Economia Politica Internacional Três principais correntes de pensamento em EPI: • Mercantilismo • Liberalismo • Estruturalismo Mercantilismo Primeira corrente de pensamento sobre Economia Politica Internacional. • Os pensadores Mercantilistas defendiam que os estados deviam utilizar o comércio internacional para acumular riqueza. • Acumulação de riqueza significava acumulação de Metais preciosos (Ouro prata). • Comércio: Estados deviam conseguir um saldo positivo da Balança Comercial - (X-M) > 0, acumulando metais preciosos como pagamento das exportações líquidas. • Ligado ao Nacionalismo Económico. 1 Mercantilismo • • • • Politicas: Aumentar as exportações (promoção da Indústria) Limitar importações (proteccionismo) Manter Monopólios comerciais • Conseguir saldos positivos da B. Comercial • Acumular riqueza (m. preciosos) e poder militar. Mercantilismo • Problemas: • Acumulação de Riqueza é diferente de aumento de bem estar. • Acumulação de Metais preciosos e Inflação • Comércio como Jogo de Soma Nula – O que um país ganha igual ao que o outro perde. – Esquece Ganhos de comércio. 2 Mercantilismo • A sua versão inicial é mais uma doutrina militar do que económica. • Acumulação de Riqueza serve para aumentar o poder do Reino (capacidade de formar exércitos). • Continua a fazer sentido em contextos de guerra ou rivalidade militar. – As livres trocas podem ser vantajosas para todos, mas se permitirem a um país inimigo comprar armas podem no futuro comprometer a segurança de quem as vende. Nacionalismo O Nacionalismo Económico está muito ligado ao retomar das ideias Mercantilistas nos finais do sec. XVIII e inicio do século XIX Os países que se tinham atrasado tinham de everedar por politicas de desenvolvimento nacionais para conseguirem aproximar-se do país lider (a Inglaterra). Exemplo Alexander Hamilton (1791) e Friedrich List (1841) • O Nacionalismo Económico defende que o estado deve ter um papel forte na promoção das indústrias Nacionais, defendendo o emprego e investimento no país. • Defende políticas proteccionistas em nome da protecção do bem estar e dos interesses nacionais. Era importante utilizar o consumo doméstico para estimular o crescimento de indústrias nacionais. 3 Nacionalismo • O Nacionalismo opõem-se ao liberalismo (Adam Smith e David Ricardo), que defende só é vantajoso para os países mais desenvolvidos. • O Nacionalismo Económico e Politico voltou a dominar na década de 1930. Depois da crise de 1929, muitos países consideraram que fechando-se sobre si mesmos (com proteccionismo) se poderiam isolar do alastrar da crise internacional. • O nacionalismo económico e o ultra-nacionalismo político contribuíram para criar o clima que levou à segunda Guerra Mundial Nacionalismo • A ideologia Nacionalista defende a coincidência de três realidades: – – – Povo Território Estado • Opondo-se a tudo o que impede a existência desta coincidência. • A ideia de Estado-Nação defende que a nação (O povo e o seu território) tem direito a ter o seu próprio governo. Ideologia libertadora. • Ideologia opõem-se aos impérios que existiam na Europa no século XVIII, onde existiam vários povos governados por imperadores de outros países. Por exemplo a Espanha governava a Holanda, a Sicília e Nápoles; o império Austro-húngaro reunia vários povos. • Os Nacionalistas, quer no século XVIII e XIX quer no século XX foram buscar ideais míticos e heróis medievais como referências fundadoras dos Estados Nações. • Para a ideologia nacionalista os direitos e deveres colectivos ligados ao destino comum de um povo sobrepõem-se aos direitos individuais. 4 Nacionalismo • O que define um povo? Nacionalismo • • • • • Língua Religião Cultura Tradições Questões raciais 5 Nacionalismo: Povo • Língua: – No tempo do império Romano existe uma língua unificadora (o Latim) que permanece por toda a idade média como a língua religiosa e de alta cultura. Cultura erudita tem uma língua comum europeia. Língua Escrita. – Línguas faladas. A Europa até ao século XIX está cheia de dialectos que não coincidem com as fronteiras nacionais de hoje, nem desse tempo. Exemplo: Mirandês, Galaico-Português, Languedoc, dezenas de dialectos existentes na Itália. Existem muitas línguas mistas nas fronteiras entre grupos linguísticos… • Ao mesmo tempo que existem micro dialectos (ao nível da aldeia, vila, vale e região), existem línguas de transição… • Os Reis frequentemente falavam línguas diferentes do povo que governavam? • Apesar de várias guerras e tentativas de uniformização havia e há muitos países com diferentes Religiões. • Cultura, Tradições, Questões raciais, também aqui há poucas fronteiras bem definidas… Nacionalismo: