nervos.
O estudo foi realizado conforme a Resolução 466/12
da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, obtendo
aprovação pelo comitê de ética da Universidade Federal
do Piauí sob nº 508.069.
RESULTADOS
Buscou-se desenvolver material educativo em website
para promoção, prevenção e autocuidado ocular em mídia
digital para uso em ambiente virtual. A intenção é permitir
à população conhecer informações sobre a visão e orientar
sobre o autoexame ocular, para assim, ampliar a efetiva
promoção da saúde ocular. Segundo a Figura 1, o website
possuiu 597 sessões, com total de 592 usuários, 647
visualizações de páginas.
Figura 2: Frequência de acesso, segundo país de origem, Piauí, Brasil,
2014.
Fonte: Dados da pesquisa.
Tabela 1. Frequência de respostas segundo dados sobre usabilidade
do website, conhecimento sobre saúde ocular e local de acesso. Piauí,
Brasil, 2014.
Variável*
Figura 1: Informações de frequência de aceso do web site, Piauí,
Brasil, 2014.
Fonte: Dados da pesquisa.
A etapa de teste sobre o uso do material educacional
foi importante para se diagnosticar falhas na elaboração.
Alguns itens foram reformulados, como tornar os comandos
mais visíveis ao usuário, facilidade de troca de páginas
para guiar melhor o seguimento de navegação, e troca de
ilustrações de modo a tornar sua compreensão mais clara.
Com isso, cumpriram-se importantes itens avaliativos do
material educacional para acesso à distância.
O site apresentou um percentual de 47,2% de novos
visitantes e um retorno de 52,8%, o qual comprova que o
site oferece informações pertinentes para proporcionar o
desejo de voltar a acessar o conteúdo.
Quanto ao país de origem, a maioria dos acessos foi
no Brasil, 519(32,3%), isso se justifica pela realização
do estudo no país. E reitera-se, ainda que não se tenha
realizado a tradução do site, registrou-se 165(27,6%)
acessos nos Estados Unidos, 37(6,2%) na China e 32(5,3%)
Japão. Em diferentes proporções obteve-se acesso de dez
diferentes países. Entretanto, de acordo com os critérios
elegibilidade dos participantes do estudo, selecionou-se
dentre os usuários os dados referentes aos estudantes que
estavam cursando semiologia do curso de enfermagem.
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Faixa etária
Menos de 20 anos
20 a 24 anos
25 a 30 anos
Acima de 30 anos
Conhecimento sobre saúde ocular
Desconhece
Aponta alguma doença ocular
Declara saber avaliar saúde ocular
Sente-se seguro para realizar autoexame ocular
Interesse na web site
Facilidade de entendimento
Acesso à informação digital é mais atrativo que
os livros
Potencializa a aprendizagem
Vídeo
Figura
Hiperlink de acesso a pagina
Fórum
Outros
O que potencializa aprendizagem no web site
Por ser uma forma interessante de promoção da
saúde
A cartilha sobre autoexame ocular
Apresenta efeito gráfico chamativo
Outros
n
%
1
3,7
18 66,7
4 14,8
4 14,8
7
12
7
8
20,6
35,3
20,6
23,5
23 56,1
18 43,9
25 45
11 19,5
7 12,4
12 21,3
1
1,8
26 60,4
11 25,6
5 11,7
1
2,3
Fonte: Dados da pesquisa.
* com exceção da idade, considerou-se mais de uma alternativa como
resposta.
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Os participantes do estudo eram jovens com idade
entre 20 e 24 anos, 18 (66,7%). Sobre o conhecimento
em oftalmologia, chama atenção o fato de que 7 (20,6%)
desconheciam o tema, ainda assim, 12 (35,3%) conseguiram
apontar algum tipo de doença ocular e 8 (23,5%)
conseguiam realizar com segurança e corretamente o
autoexame ocular.
que após visitar o site e acessar as informações sentiamse seguros em realizar exame e identificar as estruturas
oculares, enquanto que 10(37%) concordavam ter
dificuldade no exame.
