Cap. 2 - A Ecologia do Mar Oceano e Alterações Climáticas Bacias Hidrográficas e Costeiras Recursos Minerais Marinhos e Biosfera Profunda Poluição no Meio Marinho Recursos Pesqueiros Áreas Marinhas Protegidas Cap. 2 -A Ecologia do Mar Filipe Duarte Santos [FCUL] Maria José Costa [FCUL] João Carlos Marques [UC] Fernando Barriga [FCUL] Maria João Bebianno [UAlg] Maria Teresa Dinis [UAlg] Carlos Sousa Reis [FCUL] Emanuel Gonçalves [ISPA-IU] A Importância dos Oceanos • Primordial! - a vida teve origem nos oceanos onde esteve restringida pelo menos durante 1 a 3 milhões de anos. - os oceanos contém 32 fila (contra apenas 11 nos ambientes terrestres) • Enorme! - 70% da superfície da Terra - 90% do volume da Terra ocupado por vida. - 170 vezes mais espaço de vida que qualquer outro ambiente da Terra. • Largamente desconhecido! - Apenas cerca de 0.00001% dos fundos marinhos foram sujeitos a investigações biológicas. • Incrivelmente diverso! - supõe-se que os oceanos contém 10 milhões de espécies do macrobentos, 100 milhões de espécies de microbentos (comparados com os 1.7 milhões de espécies até à data descritas para todos os ambientes terrestres) AMEAÇAS • A vida nos oceanos está ameaçada por um conjunto de fatores que em muitos casos atuam de forma associada, mas que também podem causar prejuízos de forma isolada • As ameaças mais relevantes: – a sobre-exploração de recursos vivos – as alterações físicas ao ambiente resultantes de ações humanas que conduzem a alterações de estrutura física dos habitats das espécies – a poluição que tem como resultado a contaminação do ambiente por produtos químicos tóxicos, ou por resíduos sólidos – a introdução de espécies alienígenas que resulta da transferência de espécies de uma região geográfica para outra; – as mudanças globais resultantes de alterações do ambiente relacionadas com alterações do clima BENS E SERVIÇOS LIGADOS AO MAR Nos países da Região OSPAR, Portugal é o terceiro país em termos de proporção de pessoas empregues em setores ligados ao mar, e onde sobressai o turismo costeiro. OSPAR Status Quality Report 2010 Mudanças Climáticas O Oceano, um dos principais reguladores do clima do Planeta, está a ser seriamente afetado pelas mudanças climáticas Principais consequências Globais e Regionais: fusão dos gelos Árticos subida no nível do mar acidificação do oceano [de 1751 para a atualidade o pH diminuiu de 8,179 para 8,09. No final do século deve estar em 7,9 Média °C 1971-2000 Simulação 2071-2100 Diferença +1,5 a +3 °C Impactos na composição dos recursos pesqueiros Recursos pesqueiros tradicionais poderão desaparecer de parte ou da totalidade da costa continental portuguesa - designadamente os que não ocorrem na costa atlântica do norte de África. Outros recursos hoje pouco abundantes ou inexistentes nas águas portuguesas mas presentes no noroeste de África - poderão tornar-se comuns e implicar a reorganização das tecnologias e setor pesqueiro. Portugal – Subida do Nível do Mar • Na zona costeira de Portugal Continental o nível médio do mar subiu cerca de 15 cm durante o século XX - taxa média anual de 1,5 mm. • Atualmente a taxa de elevação acelerou para valores próximos do valor global de 3,5 mm/ano. [Dias e Taborda, 1992] Impactos + relevantes da subida do nível do mar na zona costeira • a) intensificação da erosão costeira; • b) aumento das cotas de inundação e, consequentemente, das áreas inundadas edificadas ou naturais, acompanhado da alteração e migração dos ecossistemas ribeirinhos; • c) aumento da influência marinha nos estuários e lagunas, em particular a salinização das águas • d) aumento da intrusão salina nos aquíferos costeiros Relevância da Zona Costeira • • • • estende-se por aproximadamente 950 km, alberga cerca de ¾ da população contribui com cerca de 85% do PIB. densidade populacional média é de 215 habitantes por quilómetro quadrado enquanto a média nacional é apenas de 125. • 1/3 da zona costeira continental encontra-se ocupada por edificações urbanas e estruturas industriais e portuárias. • tendência migratória do interior para o litoral com o consequente incremento da atividade económica, especialmente no setor do turismo, e aumento da pressão sobre o ambiente