CONTROLE DO AEDES AEGYPTI E PREVENÇÃO DA DENGUE NA

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CONTROLE DO AEDES AEGYPTI E PREVENÇÃO DA DENGUE NA
PERIFERIA DE ITUIUTABA-MG
Leonardo Batista Pedroso
FACIP/UFU – [email protected]
Gerusa Gonçalves Moura
FACIP/UFU – [email protected]
INTRODUÇÃO
A dengue é uma arbovirose, que segundo Borges (2001), deriva da expressão inglesa
“Arthropod Borne Viruses” (1942), utilizada para denotar um grupo de enfermidades virais
onde o arbovírus se multiplica no organismo dos artrópodes. Após infecção no vetor, a
transmissão se dá ao homem a partir da picada. O vetor mais comum no Brasil é o Aedes
(Stegomya) Aegypti (Linnaeus, 1762), seguido do Aedes (Stegomya) Albopictus (Skuse,
1894), sendo este historicamente caracterizado por epidemias nas Américas e prevalente na
Ásia (BRASIL, 2002a).
A dengue é caracterizada também como uma doença tropical, devido aos
condicionantes naturais (ecológicos) e sociais presentes nas regiões tropicais. O clima quente
e úmido, sobretudo devido às altas taxas de precipitação pluviométrica, favorece a
proliferação do vetor. Não obstante, a urbanização nessas regiões ocorre de maneira
desordenada, resultando em má infra-estrutura e organização do espaço, bem como na
degradação do meio ambiente, surgindo pontos atrativos aptos a serem criadouros dos
vetores (SILVA, 2007, 2008; LEFÈVRE ET. AL, 2004).
Assim como o mosquito transmite o vírus ao ser humano, este pode ser infectado ao
picar o homem que o possui, e no período de 8 a 12 dias será capaz de transmitir a doença
até o fim do seu ciclo vital que dura em média de 6 a 8 semanas (BRASIL, 2002a).
O estudo de Barata et al. (2001) mostrou que mais de 80% dos Aedes Aegypti
capturados em sua pesquisa estavam em situação intradomiciliar, concentrando-se em locais
com menor iluminação, sobretudo em dormitórios e salas de estar. Tal hábito prejudica certas
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ações de controle tomadas pelas prefeituras, visto que uma das medidas é a erradicação
química pelo ar.
Não menos importante, a prevenção deve ocorrer também nos criadouros,
eliminando-se vestígios de acúmulo de água, sejam em potes, vasilhas, pneus, garrafas, caixas
d’água abertas, entre outros recipientes.
As manifestações clínicas da doença são Dengue Clássico e Febre Hemorrágica de
Dengue (FHD). Ambas podem gerar complicações, elevando à classificação de Dengue com
Complicações (DCC) que podem levar o paciente ao óbito. Os sintomas mais comuns são
febre alta, cefaléia, náuseas, vômitos, anorexia, entre outros; sendo que no caso da FHD,
podem ocorrer hemorragias e choques devido a falência circulatória. São quatro os sorotipos
circulantes: DEN-1, 2, 3 e 4, e a confirmação se dá por critério laboratorial (BRASIL,
2002b, 2005).
Este trabalho tem por objetivo apresentar as diretrizes e metas do projeto intitulado
"Formação da periferia e agravos a saúde: avaliação sócio-ambiental e manejo integrado para
o controle do Aedes aegypti e prevenção da dengue na periferia de Ituiutaba MG",
contemplado no Edital “Extensão em Interface com a Pesquisa” (12/2009) da Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais. O projeto possui dois anos de vigência,
estes distribuídos no período entre novembro de 2009 e 2011.
OBJETIVOS DO PROJETO
Objetivo Geral
Compreender o processo de periferização da cidade de Ituiutaba/MG, relacionando
as condições sócio-ambientais dos moradores com o proliferação de doenças, como a
dengue.
Objetivos Específicos
a) Analisar a constituição da periferia de Ituiutaba/MG, bem como as condições
sócio-ambientais dos seus moradores;
b) Diagnosticar os bairros periféricos de Ituiutaba de maior infestação de Aedes aegypti;
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c) Implantar e avaliar ações de educação ambiental na escola pública de ensino fundamental
dos bairros de maior incidência da doença, como estratégia de mobilização comunitária.
