impactos ambientais nas cidades de rorainópolis e mucajaí no

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IMPACTOS AMBIENTAIS NAS CIDADES DE RORAINÓPOLIS E
MUCAJAÍ NO ESTADO DE RORAIMA- (RR)
Samantha Ferreira Lira Pinto
Graduanda em Geografia pela UEA. Bolsista FAPEAM - PAIC. Membro do Núcleo de
Estudos e Pesquisas nas Cidades da Amazônia Brasileira- NEPECAB-UFAM.
[email protected]
Deivison Carvalho Molinari
Professor Mestre da Universidade Federal do Amazonas Professor Assistente I
DEGEO/UFAM – Doutorando em Geografia Física pela USP.
[email protected]
Palavras-chave: impactos, Roraima, lixo, Amazônia, BR-174.
RESUMO
Este artigo apresenta a análise dos impactos ocorridos nos núcleos urbanos de
Rorainópolis e Mucajaí, que fazem parte do Estado de Roraima. Com a mudança da
estratégia do governo federal em relação à Amazônia, principalmente durante o governo
militar (1964 – 1985), época do “integrar para não entregar”, se buscou uma maior relação
entre a Amazônia e as demais regiões do país. Neste contexto na década de 60 do século
XX, foi criada a Zona Franca de Manaus (ZFM), que tinha como objetivo aumentar o fluxo
de capital na fronteira norte do país. É nesta época mais precisamente na década de 70 é
construída a BR-174, que interliga Manaus (AM) a Boa Vista (RR) e conseqüentemente
originaram diversos núcleos urbanos, margeando a rodovia, significando assim, uma mudança
no modelo genético das cidades amazônicas de ribeirinho para rodoviário. Neste trabalho
buscou-se identificar os impactos ambientais relacionados ao nível de arborização,
saneamento básico, canais urbanos e deposição de lixo nas cidades de Rorainópolis e
Mucajaí, ambas em Roraima.
Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3
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INRODUÇÃO
A maioria das cidades na Amazônia, surgiu em meados século XVII e XVIII, às
margens dos rios, em decorrência de missões religiosas ou de instalações militares (fortes), as
quais exerceram influencia sobre os pequenos aglomerados indígenas e/ou caboclo-ribeirinhos
adjacentes, propiciando a formação de pequenos vilarejos. Na década de 70 do século XX,
na vigência dos governos militares, começaram a ser construídas rodovias de integração entre
os estados da região, com o restante do país e com outros países da Panamazonia.
Dentre todas essas estradas a BR-174, que liga Manaus a Boa Vista (RR), foi a
ultima a ser inaugurada, devido aos diversos entraves, dentre os quais se destaca o conflito
com a comunidade indígena Waimiri-Atroari, residente no local do traçado, culminando com
dezenas de mortes. No entanto, após todos esses contratempos, a estrada foi inaugurada em
06 de abril de 1977 pelo vice-presidente da República, General Adalberto Pereira dos
Santos, reafirmando - se como forma de integração entre os estados e proporcionando mais
um meio para os produtos da Zona Franca de Manaus chegaram à Venezuela.
Roraima sendo um estado relativamente novo tornou-se reconhecido devido a sua
localização, pois, faz fronteira com os países caribenhos. Sua economia proporcional ao
estado, com força na atividade da pecuária e na extração de madeiras, o que não significa
estabilidade, visto que, os impactos ambientais são em grande proporção. O Estado
estabeleceu um forte contato com Manaus, proporcionando crescimento, pela BR-174, que
possui 970 quilômetros de extensão, sendo aproximadamente 750 quilômetros entre Manaus
e Boa Vista, destes 125 quilômetros situa-se terras da etnia indígena Waimiri-Atroari e mais
220 ate a fronteira com a Venezuela. Diversos impactos ocorreram durante e depois da
construção da estrada, dentre os quais se destacam ao meio sócio-ambiental, com os índios,
e ao desmatamento da floresta Amazônica que foi suprimida em 634 km.
A maioria dos núcleos urbanos surgiram por projetos na estradas e por iniciativas do
governo federal, principalmente durante o governo militar com sua estratégia de defesa da
Amazônia como uma fronteira urbana na floresta (BECKER, 1998). Diante desse contexto o
objetivo geral é analisar os impactos ambientais nos núcleos urbanos de Rorainópolis e
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Mucajaí do Estado de Roraima e específicos sendo: constatar a arborização nos núcleos
urbanos; identificar a existência de saneamento básico; caracterizar os canais urbanos;
mostrar a existência de lixões da cidade.
Os procedimentos metodológicos pautaram-se em trabalho de campo, no qual se
registrou dados e informações acerca dos impactos observados. Realizou-se registro
fotográfico e observação participante fotografia, acompanhada da localização por meio de
GPS e análise de imagens de satélite.
