ïyCORTcS - Fórum Social Mundial

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FÓRUM SOCIAL MUNDIAL
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0 POPULAR-GOIÂNIA
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2 9 /0 1 /2 0 0 3
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OPINIÃO
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O forum sodal,
Gandhi e a paz
m Porto Alegre, encerrou-se ontem,
o 3° Fórum Sodal Mundial, deixan-.
do uma liçâo impressionante de que
a humanidade é capaz de se reunir como
sodedade dvil, de forma pacata e profun­
da. Neste encerramento de vm fórum que
dedicou o melhor de suas forças à cons­
trução da paz, a figura mais recoidada é a
do Mahatma Gandhi, assassinado no 30
de janeiro de 1948, por sua luta nâo vio­ M ARCELO BARROS
lenta para tomar a mdia independente e
pelo diálogo entre as religiões e as cultu­
ras. Hoje a índia é um Estado independente, mas seu povo conti­
nua sofrendo a chaga de uma terrível desigualdade sodal, uma
imensa devastação ecológica e im\a taxa de poluição das maiores
do planeta. O 3° Fórum Social Mundial se encerrou com o compro­
misso de cada partidpante sentir-se continuando o caminho de
Gandhi tu construção da paz e da justiça.
Para que a herança de Gandhi à humanidade possa ser eficaz, va­
le a pena recordarmos as motivações mais profundas de sua vida e
obra. Mohandas K. Gandhi nasceu na índia em 1869 e, desde cedo,
dedicou-se a hitar contra todo tipo de dominação, racismo e violência.
Durante a sua vida, o mundo atravessou duas guerras mundiais. Ele
vivia em um país dominado pelo colonialismo inglês e pelo radsmo
que até
divide o povo em castas religiosamente separadas, e justi­
fica a miséria como se fosse culpa de Deus, que teiia criado as pessoas
diferentes umas das outras. Gandhi sentia-se trartstomado ao ver a
miséria de seus semelhantes. Decidiu ocBisagiar sua vida a serviço da
independência do seii povo e da convivência padfica de todas as reli­
giões e culturas. Para isso estudou sânscrito, persa, árabe, latim, inglês
e francês. Formou-se como advcœado e d e f ^ e u o direito dos negros
na Àftica do Sul e dos párias na tadia. EHzia; "A sabedoria só deve ter
um fim: melhorar o ser humano".
Q e pn^punha im i caminho espiritual baseado em duas atitudes
interiores; a satyagraha e a ahimsa. A primeira é o compromisso do
crente com à v e ^ d e . Na prática é a "desobediência dvil". Se uma la
é iiqusta não se deve obedecê-la. G>mo iazer isso? Pela ahimsa: a nãoviolênda ativa. Só se pode dizer que é espiritual quando se extingue
de si mesmo toda a violênda. Não só a violência ^ c a mas também a
violência veibal, mental e emodonal; libertar-se do próprio egoísmo,
da avareza e das paixões. É incrível como, mesmo nos ambientes mais
libertários e considerados espirituais, ainda nos permitimos a convi­
ver com a violência que está dentro de nós e ao nosso lado.
O modo como Gandhi realizava este caminho era prindpalmaite a
oração. Ele dizia: "Orar é a respiração do espnito". Para orai os hindus
exigem a quietude. O Mahatma t i t ^ um temperamento inquieto e nâo
conseguia ficar imóvel. Quando tentava, o braço coçava, o cotovelo
doía, a barriga ipncava. Depois de muito tentai; descobriu "a roca do
calmo pensar", tomava um tear e enquanto teda, entrava na lespiração
consdente, repetia a mantra (invocação a Deus) e orava. Em português,
podemos saborear "Aroca e o calmo pensar'' (Ed. Palas Athena, 1991).
Muitas vezes, como tanta gente do seu povo, fazia peregrinações.
Ainda com 77 anos, percorreu a pé e descalço, muitos vüarejos de
Bengala, Bihar e Punjab, pedindo a tmião entre hindus e muçulma­
nos. Para trabalhar por essa unidade, ele deddiu habitar em um baiiv
ro dos muçulmanos em Delhi Ali, foi assassinado por um fundamentalista da sua própria religião que não concordava com o seu ecume­
nismo e o considerava traidor do hinduísmo. A tíltima palavra do
Mahatinafcn: "HeHama!". "ÓDeus!"
F a z ^ o a memória desse pnifeta da não violênda, convido você
a intKrar em sua busca de Deus, o amor à verdade e a busca da paz.
GaruDÍi dizia: "Lembre-se das pessoas mais pobres que vooê conhece,
dos seres que você já viu mais abandonados. Pergunte se 0 ato que
vooê planga ou o seu modo de viver é de algum modo pn>veitoso pa­
ra essas pessoas. Se foi; abavés destes atos, você eruxnttrârá a Deus".
E
c.
...
MARCELO B M U m é monge beneditino
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