TRATAMENTO OCULAR QUIMIOTERÁPICO COM ANTI-ANGIOGÊNICO Dra. Silvana Vianello, MD, PhD Especialista em Mácula –UNIFESP Pesquisadora Pos-Doc –UNIFESP Diretora Sociedade Brasileira de Retina e Vitreo O que é Degeneração Macular Exsudativa? Retina Representa a camada sensorial do olho. É uma fina e transparente membrana (0,5 mm) que cobre a superfície interna do globo ocular. A retina é considerada parte do sistema nervoso central e é conectada ao cérebro via o nervo óptico e o trato visual. É um tecido tão especializado, que 2/3 de seus nutrientes são providos pela coróide, uma malha vascular que “forra” a retina. 2 retina O que é Degeneração Macular Exsudativa? Doença caracterizada pela degeneração crônica e progressiva dos fotorreceptores, epitélio pigmentar da retina (EPR), membrana de Bruch e, possivelmente, os coriocapilares da mácula. Possui duas formas: Seca ou não-exsudativa 85 a 90% dos pacientes: Não tratável Úmida ou exsudativa 10 a 15% dos pacientes Tratável com antiangiogênicos O que é Degeneração Macular Exsudativa? Exame de Acuidade Visual 5 Diagnóstico e Acompanhamento Retinografia Exame que captura imagens do fundo de olho do paciente. Geralmente utilizado para documentar o estado do paciente no início do tratamento e acompanhar mudanças. Diagnóstico e Acompanhamento Angiofluoresceinografia e Angiografia com Indocianina Verde Exame que envolve o uso de um contraste. Em 10 a 15 segundos o corante aparece nos vasos sanguineos da retina. Esse corante geralmente revela anormalidades na retina, pelo seu extravasamento ou inabilidade de passar por vasos bloqueados. Fotos do fundo do olho são tiradas ao longo do tempo. Diagnóstico e Acompanhamento Tomografia de Coerência Óptica (OCT) Exame não invasivo, que revolucionou o diagnóstico e acompanhamento de doenças da retina. Atualmente é o exame mais usado para o acompanhamento da DMRI. Os dois tipos de OCTs mais populares são o time-domain (TD, mais antigo) e o spectral-domain (SD, mais recente) 2015 © Direitos Reservados: Novartis Biociências S/A Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização do titular. O que é a DMRI? Tratamentos atuais para a DMRI exsudativa: Cirurgia: Pouquíssimo relevante - resultados não são animadores Fotocoagulação a laser (MPS) e PDT Resultados pobres, riscos de aplicação direta na mácula Injeções intravítreas com anti-angiogênicos (anti-VEGFs) Bevacizumabe, Roche (offlabel) Ranibizumabe, Novartis Aflibercepte, Bayer 10 Eventos adversos oculares Muito comuns (> 10%) Comuns (1-10%) Degeneração da retina Descolamento da retina Rasgo na retina Hemorragia vítrea Uveíte Iridite Catarata Prurido nos Aumento de pressão intraocular Descolamento vítreo Sensação de corpo estranho Lacrimejamento aumentado Floaters vítreos Hemorragia vítrea Distúrbios visuais Hemorragia conjuntival olhos Incomuns (0,1-1%) Cegueira Endoftalmite Ceratopatia Adesão da íris Hifema 11 Estudo Característica Conclusão CATT(9) Prospectivo, randomizado,mascarado de não inferioridade Melhor resultado ranibizumab mensal. Melhor resultado Compara: contínuo bevacizumab x cont. ranibizumab x PRN PRN com ranibizumab. bevacizumab x PRN ranibizumab Pior resultado bevacizumabe PRN. Não inferioridade entre as drogas IVAN 1 e 2(5, 6) Prospectivo, randomizado de não inferioridade PRN não inferior quanto a AV, mas superioridade do Compara: contínuo bevacizumab x cont. ranibizumab x PRN regime contínuo nos achados de OCT bevacizumab x PRN ranibizumab Inconclusivo quanto a não inferioridade do bevacizumab Retrata com 3 doses consecutivas (tendência a vantagem do ranibizumab) Em 2 anos menor segurança no regime descontinuado HARBOR 1 e 2(4) Prospectivo, randomizado, fase III, duplo mascarado, Ranibizumab 0,5 contínuo com discreta vantagem multicêntrico, resposta de dose PRN com ranibizumab 0,5 mg guiado por OCT não inferior Compara: ranibizumab cont 0,5mg x ranibizumab cont 2 mg ao ranibizumab 