e os ecossistemas costeiros. Implicações e Ação • a linha de costa irá retroceder - será necessário planear e pôr em prática estratégias de adaptação que implicam escolher e decidir onde se vão reforçar as medidas de proteção/ mitigação. • serão afetados os recursos haliêuticos e os ecossistemas associados. A área da distribuição geográfica de várias espécies com interesse comercial será modificada • será necessário investigar detalhadamente estes impactos que poderão ser, positivos ou negativos, para que terão implicações nas comunidades piscatórias e aquacultura em Portugal Poluição no Meio Marinho Poluição do Meio Marinho • 100 000 substâncias encontram-se no mercado Europeu. • > 30 000 têm uma produção anual >1 ton • Algumas são persistentes, tóxicas contaminando o meio marinho acumulando-se nos organismos vivos e provocando efeitos nocivos para a biodiversidade e saúde humana. • 80% de poluição marinha situa-se na zona costeira. Poluição do Meio Marinho É urgente fazer uma avaliação holística do impacto dos “contaminantes emergentes” – – – – lower lipid agent 3% Retardadores de chama (PDBRs) Plásticos Desreguladores endócrinos Fármacos – Compostos de higiene pessoal (PPCPs) anti-inflamatórios 3% antiepiléticos 3% ansiolíticos 1% antiasmáticos 38% antidepressivos 1% analgésicos 51% Classes de Fármacos no Rio Guadiana e continuar a avaliar de uma forma sistemática e regular o impacto dos contaminantes tradicionais (metais, hidrocarbonetos e pesticidas) tendo em vista avaliar a saúde do oceano e na zona costeira. Poluição do Meio Marinho “A OSPAR deverá elaborar um novo relatório de qualidade do ambiente marinho em 2010 esperando que Portugal seja capaz, desta vez, de fazer um esforço de cooperação, concentração e integração de toda a informação existente nas instituições governamentais e nas Universidades com capacidade científica e técnica adequada de modo a dar uma imagem mais positiva nesta área” - infelizmente mais uma vez se perdeu uma oportunidade de divulgar a situação portuguesa nesta área. Portugal ? Poluição do Meio Marinho • Portugal precisa de uma estratégia integrada para a avaliação da contaminação marinha na zona costeira. • Os meios existentes nos laboratórios de estado e nos centros de investigação das Universidade com “know-how” nesta área permitirão fazer esse diagnóstico e propor medidas para prevenir e combater este tipo de poluição. • Uma aposta coerente e sustentada na investigação científica e no desenvolvimento de novas tecnologias aplicada ao controlo e combate da poluição do oceano e da zona costeira permitirá criar uma base de informação sólida para apoio às decisões. Aquacultura e Ambiente Situação de Referência Sector aquacultura mundial – cresce 8.8 %/ano desde 1970 Consumo português de peixe é de 56.9 kg/pessoa/ano. A média na UE é de 21.4 kg/pessoa/ano. A partir de meados dos anos 90, a aquacultura em Portugal desenvolveu-se sem apresentar um crescimento significativo: Dificuldades burocráticas Aquaculturas localizadas em zonas de sapal (Natura 2000) Investimento reduzido Microempresas ou actividade secundária Planos de ordenamento costeiro insuficientes Decréscimo dos preços de mercado Aquacultura costeira extensiva e semi-intensiva Principais problemas Baixo preço dos produtos da aquacultura intensiva Aumento da competitividade em áreas costeiras Aquacultura costeira extensiva e semi-intensiva Principais vantagens Oportunidades de emprego e desenvolvimento em áreas rurais e costeiras Protecção ambiental e recuperação de áreas com interesse ecológico SUSTENTABILIDADE dos sistemas de Aquacultura extensiva e semi-intensiva em Portugal Sistemas extensivos têm valor patrimonial e social Melhorando a qualidade e imagem pública dos produtos da produção semi-intensiva A aquacultura portuguesa dificilmente pode competir com outros produtores do espaço europeu O seu desenvolvimento e sustentabilidade deverá passar pela valorização dos seus produtos, através de uma diferenciação do que é produzido Acesso a mercados mais exigentes, mas através de uma gestão eficiente e adequada dos recursos aquáticos. Recursos Pesqueiros As pescas em Portugal têm uma forte tradição cultural Portugal tem um dos mais