Quanto aos recursos disponíveis, 23(56,1%) afirmaram
que o site facilita o entendimento sobre a realização
correta do exame ocular, 18(43,9%) declararam que o
acesso a informação virtual é mais atrativa que os livros
convencionais.
Em relação a melhor forma de aprendizado, os
internautas elegeram os vídeos, 25(45%), como a forma de
aprendizagem mais fácil e 12(21,3%) escolheram o fórum.
Grande parte dos participantes considerou o website como
ferramenta importante de promoção da saúde, 26(60,4%).
Entre os componentes do site de maior importância
11(25,6%) elegeram a cartilha sobre o autoexame ocular, e
5(11,7%) referiram à disposição gráfica do site.
Figura 3: Frequências de respostas obtidas segundo existência de
termos técnicos que dificultam a aprendizagem, Piauí, Brasil, 2014.
Fonte: Dados da pesquisa.
A respeito da compreensão textual, 19 (70,4%)
discordam com a afirmação de haver dificuldade de
entendimento da linguagem em decorrência de termos
técnicos e 02 (7,4%) não souberam responder se havia
dificuldade em identificar as estruturas oculares, como se
observa na figura 4.
Figura 5: Frequências de respostas obtidas segundo capacidade de
realizar do autoexame ocular, Piauí, Brasil, 2014.
Fonte: Dados da pesquisa.
Sobre sua realização, figura 6, 14(51,9%) afirmaram
ser possível concluir o autoexame, já 11(40,7%) dizem
conseguir realizar parcialmente e dois dos usuários
relataram não conseguir realizar o exame ocular sozinho,
o que corrobora a necessidade de se abordar esse assunto
no site.
Nas avaliações emergiram sugestões e opiniões sobre
o material, destacando-se a adequação da linguagem
ao público alvo e a estratégia de reduzir os textos. Na
concepção dos alunos e professores envolvidos, o material
se encontra adequado para o público alvo e caracterizase como um instrumento a ser utilizado na educação do
público leigo.
Sugiro que durante as instruções tenham figuras
autoexplicativas [...] A1
Adequar o vocabulário. Não que ele esteja muito
técnico, mas o ideal é que ele seja mais detalhado [...]A2
Senti falta das fontes de onde as informações e imagens
foram retiradas, bem como as devidas referências. Sugiro
uma revisão ortográfica para melhorar a redação A3
Após a análise das avaliações sugeridas pelos
acadêmicos, considerando ter-se questionado sobre os
termos técnicos, foi implementada apreciação especialista
na área de letras, para melhor adequar a linguagem e
avaliar aspectos relacionados à clareza e redução do texto.
DISCUSSÃO
Figura 4: Frequências de respostas obtidas segundo capacidade de
identificar as estruturas oculares, Piauí, Brasil, 2014.
Fonte: Dados da pesquisa.
Quanto à observância de aprendizado e identificação
das estruturas oculares, 14(51,9%) usuários afirmaram
É inegável a complexidade de uma assistência
integral relativa aos problemas oculares, porém, é
preciso considerar que se pode trabalhar com um público
interessado em saúde ocular utilizando instrumentos
capazes de atingir amplo número de pessoas, de modo a
sensibilizá-las a incorporarem a prática do autoexame no
seu cotidiano. Justificando-se tal esforço, ao considerar que
alguns estudos apontam desconhecimento do público alvo
sobre as medidas de prevenção sobre saúde ocular9.
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Pesquisadores corroboram com a ideia de que a
aprendizagem on-line requer mudança qualitativa na
natureza da comunicação e interação10-11. O desafio
atualmente centra-se na busca por materiais que auxiliem
no processo educacional do público de forma geral, na
aquisição de conhecimento e tomada de decisão dos
usuários dos serviços de saúde.
positivos16. Assim como no processo de autocuidado17,
o controle de sintomas por meio do telemonitoramento
domiciliar18 aumenta a qualidade de vida e a doença
crônica19 reduz as taxas de readmissão tempo de
internações, custos em saúde, promove segurança do
paciente, melhora a independência na realização de
atividades de vida diária e adesão à terapêutica20.