Povo • Em conclusão a ideia de ter povos bem definidos, isto é claramente separados uns dos outros, não é uma ideia que corresponda muito á realidade Europeia… nem á realidade de outros continentes: 6 Nacionalismo: Povo e Território • A segunda questão é a da coincidência entre POVO e TERRITÓRIO. • Exemplo dos Balcãs, mistura de línguas, tradições e religiões. • As fronteiras na Europa variaram muito e existem povos que são maioria em algumas regiões e minorias noutras. – Exemplos: Húngaros, Alemães (e.g. na Polónia); Russos (nos estado Balticos ou na Ucrânia). Em África esta é também uma realidade muito frequente. • • Emigrantes dentro da Europa e de fora da Europa. Povos que se estendem por vários países (Judeus, ciganos) Nacionalismo: Estado • Estado Nacional como forma natural? • Império Romano • Reinos posteriores… – Dos Reis dos Francos, dos Suevos ou dos Visigodos ao sistema medieval de vassalagem. • Os muçulmanos na península Ibérica, a reconquista e as cruzadas a união feita pela Igreja católica e o protestantismo… • Os Impérios… e o Estado Moderno… • Os Nacionalismos e as Guerras • A revolução Industrial 7 Nacionalismo: Estado • O Ensino de Massas organizado de forma nacional e a uniformização da cultura e da línguas nacionais. • As redes ferroviárias e de estradas nacionais. • O peso crescente do Estado e a centralização de recursos nas capitais. • As fronteiras bem definidas e controladas. • Os meios de comunicação de massa (Jornais nacionais, Radios, televisões) • As Economias Nacionais • O que está a mudar… Neo-Mercantilismo Neomercantilismo é um termo utilizado para descrever uma política económica que encoraja as exportações, desencoraja importações, controla movimentos de capital e centraliza as decisões monetárias nas mãos de um governo central. O objectivo é aumentar o nível de reservas detidas pelo governo, permitindo políticas fiscais e monetárias mais eficazes. Defende que a independência económica e auto-suficiência são objectivos a seguir pela nação e que sistemas (sofisticados) de protecção são justificados para permitir ao país desenvolver a sua infra-estrutura comercial e industrial até ao ponto onde pode competir nos mesmos termos no comercio internacional. China é frequentemente acusada de praticar o neomercantilistas. Portugal do Estado Novo também era Neo-mercantilista (autarcia, auto-suficiência… moeda forte) Para os‘neo-mercantilistas’ o foco está no desenvolvimento económico e não no militar e por se aceitar que a determinação dos preços internos seja de acordo com o mercado (menores distorções que o mercantilismo clássico). 8 Realismo • Mercantilismo e Realismo Político muitas vezes confundem-se. • O Realismo defende que o sistema internacional é anárquico e que por isso, os estados procuram acumular poder e definem a economia para esse fim. • Os estados são os únicos actores na economia internacional, uma vez que não há um governo mundial. • Os estados são racionais e procuram apenas defender os seus interesses nacionais, desconfiando da cooperação e alianças de longo prazo como sendo formas seguras de garantira a defesa dos interesses nacionais. • Exemplos de falhas de cooperação internacional (Quioto; mesmo na UE) Teoria da Estabilidade Hegemónica • Esta teoria defende que só a existência de um estado dominante poderá garantir a existência de um sistema económico internacional aberto e estável. • Isto é assim porque existe um problema de acção colectiva na medida em que a regulação e institucionalização do comércio e finanças é um bem público: não rivalidade no consumo, impossibilidade de exclusão. Toda a comunidade internacional beneficia da existência de comércio livre (mesmo que não contribua). • Para resolver o problema de acção colectiva, tem de haver uma potencia dominante que tome a liderança. É motivada a faze-lo porque beneficia com isso. • Exemplos: Os EUA obtiveram grandes benefícios em ter a sua moeda a servir de reserva no sistema de Bretton Woods. A Inglaterraenquanto potência dominante impôs a abertura ao comércio porque tal a beneficiava. 