DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DAS NASCENTES DO RIO INHAÚMA

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DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DAS NASCENTES DO RIO INHAÚMA – PE*
NEEMIAS DE OLIVEIRA GUEIROS
GARANHUNS
PERNAMBUCO – BRASIL
2014
*Monografia (Graduação em Agronomia) – Universidade Federal Rural de
Pernambuco, Garanhuns, Pernambuco, Brasil.
INTRODUÇÃO
A água tem sido um dos elementos mais importantes no processo de ocupação e
desenvolvimento de uma região. No Agreste nordestino esta importância aumenta,
chegando a se transformar em questão de sobrevivência, devido à carência de água nos
arrabaldes das terras agrestinas, invariavelmente circundadas pelo árido sertão, com
seus problemas já sabidos de baixa pluviosidade e de gerência de recursos hídricos por
parte dos governos em suas várias estâncias. Segundo Cabral (et. al.) nos brejos de
altitude, localizados na região Agreste de Pernambuco e Paraíba, o micro clima é
diferenciado do entorno, a temperatura é mais amena e, por efeito orográfico, a
pluviosidade é bastante superior à das áreas circunvizinhas. Os brejos de altitude
ocorrem principalmente ao longo das encostas oriental e sul oriental do maciço da
Borborema, ampliando-se para o interior, ocupando também alguns pontos mais
elevados do maciço, onde está inserido o município de Garanhuns, e também a represa
de Inhumas, objeto desse estudo, que acolhe as águas claras do rio Inhaúma.
Tais condições físicas localizadas condicionam a existência de encraves
florestais bem distintos da caatinga do entorno, com resquícios secundários da mata
atlântica e de bolsões de ecossistemas há muito deteriorados, mas que sobrevivem em
pequenos fragmentos nessa região auspiciosa do agreste meridional de Pernambuco,
constituindo-se em formações separadas da floresta Atlântica litorânea. Ainda segundo
Cabral (et al.) Nesses ecossistemas, a relação floresta-água é marcante, onde o
equilíbrio do ciclo hidrológico depende da conservação simultânea de ambos.
Analisando a situação atual dos brejos de altitude de Pernambuco, verificam-se um
processo galopante de degradação ambiental, marcado principalmente pela substituição
da floresta pela agricultura e pelo uso intensivo de água nos cultivares de produtos
agrícolas, grandes consumidores dos mananciais.
Considerando esses fatos acima mencionados percebemos que a ausência de
uma parte, seja a água ou as matas que a cercam, perturba profundamente a existência
da outra, perturbando o chamado ciclo hidrológico na floresta. A água de chuva que se
precipita sobre uma mata segue dois caminhos: volta à atmosfera por evapotranspiração
ou atinge o solo, através da folhagem ou do tronco das árvores. Nesses ambientes a
interceptação da água acima do solo garante a formação de novas massas atmosféricas
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úmidas, enquanto a precipitação escoa naturalmente para solo através dos troncos de
árvores e da folhagem.
Sabemos que a água que chega ao solo desnudo promove o arraste do material
para o leito dos rios, provocando o assoreamento dos mesmos e os trágicos efeitos da
erosão profunda e laminar, chegando, de alguma forma, aos cursos d’água ou aos
reservatórios de superfície e empobrecendo o solo. Uma parte desce o perfil do solo por
infiltração no solo, podendo ser liberada para a atmosfera através da evapotranspiração,
ou permanecer como água no solo por mais algum tempo, estando disponível para as
plantas ou ainda percolar como água subterrânea, abastecendo os lençóis freáticos que
servirão de fonte para rios e poços. De qualquer forma, a água armazenada no solo é
benéfica para a agricultura e para o ecossistema, pois está disponível para as plantas e se
torna essencial em áreas semi-áridas, onde é, muitas vezes, a última forma de
abastecimento.