JUSTIFICATIVA
Anualmente, segundo a Organização Mundial de Saúde - OMS, os números relativos
à morbidade atingem cerca de 80 milhões de, com exceção do continente europeu; são 100
países em todos os demais continentes, e deste total de 80 milhões de pessoas infectadas,
cerca de 550 mil acabam sendo internadas e 20 mil chegam ao óbito em conseqüência dos
agraves oriundos da doença (BRASIL, 2002a).
O município foco deste estudo sofreu severamente com o alto número de casos de
dengue no período de 2004 a 2008. Em todos estes anos, o mês de março foi o que
apresentou os maiores valores. O ano de 2006 apresentou 1.182 casos para uma população
de 92.727 habitantes no período específico, tendo coeficiente de incidência de 12,747 para
cada 1.000 habitantes (PEDROSO, MOURA, 2009).
Portanto, diante da recente situação a qual se encontrou o município, bem como face
a necessidade de produção acerca da saúde sob a ótica da Geografia, faz-se necessário o
desenvolvimento de trabalhos e ações que visem o controle da doença e conseqüentemente
uma melhoria na qualidade de população.
METODOLOGIA
A realização desta extensão em interface com a pesquisa dar-se-á na periferia da
cidade de Ituiutaba-MG. O trabalho pretende avaliar a dispersão da doença baseado nos
focos encontrados em residências dos bairros periféricos. Enquanto é realizada a avaliação
semanal por meio de armadilhas e sistematização laboratorial, desenvolvem-se diferentes
ações em torno da educação ambiental.
O município de Ituiutaba se situa na porção oeste do Estado de Minas Gerais,
especificamente na mesorregião do Triângulo Mineiro/Alto e na microrregião de Ituiutaba,
sob as coordenadas geográficas 49°52’W / 49°10’W e 18°36’S / 19°21’S, conforme a
Figura 1. A fitofisionomia característica da região se resume as diversidades do bioma
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Cerrado, apresentando breves resquícios da Mata Atlântica. Estima-se que sua população
seja de 96.759 habitantes (para o ano de 2009) segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística – IBGE. Na última década sua economia vem se baseando na agricultura,
caracterizada pela agroindústria sucroalcooleira (IBGE, 2010).
Figura 1 – Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba: Localização do Município de Ituiutaba (2010):
O trabalho se dará por diferentes etapas, as quais consistirão desde a identificação
das zonas periféricas, bem como das principais áreas endêmicas da doença e até mesmo
identificação de criadouros e monitoramento semanal de armadilhas. Para isso, serão obtidos
dados junto ao Centro de Controle de Zoonoses e a Secretaria de Saúde do município. Após
a obtenção dos dados, estes serão espacializados por meio de um software (Sistema de
Informações Geográficas - SIG) específico. Seguem as atividades com maior detalhamento:
a) Levantamento Bibliográfico
Revisão bibliográfica será realizada a partir de livros, periódicos, Internet, jornais etc.;
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b) Identificação de criadouros de Aedes aegypti
A identificação se dará por meio das visitas em imóveis selecionado, com objetivo de
procurar criadouros do mosquito. Índices como o de infestação predial serão de suma
importância para correlação nesta etapa. Alguns destes dados serão obtidos junto ao Centro
de Zoonoses do município.
c) Instalação de armadilhas para coleta de ovos
Será realizado por meio da distribuição de ovitrampa (potes com água e palheta de eucatex),
que serão recolhidas semanalmente, servido para monitorar as áreas de maior risco, bem
como confecção de mapa das áreas de risco.
As ovitrampas serão distribuídas mediante a permissão dos moradores. A intenção é instalar
no mínimo uma ovitrampa em cada lateral das quadras residenciais. As palhetas de Eucatex
serão recolhidas de sete em sete dias. A contagem se dará em laboratório e então, a partir
das atividades de educação ambiental, será dada a noção da redução dos focos.
d) Contagem de ovos em laboratório fazendo uso de microscópio
Serão contabilizados e analisados os dados de ocorrência de ovos durante o primeiro e
segundo ano de trabalho. Após a coleta (realizada semanalmente) das paletas nas ovitrampas,
estas serão levadas para laboratório, distinguidas e contabilizadas.
e) Desenvolvimento de atividades relacionadas a educação ambiental
Serão realizadas nas escolas e comunidades com o objetivo da sensibilização para os
problemas de saúde relacionados às doenças previamente selecionadas, por meio da
Educação Ambiental.
