Este documento faz parte do Repositório Institucional do Fórum Social Mundial Memória FSM memoriafsm.org r ï yCORTcS / Cliente FÓRUM SOCIAL MUNDIAL Veículo 0 POPULAR-GOIÂNIA Data 2 9 /0 1 /2 0 0 3 Seçõo OPINIÃO Página Rua Tiaipu,547 - CEP 01235 000 - Sõo Paulo - SP - Fone/Fox: (11 )3667 7532 - 3667 1843 - 3667 4208 - 3826 3713 - 3826 1048 O forum sodal, Gandhi e a paz m Porto Alegre, encerrou-se ontem, o 3° Fórum Sodal Mundial, deixan-. do uma liçâo impressionante de que a humanidade é capaz de se reunir como sodedade dvil, de forma pacata e profun­ da. Neste encerramento de vm fórum que dedicou o melhor de suas forças à cons­ trução da paz, a figura mais recoidada é a do Mahatma Gandhi, assassinado no 30 de janeiro de 1948, por sua luta nâo vio­ M ARCELO BARROS lenta para tomar a mdia independente e pelo diálogo entre as religiões e as cultu­ ras. Hoje a índia é um Estado independente, mas seu povo conti­ nua sofrendo a chaga de uma terrível desigualdade sodal, uma imensa devastação ecológica e im\a taxa de poluição das maiores do planeta. O 3° Fórum Social Mundial se encerrou com o compro­ misso de cada partidpante sentir-se continuando o caminho de Gandhi tu construção da paz e da justiça. Para que a herança de Gandhi à humanidade possa ser eficaz, va­ le a pena recordarmos as motivações mais profundas de sua vida e obra. Mohandas K. Gandhi nasceu na índia em 1869 e, desde cedo, dedicou-se a hitar contra todo tipo de dominação, racismo e violência. Durante a sua vida, o mundo atravessou duas guerras mundiais. Ele vivia em um país dominado pelo colonialismo inglês e pelo radsmo que até divide o povo em castas religiosamente separadas, e justi­ fica a miséria como se fosse culpa de Deus, que teiia criado as pessoas diferentes umas das outras. Gandhi sentia-se trartstomado ao ver a miséria de seus semelhantes. Decidiu ocBisagiar sua vida a serviço da independência do seii povo e da convivência padfica de todas as reli­ giões e culturas. Para isso estudou sânscrito, persa, árabe, latim, inglês e francês. Formou-se como advcœado e d e f ^ e u o direito dos negros na Àftica do Sul e dos párias na tadia. EHzia; "A sabedoria só deve ter um fim: melhorar o ser humano". Q e pn^punha im i caminho espiritual baseado em duas atitudes interiores; a satyagraha e a ahimsa. A primeira é o compromisso do crente com à v e ^ d e . Na prática é a "desobediência dvil". Se uma la é iiqusta não se deve obedecê-la. G>mo iazer isso? Pela ahimsa: a nãoviolênda ativa. Só se pode dizer que é espiritual quando se extingue de si mesmo toda a violênda. Não só a violência ^ c a mas também a violência veibal, mental e emodonal; libertar-se do próprio egoísmo, da avareza e das paixões. É incrível como, mesmo nos ambientes mais libertários e considerados espirituais, ainda nos permitimos a convi­ ver com a violência que está dentro de nós e ao nosso lado. O modo como Gandhi realizava este caminho era prindpalmaite a oração. Ele dizia: "Orar é a respiração do espnito". Para orai os hindus exigem a quietude. O Mahatma t i t ^ um temperamento inquieto e nâo conseguia ficar imóvel. Quando tentava, o braço coçava, o cotovelo doía, a barriga ipncava. Depois de muito tentai; descobriu "a roca do calmo pensar", tomava um tear e enquanto teda, entrava na lespiração consdente, repetia a mantra (invocação a Deus) e orava. Em português, podemos saborear "Aroca e o calmo pensar'' (Ed. Palas Athena, 1991). Muitas vezes, como tanta gente do seu povo, fazia peregrinações. Ainda com 77 anos, percorreu a pé e descalço, muitos vüarejos de Bengala, Bihar e Punjab, pedindo a tmião entre hindus e muçulma­ nos. Para trabalhar por essa unidade, ele deddiu habitar em um baiiv ro dos muçulmanos em Delhi Ali, foi assassinado por um fundamentalista da sua própria religião que não concordava com o seu ecume­ nismo e o considerava traidor do hinduísmo. A tíltima palavra do Mahatinafcn: "HeHama!". "ÓDeus!" F a z ^ o a memória desse pnifeta da não violênda, convido você a intKrar em sua busca de Deus, o amor à verdade e a busca da paz. GaruDÍi dizia: "Lembre-se das pessoas mais pobres que vooê conhece, dos seres que você já viu mais abandonados. Pergunte se 0 ato que vooê planga ou o seu modo de viver é de algum modo pn>veitoso pa­ ra essas pessoas. Se foi; abavés destes atos, você eruxnttrârá a Deus". E c. ... MARCELO B M U m é monge beneditino