avaliação do efeito de estimulantes radiculares em mudas de

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AVALIAÇÃO DO EFEITO DE ESTIMULANTES RADICULARES
EM MUDAS DE EUCALYPTUS UROGRANDIS
Marcelo Wendeborn Miranda de Oliveira1
Plínio Carielo 2
Andréia Luciane Moreira3
RESUMO: Com o objetivo de diminuir as taxas de replantio e facilitar o estabelecimento
das mudas em campo nos primeiros dias após o plantio, este trabalho submeteu o
sistema radicular de mudas de Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis; a oito
diferentes tratamentos visando estimular os meristemas de crescimento das raízes. Os
tratamentos foram: T1 – tratamento testemunha; T2 - solução a base de hormônio
comercial de enraizamento (3 ml/L); T3 - solução a base de hormônio comercial de
enraizamento (3 ml/L) e cupinicida (3 g/L); T4 - solução a base de hormônio comercial de
enraizamento (6 ml/L); T5 - solução a base de hormônio comercial de enraizamento (6
ml/L) e cupinicida (3 g/L); T6 – solução a base de fósforo solúvel/monoamônio fosfato (2,5
g/L); T7 - solução a base de fósforo solúvel/monoamônio fosfato (2,5 g/L) e cupinicida (3
g/L); e T8 – solução a base de cupinicida (3 g/L). Utilizou-se 1600 mudas de E.
urograndis, com três meses de idade. Para identificar a existência de um melhor
tratamento foram avaliados os pesos úmido e seco, em gramas, das raízes das mudas
aos 30, 45, 60 e 90 dias após o plantio das mesmas, em saquinhos com areia. O método
empregado na elaboração do experimento mostrou-se viável, causando algumas
alterações nas plantas quando avaliado o quesito tempo, o que nos remete a repetição do
1
Biólogo, Alta Sorocabana/APTA, Bolsista de treinamento técnico. [email protected]
Engenheiro Florestal, ETEC Prof. Dr. A. Eufrásio de Toledo, Docente. E-mail. [email protected]
3
Zootecnista, Dr., Alta Sorocabana/APTA, Pesquisador Científico. E-mail. [email protected]
2
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experimento utilizando novos períodos de avaliação das características testadas, bem
como alterações nas dosagens dos produtos utilizados.
Palavras-chave: Hormônios. Plantio. Sistema radicular.
1.1 INTRODUÇÃO
O uso do eucalipto teve maior impulso na década de 1970, com o advento do
programa de incentivo fiscal aos plantios florestais associados aos investimentos por
parte das indústrias de celulose e papel e siderurgia, e o desenvolvimento da tecnologia
de plantio clonal de eucalipto, responsáveis pela elevada produtividade florestal
alcançada pelo gênero (ABRAF, 2009).
As principais espécies cultivadas no Brasil são o Eucalyptus grandis, Eucalyptus
citriodora, Eucalyptus camaldulensis, Eucalyptus saligna, Eucalyptus urophilla, entre
outras. Além disso, existem cruzamentos entre as espécies, derivando as espécies
híbridas como é o caso do Eucalyptus urograndis (E. urophilla x E. grandis) (ABRAF,
2009). Estima-se que existam em torno de seis milhões de hectares de eucaliptos
plantados em todo o mundo, dos quais a metade desta população está plantada no Brasil.
Isso representa mais da metade de toda a área reflorestada no Brasil (HIGA et al., 2000).
O Brasil encontra-se como o sétimo maior país com florestas de eucalipto no
mundo (ABRAF, 2012). De acordo com ABRAF (2012), a área ocupada por plantios
florestais de Eucalyptus no Brasil totalizou mais de 4,8 milhões de hectares,
representando crescimento de 2,5% (119.617 ha) frente ao indicador de 2010. Em âmbito
estadual, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Bahia, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e
Rio Grande do Sul se destacaram no cenário nacional como os estados detentores de
85,8% dos plantios do gênero Eucalyptus no ano de 2011 (ABRAF, 2012). O eucalipto
pode ser aplicado em diferentes processos e com diversas finalidades, como produção de
celulose, papel, postes, energia, chapas, lâminas, compensados, aglomerados, carvão
vegetal, madeira serradas e móveis; além de outros produtos como óleos essenciais e
mel, alcançando grande importância econômica para o país (ABRAF, 2011). A madeira
dos troncos e dos galhos mais grossos, muito utilizada em carpintaria, fornece caibros,
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dormentes de estradas de ferro, postes, mourões para cercas, lenha e celulose para a
fabricação de papel (ZANATTA & SCHVARZ SOBRINHO, 2008).