altos niveís de consumo de pescado (> 60 kg /per capita/ ano) Pescarias Multi-específicas - Continente INTERDEPENDÊNCIA DAS ARTES DE PESCA COM OS RECURSOS RECURSOS ARTES CORRICO SALTO E VARA SUPERFÍCIE LINHAS DE MÃO PALANGRE SUPERFÍCIE ARRASTO PELÁGICO CERCO REDES EMALHAR DE DERIVA ARMAÇÃO PELÁGICOS REDES EMALHAR ARRASTO SEMIPELÁGICO TRESMALHOS PALANGRE ARMAÇÃO REDES EMALHAR DEMERSAIS TRESMALHOS PALANGRE CERCO/RAPA XÁVEGA ARRASTO FUNDO E DE VARA XÁVEGA ESPINHEL DEMERSAIS E BENTÓNICOS BENTÓNICOS COVOS ALCATRUZES GANCHORRA ARRASTO DE VARA ARRASTO FUNDO Pescarias Multi-específicas - Açores Potencial de áreas pesqueiras na Z.E.E. ZEE – 953.633 Km2 Fundos até os 600 metros – 7.715 Km2 – 0,008 % ZEE Fundos até aos 1500 metros – 72.423 Km2 – 7,6 % ZEE 600 meters 1500 meters 43.00 41.00 100% 80% 39.00 60% 40% 37.00 20% 0% -20.00 -22.00 -24.00 -26.00 -28.00 -30.00 -32.00 -36.00 33.00 -34.00 35.00 Promoção de Pescarias e Aquacultura Ecológicas Ainda pensa que não importa peixe que escolhe para comer? qual © Les Gallagher/ImagDOP o Recursos Minerais (e Biotecnológicos) Sulfuretos Polimetálicos Os sulfulretos polimetálicos ocorrem ao longo das dorsais médias oceânicas. Formam chaminés de depósitos minerais trazidos ao nível do solo submarino pela água aquecida que penetrou no subsplp onde se misturou com minerais. Estas crostras albergam alguns metais nobres. Estes sítios, quando activos, albergam comunidades faunísticas quimissintéticas únicas com grande interesse biológico e interesse biotecnológico. Bio-prospeção Antibacterial activity in Bathymodiolus azoricus gill and haemocyte homogenates. Gill (G) and haemocyte (H) homogenates. The results demonstrate the inherent property of gill tissues and to some extent haemocytes homogenates to exhibit antibacterial activity against gram-negative and positive bacteria Portugal Submerso 1% Prof. < - 400m 39 058 km2 Prof. méd. - 3617m Prof. máx. - 6028m 99 % Prof. > - 400m 3 855 777 km2 baseado na grid batimétrica ETOPO 1’ As condições naturais existem e.g. Vulcões de lama e escorrências frias Campos hidrotermais com fauna quimiossintética Montanhas submarinas, com recifes e jardins de corais e agregações de esponjas, e potenciais metais de alta tecnologia. Áreas concessionadas para prospeção e pesquisa de hidrocarbonetos desde 2007 A província de Vulcões de Lama do Golfo de Cadiz 43 vulcões de lama Hidratos gasosos recuperados de 4 vulcões de lama MvSeis Fluidos ricos em hidrocarbonetos M.-A. Gutscher Cortesia Luís Meneses Pinheiro – Univ. Aveiro INGMAR (2000-2003); ESF Euromargins MVSEIS (2003-2009), FCT. 434 Montes Submarinos Evolução da posição relativa de Portugal a nível mundial em termos de publicações científicas relacionadas com o Mar Profundo Quinquénios 1991-1995 1996-2000 2001-2005 2006-2010 0 5 10 15 14º RANK 20 21º 25 30 28º 35 40 45 50 43º Áreas Marinhas Protegidas Áreas Marinhas Protegidas em Portugal Continental Realidade Actual •AMPs existentes são extensões de Áreas Protegidas terrestres que confinam com o meio marinho (vantagens: possibilidade de implementar uma gestão integrada para a zona costeira; desvantagens: falta de coerência funcional entre as áreas existentes) • Para muitas dessas AMPs, não existe regulamentação de protecção própria ou a que existe é muitas vezes incipiente, os objectivos de conservação não são claros e falta informação de base e estruturas de gestão adequadas. Áreas Marinhas Protegidas em Portugal Continental Passos para o Futuro trabalhar com os utilizadores a fim de enquadrar de forma adequada as diferentes actividades e ter em conta a complexidade dos ecossistemas marinhos e as suas inter-relações Estabelecer em Portugal uma Rede Nacional de Áreas Marinhas Protegidas eficiente, sustentável e promotora do bem-estar das populações costeiras e da saúde dos ecossistemas marinhos. Estratégia para a Conservação dos Habitats Costeiros e Marinhos Habitats Marinhos e Costeiros: NATURA 2000 Directiva Habitats Directiva Aves Habitats do Largo e do Mar Profundo: OSPARCOM Montes Submarinos Campos de Fontes Hidrotermais (em breve também NATURA 2000) Planeamento espacial e conservação dos ecossistemas marinhos CONVENÇÃO DA DIVERSIDADE BIOLÓGICA – 2007 & 2009