1 MOHANDAS KARAMCHAND GANDHI Diana L. Eck1 O livro de Eck, que neste ensaio comentamos, é dedicado a Gandhi e seu envolvimento com Jesus e o cristianismo. Durante sua vida Gandhi manteve um diálogo longo e incessante com os missionários e adeptos cristãos. Como hindu fiel à sua crença, não estava disposto a aceitar o dogma cristão. Em Jesus, porém ele reconheceu e reverenciou um dos grandes profetas da não-violência. Sua crítica ao cristianismo contemporâneo era a incapacidade da maioria dos cristãos em dar corpo à radical prática de Jesus. O livro é a reunião de reflexões ponderadas de vários estudiosos de Gandhi. Enfatiza as contribuições do Mahatma para o diálogo ecumênico, para a reforma autocrítica da missão cristã e para uma imitação mais fiel de Jesus. PERSPECTIVAS DE GANDHI PARA UM MUNDO DE DIFERENÇAS RELIGIOSAS “Ahimsa, satya, asteya... ‘Não-violência, verdade, não roubar’... ” Gandhi explicou que a não- violência não é simplesmente abster-se de causar danos, mas ter uma motivação positiva para o amor; que a verdade não é posse exclusiva de um grupo de pessoas mas uma dádiva e um objetivo; e que não-roubar não é simplesmente abster-se de pegar o alheio mas abster-se de pegar e usar mais que o necessário. O enunciar essas virtudes é como o mantra- semente do pensamento de Gandhi. Também numa recitação está “sarvadharma samanatva, “ter igual abertura mental para todas as religiões” ou respeito por todas as tradições religiosas. O comunalismo2 sikh, hindu e mulçumano que abalou e derrubou governos nos anos 80, não é fenômeno novo, Gandhi debateu-se com ele opor todo o território indiano nas décadas de 20, 30 e 40, aliás, uma luta de aproximadamente mil anos. Para Gandhi comunalista “é quem tem um espírito de sacrifício limitado à sua própria comunidade e não o estende mais além de sua coletividade imediata.”. Os realistas políticos costumam dizer que Gandhi tinha idéias e ideais ingênuos na real politik da Índia contemporânea, o que não deixa de ser uma afirmação cínica, uma vez que hoje a real politik não é menos coercitiva e convincente. Ele não ficou sonhando com seus ideais. Insistia num padrão mais elevado de relação e conduta humanas. O pensamento de Gandhi tem especial relevância para o desafio do diálogo inter-religioso atual, não no diálogo intelectual de idéias ou teologias. A visão de Gandhi emerge da ação e do envolvimento num mundo onde tanto seus parceiros como adversários eram hindus, muçulmanos, cristãos, judeus, sikhs, parsis 1 - Diana L. Eck é professora de Religião Comparada e Estudos Indianos na Universidade de Harvard, onde ministrou cursos sobre a filosofia de Gandhi. Atualmente servindo como moderadora e presidente do Grupo de Trabalho para o Diálogo entre as pessoas e Fé Viva. 2 - Comunalismo sistema ou princípio segundo o qual as comunas e outras entidades políticoadministrativas exerciam o poder legislativo permitido pelo governo central. 2 e jainistas.3 O diálogo de Gandhi era com as pessoas e não com as suas doutrinas. Sobre o transcendente Gandhi dizia: ele transcende. Transcende a toda e qualquer alegação feita a seu respeito. DIRETRIZES DE GANDHI PARA O DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO Anekantavada: As muitas faces da Verdade. Gandhi se preocupava com a verdade. Usa, em seus textos em inglês a palavra iniciada com letra maiúscula. Na tradição hindu o termo é “Sat” “verdade, realidade, ser”, que abrange os significados que são simbolizados, no Ocidente, pela palavra Deus. Dizia: “A Verdade é Deus... A Verdade tem muitas faces... A Verdade ou se preferirem Deus sempre excede nosso entendimento, vai além dele”. Literalmente a palavra quer dizer: “nenhuma visão deve ser exclusivamente considerada em si”. Como expressa o Brihadaranyaka Upanixade o ensinamento supremo sobre o Real é “Neti, neti... Isso não, isso não”. São três as palavras para descrever Brahman, sat,verdade, chid, consciência e ananda, estado de graça. Para Gandhi “um indicador de que a pessoa está perdendo o contato com a Verdade é a sua alegação de que o grupo a que pertence é o único que pode fazer declarações sobre a Verdade”. Os hindus falam de Brahman, daquilo diante do qual “a mente e a fala silenciam”. “TODAS AS RELIGIÕES SÃO VERDADEIRAS” “Acredito em sarvadharmasamanwatva - ter igual respeito por todas as religiões e credos”. 