0,5 mg contínuo. x ranibizumab PRN 0,5mg x ranibizumab PRN 2 mg Em 2 anos resultado mantido, com importante redução do nº de doses PRN VIEW 1 e 2 (9, 10) Prospectivo, randomizado duplo mascarado, fase lll, Não inferioridade entre todos os grupos. multicêntrico Aflibercept 2 mg bimestral após indução similar a Compara aflibercept 0,5/2,0mg mensal x aflibercept 2,0 aflibercept 0,5 e 2,0 mensal e ranibizumab 0,5 mensal. bimestral x ranibizumab 0,5 mensal PrONTO(11) Prospectivo, não controlado, único centro PRN guiado por OCT mostrou níveis de acuidade visual Estudo da eficiência a longo prazo de tratamento PRN com comparáveis aos estudos fase III de uso contínuo (MARINA ranibizumab guiado por Tomografia de Coerência Óptica e ANCHOR) com menor número de injeções. RAP membrana tipo 3 Lesão polipoidal + MNSR MNSR predominantemente oculta:1 MNSR clássica:2 Laser focal nos pólipos (FORA DA MÁCULA) + 1 ranibizumab 4 doses ranibizumab + 1 aflibercept Terapia com anti-VEGF levou a redução na incidência de cegueira associada a DMRI 50% de redução na incidência de cegueira associada a DMRI na Dinamarca, de 52,2 para 25,7 a cada 100.000 pessoas com ≥50 anos1 Lançamento de Lucentis na UE (Jan 2007) 80 60 Incidência anual de cegueira legal por 100 mil habitantes com ≥50 anos 40 DMRI Outras causas 20 0 1998 2002 *%, ajustado para idade e sexo 2006 2010 Queda de 51% na incidência de novos casos de cegueira em Israel, de 33,8 para 16,6 em 100.0002 Mudança na taxa anual de cegueira devido a DMRI* Taxa de incidênccia de cegueira 1. Bloch SB et al. Am J Ophthalmol. 2012;153:209-13 2. Skaat A et al. Am J Ophthalmol. 2012;153:214-21 1999–2003 2004–2009 Criterios Baixa visual Sinais de neovasos ativos (sangue, liquido, exsudatos) Espessamento em OCT da mácula Sinais de integridade anatômica com possibilidade de melhora Redução de Custos x Judicialização X Qualidade de tratamento Diagnóstico precoce (AV, tela de Amsler, campanhas, novos exames...) Grupos de riscos Diagnóstico preciso e tratamento por especialista em retina (SBRV) Uso de drogas e terapias “label” ** DUT atual: 1. Cobertura obrigatória para pacientes que apresentem a forma exsudativa, também conhecida como úmida ou neovascular, da degeneração macular relacionada à idade - DMRI. Proposta de nova DUT :Unimed x CBO/ SBRV 1 - Cobertura obrigatória quando todas as seguintes condições se aplicarem ao olho tratado: a)Melhor acuidade visual corrigida está entre 20/20 sintomático e 20/400; b)Não há dano estrutural permanente da fóvea central; c)O tamanho das lesões é inferior ou igual a 12 áreas de disco na maior dimensão linear; d)Há evidência presumida de recente progressão da doença (crescimento de novos vasos sanguíneos, constatado por angiografia com fluoresceína, ou alterações recentes da acuidade visual). 2) O tratamento não deve ser iniciado com antiangiogênicos na presença de: a)Dano estrutural permanente da fóvea, quando não é mais possível a prevenção de mais perda visual. b)Evidência ou suspeita de hipersensibilidade a qualquer agente antiangiogênico. 3 – Critérios de continuidade do tratamento: a) Evidência persistente de lesão (doença) em atividade (demonstrada pela presença de hemorragia ou fluido retiniano, sub-retiniano ou epitélio pigmentar sub-retiniano – sub-RPE), demonstrada clinicamente ou pela OCT e/ou lesão em crescimento demonstrada pela FFA (morfológica) e/ou deterioração funcional da visão. b) Melhora da lesão como resposta ao tratamento repetido. c) Não há contraindicação com relação à continuidade do tratamento. 4 – Critérios de descontinuidade do tratamento: a)Reação de hipersensibilidade a um agente anti-VEGF comprovada ou presumida. b)Redução da acuidade visual no olho tratado para menos de 30 letras (absolutos), em duas avaliações consecutivas, atribuíveis a DMRI na ausência de outra doença. c)Evidências de deterioração da morfologia da lesão, apesar do tratamento ideal.