O gênero Eucalyptus encontrou, no Brasil, as condições ideais para seu
crescimento. A produtividade desses plantios em terras brasileiras chega a ser até 10
vezes superior à de países como Finlândia, Portugal e Estados Unidos (CIB, 2008).
Especialmente na Região Sudeste, o eucalipto que vem se destaca é o
Eucalyptus urograndis, por ser um hibrido desenvolvido no Brasil, através do cruzamento
do E. grandis x E. urophylla. Atualmente mais de 600.000 ha são cultivados com este
hibrido, constituindo a base da silvicultura clonal brasileira. O cruzamento destas duas
espécies tem como objetivo obter plantas com um bom crescimento e um leve aumento
na densidade da madeira, melhorias no rendimento e propriedades físicas da celulose. A
rusticidade, propriedades da madeira e resistência ao déficit hídrico do E. uroplylla
também fazem parte deste interesse no cruzamento de E. grandis e E. uroplylla (BRAGA,
2008).
Do ponto de vista ambiental, o setor de florestas plantadas contribui para a
conservação das florestas nativas e promoção da biodiversidade, uma vez que oferece
alternativa econômica sustentável de madeira proveniente de plantios florestais, o que
evita o desmatamento de florestas nativas para igual finalidade econômica. Contribui
também para a manutenção dos regimes hídricos, fertilidade do solo e qualidade do ar e
da água (ABRAF, 2011).
O sistema radicular é caracterizado pela capacidade de retenção de umidade e
nutrientes nas raízes, absorção de água e minerais, além da sustentação da planta no
solo, resistência física à penetração de raízes de outras espécies e permite a
movimentação de nutrientes no solo. Devido a todos estes benefícios que o sistema
radicular fornece às plantas é que se necessitam realizar estudos do mesmo para que
ocorra maior otimização de suas raízes, levando em consideração que “todos os aspectos
do desenvolvimento radicular são influenciados pelos hormônios vegetais, com fortes
efeitos atribuídos à auxina, citocinina e etileno” (VIEIRA & SANTOS, 2005).
Existe grande evidência de que a arquitetura radicular é um aspecto fundamental
da produtividade das plantas, especialmente nos muitos ambientes caracterizados por
uma baixa disponibilidade de água e nutrientes (VIEIRA & SANTOS, 2005). Os produtos
podem ser aplicados diretamente nas plantas e quando aplicados nas sementes ou nas
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folhas, podem interferir em processos como germinação, enraizamento, floração,
frutificação e senescência (JUNGLAUS, 2008). É importante destacar que as aplicações
de bioestimulantes podem apresentar bons resultados dependendo da região de cultivo e
da espécie utilizada. Em virtude de serem produtos que atuam em concentrações muito
baixas, qualquer alteração pode modificar o efeito desejado (JUNGLAUS, 2008).
O Stimulate®, hormônio comercial para enraizamento, é um estimulante vegetal
que possui, em sua composição, três hormônios que são reguladores vegetais. Esses
reguladores vegetais são constituídos de ácido índolbutírico (auxina), cinetina (citocinina)
e ácido giberélico (giberelina). O produto químico tem como objetivo incrementar o
crescimento e o desenvolvimento vegetal estimulando a divisão celular, a diferenciação e
o alongamento das células, aumentando a absorção e a utilização dos nutrientes e, é
especialmente eficiente quando aplicado com fertilizantes foliares, sendo também
compatível com defensivos (CASTRO et al., 1998) mantendo o equilíbrio hormonal da
planta. Assim, ela consegue superar momentos de stress e expressar seu máximo
potencial genético (PITOMBEIRA, 2011).