Notadamente, grupos de pesquisadores vêm
investigando as melhores práticas na educação on-line
na Enfermagem, considerando-se o uso da tecnologia,
as práticas educacionais, o suporte ao educando e os
resultados12. Comprova-se que há uma correlação entre
a prática educativa on-line e a satisfação do usuário, no
sentido de tornar o processo mais autônomo.
O feedback recebido deste estudo motivou a melhorar
o material e buscar estratégias de maior divulgação e
distribuição, cuja intenção é realizar um estudo com amplo
número de usuários, e a importância da realização de cada
etapa pode proporcionar maior eficácia na construção de
um material educativo digital.
A respeito da adequação do material educativo digital
às características do usuário, os menus possibilitam que
se navegue livremente em uma estrutura linear e flexível.
Acredita-se que a possibilidade do usuário ir para o exame
que deseja realizar aumenta seu interesse e estimula o
aprendizado13.
Pode-se observar que o público jovem prevaleceu entre
os usuários, a maioria conseguiu realizar o autoexame
ocular com segurança, assim se observou que o material
educativo auxiliou na promoção do autocuidado ocular.
Destaca-se que o material educacional digital
caracteriza-se por conteúdos didáticos com emprego
de multimídia e interatividade associado a recursos das
tecnologias da informática e da comunicação. Esses
recursos digitais são elaborados seguindo um planejamento
integrado ao processo de aprendizagem, delineados dentro
de uma perspectiva pedagógica11.
Entretanto, se busca atingir padrões de layout de
forma a reduzir a carga cognitiva funcional, porque cada
componente necessitará ser percebido e interpretado
pelo aprendiz. Uma tela que use convenções padrão
no texto, gráficos, navegação e layout simples terá os
seus componentes mais facilmente interpretados e
consequentemente terá uma carga cognitiva mais baixa14.
Comprovadamente os novos paradigmas pedagógicos,
mediados pelo surgimento das novas tecnologias,
propõem desafios aos profissionais envolvidos no processo
educacional. Corrobora-se com a ideia de que o uso
desses novos recursos extrapolam a visão tradicional e os
métodos meramente discursivos no processo de ensino
aprendizagem14. Comprovadamente o site se mostrou
eficiente para auxiliar no autoexame, pois 23,5% dos
visitantes afirmam conseguir realizar avaliação ocular.
Estudos recentes mostram que um material bem
elaborado e uma informação de fácil entendimento
melhoram o conhecimento e a satisfação do paciente,
desenvolvem ações que influenciam o padrão de saúde
e favorecem a tomada de decisão, além de contribuir na
redução do uso dos serviços e dos custos com a saúde15.
Sua incorporação no processo de cuidado em saúde
reverte-se comprovadamente em resultados clínicos
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Por isso que os objetos de aprendizagem se configuram
tanto como ferramentas para apoiar a educação à distância,
como ferramentas complementares na construção e fixação
de novos conceitos.
Destaca-se que esta tecnologia virtual tem o caráter de
oferecer informação de forma sistemática, ou seja, possui
as características de acessibilidade e reutilização, como
observado que o número de retorno de visitantes, supera
o número de novos visitantes. Portanto, espera-se que o
acesso de forma ilimitada proporcione cada vez mais a
vontade e o desejo de conhecimento da saúde.
CONCLUSÃO
Verificou-se que materiais educativos na área de
enfermagem instigam a vontade de aprender, e esse tipo de
aprendizagem cumpre com as necessidades dos usuários
no uso das novas tecnologias, inseridas atualmente no
cotidiano das pessoas.
Para melhor orientar o usuário, a página inicial da web
site foi reestruturada direcionando os usuários aos links de
autoexame ocular, fórum de discussão e ao aprendizado
das funções e alterações visuais.
