Pacto pela segurança - Revistas Melhores Práticas

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>>E n f e r m a g e m
Fórum do Coren-SP em parceria com a AMB formaliza compromisso inédito entre equipes para busca de soluções conjuntas
Pacto pela segurança
Para abordar os erros associados à enfermagem, uma
saída nova: o compartilhamento das responsabilidades
com o corpo clínico e toda A equipe multidisciplinar
O
olhar é novo. Entender que os erros tradicionalmente associados à
equipe de enfermagem, como a administração de medicamentos, têm como
causa principal o entrosamento deficiente
entre enfermeiros, médicos e equipe multidisciplinar, traz uma reforma conceitual profunda para o dia a dia hospitalar.
O movimento, vanguardista, já desponta como realidade. É o que indica o fato
de que, pela primeira vez, entidades que
representam as classes de enfermagem e
médica assumem essa abordagem publicamente, de forma categórica.
Esse movimento deu a tônica do Fórum
Competências e Boas Práticas, produto –
não à toa – de uma parceria entre o Conse-
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Melh res Práticas
lho Regional de Enfermagem de São Paulo
(Coren-SP) e a Associação Médica Brasileira (AMB), realizado em outubro último,
para discutir temas comuns às profissões
envolvidas no cuidado e somar conteúdo
científico e experiência dessas áreas em
busca da segurança do paciente. “Somos
pioneiros nessa iniciativa de estimular
que enfermeiros e médicos compartilhem
seus conhecimentos e responsabilidades
em benefício da sociedade”, diz Cláudio
Porto, presidente do Coren-SP.
O que começou como sendo um debate entre enfermeiros e médicos ganhou
desdobramentos ao longo do evento, incluindo nas mais diferentes palestras o
debate sobre o encontro dos profissionais.
“O encontro trouxe a clara leitura de que,
sem a visão do todo, das contribuições
de cada profissão, não se pode atender os
pacientes com segurança”, diz Daniella
Chanes enfermeira, mestre em Ciências
pela Universidade Federal de São Paulo
e assessora do Coren-SP.
O anúncio vem ao encontro da percepção dos especialistas quanto aos efeitos que a distância entre as equipes traz.
Para enfermeiros e médicos, essa seria
uma das principais causas de erros que,
usualmente, acabam sendo atribuídos à
enfermagem. “Ter a equipe envolvida no
cuidado, do diagnóstico até o pós-óbito,
é uma das soluções para minimizar os
erros e, assim, atender melhor os pacientes”, diz Daniella.
Trajetória
Desde 2008, o Conselho Regional de
Enfermagem de São Paulo (Coren-SP)
vem tentando fazer da preocupação com
a segurança do paciente uma questão que
pode ser abordada pelas equipes de enfermagem de forma mais científica, pautada por critérios e que possa ser concretizada. Produziu, para isso, a cartilha 10
Passos para a Segurança do Paciente.
No entanto, a despeito de todos os esforços, no dia a dia ainda são computados
erros. Dentre os mais críticos, registrados
na literatura e no cotidiano, estão aqueles na administração de medicamentos,
especialmente os intravenosos. “Um dos
problemas que mais geram processos judiciais, registrados no Conselho, é com o
erro de administração de medicamentos,
muito em razão de ser um dos procedimentos mais frequentes”, diz Daniella.
“Os eventos adversos mais comuns
citados na literatura e pesquisas recentes
são relacionados ao preparo e à administração dos medicamentos, associados às
equipes de enfermagem”, explica a enfermeira e gerente multiprofissional da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia
de Londrina, Lorena Jenal.
Erros, como na administração de
medicamentos, começam ser
entendidos como falhas de processos
que incluem todas as áreas do hospital
Um dos palestrantes do evento, Álvaro Atallah, diretor do Centro Cochrane do
Brasil, enfatiza que pesquisas mostram
que a maioria dos erros no tratamento do
paciente se concentra na questão da dosagem e na medicação errada. “São falhas
que comprometem a qualidade do serviço, já que podem levar o paciente a complicações ou mesmo à morte”, analisa.
É também nesse momento que essa leitura de integração entre as equipes propõe
saídas. Na prática, muda a visão da instituição, que começa a olhar os erros como
desvios de processos. “No caso dos medicamentos, por exemplo, precisamos entender que o processo
envolve desde a indústria farmacêutica, as equipes de compra,
estoque, dispensação, na farmácia, às equipes de atendimento,
incluindo enfermagem e médicos”, diz Liliane Bauer, especialista em administração hospitalar pelo Centro São Camilo de
Desenvolvimento em Administração da Saúde (CEDAS), e autora do livro Gestores da Saúde no
âmbito da qualidade.
Daniella Chanes, do Coren-SP,
diz que esse pacto pela segurança
inclui mais atores: “Esse novo
olhar inclui até o paciente.
Embora a responsabilidade
não seja, de forma alguma, a
ele transferida, ele é a última
barreira de segurança e, certamente, essa nova proposta
contempla a importância
de tê-lo como aliado.
Agora sim falando
em segurança.” Erro na
administração de
medicamentos por
via intravenosa é
um dos campeões
de processos
judiciais contra a
enfermagem
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