O Monoamônio Fosfato [(NH4)H2PO4], também conhecido como MAP, é um
fertilizante de alta concentração, completamente solúvel em água feito por processo
quente para assegurar a pureza elevada e uma boa solubilidade, uma fonte muito
eficiente de fósforo e nitrogênio para as plantas. É recomendado para utilização no início
do período de crescimento, quando a disponibilidade de fósforo é crucial para estabelecer
o sistema de raízes, sendo muito utilizado para nutrição foliar e para a produção e/ou
mistura com fertilizantes, por conter elevadas fontes de nitrogênio e fósforo: 12 e 61%,
respectivamente.
Assim objetivou-se neste estudo avaliar diferentes soluções a base de produtos
que promovem a formação e crescimento de raízes visando uma menor taxa de
mortalidade em decorrência da falta de adaptação as condições adversas do meio e
melhor arranque inicial, por meio da estimulação da produção de raízes nos primeiros dia
de campo.
DESENVOLVIMENTO
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O presente trabalho foi realizado no Viveiro Florestal “Fernando Luizari”, localizado
na Escola Técnica - ETEC Prof. Dr. Antonio Eufrásio de Toledo, pertencente ao Centro
Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza (CEETEPS), Presidente Prudente – SP,
situado a 22°10'32''S de latitude e 51°22'37''O de longitude. Os tratamentos testados
foram: T1 – Testemunha, sem imersão em solução; T2 – Imersão das mudas em solução
a base de hormônio Stimulate, concentração 3 ml/l; T3 – Imersão das mudas em solução
a base de hormônio Stimulate, concentração 3 ml/l + cupinicida Evidence, concentração 3
g/l; T4 – Imersão das mudas em solução a base de hormônio Stimulate, concentração 6
ml/l; T5 – Imersão das mudas em solução a base de hormônio Stimulate, concentração 6
ml/l + cupinicida Evidence, concentração 3 g/l; T6 – Imersão das mudas em solução a
base de Monoácido fosfato, concentração 2,5 g/l T7 – Imersão das mudas em solução a
base de Monoácido fosfato, concentração 2,5 g/l + cupinicida Evidence, concentração 3
g/l. T8 – Imersão em solução cupinicida Evidence, concentração 3 g/l. Utilizou-se para
cada tratamento 40 mudas de eucalipto híbrido do tipo Eucalyptus urograndis (E.
urophylla x E. grandis), Clone I144, com 90 dias de idade; que ficaram imersas por 2
minutos, antes de serem transplantadas para saquinhos com areia lavada. Cada
tratamento teve 5 repetições, totalizando 1600 mudas. Avaliou-se o peso seco das raízes,
após retirada das mudas dos saquinhos com areia de forma cuidadosa e lavagem das
mesmas em água corrente em laboratório e posteriormente levadas para secagem na
estufa forçada de ar, por 72 horas, a 60°C, e após pesados. As avaliações foram
realizadas com 30, 45, 60 e 90 dias após o transplante da muda, sendo avaliadas 10
mudas de cada tratamento em cada período. O delineamento estatístico utilizados foi
inteiramente casualizado com cinco repetições em esquema de parcelas subdivididas. Os
dados obtidos foram submetidos à Análise de Variância no Programa Assistat e a
comparação das médias foi realizada pelo Teste de Tukey a 1 e 5 % de probabilidade.
Os tratamentos testados não foram significativos aos níveis de 1% e 5% de
probabilidade, ou seja, nenhum tratamento se mostrou superior com relação ao aumento
do volume de raízes conforme a tabela.
Entretanto, com relação aos diferentes períodos de análise os resultados foram
significativos ao nível de 1% de probabilidade, tendo sido as médias pertencentes ao
período de 90 dias as maiores, o que já era esperado em virtude do tempo decorrido.