A habilidade que o profissional enfermeiro possui
em desenvolver tecnologias e trabalhar com novas
ferramentas em prol da promoção da saúde, entendendo
que o computador e a Internet fazem parte do cotidiano de
uma grande parcela da população.
Portanto, é fundamental o uso de novas tecnologias do
cuidado com enfoque nas ações educativas, entretanto, é
necessário uma avaliação de suas limitações, benefícios
e uma adequação às necessidades dos usuários; já que a
avaliação é um processo contínuo de aperfeiçoamentos
e ajustes mais adequados; e assim propor um caminho
inovador que gere atitudes conscientes e intencionais,
além da valorização e reconhecimento do exercício de
cidadania.
O website pode ser utilizado como estratégia
complementar no processo de aprendizagem, já que
facilita a identificação de alterações visuais precoces, e
também proporcione incentivo na busca de uma assistência
oftalmológica.
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RESUMOS
76
A eficácia da escala de braden na úlcera por pressão em
pacientes adultos hospitalizados
Jair Alves Maia1 • Nilson de Souza dos Santos2 • Raquel de Lima Silva3
As úlceras por pressão são lesões decorrentes de hipóxia celular, levando a necrose tecidual. Geralmente, são
localizadas em áreas de proeminências ósseas e ocorrem quando a pressão aplicada à pele, este evento patológico se
caracteriza como problema de saúde pública. A construção da Escala de Braden por Braden e Bregstrom foi baseada
na fisiopatogenia das úlceras por pressão, através de dois determinantes considerados críticos: a intensidade e a
duração da pressão, e a tolerância da pele e das estruturas de suporte para cada força. A intensidade a duração
da pressão que o paciente sofre estão relacionadas a mobilidade, atividade percepção sensorial. Por outro lado, a
tolerância da pele e das estruturas de suporte estão relacionadas a fatores intrínsecos como nutrição e idade, e a
fatores extrínsecos como umidade, fricção e cisalhamento. Com a intenção de colaborar na prevenção de úlceras
por pressão, dando subsídios para que os enfermeiros pudessem mais objetivamente indicar quais os pacientes
que correm risco para desenvolvê-las, pesquisadores elaboraram escalas, para predizer o risco para sua formação.
Este estudo teve como objetivo de identificar a importância da implementação da Escala de Braden na prevenção
de úlcera por pressão em pacientes adultos hospitalizados. A metodologia utilizada foi uma revisão clássica da
literatura. Portanto, conclui-se que a Escala de Braden consiste em identificar, minimizar, avaliar e reavaliar a pele e
sua integridade constantemente pelo enfermeiro. Sua eficiência ratifica a relevância, a confiabilidade e a importância
da sua utilização, pois é um poderoso instrumento de avaliação preventiva na úlcera por pressão devendo ser usada
pelo enfermeiro.
Palavras-chave: Úlcera por pressão; Escala de Braden; Enfermagem.
NOTA
1
Mestrando em Enfermagem pela Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein - FICSAE São Paulo (2016), Pós-Graduado em Saúde Pública pela Faculdade Barão
do Rio Branco (FAB) (2008), Pós-Graduado em Didática e Docência do Ensino Superior pela Faculdade Barão do Rio Branco (FAB) (2015), graduado em Enfermagem pelo
Instituto de Ensino Superior de Manaus (2005).
2
Graduado em Enfermagem pela Faculdade FAMETA (2016).
3
Enfermeira Graduada em Enfermagem e professora do curso de enfermagem da Faculdade FAMETA (2016).