4 Gandhi, às vezes, colocava suas idéias de maneira a provocar: “As religiões são como galhos de uma mesma árvore, como as flores de um só jardim, como irmãos de uma só família. Ao largo da estrada das diferentes tradições religiosas, a humanidade trafega rumo a um destino comum. Por que nós deveríamos todos percorrer uma só e a mesma estrada? Não convergem todas elas no destino final?” Uma consideração equânime por todas as religiões não quer dizer, sincretismo. Gandhi era contra qualquer fusão de religiões. Não pode haver respeito pelo outro onde houver esperança de fusão com esse outro ou a eliminação de sua distintividade. 3 -Jainismo - uma das seitas filosóficas da Índia antiga, (séc. V a.C.) Fundada por Mahavira, o Jina, que significa “o vitorioso”. Admite uma pluralidade de realidades ou substâncias divididas em dois grupos antagônicos: as substâncias vivas e as materiais. Parsis-adeptos da religião de Zoroastro. Religião dualista dos antigos persas. Diziam ter uma solução para o problema do mal. Sikks, seguidores do siquismo, uma das quatro grandes religiões da índia que nasceu da tentativa de sincretismo de aspectos do hinduismo e do islamismo. 4 - GANDHI, M.K. All religions are true.Bombain: Bharatiya Vidya Bhavan, 1962, p. 25. 3 Gandhi era contra interpretação literal das escrituras de todas as religiões. Respeitava todos e ensinava que os escritos sagrados das outras crenças tinham significado para seus adeptos e ao descobrir isto se descobria também que tinham significado para eles, hindus. TODAS AS RELIGIÕES SÃO IMPERFEITAS “Todo tipo de fé constitue uma revelação da Verdade, mas todos são imperfeitos e sujeitos a erro. A reverência por outros credos não precisa nos tornar cegos quanto a essas imperfeições”.5 As religiões não são reveladas de uma só vez por Deus. São respostas humanas a reflexos de Deus, são criações do homem com a presença da inevitável imperfeição humana. A asserção da total superioridade de uma religião sobre outra não suportará a investigação feita pela história e pela razão. A busca da Verdade acaba por mostrar a escuridão de todas as tradições religiosas. Ao buscar a Verdade pelo diálogo, deve-se ter a honestidade de não comparar o que é belo na nossa tradição com o que é mais sombrio nas outras tradições, dizia sabiamente Gandhi. “EXPERIMENTOS” COM A VERDADE Para Gandhi, Verdade não é dogma ou princípio passível de negociação, mas a meta que se busca. A verdade é experimental, não teórica. A carreira política de Gandhi baseava na tentativa de tornar os ideais políticos e religiosos dos hindus na realidade de suas existências diárias. 6 É mais fácil, argumentava para muitos defender e divulgar sua religião do que pô-la em prática na sua vida diária. Gandhi lembra que no diálogo inter-religioso, atualmente, as pessoas não levam só as coisas em que acreditam, mas também aquilo que são. O diálogo não pode ser somente de idéias apegadas teoricamente, mas postas em prática, diariamente, na vida de cada um. Dizia Gandhi: “Estou certo, que Deus irá de nós perguntar, não como nos rotulamos, mas o que somos, ou seja, o que fazemos. Com ele, o ato é tudo, crença sem atos é nada”. 7 AHIMSA COMO O CAMINHO DA VERDADE “A Verdade é a minha religião e Ahimsa é o único caminho para a sua realização”. 8 Assim se todas as religiões são caminhos para a Verdade todas elas são boas? São indagações que se fazem às idéias com esse teor, mas Gandhi não era em 5 - GANDHI, M. K. All religions are true. Bombaim: Bharatiya Vidya Bhavan, 1962, p. 2. - GANDHI não se opunha apenas à intocabilidade, mas fazia os serviços mais humildes em sua casa e adotou uma criança intocável. 7 - GANDHI, M. K. All religions are true. Bombaim: Bharatiya Vidya Bhavan, 1962, p. 59. 8 - Idem, p. 233. 6 4 absoluto um relativista moral. Ter abertura para todas as religiões não significava para ele abdicar do próprio julgamento e jogar fora os critérios de julgamento. O indicador é a ahimsa, a não violência, somente através dela a Verdade pode ser conhecida. Gandhi fala da “arte de morrer sem matar em defesa daquilo que nos é caro”. A Verdade é incompatível com a violência. Violência não é só matar, violência é coagir, difamar, abusar do poder etc. Uma regra importante para Gandhi, quando se estuda uma religião é estudá-la através de escritos dos seus partidários mais famosos. Estudá-las, não só em escritos críticos de quem as odeia, mas também em escritos de quem as ama. Nenhuma tradição fala por uma só voz. O próprio processo de diálogo é multivocal. ESTUDO AMISTOSO DAS RELIGIÕES MUNDIAIS Gandhi escreveu: “Considero um dever de todo homem e toda mulher instruídos a leitura simpática das escrituras do mundo, para podermos respeitá-las da mesma maneira como gostaríamos de termos respeitados a nossa” (Young Indian, 1926). UM ENTENDIMENTO MAIS PROFUNDO E NOSSA FÉ “O cultivo da tolerância pela fé dos outros irá nos proporcionar um entendimento mais verdadeiro da nossa própria vida”. 