Conteúdo Pedagógico História – 6º ano Indicações metodológicas para o ensino de História Das muitas indicações que Rudolf Steiner 190 deu, para a metodologia do ensino de História, algumas serão mencionadas. Todas as descrições deveriam estar cheias de fantasia, para despertar os sentimentos e as forças da índole dos alunos. Isso pode ser conseguido mais facilmente se não descrevemos os fatos como se fôssemos espectadores, mas de maneira que os alunos participem daquilo que vive no interior dos personagens, sempre que for possível. Para fazer com que os alunos desenvolvam um sentimento pela distância histórica, R. Steiner recomendou recorrer à "cadeia de gerações". As crianças vêm para frente e se dão as mãos, cada criança representa uma geração (aproximadamente 33 anos), três correspondem a um século. Dessa maneira a distância do acontecimento no tempo se toma perceptível aos olhos. O ensino de História deve estar permeado, a partir do 6° ano, por relações de causalidade. Isso só poderá ocorrer corretamente se aplicamos o método sintomatológico; é absolutamente necessário que o professor de classe se inteire deste método. Na parte artística da aula principal deve haver recitações nas línguas das antigas civilizações ou poesias que têm por objeto cenas históricas 193. Encontra-se material característico para as aulas de História em Conrad Ferdinand Meyer e Schiller. Se não se dá aulas de latim, todos os alunos podem recitar alguns exemplos de textos nessa língua. 6° ano A matéria abrange uma época cultural inteira, ou seja, os aproximados 2100 anos do século VIII a.C. até o século XV d.C. Por isso, nos limitaremos severamente a uma escolha exemplar. Para a história de Roma 194 , o fio condutor pode ser a apresentação das capacidades específicas deste povo em permear a sua vida e a sua atuação com as normas de Direito e de desenvolver um especial sentimento de justiça. Na divisão da matéria convém tratar da história de Roma 195 , na primeira época, e da Idade Média na segunda época. Na medida do possível, procuraremos fazer os alunos vivenciarem as novas forças acordadas nos homens daquela época: a capacidade do pensar claro e objetivo e a vivência de um sentimento individualizado. A história da fundação de Roma e dos sete reis já é conhecida pelas narrações feitas durante o ano. Voltaremos a ela, brevemente, no começo da época, realçando as grandes virtudes dos romanos nos atos de Horácio Cocles, Mutius Scaevola, Cloelia, Quinctius, Ancinatus, Curtius, Manlius (pela poesia de Conrad F. Meyer). A história de Roma começa com a fundação da República. A legislação das 12 tábuas revela o grande sentimento que os romanos tinham em relação ao direito e que existia desde o início, levando ao conflito entre patrícios e plebeus. O cônsul Menenius Agrippa conseguiu resolver a disputa temporariamente contando a fábula do estômago e dos membros. Ao tratarmos da expansão do domínio romano e da disputa com Cartago, os destinos de Aníbal e de Cipião podem estar em primeiro plano. Convém descrever detalhadamente as conseqüências das guerras Púnicas para os habitantes do Império Romano: a entrada das riquezas, a conquista de províncias férteis, que levou à formação de grandes propriedades agrárias pondo fim à classe camponesa, a divisão do povo em uma pequena classe superior, enriquecida e em uma camada, cada vez maior, de cidadãos empobrecidos, que se mudam para a capital onde são ocupados, sem trabalhar; com pão e com jogos circenses. Em contrapartida, as antigas virtudes romanas se perdem. Na descrição da luta por justiça, entre os irmãos Tibério e Caio Graco, uma notável figura feminina, a mãe deles, Comelia, pode ser realçada. Isso pode ser completado, se o tempo for suficiente, pela guerra entre os Populares (Mario) e os Otimatos (Sulla). Na primeira luta entre Romanos e Germanos (os Címbrios e Teutões), os Romanos são caracterizados pelo seu intelecto e os Germanos pela sua força muscular. Podem ser caracterizadas as figuras tão diferentes de Pompeo e