os resíduos sólidos provenientes da atividade dos

XIV Congresso Latino-Americano de Ciências do Mar – XIV COLACMAR
Balneário Camboriú (SC / Brasil), 30 de outubro a 04 de novembro de 2011
OS RESÍDUOS SÓLIDOS PROVENIENTES DA ATIVIDADE DOS
MARISQUEIROS ARTESANAIS DE VITÓRIA-ES
Valentim, C. H. D.¹; Melhor, P. C.²; Rocha, E. C.³; Chaia, V. V. M.4
1
Prefeitura Municipal de Vitória – PMV, [email protected]
Prefeitura Municipal de Vitória – PMV, [email protected]
3
Prefeitura Municipal de Vitória – PMV, [email protected]
4
Prefeitura Municipal de Vitória – PMV, [email protected]
²
RESUMO
Os marisqueiros, também conhecidos como catadores, têm como principal beneficiamento a
retirada de moluscos muito conhecidos como sururus ou mexilhões, ostras e siri dos ambientes
marinhos. Essa atividade, hoje desorganizada, pode provocar desperdício, danos ao ambiente
marinho e à saúde pública, devido à sobre-exploração e a utilização inadequada de técnicas de
extração e de manuseio do recurso. As cascas destes mariscos têm causados sérios
problemas ao ecossistema manguezal da região. Por isso, é de suma importância identificar os
impactos causados pelo descarte irregular no manguezal de Vitória. Para tal, realizou-se
entrevistas com os marisqueiros da região de São Pedro e adjacências.
Palavras chave: cascas, descarte, manguezal.
INTRODUÇÃO
O manguezal é um ecossistema costeiro tropical, típico da faixa do entremarés, de
grande importância para diversos processos ecológicos. Ainda sim, é responsável por grande
produção de matéria orgânica, proporcionando expressiva cadeia trófica em águas costeiras
tropicais (SCHAEFFER-NOVELLI, 1989). Os manguezais caracterizam-se como um ambiente
de alta produtividade, sendo considerado um ecossistema de extrema importância ao longo
das regiões tropicais no mundo. Estes ambientes possuem grande importância para as
comunidades que vivem no entorno e que sobrevivem dos seus recursos, como pesca
artesanal, coletas de mariscos e fabricação de artesanatos. Além de desempenharem estas e
outras funções ecológicas importantes, esses ambientes representam para muitas populações
tradicionais, uma das poucas alternativas de subsistência e renda. Os recursos provenientes
do ambiente são fundamentais para a sobrevivência de muitas comunidades pesqueiras,
espalhadas pelo litoral brasileiro (SCHAEFFER-NOVELLI, 1989).
O estuário da Baía de Vitória - ES, apesar de sua enorme importância ecológico e
sócio econômica tem recebido pouca atenção do ponto de vista de estudos dos ecossistemas e
pouco tem sido reportado em relação a este ambiente. As cascas destes mariscos têm
causados sérios problemas ao ecossistema manguezal da região.
Sendo assim, o trabalho tem como objetivo avaliar a quantidade e os tipos de resíduos
sólidos descartados pelos marisqueiros na borda do manguezal.
MATERIAIS E MÉTODOS
A área estudada compreende uma parte da região norte da ilha de Vitória (ES), nos
bairros Santo André e Nova Palestina, onde estão localizados três pontos de beneficiamento
de mariscos e siri à beira do mangue.
Esses pontos são utilizados como queimadouros, locais usados para a limpeza,
manuseio e descarte do beneficiamento de mariscos e outros organismos como o siri.
Neste estudo foram realizadas observações de campo que de acordo com (LAKATOS,
1996:79), ela ajuda a identificar e obter provas a respeito de objetivos sobre os quais os
indivíduos não têm consciência, mas que orientam seu comportamento. Os formulários
dividiram-se em dados pessoais, dados sobre extração, compartilhado em conhecimento e
organização, beneficiamento do marisco e conhecimento e necessidades.
Além disso, foi aplicada a técnica de entrevistas semi-estruturadas (combinam
perguntas abertas e fechadas, onde o informante tem a possibilidade de discorrer sobre o tema
proposto) e abertas (quando o pesquisador deseja obter o maior número possível de
informações sobre determinado tema, segundo a visão do entrevistado, e também para obter
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um maior detalhamento do assunto em questão) (MINAYO, 1993). A principal vantagem
dessas duas técnicas é que quase sempre produzem uma melhor amostra da população de
interesse (MINAYO, 1993).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Foram realizados um total de sete questionários durante o período de estudo, sabendo
que população de catadores da região é composta por cerda de 30 pessoas, sendo estas
distribuídas em poucas famílias.