9 Gandhi disse “Que ninguém alimente, nem por um instante, o receio de que o estudo reverente de outras religiões tenha possibilidade de enfraquecer ou abalar a própria fé na sua”.10 Sobre Jesus: “Direi aos hindus que suas vidas serão incompletas a menos que estudem com reverência os ensinamentos de Jesus. Por minha própria experiência cheguei à conclusão que, seja qual for a fé à que pertençam, estudarem reverentemente os ensinamentos de outros credos, ampliam, em vez de estreitarem o seu coração”. 11 A CONVERSÃO REAL “Minha oração constante, portanto, é que o cristão e o mulçumano sejam melhores cristão e mulçumano. Para mim, essa é a verdadeira conversão”.12 Gandhi era contra as conversões. Para ele a conversão é um processo dos sentimentos que só Deus conhece e efetiva. “Seria o auge da intolerância- e intolerância é uma espécie de violência- acreditar que sua religião é superior à dos outros”, dizia ele. O objetivo de satyagraha é converter o inimigo em amigo e não de derrotá-lo. O estilo Gandhi é de abertura às mudanças, no sentido de converter a uma verdade mais profunda, percebida por ambos os lados. 9 -GANDHI, M. K. All religions are true. Bombaim: Bharatyia Vidya Bhavan, 1962, p. 3. - Idem, p. 4. 11 - Ibidem, p. 51. 12 -All religions are true, p. 51, 234. 10 5 RELIGIÃO: “AQUILO QUE LIGA” Gandhi escreveu: “As religiões não são para separar as pessoas umas das outras; sua finalidade é aproximá-las”. A liderança de Gandhi está profundamente ligada à inclusão. Dizia: “A minha religião não é prisão domiciliar”. Prisão provocada pelo exclusivismo da mentalidade religiosa, espiritualmente inaceitável e inviável para a Índia. Não tirava a razão de quem priorizava a sua própria família. Mas entendia e expandia aquilo que queria dizer com o termo “família” para incluir toda a humanidade. SEU AMIGO, MOHANDAS KARAMCHAND Estas palavras resumem o que era a diretriz para o diálogo inter-religioso no pensamento de Gandhi. Todo encontro envolve pessoas. A compreensão entre elas é confiança mútua. Todos têm uma parcela de responsabilidade no aprofundamento do diálogo capaz de retificar o entendimento mútuo e levar à mútua “conversão”. 13 A CRISTOLOGIA DE GANDHI A cristologia de Gandhi pode ser vista sob dois aspectos: como descrição e como prescrição. 14 No aspecto descritivo toma a forma de culto e dogma, secundário com relação ao prescritivo que consiste na imitação de Cristo, na identificação moral com ele. Para Gandhi Jesus era um satyagrahi ideal. A cristologia de Gandhi está no conceito cristão de servir ao semelhante, que foi o princípio orientador de sua vida. Como assinala James Douglas: “Quando Deus é buscado como verdade, Deus atrai os buscadores para uma comunidade cada vez maior em torno do amor. O modo concreto como Gandhi sofreu em nome dessa comunidade de buscadores é o ponto no qual seus experimentos coincidem de modo quase perfeito com a vida e a morte de Cristo.” Gandhi para este autor é um exemplo eminente do que Karl Rahner chamou de “cristão anônimo”, em relação ao amor e ao auto-sacrifício. Jesus não influiu menos na vida de Gandhi por causa de ser avaliado por este como um dos muitos filhos concebidos por Deus. Para Gandhi Jesus era “tão divino quanto Krishna, Rama, Maomé ou Zoroastro”. Tinha a sua própria teoria a respeito de Jesus “dizer que ele era perfeito é negar a superioridade de Deus”. (comentar resumidamente a pág. 194). Gandhi acreditava no pluralismo das religiões como reflexos da vontade de Deus de salvar todos os homens. Desconfiava dos dogmas, acreditava na igualdade essencial das religiões. 13 - Conversão no significado gandhiano é trabalho de Deus no que tange à conversão de coração. Deus antecede o missionário que chega ao mais remoto canto da Terra. 14 - Estudo feito com base no texto de Ignatius Jesudasan, S. J. um jesuita indiano, doutor pela Universidade Marquete, extraído do seu livro A gandhian Theology of Liberation(Orbis Books, 1984). 