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Reação adversa à penicilina cristalina: Síndrome de Lyell
Maria do Carmo Duarte da Costa1 • Christielle da Silva Montenegro2
Introdução: A necrólise epidérmica tóxica (NET), também denominada síndrome de Lyell, consiste em uma rara
patologia dermatológica, na qual a camada superficial da pele se desprende em lâminas, podendo levar à morte. Além
da esfoliação mucocutânea, esta doença também se caracteriza pela presença de febre alta e sinais de toxicidade
sistêmica. É desencadeada pelo uso de certos fármacos, como penicilina, sulfamidas, barbitúricos, anticonvulsivantes,
antiinflamatórios não esteróides ou alopurinol. Da mesma forma que ocorre nos casos de queimaduras graves, a
NET pode levar à morte, pois pode haver grande perda de líquido e sais por meio das áreas danificadas, além de
deixar o paciente mais susceptível às infecções. Objetivo: Demonstrar evolução clínica de um paciente acometido
por NET, no uso prolongado de penicilina cristalina 5.000.000, com diagnóstico diferencial e recuperação favorável.
Metodologia: Consiste em um estudo de caso de paciente hospitalizado em uma unidade hospitalar em isolamento
de contato após sofrer NET. Resultados: O mesmo encontrava-se séptico, desnutrido, anêmico, catabolico, referindo
insônia e apresentando depressão. O tratamento tópico foi iniciado com utilização de hidrogel, espuma de
poliuretano de prata iônica e espuma de ibuprofeno, com objetivo de realizar desbridamento autolítico, absorção
de exsudato e controle de dor. Após oito semanas utilizou-se pomada fitoscar com objetivando-se a cicatrização.
A conduta nutricional consistiu em dieta hiperproteica e hipercalórica e uso de imunomoduladores, atingindo-se
assim o VET ideal do paciente, de forma que a resposta imunológica fosse melhorada e se estabelecesse um estado
anabólico. Conclusão: Ficou evidenciada a necessidade de conhecimento teórico dos profissionais da unidade de
internação sobre a NET e o sentido de valor que esta prática pode dar aos profissionais na condução da assistência
individualizada aos pacientes sobre seus cuidados, neste estudo, especificamente, os portadores de NET.
Palavras-chave: Hipersensibilidade a Drogas; Manifestações Cutâneas; Dermatopatias.
NOTA
1
Nutricionista, Especialista em Nutrição Clínica e Ambulatorial. [email protected]
Enf. Especialista em UTI neo e Pediátrica; Graduanda do curso de Esp. Gestão do trabalho e Educação na Saúde e Graduanda o curso de Esp. Enfermagem em Home Care.
[email protected]
2
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78
I Simpósio Acreano de Feridas
A atuação da fisioterapia juntamente com a equipe
multiprofissional na cicatrização de lesão por
atropelamento, um estudo de caso
Itáira Pereira Menezes Aquino1 • Maria Marluce da Silva Oliveira2 • Christielle da Silva Montenegro3 •
Maria do Carmo Duarte da Costa4
Introdução: O trauma por acidente de trabalho é um acontecimento súbito que ocorre no exercício da atividade
laboral ao serviço da empresa e que provoque ao trabalhador lesão ou danos corporais de que resulte na incapacidade
parcial ou total temporária ou permanente para o trabalho. Objetivo: Apresentar os resultados de uma equipe
multiprofissional na cicatrização e reabilitação física funcional de uma lesão por atropelamento. Metodologia:
Consiste em um estudo de caso de uma paciente acompanhada por equipe multiprofissional, que sofreu um trauma
por uma empilhadeira no quadríceps da perna direita. Resultados: Paciente admitida no dia 02/11/15, vítima de
acidente de trabalho onde foi acometida por uma empilhadeira agredindo quadríceps direito com perca de 90%
da massa muscular. Segundo avaliação da enfermagem, a ferida apresentava 80% de tecido necrótico e 20% de
tecido de granulação, com nível alto de exsudação, aspecto seroso, presença de odor detectado na remoção da
cobertura. Tratamento foi iniciado com antisséptico com clorexine 2%, soro fisiológico morno, cobertura de carvão
ativado e hidrogel. Posteriormente foi usado alginato de prata e Biatain Ibu. No âmbito nutricional foi realizada
avaliação física, onde se constatou que a paciente estava anêmica, com alto catabolismo e inapetente. A conduta
consistiu em oferta de fórmula anti-anêmica composta de quelatos, suplemento de arginina, glutamina, mix de
colágeno composto de micronutrientes, além de dieta hipercalórica e hiperproteica. Foi ressaltada a importância da
hidratação adequada e da manutenção dos hábitos alimentares. Após avaliação da fisioterapeuta pode ser observado
engurgitamento de linfa, edema grau III, atrofia por desuso, perda da sensibilidade, hiporreflexia, mialgia, rigidez
articular, diminuição da amplitude de movimento e circulação comprometida na extremidade do membro afetado.