ÁREA DE ESTUDO
O município de Rorainópolis limita-se ao norte com o município de Caracaraí; ao sul
com Estado do Amazonas; a leste com São Luiz e São João da Baliza e oeste o município de
Caracaraí. Surge de um assentamento no sul de Roraima, origina-se basicamente de uma base
do INCRA, no lugar onde se instalou o Projeto de Assentamento Anauá. Foi criado pela Lei
nº 100, de 17 de outubro de 1995 e está localizado na região sul do Estado. A sede
municipal dista 291 km de Boa Vista, pela rodovia BR-174. É a porta de ligação do Estado
com o resto do Brasil, onde se localiza a vila do Jundiá, nas adjacências a reserva indígena
Waimiri-Atroari. Atualmente é visto, como uma área de fronteira onde se instalaram órgãos
públicos. (IBGE 2007)
Mucajaí limita-se ao norte com os municípios se Amajari, Pacaraima e Normandia;
ao sul com Mucajaí e Cantá; a leste fica Normandia e Bonfim e oeste, Alto Alegre. Foi criado
pela Lei nº 7.009, de 01 de julho de 1982 e está localizado na região centro-oeste do Estado.
A sede municipal dista 52 km de Boa Vista, pela rodovia BR-174. Apresenta uma densidade
demográfica de 0,93 hab./km², com uma taxa média anual de crescimento demográfico de
0,69% e representa um percentual de 3,45% da população do Estado, com uma população
urbana maior que a rural. (IBGE 2007)
Alguns detalhes apresentados podem ser vistos no mapa a seguir, como a
localização dos municípios e o Estado de Roraima com alguns núcleos urbanos em destaque.
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IMPACTOS AMBIENTAIS – CONCEITO
O impacto ambiental para uma melhor compreensão, deve ser muito além da analise
física e local, estudada, o seu entorno torna-se muito mais importante e relevante na analise.
Conforme Ab’Sáber (1967) "Essa acoplagem entre diferentes sistemas e os elementos das
relações humanas e fluxos de riquezas é que permite visualizar o espaço em sua dinâmica
habitual e não-habitual, ou seja, sua integração plena”.
Segundo GUERRA e CUNHA os impactos ambientais são, mudanças nas relações
ecológicas e sociais que precisam ser interrogadas incessantemente. Com o fim de captar o
não evidente, é preciso indagar das mudanças e da capacidade auto-organizativa dos sistemas
urbanos abertos.
Portanto, a criação dessas cidades ocasionou uma grande quantidade de impactos
como, por exemplo, a falta de arborização, saneamento básico, lixo, lixões e de canais
urbanos. A definição e previsão de impactos requerem muitos cuidados, devido a essa
complexidade de abstrair conhecimentos de outras áreas além da maior observação na
cultura, ações humanas da economia, interesses políticos e aos avanços tecnológicos que
absorve outros tipos de conhecimento.
IMPACTOS AMBIENTAIS NO MUNICÍPIO DE
RORAINÓPOLIS-RESULTADOS PRELIMINARES
O turismo é acentuado por ser a última cidade roraimense, no sentido, Boa Vista –
Manaus, antes da reserva Waimiri-Atoari, sendo esta um ponto de estadia dos turistas que
não podem atravessar as terras indígena após as 18 horas, bloqueada para carros de passeio
durante o período da noite.
Esse fato explica a grande quantidade de pousadas e hotéis na cidade, além disso, ao
fim do mês a população dos distritos distantes e vicinais desloca-se até a sede municipal para
receber benefícios como bolsa família e os próprios salários, visto que no município se
localizam as agências bancárias mais próximas.
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Na cidade as ruas próximas da rodovia são asfaltadas, e possuem calçamento feito
em cimento com pontes de concreto. Ao passo que nas regiões periféricas, se verificam ruas
de barro quase intransitáveis para veículos, pontes de madeira muito precárias e calçadas
inexistentes.
No que tange moradia observou-se uma homogeneidade, a maioria das casas é feita em
alvenaria, porém uma parte considerável dessas casas está inacabada, sem reboco ou pintura,
as ruas não possuem nenhuma sinalização, nomes ou limites de velocidade.
Os dois eixos viários principais, que são Avenida Airton Sena e Avenida Indaiara,
nessas avenidas localizam-se as lojas da cidade, tem um grande fluxo de pessoas, segundo a
população da local essas ruas foram feitas recentemente e tem certa de 4 km de extensão.
Existe um igarapé que entrecorta a cidade, chamado de Chico Reis, e que apresenta um
trecho canalizado. Esta obra fora realizada apenas nas áreas mais centrais da cidade, onde se
tem ruas asfaltadas, calçadas bem feitas e pontes de concreto em bom estado de
conservação.
Neste canal foram observados sinais de assoreamento, sobre o qual surge uma
vegetação pioneira como cecropia e lacre, segundo a população ocorre muito o aparecimento
de ratos, pernilongos e de doenças transmitidas por vetores, esses fatos ocorrendo
principalmente no verão.