6 Ele dizia “Rebelo-me contra o cristianismo ortodoxo, pois estou convencido de que distorceu a mensagem de Jesus. Ele foi um asiático cuja mensagem foi transmitida através de muitos meios de comunicação, e quando teve o endosso do imperador romano tornou-se a fé imperialista que continua sendo até os dias de hoje”. 15 Para Gandhi a universalidade da mensagem de Jesus era devida ao poder da sua morte. A cruz era para o Mahatma um poderoso sermão proclamando “que as nações, como as pessoas poderiam ser constituídas através da agonia na cruz e de nenhuma outra maneira” 16. A ortopraxia era mais importante, poderosa e legitimamente, mais autoritária. Gandhi não nega a autodescoberta divina na pessoa de Jesus. O que nega é a imputação dessa exclusividade da autodescoberta para Jesus A ortopraxis é a cristologia de Gandhi, segundo Jesudasan. DE GANDHI A CRISTO: DEUS COMO AMOR QUE SOFRE17 Gandhi rejeitou o cristianismo em nome de Jesus. Ele entendia e reverenciava Cristo como católico e não conseguia reconciliar o significado universal que via nele com a fé imperialista que encontrou no cristianismo. Ao rejeitar o cristianismo de circunstância do Ocidente também rejeitava a igreja e as doutrinas a ela associadas. Para ele Jesus não era o único Filho de Deus. Esta doutrina, apresentada por amigos que o queriam convertido, lhe parecia exclusivista demais, segundo Douglas. Para Gandhi Jesus não pregou uma nova religião, mas uma nova vida. Disse Gandhi “Viver Cristo é viver a cruz; sem esta a vida é uma morte viva”. A lógica da não-violência é a lógica da crucifixão e leva a pessoa da nãoviolência ao coração do Cristo, o Servo Sofredor de Deus, o ebed Iahweh. A verdade revelada em ebed Iahweh é que a salvação vem através do sofrimento. NÃO-VIOLÊNCIA E REDENÇÃO Para o adepto a dinâmica interna da redenção também pode ser entendida em termos da não-violência. O propósito da não-violência é comover os seres humanos pelo amor que sofre para que reconheçam sua humanidade comum, o propósito da cruz é, da mesma forma, comover os humanos a fim de que possam reconhecer todos os homens em Cristo. 15 -Colleted Works Of Mahatma Gandhi. Nova Delhi: Divisão de Publicações do Ministério de Informação e Divulgação, Governo da Índia, Harijan, 1936, p. 388. 16 -GANDHI, m. k. The message of Jesus, Bombaim:Baratyia Vydia Bhavan, 1963, p. 68. 17 -Comentários a partir do texto de James W. Douglas, escritor e ativista em campanhas para a paz. In DOUGLAS, J. W. The non-violent Cross: A Theology of Revolution and Peace. New York: Macmillan, 1968, p.207-240. 7 CONCLUSÃO A leitura dos escritos de Gandhi e sobre Gandhi, convence as mentes desarmadas de que os hindus são tementes de Deus e têm a sua própria fé. Entendo que tentar uma “conversão” no sentido de mudança de religião é realmente atentar contra este povo. O papel do missionário deve ser mesmo aquele desempenhado por Bob McCahill, sacerdote em Maryknoll, há dezesseis anos, em Bangladesh que escreveu “atos de amor e presença respeitosa são os presentes mais valiosos que lhes posso oferecer”. A vida de Gandhi e seus ensinamentos renovaram a devoção à fé no cristianismo e reforçou os sentimentos de amizade do missionário McCahill e de outros missionários, pelos fiéis de outras tradições religiosas. A missão de evangelizar diante da grandeza do Mahatma mostra que é preciso buscar uma nova maneira de dar testemunho diante de mulçumanos e hindus. A grande maioria tem grande orgulho em ser mulçumano ou hindu. Segundo MacCahill, em geral os missionários cristãos são respeitados por eles e eles por sua vez também os respeitam. Há hoje uma visão crítica da conversão. A necessidade de respeito entre as religiões é monumental. O remédio mais eficaz para tirar a visão negativa dos hindus e mulçumanos a respeito da fé cristã é segundo este missionário “abandonar antes de tudo a idéia de que seu propósito missionário seja a conversão”. A intenção de realizar conversões em Bangladesh visando adeptos de outras denominações cristãs também precisa ser excluída, segundo o mesmo missionário católico. Como Gandhi eu acredito que há um só Deus e muitos caminhos para se chegar a Ele. “Deus é maior que o nosso coração” (1 João 3,20). BIBLIOGRAFIA ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2003. KÖNIG, Franz Cardeal; WANDENFELS, Petrópolis:Vozes, 1995. Hans. Léxico das Religiões SHERER, Burkhard (org.). As Grandes Religiões. Petrópolis: Vozes, 2005. TRAUT-BRUNNER, Emma. Os fundadores das grandes religiões. Petrópolis: Vozes, 1999.