O primeiro procedimento realizado foi à massagem miofacial com ativação da linfa e drenagem linfática, seguido
pelo desenvolvimento de exercícios para amplitude de movimento como: alongamento e mobilizações. Paciente
seguiu evoluindo, desenvolvendo o tratamento através de exercícios passivos, ativo-assistido, ativo, descarga de
peso, treino da marcha e resistência. Atualmente, vem sendo realizada um tratamento dermato-funcional que visa à
melhora das características da lesão através da fricção. Como resultado do tratamento multiprofissional, incluindo
da fisioterapia, paciente encontra-se deambulando sem necessidade de apoio e sem prejuízo nos movimentos, foi
recuperada a sensibilidade, a circulação periférica, também houve melhora do tônus muscular, a ferida apresenta
80% já cicatrizado e 20% de epitelização. Nutricionalmente, paciente apresenta-se sem nenhum déficit nutricional
além do apetite que foi recuperado. Conclusão: Com a ação multiprofissional no tratamento da lesão, observou-se a
recuperação total da função sensitiva e motora do membro inferior direito, bem como do tecido celular subcutâneo,
epiderme e derme, sendo portanto, desnecessário o implante de pele no local.
Palavras-chave: Reabilitação funcional; Coberturas especiais; Arginina; Nutrição imunomoduladora.
NOTA
1
Fisioterapeuta, Especialista em Ortopedia, traumatologia e desportiva e Instrutora de Pilates. Avançado. [email protected]
2
Médico Clínico Geral, Pós-Graduada em doenças da pele. [email protected]
Enf. Especialista em UTI neo e Pediátrica; Graduanda do curso de Esp. Gestão do trabalho e Educação na Saúde e Graduanda o curso de Esp. Enfermagem em Home Care.
[email protected]
3
4
Nutricionista, Especialista em Nutrição Clínica e Ambulatorial. [email protected]
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79
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Construção do fluxo dos usuários do programa assistencia
à pacientes portadores de feridas e sua utilidade no
planejamento da emad (equipe multiprofissional de
atendimento domiciliar)
Deyvidy Albuquerque de Oliveira1 • Christielle da Silva Montenegro2 • Alcineia Pereira Lira Camurça3 •
Raisa de Paula Oliveira4
Objetivo: Montar o fluxograma por onde os usuários do Programa de Pacientes Portadores de Feridas percorrem para
uso no Planejamento da EMAD e das Unidades de Saúde. Método: Construção em conjunto com a Coordenadora da
EMAD (Equipe Multiprofissional de Atendimento Domiciliar), Christielle Montenegro, do Fluxo. Resultados: Foram
identificadas as portas de entrada do usuário no programa e atores, instituições e profissionais, envolvidos, abrindo
caminho para uso no Planejamento da EMAD. Conclusão: A importância de se conhecer os processos envolvidos no
percurso por onde o usuário percorre influencia em tomadas de decisões de todos os atores envolvidos no serviço
prestado. Conhecer o Fluxo por onde o usuário portador de feridas percorre no serviço é uma ferramenta para a
utilização do PES (Planejamento Estratégico Situacional) bem como conhecer os vértices do Triângulo de Governo
em cada etapa por onde o usuário percorre e trabalhar em cima de resultados que se pretende alcançar, prever
problemas que possam vim a surgir e resolver problemas já existentes.