O canal apresenta aproximadamente com 90 cm de profundidade por 6 m de largura
com pequenas inflexões, encontraram-se apenas duas casas próximas das suas margens à
aproximadamente 15 m, no geral as casas possuem uma distância media de 30 á 45 m do
igarapé, essa grande distância do canal é devida há expropriação dos terrenos para concluir
as obras de canalização.
Existem pontos que não há vazão das águas do canal provavelmente devido á
alteração do relevo local quanto sua altitude, nos pontos onde o igarapé não foi canalizado.
Nas áreas não canalizadas observa-se uma decadência dos aparelhos urbanos, sendo
ruas de terra com pontes de madeira e poluição nesta área.
No seguimento verificou-se uma área aberta e de convergência entre as duas
ramificações, formando um grande anfiteatro, onde se encontrou poucas casas no seu interior
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e á maioria de madeira. Um aspecto importante a ser destacado é a modificação nas margens
através de aterro e posteriormente o plantio de gramíneas e no leito com material argiloso
provocando uma maior vazão, há uma ausência de lixo nas suas margens.
A cidade é muito arborizada, notou-se a presença de grandes árvores frutíferas, que
se concentram principalmente nos quintais e nas ruas, sinalizando, que a prefeitura possui
preocupação com a arborização municipal.
Porém quanto à questão é saneamento básico observou-se que ele é inexistente. O
esgoto as residências é jogado diretamente no canal, entretanto, verificou-se uma possível
estação de tratamento denominada de Buraco da Prefeita – São três tanques com dimensões
de 110 m X 35m, sendo que todos os tanques estão inacabados. Segundo a população a
obra desses tanques deveria ter acabado há cerca de um ano, sendo que ficou pela a metade
por falta de verba.
Devido à grande quantidade de lixo no igarapé, surgiu a duvida se a cidade tinha
algum lugar onde ele é depositado, já que os habitantes afirmaram que todos os dias passam
um carro coletor pela cidade, o depósito foi encontrado no km sete da vicinal três, não existe
a separação entre o material orgânico do hospitalar, sendo apenas queimado e enterrado.
A área do lixão apresenta um significativo desnível topográfico em relação às
superfícies adjacentes. Á jusante verificou-se um córrego e entre esta uma serie de sulcos e
ravinas evidenciando assim um escoamento das águas pluviais em direção ao canal, segundo
uma morada da área o igarapé era utilizado para pescaria, porém com a implantação do
deposito de lixo os peixes desapareceram, indicando assim uma possível contaminação da
água.
MUCAJAÍ
–
UMA
CIDADE
PRÉ-RODOVIÁRIA
-
RESULTADOS
PRELIMINARES
Mucajaí segundo Freitas Silva (2007) foi implantada em 1944, como colônia agrícola
tendo inicialmente quinze famílias sendo alocadas na cidade, porém apenas uma permaneceu.
Os colonos recebiam passagens até Boa Vista, no período de adaptação, recebiam 25
hectares equivalente a 2.500 m2 e trinta mil cruzeiros nos primeiros seis meses equivalentes à
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trinta reais. Este contexto permite afirmar que Mucajaí não nasceu por causa da estrada, mas
muito antes da sua construção, e curiosamente é a única das cidades pequenas que tem seu
centro urbano, singrado pela rodovia, tendo a BR o papel de avenida central na cidade.
A cidade tem feições planejadas com arruamento em forma de tabuleiro, ruas bem
paralelas e planas, tendo, portanto, viés de planejamento urbano, visto que surgiu de um
assentamento agrícola. A maioria das residências é de madeira ao nível do chão, as ruas não
são asfaltadas, apenas as vias próximas da BR têm pavimentação asfáltica, as calçadas são
ausentes em todas as ruas.
Na questão ambiental a cidade é arborizada tendo em praticamente todos os terrenos
uma árvore, porém é visível que as plantas são cultivadas pelos moradores, já que todas as
árvores estão localizadas nos quintais das moradias.
Existe esgoto na cidade, porém apesar de existir um sistema de saneamento básico a
questão do lixo intra-urbano é totalmente ignorada, pois a presença de terrenos baldios com
lixo e visível.
No que tange o deposito de lixo não há separação do lixo hospitalar do residencial, o
depósito de lixo tem forma de U com uma grande área de encharco no seu meio sendo
notada a grande presença de mosquitos, não possuindo residências no seu entorno.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AB’SABER, A. N. O domínio morfoclimático amazônico. Geomorfologia 1, Instituto de
Geografia/ USP, (1967).
BECKER, B. Amazônia. São Paulo: Editora Ática, 1998.
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COELHO, M. C. N. Questionamentos Teórico-Metodológico aos Estudos de Impactos
Ambientais In: GUERRA, A. J. T. CUNHA, S. B. Impactos Ambientais Urbanos no
Brasil. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 2009.
IBGE, Confederação do Municípios, 2009
SILVA, P. R. F. Espaço e Tempo na Fronteira Amazônica. In. SILVA, P. R. F./
OLIVEIRA, R. S. (Organizadores). Roraima 20 anos: As geografias de um novo estado. Boa
Vista: Editora UFRR, 2008.
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