OBJETIVOS
Muito se têm discutido sobre as questões ambientais, especialmente no que diz
respeito à poluição de nossos mananciais e reservatórios. Contudo os estudos sobre as
relações entre o elemento água e os demais fatores que encontramos em íntima relação
no ecossistema têm sido relevados, salvo nos meios acadêmicos, guardiões do saber
ecológico de nosso tempo.
No caso específico da bacia do rio Inhaúma, temos índices pluviométricos
anuais de 850 milímetros, nas regiões localizadas em áreas específicas e com altitudes
elevadas. Portanto um estudo criterioso acerca dos problemas ambientais observados no
presente trabalho promoverá recomendações com o propósito de serem adotadas ações
mitigadoras dos efeitos erosivos e aumento na capacidade de escoamento dos rios, que
são a causa maior de inundações ma zona da mata de Alagoas e de Pernambuco, regiões
banhadas pala bacia do Rio Mundaú, que recebe em seu leito às generosas contribuições
do Rio Inhaúma.
METODOLOGIA
O presente estudo é um diagnóstico ambiental segundo metodologia
desenvolvida pelo prof. José Sales Mariano da Rocha (UFSM) que está descrita no livro
intitulado Manual de Projetos Ambientais (1997) e adaptada por Dill (2007). O
Diagnóstico Ambiental foi realizando através de reambulações nas nascentes do Rio
Inhumas, identificando e fotografando as ações antrópicas, marcando a localização de
cada problema ambiental, analisando e recomendando algumas alternativas para
minimizar as deteriorações na bacia hidrográfica. A análise foi feita em primeira
aproximação, o que traz luz sobre a bacia hidrográfica do rio Inhaúma, por meio da
observação de seu entorno, com as intervenções antrópicas, as contribuições da fauna e
flora, o relacionamento do rio com as populações a sua volta, formando assim
parâmetros para uma avaliação do nível de degradação ambiental, que neste caso foi de
28,88%.
RESULTADOS ENCONTRADOS
Os resultados encontrados com a aplicação da metodologia demonstram que as
ações antrópicas legaram um passivo ambiental de considerável importância. Os
processos de resiliência não são suficientes para mitigar as várias agressões que o
ecossistema da bacia do rio Inhaúma tem sofrido, sendo, portanto conclusivo afirmar
que o nível de 28,88% de deterioração ambiental, diagnosticado neste trabalho, não é
acidental, mas sim fruto de ações que perduram há anos.
CONCLUSÕES
Como razões para esse passivo ambiental, podemos destacar a falta de um plano
de manejo integrado de bacia hidrográfica, a ausência de estudos mais aprofundados dos
impactos ambientais na área, a exploração pecuária inconseqüente e a omissão das
autoridades competentes em fiscalizar as leis ambientais. Os efeitos de todas essas
razões são os problemas de maior impacto ressaltados neste trabalho, a devastação das
nascentes que se transformaram em pasto, a perda da biodiversidade com o
desmatamento, a utilização de práticas culturais de impacto negativo ao solo, como as
queimadas e cultivos em encostas desprovidos de curvas de nível e terraceamento e, por
fim, a perda da capacidade de infiltração de água no solo.
RECOMENDAÇÕES
O potencial produtivo da bacia do Inhaúma não é, nem de longe, aproveitado
pelas atuais propriedades ali instaladas, que podem lançar mão de várias formas de
produção sustentável, de rentabilidade comprovada, otimizando os recursos que essa
bela região do nosso Agreste oferece a todos os seus habitantes. Sendo assim melhor
respeitada, a natureza agradece e honra a todos que conhecem e praticam manejos
adequados de gerenciamento dos recursos hídricos e do solo, não se valendo de rancores
do passivo ambiental, mas renovando o seu compromisso de fazer novas associações
que levem ao progresso do ecossistema.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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DILL, P. R. J. Gestão Ambiental em Bacias Hidrográficas. Tese de doutorado
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2007. Santa Maria, RS. 2007.
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