NOTA
1
Estudante do curso de Bacharel em Saúde Coletiva. [email protected]
Enf. Especialista em UTI neo e Pediatria; Graduanda do curso de Esp. Gestão do Trabalho e Educação na Saúde e Graduanda do curso de Esp. Enfermagem Home Care.
[email protected]
2
3
Estudante do curso de Bacharel em Saúde Coletiva. [email protected]
4
Estudante do curso de Bacharel em Saúde Coletiva. [email protected]
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79
79
80
I Simpósio Acreano de Feridas
Liga acadêmica de assistência a pacientes portadores de
lesões
Yara de Moura Magalhães1 • Suellen Cristina Enes Valentim da Silva2 • Thaisa Castello Branco Danzicourt3 •
Eline Messias4 • Barbara Teles Cameli5
Introdução: Diferentemente de boa parte das alterações de pele, as lesões tem sido alvo de grande preocupação
para os serviços de saúde, pois sua ocorrência causa impacto tanto para os pacientes e seus familiares, quanto para
o próprio sistema de saúde, com o prolongamento de internações, riscos de infecções e outros agravos evitáveis.
O tratamento de lesões é um processo complexo e desafiador, envolvendo uma equipe multiprofissional, como
clínicos, nutricionistas, fisioterapeutas, enfermeiras especializadas, entre outros, tornando-se essencial para o
adequado tratamento dos pacientes. Objetivo: Oferecer aos portadores de feridas (residentes na cidade de Rio
Branco, Acre), ações educativas, preventivas e curativas nas áreas de enfermagem e nutrição. Metodologia: As
atividades desenvolvidas ocorrerão através do vinculo da Equipe Multiprofissional de Atenção Domiciliar com a
Universidade Federal do Acre que realizará uma seleção de acadêmicos para compor a equipe da Liga Acadêmica,
juntamente com os docentes. Resultados: Como liga acadêmica, serão desenvolvidas atividades de cunho prático
e teórico. As atividades teóricas consistem na realização de reunião para estudo de casos, discussão de artigos,
planejamento de atividades, exposição de aulas sobre os temas e outros, já as atividades práticas serão realizadas com
o acompanhamento dos acadêmicos a equipe do EMAD. Nesse primeiro momento, serão selecionados acadêmicos
do curso de nutrição, que iniciarão a vivência, aprendendo na prática sobre lesões, terapia nutricional, cuidados
domiciliares, etc. Todas as atividades seguindo o protocolo de atendimento já existente no EMAD, que consiste na
primeira avaliação, seguida pela realização do curativo em domicílio e a oferta da terapia nutricional na atenção
domiciliar. Os acadêmicos irão acrescentar a equipe com cuidados teóricos como a orientação familiar quanto à
higiene, entrega de plano alimentar individualizado, cálculo da estimativa de necessidade energética, entre outros.
Estando estabelecida essa primeira fase, a liga se expandirá para os demais cursos, como enfermagem, psicologia,
medicina, entre outros. Conclusão: Almeja-se promover através do ensino, pesquisa e extensão a aproximação
da academia ao ambiente familiar desses pacientes, atingindo também a comunidade. Intervindo com ações de
conscientização, prevenção e recuperação da saúde, contribuindo para a qualidade de vida e capacidade funcional
do paciente. Com as visitas domiciliares, esperamos realizar um levantamento de dados epidemiológicos para que
possamos em longo prazo estabelecer um perfil da incidência e prevalência de pacientes acometidos com lesões
na cidade de Rio Branco.
Palavras-chave: Liga Acadêmica; Portadores de Feridas; Equipe Multiprofissional.
NOTA
1
Universidade Federal do Acre. [email protected]
2
Universidade Federal do Acre. [email protected]
3
Universidade Federal do Acre. [email protected]
4
Prof. Esp. Centro de Ciências da Saúde e do Desporto da Universidade Federal do Acre. [email protected]
5
Prof. Esp. Centro de Ciências da Saúde e do Desporto da Universidade Federal do Acre. [email protected]
REVISTA ENFERMAGEM ATUAL | 2016; 79
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