PAINEL INTERGOVERNAMENTAL DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Propaganda
PAINEL INTERGOVERNAMENTAL DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS
4° Relatório de Avaliação de Mudanças Climáticas
Em fevereiro de 2007, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em
inglês) divulgou o primeiro de uma série de relatórios que formarão o 4º Relatório de
Avaliação (AR4, em inglês). “Climate Change 2007: The Physical Science Basis1”
(“Mudanças Climáticas 2007: a Base Científica Física”) avalia o atual conhecimento
científico sobre as forças naturais e humanas das mudanças climáticas, as mudanças
observadas no clima, a habilidade da ciência em atribuir diferentes causas às mudanças
climáticas, e projeções para cenários futuros das mudanças climáticas.
Este relatório expressa uma confiança muito maior em relação às avaliações anteriores de
que grande parte do aquecimento observado nos últimos 50 anos é causado por
atividades humanas (uma certeza maior do que 90%) e conclui – a partir das observações
de aumento na média global das temperaturas do ar e dos oceanos, derretimento das
calotas polares e aumento na média global do nível do mar – de que o aquecimento do
sistema climático é claro e patente.
Entre os impactos observados descritos no relatório:
1• Onze dos últimos 12 anos estiveram entre os 12 mais quentes já registrados.
2• O aumento global do nível do mar se acelerou.
3• Geleiras montanhosas e cobertura de neve diminuíram em média tanto no hemisfério
norte quanto no hemisfério sul.
4• Secas mais intensas e mais longas foram observadas em áreas mais extensas desde
1970, particularmente nos trópicos e sub-trópicos.
As projeções de mudanças climáticas para o fim do século 21 dependem de futuras
emissões. O IPCC usou seis cenários de emissões para realizar tais projeções. O relatório
conclui que se não fizermos nada para reduzir as emissões, o aquecimento do planeta
será duas vezes maior nos próximos 20 anos do que se tivéssemos estabilizado a emissão
de gases nos níveis do ano 2000.
Entre as projeções incluídas no relatório:
A variação total de projeções para aumento da temperatura é de 1.1 a 6.4o C
A melhor estimativa, que reflete o ponto central entre o cenário de emissões mais baixo e
o mais alto, é de 1.8 a 4.0o C
É provável que futuros ciclones tropicais (tufões e furacões) se tornem mais intensos, com
velocidade máxima dos ventos ainda maior e precipitações mais pesadas, associadas com
mares tropicais mais quentes.
Há uma probabilidade maior do que 90% de que calor extremo, ondas de calor mais
longas e eventos de precipitação intensos continuem a se tornar mais freqüentes.
Em abril de 2007, o IPCC deve acordar e divulgar a segunda parte do AR4, “Impactos,
Adaptação e Vulnerabilidade”, em Bruxelas, capital da Bélgica. A divulgação da terceira
parte, “Mitigação das Mudanças Climáticas”, ocorrerá em Bangcoc, no início de maio.
O que é o IPCC?
O IPCC foi estabelecido pela Organização Metereológica Mundial (OMM ou WMO, em
inglês) e pelo Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente (Unep), em 1988. Na
época, houve um reconhecimento de que as mudanças climáticas se tratavam de um
assunto sério e que os líderes de governos necessitariam de conselho científico imparcial –
independente de interesses nacionais e de influência corporativa. O IPCC é responsável
por recomendar aos tomadores de decisão ‘políticas relevantes’ – e não ‘políticas
prescritivas’ – sobre todos os aspectos do problema das mudanças climáticas.
O IPCC é aberto a todos os países membros da Unep e da OMM, e se reúne normalmente
em sessões plenárias uma vez por ano. Estas sessões decidem a estrutura, princípios,
procedimentos e programa de trabalho do IPCC, além de eleger a presidência e comissões
do IPCC. Também é responsável por definir o escopo dos relatórios do IPCC e aceitar os
relatórios. As sessões plenárias são conduzidas nas seis línguas oficiais da ONU e
geralmente são atendidas por centenas de representantes de governos e organizações
participantes. O IPCC, a presidência e comissões do IPCC são apoiados pelo Secretariado
do IPCC.
O papel do IPCC é informar tomadores de decisão sobre o atual nível de conhecimento e
fornecer informação confiável pertinente às mudanças climáticas. O IPCC não conduz
nenhuma pesquisa científica propriamente, mas revisa milhares de documentos sobre
mudanças climáticas publicados na literatura especializada todos os anos e resume o ‘nível
de conhecimento’ sobre o assunto em Relatórios de Avaliação que são publicados a cada
cinco anos, em média. Estes relatórios têm se tornado uma referência de trabalho, usados
amplamente por tomadores de decisão, cientistas, outros especialistas e estudantes. O
IPCC também produz uma variedade de relatórios solicitados por governos, organizações
intergovernamentais ou tratados internacionais. Todos os cientistas e especialistas
envolvidos em produzir e revisar o trabalho do IPCC o fazem de forma voluntária.