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A interação entre os tratamentos testados e diferentes dias de análise também
apresentou diferença significativa ao nível de 1% de probabilidade, demonstrando a
existência do fator tempo de resposta das mudas aos tratamentos, que começou a ocorrer
entre o período de 60 a 90 dias (Tabela 1) após o plantio.
Tabela 1 – Valores médios de peso seco das raízes de mudas de Eucaliptos nos diferentes tratamentos
testados em interação com os diferentes períodos de análise.
Períodos (dias)
Tratamentos
Média
30
45
60
90
T1
0,92 aC
1,99 aB
3,73 aA
4,17 bA
2,70 a
T2
0,85 aB
1,35 aB
3,85 aA
4,21 abA
2,57a
T3
0,96 aB
1,44 aB
3,61 aA
3,19 cA
2,30 a
T4
1,10 aB
1,58 aB
3,72 aA
4,11 bA
2,63 a
T5
0,90 aC
1,62 aB
3,82 aA
3,78 bcA
2,53 a
T6
0,98 aB
1,31 aB
3,74 aA
3,83 bcA
2,47 a
T7
0,82 aB
1,30 aB
3,81 aA
3,75 bcA
2,42 a
T8
0,89 aC
1,41 aC
3,63 aB
5,04 aA
2,74 a
Média
0,93 d
1,50 c
3,74 b
4,01 a
CV Tratamento
19,84%
DMS Tratamento
0,51776
CV Períodos
16,13%
DMS Períodos
0,24060
Fonte: Os autores
Médias na linha seguidas de mesmas letras minúsculas e médias na coluna seguidas de mesmas letras
maiúsculas não diferem entre si (P>0,1).
Legenda: T1 – Testemunha, sem imersão em solução; T2 – Imerso em solução a base de hormônio
Stimulate, concentração 3 ml/l; T3 – Imerso em solução a base de hormônio Stimulate, concentração 3 ml/l
+ cupinicida Evidence, concentração 3 g/l; T4 – Imerso em solução a base de hormônio Stimulate,
concentração 6 ml/l; T5 – Imerso em solução a base de hormônio Stimulate, concentração 6 ml/l +
cupinicida Evidence, concentração 3 g/l; T6 – Imerso em solução a base de Monoácido fosfato,
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concentração 2,5 g/l; T7 – Imerso em solução a base de Monoácido fosfato, concentração 2,5 g/l +
cupinicida Evidence, concentração 3 g/l.; T8 – Imersão em solução cupinicida Evidence, concentração 3 g/l.
Observou –se no período de 90 dias, tratamentos com solução a base de hormônio
apenas, sem a associação do cupinicida, que as médias foram maiores, o que levanta a
hipótese da associação hormônio + cupinicida ser um fator limitante para o
desenvolvimento das raízes. Outro ponto observado foi que a menor dose de hormônio
apresentou melhores resultados, embora sejam consideradas estatisticamente iguais, o
que nos leva a criar a hipótese de que concentrações menores de hormônio podem
promover um melhor crescimento das raízes. Como pode ser observado na figura (1),
esta realizada com médias gerais dos tratamentos testados em decorrência dos períodos
avaliados pode-se observar o incremento das raízes nos tratamentos; demonstrando
novamente a possível existência do fator tempo de resposta.
Figura 1: Curva de Incremento do peso seco de raízes por tratamento.
Fonte: Os autores
Legenda: Período 1 (0 dias), 2 (30 dias), 3 (45 dias), 4 (60 dias) e 5 (90 dias); Série = Tratamentos
utilizados.
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CONCLUSÃO
O método empregado na elaboração do experimento mostrou-se viável, causando
algumas alterações nas plantas quando avaliado o quesito tempo, o que nos remete a
repetição do experimento utilizando novos períodos de avaliação das características
testadas, bem como alterações nas dosagens dos produtos utilizados.
REFERÊNCIAS
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<http://www.abraflor.org.br/estatisticas/ABRAF12/ABRAF12-BR.pdf>.
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Disponível
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<http://www.cib.org.br/pdf/Guia_do_Eucalipto_junho_2008.pdf>. Acesso em 21/05/2012.
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