César, o fim da República e a luta entre Bruto, Antonio e Otaviano pela sucessão de Cesar. Passa então, para o centro das observações, a figura do imperador Augusto, em cujo reino ocorre, na longínqua província da Palestina, a atuação de Jesus Cristo. Os alunos ficarão cheios de admiração pelos feitos culturais dos romanos no campo da arquitetura: a construção das cloacas, das estradas usadas para o avanço dos soldados, que atravessavam todo o império, face principalmente a invenção da construção do arco redondo nas edificações. Muitos aquedutos, termas e arcos de triunfo têm ficado intactos até os dia de hoje. A história de Roma pode ser encerrada com as imagens contrastantes da decadência do império, simbolizadas pelos "espetáculos" na arena e pelos começos incipientes do cristianismo nas catacumbas subterrâneas. A segunda época começa com a migração dos povos, que Rudolf Steiner compara com uma catástrofe da natureza, a qual põe um término visível ao império romano. Os germanos são tomados de admiração ao conhecerem as conquistas da cultura romana. Ao descrever os vários povos, o professor deve ver como pano de fundo as seguintes diferenciações. - os ostrogodos, como povo dirigido por sacerdotes. Tradução da bíblia para a língua gótica pelo bispo Ulfila. A atitude tolerante de Teodósio frente aos romanos, que não eram arianos. - os francos de Clodovigo, como povo guerreiro. Exterminou, sem escrúpulos, todos os parentes, para fortalecer o seu domínio. A guerra como meio de fazer conquistas e a religião como meio de ampliar o domínio. - os anglos e os saxões, como povos marítimos e comerciantes. Sem fazer uso desses conceitos, podemos descrever os povos e seus dirigentes, de maneira que os alunos percebam as diferenças. Permanece na Europa Central o povo não especializado, os alemães das épocas seguintes, com os quais se inicia um novo desenvolvimento cultural, pela cristianização. De grande significado foi a missão iro-escocesa, na região do Reno Superior e do Lago de Constanz, sob a direção de Columbano, Gallo e Killian e a missão anglo-saxônica dirigida por Wilfried Bonifatius, que subordina os novos bispados ao papa. Em seguida, convém falar da origem e da expansão do islamismo, inclusive com cenas da vida de Maomé, as cinco colunas do islamismo, as regras para a vida, baseadas na religião e os dois princípios tão importantes para a expansão do islamismo: 1°) quem perde a vida lutando pela fé vai direto ao paraíso e 2°) o destino do ser humano é predestinado por Alá, até em seus mínimos detalhes. A história política, se é que vai ser tratada, pode ser tratada brevemente: Carlos Magno; origem do império; Otto, o Grande; a salvação do cristianismo ante o ataque dos Magiares do oriente; Henrique IV, a luta do imperador contra o papa; os imperadores do império dos Staufen; Frederico Barbarossa e o imperador "universal", Frederico II. É muito mais importante pôr em evidência os diversos elementos da cultura medieval do que tratar dos assuntos relacionados acima. 1.0 Sistema Feudal. 2. A maneira de viver dos camponeses, a sua caminhada, de camponês independente à servidão, como conseqüência dos excessos do feudalismo, e como origem das futuras guerras dos camponeses. 3. A cavalaria, a educação dos cavaleiros, as regras de vida, ordens de cavaleiros eclesiásticos e seu significado. 4. A vida dos monges, "ora et labora", os conventos como centros do progresso econômico e cultural, as várias ordens religiosas e suas tarefas. 5. A fundação de cidades, as cidades como espaço de liberdade, os hábitos dos habitantes das cidades, o significado das corporações, a membração da vida em espaço cultural (a catedral), o jurídico (o paço municipal) e o econômico ( o mercado). No fim da época, pode-se falar rapidamente das Cruzadas. Deveriam ser estudadas mais detalhadamente, as conseqüências econômicas e culturais do encontro, durante mais de dois séculos, do Oriente com o Ocidente, para os habitantes da Europa, conseqüências amplamente tratadas por Rudolf Steiner.