9 Mercantilismo • • O Mercantilismo apesar de ser a primeira corrente de Economia Politica Internacional continua a ter muitos seguidores. • O Conceito tem vindo a sofrer evoluções sucessivas ao longo dos tempos, dando origem a novas abordagens. • Todas defendem a intervenção do estado na economia para • defender os interesses nacionais, recorrendo se necessário a medidas proteccionistas. • • • • Problemas: Acumulação de Riqueza é diferente de aumento de bem estar. Acumulação de Metais preciosos e Inflação Comércio como Jogo de Soma Nula – O que um país ganha igual ao que o outro perde. – Esquece Ganhos de comércio. Liberalismo • A segunda grande corrente de EPI é o liberalismo ou liberalismo económico. • Tem origem nas críticas de Adam Smith e David Ricardo aos Mercantilistas. As suas famosas máximas são o “Laissez-Faire, Laissez Passer”e a “Mão Invisível”. • O movimento liberal defende que os mercados e a política são arenas onde todos os intervenientes podem beneficiar de se envolverem em trocas voluntárias. • Se não existirem impedimentos ao comércio entre indivíduos, todos podem atingir os níveis de bem-estar máximos, dados os recursos existentes. • Os economistas clássicos e neoclássicos (em geral liberais) acreditam que os mecanismos do mercado são a melhor forma de garantir a melhor utilização de recursos escassos. 10 Liberalismo • Os liberais aceitam que os governos devem apenas garantir a provisão de bens públicos que de outro modo não existiriam: como a defesa nacional, um sistema legal, direitos de autor, e quando muito garantir as oportunidades na educação, criar infra-estruturas, criar e regular uma moeda comum. • Defendem que os governos devem ter um papel muito limitado na economia: apenas providenciar os meios para o mercado funcionar, essencialmente através da regulação e fiscalização. • Acreditam na auto- regulação dos mercados, que necessita apenas da supervisão e de regras pelso estados. • Em termos internacionais, os liberais acreditam que pode existir uma harmonia natural de interesses entre países. Acreditam em estabelecer e cumprir regras de acordos, tratados e direito internacional e que tal pode ser suficiente para garantir a cooperação. Liberalismo • Os liberais acreditam ainda que os governos devem gerir a economia internacional do mesmo modo que as economias nacionais: limitando-se a estabelecer regras e fiscalização em ‘regimes internacionais’ para regular as trocas entre diferentes moedas nacionais e assegurar que nenhum país ou grupo de indivíduos é prejudicado por práticas ‘injustas’. • A visão liberal é fortemente a favor dos indivíduos (livres) e mercados (livres) e contra a intervenção do estado e a ideia de que os estados devem determinar o que é melhor para os indivíduos. • Os liberais defendem os direitos dos cidadãos mais do que os direitos e destino comum colectivos dos estados. 11 Estruturalismo • Defendem que um dos problemas do pensamento liberal é a da distribuição desigual dos ganhos relativos, acreditam nem todos os estados (e pessoas) vão obter os mesmos ganhos com o livre mercado. • O liberalismo tende a enfatizar a eficiência e preocupar-se menos com a equidade. • Estas ideias são salientadas pela corrente Estruturalista, que tem a sua origem na teoria Marxista. Marxismo • Karl Marx (economista político do sec. XIX) é talvez o crítico mais feroz do capitalismo e do liberalismo. • Marx verificou que o liberalismo deu origem a grandes desigualdades sociais (riqueza para capitalistas e pobreza para trabalhadores) e assim rejeitou a ideia que o livre mercado maximiza o bem-estar de toda a sociedade. • Marx defendeu que o capitalismo é um sistema naturalmente conflituoso e que devia (e seria) substituído pelo socialismo. • Marx defendia também que o sistema era naturalmente instável e teria sucessivas crises até à emergência de um sistema socialista, que através do planeamento central evitasse os excessos de procura e oferta que geravam os ciclos económicos. Nesse sentido os Marxistas defendiam que o capitalismo a prazo se revelaria como menos eficiente do que o comunismo. 12 Estruturalismo • • • • • • • • • • Os estruturalistas acreditam que a estrutura (de classes) condiciona os resultados. • Lenin expandiu os escritos de Marx para a EPI para explicar o Imperialismo, o relacionamento entre as potências colonizadoras e as colónias. • Os estruturalistas estudam problemas que são ignorados pelas outras correntes, permitindo assim compreender fenómenos actuais: problemas de classe, dependência, exploração, distribuição de poder e riqueza, etc. Conclusões As Correntes de EPI assentam em diferentes pressupostos e defendem políticas diferentes • Os Liberais interessam-se pelos direitos dos indivíduos e defendem que a intervenção do estado deve ser limitada • Os Mercantilistas centram-se no interesse do Estado (ou do príncipe) e defendem restrições à liberdade de comércio • Para os Estruturalistas as classes são o centro da análise e o estado deve intervir para assegurar o desenvolvimento • • Os Liberais acreditam que a política e a economia são esferas em grande medida autónomas. • Para os Mercantilistas a Política tem supremacia sobre a Economia • Para os Estruturalistas a Economia determina a Política. 13