Dentre essas atividades destacam-se os mutirões com crianças das escolas dos bairros
periféricos, ajudando na coleta de materiais que possam servir de criadouros dos vetores.
Palestras e reuniões com os representantes e moradores do bairro também serão efetuadas a
fim de se promover maior conscientização acerca do tema.
EXPECTATIVAS
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Espera-se que, ao longo dos dois anos de ocorrência deste projeto, a partir das
diversas atividades, tanto em âmbito teórico quanto prático, alcancemos bons resultados.
Pretende-se desenvolver senso crítico na população periférica, mostrando o quão prejudicial
à dengue pode ser à sua saúde. Com isso, a queda do número de casos virá como
conseqüência.
Tomando a Figura 2 como exemplo, constata-se por característica em diversas ruas
de um dos bairros periféricos do município, o acúmulo de lixo, bem como a grande
quantidade de terrenos baldios, lócus de proliferação do vetor da doença.
Figura 2 – Terreno baldio e acúmulo de lixo no Bairro Natal, Ituiutaba-MG:
Fonte: MOURA, 2010.
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As ações, sobretudo por reuniões e panfletos informativos visam demonstrar que este
acúmulo inadequado, bem como a ausência de cuidados para com os terrenos trazem
conseqüências maléficas à saúde da população. A prática de ações pautadas na educação
ambiental possui a característica de mudar hábitos da população. Embora seja mais difícil
contemplar tal mudança nas faixas etárias mais avançadas, as expectativas são boas. O
projeto trabalha também com as escolas, desenvolvendo nas crianças noções básicas sobre a
doença e como prevenir a mesma a partir do bloqueio à proliferação do vetor. Estima-se que
neste público, os resultados serão mais eficazes, visto que crianças e adolescentes assimilam
mais facilmente tais informações.
REFERÊNCIAS
BARATA, E. A. M F.; COSTA, A. I. P.; CHIARAVALLOTI NETO, F.; GLASSER, C.
M.; BARATA, J. M. S.; NATAL, D. População de Aedes aegypti (l.) em área endêmica de
dengue, Sudeste do Brasil. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 35, n. 3. 2001, p. 237-242.
BORGES, Sonia Marta dos Anjos Alves. A importância epidemiológica do Aedes
albopictus nas Américas. 2001. (Dissertação de Mestrado) - Faculdade de Saúde Pública,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001.
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Guia de vigilância
epidemiológica. 5. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2002a.
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Dengue: diagnóstico e
manejo clínico. Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2002b. 28 p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Diretoria Técnica de
Gestão. Dengue: diagnóstico e manejo clínico. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2005.
24 p.
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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Cidades@:
Ituiutaba. Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/cidadesat>. Acesso em <26 de
jan./2010>.
PEDROSO, L. B.; MOURA, G. G. Diagnóstico epidemiológico de dengue no município de
Ituiutaba-MG no período de 2004 a 2008. In: Congresso Internacional e Simpósio Nacional
de Geografia da Saúde, II/IV, 2009, Uberlândia. Anais do II Congresso Internacional e
IV Simpósio Nacional de Geografia da Saúde. Uberlândia: UFU/Instituto de Geografia,
2009. 1CD-ROM.
SILVA, J. S.; MARIANO, Z. F.; SCOPEL, I. A influência do clima urbano na proliferação
do mosquito Aedes aegypti em Jataí (GO) na perspectiva da Geografia Médica. Hygeia,
Uberlândia, v. 2, n. 5. Dez. 2007.
SILVA, J. S. A dengue no Brasil e as políticas de combate ao Aedes aegypti: da tentativa de
erradicação ás políticas de controle. Revista Hygeia. Uberlândia, v. 3, n. 6. Jun. 2008.
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