A maioria dos entrevistados já está a muitos anos praticando a atividade, de 20 a 40
anos, enquanto outros iniciaram a pouco tempo a prática artesanal (4 anos de experiência).
Ressalta-se também que a evolução e aprendizado na atividade foram provenientes do
convívio familiar, onde pais ou avós disseminaram o conhecimento, em outro caso temos
influência do relacionamento local como exemplo da vizinhança.
A atividade é praticada durante todo ano, com exceção das épocas de defeso do
mexilhão, onde somente um dos entrevistados afirmou que continua a realizar a cata, mesmo
com a proibição por lei. Em sua maioria, as pessoas utilizam para cata um barco motor ou a
remo. As melhores épocas são os períodos de pouca chuva. Os marisqueiros, em sua maioria,
começam suas atividades na parte da manhã, às 6 horas, podendo finalizar às 14 horas,
todavia, há registros de início de atividade na parte da tarde e fechamento somente à noite às 8
horas.
O beneneficiamento de mariscos e siris (limpeza e cozimento) é realizado em 3 locais
diferentes como detalhado anteriormente, sendo este composto por dois queimadouros
artesanais (precários), correspondentes aos pontos 1 e 2; e um queimadouro arquitetado pela
PMV. A quantidade de mariscos e siris limpos a cada coleta pelos entrevistados pode ser
observada no gráfico 1, sabendo de modo que este valor corresponde a coleta diárias.
O local de maior beneficiamento de organismos é o ponto 3, o qual foi evidenciado o
tratamento de sururu, ostra e siri no local. Ainda sim, de acordo com as pesquisas o ponto 3, é
responsável por destinar cerca de 39 Kg de marisco e siri limpos, seguidos pelo ponto 2 com
13 Kg somente de mariscos e por último o ponto 1 com 12 Kg de mariscos limpos.
A partir dos valores diários de organismos limpos, estimamos de forma a multiplicar os
dados já obtidos por um período mensal de trinta dias, os valores obtidos podem ser
observados no gráfico abaixo. Assim, teremos cerca de um beneficiamento de organismo
mensal de quase 1,2 toneladas no ponto 3 e cerca de 400 Kg para cada ponto 1 e 2. Vale
ressaltar que são valores para somente 7 pessoas entrevistadas.
Figura 1: Quantidade diária de mariscos limpos, de acordo com o local de
beneficiamento (E) e quantidade mensal estimada de mariscos limpos, de acordo com o local
de beneficiamento (D).
Figura 1: Quantidade diária de mariscos limpos, de acordo com o local de beneficiamento (E) e
quantidade mensal estimada de mariscos limpos, de acordo com o local de beneficiamento (D).
O trabalho remete uma parte mais criteriosa que seria a quantidade de cascas
descartadas provenientes do trabalho de beneficiamento, sendo aferidas em uma caixa com
volume de 20L. As cascas, de forma imprudente, são deixadas nas margens do mangue. Vale
a pena ressaltar que a maioria dos resíduos no local é composta pelas cascas de sururu, uma
vez que foram observadas quantidades ínfimas de casca de siri e a maioria das ostras
coletadas são vendidas inteiras. Há também a constatação de entulho e madeira (utilizada no
beneficiamento dos mariscos).
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CONCLUSÕES
A ação direta e indireta de instituições públicas poderia bifurcar e tornar disponíveis
complementos ou novas alternativas de renda, que agregasse a utilização do próprio resíduo
do marisco. Além disso, a necessidade da melhoria na capacitação técnica do beneficiamento
dos organismos, somado a implementação de programas de educação e direito ambiental para
orientação dos marisqueiros, possibilitando assim a adequação aos padrões de saneamento
básico e as leis ambientais.
A valorização dos resíduos é fundamental para o desenvolvimento sustentável da
atividade. Além de trazer benefícios ao meio ambiente, o aproveitamento destas conchas pode
trazer uma nova fonte de renda aos catadores e melhorar as condições da atividade. Mesmo
que muitos já saibam da importância da destinação adequada das conchas, é ainda necessário
que se faça um trabalho de conscientização ambiental. No entanto, para isso faz se necessário
um estudo de viabilidade econômica do aproveitamento das conchas.
REFERÊNCIAS
LAKATOS, EVA & MARCONI, Técnicas de pesquisa. ed.3 São Paulo: Editora Atlas, 1996.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento científico: pesquisa
qualitativa em saúde. ed. 2. São Paulo/Rio de Janeiro: Hucitec-Abrasco, 1993.
SCHAEFFER-NOVELLI, Y. 1989. Perfi l dos ecossistemas litorâneos brasileiros, com
especial ênfase sobre o ecossistema manguezal. Publicação Especial do Instituto
Oceanográfico, 7: 1-16.
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