Como o IPCC Trabalha
O IPCC está dividido em três Grupos de Trabalho.
Grupo de Trabalho I: “avalia os aspectos científicos do sistema climático e das mudanças
climáticas”. Isto é, reporta sobre o que sabemos das mudanças climáticas – se está
acontecendo, porquê está acontecendo e em que velocidade está acontecendo.
Grupo de Trabalho II: “avalia a vulnerabilidade dos sistemas socio-econômicos e naturais
das mudanças climáticas, conseqüências negativas e positivas das mudanças climáticas e
as opções de adaptação”. Isto é, revela os impactos das mudanças climáticas na vida das
pessoas e no meio ambiente, e que mudanças podem reduzir estes impactos.
Grupo de Trabalho III: “avalia opções para limitar as emissões de gases do efeito estufa e,
assim, mitigar as mudanças climáticas”. Isto é, observa maneiras pelas quais podemos
barrar as mudanças climáticas induzidas pelo homem, ou ao menos desacelerá-las.
Cada Grupo de Trabalho tem dois presidentes – um de país desenvolvido e outro de país
em desenvolvimento, e uma unidade técnica de apoio. As atividades do IPCC, incluindo
custos de viagens para especialistas de países em desenvolvimento e de países com
economias de transição, são financiadas através de contribuições voluntárias de governos.
A OMM, Unep e a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas
(UNFCCC, em inglês) contribuem com apoio adicional.
Relatórios de Avaliação do IPCC
Relatórios de Avaliação consistem em diversos volumes e disponibilizam ampla informação
científica, técnica e sócio-econômica sobre mudanças climáticas, suas causas: impactos,
adaptação e vulnerabilidade, e opções de mitigação. Cada um dos relatórios dos três
Grupos de Trabalho inclui um Sumário para Tomadores de Decisão (SPM, em inglês),
publicados em todas as línguas oficiais da ONU. O SPM é escrito de tal maneira a ser
compreendido por não-especialistas.
As avaliações anteriores foram bastante influentes para determinar políticas nacionais e
internacionais para combater as mudanças climáticas. A primeira, divulgada em 1990,
levou a Assembléia Geral da ONU a criar a Convenção-Quadro sobre Mudanças Climáticas
(UNFCCC, em inglês). A segunda, em 1995, contribuiu para as negociações da Convenção
do Protocolo de Kyoto.
Os relatórios do IPCC são escritos por grupos de especialistas (autores e colaboradores),
designados por governos e organizações internacionais e selecionados para uma tarefa
específica, de acordo com seu conhecimento específico. Algumas centenas de especialistas
de todo o mundo são normalmente envolvidas na preparação dos relatórios, com mais
especialistas ainda participando do processo de revisão. Cerca de mil especialistas de todo
o mundo foram envolvidos na preparação do último (3º) Relatório de Avaliação, divulgado
em 2001, e cerca de 2.500 foram envolvidos no processo de revisão. O 4º Relatório de
Avaliação será publicado em 2007.
O IPCC geralmente inicia uma nova avaliação desenvolvendo um esboço geral. Tomadores
de decisão e outros usuários são consultados para identificar as principais questões
políticas relevantes ao assunto. Depois que o esboço é aprovado, times de
especialistas/autores são formados para cada capítulo. Os times de cada capítulo devem
incluir especialistas de todas as regiões e representar uma gama de conhecimento
específico, além de prevalecer a visão técnico-científica.
Os relatórios do IPCC devem passar por um rigoroso processo de revisão técnico e
científico, em duas etapas, para garantir credibilidade e transparência. Para a primeira
revisão, os rascunhos são circulados entre especialistas com conhecimento específico
significativo e com publicações. Estes rascunhos são, então, revistos e distribuídos entre
governos e outros autores e revisores especializados. Depois de levar em consideração os
comentários de especialistas e governos, os rascunhos finais são apresentados em
plenários para aceitação de seu conteúdo.
Os Sumários para Tomadores de Decisão (SPM, em inglês) são preparados juntamente
com os relatórios principais e são submetidos a uma revisão simultânea de especialistas e
governos. Os sumários são então aprovados em sessões plenárias linha-por-linha, em
conformidade com os especialistas/autores, para garantir que sejam consistentes com o
relatório técnico-científico.
Download