Comunicação (ética) e ética (política) Conceitos fundamentais DCG Comunicação, ética e política 2007/2 - profa. Cláudia Herte de Moraes Pressupostos Entender o processo de comunicação, o encontro, o relacionamento entre as pessoas ou processo pelo qual se busca a cidadania, ou seja, como fenômeno cultural complexo que inclui, desde sua origem, a questão ética. Referências: ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Martin Claret, 2007. CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. Vozes, 2000. GUARESCHI, Pedrinho. Comunicação e Poder. Vozes, 1985. MARCONDES FILGHO, Ciro. Quem manipula quem. Vozes, 1986. Pressupostos A comunicação está na essência do ser humano (fenômeno antropológico) É um fenômeno histórico (pois desenha a própria história da humanidade) É fenômeno social (se desenvolve entre indivíduos na sociabilidade). A ética é essência e manifestação do ser humano, é a norma do seu agir. Ligação: ética e comunicação Os humanos se distinguem pelas ações, norteadas pelo caráter e princípios. Na relação entre as pessoas a ética toma forma, através da comunicação. Neste sentido, o compartilhamento de valores entre as pessoas em determinada sociedade se constitui como princípio ético. Os cidadãos mantém estes valores, e os atualizam para o bem estar comum da sociedade. Ligação: ética e comunicação Ao falar de cultura, valores sociais e culturais, costumes, formas e normas de vida, estamos falando do campo da ética. A ética relaciona-se diretamente ao campo da comunicação, não existindo um sem o outro. Significando – origem da ÉTICA ÉTICA significa CARÁTER, MODO DE SER; Refere-se aos indivíduos e aos grupos (modo de vida e organização das pessoas e das instituições socioculturais); Inclui: liberdade e diferença, pluralismo, oportunidade de escolha e responsabilidade. 1 Marilena Chauí “Toda cultura e cada sociedade institui uma moral, isto é, valores concernentes ao bem e ao mal, ao permitido e ao proibido, e à conduta correta, válidos para todos os seus membros. Culturas e sociedades fortemente hierarquizadas e com diferenças muito profundas de castas ou de classes podem até mesmo possuir várias morais, cada uma delas referida aos valores de uma casta ou de uma classe social.” Ética e moral Os costumes são inquestionáveis e até mesmo sagrados. Costume se diz, em grego, ethos – donde, ética – e, em latim, mores – donde, moral. As duas palavras referem-se ao conjunto de costumes tradicionais de uma sociedade. Quando cumpridos são recompensados; ao transgredi-los se é punido. Sócrates indagava o que eram, de onde vinham, o que valiam tais costumes. Aristóteles “Se devemos a Sócrates o início da filosofia moral, devemos a Aristóteles a distinção entre saber teorético e saber prático. O saber teorético é o conhecimento de seres e fatos que existem e agem independentemente de nós e sem nossa intervenção ou interferência. Temos conhecimento teorético da Natureza. O saber prático é o conhecimento daquilo que só existe como conseqüência de nossa ação e, portanto, depende de nós.” (CHAUÍ) Marilena Chauí “No entanto, a simples existência da moral não significa a presença explícita de uma ética, entendida como filosofia moral, isto é, uma reflexão que discuta, problematize e interprete o significado dos valores morais. Podemos dizer, a partir dos textos de Platão e de Aristóteles, que, no Ocidente, a ética ou filosofia moral inicia-se com Sócrates.” Sócrates “É sujeito ético moral somente aquele que sabe o que faz, conhece as causas e os fins de sua ação, o significado de suas intenções e de suas atitudes e a essência dos valores morais. Sócrates afirma que apenas o ignorante é vicioso ou incapaz de virtude, pois quem sabe o que é o bem não poderá deixar de agir virtuosamente.” (CHAUÍ) A Práxis A ética é um saber prático (práxis e técnica) Na práxis, o agente, a ação e a finalidade do agir são inseparáveis. Somos aquilo que fazemos e o que fazemos é a finalidade boa ou virtuosa. Na técnica, diz Aristóteles, o agente, a ação e a finalidade da ação estão separados, sendo independentes uns dos outros. 2 O campo das ações éticas Aristóteles apontou que as ações éticas não são apenas resultados da virtude, do bem e da obrigação, mas pertencem ao espaço da deliberação, e da decisão ou escolha. Esta escolha se dá sobre o possível. Isto porque desta escolha depende o ser e o acontecer. Assim, Aristóteles acrescenta à consciência moral, trazida por Sócrates, a vontade guiada pela razão, considerado elemento fundamental da vida ética. A ética visa o bem comum A ética, portanto, era concebida como educação do caráter do sujeito moral para dominar racionalmente impulsos, apetites e desejos, para orientar a vontade rumo ao bem e à felicidade, e para formá-lo como membro da coletividade sociopolítica. Sua finalidade era a harmonia entre o caráter do sujeito virtuoso e os valores coletivos, que também deveriam ser virtuosos. Comunicação e poder Em se tratando da ética social, como é o caso da Comunicação Social, entre em cena a disputa e o exercício do poder. Os Meios de Comunicação de Massa possuem grande poder político e econômico sendo grandes influenciadores do tipo de relacionamento social. A mudança dos costumes se dá através da comunicação. Três aspectos principais (Chauí) Racionalismo: a vida virtuosa é agir em conformidade com a razão, que conhece o bem, o desejo e guia nossa vontade até ele; Naturalismo: a vida virtuosa é agir em conformidade com a Natureza (o cosmos) e com nossa natureza (nosso ethos); Inseparabilidade entre ética e política: entre a conduta do indivíduo e os valores da sociedade (pois é na existência compartilhada encontramos liberdade, justiça e felicidade.) Há três principais tipos: Ética pessoal: refere-se à ação individual a partir de uma consciência ou caráter. Ética Pública (ou social): é a responsabilidade da sociedade como um todo pelo BEM COMUM. A ética política deriva de determinada ética pública. Ética Profissional: agir a partir da atividade profissional. Especificada nos Códigos Deontológicos profissionais. Indústria cultural Universalização e padronização de comportamentos Força dos produtos e do consumo na determinação de modos de agir Audiência (IBOPE) como critério. Regulação do conteúdo da TV (exemplo de ética/censura a partir do conceito de responsabilidade). 3